[GRUPO 10] Startups e Pensamento Lean

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Artigo submetido à professora Juliana Noronha, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Empreendedorismo e micro e pequenas empresas - MPEs - do curso de graduação em Administração da Universidade Federal de Itajubá.


3 RESUMO

O objetivo deste trabalho é trazer uma definição mais detalhada de startups e do pensamento lean. O tema foi abordado conceituando startups: novas organizações criadas por empreendedores para lançar novos produtos ou serviços sob condição de extrema incerteza; e o pensamento lean: baseado na experimentação ao invés do planejamento detalhado, focando no feedback do mercado e adaptando o produto oferecido às demandas dele. A partir desses conteúdos, o artigo apresentou estatísticas do perfil do empreendedor brasileiro em startups, apontando uma iniciativa do Governo Federal: o programa Startup Brasil; e a Associação Brasileira de Startups. Ao fim deste, apresentou exemplos de cases de startups que foram bem sucedidas, mostrando que o modelo é realmente aplicável e pode levar um empreendimento ao sucesso. Palavras-chave: Startups, pensamento lean, empreendimento.


4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO

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2. O QUE É UMA STARTUP?

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3. O MOVIMENTO LEAN E AS STARTUPS

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4. CENÁRIO DAS STARTUPS NO BRASIL

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4.1 Programa Startup Brasil

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4.2 Associação Brasileira de Startups

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4.3 PitchBox

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5. CASES DE STARTUPS

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5.1 Peixe Urbano

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5.2 IMVU

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6. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

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5 1. INTRODUÇÃO Segundo Eric Ries (2012), “o conceito de Startup enxuta originou do Sistema

Toyota de Produção. É a aplicação do pensamento enxuto na inovação. Para aplicar uma startup é preciso ter uma visão, uma estratégia e um produto”. Startups são novas organizações criadas por empreendedores para lançar novos produtos ou serviços. O Pensamento Lean se baseia na experimentação ao invés do planejamento detalhado; dá mais atenção ao feedback do cliente do que à intuição do time administrativo; e foca-se em um design interativo e personalizado ao invés do modelo tradicional. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é trazer uma definição mais detalhada de startups e do pensamento lean, assim como apresentar o cenário brasileiro em relação ao mercado de startups e cases de sucessos nacionais e internacionais. Para tanto, o tema foi abordado inicialmente com breves considerações acerca do conceito de startup e do Pensamento Lean, com definições detalhadas com infográficos e o modelo de negócios, Canvas. Posteriormente, foram apresentadas estatísticas do perfil do empreendedor brasileiro em startups, uma iniciativa do Governo Federal, como o Programa Startup Brasil e a Associação Brasileira de Startups. Ao final deste, apresentou-se exemplos de cases de startups nacionais e internacionais que foram bem sucedidas, apontando a aplicabilidade deste modelo que pode levar a empreendimentos de sucesso 2. O QUE É UMA STARTUP? A startup nasceu de um processo que aconteceu no Japão: O sistema de produção Toyota. Ao aplicar as ideias da administração Japonesa- sistema de manufatura enxuta- nos processos empresariais, com alguns pequenos ajustes e mudanças, surgiu o conceito de startup enxuta: A aplicação do pensamento enxuto na inovação. Para aplicar uma startup é preciso ter uma visão, uma estratégia e um produto. Esses apresentam níveis de flexibilidade como mostra a figura a seguir:


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Assim, startups são novas organizações criadas por empreendedores para lançar novos produtos ou serviços sob condição de extrema incerteza. Dessa forma, já que estão sob condição de incerteza, as ferramentas metodológicas gerenciais (planos de negócios; processos de desenvolvimento de produtos; previsões) não se aplicam. Então, os empresários de startups devem contar com três técnicas para o gerenciamento da incerteza: a experimentação, a encenação, e a mudança de risco com os parceiros. Isso funciona da seguinte maneira: o empresário traduz o seu negócio e testa as hipóteses usando uma série de variáveis mínimas do produto (MVP). Após a primeira experimentação, o empreendedor deve decidir a possibilidade de preservar ou não o seu modelo de negócio através do feedback. Se a decisão for por não preservar, ele deve utilizar de novo das MVPs até conseguir chegar a um produto final válido. Esse processo descrito se chama empreendedorismo hipótese, que orienta e ajuda o empresário a reduzir os maiores riscos de uma startup. O modelo de negócio de uma startup sempre será embasado em determinadas hipóteses, que são previsões de resultados esperados. Para validar cada uma das hipóteses, é preciso elaborar e executar testes empíricos que mostrarão se os esforços da startup estão sendo empregados no sentido de construir um negocio viável ou não. As duas principais hipóteses que devem ser testadas o mais cedo possível estão relacionadas à proposta de valor e ao modelo de crescimento do negócio. Todavia, quaisquer outras premissas criticam do negocio devem ser testadas e validadas. Partindo desses conceitos, o objetivo de uma startup é descobrir o quanto antes o que os consumidores querem e estão dispostos a comprar. E depois, oferecer uma solução que entregue esse valor. Já em um estágio inicial, o foco de uma startup não é crescer, é aprender a construir um negócio sustentável.


