Vila de monchique: Reabilitação do Território Urbano

Page 1

V I L A D E MONCHIQUE R E A B I L I TA Ç Ã O D O T E R R I T Ó R I O U R B A N O VERTENTE JOÃO

TEÓRICA

PEDRO

VARELA

ORIENTAÇÃO Teresa Marat-Mendes professor

auxiliar

ISCTE-IUL

INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DE LISBOA ISCTEIUL DEPARTAMENTO DE ARQUITECTURA E URBANISMO MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA 2013-2014




ABSTRACT Nowadays, the historic urban centres in Portugal, are attending an degradation of its buildings, public space, as well its economy and an depopulation of the locals. It is urgent that this situation should be reviewed. Monchique

is

a

picture

of

that

scene.

Need

an

imperious

and

effective

regenerative intervention. In this sense a reading of the urban fabric to better inform this intervention, ensuring the profitability and valuation of its territory is required. This paper provides the results of an analysis to the case study of Monchique, which followed the application of a specific methodology, as proposed by Luz Valente Pereira in the 90s, to address the problems of intervention in public space. The results of applying the methodology are presented here confirm and

KEY WORDS: City, Historical Centre, Public Space, Urban Rehabilitation, Square, Wide.

[imagem pågina anterior] panorâmica do centro da vila de Monchique

validate the use of the proposed methodology.


RESUMO Na

actualidade,

grande

parte

dos

centros

urbanos

históricos

em

Portugal,

assistem a uma degradação do seu edificado, espaço público, bem como da sua economia e despovoamento da sua população local. É urgente que esta situação seja revista. A vila de Monchique é um retrato desse panorama. É urgente uma intervenção regenerativa eficaz e duradoura. Nesse sentido é necessária uma leitura do seu tecido urbano para melhor informar essa intervenção, garantindo a valorização e rentabilização do seu território. Este

trabalho

oferece

os

resultados

de

uma

análise

realizada

ao

caso

de

estudo da vila de Monchique, e que seguiu a aplicação de uma metodologia específica, conforme proposta por Luz Valente Pereira nos anos 90, para dar resposta aos problemas de intervenção em espaço público. Os resultados da aplicação da metodologia são aqui apresentados e confirmam a validação do uso da metodologia proposta.

PALAVRAS CHAVE: Monchique, Cidade, Centro Histórico, Reabilitação Urbana, Metodologia, Espaço Público, Praça, Largo.


A reprodução de textos e figuras é autorizada, desde que não altere o sentido bem como sejam citados a obra e o autor. O presente trabalho segue a grafia do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).


ÍNDICE 01 INTRODUÇÃO 1.Objectivos

022

3.Estrutura do trabalho teórico

024

5.Conceitos

028

1.Introdução

037

2.Metodologia

4.Revisão da literatura

02 REABILITAÇÃO URBANA 2.A Importância da Reabilitação Urbana

023

025

038

3.Motivos, argumentos e tipos de intervenção na cidade

039

5.Síntese conclusiva

049

1.Contexto histórico

053

4.Metodologia de Reabilitação Urbana

03 VILA DE MONCHIQUE

041

2.Contexto físico

066

4.Registo da leitura da imagem urbana

079

3.Contexto humano

070

5.Síntese conclusiva

108

04 CONCLUSÃO

1.Considerações finais

05 BIBLIOGRAFIA E ANEXO 1.Bibliografia Websites Fontes cartográficas Índice de imagens e quadros Crédito de imagens e quadros 2.Anexo Índice de anexo

112 120

122 122 122

124 124 124


Monchique Salvé! Sintra do Algarve; paraíso do Sul; nesga esquecida deste Jardim da Europa à beira-mar plantado! In Subsídios para a Monografia de Monchique, José Guerreiro Gascon


01

INTRODUÇÃO


[imagem página anterior] chaminé de saia de Monchique

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

20


INTRODUÇÃO No âmbito do Mestrado Integrado em Arquitectura do Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-IUL, foi desenvolvido o presente trabalho na vertente teórica, de Projecto Final de Arquitectura, nomeadamente no Laboratório de Urbanismo leccionado pelos docentes Mafalda Sampaio, Rui Ricardo e Teresa Marat-Mendes, tendo o presente trabalho teórico sido orientado por Teresa Marat-Mendes O interesse pelo tema que este trabalho seguiu, o caso de estudo da vila de Monchique, deve-se ao presente estado de estagnação com repercussões de degradação do seu centro histórico. Apesar do espaço público se apresentar em bom estado de conservação e, com traço qualificado, há uma má administração funcional e o edificado apresenta degradação física e fraca gerência. Desta forma é impedindo o desenvolvimento de novos programas que valorizem o largo 1, e que poderão contribuir para a sua regeneração. Neste sentido, o presente trabalho tem por objectivo acrescentar conhecimento sobre metodologias de Reabilitação Urbana, aplicando-as no caso concreto da

21

vila de Monchique, pretendendo-se ainda identificar cenários, apoiados nos

01|INTRODUÇÃO

resultados da aplicação dessa metodologia. A escolha deste tema teve em consideração três factores. Primeiro, trata-se de um tema actual e bastante discutido no âmbito de intervenções em centros históricos urbanos (Evang, 2003); Segundo, pela importância do espaço público no planeamento da cidade; Terceiro, pelo conhecimento do autor deste trabalho do estado actual da vila de Monchique, enquanto potencial caso de estudo para um cenário de Reabilitação Urbana. Da análise bibliográfica sobre Monchique, verifica-se uma lacuna de investigação urbana histórica sobre a vila, assim como uma falta de instrumentos cartográficos históricos que a apoiem, embora com excepções: Gascon (1993), Da Silva (2005) e Capela (2012). Deste modo pretende-se contribuir para o complemento de informação, reflectindo sobre um território pouco explorado e fazendo uma leitura da imagem urbana da vila de Monchique. 1 Largo dos Chorões e largo 5 de Outubro


Por fim, este estudo irá contribuir para outros estudos de Reabilitação Urbana em pequenos centros históricos, que possam aplicar as directrizes usadas neste trabalho, com as necessárias adaptações. O presente trabalho expõe ainda a aplicação da primeira fase de uma metodologia de Reabilitação Urbana (Pereira, 1996) para informar, de uma forma clara e objectiva, as seguintes fases do planeamento de Reabilitação Urbana. O método seguido neste trabalho para a organização e referencia bibliográfica, está de acordo com as indicações da norma de Harvard.

1.OBJECTIVOS O presente trabalho coloca as seguintes questões: 1.O estado actual da vila de Monchique exige uma acção de Reabilitação Urbana? 2.Qual a metodologia de Reabilitação Urbana que apoie essa acção?

características particulares?

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

3.Essa metodologia está sujeita a alterações perante um caso de estudo, com 22

Nesse

sentido,

para

dar

resposta

a

estas,

são

objectivos

principais

e

secundários deste trabalho, respectivamente: 1.Perceber o interesse e adesão do tema da Reabilitação Urbana, bem como os autores de referência que incidem sobre esta matéria. 1.1. Distinguir os conceitos Regeneração de Reabilitação Urbana, bem como a sua relação. 1.2. Contacto com estudos e monografias que abordem o tema da Reabilitação Urbana num contexto geral, bem como focados no contexto dos centros históricos. 2.Entender a relevância da Serra de Monchique no seu contexto territorial, natural e histórico. 2.1.Perceber o seu impacto no restante território algarvio. 2.2.A influência das características naturais na expansão da vila da Monchique, bem como os períodos históricos chave, para o entendimento da sua evolução territorial.


2.3.Contacto com estudos e monografias que abordem o tema Monchique, focados no contexto histórico, físico e humano.

Vila

de

2.4.Contacto com documentos gráficos sobre Monchique (ortofotomapas de várias datas, mapas didácticos, informação SIG e mapas vectoriais). 3.Conhecimento de autores que usem metodologias de planeamento de Reabilitação Urbana. 3.1.Casos de aplicação dessa metodologia, tanto dentro do contexto dos centros históricos como foram destes. 4.Contacto com descrições de remodelação e transformação de espaço público do Largo dos Chorões/5 de Outubro. (propostas, actas municipais e fotografias históricas disponíveis). 5.Análise da área de estudo segundo a metodologia usada, criando documentos e instrumentos para uma possível discussão, no ambiente da Reabilitação Urbana. 5.1. Verificar se a metodologia de Reabilitação Urbana usada é alvo de alterações, perante a sua aplicação no caso de estudo do presente trabalho.

Chorões/5 de Outubro. 6.Responder às questões que o estudo levanta.

2.METODOLOGIA Para responder aos objectivos identificados, o trabalho seguiu a seguinte metodologia: 1.Recolha bibliográfica (textos e monografias, teses e dissertações), recolha cartográfica

(cartas

militares,

geológicas,

cartografia,

ortofotomapas

de

várias datas e plantas vectorizadas) e fotográfica. 2.Definição dos conceitos de cidade, centro histórico, Reabilitação Urbana, espaço

público,

praça

e

largo,

geradores

do

trabalho

teórico

e

da

área

intervenção, apoiados nos resultados da informação recolhida e analisada. 3.Análise

gráfica

da

cartografia

relativa

ao

concelho

de

Monchique,

no

01|INTRODUÇÃO

5.1.Propor um cenário de Reabilitação Urbana para a área do largo dos

23


sentido de o contextualizar no seu contexto territorial, natural e histórico, recorrendo a ferramentas vectoriais (AutoCAD e Adobe Illustrator). 4.Análise de uma metodologia de Reabilitação Urbana a aplicar no caso de estudo deste trabalho. 5.Análise e levantamento territorial da área de estudo (malha urbana, edificado,

ligações,

circulação,

serviços,

comércio,

áreas

vias,

ajardinadas,

equipamento urbano), com recurso a ferramentas vectoriais (AutoCAD e Adobe Illustrator). Esta análise é apoiada em fichas morfotipológicas, para a leitura da imagem urbana da vila de Monchique, através da aplicação do método proposto por Pereira (1996) e identificada no ponto anterior. Esta estudo permite ainda uma análise cronológica e evolutiva do espaço público, permitindo identificar as diferentes situações de transformação e permanência da forma urbana. 6.Análise dos resultados e validação da metodologia utilizada.

24

O presente trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos:

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

3.ESTRUTURA DO TRABALHO TEÓRICO

1.Cabe

ao

primeiro

capítulo

a

descrição

dos

objectivos

e

da

metodologia

seguidas neste trabalho, assim como a definição dos conceitos centrais do trabalho; 2.O segundo capítulo introduz o tema da Reabilitação Urbana, destacando a sua

importância

e

revelando

metodologias

usadas

em

trabalhos

nesta

área,

considerados relevantes para o desenvolvimento do presente trabalho. Ainda neste é

referida e fundamentada a escolha da metodologia usada no desenvolvimento

do capítulo seguinte; 3.O terceiro capítulo contextualiza brevemente uma caracterização histórica, geomorfológica e sócio-económica da Serra de Monchique; expansão da vila de Monchique nos contextos concelhio e zona urbana. É apresentada a aplicação da metodologia identificada, expondo o registo da leitura da imagem urbana. 4.O capítulo quinto apresenta a conclusão, onde se encontram expostas as principais contribuições do estudo para a Regeneração de núcleos históricos.


4.REVISÃO DA LITERATURA Apresenta-se

de

seguida

uma

breve

revisão

da

literatura

que

informou

o

presente trabalho. Esta incide principalmente sobre os autores considerados de referência para os temas de Monchique e Reabilitação Urbana, considerados centrais no presente trabalho. Esta revisão da literatura passou primeiro por uma junção das publicações indexadas na base Scopus, no sentido de clarificar o interesse sobre a matéria na comunidade cientifica. O tema da Reabilitação Urbana é um tema que tem suscitado interesse e reflexão nas últimas três décadas, nomeadamente nas suas vertentes social, económica e urbana, conforme atestado na recolha efectivada no Scopus. Com o exemplo da amostragem, uma consulta à base da mesma fonte, foi possível identificar 2950 documentos, num total de 3014 no período de 1922-2014, referentes ao tema da Reabilitação Urbana. 1 Dentro do mesmo tema, usando os filtros Urbanismo, Arquitectura e Espaço Público, estão disponíveis 46 publicações desde 1998, verificando-se uma evolução gradual do seu número por ano.

é o autor mais citado dentro destes temas acima, com o paper Had-Branding the cultural city – from Prado to Prada, escrito em 2003. Descreve a cidade cultural que usa recursos às artes e entretenimento para a Reabilitação Urbana e, que dessa forma, é difícil marcar a cidade perante tanta influência física e económica que definem uma Arquitectura.

A sua obra debruça-se bastante nos

temas das políticas e Reabilitação Urbanas. No que concerne a uma pesquisa literária no tema da Reabilitação Urbana, surge um enfoque orientado, dada a preocupação

pela degradação das condições de

habitabilidade e de conforto nos centros urbanos, sejam eles de maior ou menor escala. Assim, é destacada uma metodologia da Renovação Urbana, proposta nos finais 1 Gráfico comparativo com tema de pesquisa Reabilitação Urbana <www.scopus.com> [acedido 21 Abril 2014]. 2 Professor de Arte e Design na Escola de Arte e Design na Universidade de Middlesex (Londres), desde 2013 e director do Cities Institute e professor de Cultura Urbana na Universidade Metropolitana de Londres.

01|INTRODUÇÃO

Em 2013 houve um número de 8 documentos com estas palavras chave. Evang 2 (2003)

25


dos anos 60 , cuja aplicação resultou no “Estudo de Renovação Urbana do Barredo”, conduzida pelo arquitecto Fernando Távora (1923-2005). 1 Neste estudo foram definidas bases para a acção municipal sobre os sectores das ilhas da cidade do Porto, suportado em estudos de varias áreas sociais. Outro investigador português bastante ligados à reflexão e à formulação de metodologias de planeamento da Reabilitação de áreas urbanas é Luz Valente Pereira (1934- ). 2 A sua vasta obra publicada acerca do tema da Reabilitação Urbana passa pela descrição dos aspectos básicos de uma proposta de metodologia de planeamento de Reabilitação Urbana de áreas urbanas. Publicou um trabalho que pretende

apresentar uma metodologia e fundamentos gerais para o planeamento

da Reabilitação Urbana – “Metodologia de planeamento

da Reabilitação de áreas

urbanas”, em 1991. Publicou ainda “A leitura da imagem de uma área urbana como preparação para o planeamento/acção da sua Reabilitação”, onde desenvolve a fase inicial da metodologia anterior, bem como apresenta casos reais da sua aplicação. No que concerne à bibliografia sobre Monchique, são destacados três autores, VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

26

nomeadamente: 1.

Morgadinho

(2002)

apresenta

um

levantamento

das

condições

da

vida

da

população de Monchique, relativos à habitação e infra-estruturas básicas, acessibilidades, ensino, formação e emprego e actividades culturais, recreativas e desportivas, traçando assim um perfil socioeconómico da população. Aponta ainda as insuficiências e potencialidades do território Monchiquense. Embora exponha esse quadro de levantamento, não apresenta soluções para combater as insuficiências nem contribuir para o melhoramento do território analisado. 2. Da Silva (2009) descreve o contexto histórico da vila de Monchique desde os primórdios da sua ocupação até à sua consolidação, abordando assim o tema do crescimento urbano. Refere ainda a importância da construção da rua Serpa Pinto que converge para o largo 5 de Outubro/ largo dos Chorões no final do séc. XIX. Apesar do trabalho conter informação alusiva ao urbanismo, faz uma 1 Foi professor na Escola Superior de Belas Artes do Porto. 2 Investigadora aposentada do Laboratório de Engenharia Civil. Arquitecta nas áreas do planeamento urbano , forma urbana, comportamentos urbanos e Reabilitação Urbana.


abordagem superficial, não contendo nenhuma exposição analítica, alusiva ao espaço público. 3. Capela (2012) realiza uma descrição da contextualização da Serra de Monchique nas vertentes geográfica, geomorfológica bem como histórica. Por se tratar de um trabalho fora do contexto da Arquitectura e Urbanismo, não aborda realiza analises dentro destas áreas. Concluindo, no que menciona ao tema da Reabilitação Urbana são destacados quatro principais autores: 1. Pereira (1996) aborda o espaço público, incluindo-o no respectivo planeamento da

Reabilitação

Urbana.

Apresenta

a

primeira

fase

da

sua

metodologia

de

reabilitação de áreas urbanas, bem como exemplos da sua aplicação, juntando fichas de levantamento e análise de espaços públicos. Apesar de mostrar a aplicabilidade dessa metodologia, não explora ou desenvolve o caso dos centros históricos. 2. Távora (1969) expõe o estudo de renovação urbana do Barredo, com o objectivo de definir bases para a acção municipal nos vários sectores das ilhas da cidade e suficientes para a aplicação de um cenário de renovação urbana num caso de estudo concreto no centro histórico do Porto. Embora apresente uma metodologia de

renovação

urbana,

este

trabalho

desenvolve

bastante

a

intervenção

no

conjunto edificado existente. 3. Tavares (2008) desenvolve uma abordagem histórica e evolutiva do conceito da Reabilitação Urbana, apresentando as razões e argumentos para a intervenção na cidade e nos centros históricos. Apresenta ainda os programas de apoio à Reabilitação Urbana. Apesar de expor essa matéria relativa aos centros históricos, esta apresenta-se pouco exposta, não contendo casos de intervenção. 4. Silva (2013) expõe a temática do espaço público na Reabilitação Urbana, apresentando a praça como o ponto de compressão da cidade e da relação do Homem com esta. Refere também formas de intervenção na praça, de forma a valorizar o

próprio

espaço

público

e

património

metodologia usada nos casos apresentados.

edificado,

embora

não

apresente

a

01|INTRODUÇÃO

do Porto. Usa uma metodologia que reúne os elementos considerados essenciais

27


Com a presente introdução, foi possível delineados os propósitos da pesquisa do trabalho teórico, bem como a situação actual do caso de estudo; nomear objectivos que irão proceder nas respostas colocadas pelo trabalho; criada uma metodologia afim de dar resposta aos objectivos traçados; elaborada uma revisão teórica centrada em dois temas: Monchique e Reabilitação Urbana, onde foram seleccionados os autores considerados mais relevantes e influentes no processo de investigação e realização do trabalho, através de contributos teóricos e metodológicos; e por fim tratados, segundo os vários autores consultados e que, contribuíram para o enriquecimento do trabalho, os conceitos que relacionam o tema do trabalho: cidade, evolução histórica, morfologia urbana, centro histórico, centralidade, reabilitação urbana, metodologia, espaço público, praça, largo.

