Ralatório

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RELATÓRIO DE ESTÁGIO JOÃO TEIXEIRA

VIEIRA DUQUE FUNDAÇÃO DIONÍSIO PINHEIRO E ALICE CARDOSO PINHEIRO

CHUVA VASCO / BARTOLOMEU PAIVA 2016 ARTE E DESIGN INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE COIMBRA



“É preciso erguer o povo à altura da Cultura e não rebaixar a Cultura ao nível do povo. “ Simone de Beauvoir


R E S UMO Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro


O presente relatório apresenta todos os trabalhos realizados durante o processo de estágio curricular na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, na sua maioria trabalhos de cariz gráfico e editorial. Será ainda abordado o meu tema de pesquisa que achei pertinente para colmatar o meu estágio e para me enquadrar melhor na localidade e na Fundação Dionísio Pinheiro, sendo esse tema Museus e o seu Impacto na Sociedade. No final deste estágio sinto me mais profissional e com uma maior confiança nas minhas capacidades, confiança essa adquirida com a quantidade de trabalho realizada, que posso observar no meu progresso do primeiro ao último trabalho.


agradecimentos


Para a realização deste trabalhos foi importa ter o apoio de algumas pessoas, principalmente para poder atingir o desempenho que tive, logo quero deixar presente neste relatório os meus agradecimentos. Em primeiro lugar quero agradecer à Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro por me acolher neste estágio curricular. Depois aos meus colegas de casa em Águeda que me acolheram desde o primeiro dia com grande simpatia e que fizeram com que me sentisse em casa, tornando-se responsáveis pela minha rápida integração na cidade permitindo me descobrir problemas úteis para o meu estágio e para o meu tema de pesquisa. Quero ainda agradecer ao meu orientador de estágio, o Conservador Vieira Duque e a toda a sua equipa que desde o primeiro dia me receberam na Fundação não só como sendo um estagiário mas como um novo membro, o que facilitou em muito as minhas condições de trabalho. Quero ainda agradecer ao Professor Bartolomeu Paiva e Chuva Vasco pelo apoio prestado nas aulas, e a todos os outros Professores que me acompanharam ao longo dos 3 anos de Licenciatura.


01

INTRODUÇÃO

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CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO

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ENQUADRAMENTO TEÓRICO - CONCEPTUAL

03.1 Impacto Visual 03.1 Impacto Cultural

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DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS ACTIVIDADES

04.1 Waffle Day 04.2 Exposição Jorge Bacelar 04.3 Roteiro João de Ruão 04.4 Fundação José Rodrigues 04.5 Margarida Santos 04.6 Exposição Temporária Atelier 26 Í ndice

05 06

CONSIDERAÇÕES

BIBLIOGRAFIA


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12 22 34

40 42 46 50 56 58

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L ista de figuras L ista de figuras


Figura 1 - Fotografia Hugo Almeida, exterior da Fundação Figura 2 - Museu Machado de Castro - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/e/ee/Museu_Nacional_Machado_de_Castro_(6814599955).jpg Figura 3 - Fotografia Hugo Almeida, Interior Fundação Figura 4 - Figura 4 - Fotografia Hugo Almeida, Exterior Fundação Figura 5 - Fotografia João Teixeira, mesa com catálogos Figuira 6 - António Santos, obra Carlos Reis, Plus de Vin Figura 7 - Carta Waffle Day Figura 8 - Catálogo 1, Jorge Bacelar Figura 9 - Fotografia Jorge Bacelar, Mulher com melancia, 2015 Figura 10 - Catálogo 2, Roteiro Figura 11 - Fotografia António Santos, Panteão dos Lemos Figura 12 - Fotografia João Teixeira, Igreja de Santa Eulália Figura 13 - Catálogo 3, Margarida Santos Figura 14 - Fotografia João Teixeira, Cânone da Harmonia Figura 15 - Catálogo 4, Atelier 26


01 introdução


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Na unidade curricular de Projeto de Arte e Design o aluno João Teixeira foi convidado a ingressar na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro para um estágio profissional. O estágio profissional teve como principal área de trabalho o Design gráfico no entanto proporcionou me outras áreas de bastante interesse e utilidade, entre elas conceitos de curadoria, experiência de todo o procedimento ético presente em reuniões de debate e discussão de ideias, como foi o exemplo das reuniões na Câmara Municipal de Águeda, devido à criação do Roteiro Ruanesco. A área em que mais pode evoluir foi na área de Design Gráfico e Editorial devido à quantidade de catálogos elaborados. O seguinte relatório irá apresentar a entidade na qual foi realizado o estágio curricular, irá também aprofundar um pouco problemas que encontrei e que achei interessante tornar no meu tema de pesquisa. E por último irá conter uma breve reflexão sobre todo o processo de estágio.