7 Startups são criadas por empreendedores e, hoje existem mais empreendedores

no mundo do que em qualquer outra época. De acordo com Ricardo Sazima, A startup enxuta, apoiada na sabedoria de muita experiência acumulada e a experimentação no mundo real, vêm pra trazer um pouco da ciência ao que antes era pura arte e, utilizada em conjunto com outras metodologias e técnicas (Business Model Convas, Customer Development, metodologias ágeis e implantação contínua), certamente irá reduzir o desperdício de talento e maximizar as chances de sucesso de nossos empreendedores atuais.

Logo, o conceito básico por trás do empreendedorismo dirigido por hipóteses foi praticado em empreendimentos bem administrados por décadas. Da mesma forma, os profissionais de desenvolvimento de produtos há muito tempo reconheceram o valor de pequenos lotes e ciclos de feedback rápido, e praticantes de projeto pensamento têm demonstrado o poder da prototipagem rápida. A abordagem da startup enxuta se constrói sobre essas ideias. No entanto, vai muito além. 3. O MOVIMENTO LEAN E AS STARTUPS De acordo com a fórmula de negócios que vem sendo usada nas últimas décadas, para dar início a um empreendimento é preciso definir um plano de negócios, apresentá-lo para os investidores, lançar o produto e a partir daí o focar-se em vender o máximo possível. É evidente que a probabilidade desse novo empreendimento ser rejeitado pelo mercado é muito grande, já que o empreendedor não levou em conta a opinião dos clientes ao desenvolver seu produto. O que ainda não era claro para os empreendedores era a solução para esse problema. Entretanto, hoje temos o pensamento Lean, que se baseia na experimentação ao invés do planejamento detalhado; dá mais atenção ao feedback do cliente e do que à intuição do time administrativo; e foca-se em um design iterativo e personalizado (emergent design) ao invés do modelo tradicional (big design up front). Apesar dessa metodologia ser muito recente, ela vem ganhando espaço no mundo das startups, tornando o processo de começar um empreendimento mais dinâmico e menos vulnerável a fechamentos precoces. - Big Design Up Front X Emergent Design O Big Design Up Front se caracteriza por definir e finalizar todos os aspectos do


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produto antes de lançá-lo no mercado. Não há possibilidade de grandes alterações ou adaptações no produto e funciona na base do tudo ou nada: ou o produto é bem aceito pelo mercado e é vendido intensamente, trazendo lucro para a empresa; ou o produto é um fracasso total e não há nada que a empresa possa fazer sobre o assunto. Já o Emergent Design é totalmente o oposto: o produto começa a ser desenvolvido a partir de ideias e hipóteses, e estas são adaptadas conforme a reação do mercado em relação ao modelo de produto. O modelo é pensado e repensado inúmeras vezes, e o empreendedor tem maior liberdade para inovar seu produto a todo momento, diferentemente da metodologia BDUF, que lança o produto no mercado sem ter ideia do que o cliente acha dele. É por isso que o Emergent Design chamou a atenção de empreendedores e vem se destacando quando o assunto é startups: ela proporciona ao empreendedor a possibilidade de falhar e aprender rapidamente, corrigindo os erros através da adaptação do seu produto às demandas do mercado. - Como organizar tantas mudanças e hipóteses? Perguntas que surgem quando a corrente Lean é usada são: como mapear o meu negócio? Como organizar as inúmeras hipóteses e compará-las? Qual seria a combinação de variáveis que tornaria meu negócio mais produtivo? No meio de tantas mudanças acontecendo tão rapidamente, há o risco do administrador se perder. Para que isso seja evitado, empreendedores vem utilizando o Modelo de Negócios Canvas. Divido em nove blocos, sendo eles: parcerias chave, atividades chave, recursos chave, proposta de valor, relações com clientes, canais, segmentos de mercado, estrutura de custos e fontes de renda, o Canvas ajuda o empreendedor a mapear, discutir e inventar novos modelos de negócios a partir das inúmeras hipóteses e possibilidades que aparecem para ele, sejam elas demandadas explicitamente pelo mercado, sejam elas oportunidades nas quais o empreendedor está disposto a investir. Com esse modelo, é possível combinar diferentes tipos de parcerias com propostas de valor, mantendo os outros blocos intactos. Ou então alterar as fontes de renda, a proposta de valor e ver como isso funcionaria. As possibilidades são incontáveis, e esse modelo tem como função não deixar que o empreendedor se perca em suas ideias. Além de organizado, o Canvas é também muito visual e auto explicativo, tornando o seu uso muito simples e dinâmico:


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10 - Por quê o modelo convencional vem perdendo espaço? Com o boom da internet e com o mercado tornando-se cada vez mais dinâmico,

as demandas por produtos têm se alterado em uma velocidade incrível, clientes querem sempre o mais novo, o diferente e o inovador. Essa velocidade e dinamismo tornaram o modelo convencional de abertura de negócios quase que obsoleto. Afinal, ele se baseia na criação de um plano de negócios estático, que envolve previsões de lucro, receita e mercado para os próximos cinco anos – o que hoje em dia é quase impossível de se fazer, já que o mercado sofre oscilações constantemente. Ou seja, tentar prever o que será demandado daqui a cinco anos é uma grande perda de tempo e recursos. Por isso, temos que ter em mente que um plano de negócios raramente sobrevive ao seu primeiro contato com o cliente. Sendo assim, o empreendedor precisa ser livre para fazer as alterações necessárias em seu modelo de negócios e também em seu produto. O maior problema do modelo convencional é o estabelecimento e a definição do produto ou serviço a ser oferecido ao mercado sem levar em conta a opinião de seu público alvo. A primeira coisa a ser mudada, é isso: deve-se ouvir o cliente, desenvolver ideias de acordo com suas necessidades e a partir disso criar um produto mínimo viável. Depois, esse produto deve ser testado com possíveis compradores, e então readaptado conforme o que eles demandarem. E isso não deve acontecer apenas uma ou duas vezes. Esse processo de falhas, aprendizagem e reestruturação do produto é um ciclo, o produto é criado com o cliente, e não apenas para o cliente. O produto mínimo viável deve ser planejado e reajustado várias vezes, até que se encontre um modelo de produto que agrade o cliente ao máximo, suprindo suas necessidades. Então o produto é finalmente definido e lançado ao mercado, com chances muito maiores de obter sucesso, uma vez que este foi testado e modificado várias vezes para atender essas demandas. Definindo o produto mínimo viável: de menor tamanho e que possa ser entregue ao cliente o mais rápido possível; proposição de valor importante o suficiente para que o cliente queira adota o produto; funcionalidades e utilidades encaixadas em um produto/serviço que resultem em algo coeso e útil. Encaixe entre o produto desenvolvido e a solução que ele propõe trazer aos problemas dos clientes.


11 4. CENÁRIO DAS STARTUPS NO BRASIL Segundo Felipe Matos, criador do Startup Farm 1 ,o perfil do empreendedor

