GRES Combinado do Amor - O Caramujo em azul e branco

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GRES Combinado do Amor O Caramujo em azul e branco



GRES Combinado do Amor O Caramujo em azul e branco

João Perigo 2021



Índice Apresentação ............................................................................................ 1 Sobre o autor ............................................................................................ 2 Introdução ................................................................................................. 3 A década de 1930 ..................................................................................... 5 A década de 1940 ..................................................................................... 8 A década de 1950 ...................................................................................14 A década de 1960 ...................................................................................17 A década de 1970 ...................................................................................23 A década de 1980 ...................................................................................29 A década de 1990 ...................................................................................34 A revitalização - Anos 2010 .................................................................39 Resultados e Enredos ............................................................................42 Estatísticas ...............................................................................................49 Referências ..............................................................................................50



Apresentação Apesar do recente movimento de resgate histórico do carnaval niteroiense, muito de sua história encontra-se ainda exclusivamente na memória dos mais antigos. O livro “GRES Combinado do Amor: O Caramujo em Azul e Branco” é parte da coleção “As escolas de samba de Niterói”, um projeto que intenciona registrar e difundir as memórias e dados hoje dormentes no imaginário popular. Este, o primeiro volume, abordará a incrível história da primeira escola de samba da cidade, o Combinado do Amor, fundada ainda nos anos 1930 no bairro do Caramujo. Futuramente outras agremiações serão igualmente contempladas com registros escritos de suas histórias, através de pesquisa documental e entrevistas realizadas com seus baluartes. A ideia central é de viabilização de uma coletânea capaz de agregar e reunir fragmentos históricos ainda soltos ou perdidos, traduzindo-se em um registro cultural e histórico de nossas raízes e heranças carnavalescas locais.

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Sobre o autor João

Gabriel

Costa

de

França

Souza,

conhecido

artisticamente como João Perigo, é um estudioso do carnaval de Niterói, comprometido com o resgate da cultura local. Atua em diferentes carnavais do Brasil como compositor, enredista, carnavalesco e gestor. Dentre suas principais composições encontram-se GRCES Mancha Verde e GRCSES Águia de Ouro (2022), GRES Unidos da Ponte (2020) e GRES Acadêmicos do Sossego (2020 e 2017). É professor, formado em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e, atualmente, cursa a especialização em gestão e design em carnaval na Faculdade CENSUPEG. Dentre suas obras literárias destacam-se: “Carnaval de Niterói - O resgate das memórias esquecidas” (2016), “E do samba fez história” (2020) e “Entre o asfalto e a passarela: O olhar carnavalesco

de

Clóvis

Bornay”

(2020).

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Introdução O carnaval niteroiense apresenta, historicamente, um desenvolvimento bastante aproximado aos modelos da metrópole mais próxima, a cidade do Rio de Janeiro. O surgimento das primeiras escolas de samba e o início dos desfiles e apresentações competitivas são separados por poucos anos e, de maneira geral, observa-se mais semelhanças do que diferenças entre os carnavais locais, até determinado momento histórico. Ainda que a tônica de inovação seja patente também da folia niteroiense, é em meados da década de 1980 que o processo evolutivo dissocia-se definitivamente. O sucesso do Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, o crescente apelo turístico e o interesse jornalístico, principalmente televisivo, pela folia carioca impulsionaram definitivamente os desfiles das escolas de samba no outro lado da Baía de Guanabara. Até mesmo a conclusão das obras da Ponte Presidente Costa e Silva, popularmente conhecida como Ponte Rio-Niterói, em 1974, é um possível fator histórico de contribuição para o quadro supracitado, por conta da facilitação do acesso dos foliões. 3


Nosso objeto de estudo, o GRES Combinado do Amor, como veremos mais adiante em detalhes, norteou, de certa maneira, o pioneirismo local. Trata-se de uma das primeiras escolas de samba fundadas no Brasil e a primeira agremiação niteroiense a cruzar a Baía e apresentar-se no carnaval carioca. Destaca-se também por sua grande contribuição à discografia local, estando presente nas gravações dos discos de 1979, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1992 e na fita cassete produzida em 1995. O texto que segue encontra-se dividido por décadas, evidenciando e explorando singularidades de cada período. Os registros e informações foram obtidos através de entrevistas e pesquisa documental em hemerotecas e antigos livros sobre a temática carnavalesca.

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A década de 1930 No Rio de Janeiro, então capital federal, surgiam as primeiras escolas de samba. Eram blocos que mutavam e forjavam suas alcunhas sob a égide de Ismael Silva, niteroiense criador da mais famosa nomenclatura carnavalesca conhecida: Escolas de Samba¹. As primeiras competições começaram ainda tímidas no final dos anos 20, em formato bastante distinto do atual. Os primeiros desfiles ocorreram em 1932, promovidos pelo Jornal Mundo Esportivo, na Praça XI². Fato é que havia um hiato esportivo entre o fim de ano e o período de carnaval. Sem assunto, o jornal, especializado em esportes, começou a dar ênfase às escolas de samba durante o período, o que culminou na organização da primeira competição oficial. Em Niterói, a folia aguardaria até a próxima década para contar com apresentações das escolas de samba de maneira competitiva. Durante os anos de 1930, foram fundadas as primeiras agremiações carnavalescas que originariam as escolas de samba locais. Seus desfiles ocorriam em suas regiões, financiadas 5


por pessoas da comunidade e comerciantes, através de livros de ouro. Foi em 1936 que surgiu o bloco de baianas denominado Combinado do Amor, que apresentava como símbolo um cupido e as cores azul e branco. Os blocos de baianas assemelhavam-se a blocos de sujos, e percorriam as ruas das proximidades alegrando o povo no período momesco. Na primeira metade deste século surgiram os blocos de baianas como a Serrinha e Surdina que influenciaram para a formação das primeiras escolas de samba, e assim apareceu ou se transformaram em escolas: União do Viradouro, Desprezados do Viradouro, Combinado do Amor, e a seguir, União do Capricho, do antigo Caminho do Mato, Unidos do Viradouro campeoníssima com as cores azul e rosa, Sabiá do Fonseca, Sorriso do Morro do Cavalão, Império do Serrão do Cubango, Acadêmicos do Martins, Unidos da Dona Zizinha³.

O status de bloco de baianas perdurou até 1939, quando a agremiação optou por definitivamente apresentar-se como escola de samba. Neste ano, no entanto, não se apresentou juntamente com blocos, ranchos, cordões e escolas de samba em eventos carnavalescos oficiais de Niterói. Apresentaram-se àquela época as 6


escolas de samba União do Capricho, União vê se pode, Mundo sobre mundo, California, Embaixada do Prazer, Desprezados do Viradouro, União do Viradouro, Recordação do Passado, Unidos da Família e Surdina do Viradouro4. Importante notar que antes do ano de 1939 outras agremiações já se apresentavam como escolas de samba, como os Desprezados do Viradouro. A única ainda em atividade a receber tal denominação antes do Combinado Amor é o GRCES Sabiá, fundada em 1938. Sendo assim, é recorrente o debate sobre qual, de fato, seria a primeira escola de samba da cidade de Niterói: contaria a fundação em 1936 do Combinado do Amor, ainda que não como escola de samba? Esse é um assunto para outros carnavais… Fato é que, por muitos anos, a escola apresentou-se com sua data de fundação estampada em seu brasão como 20 de outubro de 1939 e seu cupido original transmutado em uma águia altaneira, em homenagem à sua madrinha Portela.