ASSEMBLEIA GERAL DOS AMIGOS DA FUNDAÇÃO

CONCELHO DE ADMINISTRAÇÃO

COMISSÃO EXECUTIVA

CONSERVADOR

FUNCIONÁRIOS

TUTELA: Presidência de Ministros Instituição privada de direito privado com estatutos de utilidade pública Fins / Objetivos: Museológicos e de Assitência

EMPRESAS AVENÇADAS


FISCALIZADOR ÚNICO

TOC


Figura 1 - Fotografia de Hugo Almeida, exterior da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro

•Museu, com 6 salas de exposição permanente. •Sala de exposições temporárias e multiusos •Biblioteca •Auditório •Área técnica: Gabinete de museologia, gabinete de conservação e restauro e Depósito de Acervos •Jardins

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•Bosque

CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE DE ACOLHIMENTO


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Fundada por Dioniso Pinheiro e sua esposa, Alice Cardoso Pinheiro, está sediada no Concelho de Águeda. Projeta-se como uma instituição de Direito Privado, com fins de utilidade pública, de carácter museológico, educativo, cultural e de beneficência ou de solidariedade social.

Com a sua intensa e bem-sucedida atividade comercial e industrial, que em concordância com uma enorme sensibilidade, conduziram Dionísio Pinheiro a um grande enriquecimento Material e Cultural. Dando origem a uma coleção de enorme qualidade e valor presente no Museu da Fundação.

Esta Fundação apresenta um espólio enorme, sendo no ranking das Fundações a 40ª no país com maior Património e a 25ª na classificação por grupo de trabalho.

FUNDADORES

Dionísio Pinheiro nasceu a 24 de Setembro de 1891, em Águeda, e faleceu a 7 de Outubro de 1968, no Porto. Com 11 anos Dionísio Pinheiro toma a iniciativa de ir trabalhar para os Armazéns Cunha, face as dificuldades económicas da família. A sua capacidade intelectual e o seu gosto pelo mundo empresarial foram os fatores necessários para este se tornar mais tarde num dos sócios dos mesmos armazéns.

Alice Cardoso Pinheiro Nasceu a 28 de Maio de 1900, nas caldas da Rainha e faleceu no dia 27 de Dezembro de 1974, no Porto. Casa com Dionísio Pinheiro em 1920, no Porto. Dona de uma sensibilidade própria, ajuda o marido na escolha e aquisição do espólio artístico que hoje podemos contemplar na Fundação. Essa importância na escolha de peças para a coleção é hoje lembrada com uma sala, no espaço Museu, destinada a uma parte da herança, do casal, que demonstra ter sido escolhida segundo o seu gosto.

Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro


Museus e o seu Impacto Social

03 ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL


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Este tema foi escolhido, como já fiz referência em breves palavras na descrição das minhas atividades de estágio, devido ao problema que encontrei entre a população local e a Fundação, sendo que o espaço desta instituição recebe todos os anos mais de 10 mil visitantes e no entanto a maioria são visitantes de fora da localidade. Mas o que mais me deixa incrédulo é a facilidade com que estes dizem desconhecer a existência do espaço na localidade. Deparei me com este problema quando no meu primeiro café, com a comunidade da ESTGA, me perguntam se estou a estudar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Aveiro, quando a minha resposta foi a de que ia iniciara um estágio profissional na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro foi uma enorme surpresa para todos, desconhecendo a existência da mesma, no entanto conhecendo visualmente o espaço no seu exterior. Este foi um acontecimento que me marcou e que me deixou sensibilizado em tentar aproximar esta comunidade de estudantes com a Fundação, no que resultou a minha proposta para a criação do evento Waffle Day e na escolha do tema para o meu relatório de estágio. Este tema irá recair em dois subtemas: O

impacto visual, que irá de encontro mais com a minha área prática de estudo, no curso de Arte e Design, e o Impacto Cultural/Social, que irá abordar um tema mais teórico e de uma área que embora não esteja diretamente ligada ao meu curso, se encontra presente muitas das vezes na vertente mais artistica do curso que é a Museologia, encontrando-se também ligada um pouco ao Design com os mesmos conceitos de linguagem e de manipulação conceitual. Establecendo uma ligação com uma cadeira que tive no meu primeiro ano na Escola Superior de Educação de Coimbra, que era a cadeira de Psicologia da Perceção, uma cadeira que achei bastante interessante a nível de conteúdo teórico, pois retirei bastantes dicas para os meus trabalhos, principalmente quando se tratavam de manipulação de imagem, e objetos.



“É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma percepção nítida dos valores. Tem de aprender a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom.” Albert Einstein


03.1 I mpacto V isual


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Quando nos deparámos com uma entidade com o mesmo fundamento da Fundação, ou qualquer outra entidade, o primeiro impacto é criado a nível visual, pois é o rosto dessa mesma entidade. Esse rosto poderá ser o edifício, onde anteriormente já falei ser a única recordação dos estudantes com quem tive a oportunidade de conviver em Águeda, recordando-se apenas do espaço físico da Fundação - espaço físico exterior – sem conhecer os seus propósitos ou o seu espaço interior mostrando-se como já evidenciei admirados e sensibilizados a produzir atividades de parceria entre o Pólo da Universidade e a Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso pinheiro. Outra marca que poderemos ter como rosto de uma entidade é o seu grafismo ou seja o seu Logótipo, muitas das vezes sendo a maior marca das Empresas ou Fundações, neste caso a marca da Fundação encontra-se dentro de um espaço amplo, elaborada por Xavier Costa, sendo que só é possivél a visualização da marca da Fundação a quem entre no seu espaço, causando na minha opinião a falta de algo fora do espaço, num local virado para a rua, sendo o melhor sitio para mim nos portões de entrada, onde terá um maior ângulo de visualização. Os terrenos pertenciam a Dionísio Pinheiro, e que respondiam à Quinta de S. Pedro, assim

como atualmente a Escola Secundária Adolfo Portela, que envolveu Dionísio Pinheiro numa imensa luta com os antigos Presidentes da Câmara de Águeda, ameaçando mesmo sair com a sua coleção para o Porto, o que acabou por acontecer mas que no entanto em anos mais tarde se acabou por resolver, trazendo novamente a coleção para Águeda.