5.CONCEITOS Segue

uma

descrição

dos

principais

conceitos

que

informaram

o

presente

trabalho, recolhidos da literatura analisada no ponto anterior, mas também de outros autores considerados relevantes para o presente trabalho.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

28

Cidade: Pereira (1987) descreve a cidade como o resultado da relação de vários processos sociais e os espaços onde estes se desenvolvem, seguindo valores, ideias e modelos de modernidade e progresso de cada época em cada local. Refere ainda que a cidade é uma complexa criação da sociedade, cristalizando os processos sociais, conservando o testemunho, adquirindo carácter próprio que enraíza e constrói a identidade dos seus habitantes, estimulando e organizando os modos de vida e os comportamentos colectivos e individuais e influi nos sucessivos modos da transformação urbana. Coelho

(2013)

afirma

que

(...)

qualquer

conceito

de

cidade

inclui

imperativamente a questão da sua materialidade como objecto construído, o suporte de todas as actividades e vivências que ai se desenvolvem e que organizam colectivamente.” (Coelho, 2013,p.13) Centro histórico: Carvalho, (2011) refere se ao conceito de centro histórico como

um aglomerado


urbano, seja qual o seu dimensionamento, com ambiente natural ou construído que exprime valores próprios das civilizações urbanas tradicionais. Segundo a autora, DGOTDU 1 o

núcleo

de

sedimentadas

define “centro histórico coincide por via de regra com

origem pelo

do

aglomerado,

tempo

de

conferindo

onde

assim

irradiam

a

esta

outras

zona

uma

áreas

urbanas

característica

própria cuja delimitação deve implicar todo um conjunto de regras tendentes à sua conservação e valorização”. O IHRU no seu glossário disponibilizado no portal da habitação, define o conceito centro histórico como “zonas centrais mais antigas dos aglomerados urbanos, cuja

malha

urbanística

e

pelo

menos

parte

significativa

das

edificações,

remontam às fases iniciais do seu processo de crescimento urbano, o que lhes confere um consensual estatuto de historicidade e como tal de património da história mais remota e da identidade dos respectivos aglomerados urbanos em que se inserem.” (www.portaldahabitacao.pt). De acordo com o Decreto-lei nº 426/89

de 6 de Dezembro secção I artigo

1º, os centros urbanos antigos são “conjuntos edificados cuja homogeneidade permite considera-los como representativos de valores culturais, nomeadamente

29

históricos,

01|INTRODUÇÃO

arquitectónicos,

urbanísticos

ou

simplesmente

afectivos,

cuja

memória importa preservar, competindo às câmaras municipais a sua identificação, após parecer das entidades com competências especificas nas áreas que concorrem para a sua qualificação e delimitação.” Reabilitação Urbana: Pereira (1987) define o conceito de Reabilitação Urbana como uma e distinta política urbana por conter intenções que remetem para preocupações sociais, espaciais, conceitos e valores que fizeram a cidade actual e por pretenderem “ (...)reaver o bom e antigo conceito de cidade perdido, reaver o crédito de que a cidade dispunha, restituir a cidade à estima pública e reestabelece-la no estado anterior e que deixara de estar.”. (Pereira,1987, p.3) Na sua dissertação de mestrado, Lopes (2009) refere o conceito de Reabilitação Urbana não sendo apenas uma intervenção no património construído, mas também a 1 Direcção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano


intervenção em espaços públicos, conservando e protegendo a cultura, ambiente, a economia e a sociedade. Ainda é referida uma definição segundo o novo regime jurídico de Reabilitação Urbana, como sendo “a forma de intervenção integrada sobre o tecido urbano existente, em que o património urbanístico e imobiliário é mantido, no total ou em parte substancial, e modernizado através da realização de obras de remodelação ou beneficiação dos sistemas de infraestruturas urbanas, dos equipamentos e dos espaços urbanos ou verdes de utilização colectiva e de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação ou demolição dos edifícios” (Lopes, 2009, p.3) Tavares (2009) descreve o conceito de Reabilitação segundo Pereira, em que este

é

“processo

de

intervenção

no

tecido

urbano

que

tem

como

objectivo

a requalificação de edifícios e espaços públicos das cidades, de forma a contribuir para uma melhoria do ambiente urbano, do património edificado e da qualidade de vida da população” (Tavares, 2008, p.3) O IHRU 1 no seu glossário disponibilizado no portal da habitação, define o objectivo reabilitar um espaço urbano que se considera parte integrante do

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

conceito de Reabilitação Urbana como uma “Operação urbanística que tem como 30

património urbano e que se encontra mais ou menos degradado do ponto de vista urbanístico e da qualidade de vida. As políticas de Reabilitação têm como

princípio

orientador

a

preservação

dos

traços

urbanísticos

e

sócio-

culturais ou das identidades urbanas e culturais do espaço a reabilitar.” (www.portaldahabitacao.pt). Espaço público: Na dissertação de mestrado de Fernandes (2009), refere o conceito de espaço público como “ (...) um espaço físico ao qual qualquer cidadão poderá e deverá ter livre acesso”. (Fernandes, 2012, p.4). Segundo a autora, Borja refere o conceito de espaço publico como um espaço que não consiste apenas no edifício entre o edificado e ruas, nem um espaço vazio considerado juridicamente como publico, afirmando ser um espaço multi-funcional e que serve de cenário à sociedade. Refere o espaço público como um espaço físico, simbólico e político onde são estabelecidas as relações sociais. 1 Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana


Sampaio (2011) refere se ao conceito de espaço publico como correspondente ao somatório dos espaços de circulação com os de permanência, correspondendo os de permanência aos espaços úteis, dentro dos aglomerados tais como praças, largos e adros; os

espaços de circulação correspondem às áreas de circulação

tais como ruas e travessas. Segundo a autora, o conceito de espaço público, para além de ter vários significados, evoluiu ao longo dos tempos, conforme a população, suas mentalidades e a época, tornando o espaço público um central e crucial estruturante das cidades. Praça: Silva (2013) define o conceito de praça como “o mais importante elemento morfológico do espaço público, distinguindo-se de outros espaços pelas suas vivências geradas na sua destacada importância urbana. A sua formação é o resultado de uma sucessão de acções intencionais, do investimento preciso de várias culturas no tempo, modificando o desenho, o uso e o carácter identitário do espaço à sua medida.” (Silva, 2013,p.83). Sampaio (2011), refere-se a este conceito como “um dos espaços públicos de seja a casa da câmara, a igreja, os palácios, o comércio e os serviços. É local de convívio e de encontro e tem geralmente uma função predominante. É, em vários casos, embelezada por um símbolo histórico como o pelourinho, ou por um símbolo eclesiástico como o cruzeiro. Constitui, também, um local para

reuniões

de

carácter

cívico,

religioso

ou

festivo.”

(Sampaio,

2011,

p.77) Segundo a autora, Merly e Choay definem o conceito de praça como “uma realidade arquitectónica bastante complexa e indissociável do espaço que a delimita. Deve ser lida no contexto da malha urbana que lhe dá forma e muitas vezes

estabelece

linhas

orientadoras

da

malha

urbana.

Entendida

como

uma

arquitectura funciona como um lugar de estar que deve ter valores próprios.” (Sampaio, 2011, p.76) Largo: Sampaio (2011) na sua dissertação refere-se ao conceito de Largo segundo a definição usada no “Vocabulário Técnico e Crítico de Arquitectura” onde

01|INTRODUÇÃO

destaque na urbe, nela se implantam os edifícios mais representativos como

31


o mesmo é tratado dentro do conceito de praça, definido por uma praça não inteiramente geometrizada. Rossa (2002) trata o conceito de Largo como o “espaço onde conduziam as principais ruas da cidade (...) era no largo que se procura alguém e para onde se agendavam as reuniões dos homens-bons e as assembleias populares. Espaço, por regra, diminuto - em muitos casos pouco mais que alargamentos de uma ou mais confluentes - sofreu sistematicamente obras de aumento e regularização dos seus perímetros e planimetria”. (Rossa, 2009,p.226) Refere ainda que o largo ganhou protagonismo na definição do desenvolvimento urbanístico das cidades portuguesas.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

32


33 01|INTRODUÇÃO


“Poder-se-ia até afirmar que, facto de reabilitar ser uma tarefa mais simples dado que não se tem de criar cidade (...) é, no entanto, com esta simplicidade que nos tem sido difícil lidar” Luz Valente pereira em Reabiltação Urbana - Questões Gerais e Metodologia de Planeamento


02

REABILITAÇÃO U R B A N A


[imagem página anterior] panorâmica da serra da Picota

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

36


REABILITAÇÃO URBANA 1.INTRODUÇÃO O presente capítulo analisa o conceito da Regeneração Urbana, referindo também outros conceitos a si aliados tais como a revitalização urbana, requalificação urbana e a renovação urbana, contribuindo para a sua complexidade e importância. Desta forma são determinadas razões e argumentos para a intervenção na cidade contemporânea. É ainda exposta uma breve análise a metodologias de Reabilitação Urbana aplicadas em casos de estudo concretos e identificada de uma metodologia específica que será aplicada no presente trabalho. O interesse pela Reabilitação Urbana encontra-se fortemente articulado com os impactos causados pelas transformações urbana ocorridas durante o séc. XX, nomeadamente

com a

evolução da rede de transportes públicos, e pelo

crescimento contínuo do número de automóveis por habitante. Deste fenómeno, a necessidade de estudar e repensar as áreas urbanas torna-se fundamental, não apenas relativo à reabilitação de edificado degradado, mas sim num sentido dos meios de transporte. Neste contexto surgem os conceitos de Reabilitação Urbana, Regeneração Urbana e Gestão Urbana. Estes conceitos passam a incluir outros tipos de intervenção tais como a revitalização, renovação e a requalificação, nas quais existe condições, para além de intervenções no edificado. Ou seja, a intervenção destas pretende criar espaços para serem habitados com outro carácter, tais como ruas, espaço verdes, parques de estacionamento, áreas de permanência, zonas pedonais, etc. Quando é referido um quadro de intervenções a nível urbano, existem vários conceitos a si ligados, e com graus de intervenção diferentes. É o caso da Reabilitação Urbana, Revitalização Urbana, Requalificação Urbana e a Renovação Urbana. A sua interligação está na intervenção na estrutura urbana, afim de moderniza-la e adapta-la às novas necessidades. Embora se distingam no tipo

URBANA

a preocupação de, intervir em áreas urbanas onde há necessidade de criar

02|REABILITAÇÃO

mais amplo, de acordo com as necessidades da população e da própria evolução

37


de intervenção, umas pretendem uma intervenção mais direccionada no físico (edifícios, gestão dos espaço urbano e serviços públicos - Requalificação Urbana), outros são focados na funcionalidade (revitalização de actividades e serviços - Revitalização Urbana) e outros na alteração radical da áreas urbanas - Renovação Urbana. (LOPES, 2011) A

Regeneração

discussões

Urbana

refere-se

ao

campo

da

política

pública.

Desenvolve

relativas à recrescimento da actividade económica, preocupando-

se com a função social, com o reestabelecimento da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico das áreas urbanas. Fidalgo (2012) refere que Roberts e Sykes definem Regeneração Urbana como "uma visão abrangente e integrada de acção que leva à resolução de problemas urbanos e que procura trazer uma melhoria duradoura das condições económicas, físicas, sociais e ambientais das áreas que tenham sido sujeitas a transformações”. (Fidalgo, 2012, p.16) O Por Ti no seu separador de FAQ’s 1, disponibilizado na Regeneração Urbana Zona Antiga Portimão define Regeneração como “uma forma de ver e atuar na cidade, interagem e compõem o mosaico urbano. Regenerar implica encontrar o ponto de

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

onde os sistemas económicos, sociais, culturais, patrimoniais e urbanísticos 38

equilíbrio da cidade em parceria com a comunidade, sem perder a identidade” (http://www.porti.pt). Refere ainda que a Regeneração engloba a Reabilitação. Conclui-se, portanto, que a Regeneração Urbana é um conceito que intervêm e integra várias dimensões com vista à resolução a longo prazo dos problemas associados às áreas urbanas, com uma consciência mais ampla e integrada que os outros conceitos de intervenções a nível urbano.

2.A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO URBANA Dadas as referências anteriores, é possível afirmar que a Reabilitação Urbana está numa posição prioritária, visto que o panorama actual é a recuperação e retorno da vida urbana para o centro histórico. Neles está representada, em forma de ruína, o historial urbano e social do local e que há necessidade de os conservar, pois contêm pistas para as respostas aos problemas de fundo da cidade contemporânea. 1 Frequently asked questions


A exigência de intervir sem desfazer, requer uma didáctica da reabilitação dos centros urbanos. Pereira (1987) descreve-a como a “exigência de intervir sem desfazer o conjunto urbano, nos obrigar a repensar, a tomar uma atitude empírica, a sair do sossego dos saberes feitos, dos modelos de acção prédefinidos, das formas arquitectónicas retiradas das revistas dos regulamentos elaborados de cima para baixo e aplicáveis a qualquer situação” (Pereira, 1987, p.9) A transformação dos processos sociais que fazem a cidade e a emergência de novos valores e conceitos da actual modernidade contribuem e irão contribuir para a formulação de novas políticas urbanas e de um novo planeamento para a cidade, sendo esta a didáctica que a Regeneração Urbana proporciona e que não deve ser ignorada.

3.MOTIVOS, ARGUMENTOS E TIPOS DE INTERVENÇÃO NA CIDADE Passada a fase de expansão urbana e colmatação das várias carências básicas que, se verificavam na cidade tais como acessos e saneamento, existe uma nova preocupação. O ambiente urbano, tanto nos aspectos físicos, económicos cariz à área de intervenção e sua área de influência, usando programas a nível nacional que as apoiem. (Tavares, 2008) Para além destes motivos existem outros objectivos que influenciem a forma de habitar a cidade. A rentabilização do espaço público permite a valorização insere. Esta rentabilização passará, portanto, pela promoção administrativa do município ou de associações que impulsionem actividades de carácter lúdico e económico. Desta

forma,

é

possível

justificar

a

actual

forte

aposta

neste

tipo

de

intervenção urbana. Uma intervenção que requalifica o ambiente urbano e tudo o que está a sim interligado, com um objectivo muito claro - a qualificação da vida e imagem da cidade. Seguindo

a

lógica

estrategicamente

e

objectivos

escolhidas

para

da

Reabilitação

este

tipo

de

Urbana,

as

intervenção

áreas são

os

que

são

centros

URBANA

tanto do próprio espaço público, mas também do edificado e da cidade onde se

39 02|REABILITAÇÃO

e sociais, bem como na adopção de uma metodologia que realmente devolvam o


históricos.

Estes

simbolizam

a

referência

principal

e

social

da

cidade,

pela existência de todo o património que a caracteriza. Também devido aos custos actuais relativos à construção ou compra de habitação, relativos aos transportes e principalmente à redução do poder de compra. Outra razão forte é a sua centralidade. Nela é vista um enorme potencial para a valorização do comércio tradicional, surgimento de outro tipo de comércio e desenvolvimento de actividades lúdicas e lazer. (Tavares, 2008) Embora estas razões sejam aplicadas no caso do centro histórico, existem áreas intervencionadas cujo planeamento usado foi semelhante. Tratam-se portanto de antigas áreas industriais ou militares, áreas carentes devido à ausência física de infra-estruturas, populações carenciadas e, bem como os limites da cidade contemporânea, devido à rápida e descontrolada urbanização. (Fidalgo, 2012) As áreas de intervenção são claramente marcadas por problemas de isolamento espacial e exclusão social. Estas correspondem a uma falha na intervenção preocupação

social,

intervenção

económica

e

urbana.

Aqui

tem

origem

o

aparecimento de actividades marginais, as quais aumentaram a insegurança e

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

e 40

enfraquecimento da segurança e estabilidade da população destas áreas. Os argumentos a usar devem assegurar o apoio e a regeneração da área de intervenção. Assim a população deve receber apoio, de modo a favorecer a sua qualidade da vida; evitar o desperdício do capital público, evitando o

declínio

urbano;

as

actividades

devem

ser

mantidas,

afim

de

assegurar

os serviços e comércio à população; acreditar que um centro bem servido de transportes assegura uma boa rede de transportes públicos; e o principal a ter em conta, a simbologia do centro como elemento principal de identificação da área urbana. (Lopes, 2011) As intervenções poderão passar pela atracção de novas actividades ou mesmo criação de uma oferta atractiva de equipamentos sociais, culturais ou de lazer. Devem ser direccionados à população residente e turismo; a própria revitalização do comércio; modernização da rede de transportes e comunicações que facilitarão as ligações à área a intervir; e a melhoria significativa do ambiente urbano. (Lopes, 2011)


Assim, estas áreas, que representam uma fragilidade urbana, são trabalhadas de

forma

a

responderem

às

necessidades

e

exigências

do

estilo

de

vida

contemporâneo, impulsionando a ideia de unidade, preservação e património, contrapondo-se ao conceito moderno da deslocação para a periferia.