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A década de 1940 O horror da Segunda Guerra Mundial marcaria a primeira metade da década, sobretudo nos anos de participação brasileira nos conflitos. As escolas de samba não mantiveram suas agendas repletas no período, o que postergou ainda mais a realização do primeiro desfile competitivo na cidade de Niterói. Na edição de 12 de fevereiro de 19425, o Jornal ‘O Fluminense’ em sua edição de número 18079, tenta explicar ao público em geral o que seriam as escolas de samba e quais as suas diferenças em comparação com os blocos. O Jornal define as escolas como o gênero carnavalesco que representa o genuíno carnaval dos morros que não contam com o menor incentivo da municipalidade, apesar de abrilhantar as festas. Infelizmente essa informação é verdadeira. À época, as escolas de samba não contavam com auxílio financeiro público, devendo ainda recorrer aos livros de ouro e à ajuda de comerciantes das regiões de suas comunidades, diferentemente do que acontecia na cidade do Rio de Janeiro, que já contava com incentivos municipais.

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A mesma edição diferenciava blocos e escolas da seguinte maneira: “As escolas de samba não conduzem estandartes nem possuem instrumentos de sopro, o estandarte é substituído por bandeiras e os instrumentos de metal pelos de corda e pancadaria”. Segundo o Jornal, essa diferença seria o motivo da curiosidade popular pelas escolas de samba. Apesar da falta de desfiles competitivos e da desconfiança popular, o GRES Combinado do Amor já se apresentava em eventos na capital federal. Em janeiro de 1941, cruzou a Baía de Guanabara e desfilou na XIII Feira Internacional de Amostras da cidade do Rio de Janeiro, ao lado de Portela, Mangueira, Prazer da Serrinha, Vizinha Faladeira, Deixa Falar, Em Cima da Hora e outras 28 agremiações6. Depois de alguns anos ausente do cenário carnavalesco, o GRES Combinado do Amor retorna aos holofotes após Antônio das Neves assumir a presidência7. Em 1946, participa do primeiro desfile oficial do município, à exemplo do Rio de Janeiro, promovido por um jornal: Domingo de carnaval, 1946, Rua da Conceição colorida e iluminada. Às 8 da noite começou o primeiro desfile da cidade, promovido pelo “O Estado”, o jornal que muito incentivou o samba. 9


Da estação das barcas chegavam as concorrentes União do Viradouro, Combinado do Amor, Império

da

Riodades,

Desprezados

do

Viradouro, União do Capricho, Águia Branca, União do Boa Vista, Vê se pode, Unidos do Viradouro, Sabiá e União da Mocidade8.

As apresentações à época ainda em muito se diferenciavam do que hoje compreendemos por desfiles de escolas de samba. Ao chegar no palanque armado em frente à sede do jornal [...], o diretor da escola era anunciado e ele conduzia ao primeiro andar do prédio a porta bandeira, o mestre sala, o cidadão samba, a imperatriz e o versante para se apresentarem no salão onde estavam jornalistas, fotógrafos, comissão julgadora e convidados. E era samba no pé. O versante cantava o partido feito de improviso, versando sobre as qualidades da escola, fatos da época e elogios à imprensa9. (Virgílio dos Santos Lilico, fundador do Combinado do Amor).

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A Combinado usou alegoria em 46 e também foi pioneira do samba enredo. Antigamente, os desfiles eram muito diferentes, nem todas as escolas preparavam um tema. Saíam umas 80 pessoas em cada agremiação10. (Nelson Jangada, Fundador da Unidos do Viradouro)

Apesar da boa performance da escola de samba do Caramujo nos primeiros carnavais da década de 1940, a Sabiá, escola de samba da Vila Ipiranga, no Fonseca, sagrou-se tricampeã, com títulos em 1946, 1947, 1948 e a Unidos do Viradouro encerrou a década com seu primeiro título em 1949. A cobertura jornalística do carnaval, ainda incipiente na cidade, deixa a desejar nos primeiros anos dos desfiles oficiais. Do carnaval de 1946, sabe-se apenas que o Combinado Amor apresentou-se bem. Já em 1947 houve uma atenção maior com as agremiações. Apesar de algumas notícias confusas (em relação às classificações), pôde-se resgatar o samba enredo composto pelo carnavalesco e ensaiador da escola, Moacir Rocha: Boa noite, como vai, como passou? Nós temos prazer em cumprimentar Saudando a nossa querida bandeira 11


Que representa a nossa nação brasileira Alegre,

sorrindo,

cantando,

sempre

dizendo Somos sim Combinado do Amor11

Em Janeiro de 1948, é fundada em Niterói a União das Escolas

de

Samba.

Foram

escolas

idealizadoras

e,

consequentemente, fundadoras: Desprezados do Viradouro, Sorriso, Combinado do Amor, Unidos do Viradouro, União Vê se Pode e Bloco Girassol Nascente12. Dias depois, desfilaram na segunda-feira gorda, sob patrocínio dos jornais “O Estado”, “A Manhã” e da União das Escolas de Samba: União do Capricho, Sabiá, Não zomba de mim, Combinado do Amor, Sorriso e Unidos do Viradouro. As apresentações ocorreram no seguinte trajeto: Rua da Conceição, Visconde de Sepetiba, São Pedro, Visconde do Uruguai e Avenida Amaral Peixoto13. As informações encontradas em diferentes jornais são inconclusivas quanto à classificação final do carnaval de 1948, o que apresenta-se de maneira clara é a Sabiá como a campeã. Em 1949, os desfiles foram realizados apenas na Avenida Amaral Peixoto, passando todas as escolas postulantes por um palanque da comissão julgadora, posicionado na rua. O título 12


máximo ficou com a Unidos do Viradouro, ao Combinado do Amor coube o segundo lugar do Grupo Único das escolas de samba, que ainda contou com a participação de União do Capricho, Unidos de D. Zizinha, Sabiá, Escola Primeira, Desprezados do Viradouro, Paraíso do Amor, Embaixada do Prazer, Sorriso , entre outras14.

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A década de 1950 Após o vice-campeonato de 195015, o Combinado do Amor, e os foliões de Niterói, amargam o ano de 1951 sem desfiles oficiais das escolas de samba na cidade. Motivados pela crescente força de sua agremiação e os bons resultados dos anos anteriores, os sambistas do Caramujo decidem-se por atravessar a Baía de Guanabara e tentar a sorte no carnaval carioca de 1952. Apresentou-se em 1952 na Avenida Presidente Vargas, entre a Rua da Uruguaiana e Avenida Rio Branco, com o enredo “Marinha do Brasil”. O poder público, através do Departamento de Turismo, promotor dos desfiles, construiu um “tablado” de 60 metros de comprimento, 20 de largura e 1 metro de altura para as escolas de samba se exibirem. A partir desse ano, o regulamento dos desfiles passa a determinar que todas as alas venham fantasiadas16.