Para um melhor aprofundamento entre deste impacto visual na população irei dar dois exemplos a nível arquitetónico da diferença entre um espaço que seja construído já pensado devidamente para acolher uma coleção concreta e de um outro espaço que procure não só albergar uma coleção como privilegiar o próprio edifício em si, sendo ele já uma verdadeira peça de história e de uma grande importância Cultural. Os dois espaços que serão estudados são: como não podia deixar de ser o edifício da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, projetado por Agostinho Ricca, e o um Museu que Ganhou não só um prémio de arquitetura como foi eleito o melhor Museu em Portugal em 2013, nada mais que o museu Machado de Castro cá em Coimbra, um local que me facilita acesso pois é a minha cidade de estudos, e na qual tenho aula uma vez por semana.


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C onstruções ou R eabilitações ?


Esta é uma pergunta frequente quando uma Cidade têm um problema no qua toca a construção de um edifício para utilidade pública. No caso das cidades muitas delas são donas de edifícios celebres, com história, que já são locais de referência para indicações a um turista perdido, ou a um habitante mais distraído, no entanto no que toca a construções nem sempre percebemos a escolha destas entidades, uma vez que se demoliu edifícios de um valor incalculável para construír outros onde muitas das vezes, são empresas gananciosa que ganham os concurso e que se divertem a colocar dinheiro ao bolso, deixando as Câmaras com edifícios de uma baixa qualidade, onde existem infiltrações de água entre outros. Mas há bons exemplos felizmente no que toca a essa escolha, e um deles é o exemplo do Museu Machado de Castro idealizado por Gonçalo Byrne, o qual ganhou o prémio “Piranesi / Prix de Rome” em 2014.

“De acordo com o júri, o projeto de requalificação do Museu Nacional Machado de Castro foi distinguido pela capacidade de harmonizar e articular os seus traços contemporâneos com o registo histórico da zona em que se encontra edificado, funcionando como um novo catalisador cultural para o centro histórico da cidade de Coimbra” Nota de imprensa do Governo


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Quando as construções são de cariz privada a primeira alternativa é a de Edificação de um novo prédio, pois esta não tem o mesmo património arquitetónico que uma Câmara, salvo muito raras exceçõe, logo abre portas á construção de um novo edifício pensado unicamente para o acolhimento de determinada exposição ou finalidade. Como foi a caso da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, sendo por vezes a solução mais fácil e económica envolvendo menos burocracia e custos.

Museu Machado de Castro O museu Machado de Castro, denominado assim em homenagem ao grande escultor conimbricense Machado de Castro, é um edifício atualmente com grande imponência na cidade de Coimbra, foi construído, alargado e reconstruído sob o conceito do seu 1º diretor António Augusto Gonçalves “oferecer ao estudo público coleções e exemplares da evolução da história do trabalho nacional”, devendo ser ampliado com uma “secção de artefactos modernos destinada à educação do gosto público e à aprendizagem

das classes operárias”. A data de fundação deste Museu data o ano de 1911 no entanto é em 2016 que este fecha portas para dar início à construção do edifício que hoje conhecemos. Este edifício idealizado por Gonçalo Byern conta com vários edifícios emblemáticos da cidade de Coimbra, entre eles e de uma grande importância cultural devido ao seu ano de construção e à sua raridade, principalmente neste estado de conservação é o criptopórtico romano, datado de meados do séc. I, que suportava o fórum da antiga cidade de Emínio, a Coimbra Romana. Conta ainda com o paço episcopal Monumento Nacional desde 1910, o edifício projetado por Gonçalo Byern complementa assim a articulação entre estes dois espaços. O impacto deste edifício é visível durante as caminhas pela zona Alta da cidade de Coimbra, a sua entrada apresenta um boa transparência no que diz respeito á relação entre entidade e o observador, ou seja o edifício não possa de todo despercebido a quem passa, sabem que tipo de entidade se trata, e o que podem vir a visitar no seu interior. Uma entrada também pensada


Figura 2 - Museu Machado de Castro


pelo arquiteto, e que embora esconda a grandiosidade do interior – devido a imponência de toda a edificação nas imediações do edifício, esclarece o tipo de entidade que ali se encontra albergada, tendo também a sua marca gravada na parede de entrada, servindo como meio de propagação e que promove e cria uma certa imagem no observado que lhe permitirá reconhecer o museu em outros eventos futuros ou numa outra ocasião. No meu ponto de vista e depois de refletir em todos estes apontamentos de edificação e divulgação da imagem do Museu Machado de Castro, penso ser um bom exemplo de reaproveitamento de património que talvez estivesse perdido no tempo se o edifício não fosse reabilitado, e também um edifício e uma marca que se encontra perto do público, havendo ainda assim membros da cidade de Coimbra que talvez desconheçam a existência do edifício, fatores que talvez resultem já da mentalidade descuidada em relação ao património local que o povo português teima em não perder.


Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro

Foi um edifício projetado pelo arquiteto Agostinho Ricca, amigo de Dionísio Pinheiro, foi convidado pelo mesmo para projetar um edifício digno da sua grandiosa colecção, apresentando alguns traços de inspiração do famoso edifício da Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto original sofreu algumas alterações, devido a alguns problemas que foram surgindo durante a sua construção. Entre elas foram as divergências entre o arquiteto e o empreiteiro encarregado da construção, entre as principais estavam as escolhas dos materiais que não se encontravam de acordo com a preferência do arquiteto que acabou por se afastar do projeto, alguns desses materiais eram a mármore do Jardim de Inverno um material de um carácter mais nobre e harmonioso, que foi substituída por outro tipo de pedra mais barata, e as portas que supostamente eram de madeira exótica como o arquiteto pediu, combinando com as várias peças de mobiliários presentes na coleção, mas que o


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encarregado da obra optou por não colocar para diminuir o custo total da obra. Outra alteração do projeto original foi a casa do jardineiro, que ficava quase como um pequeno anexo da Fundação e que também não foi edificada. Apesar de tudo o edifício que hoje está edificado no Concelho de Águeda, apresenta uma enorme qualidade estética, de um enquadramento urbano bastante harmonioso e convidativo. Têm sofrido algumas alterações de remodelação, fruto do trabalho do atual Conservador, Vieira Duque, entre essas alterações esteve o Jardim de Inverno, um antigo jardim interior que apresentava más condições de isolamento térmico e impermeabilização, provavelmente fruto da não utilização dos devidos materiais pensados pelo arquiteto Agostinho Ricca. Este espaço atualmente encontra-se fechado possibilitando aos seus funcionários uma boa condição de trabalho, e permitindo que as obras em exposição se encontrei no melhor estado de conservação possível. Outra intervenção que tem sido feita é a substituição do antigo papel de parede - um papel que ofusca as obras, aumentando a poluição visual deixando que o olhar do observador se canse mais rapidamente

- por “pladur” branco que torna o interior do edifício mais harmonioso e livre deixando as obras respirar e brilhar num local edificado para as acolher. No entanto por motivos orçamentais ainda se encontram várias partes do museu com esse papel de parede, que irá ser removido numa próxima etapa. A maior intervenção feita neste edificado até hoje foi o espaço da cafetaria, um espaço que hoje é usado como local de exposição temporária, antes era um espaço pobre com papel de parede a sair das paredes carenciadas. Hoje este espaço é um dos principais espaços da Fundação, sendo o que provavelmente gera maior capital, sendo completado no exterior, perto do bosque circundante à Fundação, onde estudantes da Escola Secundária Adolfo Portela passam boas horas de convívio, dando espaço à frase do Presidente do Concelho de Administração, Engenheiro Mateus Augusto Araújo Anjos, “ Viver e Conviver…”, implícita tanto na entrada de vidro da Cafetaria como no próprio balcão, onde tudo se encontra preto no branco. Na soma de tudo a Fundação Dionísio Pinheiro


Figura 3 - Fotografia Hugo Almeida, Interior Fundação


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e Alice Cardoso Pinheiro, encontra-se em fase de grande evolução e crescimento, a nível local e nacional, promovendo-se cada vez mais e promovendo Jovens artistas do Concelho, dando continuidade aos ideais de Dionísio Pinheiro. O que têm a melhor e o que tentei fazer para ajudar nesse ponto no meu processo de estágio é as dinâmicas com jovens da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Aveiro, que embora já proporcione estágios a esses alunos, continua ainda no anonimato para alguns, o que está agora a tentar quebrar ao acolher workshps organizados por essa instituição de ensino. A nível de propagação da marca Fundação, também tem vindo a crescer tanto nas redes sociais como na página oficial, na qual tive o privilégio de ajudar a estrutura nas reuniões nas quais estive presente com a empresa que faz a manutenção da página, a empresa Aguedense, “Critec”, no entanto num futuro deveria melhorar no que diz respeito a publicidade física como, algo que identifica-se o edifício no seu exterior, pois devido à sua localização afastada da rua, não convida à entrada a turistas ou pessoas de fora que não conheçam a cidade, e que desconheçam a sua existência.


03.2 I mpacto C ultural


Obra e o seu fundamento Epistemológico “Nesta questão parece que Pitio errou, porque não se apercebeu de que cada uma das artes é composta de duas coisas: a obra e a sua teoria, todavia, destas duas coisas, uma é própria daqueles que se exercitaram nas suas especialidades, ou seja, a execução da obra; a obra é comum a todos os letrados, ou seja, a teoria. A ideia de ritmo existe tanto para os médicos como para os músicos, seja ele o cardíaco ou o do movimento dos pés; mas se for preciso cuidar de uma ferida ou livrar do perigo um doente, não virá um músico, antes o trabalho será próprio do médico. Também num órgão não será o médico mas o músico a tocar, a fim de que os ouvidos recebam a suave graça das canções.” Vitrúvio, in Tratado de Arquitectura


A inclusão de uma pequena parte, do Tratado de Arquitectura de Vitrúvio, destina-se a introduzir o meu segundo subtema e da sua correlação com o primeiro. Ao longo da Licenciatura em Arte e Design, temos constantemente relacionado a prática com a teoria, uma relação já defendida numa das aulas no estudo da perspetiva de Schön, uma das minhas reflexões introduzidas no meu portfolio integrado. É sem dúvida uma perspetiva que se enquadra no presente, numa indústria virada para a produção e uma população cada vez mais consumista. A teoria neste subtema irá estar presente para relacionar a edificação dos edifícios museológicos às suas coleções ou seja ao seu valor cultural, que tem também o dever de valorizar o povo local como mostrar um pouco da sua história, daí a origem deste meu segundo tema: Impacto Cultural.