4.METODOLOGIA DE REABILITAÇÃO URBANA “A cidade faz-se e desfaz-se pela relação entre os processos sociais e os espaços onde estes se desenvolvem, orientados pelos valores, ideias e modelos de modernidade e progresso de cada época, em cada local”

(Pereira,

1987,p.III)

A valorização e rentabilização do território urbano actual é uma prioridade presente. Há, portanto, uma necessidade de olhar para o existente e formular métodos de intervenção para a sua qualificação, em conformidade com as várias condicionantes que se verificam. Essa intervenção passará por uma resposta às necessidades de fundo da cidade contemporânea. É de acordo com esta filosofia que, o presente trabalho, procura contribuir

41

através da identificação e aplicação de uma metodologia de análise de espaço

02|REABILITAÇÃO

público, informando possíveis cenários para sua reabilitação. Destaca-se em seguida, duas metodologias. Távora

(1969)

no

“Estudo

de

Renovação

Urbana

do

Barredo”,

identificou

e

definiu bases de acção municipal para câmara do Porto, que permitiu reabilitar condições deficientes de habitabilidade à época. Foram abordados os pontos de ordem mais relevantes. A metodologia seguida neste estudo é formada por: uma evolução histórica do sector e da zona onde este se insere, essencial para a compreensão da situação da época, apoiados em relatórios de assistência social; descrição dos planos e realidades efectuados nos últimos 20 anos no sector para entrar na proposta de renovação como matéria de carácter particular ou geral; estudo em pormenor para conhecimento claro da situação, não apenas do sector em causa, mas também da área ribeirinha; consultados estudos sociais relativos à

URBANA

os restantes sectores das ilhas da cidade do Porto, que se apresentavam em


demografia, ocupação habitacional e custos globais; contacto com a população, através de inquéritos, reuniões e reacções para um melhor conhecimento dos seus problemas; selecção de dois quarteirões tipo, que continham os vários problemas verificados na área de intervenção, e aplicadas neles as soluções que foram consideradas para o conjunto. Ainda nesta metodologia, foram inseridos estudos e programas para um novo centro social, elaborados no ambiente da Escola Superior de Belas Artes do Porto. Trata-se portanto de um estudo que coincide com o início do levantamento de questões relativas à qualidade e condições da vida urbana em Portugal. A reabilitação do património urbano ganha importância com o objectivo de integrar nos problemas urbanos os aspectos económicos, sociais, culturais e ambientais. A atitude das políticas urbanas vira-se para a cidade existente e para o seu tecido urbano e social, deixando de restringir-se apenas na preocupação do edifício monumental e nas áreas de expansão. Uma

outra

metodologia

destacada

é

realizada

por

Pereira

(1996)

nomeada

aspectos essenciais

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

“Metodologia de Planeamento de Reabilitação de Áreas Urbanas”. Esta sugere os 42

de áreas urbanas, enunciando os fundamentos gerais. São indicadas as diferentes

de uma proposta de método de planeamento de reabilitação

fases, objectivos, conteúdos gerais e métodos de realização, intervenientes, bem como resultados a alcançar. Esta metodologia representa um processo expedito para formar uma ideia global das

características,

problemas

e

potencialidades,

soluções a apresentar para discussão

exercitar

a

procura

de

com os diferentes agentes sociais e,

prever os meios e recursos necessários para organização dos estudos e acções que, irão permitir o inicio e seguimento das tarefas de reabilitação da área e de organização e desenvolvimento da sua gestão corrente. Nesse contexto, é apresentada a aplicação do método no “Plano de Salvaguarda do Núcleo Antigo de Sacavém”, oportunidade dada pela Câmara Municipal de Loures, onde foi possível por à prova a sua implementação. O faseamento da metodologia estrutura-se da seguinte forma: A 1ª fase corresponde à preparação técnico-política, também denominada por


“Leitura da Imagem de uma Área Urbana”. Tem como objectivo preparar a informação e estabelecer a concordância entre os agentes formais de intervenção de modo a ser possível, elaborar uma descrição e intervenção da realidade presente, da sua dinâmica e um conjunto de propostas de transformação consensuais e viáveis, para a comunicação e discussão públicas a realizar na fase seguinte. É nesta fase que são desenvolvidas as fichas morfotipológicas. Estas servem de instrumento para o desenvolvimento da interpretação da realidade a observar, bem como da sua dinâmica de transformação. São portanto, elementos que constituem um levantamento de informação necessária para a caracterização e interpretação do espaço urbano, dando a perceber a sua constituição e organização, bem como as características que o definem, como elemento constituído da área urbana. (Pereira, 1996) Na 2ª fase são apresentados e discutidos os resultados da 1ª fase de forma aberta

e

alargada

à

população

e

aos

diversos

agentes

sociais.

Nesta,

os

interesses e actividades se relacionam com ela e com as acções de Reabilitação Urbana. 43

formalizada e organizada para a sua implementação, bem como a realização das intervenções tomadas. Esta 3ª fase pretende finalizar a proposta de planeamento e programa preliminar da área, elaborar os instrumentos de planeamento e gestão que

são

considerados

necessários

,

definir

a

organização

e

procedimentos

adequados, os critérios de avaliação, controlo e o sistema de informação participação e concertação dos agentes sociais, afirmar os compromissos já acordados e desenvolver o planeamento e programação das acções a realizar a curto prazo, de modo a poder implementar a sua execução na fase seguinte. A

fase

final

corresponde

à

acção

de

forma

permanente,

organizada

e

interrelacionada do planeamento, gestão e execução da reabilitação da área urbana. São postos em prática procedimentos para conferir a operacionalidade e credibilidade ao planeamento no apoio, em tempo real e continuamente, à Reabilitação Urbana.

URBANA

a estabelecer para o apoio e gestão, as tarefas a executar, os modos de

02|REABILITAÇÃO

Após as fases de apresentação e discussão alargadas, toda a proposta é revista,


O seguinte quadro traduz uma leitura sintética da metodologia e do próprio faseamento, permitindo uma relação entre as suas várias etapas: Tarefas 1.Formação duma opinião técnica sobre a área e sua reabilitação.

Intervenientes Equipa técnica de planeamento local e junta/s de freguesia

Resultados • Caracterização e diagnóstico. • Propostas alternativas de planeamento. • Medidas cautelares. •Identificação de gentes, meios, procedimentos, recursos e instrumentos para a realização da intervenção. • Informação publica.

2.Ajuste e concertação a nível municipal do trabalho realizado em 1. Primeira tomada de decisões.

Equipa técnica de planeamento local e junta/s de freguesia, técnicos e políticos municipais.

3.Ajuste e concertação a nível regional/central. Segunda tomada de decisões.

Equipa técnica de planeamento local, técnicos e responsáveis de nível municipal e centras/ regional.

4.Definição do planeamento e programação preliminares da reabilitação da Área.

Equipa técnica de planeamento

1.Organização da comunidade e discussões publicas e preparação do material para apresentação e discussão.

Diferentes agente sociais envolvidos, conforme decidido na fase anterior.

2.Realização da comunicação e discussões publicas do planeamento e programação preliminares. 1.Versão final do planeamento e programação preliminares. 2.Elaboração dos instrumentos de planeamento e gestão. 3.Definição da implementação do planeamento.

• Proposta técnico-política de planeamento e programação preliminares. • Estabelecimento do diálogo e concertação técnicopolítico aos diferentes níveis. • Decisão sobre as acções a executar prioritariamente.

• Perspectiva local sobre a Área e a sua reabilitação, estrangulamentos, dinâmicas locais de desenvolvimento, conflitos e consensos. • Abertura à apropriação e responsabilidade dos agentes locais.

Equipa técnica de planeamento local.

Agentes directamente envolvidos na gestão e execução da reabilitação segundo as suas áreas de acção.

• Formalização do planeamento preliminar. • Preparação da acção de planeamento continuo/ gestão corrente/execução da reabilitação.

4.Planeamento e programação das acções a realizar a curto prazo. Planeamento contínuo. Apoio e avaliação das acções de reabilitação sucessivamente decididas e executadas e da gestão corrente.

Conforme a rede de agentes estabelecida e a dinâmica desencadeada pela própria acção.

• Dinâmica organizada, instrumenta e autocontrolada de desenvolvimento e qualificação do território.

[q1] extracto da publicação VALENTE (1996) quadro resumo da metodologia de planeamento da reabilitação de áreas urbanas

2ª - Comunicação alargada e discussão pública 3ª - Planeamento e programação preliminares e sua implementação 4ª Realização do planeamento/ acção

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

44

1ª - Preparação técnico-política proposta de planeamento e programação preliminares e inicio da informação pública

Fases


Como foi possível verificar, a primeira fase estabelece-se, dentro de 4 etapas de sucessivo aprofundamento do conhecimento e diagnóstico da área , bem como do

contexto

em

que

se

insere,

da

definição

de

propostas

preliminares

de

realização da sua reabilitação e, de envolvimento dos agentes sociais formais no processo de planeamento. A primeira tarefa é a formação de uma opinião técnica sobre a área e sua reabilitação,

onde

a

equipa

técnica

local

de

planeamento

prepara-se

para

assumir o papel dinamizador e de suporte técnico do desenvolvimento do processo de reabilitação. Na tarefa seguinte é formada uma opinião técnico-política a nível municipal, sobre a área e a sua reabilitação, conservação de acções a este nível e primeira tomada de decisões de planeamento e programação da reabilitação da área. A

terceira

tarefa

assume

o

ajuste

da

proposta

técnico-política

municipal

de reabilitação da área com os agentes sociais, actuando a nível central e regional e concertação de acções a este nível.

a

definição

da

proposta

da imagem de uma área urbana, assume

técnico-política

de

planeamento

e

programação

preliminares, refazendo o trabalho da primeira etapa de acordo com os resultados obtidos nas seguintes etapas e tendo em vista a criação da base informativa necessária para proceder à sua comunicação e discussão alargadas, a qual se

Para a realização do presente trabalho, foi usada a primeira fase da metodologia de planeamento da Reabilitação de Áreas Urbanas. Dentro da mesma fase, foram seguidas as orientações da primeira tarefa, onde requer um trabalho de análise e diagnóstico da área a intervir. A sua escolha passa por esta metodologia oferecer a possibilidade e expressão do conhecimento de uma área urbana existente e dos meios, agentes e processos de intervenção necessários para efectivar o seu desenvolvimento, encarado nas múltiplas componentes socioeconómicos, culturais e político-administrativas.

URBANA

realizará a fase seguinte.

02|REABILITAÇÃO

A quarta e última tarefa da leitura

45


Desta forma, a “Leitura da Imagem de uma Área Urbana” permite iniciar o conhecimento desta área, tendo em vista proceder à avaliação global e crítica, ao diagnóstico dos problemas e potencialidades e à elaboração de propostas de intervenção que efectivem a sua reabilitação e o desenvolvimento da comunidade nela territorializada. Os objectivos deste estudo procuram obter um retrato global, interpretativo e crítico da área através da definição das suas características estruturais e

mais

significantes;

definir

e

localizar

os

problemas

e

potencialidades

existentes na área; captar o carácter urbano da área e os elementos que o exprimem; perceber a dinâmica de transformação em curso na área; e por fim, estabelecer, à medida da interpretação e avaliação dos resultados da leitura, hipóteses relativas a objectivos, politicas, estratégias, soluções e acções de intervenção para a reabilitação. (Pereira, 1996) O exercício da leitura da imagem urbana faz corresponder a observação e concepção, ligando de forma criativa, análise e síntese da área com a construção das relações aglutinadoras, formular ideias que traduzem o que se pensa ser uma

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

hipóteses de solução. Interpretar e avaliar o existente pressupõe constituir 46

“boa cidade” e visualizá-las nos espaços em análise. (Pereira, 1996) Neste processo é útil registar, em sequência da análise, os estudos que interessam desenvolver numa fase posterior do trabalho, para melhor esclarecimento das questões a tratar e os temas a serem discutidos, dada a sua importância para estabelecer opções fundamentais relativas ao conceito de cidade, orientador das soluções a propor (por exemplo: o lugar do automóvel no espaço público VS importância do peão; opções relativas à estrutura espacial dos usos do solo ao grau de conservação/recuperação do edificado, ao interesse de introduzir novas construções de traço actual em tecido antigo, etc..) (Pereira, 1996) A leitura e observação deve ser feita separadamente por vários elementos da equipa de planeamento da Reabilitação Urbana. Apenas desta forma é possível enriquecer

os

resultados

resultantes

da

subjectividade

com

discussões, de

controle

observação.

No

das

falhas

entanto

é

e

desvios

considerada

importante a elaboração de um guião que permita esclarecer o que se pretende e que estabeleça de plataforma comum,

afim de responder às necessidades do


estudo e, do modo como proceder ao registo das observações. A sua formulação deve ser também realizada pela equipa de planeamento da Reabilitação Urbana. Apesar de ser considerado um método que pode ser usado para cumprir objectivos (por exemplo, estudo preparatório

da elaboração dum projecto de arquitectura

ou de uma nova urbanização a integrar num tecido existente) a “Leitura da Imagem de uma Área Urbana” adquire as suas máximas virtualidades e exigências como preparação para uma acção continua de reabilitação, quer de uma área quer de um aglomerado urbano. Para enquadrar a leitura da área e permitir uma correcta interpretação desta, desenvolve-se

em

paralelo

com

a

observação,

os

estudos

necessários

para

identificar a morfologia geral da paisagem urbana da área, conhecer a história da evolução do seu tecido e para caracterizar a população. (Pereira, 1996) 1.Morfologia do geral da paisagem: para interpretar e avaliar a estrutura da urbanização da área, identificar problemas morfológicos básicos e, verificar como foram aproveitadas ou desperdiçadas as potencialidades naturais. A síntese destas informações conduz à definição das unidades morfológicas da paisagem potencialidades urbanas dos traços essenciais de morfologia geral da paisagem e, orientar a interpretação e avaliação do seu modo de urbanização. 2.História da evolução do tecido urbano: da

morfologia

urbana, Os

para

temas

a

a

interpretação

desenvolver

no

do

ritmo

estudo

e

da

do

modo

evolução

do

seu

histórica

são a identificação das etapas de formação, preenchimento e crescimento do tecido urbano; transformação do seu parcelamento, traçado viário e edificação; caracterização morfológica fundamental e tipologias principais de cada etapa; acontecimentos marcantes, elementos, agentes e processos estruturadores dessa evolução; características gerais, evolução do tecido social e da apropriação da área, pela população e actividades; principais ideias e modelos de cidade que presidiram às diferentes fases de urbanização da área. 3.Caracteristicas sócio-económicas da população residente: O presente método dá

de

forma

imprecisa,

sujeita

a

erros

grosseiros.

Um

conhecimento

das

URBANA

desenvolvimento.

fundamental para a compreensão

02|REABILITAÇÃO

e das formas de articulação, as quais permitem caracterizar, e avaliar as

47


características sócio-económicas da população que reside na área, que nela trabalha

ou

que

a

frequenta

por

outro

motivo.

Para

essa

informação

ser

controlada, precisa e fidedigna, é necessário desenvolver, em paralelo, um estudo dos casos estatísticos disponíveis, os quais deverão ser analisados. Este estudo deverá ser desenvolvido ao longo do trabalho, quer através de análise de informação estatística diversa (recenseamento eleitoral, sector da

saúde,

segurança

social,

directos,

determinados

surjam,

medida

à

dos

de

ensino,

acordo

problemas

de

policia,

com

as

etc...),

necessidades

resolução

quer de

prioritária.

de

inquéritos

informação Dessa

forma

que as

características a destacar, para a realização das características económicas e social da população residente, dizem respeito à idade, composição das famílias e situação perante a actividade, distinguindo activos e inactivos, categorias e ramos de actividade. (Pereira, 1996) Os

resultados

da

leitura

da

imagem

e

o

desenvolvimento

do

processo

de

planeamento da reabilitação de áreas urbanas, devem transmitir uma primeira opinião sobre a área e como deve ser reabilitada para organizar, e informar 48

o processo de planeamento o qual, uma vez desencadeado, irá conjuntamente

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

com os conhecimentos, os estudos e as acções dos diferentes agentes sociais, incluindo os técnicos das diferentes especialidades, para eventualmente o reformular e para realizar a Reabilitação Urbana.


5.SÍNTESE CONCLUSIVA O capítulo enquadra o assunto principal. Aqui é apresentado e descrito o tema da Reabilitação Urbana através: 1.da sua distinção das outras intervenções urbanas, bem como as suas relações; 2.a importância da Reabilitação Urbana como intervenção de qualificação urbana; 3.os motivos, argumentos e tipos de intervenção na cidade como forma de sensibilização ao planeamento e intervenção no

território

urbano

histórico;

4.identificadas

metodologias

consideradas

pragmáticas para o processo de planeamento de Reabilitação Urbana, do autor Fernando Távora e da autora Luz Valente Pereira. O trabalho passou pela pesquisa de trabalhos que, envolvessem os temas da Reabilitação Urbana e centro histórico, bem como trabalhos que, demonstrassem métodos

de

planeamento

de

reabilitação

de

áreas

urbanas.

A

metodologia

identificada para a leitura da imagem urbana da área de estudo é devidamente explanada, descriminando o seu faseamento e respectivas tarefas. Através do contacto com informação focada no tema principal do trabalho, foi possível afirmar que a Reabilitação Urbana surge com a intenção de intervir no procurando melhorar, não apenas o conjunto edificado e espaço público, mas também as condições das áreas sócio-económicas sujeitas a transformações. Para

a

valorização

e

rentabilização

do

território

urbano

a

intervir,

necessidade de formular métodos que apõem o planeamento e intervenção afim de contemporânea. Neste

capítulo,

também

é

identificada

e

explicada

a

fase

usada

para

o

desenvolvimento do seguinte capítulo, bem como identificados os elementos e estudos a realizar para melhor compressão da morfologia geral da área urbana em estudo.

URBANA

confirmar a sua qualificação e, responder às necessidades de fundo da cidade

02|REABILITAÇÃO

tecido urbano, criando soluções para a resolução dos seus problemas urbanos,

49


As cores da vila... Cpres de que nao sabia o nome sequer (...) De uma vez, a mãe disse-lhe de uma voz gritada_ “Este ano vamos à feira, Joaquim”. Como tudo estava diferente do dia da feira. No largo nem menimos com gaitas, nem barracas, nem a fanfarra alegre do circo. Manuel de Nascimento em O último espectáculo


03

V I L A D E M O N C H I Q U E


Estrada de Sabóia

Ermida Sr dos Passos Largo da Portela

Rua Dr Samora Gil Convento N. Sra do Desterro Largo da Misericórdia Praça Alexandre Herculano Largo S.Gonçalo de Lagos Largo do Castelo Igreja Matriz Rua do Porto Fundo Rua D. Francisco Gomes de Avelar Largo dos Chorões Largo 5 de Outubro S.Roque Rua Duarte Pacheco Ermida de S.Sebastião Miradouro Largo S.Sebastião

Rua Serpa Pinto Estrada Velha Ceiceira

Ermida do Pé da Cruz Largo do Pé da Cruz


VILA DE MONCHIQUE Apresentam-se os contextos histórico, físico e humano, bem como o registo da leitura da imagem urbana. Dentro do contexto histórico é analisada a malha urbana

em

dois

pontos:

edificado

e

espaço

público.

No

contexto

físico

e

humano são expostas as características geomorfológicas, demográficas, sociais e económicas, numa primeira abordagem ao nível concelhio e, numa segunda, ao nível da vila de Monchique. No registo da leitura da imagem urbana são apresentados os resultados da análise realizada para o caso de estudo da vila de Monchique, apoiados na metodologia de Pereira (1996).