Filiada à Confederação das Escolas de Samba, o Combinado do Amor apresentou-se juntamente com outras 24 agremiações, 14


dentre as quais Portela, Mangueira, Unidos da Tijuca, Império Serrano e Império da Tijuca17 pelo Grupo 1, denominado Supercampeonato, destinado a agremiações com mais de 300 desfilantes. Infelizmente um forte temporal castigou a cidade do Rio de Janeiro na noite de desfiles do grupo 1, impossibilitando o julgamento das escolas postulantes, não havendo, portanto, concurso ou classificação oficial. Para o ano seguinte, os bambas da Azul e Branco novamente inscreveram-se para os desfiles cariocas do primeiro grupo. No entanto, dada a difícil logística, não se apresentaram na noite de desfiles no Rio de Janeiro, assim como Unidos do Grajaú, Unidos do Pecado, União de Vaz Lobo, Independentes do Leblon e Corações Unidos18. A situação repetiu-se ainda para o carnaval de 1954, sendo a agremiação niteroiense nessa ocasião rebaixada para os desfiles do segundo grupo, realizados na Praça XI. Mesmo após participar dos sorteios para os desfiles de 1955, o rebaixamento motivou sua diretoria a desistir definitivamente de participar dos desfiles cariocas. Ainda que o sonho da migração definitiva não tivesse se concretizado após tantas tentativas, em 1953 o Combinado do

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Amor apresentou-se em sua cidade natal, sagrando-se vice-campeã do primeiro grupo, ainda sob presidência de Antônio das Neves. Os anos seguiram positivamente para os sambistas da Azul e Branco: bicampeões em 1954 e 1955 e vice-campeões em 1956 e 1957. Faltam informações acerca desses desfiles, havendo, até o momento, apenas registros das classificações e o enredo de 1956: “Deus Marte”19. Eram comuns carnavais fora de época na cidade, sendo um dos mais importantes o desfile carnavalesco do domingo de Páscoa, promovido pela Casa Luma20, que contava com a participação das principais escolas da cidade, sendo, por vezes, até mesmo mais concorrido e bem executado que os desfiles oficiais. Exemplo disso foi o desfile carnavalesco de 1958, do qual participaram apenas 4 agremiações, em razão dos baixos prêmios (Unidos do Viradouro, Sabiá, Corações Unidos e Combinado do Amor)21. Apesar da pouca concorrência, a escola do Caramujo amargou a quarta colocação. Recuperou-se no carnaval seguinte, 1959, obtendo um novo vice-campeonato, 10 pontos atrás da campeã Unidos do Viradouro22.

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A década de 1960 Após obter o terceiro lugar no carnaval de 196023, os sambistas do Caramujo decidiram homenagear em 1961 a recém inaugurada capital federal, Brasília. O prêmio de Cr$2.000,00 conferido a todas as agremiações desfilantes animou os foliões e Niterói vivenciou um grande carnaval. Nem mesmo a forte chuva, que danificou parte da ornamentação realizada pela prefeitura de Niterói 24, foi capaz de estragar a festa. Apesar da quantidade de grupos (Blocos 1, Blocos 2, Academias e Escolas de Samba), apenas três agremiações desfilaram oficialmente no grupo das escolas de samba. Sagrou-se campeão, com 398 pontos, o Combinado do Amor, seguido pelo Corações Unidos (376 pontos) e Academia do Martins que, apesar de ter obtido 22 pontos foi desclassificada em razão do atraso de sua apresentação25. Mesmo com a pouca concorrência, o Combinado do Amor recebeu da imprensa a alcunha de “Maior Escola de Samba de Niterói”, apresentando-se como campeã do carnaval fluminense em outras cidades. No sábado de Aleluia de 1961 desfilou em Teresópolis: 17


Grande desfile da maior escola de samba de Niterói, Combinado do Amor (Campeã do Carnaval Fluminense), sob o patrocínio de MINASLAR

e

MINASGÁS,

com

a

imprescindível colaboração do prefeito Dr. Omar Magalhães e da Viação Mauá, na pessoa do Dr. Lauro Sepulveda. Sábado, às 19 horas, terá a oportunidade, o povo de Teresópolis, de assistir às evoluções dos maiores passistas fluminenses26.

No ano de 1962, participou de eventos especiais, como a festa promovida pelo candidato da UDN a Senador da Guanabara Juraci Magalhães no Maracanãzinho. A festividade reuniu, além do Combinado do Amor, Portela, Mangueira, Império Serrano e o Bafo da Onça. No entanto, o título que projetaria a imagem do Combinado do Amor seria também seu último. Até os dias atuais a escola não repetiu o feito de sagrar-se campeã do grupo especial da cidade de Niterói. Destaque absoluto à época era a sambista Paula do Salgueiro, mais conhecida em Niterói como Paula do Combinado, que dividia sua paixão entre o vermelho e o azul igualmente. Era 18


figura certa nos desfiles das duas agremiações. Quando ocorriam na mesma noite, a passista atravessava a Baía de barca para não perder nenhum pedaço da festa. Desfilou no Combinado do Amor desde 1945, onde permaneceu por toda sua vida. Não esteve presente somente nos desfiles de 1960 e 1961 por conta de uma viagem à Europa. Ela é Paula e, de oito anos para cá, do Salgueiro. Em Niterói, desde 1945, ela é Paula do Combinado do Amor. Paula, do Salgueiro ou do Combinado do Amor, é a maior sambista brasileira. Inclusive com fama internacional. [...] Durante estes 14 anos ganhou todos os prêmios para as melhores sambistas nos desfiles de Niterói27.

Os enredos de temática histórica perduraram por toda a década de 1960, sendo a tônica predominante das apresentações da escola, como por exemplo em: “Último baile na corte imperial” (1962) e “Holandeses no Brasil” (1964). Em contrapartida, o ano de 1965 foi marcado por um amargo vice-campeonato. O Combinado do Amor apresentou o enredo “O Gato de Botas”, obtendo na apuração o segundo lugar. 19


No entanto, ainda vigorava no regulamento dos desfiles a obrigatoriedade da apresentação de temáticas nacionais pelas escolas de samba. Este item ainda era reflexo da aproximação de tais agremiações com o governo de Getúlio Vargas, que visava à construção da identidade cultural nacional. À exemplo do ocorrido com a coirmã Vizinha Faladeira em 1939, quando apresentou o tema “Branca de Neve e os sete anões”, a agremiação do Caramujo foi desclassificada, perdendo, portanto, seu título de vice-campeã. Abaixo trecho do samba enredo da ala de Compositores da escola: Era uma vez um garotinho Que ouvia atentamente Uma história de um velhinho Era um gato de botas e um rapaz Filho de um moleiro Que vivia a pensar Veja a ideia do bichano Conseguir para o seu amo A princesa e seu amor Veja este grande castelo Tão rico e belo, que ele conquistou28