brasileiro no ramo das startups está na idade aproximada dos vinte anos com pouca experiência profissional, por geralmente ter saído recentemente da universidade. “Atualmente, nosso país conta com mais de 10 mil empresas de inovação tecnológica que levantaram em aportes cerca de R$ 1,7 bilhão em 2012. E já apresenta negócios representativos no mercado internacional como Instagram, Samba Tech, BooBox e Buscapé.” (ABS) Veremos a seguir algumas iniciativas governamentais e particulares que visam criar um ambiente favorável para a inovação do empreendedorismo no Brasil. 4.1 Programa Startup Brasil Iniciativa do Governo Federal, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que busca fomentar o ambiente de inovação no país através do apoio direto às startups, principalmente financeiro. A cada seis meses o programa seleciona uma média de cinquenta startups do Brasil e do mundo (neste último caso, limitadas a até 25% das empresas selecionadas). Tais empresas recebem até 200 mil reais de investimento público dos quais devem ser prestadas contas ao final do programa. No caso das empresas brasileiras, estas já devem estar num primeiro estágio de estruturação, ou seja, estarem registradas e possuírem CNPJ. Um dos principais problemas apontados no início pelos empreendedores em relação ao Startup Brasil era que o processo de seleção era muito demorado (cerca de seis meses), fazendo com que muitas vezes o projeto inicial apresentado já tivesse sido modificado substancialmente até a data da aprovação. Isso acontece porque o mercado de startups se altera com um ritmo muito grande e algumas coisas perdem sentido neste processo, necessitando de ajustes. Ao final do programa, a prestação de contas deveria ser feita sobre aquele projeto inicial, agora já bastante alterado - o que gerava um trabalho extra de burocracia tanto para o empreendedor quanto para o governo. Visando tais problemas, recentemente o governo federal fez algumas alterações no programa. Como foi observado que o maior gasto deste modelo de negócios é na contratação de recursos humanos, o investimento agora é feio na forma de bolsas do CNPQ. Assim, já que o investimento não é feito diretamente sobre as 1 Escola de empreendedores que tem como objetivo preparar e capacitar a partir de uma rede de mentores voluntários.


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atividades do negócio, a única prestação de contas do empreendedor deve ser sobre as atividades realizadas pelos bolsistas. Além disso, outra vantagem é que há uma maior flexibilidade, visto que podem haver alterações no projeto. Além do incentivo financeiro, o programa também tem parcerias com aceleradoras, que são “agentes fortemente orientados ao mercado, geralmente de origem privada e com capacidade de investimento financeiro, que têm a função de direcionar e potencializar o desenvolvimento das startups”. São espaços que trazem para junto do empreendedor parceiros que o ajudem a levar o projeto pra frente. Isso inclui suporte direto, mentoria, espaço de trabalho, serviços jurídico, administrativo, marketing e logística no período de um ano. As startups recebem investimentos financeiros das aceleradoras em troca de um percentual de participação acionária. Além das aceleradoras, as empresas também são acompanhadas por gestores do programa.

Para saber mais, acesse www.startupbrasil.mcti.gov.br 4.2 Associação Brasileira de Startups No Brasil,

uma organização sem fins lucrativos vem fomentando o

desenvolvimento de startups e propiciando seu crescimento qualitativo: a Associação Brasileira de Startups (ABS). O objetivo é criar estratégias para o desenvolvimento das startups, onde o foco é a educação e auxílio a empreendedores digitais, buscando trazer a realidade do cenário global startup e soluções práticas para os empreendimentos brasileiros. Em suma, conforme relatado no próprio site da organização, a ABS “nasce com uma proposta de ter um formato semelhante ao de uma própria Startup. Algo embrionário, com uma estrutura pequena e muito flexível, gerando altos impactos positivos na cultura do empreendedorismo digital.” Expressão desta intencionalidade é o fato de que todos os membros organizadores são donos de startups de tecnologia, ou seja, conhecem o mercado específico. Além disso a burocracia é reduzida, para oferecer soluções ágeis e funcionais para os empreendedores. Para se manter, a ABS conta com a ajuda de uma gama de


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parceiros de grande destaque no cenário nacional e até mesmo internacional, empresas que estão dispostas a incentivar o empreendedorismo digital e inovações tecnológicas no Brasil. A ABS é responsável pelo StartupBase, que é o banco de dados oficial das startups no Brasil. Segundo este banco de dados, o estado de São Paulo está no topo do ranking de startups no país, com 598 empresas. Na sequência temos Minas Gerais (174) e Rio de Janeiro (168). Para mais informações, acesse o mapa interativo disponível em www.startupbase.net .

Para saber mais, acesse www.abstartups.com.br 4.3 PitchBox Lançada em 2011, a rede social criada em Belo Horizonte reúne empreendedores que querem compartilhar ideias focadas no ambiente digital. Nela as startups podem criar gratuitamente, um perfil para expor seus projetos descrevendo o público alvo até os recursos necessários (investimento, profissionais, etc.)para que sua ideia torne-se realidade. Ao mesmo tempo, é possível obter feedbacks para aumentar as chances de sucesso. Enquanto isso, outros usuários podem avaliá-la, apontar defeitos, comentar, curtir e ajudar o proprietário a aprimorá-la e divulgá-la. Os donos das ideias também podem procurar por profissionais na própria rede social, caso estejam precisando de “mão de obra” para levar seu projeto adiante.