1.CONTEXTO HISTÓRICO A ocupação na Serra de Monchique verifica-se desde a pré histórica, contendo vestígios de ocupação do período Neolítico 1 , onde foram encontrados vários monumentos funerários na zona das Caldas de Monchique. Essa ocupação era conseguida com o apoio de construções em materiais de pouca durabilidade e dessa forma os seus vestígios são difíceis de localizar. Apenas existe

florestas, sugerindo o início do aglomerado urbano na Serra de Monchique. (Da Silva, 2005)

DE

da sua permanência junto a linhas de água, onde foram encontrados

03|VILA

conhecimento

53

instrumentos de apoio à prática de arroteamento de terras e desbravamento de

Capela

(2012),

o

nome

de

Monchique

deriva

das

ocupações

romanas

[1]

na serra “Mons Cicus”, embora tenha sofrido alterações pelas consequentes culturas estabelecidas. Também a ocupação muçulmana atribuiu a este local um

ortomapa da vila de Monchique, 2013

nome com significado - “Munt Saqir” – a montanha sagrada. Há

registos

da

existência

de

edifícios

fortificados

no

território

de

Monchique, quando da conquista de Silves em 1189 pelo rei D.Sancho, onde é feita a referência aos castelos que defendiam a cidade. (Capela, 2012) Nesta época

a

Serra

de

Monchique

inseria-se

num

contexto

de

defesa

militar

do

Algarve ocidental, daí a existência de construções fortificadas e de defesa

1 Período da era Quaternária, que se estende de 5000 a 2500 a.C., situado entre o Mesolítico e a idade dos Metais.

MONCHIQUE

Segundo


O 20

60

100m

300m

pontos de água

espaço público existente

linhas de água

[2] expansão urbana período islâmico [3] espaço público período islâmico

edificado existente

150

A largo do Castelo | largo S.Gonçalo de Lagos

via principal

50

54

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

A


da população. (Carneiro, 2003, p.28) Pouco existe ou se sabe acerca da história de Monchique até à sua elevação a vila em 1773. O terramoto de 1755 afectou bastante a região, bem como os seus edifícios e arquivos com informação histórica foram destruídos. (Capela 2012) Sabe-se no entanto que na ocupação romana e islâmica surgiram infraestruturas e arruamentos de apoio à sua estadia, reforçando a teoria de ter sido no séc. XVI, representativa do centro político-administrativo da região (Carneiro, 2003) Das únicas referências pertencem ao séc. XVI, de João Cascão – Relato da Jornada de El –Rei D. Sebastião quando partiu da cidade de Évora, de 1573, e a Henrique Fernandes Sarrão – História do Reino do Algarve, de 1607 (Carneiro, 2003)

PERÍODO ISLÂMICO Séc. VIII a XIII

eixo principal, um percurso provindo a topografia em direcção a Norte , origem ao aglomerado, conduzindo para por dois pontos de água importantes,

MONCHIQUE

surgiu a partir de um seguia de acordo com linha de água que deu da época. Era servida

DE

A malha urbana de Sul, e que atravessando a a zona central

55 03|VILA

[4] rua Fonte do Castanheiro, 2014 [5] largo do Castelo, 2014

Segundo Da Silva (2005), a origem do aglomerado da vila de Monchique terá início na zona chamada de Pomar Velho, junto de uma linha de água com alguma importância, abrigando uma ribeira. A zona central, também conhecida por largo do Castelo, situava-se na parte mais alta da vila, representando um abrigo aos ventos predominantes, e também um ponto estratégico militar, tendo sido um espaço de carácter fortificado. Com esse elemento natural surgem também actividades como a moagem de cereais e agricultura, havendo dessa forma, as condições necessárias para a sua execução.


O 20

60

100m

300m

pontos de água

espaço público existente

novo espaço público

linhas de água

A largo do Castelo | largo S.Gonçalo de Lagos B praça Alexandre Herculano | largo da Igreja | largo da Misericórdia

nova malha urbana

[6] expansão urbana período manuelino [7] espaço público período manuelino

edificado existente

150

A

via principal

50

56

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

B


um à entrada do núcleo, enquanto o outro encontrava-se no centro (Largo S.Gonçalo de Lagos e largo do Castelo). De acordo com Da Silva (2005), essa via que, corresponde actualmente ao eixo Semedeiro, Pé da Cruz, Estrada Velha, Pomar Velho Rua do Viador e Peso, remota desde ocupações anteriores à implantação do aglomerado inicial. Tendo também como referência a área central do núcleo de origem islâmica, surgem vários percursos, também adaptados à topografia existente, e que estruturaram as directrizes das próximas expansões. Este aglomerado foi formado a partir da existência de quintas, com respectivas casas senhoriais e outras casas, dispostas em lotes irregulares e pequenos quintais, em que a actividade da agricultura predominava. (Da Silva, 2005) A partir do séc. XV, Monchique ganha importância. Nesta período é criada PERÍODO MANUELINO Séc. XV a XVI

a

freguesia/paróquia de Monchique, é fundada a Santa Casa da Misericórdia e é construída a Igreja Matriz, algumas ermidas junto às vias de acesso à vila, bem como o Convento da Nossa Senhora do Desterro. Mais tarde surge o edifício do hospital (actual centro de idosos), em conjunto com a Igreja da Misericórdia. Estes três acontecimentos, embora não precisos, datam dentro do período de 1450 a 1550. (Da Silva, 2005)

57

período.

Possuía

registos

da

era

manuelina,

principalmente

no

portal

de

da vila, actual Praça Alexandre Herculano. Albergava feiras e mercados para a venda directa de produtos agrícolas. Existiria uma ligação forte da praça para a Igreja Matriz, através de uma grande espaço que chegava até esta. Ainda nessa praça existia uma casa senhorial, chamada de “casa da praça”, alinhada com o eixo da Igreja Matriz que, também continha traços manuelinos expressos na volumetria e nas molduras de pedra dos vãos. Ainda nesta centralidade, situava-se uma fonte de água que servia de abastecimento à população. (Da Silva, 2005) A partir desta centralidade surge o eixo principal da época, a rua direita que passa pelo largo da Misericórdia, onde se encontrava o Pelourinho e junto do edifício da Câmara Municipal da época, na rua do Açougue, até ao largo da

MONCHIQUE

dela. Ou seja, a centralidade transfere-se da zona alta para a zona baixa

DE

entrada. Com sua construção, a centralidade da vila transfere-se para junto

03|VILA

A igreja Matriz representava a edificação com maior influência urbana neste


O 20

60

100m

300m

pontos de água

espaço público existente

novo espaço público

linhas de água

C largo 5 de Outubro

A largo do Castelo | largo S.Gonçalo de Lagos B praça Alexandre Herculano | largo da Igreja | largo da Misericórdia

nova malha urbana

[8] expansão urbana período pombalino [9] espaço público período pombalino

edificado existente

150

A

via principal

50

58

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

B


Portela, onde se implantava a Ermida do Senhor dos Passos. Este eixo abrigava o comércio tradicional e mestres da época. Actualmente ainda se encontra activos alguns pontos de comércio, principalmente sapatarias, ourivesaria e venda de roupa. Da Silva (2005) compara esta via à via cardo da cidade romana, referindo ainda Walter Rosa “A rua é a essência do urbanismo Português” (Da Silva, 2005, p.38). Aqui é possível conhecer uma malha urbana linear, planeada segundo circunstâncias topográficas e, de acordo com as necessidades de expansão e desenvolvimento urbano manuelino. Fora deste zona central, mas junto a caminhos de acesso a Monchique, as ermidas marcar a entrada do território urbano de Monchique e também de proteger quem saia ou entrava na localidade.

59 03|VILA DE

Embora a catástrofe do terramoto tenha abalado bastante o território da Serra de

Monchique,

principalmente

ainda na

existem

vila,

com

alguns

vestígios

arquitectónicos

alguns

portais

janelas

e

com

do

passado,

características

enquadradas nos séc. XVI, XVII e seguintes. A Igreja Matriz de Monchique possui um pórtico manuelino, cuja construção remete para os finais do séc. XV ou inícios do séc. XVI, bem como o Convento da Nossa. Senhora do Desterro, fundado em 1631. Existem ainda várias capelas e ermidas datadas dos séc. XVI, XVII e XVIII. (Capela, 2012) Verifica-se novamente uma expansão da vila, durante o séc. XVIII, implantada

MONCHIQUE

[10] vila de Monchique, 1814 [11] largo da Misericórdia e praça Alexandre Herculano, 1954

Período Pombalino S é c . X V I I I

do Pé da Cruz, S. Sebastião, Sto. António e Sr. dos Passos tinham dupla função:


O 20

60

100m

300m

pontos de água

espaço público existente

novo espaço público

linhas de água

C largo 5 de Outubro

A largo do Castelo | largo S.Gonçalo de Lagos B praça Alexandre Herculano | largo da Igreja | largo da Misericórdia

nova malha urbana

[12] expansão urbana séc.XX [13] espaço público séc.XX

edificado existente

150

A

via principal

50

60 B

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

C


novamente numa zona alta da vila, apesar de, não retirar o protagonismo à centralidade já estabelecida na zona da Igreja Matriz. É possível identificar quarteirões mais regulares e com formas rectangulares, opondo-se

à

organicidade

essencialmente

das

habitacional,

expansões

existindo

anteriores.

apenas

a

Tipologicamente

ermida

de

S.

José,

era como

edifício de carácter menos privado. As vias que lhe dão acesso surgem a partir da rua direita ligando de uma outra forma o largo da Misericórdia ao largo da Portela, permitindo o acesso ao cerro de S. Pedro.

61

fim

do

séc.

XIX

e

inícios

do

XX,

verificou-se

a

grande

alteração

e

que servem a vila, permitindo a sua conexão, tanto internas facilitando as ligações concelhias, bem como externas com a ligação a Sul/Norte. (Da Silva, 2005) Surgem vários edifícios de carácter público e que tornam a vila de Monchique uma área com importância administrativa e de serviços - o caso do edifício do tribunal, devido às várias exportações que se verificavam para as regiões envolventes. (Capela, 2012) Desde a consolidação da vila no séc. XVI, que não houve alterações significativas no território urbano. Com a construção da Rua Serpa Pinto (1878) e ligação à estação de caminho de ferro de Sabóia (1931) e formação do largo dos Chorões, a centralidade da vila transfere-se novamente, para uma zona baixa. Desta forma o largo passa a unir a malha urbana já existente e a que se iniciava. Passa a

MONCHIQUE

desenvolvimento urbanístico. Surgem vários equipamentos e infra-estruturas

DE

No

03|VILA

[14] rua de s.José, 2014 [15] travessa de S.José, 2014

Século XX


O 20

60

100m

pontos de água

espaço público existente

novo espaço público

linhas de água

C largo 5 de Outubro D. largo 5 de Outubro e largo dos Chorões

A largo do Castelo | largo S.Gonçalo de Lagos B praça Alexandre Herculano | largo da Igreja | largo da Misericórdia

nova malha urbana

[16] expansão urbana séc.XXI [17] espaço público séc.XXI

edificado existente

300m

A

via principal

150

B

50

62 C

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

D


Simbolizava também o espaço público principal e com mais importância na vila, onde muitos acontecimentos, bem como eventos decorreram. Esta “estrada nova”, como lhe foi lhe foi chamada à época, vem trazer melhorias na ligação entre o litoral e o interior algarvio, optimizando a circulação em vias de cotas mais próximas, opondo-se à morfologia da “estrada velha”, que continha grandes variações de cota no seu percurso. (Da Silva, 2005) Com

este

novo

eixo,

um

processo

de

expansão

urbana

é

iniciado,

formando

uma malha urbana linear, equipada com serviço público (bombeiros, tribunal, mercado municipal, novo hospital, cemitério, escolas de instrução primária, etc). Também a tipologia habitacional oferece melhores condições, opondo-se às envolvente Sul do largo dos Chorões. Para além das ligações referidas, surgem outras duas de referir: a abertura da rua Eng. Duarte Pacheco permitiu a união do largo central da vila até à zona do miradouro. Aqui encontrava-se um vasto terreiro que servia de zona desportiva bem como de feiras; a rua do Porto Fundo que faz a ligação entre as zonas alta e baixa da vila, ligando o largo 5 de Outubro à praça Alexandre Herculano. É realçada a preocupação pelo espaço público no sentido da existência de um

exportações e fixação de novas actividades económicas, dando condições para

MONCHIQUE

a expansão urbana, bem como económica da vila estava garantida, aumentando as

DE

espaço à escala da vila e melhoramento da sua rede distributiva. Desta forma

63 03|VILA

[18] rua do Porto fundo, anos 50 [19] panorâmica do centro da Vila de Monchique, anos

existentes com problemas de salubridade e saneamento, verificando-se na zona

50


uma futura expansão.

Século XXI

No entanto, com o decorrer do século, a densidade populacional decresce e envelhece devido ao fenómeno do êxodo rural, onde a população jovem partiu em busca de melhores condições de vida nas áreas industrializadas, atingindo as actividades se que realizavam na Serra de Monchique. (Capela, 2012) Verifica-se uma dispersão da malha urbana da vila, contrariando a consolidação das

expansões

anteriores.

Apesar

dessa

dispersão

é

possível

verificar

um

inicio de consolidação na área Sul da Vila (Bairro de S.Roque, área envolvente do Bairro da Ceiceira e

Largo do Pé da Cruz). De um modo geral, a tipologia

em expansão é a habitação, em conjunto com a rede distributiva local. Com a introdução do eixo Serpa Pinto/ Francisco Gomes de Avelar/ estrada de Sabóia, o panorama edificado voltou-se para junto deste, passando a zona histórica a ser representada pelo pequeno comércio e habitação, embora sem qualificação. Também os serviços de apoio à vila, em grande parte, se deslocaram para este grande eixo. Actualmente os grandes serviços como os bombeiros, hospital,

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

64

escolas, segurança social, áreas desportivas, entre outros são servidos por este e que, em certa parte, favorece a sua acessibilidade. É possível verificar uma maior preocupação com o espaço público e na sua qualificação. O alargamento do largo 5 de Outubro deu seguimento à construção do jardim da vila (também chamado de parque urbano) é exemplo disso. Para a realização dessa ampliação foram destruídos edifícios e realizados trabalhos para o seu alargamento e nivelamento, com um objectivo - criar um espaço público à escala da vila, bem como de recepção, servido de comércio e áreas de lazer. Neste continua presente a ideia dos elementos de água em espaços públicos,

como

se

verificou

nas

expansões

anteriores

(nora

do

largo

dos

Chorões). Apesar de ter existido uma maior preocupação com espaço público nas últimas intervenções na vila, estes ainda apresentam fragilidades e que não tomam partido dos seus pontos fortes. Actualmente, a vila de Monchique é das poucas áreas algarvias que permanece rural, onde a agricultura, a pastorícia e outras actividades tradicionais ainda representam algum do sustento familiar.


A

pesar

da

economia

ter-se

diversificado

para

o

turismo

e

o

artesanato,

tornando rica a cultura do concelho, esta região opõe-se à pressão urbana e turística do Algarve, conservando a Natureza nas suas origens. (Capela, 2012). A seguinte figura apresenta um sumário da evolução do edificado e do espaço público da vila de Monchique nos períodos islâmico, manuelino, pombalino, séc. XX e séc. XXI. Realça-se a adição, tanto do edificado e do espaço público ao longo do tempo.

edificado 65 03|VILA DE MONCHIQUE

séc. XXI

séc. XX

período pombalino

período manuelino

período islâmico

expansão urbana da vila de Monchique

espaço público

[20] evolução da


2.CONTEXTO FÍSICO

2.1.ENQUADRAMENTO Portugal continental está dividido em onze regiões, sendo o Algarve a região mais a Sul. Está dividida em duas partes, o barlavento algarvio (metade do lado poente) e o sotavento algarvio (metade do lado nascente) 1. Dentro desta divisão encontram-se subdivididas as categorias de litoral, barrocal e serra, estando a Serra de Monchique situada na última. O concelho de Monchique pertence ao distrito de Faro e localiza-se na parte noroeste do barlavento algarvio e faz fronteira com os concelhos de Portimão e

Lagos a Sul, Aljezur a Oeste, Silves a Este e Odemira a Norte, pertencendo

este último à região do Alentejo. Possui uma área territorial de 396 km2 e 6045 habitantes, divididos por três freguesias, Monchique, Marmelete e Alferce, sendo a primeira a sede do concelho e a mais povoada. (Morgadinho 2002) 2.2.CONDIÇÕES GEOCLIMÁTICAS A Serra de Monchique é representada por um maciço que se divide em dois cumes: na Fóia mais a ocidente, com 902 metros acima do nível do mal e que representa o ponto mais alto do Algarve; na Picota no lado nascente, com 774 metros. Esse maciço é composto por rochas eruptivas, mais concretamente por

1 Barlavento tem a definição da proveniência da origem do vento enquanto que sotavento define a direcção do vento. “De facto, no Algarve é na metade oeste (barlavento) onde se sente mais o vento - que sopra maioritariamente de noroeste e de sudoeste. (CAPELA, 2012,p.9).

[21] Barlavento Sotavento [22] Litoral Barrocal Serra

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

66


sienito nifelínico, e que integra um conjunto geológico bastante único. No seu trabalho, Capela descreve a Serra de Monchique como “(...) uma verdadeira ilha em termos geológicos (...)” (CAPELA, 2012,p.12) por conter um tipo de rocha distinto da envolvente, que se apresenta maioritariamente por xisto. Pelos factores da proximidade com o oceano, altitude e disposição do território perante as massas de ar dominantes, a singularidade climática da Serra é justificada.

Ocorrem

vários

fenómenos

que

contribuem

para

a

sua

variada

biodiversidade (espécies animais e vegetais), bem como a enorme abundância de água, que alimenta as suas quatro bacias hidrográficas. A vegetação natural que constitui

o território da serrano, indicia um misto

regimes de vento e orografia. Esta representa uma área verde bastante extensa, cerca de 85% do concelho, abrigada na Rede Natura 2000. (Morgadinho, 2002)

67 03|VILA DE MONCHIQUE

[23] Hipsometria do concelho de Monchique [24] Rede hidrográfica do concelho de Monchique

de micro-climas, resultantes das conjunções entre os factores referidos com os

2.3.HABITAÇÃO E INFRA-ESTRUTURAS BÁSICAS O conjunto habitacional do concelho é bastante envelhecido, sendo verificado de um total de 3923 edifícios, cerca de 53% foram construídos antes de 1970 e 33% entre 1971 e 1990. Relativamente ao tipo de alojamentos salienta-se a diminuta representação dos alojamentos colectivos, devendo-se ao pouco peso que o sector hoteleiro tem no concelho. Já no que diz respeito à forma de ocupação dos alojamentos familiares, verifica-se que uma parte considerável do conjunto habitacional do concelho, não é habitado em termos efectivos, uma


vez que 19% dos alojamentos se encontram vagos e 18% são de uso sazonal. Ao nível das infra-estruturas básicas dos alojamentos familiares de residência habitual verifica-se a uma melhoria generalizada no período entre 1991 a 2001. Esta foi particularmente significativa no que respeita à rede de esgotos, dado que foram reduzidos o número de alojamentos sem esgotos. 2.4.ESPAÇOS A vila de Monchique é servida por vários tipos de ocupação nos vários espaços existentes. A circulação pode ser dividida de acordo com o tipo de via, bem como no tipo de malha que se insere. Na malha mais histórica não existe distinção entre a circulação viária da pedonal. O seu dimensionamento é reduzido, sendo todo o seu pavimento caracterizado pela calçada. Na área de evolução mais recente existe distinção entre o passeio e o circuito do automóvel, perceptível pelo seu material, estando o seu dimensionamento adequado ao tipo de circulação que confere.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

68

Existem

lotes

degradação

ou

na

malha

mesmo

em

urbana

da

Vila

ruína,

os

quais

de

Monchique

deviam

ser

que

se

encontram

identificados

e

em

serem

alvos de concurso para a sua recuperação, seja para qual for a sua função, recorrendo a medidas legais. É possível identificar na periferia da vila bastantes áreas vazias, sejam elas baldios ou propriedade privada. É também perceptível nalguns espaços vazios privados

a prática da agricultura doméstica, que ajudam no sustento familiar.