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É perceptível o crescente aumento de interesse jornalístico pelas escolas de samba, em muito motivado pela meteórica ascensão dos desfiles cariocas. A segunda metade da década de 1960 é marcada por reportagens mais específicas e em diferentes períodos do ano. Tal fenômeno culmina na grande cobertura que os desfiles da cidade recebem durante as décadas de 1970 e 1980, como veremos a seguir. O crescimento motiva também o poder municipal a fixar e pagar, em 1967, subvenção para a realização dos desfiles das escolas de samba na cidade, algo, até então, incerto e intermitente29. Nem assim viveu-se um carnaval tranquilo na cidade. Os resultados, contestados publicamente por críticos, especialistas e sambistas das escolas derrotadas, não agradaram e sofreram numerosos recursos. O conturbado carnaval de 1967 só não seria pior do que o ano seguinte para o Combinado do Amor. Após problemas internos a agremiação passou pela Avenida apenas apresentando sua bandeira, sem alas, bateria ou samba30. Apesar de todos os problemas, o Combinado do Amor permaneceu no grupo de elite das escolas de samba de Niterói para o carnaval de 1969. A escola desfilou, apesar dos problemas referentes aos transportes que danificaram suas alegorias 31. O 21


enredo “Ouro Preto” foi elogiado pela crítica e o desfile, bastante animado e com boa bateria, foi apontado por especialistas como um dos melhores da noite32. No entanto, a escola alcançou apenas o 5° lugar geral após abertura dos envelopes.

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A década de 1970 Conduzindo seus ensaios por clubes da cidade, como o Figueira, o Combinado do Amor agitava as noites com seus ensaios. Logo no ano de 1970, a empolgação rendeu um novo segundo lugar aos sambistas da Azul e Branco, apenas um ponto atrás da campeoníssima Cubango33. Menos de um mês após o carnaval a agremiação realizava novos eventos, desta vez no Fonseca Atlético Clube. Revivendo o esplendor do último carnaval estiveram presentes alas completas, destaques, passistas e bateria no evento que ficou conhecido como “Noite do Samba”34. Sob a presidência de Domingos Silva, conhecido no meio do samba como Pururuca, o Combinado do Amor preparou para os desfiles de 1971 o enredo “Os grandes amores da história”, apontado pelos cronistas à época como o mais simpático do carnaval. Prejudicada pela grande distância entre a bateria e o carro de som, a agremiação valeu-se da grande alegria de seus desfilantes para obter o honroso terceiro lugar do primeiro grupo da cidade35. Animada mesmo foi a escolha de samba para o carnaval de 1972, no qual a agremiação do Caramujo apresentaria o enredo de 23


Marcos Reis e Nilson Feitosa: “Amada Bahia de Caymi a Amado”. O evento, realizado na Faculdade de Direito, sagrou campeã a composição de Pedro Silva, por seu amor ao falar da terra do Senhor do Bonfim: Nos seus filhos vamos falar Caymi, seu passado é triunfal Está gravado em placa de ouro No cenário nacional Receba esta homenagem Do Combinado do Amor Jorge amado e Caymi São dois nomes de valor36

Após

diversos

desentendimentos

dos

diretores

do

Combinado do Amor com dirigentes da Unidos da Mem de Sá, que resolveu também apresentar um enredo sobre Jorge Amado em 1972, as agremiações do primeiro grupo adentram a Avenida de desfiles. Fato é que, na visão dos jurados, a Mem de Sá apresentou

um

carnaval

superior,

conquistando

o

vice-

campeonato. À Combinado do Amor coube o sexto lugar, após problemas de evolução decorrentes do apertado tempo de 45 24


minutos para a apresentação de seus mais de 2000 figurantes. Vale comentar que o grande número de foliões era, também, fruto de enxertos de escolas cariocas (no caso específico, da caxiense Grande Rio), prática que se tornaria comum nas escolas de samba de Niterói nas décadas seguintes. O resultado não satisfatório e a proximidade de novas eleições motivaram a inscrição de quatro chapas no pleito para a eleição presidencial de abril de 197237. Eleito para o mandato inédito, Jorge Cuíca iniciou sua gestão de forma forte, promovendo os famosos e badalados sambões e outros eventos de maneira bastante recorrente38. O novo mandatário obteve sucesso rapidamente. No Carnaval do Quarto Centenário de Niterói, ou Carnaval Quatrocentão, como ficou popularmente conhecido o festejo de 1973, o Combinado do Amor apresentou o enredo “Exaltação à Niterói”, obtendo o vice-campeonato dentre as oito agremiações do Grupo 1. O bom resultado não veio livre de críticas: Apesar de ser apontada como uma das favoritas, a Combinado do Amor vem com um enredo fraco: Exaltação à Niterói. A escola onde se criou a sambista Paula, hoje do Salgueiro, faz um

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retrospecto histórico, mas sem novidades e muito chavão39.

Para o ano seguinte, os sambistas do Caramujo prepararam o enredo “Do lundu à tropicália”, uma viagem cronológica pelas manifestações musicais brasileiras. O enredo, apesar de possibilitar um animado desfile, rendeu apenas o quinto lugar para a agremiação. Infelizmente não houve registro sonoro do samba enredo da agremiação na gravação do primeiro disco das escolas de samba da cidade. Para 1975 houve pagamento de subvenção, por parte da Prefeitura de Niterói, no valor de Cr$15.000,00 40, o que possibilitou a execução do enredo “Reino musical de Villa Lobos”, desenvolvido por Marcos Reis e Professor Fernando Nascimento. A abordagem voltada ao folclore e aos sons brasileiros rendeu alegorias voltadas à fauna e à flora amazônicas, tema constante nas peças do compositor41. Ao mestre sala Otacílio e à porta bandeira Sônia uniram-se ritmistas, destaques e, sobretudo, D. Arminda, viúva de Villa Lobos. A homenagem rendeu novamente a quinta colocação aos sambistas do Caramujo, que se mantinham confortavelmente no grupo de elite, porém almejavam a conquista de novos títulos, que não vinham desde 1961.

