Jovens de Atitude (quase)

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Publicação elaborada pelo grupo Jovens de Atitude dos Bairros Garcia & Dois Irmãos Barão de Cocais, Minas Gerais - Outubro de 2015 Oficinas de educomunicação - Programa Proteger é Preciso

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- Sebastião Everton (*) Este fanzine é resultado das oficinas de educomunicação - que são modos de educar através de tecnologias e mídias com uma metodologia participativa – que vem sendo desenvolvido nos bairros Garcia e Dois irmãos, desde 2014 e, recentemente, no distrito de Cocais. Este é um projeto da Vale e Fundação Vale com coordenação executiva da ONG Oficina de Imagens, com objetivo de fortalecer a capacidade de mobilização de adolescentes e jovens e promover a participação para proteção e efetivação de seus direitos. Tudo foi feito num processo colaborativo protagonizado pelos próprios jovens, com centralidade discussões sobre o Estatuto da Juventude e direitos e deveres nos territórios em que vivem. Portanto, as indagações, sugestões e leituras são dos próprios jovens participantes do Projeto. Além do conteúdo sistematizado aqui, os participantes sugeriram, planejaram e produziram imagens, cinemas de rua, colaram lambe-lambes pela cidade e realizaram enquetes sobre diversos assuntos como gravidez na adolescência, moradores em situação de rua, o perigo dos nudes na internet, participação escolar, dentre outros, vistos como pontos de atenção em seus contextos vividos. As atividades ainda vêm sendo realizadas no município e os jovens têm fortalecido cada vez mais o sentimento de pertencimento social, a identidade coletiva e prática de sua participação social.

(*) Técnico de projetos do programa Proteger é Preciso 5


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Cultura e conhecimento Se expressar livremente é um aspecto cultural de nossa sociedade, independente do gênero artístico, seja teatro, dança, grafite etc. Tudo está em nosso cotidiano: no modo de vestir, de falar, educar, de preparar sua comida, na construção das casas, músicas etc. A preservação da praça, um patrimônio público, pra gente também é cultura. Infelizmente há falta de debate sobre este tema na nossa cidade, afetando todos os moradores. Os jovens do bairro não querem apenas uma pracinha com mesas e bancos. Nós queremos arte, cor, diversão, enfim, cultura. Os poderes público e privado aqui da cidade são capazes de criar ou elaborar mais projetos, através de ONGs, cursos, aulas de dança, música etc. Isso seria capaz de estimular os jovens a contribuírem culturalmente para a sociedade.

As culturas do nosso bairro No nosso bairro tem muita cultura, mas os jovens acham que não tem. Isto porque a maioria deles não tem conhecimento dos nossos direitos. É necessário valorizar a cultura que já existe, por exemplo, pessoas que desenham, dançam, cantam, que praticam esportes etc. Há sim muitas culturas em nosso bairro. Claro que há pessoas que não têm vontade de aprender e nem desenvolver sua cultura, o que não é o nosso caso. Vale lembrar que temos por aqui a tradicional festa regional do Pé de Pomba. Por quê ela só acontece lá no Centro? Por quê não podemos ter outras ações parecidas espalhadas na cidade? Discutir isso, também é discutir cultura. O tempo livre é importante para os jovens e eles merecem melhores oportunidades para aproveitá-lo. Infelizmente há falta de debates sobre este tema na cidade, afetando negativamente a todos moradores. Não queremos apenas uma pracinha com mesas e bancos. Queremos arte, cores, diversões, animação, festas etc. Nos aflige a falta de consciência de poderes executivos, no caso o prefeito. Junto de outras autoridades, ele poderia criar ou elaborar mais projetos, ONGs, cursos, aulas de dança, aulas de músicas, aulas para tocar instrumentos musicais etc. Isso seria capaz de estimular cada vez mais a participação dos jovens na produção cultural. 7


Sexting - Você sabe o que é? (*) O sexting descreve um fenômeno recente no qual jovens usam as câmeras fotográficas de seus celulares e sites de relacionamento para produzir e enviar fotos sensuais de seu corpo nu ou seminu. Envolve também mensagens de texto eróticas com convites e insinuações sexuais para pretendentes e amigxs. Tenho certeza que você conhece algum caso em que vazaram fotos de algum conhecidx na internet. E também que as consequências fora da internet não foram nada legais. Infelizmente muitos têm se deixado levar por pressões em produzir e publicar imagens sensuais. Pensam que todos são amigos na rede, que por ser apenas uma brincadeira não colocará a intimidade em risco. Lembre-se: uma vez online, perdemos completamente o controle da foto ou texto que publicamos. Outra situação que envolve estes acontecimentos são os jovens não têm os espaços para falar de sua sexualidade nas escolas ou em família, deixando aberto o espaço para que procurem saber mais com estranhos na internet. Alguns chegam a experimentar esta facilidade por pura inocência.

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- E como faço para ajudar ou pedir ajuda? No Estatuto da Criança e Adolescente considera-se crime produzir e armazenar fotografias ou imagens pornográficas e de sexo explícito de menores de 18 anos - “Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente”. Portanto, havendo imagens com este teor, cabe formalizar uma denúncia. Se o conteúdo for acessivelmente publicamente, denuncie preenchendo o formulário na página http://www.safernet.org.br/site/denunciar. Se não for um conteúdo acessível publicamente, e-mail, P2P, páginas privadas, preser ve todas as provas, procure a Delegacia de Polícia Civil mais próxima do local de residência da vítima e registre a ocorrência. Fique ligado!