Para saber mais, acesse www.pitchbox.com.br Entenda no infográfico a seguir como funciona o sistema:


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15 5. CASES DE STARTUPS 5.1 Peixe Urbano

O Peixe Urbano é um site de e-commerce local que ajuda as pessoas a explorarem o que há de melhor em cada cidade através de ofertas diárias com descontos de até 99% em produtos e serviços e também ajuda as empresas locais a desenvolverem os seus negócios. É o pioneiro das compras coletivas na América Latina, revolucionando o comércio eletrônico para serviços locais, se tornando uma das startups mais conhecidas e bemsucedidas da internet brasileira. O conceito do negócio foi pensado em 2009, quando um grupo de três amigos estavam a procura de alternativas de negócios na web. “Para identificar a oportunidade ideal, começamos pelos indicadores. Daí observamos um problema, buscamos a solução, fizemos a análise do segmento em questão para depois disso tudo criarmos o piloto.” (Alex Tabor). Até chegar na ideia de criar a startup brasileira de maior sucesso no momento, Alex e seus sócios testaram outras alternativas de comércio eletrônico. Para validar a oportunidade identificada com o Peixe Urbano, procuraram estudar os custos operacionais e de faturamento por usuário, e a perspectiva de crescimento do site em mídias sociais. Após um ano de mercado o Peixe Urbano começou a fazer aquisições com a estratégia de expansão de mercado no Brasil e na América Latina e de desenvolvimento de novos modelos de negócio. Segundo Júlio Vasconcellos, um dos fundadores, foram realizadas mais de dez aquisições em apenas 2 anos, desde empresas pequenas, com custo de investimento de R$ 50 mil até empresas maiores, com custo de investimento acima de R$ 10 milhões. Em março de 2012, foi realizada a terceira aquisição do ano com a compra da startup O Entregador, um site de pedidos de comida para delivery. As negociações começaram em agosto de 2011 durante o Startup Farm, um programa de aceleração de startups patrocinado pelo Peixe Urbano. O site de delivery foi criado no sul de Minas Gerais e tinha apoio da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá.


16 No site do Entregador, o usuário pode buscar por restaurantes que entregam

em seu endereço, visualizar o cardápio do estabelecimento escolhido, montar o pedido e efetuar o pagamento, além de acompanhar o status da entrega. O site, porém, possuía uma área restrita de atuação. “Atualmente, o Entregador está presente em Itajubá e Campinas. Com o respaldo do Peixe Urbano, será expandido para outras cidades do Brasil” (VASCONCELLOS). Criou-se então, a Peixe Urbano Delivery. Entretanto, em setembro de 2013 a Peixe Urbano Delivery foi comprada pela HelloFood, uma startup que está entrando na briga pela preferência na mesa dos brasileiros. O que demonstra a flexibilidade do mercado de startups em relação a aquisições. 5.2 IMVU

Fundada em 2004, IMVU é a maior comunidade do mundo em bate-papo em 3D. No IMVU, os membros podem conhecer novas pessoas, conversar, criar e jogar com os amigos. O IMVU usa a experiência para desenvolver novos recursos de produtos e processos para desenvolver essas características. Atualmente, há aproximadamente 50 milhões de usuários cadastrados e uma taxa anual de $ 40 milhões de receita. O propósito inicial era o de entrar no mercado de mensagens instantâneas, como o MSN, Google Talk, etc. Na época, os 3 principais programas respondiam por 80% do uso total, mas as receitas - provenientes de anunciantes, uma vez que o serviço era gratuito – eram baixas. A estratégia da IMVU foi combinar o uso desses programas com o conceito de mundos virtuais e ambientes 3D dos games, por meio do uso de avatares. Os usuários pagariam pela utilização. Entendendo que seria difícil emplacar um programa de comunicação inteiramente novo, o time da IMVU decidiu criar um aplicativo que se conectasse às redes existentes e se espalhasse de forma viral. O aplicativo deveria ser compatível com todos os principais programas de comunicação e tipos de computadores existentes. Os sócios da IMVU definiram um prazo de 6 meses para colocar no ar a primeira versão do aplicativo. A primeira versão do produto foi lançada no prazo previsto, mas não houve consumidores interessados em utilizá-lo.