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Em 1976, promovendo seus ensaios e eventos no Clube Marajoara, o combinado do Amor apresenta novamente um enredo biográfico de uma personalidade ligada à música: Ary Barroso. Apesar da empolgação dos 1500 desfilantes, da correção da bateria, considerada uma das melhores da cidade42, da presença de Paula, alas de capoeira e uma enorme águia em seu abre alas, o título não se concretizou43. A apresentação, apesar de bem avaliada pela crítica, garantiu ao Combinado do Amor apenas o meio da tabela e a permanência no grupo para o carnaval seguinte. O ano reservou ainda uma grata surpresa aos sambistas locais e foliões de toda a cidade. O “Caramujão”, sede própria da agremiação, foi inaugurado em setembro de 1976. Localizado na Rua Nilo Peçanha, número 948, nascia aquela que seria uma das maiores sensações do carnaval niteroiense por anos. Tais resultados mantiveram-se constantes até o fim da década. Em 1977, com o enredo “O samba roda, nas cantigas de roda” e em 1978, com o enredo “80 anos do cinema nacional”, a escola de samba do Caramujo garantiu duas quartas colocações. Em 1979, apresentou o enredo “Maeh Vera Guaçu”, de Marcos Reis e Carlos Ribeiro. Importante destacar a vitória nas eliminatórias de samba da compositora Maria José da Rosa Xavier, primeira mulher a vencer uma disputa de samba na agremiação. 27


Seu samba para o carnaval de 1979 seria a primeira participação do Combinado do Amor nas gravações oficiais dos sambas enredo da cidade. A faixa, interpretada por Edinho, compôs o lado A do segundo disco gravado pelas escolas de samba de Niterói. O desfile, sobre a lenda da formação das Cataratas do Iguaçu, apresentou uma enorme serpente, carregada por 14 homens e três alegorias, denominadas: “Meio Ambiente”, “Fuga” e “As Cataratas”44. Apesar do bom gosto e da excelente performance dos ritmistas, o Combinado do Amor encerrou os anos 1970 com um novo quinto lugar em seu currículo.

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A década de 1980 Os anos de 1980 foram marcados pelo apogeu da folia niteroiense. Os grandiosos desfiles, transmissões ao vivo em televisão aberta, ampla cobertura da imprensa, construção do primeiro sambódromo do país e discografia mais consistente são alguns dos indicadores de qualidade dos desfiles das escolas de samba realizados na primeira metade da década. O Combinado do Amor, no entanto, não se apresentou bem em 1980. Com um enredo sobre o carnaval, desenvolvido por Marcílio Pinto, a escola apresentou-se de maneira inconsistente. Apesar do desfile aquém das possibilidades dos sambistas do Caramujo, a escola obteve o quarto lugar. No entanto, a política interna mostrou-se instável após o carnaval de 1980. Uma junta interna assumiu interinamente a presidência e direção do Combinado do Amor. Lilico, o presidente afastado, e a agremiação envolvem-se em questões políticas em relação à compra do terreno onde foi erguido o “Caramujão”, ainda em nome do dirigente. Após o impasse, o amor acaba falando mais alto: a quadra continuou com a escola e uma grande

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reforma teve início. À época, o “Caramujão” era palco de grandes shows, atrações, festas, ensaios e grandes eventos. Apesar das reformas e adequações na direção, os sambistas do Caramujo, ainda que com uma empolgante apresentação, amargam novamente o meio de tabela em 1981, com o enredo “Danças e folguedos”, na estreia do sambódromo da cidade, denominado Sambópolis. Com dois mil e trezentos figurantes, divididos em trinta alas, a escola de samba Combinado do Amor, uma das mais antigas e maiores escolas de Niterói, chegou na Avenida mostrando danças folclóricas brasileiras, como maracatu e bumba-meu-boi. Tendo tradição na Cidade Sorriso, Combinados do Amor animou o público com seu samba enredo “Danças e folguedos”, de Agenor Madureira. A turma da capoeira deu um “show” fazendo com que o público se levantasse e aplaudisse de pé. Seu desfile foi realmente um combinado de amor45.

Com uma homenagem a Ataulfo Alves, a escola pretendia para o carnaval de 1982 um grandioso desfile. O enredo “Ai que saudades da Amélia”, de Floriano de Carvalho, garantiu o quinto 30


lugar para a escola de samba do Caramujo, que se apresentou com cerca de 3000 figurantes e 200 ritmistas. A colocação foi contestada pela diretoria da agremiação, à exemplo de diversas outras agremiações, no entanto, sem sucesso. As alegorias, confeccionadas no barracão localizado no Colégio Henrique Lage, no Barreto, foram desenvolvidas por Carlos Alberto da Costa e representavam, cronologicamente, a boate Casa Blanca, Mulata Assanhada e o Bonde São Januário, além, é claro, do abre alas com a grandiosa águia altaneira. O carro do bonde apresentava 33 composições que acenavam para o público e foi a única alegoria motorizada a atravessar o sambódromo em 1982, tendo sido construído sobre um chassi de caminhão FIAT46. O curioso enredo escolhido pela agremiação para o carnaval de 1983, “História dos grandes amores”, de Marcos Reis, assemelha-se em muito ao tema apresentado em 1966 pelo Acadêmicos do Salgueiro nos desfiles do Rio de Janeiro: “Amores célebres do Brasil”, de Clóvis Bornay. Foram lembrados, em ambos os enredos, os amores de Caramuru e Paraguaçu, d. Pedro I e Domitila de Castro, a marquesa de Santos e Castro Alves e Eugênia Câmara. Em contrapartida, mostrava-se presente apenas no enredo da azul e branco a história de amor de Lampião e Maria Bonita. 31


A apresentação animada dos 1800 desfilantes rende apenas um oitavo lugar ao Combinado do Amor, revelando-se urgente uma renovação em busca de resultados de destaque. Inspirando-se no livro de José C. de Carvalho, “O Coronel e o Lobisomem”, os sambistas do Combinado do Amor apresentaram o enredo “Memórias Póstumas de Ponciano Barbaça”, de Paulo César Cardoso, para o desfile de 198447. Os 2200 componentes cruzaram a avenida e obtiveram o honroso terceiro lugar para o Caramujo. Apesar da aparente melhora, a agremiação encontrava-se mergulhada em dívidas e, neste mesmo ano, acaba impedida de realizar seus eventos no espaço denominado “Caramujão”, retornando seus ensaios e eventos aos clubes da região. Infelizmente, o início do declínio do carnaval da cidade aconteceria paralelamente ao declínio da agremiação. O terceiro lugar de 1984 demoraria mais de três décadas para ser igualado e, até os dias de hoje, ainda não foi superado. Em 1985, sob a presidência de José Augusto Cardoso Marques, obteve o quinto lugar. Apresentou o enredo “Alto lá! Esta terra tem dono!”, uma homenagem ao cacique guarani Sepê Tiaraju48. Os 3000 componentes e as 4 alegorias, ao som dos 150 ritmistas da bateria nota 10 de Mestre Suing, animaram o público 32


nas arquibancadas, apesar do resultado, novamente, de meio de tabela. Para 1986 o Combinado do Amor apresentou o enredo “Dança das horas”, tendo sido seu samba elogiado pela crítica. O tema de Evans Brito empolgou os 1800 figurantes e o público, mas não os jurados. Com notas 10,0 em apenas um módulo dos quesitos alegorias e adereços e cronometragem e nos dois módulos de bateria, a agremiação encerrou a apuração na quarta colocação, melhorando seu último resultado, mas ainda sem grande expressividade. Após pedir licença dos desfiles de 1987, o Combinado do Amor foi rebaixado para o grupo de acesso em 1988. Apresentou, então, o enredo “A arca de Vinícius", em homenagem a Vinícius de Moraes. Sob a presidência de Wilson Pessanha, os sambistas caramujenses sagraram-se campeões do segundo grupo em 1988, obtendo o direito de retornar à elite carnavalesca niteroiense em 1989. Fato que ainda esperaria um ano para concretizar-se. Ainda com problemas internos, o Combinado do Amor não se apresentou no carnaval de 1989, no entanto, dessa vez, sem rebaixamento, permanecendo no grupo especial para o ano seguinte. 33


A década de 1990 Após três longos anos afastada da elite do carnaval da cidade, o Combinado do Amor enfim retornou a seu lugar de origem em 1990, com o enredo “Negro, a sua cultura é sua libertação”, demonstrando que: A luta da raça negra para manter e desenvolver a sua cultura originada na África e introduzida pelos negros a partir da sua chegada ao Brasil, que deu todo o colorido, o ritmo e a graça mestiça do nosso povo49.