Monchique é servida de vários espaços públicos de dimensões pequenas, cuja permanência é de curta estadia, apesar de alguns vazios valorizarem um edifício singular. É o caso do largo da Igreja Matriz ou o largo da Misericórdia, cujo desenho remete para o período Manuelino. Contudo, existem três espaços públicos que contrariam esta tendência: o largo dos Chorões/ 5 de Outubro, centralidade da vila , para onde a circulação converge, seja ela pedonal ou viária, bem como um centro de comércio e lazer; o Parque Urbano, um jardim que oferece um passeio verde e ligação entre duas cotas (largo dos Chorões e área das piscinas Municipais)e actividades de


carácter lúdico e lazer; o Parque S.Sebastião e o Miradouro cujas funções são, no primeiro de oferecer estacionamento geral à vila, bem como receber eventos municipais, enquanto o segundo funciona, como o nome indica, de miradouro para a zona central da vila. Apesar

de

existirem

algumas

divergências

nestes

espaços,

no

que

respeita

à função/dimensão, existe uma hierarquia, que consegue direccionar a vida urbana.

69 03|VILA DE

2.4.VALOR CULTURAL

povoamentos ao longo da sua história. Aqui deixaram traços próprios e que hoje caracterizam a riqueza da vila. A existência de edifícios representativos de [25] Largo 5 de Outubro, 2014

A

algumas

ocupações,

arquitectura

que

tradicional

ajudam

na

demonstra

sua o

leitura

modo

de

e vida

valorização nos

vários

cultural. momentos

históricos. Nela é possível reconhecer as suas particularidades e adaptações aos estilos de vida da população. A beleza natural também contribui para a sua singularidade. A sua vasta vista panorâmica e proximidade com o litoral e outras particularidades como o clima, a hidrografia e vida animal colaboram neste património, bastante distinto da vivência litoral algarvia.

MONCHIQUE

A evolução urbana da vila de Monchique é resultado da sua ocupação por vários


humano requerem uma boa leitura, servindo de utensílio base e fundamental para um planeamento eficaz para o caso da vila de Monchique

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

70

3.CONTEXTO HUMANO 3.1.DEMOGRAFIA Desde os anos 60 do séc. XX, é possível verificar um acentuado decréscimo da população, resultante do factores desfavoráveis à fixação, característicos do

interior,

tais

como

a

actividade

económica

incipiente,

limitações

nas

condições de acesso interno e insuficiência de infra-estruturas sociais. A estas acresce o poder de atracção do litoral, dada ao acentuado decréscimo das actividades dando início ao fenómeno do êxodo rural, aumentando o

isolamento

e

concelho).

concentração

dos

residentes

na

vila

de

Monchique

(sede

do

(Morgadinho, 2004) 1960

1970

1981

1991

2001

Monchique

9371

8268

6834

5291

5375

Concelho

14775

12000

9609

7309

6942

1960-81

1981-91

1991-01

Densidade populacional

Monchique

-27,1

Concelho

-35,0

-22,6

1,8

34,7

-23,9

-4,4

17,6

[26] Rua da fonte do Castanheiro, 2014 [27] Convento Nossa Senhora do Desterro, 2014 [28] Moinho de Água, 2014 [29] Fonte do Castanheiro, 2014 [q2] evolução da população em efectivos [q3] variação da população residente 1960/2001

O vasto património, seja ele histórico, arquitectónico, religioso, natural ou


A emigração é a principal causa da diminuição drástica de população, traduzindopartir da época de 90 as saídas não terem sido tão pronunciadas. Reflecte-se fortemente na estrutura etária que se revela muito envelhecida, com propensão para se reforçar, sendo visível esta situação no índice de envelhecimento do concelho. (Morgadinho, 2004) Grupos etários

Monchique Algarve

0-14

15-24

25-64

+65

11

10,5

50

28,5

14,6

13,1

53,6

18,7

Na distribuição por sexos, ressalta que os efectivos existentes se distribuem de uma forma relativamente equitativa pelos dois sexos, notando-se, no entanto, uma percentagem mais elevada de homens no total da população. (Morgadinho, 2004) A dimensão média das famílias é particularmente baixa, verifica-se uma evolução fortemente negativa na última década. Esta situação é resultado de um duplo movimento populacional: o crescimento dos agregados familiares constituídos

71

deste território também afectada pela emigração dos casais com filhos em idade escolar. Verifica-se que 29,6% da população residente tem como principal meio de

DE

por um só idoso e a fraca taxa de natalidade. A dimensão média das famílias,

03|VILA

para além dos motivos clássicos que estão na origem desta tendência, é no caso

vida as pensões. Tais pensões serão, no entanto, provavelmente complementadas com actividades paralelas na agricultura. (Morgadinho, 2004) % Trabalho

40,6

Subsídio se desemprego/acidente/doença

1,9

Outros subsídios

0,3

Pensão

29,6

Apoio social

1,3

A cargo da família

27,2

Rendimentos de propriedade

0,4

Outros casos

0,3

MONCHIQUE

[q4] população residente por grupos etários (2001) (%) [q5] população residente com 12 ou mais anos, segundo o principal meio de vida (%)

se numa redução de cerca de 50% dos efectivos humanos no concelho, apesar de a


3.2.ESCOLARIDADE, ENSINO E FORMAÇÃO Os níveis de escolaridade da população são francamente baixos, sendo que mais de 60% da população ou não atingiu qualquer nível de ensino ou não vai além do 1º ciclo do Ensino Básico. Contudo, refere-se um número significativo de pessoas com formação média ou superior, 4.4% da população que, de forma geral, representa um importante recurso para o concelho. Em Monchique não existe o ensino secundário nem superior. o que obriga aos jovens a duas escolhas: se deslocarem para continuarem os estudos ou não prosseguirem e iniciarem a vida profissional. Na formação profissional, as carências são evidentes. As acções de formação, em regra, são promovidas pela ADL (Vicentina) e Centro de Emprego de Portimão no

pólo

de

formação

profissional.

Relativamente

às

habilitações,

52%

da

população desempregada possui 6 ou menos anos de escolaridade, dos quais cerca ressaltam os 26% de desempregados com mais de 50 anos.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

72

Esta

situação,

conjugada

com

o

elevado

nível

de

analfabetismo

existente,

evidencia um problema estrutural de desemprego, não passível de resolução. A sazonalidade do desemprego não é um problema que afecte muito o concelho de Monchique. 1991

2001

Monchique

27,7

22,5

Algarve

15,2

10,4

11

8,9

Continente

Monchique Algarve Portugal

Nenhum

1 ciclo

2/3 ciclo

Secundário

Médio ou Superior

22,5

40,3

22,1

10,7

4,4

15

34,2

22,7

18,3

9,7

15,4

35

23,4

16

11,3

3.3.CONDIÇÕES DE VIDA Transportes Públicos: O concelho de Monchique é servido por uma rede de transportes públicos que, na sua maior parte, é assegurada por uma empresa privada, sendo a outra parte, menos significativa, assegurada pela autarquia.
No plano externo, o circuito que tem uma actividade mais intensa, é claramente a ligação de Monchique a Portimão.

[q6] taxa de analfabetismo (%) [q7] escolaridade da população em 2001 (%)

de 35% possuem apenas o 4º ano de escolaridade. Em termos de estrutura etária


No plano interno, a rede de transportes públicos inclui as três freguesias do concelho, mas com a condicionante de apenas se cingir às sedes de freguesia. Isto significa que a maior parte da área do concelho não está a ser servida pelos transportes públicos, apesar do esforço da autarquia em continuar a assegurar alguns trajectos. Vias de comunicação: A rede viária do concelho é constituída pelos troços da EN 266, que permite a ligação, a Sul, com o Algarve Litoral e, a Norte, com o Baixo Alentejo e o IP1. A EN 267 permite a ligação da sede de concelho com as sedes das freguesias de Alferce e Marmelete, para além do concelho vizinho de Aljezur; A EN 266/3 liga a Vila de Monchique à Fóia. Para além desta rede principal, o concelho possui uma extensa rede secundária de estradas e caminhos que permitem a ligação a todos os aglomerados populacionais, tendo-se verificado, na última década, um esforço considerável na sua melhoria e pavimentação. O tráfego de pessoas e bens, quer entre o concelho, quer com o exterior, fazse por via terrestre e quase exclusivamente através do sistema rodoviário. Monchique

não

é

atravessado

por

nenhuma

infra-estrutura

ferroviária.

A

Em suma, o problema das acessibilidades não reside tanto na falta de vias,

03|VILA

mas muito mais no mau estado dos pavimentos, reduzida dimensão das faixas de

DE

deslocação das pessoas assenta no transporte particular.

73

Equipamentos: A

distribuição

de

equipamentos

neste

território

revela

desequilíbrios

evidentes, uma vez que o seu crescimento em freguesias com maior índice de ruralidade, tem-se processado a um ritmo inferior ao das necessidades. Outro aspecto importante é a dicotomia entre as freguesias do litoral a sul e as restantes, onde também se verifica que, os principais equipamentos nas áreas da saúde, educação, segurança social, cultura e desporto se localizam na orla costeira a sul, o que levanta problemas das acessibilidades que afectam particularmente a população residente.

MONCHIQUE

rodagem e sinuosidade dos traçados das existentes.


Actividades culturais, recreativas e desportivas Durante

muitos

anos

as

actividades

culturais

quase

se

resumiram

às

desenvolvidas pelas tradicionais sociedades recreativas e culturais e pelos clubes desportivos. Ocasionalmente, estas organizações, para além das festas tradicionais e actividades desportivas mais populares, desempenham também um papel cultural significativo.
 Nos últimos anos, a autarquia, com suporte nomeadamente nos quadros comunitários de apoio, tem feito algum esforço para a criação e melhoramento das infraestruturas culturais, nomeadamente, Núcleos Museológicos. A fragilidade da actividade cultural, não radica contudo somente na falta de infra-estruturas e equipamentos culturais. Existem graves problemas estruturais, nomeadamente o nível de iliteracia, a falta de agentes culturais e internos. 3.4.ECONOMIA

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

74

A

situação

crescimento

económica das

do

concelho

actividades

de

ligadas

Monchique, ao

turismo,

embora

se

continua

constate ligada

de

algum forma

paradigmática ao sector primário. É na agricultura, na florestação e nas explorações de animais que trabalha uma parte significativa da população, numa percentagem muito superior à da maior parte dos concelhos algarvios. Contudo, à semelhança do que sucede em outras áreas do país também aqui se verifica uma progressiva terciarização da população, embora de nível inferior, ligado essencialmente ao comércio e serviços conectados com a administração pública, embora concentrada na sede do concelho. O turístico do Algarve é o principal mercado exterior à economia do concelho para praticamente todos os produtos excedentários. As grandes excepções são a

cortiça,

o

eucalipto

cujos

grandes

praticamente

mercados

consumidores

totalmente

dependente

são

o

da

indústria

Montijo

e de

o

Norte,

celulose

nacional, e a suinicultura que encontram no Alentejo e em Espanha mercados significativos. Nas fontes de abastecimento, Monchique roda em torno de Portimão no que diz


respeito à aquisição de bens, de equipamento e serviços especializados, assim como para o abastecimento de mercadorias e matérias-primas. Monchique

Sector primário

Sector secundário

Sector terciário

1991

36,4

29,5

44,1

2001

18,9

22,6

58,5

Agricultura, silvicultura e pecuária: As opções dos agricultores são marcadamente influenciadas pelo clima, orografia e pelas características do solo e oportunidades decorrentes da capacidade de irrigação.
Assim, no concelho de Monchique, destaca-se uma forte produção silvícola

(pinheiros

e

eucaliptos),

curiosamente,

assente

em

sistemas

de

pequenas explorações. A suinicultura apresenta um grande nível de actividade, registando-se ainda alguma produção de vacas. As batatas, o milho e alguns hortícolas são produzidos em pequenas e muito pequenas unidades, muitas vezes em conjunto com os citrinos e o olival. 75

A silvicultura é também uma actividade com importância económica para os destaca ao ter cerca de 62% da sua área com ocupação florestal. Os povoamentos

DE

mais usuais são o eucalipto, sobreiro e o pinheiro bravo.

os lados da Serra de Monchique e Espinhaço de Cão. O fabrico de aguardente de medronho, específico deste território, é uma actividade tradicional da Serra, que contribui de forma muito significativa para a economia familiar e empresarial. Industria, comércio e serviços: Monchique encontra-se numa zona de fraca densidade empresarial. Nos concelhos à

região

Algarve,

os

sectores

do

comércio

e

da

hotelaria

e

restauração exercem um claro predomínio, quer ao nível do número de empresas e volume de negócios, quer ao nível da empregabilidade. A indústria extractiva tem um peso significativo no concelho, sendo a extracção

MONCHIQUE

[q8] população empregada por sector de actividade

O Medronho aparece em consolidação com o sobreiro ou outras folhosas em ambos

pertencentes

03|VILA

territórios do interior do sudoeste, sendo que o concelho de Monchique se


de pedra a actividade mais importante. Já as indústrias alimentares são muito heterogéneas (transformação de carnes, destilação de medronho, etc), A vila de Monchique concentra o essencial dos serviços, sobretudo aqueles que estão ligados à administração pública e ensino.
 Turismo e artesanato: Monchique é um dos concelhos com menor dependência directa do turismo, apesar de ser o concelho com maior tradição turística, quer por via da influência histórica das termas, quer pela antiguidade do poder de atracção do Miradouro da Fóia, quer ainda, pelas características do seu microclima de floresta/ montanha entre o Alentejo e o “Algarve”. Acresce ainda a curiosidade pelas feiras de promoção de produtos tradicionais do concelho. Em

suma,

as

carências

de

infraestruturas

de

acolhimento

de

qualidade,

à

excepção das “ Termas de Monchique”, não permitem reter os turistas, limitandose o sector a explorar um turismo “de passagem”. 3.5.ASSIMETRIAS, CARÊNCIAS E ESTRANGULAMENTOS

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

76

Os

indicadores

demográficos,

sociais,

culturais

e

económicos

permitem

identificar diversas carências e estrangulamentos, dos quais se destacam: 1.População envelhecida; 2.Ameaça

de

desertificação

de

certas

zonas

consequente

da

diminuição

da 
população, perda de vitalidade e concentração na sede do concelho; 3.Escolaridade pouco satisfatório, com elevada taxa de 
analfabetismo; 4.Baixo rendimento per capita e desemprego; 5.Acção social insuficiente nos meios de 
apoio aos jovens e aos idosos; 6.Acessibilidades

internas

prejudicadas

devido

ao

serviço

transportes 
públicos inadequado às necessidades da população; 7.Edificado bastante envelhecido; 8.Actividade sócio-cultural incipiente; 19.Baixa qualificação da mão-de-obra; 10.Indústria não contribui para o crescimento económico do concelho; 11.Terciário pouco explorado, carecendo de reconversões e modernização; 12.Falta de iniciativa empresarial.

de


3.6.POTENCIALIDADES O concelho dispõe, de um apreciável leque de potencialidades que, se devidamente exploradas e valorizadas podem vir a constituir-se num dos mais importantes contributos para o processo de desenvolvimento de que necessita. Dispõe de recursos minerais em grande abundância e susceptíveis de serem exploradas, ou intensificada a sua exploração. A transformação de produtos originários dos sectores agro- pecuário e florestas pode constituir um outro conjunto de potencialidades de desenvolvimento do sector industrial. A cozinha tradicional, bastante apreciada, e que aliada ao poder atractivo da Fóia, podem constituir elementos decisivos para gerar fluxos regulares e significativos de visitantes e, consequentemente, dar um novo dinamismo ao turismo. A diversidade de saberes acumulados ao nível do “tratamento” dos produtos alimentares e florestais e a reputação de alguns destes produtos medronho e enchidos constituem também para as potencialidades de Monchique. A rica e variada panóplia de recursos naturais de que o concelho dispõe e que, com uma promoção adequada, podem constituir uma fonte adicional de recursos

1.A elevada Biodiversidade; 2.Paisagem sem sinais visíveis de 
poluição;

DE

3.Possibilidade de criação de produtos turísticos alternativos; 4.Possibilidade de desenvolvimento da produção artesanal, já bastante rica; 5.Possibilidade de desenvolvimento de produção biológica; 6.Existência

de

instrumentos

de

ordenamento

das 
áreas sensíveis (Rede Natura 2000).

e

de

defesa

e

preservação

MONCHIQUE

[30] paisagem orientada a Norte da Serra de Monchique, 2014

03|VILA

e bem-estar:

77


Armazém transportes públicos

Rua Francisco Gomes de Avelar Bar “Café da Vila” Sede PSD

Parque Urbano/Jardim da vila Rest. “A Nora”

Rua Serpa Pinto

Largo dos Chorões

Largo 5 de Outubro Café “Bela Vista”


4.REGISTO DA LEITURA DA IMAGEM URBANA Expõe-se o registo da leitura da imagem urbana da vila de Monchique, apoiado numa análise morfotipológica, conforme orientada pela primeira tarefa da primeira fase, proposta por Pereira (1996) e, enunciada no capítulo 2 deste trabalho1. Esta análise apresenta-se em formato de ficha, contendo os seguintes elementos: 1.caracterização do assunto tratado, 2.identificação das carências e potencialidades, 3. breve proposta. Existe uma adaptação de cada ficha aos diferentes assuntos em análise. Esta leitura está dividida em duas partes: a primeira numa área mais abrangente, ao nível da vila de Monchique, enquanto que a segunda, foca a área central da área anteriormente analisada.

1 Capítulo 2 Reabilitação Urbana, 4.Metodologia de Reabilitação Urbana, p.35.

MONCHIQUE

Por fim são apresentados os resultados da leitura, formando uma proposta/ orientações focadas na malha urbana, edificado e espaço público, que irão informar a seguinte fase da metodologia seguida.