Dicas para ficarmos seguros - Pense muito bem antes de publicar fotos e mensagens; l Não há nada de errado em falar e discutir sobre sexualidade. O erro é não se proteger e não se informar sobre como manter relações saudáveis dentro e fora do ciberespaço; l Quando tiver dúvidas em relação aos comportamentos sexuais, procure conversar com seus pais e amigxs de confiança antes de se expor pela internet; l Pais: dialoguem com seus filhos para conhecer o que fazem online e orientá-los. Os valores e limites de sua família precisam ser discutidos também em relação aos comportamentos online. Converse com seus filhos sobre as noções de privacidade e de comportamento de risco para construir limites como proteção e não como proibição. (*) colaboraram Natan Santos, Magdiane Carolina e Felipe Jhones (educador)

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Juventude e Segurança Pública (¹) Este direito prevê que os jovens possam viver em uma comunidade mais segura, sem violência e com garantia de sua integridade física e mental. Deve ser garantido, por exemplo, a integração com as demais políticas voltadas à juventude, para a prevenção e enfrentamento à violência, como as políticas de saúde, educação, cultura, assistência social, esporte e lazer, etc.. Além da promoção de estudos e pesquisas para subsidiar as ações de segurança pública e permitir a avaliação periódica dos impactos nas causas, consequências e frequência da violência contra os jovens. As ações de segurança pública voltadas para a juventude deverão articular ações em todo o país. Vale lembrar que segurança pública é mais do que só pensar em casos de polícia ou violências com o uso de força física. Por isso, precisamos dialogar mais sobre este assunto. Devemos pensar em segurança pública como direito e dever de todos. Contudo, consideramos importante a presença de grupos que promovam a proteção de crianças e adolescentes, além da família e da escola.

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C o n t r a

o s

j o v e n s (²)

Em nossos debates sobre segurança pública ficou muito forte o problema da violência policial contra os jovens. Acerca disso, seguem algumas opiniões sobre o que pensamos: l “Nós não concordamos com as atitudes de hoje em dia

alguns policiais, que ao invés de passarem segurança, passam mais violência para os jovens.” Agredindo-os e até mesmo matando por causa das suas opiniões que não são aceitas pela sociedade.”

l “E os jovens hoje em dia se perguntam: Por que os policiais agem dessa forma se um dia eles também já foram jovens? Por isso muitos adolescentes ficam revoltados com a sociedade. Já que os policiais querem respeito dos jovens, porque eles não começam a agir como uma pessoa civilizada?” l “Educação e respeito são atitudes que todas as pessoas devem ter, independente da sua raça, classe social etc... A agressão não vai fazer ninguém chegar a lugar nenhum. Só queremos nossos direitos iguais a de todas as pessoas maiores de idade. Os jovens não são diferentes de ninguém, nós também temos nossa opinião.” Neste caso da violência policial, precisamos aproximar os policiais da cultura dos jovens, para que sejam mais compreendidos. Também não podemos deixar de considerar o olhar que os policiais têm sobre as suas atitudes. (¹) e (²) colaboraram Larissa , Leticia, Luciene, Makelle, Carol e Gustavo. 11


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Direito à diversidade e à igualdade (*) As pessoas devem ser aceitas pelo que são. Não é pela sua raça, religião, orientação política, sexual ou time de futebol. Se ninguém é perfeito, temos que lidar com nossos defeitos e respeitar a escolha dos outros. Se um jovem entra numa loja de toca na cabeça, há enormes possibilidades dele ser discriminado pelo seu estilo. Infelizmente, uma pequena parcela da sociedade ainda acredita que o caráter de uma pessoa é definido pela sua cor. Geralmente, jovens negros são vistos como malandros ou drogados. Vamos deixar a discriminação de lado e viver todos em união, pois cor não define quem a pessoa é. Assim como pessoas de orientação sexual fora do padrão são maltratadas em seu cotidiano. Quando há diferença religiosa, nem se fala, tem gente que só defende o seu lado. Já passou a hora de deixar o egocentrismo e a discriminação de lado para que haja um mínimo de respeito em nossa convivência. Se o Brasil é um país onde todos vivem em união, a tolerância deve ser a nossa bandeira. l l l

Todo jovem tem seu direito Tem que ter mais respeito e educação Tem direito à alegria e também mais atenção.

(*) colaboraram Stefânia, Kelly

e Yago.

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Jovens de Atitude (produção de textos e imagens):

Arthur Augusto, Bárbara Caroline , Camila Gomes, Carlos Moreira, Cibele Vitória, Elle Caroline, Gustavo Ferreira, Iara Silva, Isabela Santos, Jasmine Felix, Jasmini Felix, Kelly Carolina, Larissa Silva, Leila Santos, Luana Emiliana, Luciene dos Santos, Magdiane, Marcos Moreira, Makelle, Mikaella Yara, Natan dos Santos, Pedro Henrique, Stefânia Silva e Yago COLABORADORES Educadora Local: Yalle Cristina Técnico de projetos: Sebastião Everton Projeto Gráfico: João Perdigão AGRADECIMENTOS: Vale e Fundação Vale, ONG Oficina de Imagens, Escola Municipal Norma Horta, Escola Estadual Padre Heitor, Felipe Jhones e sr. Pedro (motorista). CONTATO DO NÚCLEO JOVEM DE COMUNICAÇÃO: jovensdeatitudebc@gmail.com 031 9195-4640

Jovens de Atitude Bairros Dois Irmãos e Garcia Barão de Cocais, MG, novembro de 2015 18


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