A forte chuva que assolava a Avenida Plínio Leite, local dos desfiles de 1990, não foi suficiente para impedir a empolgação dos desfilantes caramujenses e do público presente. A tradicional águia esteve por mais um ano presente no abre alas, que rasgou a passarela à frente dos 1500 figurantes da agremiação. Originária

do

bairro

do

Caramujo,

a

Combinados do Amor atrai várias pessoas da Zona Sul, que há vários anos desfilam pela 34


escola. Este ano, cerca de 30 pessoas, frequentadoras do restaurante Steak House, entre elas jornalistas e intelectuais de Niterói, que saíram na avenida fantasiados de escravos50.

O resultado, no meio de tabela, garantiu a permanência da agremiação na elite niteroiense para o ano seguinte. Em 1991, os sambistas da azul e branco apresentaram o enredo “Quem é bom nasce feito!”. Os 1200 componentes pisaram o asfalto da Avenida Cem às 4 horas da manhã, apresentando o enredo que reunia figuras marcantes como Fernanda Montenegro, Portinari, Jorge amado, Chico Buarque, Chico Mendes, Ana Botafogo, Pelé e Joãosinho 3051. Apesar da característica animação da folia niteroiense, mostrava-se já perceptível a perda de qualidade dos desfiles das escolas de samba. As apresentações, desde a saída de Viradouro e Cubango após o carnaval de 1985, sofreram um grande baque. O poder público, a cada ano, diminuía ainda mais os recursos e a estrutura para a realização das festas. Apesar das promessas de construção de uma passarela definitiva52, o projeto nunca saiu do papel. A imprensa dedicava-se mais à cobertura dos sucessos de Viradouro e Cubango no carnaval carioca, deixando cada vez mais a folia niteroiense de lado. Tal desinteresse reflete-se nos dias 35


atuais na falta de dados concretos acerca dos resultados dos desfiles do início da década de 1990. Em diversos anos, por exemplo, apenas a campeã ou as três primeiras colocadas são conhecidas. O que se sabe é que em 1991 o Combinado do Amor não obteve o título, no entanto manteve-se no grupo especial para o ano seguinte. Em 1992 apresentou o enredo “MPB4 - Arte e Resistência”, sobre a história política e cultural da música popular brasileira, novamente mantendo-se no primeiro grupo, após obter o sexto lugar. No entanto, em 1993 um resultado não esperado se abateria sobre os sambistas do Caramujo. O oitavo lugar traria novamente o pesadelo do fim dos anos 80: o rebaixamento para o Grupo II. Tentando retornar à elite, o Combinado do Amor apresentou em 1994 o enredo “Das cores do amor, do Sol e da Chuva”, também chamado de “Da escuridão ao arco íris”. Ainda mantendo, oficialmente, sua quadra na Rua Nilo Peçanha 948 53, a escola promovia ensaios bastante animados e bem frequentados. Foi a segunda escola a adentrar a passarela da Avenida Amaral Peixoto e, apesar da satisfatória apresentação, amargou a terceira colocação, atrás da grande campeã Vai Quem Quer.

36


A grande redenção caramujense viria em 1995. Com o enredo “Uma festa para um herói negro”, dos carnavalescos Carlinhos e Paulo Tauai, a azul e branco faturou o primeiro lugar do Grupo II. Cruzou a avenida com apenas 750 componentes e 90 ritmistas. Destaque para a presença de Lena Alves no departamento musical da agremiação, figura marcante do carnaval da cidade, hoje intérprete de apoio da Acadêmicos do Cubango. A drástica redução de desfilantes e foliões na cidade refletiuse também no público presente: Sem dúvida a melhor escola a se apresentar na Amaral Peixoto, a Combinado do Amor só não desfilou o seu enredo Uma festa negra para um herói negro para as pilastras e prédios porque muitos barraqueiros ainda não haviam encerrado as suas atividades. Faltavam 10 minutos para as 4 horas quando a sirene tocou marcando o início da contagem do tempo de apresentação e grande parte do espaço da plateia já estava praticamente vazio54.

O desfile, elogiado pela crítica por sua beleza, obteve o título no detalhe: o Combinado do amor foi uma das duas únicas agremiações a não perder pontos de obrigatoriedade55. 37


No entanto, a alegria não reinaria no Caramujo por muito tempo. Apesar de escolhido para 1996, o enredo “O circo através dos tempos” não cruzaria a passarela. A queda de qualidade dos desfiles, a baixa procura popular, a hegemonia do Camisolão (escola de São Gonçalo que se apresentava em Niterói) e a migração do Acadêmicos do Sossego para o carnaval carioca, marcaram de maneira definitiva o encerramento dos desfiles na cidade, iniciando um hiato que duraria longos e penosos anos.

38


A revitalização - Anos 2010 Rompendo o milênio sem desfiles, quadra, barracão ou local para realizar seus ensaios, o Combinado do Amor manteve timidamente suas atividades. Em 2001, a diretoria capitaneada por Laura Beatriz Carvalho realizou espaçados eventos, sem nunca reencontrar o glamour de outrora56. Nessa mesma época o poder público demonstrava ser favorável à retomada dos desfiles, promovendo conversas e aproximações com a Associação das Escolas de Samba e Blocos de Niterói, representada por Joaquim Freire57. No entanto, o projeto sairia do papel somente anos depois, sem a participação do Combinado do Amor, que havia encerrado suas atividades. Após a revitalização dos desfiles, no ano de 2006, foram realizados sete carnavais sem os sambistas do Caramujo na passarela. O cenário mudou para o carnaval de 2013, quando o Combinado do Amor retornou ao cenário carnavalesco e desenrolou sua bandeira para concorrer no Grupo de Avaliação. O primeiro desfile é avaliado positivamente e a agremiação ascende ao Grupo Especial de Enredo, espécie de terceiro grupo do carnaval à época. Para o ano seguinte um grandioso enredo é 39