DE

[31] ortomapa área central da vila de Monchique, 2014

Cabe à segunda parte a exposição de 12 fichas morfotipológicas, das quais três apresentam uma breve análise histórica do Largo 5 de Outubro/dos Chorões. As ficha 6, 7 e 8 mostram a evolução do largo 5 de Outubro/dos Chorões nos períodos de 1956, 2005 e 2014; a ficha 9 apresenta os edifícios que dão “cara” ao largo em análise, bem como uma breve análise acerca da sua função; a ficha 10 demonstra as ligações que servem o largo em análise, bem como as entradas para o edificado envolvente a este; a ficha 11 identifica a função dos edifícios que dão forma ao largo; a ficha 12 aponta o edificado degradado dentro da área de intervenção; as ficha 13 e 14 identifica as actividades de travessia e encontro pedonal, bem como de travessia e permanência viária no largo; a ficha 15, 16 e 17 apresentam todo o equipamento urbano que serve o largo .

79 03|VILA

Corresponde à primeira parte deste registo, a realização de 5 fichas de análise morfotipolóficas. A ficha 1 caracteriza a malha urbana da vila de Monchique, bem como aponta os seus problemas e potencialidades. É apresentada também uma breve proposta para a malha urbana identificada; a ficha 2 apresenta um síntese do que é a vila de Monchique, apresentando as suas redes distributivas e ligações. A esta junta-se uma pequena proposta para a malha urbana dentro da síntese apresentada; a ficha 3 aborda o tópico das vias existentes na malha urbana, apontando a sua caracterização, suas insuficiências e potencialidades. Também a esta ficha se junta uma breve proposta focada nas vias analisadas; a ficha 4 inúmera os equipamentos que servem a vila e a sua localização no território urbano. No final desta são apresentados dois pontos de proposta alusivos aos equipamentos apresentados; e por fim na ficha 5 é apresentado o largo 5 de Outubro, sendo este analisado nos tópicos da tipologia, actividades que alberga e materialização.


50

150m

síntese do edificado

espaço público de união

[32] orientações, tipos de malha e sua articulação

orientações da malha urbana

O

Malha linear

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

80 Malha Linear orgânica


FICHA 1 CARACTERIZAÇÃO Identifica-se um tipo de malha urbana, com dois carácters diferentes: 1-Linear com carácter orgânico com orientação Nascente/Poente (a Norte); 2-Linear (a Sul) com orientação Norte/Sul. O encontro destas malhas articula-se através de espaços públicos formado por dois largos e uma área ajardinada (largo 5 de Outubro, largo dos Chorões e o parque urbano). PROBLEMAS Malha urbana linear orgânica: 1.Percursos labirínticos e sem organização morfológico que permita a legibilidade do espaço urbano; 2.Não atrai a permanência ou implantação de actividades económicas, habitação ou equipamentos devido às suas condições, legibilidade, dimensão e circulação; 3.As área habitacional apresentam-se degradada, salubridade, iluminação natural e ventilação.

com

problemas

de

Malha urbana linear:

81

POTENCIALIDADES

DE

Malha urbana linear orgânica:

Malha urbana linear: 1.Possui um sentido orientador e hierarquizado, favorável para a legibilidade do espaço público existente e boa acessibilidade, favorável para a usos diversificados, actividades económicas, habitação e equipamentos. PROPOSTA 1.Conservação tipológica das malhas e sua articulação; 2.Completar as áreas construídas para melhor definição da malha urbana linear; das

condições

de

MONCHIQUE

1.Favorável à diversidade tipológica de espaços públicos, dimensionamento e número, gerando diversidade de percursos.

3.Efectuar intervenções pontuais para melhoramento habitabilidade da malha urbana linear orgânica.

03|VILA

1.Contêm edificado degradado e mal gerido que impede o desenvolvimento e melhoramento do espaço público envolvente.


50

área ajardinada

rede distributiva geral

[33] síntese

rede de ligação ao exterior

82

local

150m

síntese da malha urbana

M

rede distributiva

O

Malha linear

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

JARDI espaço público de união

Malha Linear orgânica


FICHA 2

83

públicos, existindo uma hierarquia entre eles. PROPOSTA 1.Manter a malha urbana e a sua articulação (espaço público linear). 2.Completar os vazios urbanos dentro da A.I., que indiciem existência de construção, seguindo parâmetros de planeamento. 3.Avaliar a possibilidade e interesse da criação de uma alternativa viária à existente entre os dois largos, afim de aliviar o trânsito de carácter pesado. 4. Reforçar e qualificar a articulação das malhas da A.I. de modo a acentuar o carácter de centro da vila.

MONCHIQUE

2. A malha urbana é bem irrigada por uma rede distributiva e espaços

DE

1.A área de intervenção é constituída por um tipo de malha urbana com carácter diferentes: linear orgânica e linear. Articulam por dois largos e uma área ajardinada (largos 5 de Outubro e dos Chorões e o parque urbano).

03|VILA

SÍNTESE


150m

[34] vias

84

2

O 5 15m 1 síntese da malha urbana

50

4

cortes

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

7

7

5 6

6

3 2

5

4

1

3


FICHA 3

ANÁLISE 1. Redes distributivas geral e local que engloba espaços urbanos de circulação pedonal e motora. 2. Espaços urbanos que, em geral, propiciam implantação de actividades económicas. 3. Espaços urbanos equilibrados mas que não propiciam o conforto do peão, com excepção à área histórica e centro (largos 5 de Outubro e dos Chorões). PROBLEMAS 1. Conflito entre a circulação automóvel e pedonal. 2. Dimensionamento do passeio público.

85 03|VILA

3. Edificado degradado. 4. Circulação de veículos pesados na rede distributiva local.

DE

POTENCIALIDADES

MONCHIQUE

1. Qualidade direccional. 2. Morfologia de fachadas variada. 3. Propicia à fixação de actividades económicas. 4. Iluminação pública. 5. Limpeza e recolha de lixo eficiente. PROPOSTAS 1. Repensar a circulação automóvel na rede distributiva local. 2. Pavimentação de passeio público 3. Intervenção em qualidade urbana.

edifícios

ou

vazios

urbanos

que

potencializem

a


18

14 15

11 13

6

3

2

1

24

23

22 19

16 12

8 7

3 5

4

1 ermida do Pé da Cruz 2 santa casa da misericórdia 3.posto de turismo 4.gnr 5.escola de S.Roque 6.finanças 7.junta de freguesia 8.caixa agrícola 9.igreja matriz 10.igreja da misericórdia e centro de dia para idosos 11.correios 12.escola 2º e 3º ciclo 13.mercado 14.ermida de Sto. António 15.biblioteca municipal 16.caixa geral de depósitos 17.registo civil 18.bombeiros 19.heliporto 20.câmara municipal 21.ermida Sr. dos Passos 22.segurança social 23.escola de S.Pedro 24.hospital 25.campo desportivo

equipamentos

9

[35] equipamentos

10

300m

86

20

150

17

50

21

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

25


FICHA 4

ANÁLISE 1.A vila está servida com 25 equipamentos públicos, organizados de forma

87

2.Verifica-se uma maior implantação destes na zona alta da vila.

03|VILA

3.Apesar de ser verificada essa situação, os equipamentos mais requisitados

DE

(escolas, bombeiros, hospital e áreas desportivas) estão dispostos ao longo

MONCHIQUE

dispersa.

do eixo principal da vila (Rua Serpa Pinto, Rua Francisco Gomes de Avelar e Estrada de Sabóia). 4.Os equipamentos de serviço ligados à documentação encontram-se dispersos pela vila. 5. Não existe um serviço em englobe várias áreas, sendo necessário o utente se deslocar a vários pontos de serviço. PROPOSTA 1.Repensar a rede de serviços da vila. 2. Unir, de forma coesa, vários serviços de forma a facilitar o seu acesso.


50

150m

[36] localização da área de intervenção

largo dos Chorões e largo 5 de Outubro

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

88


FICHA 5

CARACTERIZAÇÃO 1.Os largos 5 de Outubro e dos Chorões são o principal espaço público da A.I. 2.É o local de recepção de Monchique. 3.É um espaço central, para onde a circulação converge e se pratica actividades económicas diversificadas, instaladas nos pisos térreos do edificado. 4. Local que acolhe actividades de cariz cultural da vila, tais como a feira de artesanato, feira do livro, espectáculos veraneantes, etc. TIPOLOGIA Espaço público urbano não linear ACTIVIDADES Comércio, habitação, encontro, convívio, lazer, circulação pedonal e viária, turismo. PAVIMENTO 89

Asfalto e calçada.

LETTERING Não definido, desordenado PORMENORES 1.Balaustradas. 2.Platibandas decoradas. 3.Cantarias em pedra sienito. 4.Coberturas em telha. 5.Fonte de água. 6. Muro antigo em alvenaria de pedra.

MONCHIQUE

e azulejo.

DE

Branco (predominante), amarelo, rosa, salmão, azul, verde, pedra sienito

03|VILA

CORES DAS FACHADAS


O

50

150m

[37] largo 5 de Outubro, 1956

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

90


FICHA 6 CONTEXTO HISTÓRICO DO LARGO 5 DE OUTUBRO Para a análise histórica do espaço público alvo de intervenção, foram escolhidos três momentos que simbolizam as transformações mais significantes dos largos (1952, 2005, 2014). O largo 5 de Outubro surge no final do século XIX, mas precisamente em 1892, com o nome de praça Augusto Pires. (Gascon, 1993) Na década de 50 do séc. XX, o largo era composto apenas pela parte correspondente ao largo 5 de Outubro. O seu limite construído era formado por edifícios com um máximo 3 pisos, em que o térreo era usado para comércio ou armazenamento. A circulação e permanência viária tinham maior prevalência que a pedonal. A zona central do largo servia de estacionamento geral e o passeio Norte de paragem de autocarro. Aqui também se encontra uma área de abastecimento de combustível, contribuindo também no domínio automóvel no espaço do largo.

da fonte pública, situada a Sul do largo.

MONCHIQUE

deixava de ser palco de encontros de carácter social.

DE

Apesar do largo ter sido ocupado maioritariamente automóvel, o largo não

03|VILA

[38] largo 5 de Outubro, anos 50 [39] rua Serpa Pinto, anos 50

Provavelmente a área mais influente e que servia a população a seria a zona

91


10

área destruida

O

30m

[40] largo dos Chorões e largo 5 de Outubro, 2005

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

92


FICHA 7

CONTEXTO HISTÓRICO DO LARGO 5 DE OUTUBRO/ DOS CHORÕES Nos anos 80, o largo 5 de Outubro recebe uma intervenção, onde a sua área é expandida. São destruídos alguns edifícios e apropriados terrenos de das quintas existentes no lado este do largo, reformulando os seus limites. Com esta expansão, surgem novos edifícios e equipamentos, dando condições para a fixação de comércio nos pisos térreos. A única construção verificada no interior dos limites dos largos é o edifício do restaurante “A Nora”, equipado com áreas de apoio públicas (posto de turismo e instalações sanitárias públicas). A circulação viária verificava-se ainda envolvente ao largo, apesar da ligação continua a rua Serpa Pinto ter sido bloqueada. A área de estacionamento também se apresenta envolvente ao largo. Em 1997 ocorreram as cheias nos largos, devido à excessiva pluviosidade naquela data. Foram parcialmente destruídos, bem como a envolvente, principalmente intervenção de remodelação do Largo dos Chorões, cujo objectivo principal era quebrar as barreiras, tanto físicas como visuais, que perturbassem a no

espaço

do

largo.

Com

esta

remodelação,

os

edifícios

mais

urbano de valorização do espaço público, bem como a permanência/circulação pedonal.

DE

permanência

93 03|VILA

degradados são renovados, em que os respectivos projectos seguiam desenho

Pode-se afirmar que a preocupação com o espaço público nos largos apenas surge a partir dos anos 80, apesar de apenas em 2004, com a intervenção por parte da Câmara Municipal, se verificar a sua qualificação.

MONCHIQUE

[41] largo 5 de Outubro, anos 90 [42] expansão do largo 5 de Outubro, anos 80

os pisos térreos. Em 2004, a Câmara Municipal de Monchique avança com uma


O

10

30m

[43] largo dos Chorões e largo 5 de Outubro, 2014

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

94


FICHA 8

CONTEXTO HISTÓRICO DO LARGO 5 DE OUTUBRO/ DOS CHORÕES Após

a

remodelação

dos

largos

devido

ao

desastre

das

cheias

de

1997,

é

possível verificar uma alteração nas fachadas envolventes do largo. Edifícios com “novas caras” contribuíram para a sua qualidade visual. A circulação viária mantêm se nos mesmo eixos, apesar de condicionada na zona envolvente do largo 5 de Outubro, bem como nas zonas de passadeira, com um tipo de pavimento de calçada. Opõe-se, portanto, ao asfalto existente nas restantes vias. Também as zonas de estacionamento ficaram mais condicionadas, sendo extintos os estacionamentos junto ao largo 5 de Outubro, passando para o lado Este dos largos e mantendo- se o estacionamento junto do edifício sede do PSD. A paragem do autocarro também foi colocada para a zona Este, ficando ligada à rua Serpa Pinto e rua Francisco Gomes de Avelar. Verifica-se um significativo melhoramento da qualidade do espaço público, em que a circulação e permanência pedonal é colocada em primeira plano.

potencial da vila. Este deveria servir de uma forma mais clara a população ,

03|VILA

recebendo mais serviços e/ou comércio, contribuindo para uma vida urbana mais

DE

simplificada e eficaz.

MONCHIQUE

Embora comece a existir uma preocupação com o espaço público à escala da

95

vila, o desenho dos largos valoriza um espaço central e de representação do

[44,45] largo dos Chorões/5 de Outubro, 2014


VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

46.Alçado 1 Este

96 47.Alçado 2 Oeste


FICHA 9

EDIFICADO ENVOLVENTE Verifica-se uma diversidade nos edifícios que dão face aos largos em estudo. Neles é possível identificar as várias intervenções realizadas. Há, portanto, edifícios que datam do inicio do largo 5 de Outubro e que não aparentam ter recebido qualquer intervenção na sua fachada (caso do edifício sede do PSD); edifícios que, apesar de também terem sido construídos no mesmo período de formação do largo 5 de Outubro, receberam, entretanto, pequenas adaptações na fachada; e por último, edifícios construídos recentemente e que não receberam qualquer tipo de intervenção ao nível da fachada principal. Tal como já foi referido, verifica-se, num modo geral, comércio no piso térreo destes edifícios, contribuindo de certa forma, para o movimento dos largos.

97

3

4

03|VILA

2

1

DE MONCHIQUE

48.Alçado 3 Norte

49.Alçado 4 Sul


FICHA 10

INTERLIGAÇÕES 1.Os largos são servidos por 5 vias: a rua Serpa Pinto e Rua Francisco Gomes de Avelar que representam o eixo com maior importância e movimento da vila; 2.A rua do Porto Fundo que liga os largos praça Alexandre Herculano, conectando a parte alta da vila à baixa; 3.A calçada de S.Sebastião liga à rua de S. Sebastião e a uma zona habitacional; 4.A rua Eng. Duarte Pacheco permite a ligação da zona Sul da vila ao seu

entre edificado e os largos.

Rua Francisco Gomes de Avelar

Calçada de S. Sebastião

30m

Calçada de S. Sebastião

Rua Eng. Duarte Pacheco

Entradas

10

Rua Serpa Pinto

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

98

Interligações

5.Correspondente às ligações térreas existem 95 pontos que permitem a ligação

[50] interligação com espaços urbanos e entradas para o edificado

centro;


FICHA 11

FUNÇÃO DO EDIFICADO 1.Os edifícios de uso misto e de habitação surgem em maior número no que corresponde ao panorama edificado dos largos em estudo: 19 de uso misto e 22 de habitação. 2.Quatro zonas de lazer: Café da Vila, Café Bela Vista, Pastelaria Ana Maria e o Restaurante “A Nora”. 3. Dois edifícios com carácter administrativo: Junta de freguesia e Sede do PSD. 4.Um edifício usado para como armazém dos transportes públicos que servem a vila. Junta de Freguesia

99

armazém

03|VILA

Café da Vila

Sede PSD

Largo 5 de Outubro

DE MONCHIQUE

Café Bela Vista Finanças

Fonte pública O

habitação

[51]função do edificado

misto (habitação e comércio)

Rest. “A Nora”

10 30m

serviço público

Largo dos Chorões Pastelaria Ana Maria


FICHA 12

EDIFICADO DEGRADADO E VAZIOS URBANOS 1.Seis

edifícios

que

não

se

apresentam

condições

ou

qualificação

para

a

prosseguirem com as suas funções. 2.Embora se verifique

essa situação, os edifícios da sede do PSD e o armazém

permanecem em actividade.

30m

Armazém

10

Habitação

Habitação

vazios urbanos

[52] edificado degradado e vazios urbanos

Sede PSD

O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

100

edificado degradado

3.Existem dois vazios urbanos com potencial, próximos dos largos.


FICHA 13

ZONAS DE ENCONTRO/CONVIVIO [53] Actividades

1.A ocupação do espaço do largo tem por parte do automóvel influência no percurso e estadia pedonal. 2.As zonas mais requisitadas para reunião e encontro são junto do largo 5 de

zonas de encontro/convívio

físico dos largos. Também junto das esplanadas dos cafés dos largos, enquanto as restantes são apenas de curta duração. 3.Os

percursos

mais

requisitados

ligam

o

largo

aos

vários

equipamentos,

serviços, zonas de habitações e de comércio enquanto que a circulação menos requisitada surge como uma alternativa à principal.

101 03|VILA DE MONCHIQUE

Eixos menos requisitados

O 10 30m

Eixos mais requisitados

travessia e encontro (pontos e eixos principais de circulação e encontro/convívio)

Outubro, onde se verifica uma zona com visão periférica para o restante espaço


VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

102

plcas de sinalização táxis paragens autocarro áreas de estacionamento

de apoio ao comércio.

eixos menos requesitados

3.A circulação menos requisitada apenas é usada para retroceder a marcha ou

eixos mais requesitados

locais de estacionamento, bem como as paragens de autocarro e zona de táxis.

[54]Actividades trânsito e estacionamento (localização e número de lugares de estacionamento e eixos de circulação viária)

2.Ao longo das vias mais requisitadas pela circulação viária, encontram-se os

30m

prossiga entre os dois, dando acesso à rua Eng. Duarte Pacheco.

10

1.A circulação viária verifica-se envolvente aos largos, embora um troço de

O

OCUPAÇÃO AUTOMÓVEL

FICHA 14


FICHA 15

1.os largos estão equipados com 27 áreas de bancos públicos e 21 pontos de recolha de resíduos urbanos. 2.Estes pontos verificam-se junto dos eixos mais requisitados no percurso pedonal.