Museu Definição ICOM – International Council of Museums “ Uma instituição permanente sem fins lucrativos a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do Homem e do seu entorno, para educação e deleite da sociedade.”


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O impacto Cultural de um museu está ligado á sua coleção. Esta coleção define o valor patrimonial da sua entidade, podendo ele estar ligado ou não à localidade na qual se encontra edificada. São vários os exemplos de museus que servem de local de conservação do património da qual estão inseridos, como é o caso da Fundação dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, e existem outros que se destinam à conservação de coleções que nada têm a ver com o local onde estão sediadas mas que devido à sua importância económica, por atraírem vários turistas e académicos, fazem de tudo para as ter na sua posse, sendo que muitas vezes nem à cultura do seu país pertencem. Para melhor entender a importância que as entidades museológicas têm numa localidade, retirei alguns apontamentos do livro de Marc Guilhaume, “A política do Património”, onde

defende uma conservação por palimpsesto. Defendendo que a conservação é um meio de proteção cultural, não só a conservação dos materiais, como também a língua, a cultural, as suas crença e ideologias. Todos estes conceitos são visíveis na Fundação dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, a questão da língua por exemplo, onde é defendido ainda o antigo acordo ortográfico sendo que todos os trabalhos feitos na Fundação eram feitos segundo o antigo acordo mostrando que não só se preserva as obras como também a língua, num conceito de proteção do que acham correto prevalecer e não segundo um conceito desatualização cultural. Na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro estão presentes várias obras que defendem e mostram um pouco da cultura aguedense. Entre elas a coleção de retratos de pessoas ilustres na vida política do Concelho


de Águeda, coleção esta cedida pela Câmara Municipal de Águeda, para sua conservação e exposição, mostrando a importância da Fundação na sua conservação, sendo que estes anteriormente se encontravam em armazéns fechados, sem as condições devidas de conservação, e sem que a população local pudesse usufruir das mesmas. Para além destas obras chamo ainda a atenção para obra de Lopes da Silva, uma obra onde está representada uma capela que foi demolida para a construção da atual Capela de Assequins, uma capela da autoria de João de Ruão, um património perdido com representação em muito poucos lugares, sendo um deles na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, mostrando mais uma vez a importância na conservação não só de meras obras pintadas, ou elaboradas por artistas da região, como também preserva a história de um povo que por descuido ou falta

de sensibilidade deixou que um edifício de uma enorme importância cultural desaparece-se, o que levanta também a questão de até que ponto nos próprios somos competentes o suficiente para preservar o património para além das portas destas entidades.


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Figura 4 - Fotografia Hugo Almeida, Exterior Fundação


04 D E scrição e análise das atividades


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Figura 5 - Fotografia JoĂŁo Teixeira


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04.1 W affle da y

Figura 6 - Fotografia Antรณnio Santos


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Este foi um evento criado autonomamente, após de a convivência estudantes da região, a maior parte pertencentes à ESTGA, um polo da Universidade de Aveiro presente no concelho, e que tem grande impacto no desenvolvimento e na atividade do concelho, conclui que a maioria desconhecia a Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro e os seus propósitos. Após este estudo decidi com base na cafetaria da Fundação, no espaço Jardins Quinta de S. Pedro, onde desde logo nos deparámos com uma frase do Engenheiro Mateus Augusto Araújo Anjos, Presidente do Concelho de Administração, que diz: “Viver e Conviver…” Uma Frase que vai de encontro ao que pretendia para um evento. Evento este que procurasse unir a Fundação e a comunidade local, tendo como principal foco os estudantes em Águeda, a maior parte habitante em tempo parcial do concelho. Para isso explorei o que melhor se fazia naquela cafetaria, e o decidido foi a criação de um Waffle Day.

Após criada a ideia, apresentei a proposta ao meu orientador de estágio, Vieira Duque, que a aprovou dando me liberdade para criar o evento com a ajuda do funcionário da cafetaria da Fundação, António Jesus. Este foi desde logo recetivo, e mostrou todo o interesse em ajudar. Depois de tudo tratado com os funcionários e com o Conservador, procurei introduzir o que fui aprendendo durante estes anos na Escola Superior de Educação de Coimbra, tanto a nível de Design como a nível da Arte, e estando eu num local repleto de harmoniosas e ricas obras de arte desde pintura, escultura, mobiliário trabalho com uma perícia e mestria de grande louvor, não poderia deixar passar uma oportunidade de jogar com uma das obras presentes no espólio da Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. A obra escolhida para a publicidade do evento foi a grande obra de Carlos Reis que abriu a 1ª Exposição em Paris intitulada de Plus de Vin. Nessa obra que mostra a fase do vidro de Carlos Reis, onde podemos observar a grande mestria na pintura de transparências, e na expressividade