desenvolvido pelo Professor Carlos Mariano, versando sobre os 78 anos de história e luta da escola. Apesar do bom desfile, o Combinado do Amor terminou a apuração em segundo lugar, dois pontos atrás do Galo de Ouro. No ano seguinte, 2015, o tão esperado título é alcançado. Com um enredo de Júnior Bombom sobre o circo, os sambistas do Caramujo enfim relembraram o sabor da vitória. As comemorações não se encerraram por aí. Em 2016, abrindo o Grupo de Acesso com um enredo de Índio Garcia sobre Clara Nunes, a escola sagra-se campeã e, com mais de 20 anos de atraso retornaria ao Grupo Especial da cidade de Niterói. Os anos seguiram-se com enredos voltados à negritude (2017 e 2018) que renderam boas colocações na elite do carnaval. No entanto, em 2019, após um conturbado e problemático desfile sobre o cientista Vital Brazil, o Combinado do Amor é novamente rebaixado. De volta ao Grupo de Acesso, apresenta-se em 2020 com um enredo sobre feiras livres. Com uma nova diretoria e com diversos segmentos modificados, a escola faz um bom desfile, obtendo o vice-campeonato e subindo de grupo. Ainda que em 2021, em razão da pandemia, o Combinado do Amor não tenha ganhado a Rua da Conceição e exibido o mais 40


puro carnaval do povo do Caramujo, essa hora há de chegar. Quem for sambista, folião ou mero espectador, estará nas pistas, nas arquibancadas ou no alto das alegorias. Sambando ou aplaudindo. Cantando ou batucando. Reverenciando a história da mais antiga e tradicional escola de samba de Niterói: O Grêmio Recreativo Escola de Samba Combinado do Amor. O Caramujo em azul e branco. “Eu sou Combinado, eu sou Combinado Não adianta esse papo furado”

41


Resultados e Enredos

Década de 1940 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1946

-

Único

-

1947

-

Único

Boa Noite

1948

-

Único

Brasil, seus vultos e suas produções

1949

2° lugar

Único

-

42


Resultados e Enredos

Década de 1950 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1950

2° lugar

Único

-

1952

Sem classificação

Grupo 1 – RJ

Marinha do Brasil

1953

2° lugar

Especial

-

1954

1° lugar

Especial

-

1955

1° lugar

Especial

-

1956

2° lugar

Especial

Deus Marte

1957

2° lugar

Especial

-

1958

4° lugar

Especial

-

1959

2° lugar

Especial

-

43


Resultados e Enredos

Década de 1960 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1960

3° lugar

Especial

-

1961

1° lugar

Especial Samba em Brasília Numa noite de estrelas

1962

3° lugar

Especial

Último baile na Corte imperial

1963

3° lugar

Especial

-

1964

3° lugar

Especial

Holandeses no Brasil

1965

Desclassificada

Especial

O Gato de Botas

1966

4° lugar

Especial

Santos Dumont

1967

5° lugar

Especial

Reinado da Flor

1968

Não desfilou

1969

5° lugar

Especial

Ouro Preto

44


Resultados e Enredos

Década de 1970 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1970

2° lugar

Especial

-

1971

3° lugar

Especial

Os grandes amores da história

1972

6° lugar

Especial

Amada Bahia de Caymi a Amado

1973

2° lugar

Especial

Exaltação à Niterói

1974

5° lugar

Especial

Do lundu à Tropicália

1975

5° lugar

Especial

Reino musical de Villa Lobos

1976

5° lugar

Especial

Ary Barroso, Glória da Música Brasileira

1977

4° lugar

Especial

O samba roda, nas cantigas de roda

1978

4° lugar

Especial

80 anos do Cinema Nacional

1979

5° lugar

Especial

Maeh Vera Guaçu 45


Resultados e Enredos Década de 1980 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1980

4° lugar

Especial

Carnaval: O maior espetáculo da Terra

1981

5° lugar

Especial

Danças e folguedos

1982

5° lugar

Especial

Ai que saudades da Amélia

1983

8° lugar

Especial

Histórias dos Grandes Amores

1984

3° lugar

Especial

Memórias de Ponciano Barbaça

1985

5° lugar

Especial

Alto lá! Esta terra tem dono!

1986

4° lugar

Especial

Dança das horas

1987

Não desfilou

Especial

-

1988

1° lugar

Acesso

A arca de Vinícius

1989

Não desfilou

Especial

-

46


Resultados e Enredos

Década de 1990 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

1990

-

Especial

Negro: A sua cultura é sua libertação!

1991

-

Especial

Quem é bom nasce feito!

1992

6° lugar

Especial

MPB4 - Arte e resistência

1993

8° lugar

Especial

-

1994

3° lugar

Acesso

Das cores do amor, do Sol e da chuva

1995

1° lugar

Acesso

Uma festa negra para um herói negro

1996

Não houve desfile

Especial

O circo através dos tempos

47


Resultados e Enredos Década de 2010 Ano

Colocação

Grupo

Enredo

2013

Aprovada

Avaliação

-

2014

2° lugar

Grupo de Enredo

Combinado do Amor: 78 anos de história e tradição no Caramujo negro

2015

1° lugar

Grupo de Enredo

Do fogo do amanhecer de um novo dia, com muito amor e gentileza o Combinado traz o circo para a Rua

2016

1° lugar

Acesso

Clara Nunes: A tal mineira!

2017

3° lugar

Especial

Ubuntu

2018

5° lugar

Especial

Da África à negra Bahia ecoam os tambores: raça, fé, cultura e sabores

2019

9° lugar

Especial

Vital: O cientista do Brasil

2020

2° lugar

Acesso

O Combinado é a feira na avenida

2021

Não houve desfile

-

-

48


Estatísticas

Título

Recorrência

Anos

Campeã do Grupo Especial de Niterói

3

1954, 1955 e 1961

Vice-campeã do Grupo Especial de Niterói

8

1949, 1950, 1953, 1956, 1957, 1959, 1970 e 1973

Terceiro lugar no Grupo Especial de Niterói

6

1960, 1963, 1964, 1971, 1984 e 2017

Campeã do Grupo de Acesso de Niterói

3

1988, 1995 e 2016

Rebaixamentos ao Grupo de Acesso de Niterói

3

1987, 1993 e 2019

49


Referências 1. PORTO, Carla Lisboa. Ismael Silva: uma memória feita de fragmentos e silêncios. Patrimônio e Memória, v. 3, n. 2, p. 171-186, 2007. 2. BRUNO, Leonardo; MELO, Gustavo. Há 80 anos, acontecia o primeiro desfile de escolas de samba. Extra, 13 jan. 2012. Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/carnaval/80-anos-de-desfile/ha-80-anosacontecia-primeiro-desfile-de-escolas-de-samba-3652174.Acesso em: 21 jul. 2021. 3. SINOPSE do GRES Acadêmicos do Beltrão: Carnaval 1972. Niterói, 1971. 4. CARNAVAL: Em Nictheroy. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, p. 5, 21 fev. 1939. 5. ESCOLAS de Samba. O Fluminense, Niterói, p. 1, 12 fev. 1942. 6. ENCERROU-SE hontem officialmente, a XIII Feira Internacional de Amostras. O Radical, Rio de Janeiro, p. 5, 1 jan. 1941. 7. ESCOLA de Samba Combinado do Amor. O Fluminense, Niterói, p. 1, 22 jan. 1947. 8. CHACON, Beatriz. Desfile das escolas de samba e blocos 75. 5. ed. Niterói: BECA

Publicações,

1975.