103 03|VILA DE MONCHIQUE

Eixos menos requisitados

O 10 30m

Eixos mais requisitados

entre percurso pedonal mais requisitado e equipamento urbano

zonas de bancos públicos

[55] interligação

recolha de resíduos urbanos

OCUPAÇÃO PEDONAL


FICHA 16

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS 1.Estão dispersos pelos largos 34 pontos de iluminação pública, embora se verifique uma maior concentração no largo dos Chorões.

eixos mais requesitados

[56]iluminação pública 30m 10 O

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

104

eixos menos requesitados

pontos de iluminação pública

2.Verifica-se essa dispersão agregada aos eixos pedonais mais requisitados.


FICHA 17

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

correio. 2.As zonas com arte pública agarram-se aos percursos mais requeridos, enquanto o marco de correio fica agregado a um percurso mais secundário.

arte pública

105 03|VILA DE MONCHIQUE

Eixos menos requisitados

O 10 30m

Eixos mais requisitados

entre percurso pedonal mais requisitado e equipamento urbano

correio

[57] interligação

1.Existem 4 zonas dos largos que equipadas com arte pública e um marco de


PROPOSTA GERAL: Através da leitura da imagem urbana realizada anteriormente, juntamente com conhecimento adquirido através das abordagens dos contextos histórico, físico e humano é possível apresentar os seguintes pontos que indicam as áreas e intervenções a serem discutidas. Malha urbana: 1.Manter a malha urbana, bem como a sua articulação através dos dois largos que representam a centralidade da vila. 2.Essa

articulação

deve

ser

feita

através

da

qualificação

das

ligações

existentes aos largos, bem como a qualificação do seu edificado. Com esta qualificação pretende-se melhorar, não só as condições de habitabilidade dos próprios edifícios, bem como a revitalização dos espaços existentes na vila Edificado:

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

106

1.Numa primeira fase, intervenção nos edifícios sinalizados como degradados ou sem função, com a intenção de reforçar, tanto a qualificação e potencialização dos largos, bem como servir de uma forma mais precisa a população, usando como pretexto funções de carácter público. 2. Intervenção na malha urbana linear orgânica. Pretende-se combater problemas de

habitabilidade

tais

como

a

salubridade,

sistema

construtivo,

espaços

domésticos e, caso se justifique, a função do edifício. 3.Preencher os vazios urbanos sinalizados de forma clara e pragmaticamente, definir a malha urbana da vila, de acordo com um planeamento prévio e usando programas

considerados

oportunos

(habitação,

espaço

público,

serviços

ou

comércio). 4.

Deviam

ser

considerados

programas

que

apoiassem

a

formação

em

várias

áreas que se julguem oportunas com o objectivo de combater a precariedade da escolaridade e especialização da população. Espaço público:


1.Construção e pavimentação de passeios públicas nas zonas em que este não existe. Caso a sua construção implique mudanças no dimensionamento viário, estas devem ser repensadas e redesenhadas afim de favorecer a circulação pedonal. 2.Avaliar a possibilidade da renovação do desenhos dos próprios largos 5 de Outubro e largo dos Chorões, procurando a representação de um espaço público de valorização da vila, bem como de recepção geral. 3.A

circulação

alternativa

automóvel

viável,

de

nos

modo

largos a

deve

aliviar

o

ser

repensada,

trânsito

pesado.

procurando Ocorrem

uma

várias

situações em que a sua circulação provoca problemas graves na circulação pedonal. Também deve ser considerada a sua circulação na rede distributiva local.

analise sugerem seguinte imagem. No entanto, salienta-se que poderão existir outras soluções. Caberá a esta saber responder às necessidades referidas na análise apresentada.

107 03|VILA DE MONCHIQUE

[58] possível esquisso sobre o redesenho e equipamentos dos largos em estudo

Uma possível proposta urbana para o largo, de acordo com resultados obtidos da


6.SÍNTESE CONCLUSIVA O terceiro capítulo usa a metodologia descrita no capitulo anterior, bem como os conhecimentos adquiridos com

os argumentos e necessidades de intervenção

na cidade. Primeiramente,

foi

descrito

o

contexto

histórico

da

vila

de

Monchique,

desde os primórdios da sua ocupação até à actualidade. Foram focados para análise da malha urbana da vila, os períodos de ocupação islâmico, manuelino, pombalino, séc. XX e séc. XIX, seguindo as descrições de Da Silva (2005). Neste períodos foram esquematizadas as malhas construídas e espaços públicos, com a identificação do respectivo percurso principal, áreas de expansão e pontos de água, comparados por ordem cronológica. Também neste estudo foram identificadas as centralidades de cada período. Foi possível concluir que a expansão da vila deve-se muito ao acrescento de novos equipamentos à época ou, por necessidades de expansão do edificado habitacional. Foi verificado que, em todas as suas expansões, as condicionantes morfológicas do território tiveram forte influência, desde o traçado das vias 108

principais, locais estratégicos para a construção dos equipamentos da época,

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

bem como os pontos de abastecimento de água à população. Embora se verifique essas tendências, nos períodos islâmico e manuelino é possível identificá-los de uma forma mais clara. No contexto

físico foi possível concluir que a Serra de Monchique possui

características únicas no contexto algarvio. As condições geoclimáticas, em conjunto com a sua morfologia, hidrografia bem como espécies animais e vegetais tornam-a um território peculiar e único. Também o seu património, cultura, tradições e costumes reforçam a sua autenticidade. O contexto humano permitiu concluir que Monchique sofre bastante com o seu despovoamento. Desde o fenómeno do êxodo rural que Monchique vem a perder população para as cidades litorais. Também um dos grandes problemas da vila é o nível de escolaridade e formação. Monchique tem uma taxa de analfabetismo elevada em relação a Portugal Continental e existem poucos recursos para combater essa tendência. Outro ponto fraco são as vias de comunicação, os serviços e transporte público. A economia de Monchique é baseada no sector primário, onde as actividades


como a agricultura, silvicultura e pecuária

a sustentam. Apesar do sector

industrial não se afirmar, deve ser visto como um potencial investimento, com vista à vasta disponibilidade de recursos. Com esta aposta, surgiriam novas infraestruturas necessárias para o desenvolvimento do estado actual da vila. Em quarto, foi procedida a leitura da imagem urbana. Esta análise, orientada pela método descrito no capítulo anterior (Pereira, 1996) contribuiu para uma descrição clara e objectiva do caso de estudo. Primeiramente foi caracterizada e analisada a vila de Monchique, sendo indicados os seus problemas e respectivas propostas. Através desta foi possível concluir que o espaço público de Monchique, apesar de, em certa parte qualificado, apresenta incompatibilidades. Seja no percurso público atribuído ao peão, à intrusão do circuito automóvel no espaço destinado à permanência pedonal, existência de edifícios degradados e desqualificados e dispersão dos serviços à população. Monchique deve ser alvo de uma leitura e reflexão urbana. Numa segunda leitura, foi claramente identificado o espaço público principal da área de intervenção. Nesta parte da leitura da análise da área urbana foi possível

concluir que o método proposto por Pereira (1996) tende a sofrer

alterações, no que corresponde, aos estudos necessários para a correcta leitura evolutiva dos largos 5 de Outubro e dos Chorões. Foi verificado que a sua expansão foi benéfica para a qualificação da vila, embora não tenha tido um

edifícios que poderão contribuir para uma qualificação e potencialização do espaço público dos largos. Verificou-se que os equipamentos urbanos de apoio aos largos estão dispersos ao longos os eixos pedonais mais requisitados, e que servem a população de forma eficaz. Por fim, seguindo as conclusões e indicações tomadas pela leitura e análise realizada, foi possível concluir que o espaço dos largos em estudo, embora qualificado e equipado, não favorece o carácter de centralidade que lhe é atribuído. Dessa forma, foi realizada uma proposta que apresenta os pontos identificados como chave para a potencializar o seu espaço, afim de criar uma espaço público de representação da vila de Monchique.

MONCHIQUE

edificado, bem como a sua relação e estado com os largos. Foram identificados

DE

planeamento urbano claramente traçado. Foi possível compreender as funções do

03|VILA

e interpretação do caso de estudo. Aqui foi feita uma abordagem histórica

109


Homens e mulheres, rostos brancos e morenos, tipos de muitas raças e irmãos na angústia, vestidos o mais sumariamente possível, faziam buracos no chão dum largo que tinha por fundo dois chorões enormes Manuel de Nascimento em O último espectáculo


04

C O N C L U S Ã O


1.CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme foi proposto inicialmente, através do presente trabalho era pretendido acrescentar conhecimento sobre possíveis metodologias de Reabilitação Urbana, bem como, contribuir com estes para a vertente prática de Projecto Final de

Arquitectura.

território

Através

urbano

deste

concreto,

conhecimento,

promovendo

foi

cenários

intenção

possíveis

aplicá-las de

num

intervenção,

tendo também como objectivo a sua adaptabilidade a um caso de estudo concreto, dando resposta às questões que o trabalho colocou. 1.O estado actual da vila de Monchique exige uma acção de Reabilitação Urbana? A

presente

e

planeamento

seu

realidade

construído

sobre

de o

Monchique seu

é

território

apresenta-se

degradado

resultado de e

forma espaço

de

uma

falta

eficaz. público

de

Grande com

reflexão parte

traços

do

pouco

qualificados. Existe também uma má atribuição das funções do edificado que compõem o centro da vila, impedindo o desenvolvimento de novos programas e actividade que, poderão contribuir, para a sua valorização e qualificação. 2.Qual a metodologia de Reabilitação Urbana que apoie essa acção? 3.Essa metodologia está sujeita de alterações perante um caso de estudo com características particulares? A

metodologia

identificada

foi

criada

num

contexto

generalista.

Não

teve

em considerações alguns aspectos particulares e relevantes para a leitura da imagem urbana de um caso de estudo concreto. Para a devida leitura e interpretação do caso da vila de Monchique, existiu a necessidade de introduzir estudos que completassem a análise morfotipolófica desta. Foi acrescentado um contexto histórico relativo ao espaço público central da área de intervenção, bem como análises relativas à função e estado de degradação do edificado que define este espaço. Este trabalho mostra que, no contexto da Reabilitação Urbana, existem fontes que expõem

a importância, motivos, argumentos e tipos de intervenção na

cidade com recurso a esta. Ainda, com enfoque, são descrito métodos e o seu faseamento, bem como a sua aplicação em casos de estudo concretos. A este

[imagem página anterior] nora do largo dos Chorões

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

112


junta-se uma enumeração dos estudos a desenvolver e que apoiam as escolhas de intervenção. No contexto da vila de Monchique, verifica-se um fraco desenvolvimento de estudos

alusivos

ao

contexto

histórico

urbano

e

sua

expansão.

Acredita-

se que, por motivos de falta de material histórico que apoiem o seu estudo e análise, não existam ambições para o seu desenvolvimento. Desta forma, o

presente

trabalho

inicia,

com

os

recursos

disponíveis,

um

trabalho

de

abordagem histórica no campo do urbanismo da vila de Monchique. No segundo capítulo, com recurso a fontes que envolvem os temas da Reabilitação Urbana e centro histórico, foi possível afirmar que a Reabilitação Urbana surge

como

uma

política

de

gestão

urbana,

com

o

intuito

de

intervir

no

tecido urbano. A Reabilitação Urbana pretende criar soluções ou resoluções de problemas ao nível da malha urbana, usando o recurso a estudos de várias áreas, tanto sociais como económicas. O seu objectivo é criar um planeamento não apenas baseado na qualificação do edificado e espaço público, mas também resolver

deficiências ao nível socioeconómico da área intervida. 113

Urbana. Este integra várias dimensões com vista à resolução a longo prazo dos problemas urbanos de uma área, procurando um equilíbrio da cidade, em conjunto com quem a vive. Para existirem condições para essa intervenção, há necessidade de formular uma metodologia, que permita uma leitura e análise da área urbana, com o pragmatismo

de

valorizar

e

rentabilizar

o

território

com

Desta forma, é concluído que o planeamento e intervenção,

insuficiências.

para responder às

necessidades actuais da cidade é eficaz se, apoiado numa metodologia clara e consistente. Através da análise realizada no capítulo 3, acerca da expansão urbana da vila de Monchique, balizada dentro dos períodos de ocupação islâmico, manuelino, pombalino, séc. XX e séc. XIX, foi possível verificar que, nas várias épocas do assentamento, as condicionantes morfológicas do território tiveram forte influência, delineando o traçado das vias principais, locais estratégicos

04|CONCLUSÃO

Afirma-se que o conceito de Regeneração Urbana é mais vasto que a Reabilitação


para a construção dos equipamentos da época, pontos de água, bem como as várias centralidades. Juntamente com as condições geoclimáticas, morfologia, hidrografia bem como espécies animais e vegetais e que tornam este território um lugar único, com autenticidade no seu património, cultura e tradições. Aponta-se que os períodos islâmico e manuelino demonstram mais claramente, a expansão da vila ligada às condicionantes naturais e estratégicas. Atribui-se

protagonismo

analisada,

como

à

construção

impulsionadores

da

de

novos

expansão

equipamentos

urbana

da

vila

de

cada

de

época

Monchique.

Também a necessidade habitacional teve o seu peso neste fenómeno, bem como o desenvolvimento dos eixos principais da malha urbana. Aponta-se a importância do eixo Rua Serpa Pinto/Rua Francisco Gomes de Avelar/Estrada de Sabóia e também a formação do largo 5 de Outubro no final do século XIX. Foram estes os principais responsáveis pela grande expansão da vila neste período. Com a aplicação da leitura da imagem urbana, sustentada pelo método descrito por

Pereira

(1996),

foi

possível

delinear

um

objectivo

principal.

Criar

informação apoiada na análise morfotipológica da vila de Monchique. A sua VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

114

finalidade foi informar a fase seguinte da metodologia seguida. Com a sintetização da malha do caso de estudo, forma identificados problemas relacionados com o edificado e espaço público, sendo desta forma possível indicar

soluções

para

estes.

Foi

identificada

uma

malha

linear

com

dois

carácters, uma apresentada numa linear com formação orgânica, correspondente à zona história da vila, com problemas tanto no seu edificado, mas também no espaço público. A malha linear correspondente à malha direccionada pelo eixo principal da vila (rua Serpa Pinto/rua Francisco Gomes de Avelar/estrada de Sabóia) apresenta-se com insuficiências no seu edificado, relativamente à sua função e utilização. Foi possível perceber que este o eixo principal da vila, acolhe tanto os seus principais equipamentos, bem como oferece acesso a centralidade da vila, os largos 5 de Outubro e dos Chorões. Foram identificadas as orientações da malha, reforçando a importância do eixo referido, bem como a centralidade dos largos identificados. Juntamente às


orientações foram apontadas as redes distributivas geral e local. Da análise da síntese realizada, foi identificado o espaço público principal da área de intervenção, tomado como área de foco da intervenção, os largos 5 de Outubro e dos Chorões. Com a análise realizada, foi possível identificar insuficiências relativas aos estudos que a sustentam. Existiu, portando, a necessidade de acrescentar estudos

à

leitura

relativos

ao

espaço

público

a

intervir.

Foi

feita

uma

abordagem histórica destes largos, dentro de três momentos que correspondem às transformações mais significantes (1952, 2004 e 2014). Este revelou uma considerável alteração e qualificação em relação ao primeiro momento abordado. O largo é servido por cinco eixos e, que ao mesmo tempo, o ligam às várias áreas de comercio, serviços ou habitação da vila. Esses eixos acolhem a circulação pedonal e viária, contribuindo para a facilidade de acessos a que o largo é servido. Verifica-se portanto, que o eixo Rua Serpa Pinto/Rua Francisco Gomes de Avelar é apresentado como o eixo mais usado ao acesso a esta centralidade. As actividades de encontro e convívio encontram-se maioritariamente junto uma permanência ligada à vista panorâmica para o restante espaço físico dos largos. Com a identificação das funções do edificado, bem como a sua relação com os largos, foi verificado que, os edifícios mais presentes são os habitacionais e de uso misto (comércio e habitação), cujos pisos térreos são comerciais.. Apoia-se, portanto, a ideia que o largo representa um centro comercial da vila, bem com um local escolhido para habitar, por se apresentar bem servido de actividades que a apoiam tais como comércio e lazer. Dos edifícios analisados respectivamente à sua função, foram identificados seis conjuntos edificados e dois vazios urbanos que, possuem potencial para contribuir para a qualificação do largo, recebendo funções de carácter público, como serviços administrativos, equipamentos públicos, apoio social ou salas de formação. Estes actualmente apresentam-se degradados ou sem utilidade. Relativamente ao equipamento público que servem os largos, todos os seus

04|CONCLUSÃO

das zonas de cafetaria/bares, sendo excepção o largo 5 de Outubro, acolhendo

115


elementos estão dispersos, mas inseridos nos eixos de circulação pedonal mais percorridos. Assim as zonas de banco público, recolha de resíduos urbanos, iluminação

pública,

completada

por

zonas

de

exposição

de

arte

exterior

encontram-se junto à circulação pedonal, oferecendo várias opções e conforto no seu percurso. Embora se tenha identificado esse melhoramento ao longo das suas intervenções, os largos apresentam-se condicionados, relativos à fluência pretendida apara um espaço público central de representação da vila. A proposta de Reabilitação Urbana apresenta-se descrita em três breves pontos de

intervenção,

identificados

como

chave

para

potencializar

o

território

urbano da vila, bem como de atribuir aos largos o seu devido simbolismo. Esta é resultado dos conhecimentos adquiridos através das abordagens dos contextos histórico, físico e humano, bem como da análise morfotipolófica. As malhas urbanas devem ser mantidas, assim como a sua articulação aos largos analisados, devendo as suas ligações serem qualificadas, assim como o seu

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

116

edificado.

Desta

forma

atribui-se

a

possibilidade

de

criar

condições

de

habitabilidade e início de uma revitalização dos edifícios mais degradados, assim como dos espaços existentes na vila. O edificado

identificado como degradado ou sem função deve ser alvo de

intervenção, reforçando a ideia de atribuição de funções de carácter público, de forma a servir de forma mais clara e precisa a população. O

espaço

público

da

vila

deve

ser

revisto.

Foram

identificadas

zonas

de

passeio sem pavimento, cujo dimensionamento não se apresenta de forma cómoda à circulação pedonal. Esta situação deve ser modificada, de modo a favorecer o seu percurso. A circulação automóvel também foi identificada como uma situação a ser revista. Existe bastante trânsito pesado a circular nesta área central da vila, provocando na sua passagem graves problemas de segurança. Deve ser criada uma alternativa viária para a sua circulação. Por

fim,

o

trabalho

teórico

apresentado,

poderá

contribuir

para

futuros

estudos dentro do tema da Reabilitação Urbana em pequenos centros históricos, usando as suas directrizes, com as devidas e necessárias adaptações.