Figura 7 - Cartaz


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dos rostos das personagens, sendo ainda um quadro de uma enorme personalidade, visível ao olhar dos mais atentos no canto superior direito da obra. Para interligar o conceito Viver e Conviver entre a Fundação e os estudantes escolhi assim esta obra de grande valor no Museu da Fundação, que se encontra presente na sala da pintura portuguesa, para de uma certa forma quebrar com o que é um pouco da serenidade, com que são vistos os espaços museológicos, e criar uma brincadeira entre o quadro e o evento. Para desfrutar dessa junção introduzi uma Waffle de proporções exageradas por cima da mesa onde se encontra o célebre garrafão que ajuda a intitular a obra. O resultado final, feito com a ajuda da ferramenta Photoshop, foi acolhido com agrado pelo Conservador e restantes funcionários. A parte publicitária do evento foi feito através da página do facebook da Fundação, e pessoalmente feita por mim aos estudantes que fui conhecendo durante o pouco tempo que

tive em Águeda. Este evento realizou-se no dia 6 de abril e contou com uma aderência bastante significativa por parte dos estudantes. Essa aderência causou um bom impacto financeiro na cafetaria da Fundação, e fez com que o estudantes ficassem a conhecer o espaço de toda a Fundação numa visita guiada, inicialmente feita por mim e culminada pelo conservador, Vieira Duque. Após a visualização do espaço uma das alunas da ESTGA ficou encantada com o espaço. Sendo ela um membro da associação de estudantes, começou a idealizar propostas de uma possível parceria entre a Fundação Dionísio Pinheiro e a Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Universidade de Aveiro, proposta essa que me fez chegar de possíveis workshops de fotografia entre outros. Proposta esta que fez chegar ao Conservador, que desde logo se mostrou disponível para eventuais parcerias.


Figura x - Catálogo Exposição Jorge Bacelar

04.2 exposição jorge bacelar

Para a elaboração desta catálogo contei mais uma vez com as ferramenta de edição de imagem Photoshop e com o ilustrator para a realização do catálogo completo, ferramenta esta que mais tarde optei por trocar por Indesign devido à sua maior utilidade.

Figura 8 - Catálogo 1


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Este foi um projeto onde a Fundação Dionísio pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro foi convidada a tratar da Curadoria da exposição de Jorge Bacelar. Um fotógrafo que de uma enorme importância na atualidade contando já com grandes prémios Internacionais e Nacionais, sendo a maior parte delas na categoria de Foto Reportagem. Para esta Curadoria elaborei o seu catálogo, com base nas fotografias que iriam para exposição. Nele consta alguns dos seus prémios com respetiva fotografia. As suas fotografias são de uma realidade que muitos pensam já se encontrar bem longe no passado, mas no entanto estão bem presentes e com uma vivacidade impressionante no presente. Os traços de toda a aquela Ruralidade fazem nos lembrar os tempos dos nossos avós, onde o campo e os animais eram tudo num mundo sem as regalias da eletricidade e dos relaxantes banhos em água quente. A naturalidade com que este grava em suas fotografias a vivência de algumas famílias neste meio são de um resultado incrível, só ao alcance de um grande fotógrafo e

Veterinário, profissão que provavelmente lhe proporcionou a criação suficiente de intimidade, com as pessoas que fotografa, e que talvez lhe tinha proporcionado a descoberta da aldeia, localizada no distrito de Aveiro. Este artista foi convidado sobre esta realidade elaborar uma serie de fotografias que mostrem-se toda a importância do 25 de abril para o povo português, sendo o local da sua exposição um edifício de grande importância para a Cultura de Lisboa e para a História do Povo Português. Foi uma honra a elaboração deste catálogo, sendo que cada vez que colocava uma foto na página não podia de deixar de a contemplar.


Figura 9 - Fotografia de Jorge Bacelar, Mulher com melancia, 2015


Fotografia finalista do concurso Hamdan International Photography Award - HIPA


04.3 R oteiro joão de ruão

Figura 10 - Catálogo 2


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O Ruanesco elaborado sobre as obras de João de Ruão no concelho de Águeda, foi o primeiro projeto que recebi durante o processo de estágio curricular na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. Esta Roteiro devido à sua complexidade e importância Cultural para região, estendeu-se durante um período bastante alargado do meu estágio curricular. Foi um projeto com várias etapas e reuniões, as quais irei descrever e mencionar mais à frente, toda esta preparação resume-se na importância cultural deste roteiro para a região, pois é o primeiro desta origem, para poder mencionar alguma dessa importância posso referir que elaborei 4 versões do mesmo em 4 línguas diferentes sendo elas: o francês, o inglês, o mandarim e claro o português. A versão em Mandarim foi proposta numa das reuniões na Câmara realizados para aprovação de parceria e do projeto. A primeira referência que tive deste roteiro foi a grandiosa obra de João de Ruão encomendada por Duarte de Lemos em 1534 ao excelse escultor renascentista, da escola coimbrã. Património Nacional desde 1910, apresenta-se como a obra de carácter

fúnebre de maior grandeza em Portugal e com um excelente estado de conservação. Esta obra embora cristã reflete muito da cultura helénico-romana, o que a torna única e de uma enorme importância cultural. Este primeiro contacto foi feito perante uma visita guiada, dirigida pelo Conservador da Fundação, Vieira Duque, à Universidade Sénior da Figueira da Foz, visita essa que se estendeu ao longo de duas horas onde toda a simbólica dos pormenores pagãos, da senhora com o menino e do altar que já não se encontra presente no Panteão, eram descritos através de um completíssimo guião teórico. Este altar foi removido do local original para ser colocado como altar-mor na capela de Nossa Senhora de Lourdes, na mesma freguesia, a poucos quilómetros do local inicial. Este roteiro conta ainda com quatro Senhoras com o Menino espalhadas pelas diversas freguesias do concelho entre elas a freguesia de Trofa do Vouga (freguesia na qual esta sediada o Panteão dos Lemos), em Segadães (duas delas, uma na capela outra na igreja da paróquia), e a última e a mais imponente na Capela de Assequins. Com a deposição, o retábulo, o calvário e o sacrário que se encontram na Igreja de