Disponível

em:

https://issuu.com/alexandremedeiros5/docs/digitalizar0003. Acesso em: 21 jul. 2021. 9.CHACON, Beatriz. Desfile das escolas de samba e blocos 75. 5. ed. Niterói: BECA

Publicações,

1975.

Disponível

em:

https://issuu.com/alexandremedeiros5/docs/digitalizar0003. Acesso em: 21 jul. 2021. 50


10. CHACON, Beatriz. Desfile das escolas de samba e blocos 75. 5. ed. Niterói: BECA

Publicações,

1975.

Disponível

em:

https://issuu.com/alexandremedeiros5/docs/digitalizar0003. Acesso em: 21 jul. 2021. 11. MOMO vem aí: Combinado do Amor. O Fluminense, Niterói, p. 1, 9 jan. 1947. 12. A CIDADE se diverte: Fundada na vizinha capital fluminense a União das Escolas de Samba de Niterói. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, p. 12, 14 jan. 1948. 13. BEM animado o carnaval de Niterói: Desfilaram as escolas de samba. Diário da Noite, Rio de Janeiro, p. 3, 11 fev. 1948. 14. CARNAVAL em Niterói. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, p. 10, 3 mar. 1949. 15. O CARNAVAL em Niterói. Carioca, Rio de Janeiro, p. 16-17, 2 mar. 1950. 16. RIOTUR (RJ). Memória do carnaval. Rio de Janeiro: Oficina do Livro, 1991. 407 p. v. 1. ISBN 85-85386-01-0, p. 203. 17. RIOTUR (RJ). Memória do carnaval. Rio de Janeiro: Oficina do Livro, 1991. 407 p. v. 1. ISBN 85-85386-01-0, p. 204. 18. RIOTUR (RJ). Memória do carnaval. Rio de Janeiro: Oficina do Livro, 1991. 407 p. v. 1. ISBN 85-85386-01-0, p. 205. 19.CARNAVAL em Niterói: A parada das escolas de samba. A Noite, Rio de Janeiro, p. 17, 15 fev. 1956. 20. MONUMENTAL o desfile carnavalesco do Domingo de Páscoa: As sociedades inscritas - Em exposição, têrça-feira, as taças para os vencedores. O Fluminense, Niterói, p. 1, 22 mar. 1956. 21. APENAS quatro escolas no desfile de domingo gordo. Diário da Noite, Rio de Janeiro, p. 2, 15 fev. 1958. 51


22. APONTADOS os vencedores do carnaval de Niterói. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 1, 14 fev. 1959. 23. ESCOLAS de samba vão desfilar novamente no sábado de aleluia: Escolas de samba - Impasse. Última Hora, Rio de Janeiro, p. 5, 8 mar. 1960. 24. CARNAVAL mesmo com chuvas foi animado em Niterói, mas Barreto perdeu para Centro. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 8, 16 fev. 1961. 25. COMBINADOS do Amor venceu o desfile das escolas de samba. A Noite, Rio de Janeiro, p. 14, 18 fev. 1961. 26. ATENÇÃO: Inédito em Teresópolis. Última Hora, Rio de Janeiro, p. 26, 30 mar. 1961. 27. PAULA do Salgueiro vem com a escola este ano. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 9, 12 fev. 1962. 28. GATO de Botas no Combinado do Amor. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 6, 26 fev. 1965. 29. NITERÓI pagou subvenções ontem. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 10, 19 jan. 1967. 30. IMPÉRIO do Estado será 1 a pisar o asfalto da avenida. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 1, 26 jan. 1968. 31. RESULTADOS dos desfiles vão ser conhecidos hoje à tarde. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 5, 20 fev. 1969. 32. RESULTADOS dos desfiles vão ser conhecidos hoje à tarde. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 5, 20 fev. 1969. 33. RESULTADO do desfile não agradou: Protesto é geral. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 3, 13 fev. 1970. 34. ZONA Norte: Notas e murmúrios. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 2, 6 mar. 1970.

52


35. ESCOLAS de Samba: Combinado do Amor. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 6, 25 fev. 1971. 36. REVISTA Desfile das escolas de samba e blocos: Carnaval de Niterói 1972. Niterói:, ano 2, v. 2, 1972. 37. ZONA Norte: Notas e murmúrios. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 10, 27 abr. 1972. 38. ZONA Norte: Notas e murmúrios. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 10, 27 abr. 1972. 39. CAÇADORES da Vila abrem desfile em Niterói com tema "Lenda de Itapuca". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 55, 4 mar. 1973. 40. ESCOLAS têm verba para o carnaval. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 66, 22 dez. 1974. 41. CHACON, Beatriz. Desfile das escolas de samba e blocos 75. 5. ed. Niterói: BECA

Publicações,

1975.

Disponível

em:

https://issuu.com/alexandremedeiros5/docs/digitalizar0003. Acesso em: 21 jul. 2021. 42. CANTE com as escolas esta noite. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 15, 1 mar. 1976. 43. O MELHOR do carnaval no desfile das escolas: Combinados do Amor. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 5, 4 mar. 1976. 44. RODRIGUES, Nelva; ÁLVARES, Nasta; BARCELOS, Carlos. Cubango garantiu o pentacampeonato. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 3, 28 fev. 1979. 45. MOREIRA foi vaiado em Niterói: Combinados do Amor. A luta democrática, Rio de Janeiro, p. 8, 5 mar. 1981. 46. UNIÃO da Ilha surpreende e pode ganhar: Homenagem a Ataulfo Alves. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 4, 24 fev. 1982.

53


47. REVISTA Desfile das escolas de samba e blocos: Carnaval de Niterói 1984. Niterói:, ano 14, v. 14, 1984. 48. REVISTA Desfile das escolas de samba e blocos: Carnaval de Niterói 1985. Niterói: ano 15, v. 15, 1985. 49. REVISTA Desfile das escolas de samba e blocos: Carnaval de Niterói 1990. Niterói: ano 20, v. 20, 1990. 50. ACADÊMICOS do Sossego volta forte e com garra: Souza Soares já canta bicampeonato. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 4, 28 fev. 1990. 51. NITERÓI conhece nesta quinta a campeã de 91. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 3, 13 fev. 1991. 52. VIRADOURO encerrou carnaval de Niterói. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 3, 14 fev. 1991. 53. A FESTA já vai começar. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 97, 6 fev. 1994. 54. BOATO tumultua desfile em Niterói: Combinado do Amor. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 5, 1 mar. 1995. 55. CAMISOLÃO é a campeã do desfile de Niterói. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 6, 3 mar. 1995. 56. NO PÉ. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 8, 29 set. 2001. 57. CARNAVAL de rua: Programa pretende resgatar desfiles das escolas de samba na avenida Amaral Peixoto, no Centro. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 9, 28 jun. 2001.

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