Esta investigação oferece aos arquitectos e urbanistas interessados no tema e intervenção da Reabilitação Urbana, um caso de aplicação e adaptação de uma metodologia de leitura e análise de uma área urbana. Faculta também a historiados, dados para uma futura nova abordagem sobre da expansão urbana da vila de Monchique.

117 04|CONCLUSÃO


“Era já meio dia quando largaram o trabalho. Subiram devagar. Não fora tão mau como lhe parecera (...) -Escapámos desta. Pode ser que isto até faça bem- (...)” Manuel de Nascimento em O último espectáculo


05

BIBLIOGRAFIA E A N E X O


1.BIBLIOGRAFIA CAPELA, Fábio Filipe Gomes Simões, (2012) Contributo para o conhecimento da pré-história recente e da proto-história da serra de Monchique (Dissertação de Mestrado), Universidade de Coimbra. CARNEIRO, Isabel e CAMPOS, Nuno (2003) O concelho de Monchique e as suas armas municipais - Da perspectiva histórico-sociológica à perspectiva heráldica. Monchique: Comissão instaladora do museu de Monchique e Junta de freguesia de Monchique. COELHO, Carlos Dias, et al (2013) Os elementos urbanos. Lisboa: Argumentum. DA

SILVA,

José

Gonçalo

Duarte

(2005)

Dando

“logar”

a

Monchique

(Tese

de

Licenciatura), Universidade do Algarve. EVANS,

G.

(2003)

Hard-branding

the

cultural

city

from

Prado

to

Prada.

International Journal of Urban and Regional Research. FERNANDES, Inês (2012) Requalificação do Espaço Público Urbano - Caso de estudo

Bairro Olival de Fora (Dissertação de Mestrado), Instituto Superior

de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. GASCON, José António Guerreiro (1993) Subsídios para a Monografia de Monchique. Faro: Algarve em Foco. LOPES, Daniel Oliveira (2011) A Reabilitação Urbana em Portugal- Importância Estratégica para as Empresas do Setor da Construção Civil e Obras Públicas. (Dissertação de Mestrado), Faculdade de Economia da Universidade do Porto. MORGADINHO, Ana Catarina, et al (2002) Rede Social - Proposta para o prédiagnóstico do concelho de Monchique (Relatório de pré-diagnóstivo social), Monchique. MORGADINHO, Ana Catarina, et al (2004) Rede Social - Diagnóstico social do concelho de Monchique [online] Câmara Municipal de Monchique [acedido a 29 de Julho 2014] disponível em http://www.cm-monchique.pt/NR/rdonlyres/9E10714F5046-4093-B409-3B11568FA235/0/Diagnostico.PDF.

[imagem página anterior] convento da Nossa Senhora do Desterro

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

120


PASSOS,

José

Manuel

da

Silva

(1989)

Estudos

de

integração

do

património

histórico-urbanístico para a Reabilitação Urbana. Secretaria de Estado da Cultura, Lisboa: Secretaria de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território. PEREIRA, Luz Valente (1996) A Leitura de imagem de uma área urbana como preparação para o planeamento/acção da sua Reabilitação. Lisboa: LNEC. PEREIRA, Luz Valente (1996) Metodologia de planeamento da Reabilitação de áreas urbanas. Lisboa: LNEC. PEREIRA, Luz Valente (1996) Reabilitar o urbano ou como restituir a cidade à estima pública. Lisboa: LNEC. PEREIRA,

Luz

Valente

(vol.I). Olhalvo: PINHO,

Ana

(2013)

Questões

gerais

e

metodologia

de

planeamento

Edição de autor.

Cláudia

da

Costa

(2009)

Conceitos

e

politicas

europeias

de

Reabilitação Urbana (Tese de doutoramento), Universidade Técnica de Lisboa. 121

PORTAS,

Nuno,

et

al,

(2007)

Políticas

Urbanas:

Tendências,

estratégias

e

Rosa, Walter (2009) A Urbe e o Traço - Uma década de estudos sobre o urbanismo português. Coimbra: Livraria Almedina. SAMPAIO, Mafalda Gambutas Teixeira (2011) Forma Urbana da parte baixa da Lisboa e

avaliação

da

cartografia

(1756-1786)

(Tese

de

doutoramento),

TAVARES, Ana Filipa Nunes (2008) Reabilitação Urbana - O caso dos pequenos centros

históricos

(Dissertação

de

mestrado),

Faculdade

de

Ciências

e

Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa. TÁVORA, Fernando (1969) Estudo de Renovação Urbana do Barreto. Porto, Câmara Municipal do Porto. VARELA,

João,

REIS,

teórico), ISCTE-IUL.

Rúben,

ALBUQUERQUE,

Sara

(2009)

Mons

Cicus

(Trabalho

ANEXO

Análise

ISCTE-IUL.

E

-

05|BIBLIOGRAFIA

oportunidades. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.


VÁRIOS (2001) Com raiz no passado, construir no futuro - II jornadas de Monchique. Monchique: Comissão instaladora do museu de Monchique e Junta de freguesia de Monchique.

WEBSITES http://www.portaldahabitacao.pt/pt/portal/glossario/detalheVocabulo.jsp?seq_ codvocabulo=5999, acedido a 8 de Agosto de 14http://www.portaldahabitacao.pt/ pt/portal/glossario/detalheVocabulo.jsp?seq_codvocabulo=5646, acedido a 8 de Agosto de 2014 http://www.porti.pt/faqs, acedido a 28 de Agosto de 2014

FONTES CARTOGRÁFICAS Câmara

Municipal

de

Monchique-

Vila

de

Monchique:

extracto

digital

de

Monchique:

extracto

digital

de

Monchique:

extracto

digital

de

Monchique:

extracto

digital

de

cartografia digital, s/escala, voo de 1952. Câmara

Municipal

de

Monchique-

Vila

de

cartografia digital, s/escala, voo de 2005.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

122

Câmara

Municipal

de

Monchique-

Vila

de

cartografia digital, s/escala, voo de 2010. Câmara

Municipal

de

Monchique-

Vila

de

cartografia digital vectorial, escala real.

ÍNDICE DE IMAGENS E QUADROS [1] Ortofotomapa da vila de Monchique, 2013 – p.44 [2] Expansão urbana período islâmico - p.46 [3] Espaço público período islâmica - p.46 [4] Rua Fonte do Castanheiro, 2014 - p.47 [5] Largo do Castelo, 2014 - p.47 [6] Expansão urbana período manuelino - p.48 [7] Espaço público período manuelino - p.48 [8] Expansão urbana período pombalino - p.50 [9] Espaço público período pombalino - p.50 [10] Vila de Monchique, 1814 - p.51

[11] Largo da Misericórdia Herculano, 1954 - p.51

e

praça

Alexandre

[12] Expansão urbana séc. XX - p.52 [13] Espaço público séc. XX- p.52 [14] Rua de S. José, 2014 - p.53 [15] Travessa de S-José - p.53 [16] Expansão urbana séc. XX - p.54 [17] Espaço público séc. XX- p.54 [18] Rua do Porto Fundo, anos 50 - p.55 [19] Panorâmica do centro da vila de Monchique, anos 50 - p.55 [20]

Evolução

da

expansão

urbana

da

vila

de


Monchique - p.57

[40] Largo dos Chorões e largo 5 de Outubro, 2005 - p.84

[21] Barlavento Sotavento – p.58

[41]Largo 5 de Outubro, anos 90 - p.85

[22] Litoral Barrocal Serra - p.58

[42] Expansão do largo 5 de Outubro, anos 80 - p.85

[23] Hipsometria do concelho de Monchique - p.59 [24] Rede - p.59

hidrográfica

do

concelho

de

Monchique

[25] Largo 5 de Outubro - p.61 [26]Rua da fonte do castanheiro, 2014 - p.62

[43] Largo dos Chorões e largo 5 de Outubro, 2014 - p.86 [44] Largo dos Chorões/5 de Outubro, 2014 -

p.87

[45] Largo dos Chorões/5 de Outubro, 2014 -

p.87

[46] Alçado 1 Este - p.88

[27] Convento Nossa Senhora do Desterro, 2014 p.62

[47] Alçado 2 Oeste - p.88

[28] Moinho de água, 2014 - p.62

[48] Alçado 3 Norte - p.88

[29] Fonte do Castanheiro, 2014 - p.62

[49] Alçado 4 Sul - p.88

[30] Paisagem orientada Monchique, 2014 - p.69

a

Norte

da

Serra

de

[31] Ortomapa área central da vila de Monchique, 2014 - p.70 [32] Orientações, tipos de malha e sua articulação - p.72

[50] Interligação com espaços urbanos e entradas para o edificado - p.90 [51] Função do edificado - p.91 [52] Edificado degradado e vazios urbanos - p.92 [53] Actividades travessia e encontro - p.93

[33] Síntese - p.74

[54] Actividades transito e estacionamento - p.94

[34] Vias - p.76

[55] Interligação entre percurso pedonal requisitado e equipamento urbano - p.95

[35] Equipamentos - p.78

[56] Iluminação pública - p.96

[37] Largo 5 de Outubro, 1956 - p.82

[57] Interligação entre percurso pedonal requisitado e equipamento urbano - p.97

[38] Largo 5 de Outubro, anos 50 - p.83

[58] esquisso de uma possível proposta para o largo 5 de Outubro e dos Chorões - p.99

[39] Rua Serpa Pinto, anos 50 - p.83 [q1] Quadro resumo da metodologia

de planeamento da reabilitação de Áreas urbanas – p.36.

[q4] População residente por grupos etários (2001) (%). p.63. [q5] população residente com 12 ou mais

anos, segundo o principal meio de vida (%). P.63.

[q6] taxa de analfabetismo. p.64. [q7] escolaridade da população. p.64. [q8] população empregada por sector de actividade. p.67.

ANEXO

[q3] Variação da população residente 1960/2001. p.62.

E

[q2] Evolução da população em efectivos . p.62.

mais

123 05|BIBLIOGRAFIA

[36] Localização da área de Intervenção - p.80

mais


CRÉDITO DE IMAGENS E QUADROS [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7], [8], [9], [12], [13], [14], [15], [16], [17], [20], [21], [22], [23], [24], [25], [26], [27], [28], [29], [30], [31], [32], [33], [34], [35], [36], [37], [40], , [43], [44], [45], [46], [47], [48], [49], [50], [51], [52], [53], [54], [55], [56], [57], [58], João Pedro Varela (autor) [10] http://www.refoias.net/galerias/galeriaFotoBlog/monchiqueAntiga01-1.jpg, acedido a 28 de Agosto de 2014[2] Fonte, acedido a 4 de Fevereiro de 2014. [11] http://monscicus.blogspot.pt/2012/02/uma-imagem-antiquissima-demonchique.html, acedido a 15 de Setembro de 2014. [18] http://4.bp.blogspot.com/_n7WihIwbvpo/RpSJABwRzuI/AAAAAAAAAqQ/ nSk6K5af1AM/s1600-h/2-+Mch+-Abr[1].gif, acedido a 19 de Maio de 2014. [19] https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash2/t1.09/546700_369074696495774_508235782_n.jpg, acedida a 18 de Março de 2014. [38] https://scontent-a-fra.xx.fbcdn.net/hphotos-ash3/t1.09/10001558_615721758497732_527094634_n.jpg, acedido a 10 de janeiro de 2014

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

124

[39] https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/t1.09/1891275_605167192886522_1238589699_n.jpg, acedido a 18 de Dezembro de 2013. [41] https://fbcdn-sphotos-d-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash4/t1.09/1239835_515589735177602_1188579743_n.jpg, acedido a 18 de Março de 2014. [42] https://scontent-a-fra.xx.fbcdn.net/hphotos-ash2/t1.09/166318_125212380882008_2212445_n.jpg, acedido a 16 de Agosto de 2014 [q1] PEREIRA, Luz Valente (1996) Metodologia de planeamento da Reabilitação de áreas urbanas. Lisboa: LNEC. [q2], [q3], [q4], [q5], [q6], [q7], [8q], [q9] MORGADINHO, Ana Catarina, et al (2002) Rede Social - Proposta para o pré-diagnóstico do concelho de Monchique (Relatório de pré-diagnóstivo social), Monchique.


2.ANEXO [a1] panorâmica Norte da vila de Monchique, 1930 - p.118 [a2] panorâmica centro da vila de Monchique, anos 50 - p.118 [a3] cerimónia dos Bombeiros Voluntários de Monchique, 1959 - p.119 [a4] cerimónia do agrupamento de guias de Monchique, 1973 - p-119 [a5] largo do Pé da Cruz, anos 50? - p.120 [a6] rua Serpa Pinto, anos 70? - p.120 [a7] posto de abastecimento de combustível do largo 5 de Outubro, anos 50 [a8] - p.121 [a8] edifícios a demolir para a expansão do largo 5 de Outubro, anos 80 - p.121 [a9] população no largo 5 de Outubro, anos 50 - p.122 [a10] gravura da vila de Monchique, 1880 - p.122 [a11] largo 5 de Outubro, quando da visita do rei D.Carlos, finais do séc. XIX - p.123 125

[a12] rua de S.Sebastião, anos 80? - p.123

[a14] Cheias, 1997 - p.124 [a15] largo dos Chorões, anos 90 - p.125

05|BIBLIOGRAFIA

[a13] largo 5 de Outubro, anos 50 - p-124

[a16] intervenção no largo 5 de Outubro, 2008 - p.125

E

[a17] levantamento dos largos 5 de Outubro e dos Chorões - p.126

ANEXO

[a18] levantamento pormenor largo 5 de Outubro - p.126 [a19] levantamento equipamento urbano dos largos 5 de Outubro e dos Chorões - p.127 [a20] esquisso sobre o território dos largos 5 de Outubro e dos Chorões -p.127


126

net/hphotos-frc1/t1/1780767_613515918718316_706982212_n.jpg, acedido a 12 de Março de 2014.

big.jpg, acedido a 8 de Março de 2014 [a2] panorâmica centro da vila de Monchique, anos 50 In https://scontent-a-mxp.xx.fbcdn.

[a1] panorâmica Norte da vila de Monchique, 1930 In http://www.imprensaregional.com.pt/jornaldemonchique/~media/downloads/370.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

7.ANEXO A


In

05|BIBLIOGRAFIA

E

ANEXO

http://www.imprensaregional.com.pt/jornaldemonchique/~media/downloads/1601.big.jpg, acedido a 31 de Agosto de 2014.

q7x9D_MFJNo/s1600/bombeiros10.jpg, acedido a 31 de Agosto de 2014 [a4] cerim贸nia do agrupamento de guias de Monchique, 1973

[a3] cerim贸nia dos Bombeiros Volunt谩rios de Monchique, 1959 In .bp.blogspot.com/_n7WihIwbvpo/TUAaphWwIuI/AAAAAAAAHiw/

127


net/hphotos-ak-frc3/t1.0-9/180363_125213030881943_1724668_n.jpg, acedido a 24 de Março de 2014.

69440131_1776804550_n.jpg. acedido a 15 de Abril de 2014 [a6] rua Serpa Pinto, anos 70? In https://fbcdn-sphotos-h-a.akamaihd.

[a5] largo do Pé da Cruz, anos 50? In https://fbcdn-sphotos-b-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc1/t1.0-9/s403x403/1621672_6062977

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

128


05|BIBLIOGRAFIA

E

ANEXO

jpg, acedido a 24 de Março de 2014.

do largo 5 de Outubro, anos 80 In https://scontent-a-fra.xx.fbcdn.net/hphotos-ash2/t1.0-9/179654_125212600881986_1377764_n.

prn1/t1.0-9/69139_393461117390465_166513476_n.jpg, acedido a 15 de Abril de 2014 [a8] edifícios a demolir para a expansão

[a7] posto de abastecimento de combustível do largo 5 de Outubro, anos 50 In https://scontent-b-mad.xx.fbcdn.net/hphotos-

129


AAAAAAAABcQ/G8rjIRwU2xI/s400/gravura+de+1880.jpg, acedido a 15 de Setembro de 2014.

acedido a 5 de Agosto de 2014 [a10] gravura da vila de Monchique, 1880 In http://2.bp.blogspot.com/_n7WihIwbvpo/Rz9NyE3Yn9I/

[a9] população no largo 5 de Outubro, anos 50 In http://terraruim.files.wordpress.com/2009/06/largo-dos-choroes2.jpg?w=450.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

130


05|BIBLIOGRAFIA

E

ANEXO

5 de Agosto de 2014.

https://fbcdn-sphotos-a-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpa1/t1.0-9/10533693_683581421711765_3667584868746946824_n.jpg, acedido a

pt/2007/11/visita-do-rei-d-carlos-monchique.html, acedido a 21 de Junho de 2014 [a12] rua de S.Sebastião, anos 80? In

[a11] largo 5 de Outubro, quando da visita do rei D.Carlos, finais do séc. XIX In https://http://monscicus.blogspot.

131


9/163005_121888271214419_3382112_n.jpg, acedido a 15 de Abril de 2014.

jpg. acedido a 15 de Setembro de 2014 [a14] Cheias, 1997 In https://fbcdn-sphotos-g-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash2/t1.0-

[a13] largo 5 de Outubro, anos 50 In http://2.bp.blogspot.com/_n7WihIwbvpo/SDK88MM5EQI/AAAAAAAACrU/5qO_6Tjzu8g/s1600/007.

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

132


05|BIBLIOGRAFIA

E

ANEXO

R9WuOrFzUqI/AAAAAAAACR0/TA2frurrMv4/s400/largo+5+de+Outubro.jpg, acedido a 15 de Setembro de 2014.

acedido a 15 de Setembro de 2014 [a16] intervenção no largo 5 de Outubro, 2008 In http://1.bp.blogspot.com/_n7WihIwbvpo/

[a15] largo dos Chorões, anos 90 In http://viajar.clix.pt/fotos/foto01817.jpg, http://viajar.clix.pt/fotos/foto01817.jpg,

133


134

[a17] levantamento dos largos 5 de Outubro e dos Chorões [a18] levantamento

VILA DE MONCHIQUE REABILITAÇÃO DO TERRITÓRIO URBANO

pormenor largo 5 de Outubro

7.ANEXO B


[a19] levantamento

05|BIBLIOGRAFIA

E

ANEXO

o largo 5 de Outubro e dos Chorões

equipamento urbano dos largos 5 de Outubro e dos Chorões [a20] esquisso de uma possível proposta para

135



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.