Figura 11 - Fotografia Antรณnio Santos


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Santa Eulália, Igreja Matriz de Águeda A primeira abordagem de registo fotográfico a estas peças foi feita no dia 8 de Abril, o início como era de se prever foi feito pela grande obra deste Roteiro, o Panteão dos Lemos, neste edifício eu e o meu colega de trabalho António Santos procuramos um levantamento desde o todo ao mais pequeno detalhe, procurando através da fotografia e vídeo mostrar um edifício de grande valor e que muita gente ainda desconhece. Foi de difícil acesso o levantamento da Senhora com o Menino, que se encontra no altar secundário do lado do evangelho num patamar elevado, nas restantes a única dificuldade encontrada foi relativamente á disponibilidade do portador da chave, uma vez que eram membros da população local e durante o dia deslocavam-se para os seus postos de trabalho o que nos obrigou a fotografa-las num horário mais tardio. Apesar de alguns contratempos mostrou ser de grande valor a espera pelas chaves uma vez que depois de referirmos a grande importância do escultor e do roteiro para a região, um dos habitantes proporcionou nos a ida a uma capela secundária da freguesia de Segadães, local onde encontramos esculturas de

arte sacra de grande valor uma Nossa Senhora das Febres Barroca, e mais uma obra de João de Ruão, desconhecida até à data, mas que se revelou um dos melhores exemplos da obra de João de Ruão. Depois de alguma pesquisa relativamente à última Senhora com o Menino em Assequins verificámos que as imagens disponibilizadas na internet e em festas religiosas da localidade revelavam que a escultura se encontrava drasticamente alterada, pintada com cores vibrantes, e onde lhe tinham retirado os brincos originais da época de João de Ruão, no entanto com a ida à Capela de Nossa Senhora da Graça, em Assequins, observámos que existiam duas imagens da Nossa Senhora da Graça onde logo num primeiro olhar concluímos para nosso agrado que a verdadeira escultura de João de Ruão se encontrava intacta e com uma imponência inesperada, pelo seu tamanho e pelo seu rigor técnico sendo para mim em conjunto com o Sacrário da Igreja matriz as grandes obras de João de Ruão no concelho de Águeda. Por último e para finalizar o levantamento fotográfico e o registo em vídeo deslocamo-nos até à Igreja de Santa Eulália, onde estavam obras de uma enorme diversidade, entre elas: um calvário logo á entrada da igreja, numa nave lateral que em tempos terá


Figura 12 - Fotografia JoĂŁo Teixeira


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sido a sacristia. Já no interior da igreja e de um enorme peso é o altar do sacramento, com um retábulo e um sacrário de grande trabalho e técnica, sendo o sacrário considerado o mais belo sacrário de João de Ruão. Na nave principal realço ainda os relevos nos arcos que dão acesso às naves laterais pois apresentam traços da escultura ruanesca. Nessas mesmas naves laterais está ainda inserida uma deposição de Cristo com uma enorme serenidade nos rostos das personagens, o rigor das mãos no Cristo morto deitado com um enorme rigor anatómico só ao alcance de grandes escultores como João de Ruão, é notório o rigor com que este esculpiu as mãos, na minha opinião só comparado com o realismo das mãos da escultura orante de Duarte de Lemos, encomendada ao escultor francês Hodart. Com este projeto para além de conhecer melhor o grande escultor renascentista João de Ruão, tive a oportunidade de conhecer todo o processo ético e burocrático que este projeto envolveu, a maior falha deste projeto foi o levantamento de vídeo devido a escassez de material profissional para este efeito, no entanto mais tarde após a apresentação do resultado a Águeda TV mostrou-se à disposição para

o fornecimento de todo o equipamento necessário para futuros projetos. O impacto deste trabalho pode também ser visível na sua versão em Mandarim um pedido da Câmara Municipal para poder agradar às propostas vindas da china, que nos últimos anos têm aumentando mostrando ser um mercado a explorar no entanto não existiam meios para proporcionar um roteiro Cultura, problema que o Roteiro Ruanesco veio solucionar.