17 A partir disso, o processo do aprendizado validado entrou em ação. Eles

chamaram para o escritório da empresa alguns potenciais clientes para testarem o novo produto e transmitirem suas impressões. Os clientes foram instruídos a configurarem seus avatares, instalarem o aplicativo e convidarem um amigo para um chat. Os resultados foram positivos em relação ao processo montar e brincar com os avatares, mas os usuários não aceitaram adicionar e teclar com os amigos por meio do aplicativo, pois não sabiam se o produto seria popular. Esse comportamento se repetiu ao longo de todos os testes, a partir daí a equipe da IMVU descobriu que haviam desenvolvido o aplicativo a partir de uma premissa errada: a de que os usuários não utilizariam um programa de comunicação em que tivessem que criar uma nova lista de contatos do zero. Na verdade, esses consumidores já estavam acostumados a baixar novos programas e criar novas listas. Gerenciar um programa a mais não era problema para eles. Inicialmente, essa conclusão caiu como uma bomba para a equipe da IMVU, afinal, haviam investido um tempo considerável e desperdiçado recursos. Esse episódio levou a equipe da IMVU a buscar, a partir de então, testes empíricos que fornecessem, rapidamente, validação para as hipóteses que sustentavam o negócio deles. E concluíram que qualquer esforço que não aumente a compreensão sobre o que os clientes realmente querem deve ser eliminado. Além disso, a medida de produtividade em uma startup não deve ser a quantidade de coisas produzidas no fim do dia, mas sim o aprendizado validado resultante.


18 CONCLUSÃO Para aplicar uma startup é preciso ter uma visão, uma estratégia e um produto. É

necessário adotar três técnicas de gerenciamento da incerteza: a experimentação, a encenação e a mudança de risco com os parceiros. O pensamento lean das startups se baseia na experimentação através da utilização do Modelo de Negócios Canvas, ao invés do planejamento detalhado do Plano de Negócios. O Canvas ajuda o empreendedor a mapear, discutir e inventar novos modelos de negócios a partir das inúmeras hipóteses e possibilidades a ele explicitadas; Além de proporcionar fácil adaptação ao dinamismo do mercado, cada vez mais exigente. O mercado de startups no Brasil está aquecido devido a inúmeras iniciativas governamentais e privadas fomentadoras da inovação e do empreendedorismo. Dentre elas destaca-se o programa Startup Brasil, cujo principal apoio é o financeiro; A Associação

Brasileira

de

Startups,

responsável

pela

criação

estratégias

de

desenvolvimento das startups; E a PitchBox, uma rede social criada para o compartilhamento de ideias e necessidades entre empreendedores. Portanto, as startups surgem no cenário do empreendedorismo como uma revolução no planejamento dos negócios no Brasil e no mundo, apresentando a experimentação como uma alternativa de sucesso para lançar novos produtos e/ou serviços.


19 REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Startups. Disponível em <http://www.abstartups.com.br> . Acesso em 25 set. 2013. BLANK, Steve. Why the Lean Start-Up Changes Everything. Harvard, mai. 2013. Cenário das startups no Brasil: com Felipe Matos e Diego Remus. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=OLKkUMefdN8>. Acesso em 20 set. 2013. Como

definir

meu

produto

mínimo

viável?.

Disponível

em

<http://exame.abril.com.br/pme/dicas-de-especialista/noticias/como-definir-meu-produtominimo-viavel>. Acesso em 12 set. 2013.

EISENMANN, Tomas; REIS, Eric; DILLARD, Entrepreneurship: The Lean Startup. Harvard, nov. 2012.

Sara.

Hypothesis-Driven

RIES, Eric. A Startup Enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação continua para criar empresas extremamente bem sucedidas. São Paulo: Lua de Papel, 2012. Peixe Urbano. Disponível em <http://sobre.peixeurbano.com.br/institucional/comocomecou/>. Acesso em Peixe Urbano compra site de delivery O Entregador. Disponível em <http://exame.abri.com.br/pme/startups/noticias/peixe-urbano-compra-site-de-delivery-oentregador>. Acesso em 23. set. 2013. StartupBase. Disponível em <http://www.startupbase.net>. Acesso em 20 set. 2013.


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