04.4 F undação josé R odrigues


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Uma outra grande experiência feita durante o estágio foi a visita À Fundação José Rodrigues, no Porto, uma antiga fábrica de chapéus onde o grande Mestre José Rodrigues edificou um local para albergar as suas obras, e de mais artistas que procuram ganhar o seu espaço e precisam de uma oportunidade. Esta visita foi me proposta pelo Conservador, Vieira Duque, que desde o primeiro almoço, o almoço no qual me deu a conhecer todo o meu processo de estágio, se mostrou empenhado em me proporcionar um almoço com o Mestre José Rodrigues, que ainda não consegui obter devido à frágil condição de saúde do escultor. Apesar de não ter conseguido o grande almoço com o mestre, obtive experiências de igual valor para a minha informação, em primeiro lugar deparei me com uma exposição temporária de Lauren Maganete e de Joana Latka, uma ex Professora minha na Escola Superior de Educação de Coimbra na cadeira de Artes Plásticas, nessa exposição estava presente o criador desta nova vertente expositiva, José Rosinhas Art Gallery Wall, criado pelo próprio José Rosinhas, um artista plástico que apenas com uma parede convida artistas a la exporem durante um tempo definido, um projeto que

que ocupa pouquíssimo espaço nas instituições e que pode promover artistas, formando assim um pequeno espaço expositivo com espaço apenas para algumas selecionadas por cada artista. Nesta exposição existe ainda um local de ensaios para grupos de balé, um espaço de arte urbana que gostaria de conhecer mas que não tive a oportunidade devido á escassez de tempo, e um local dedicado a Eunice Munoz, com peças de sua autoria. Foi mais uma grande experiência seguimento deste estágio, e um local bons referências para um dia voltar e companhia de amigos ou sozinho, um convívio e inspiração.

que tive no de onde levo frequentar na bom local de


04.5 M argarida santos


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A exposição temporária Cânone da Harmonia de Margarida Santos, uma enorme escultora do norte do país, foi a segunda proposta de trabalho que tive durante o meu período de estágio. Para me prepara para este trabalho li previamente os livros da sua autoria: “ Fragmentos de uma Biografia Roída” e o livro de poesia “Eu amo Tu”, entre os vários catálogos de exposições e das suas obras fornecidos pela Fundação. Margarida Santos e uma escultora do norte do país, nasceu em Canelas, Vila Nova de Gaia, no dia 27 de Novembro de 1946. Estudou na Escola de Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis onde mais tarde se transferiu para a Universidade do Porto, para a Escola Superior de belas Artes do Porto. Foi das primeiras mulheres no nosso país a frequentar o curso de Escultura, que concluiu em 1968 com a classificação de 19 valores, foi também bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e obteve o “Prémio Ventura Terra”. Hoje possui um enorme espólio de escultura pessoal, e de obra pública principalmente no norte do país, sendo considerada uma das esculturas com mais obras

públicas. Para a realização deste projeto tive ainda a honra de conhecer a artista Margarida Santos, uma pessoa de uma energia e de uma cultura inalcançável. O melhor de a conhecer foi o local onde tive essa oportunidade, a casa atelier da artistaem Canelas, um local fantástico com uma diversidade incrível de obras, o que me deixou a refletir sobre o facto de apenas uma pessoa ser a criadora de tão louvável coleção. Tive ainda a oportunidade de conhecer o seu marido e pintor Xavier, uma pessoa de igual modo incrível, e que louva a capacidade de Margarida Santos em reproduzir com tanta facilidade peças de um enorme valor estético e cultural. Considerado para mim a melhor experiência durante o meu período de estágio. Nesta visita em prol do levantamento da peça, considerada a obra prima de Margarida Santos pela a própria artista, tive ainda a oportunidade de ouvir os seus relatos na sua mais recente viagem à India, sendo o ponto fulcral da conversa o grande edifício mandado contruir pelo imperador Shah Jahan, como edifício fúnebre da sua esposa, Aryumand Banu Begam. Após a visualização das suas fotografias carregamos por fim a obra, com um enorme peso mas


Figura 13 - Catรกlogo 3


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também com uma enorme envolvência e arte. Depois da viagem e com a chegada à Fundação com a escultura, e depois da sua colocação no Jardim de Inverno o local onde irá ficar até ao dia 31 de Dezembro de 2016, começámos a elaborar a curadoria da sua exposição, a inaugurar no na comemoração do dia Internacional dos Museus, dia 18 de Maio mas que se alargou para o dia 21 de Maio. Para esta exposição foi feita a seleção de frases que introduzem-se melhor no espaço do Museu da Fundação a obra de Margarida Santos, nessa escolha participei com as duas frases de Margarida Santos retiradas da sua autobiografia:

“Há apenas afazeres Nada é velho a não ser a solidão e o desejo de ternura” Margarida Santos, in Fragmentos de uma Biografia Roída

“ Tanta água correndo por baixo das pontes Tanto fogo consumindo paisagens Tanta agitação Aviação variada Cruzeiros fabulosos Leituras infindáveis Um cansaço

bom Uma intensa preguiça na exaustão de nada produzir” Margarida Santos, in Fragmentos de uma Biografia Roída

Estas frases inicialmente eram para serem introduzidas nos vidros do Jardim de Inverno, no entanto optámos por uma escolha mais barata e com um melhor resultado visual, a elaboração de um vídeo, com a música de Nina Simone “Feeling Good”. Vídeo esse da minha autoria, com fotos da autoria do meu colega de trabalho António Santos e da minha, sendo que uma delas foi vista com grande satisfação por parte do Conservador, Vieira Duque, por parte da escultora Margarida Santos, e ainda por parte da fotografia amiga de Margarida Santos e de Vieira Duque, Lauren Maganete fotógrafa oficial da Câmara Municipal de Gaia, a qual tive o prazer de conhecer e que ajudei na elaboração do seu catálogo, para exposição temporária também feita na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, e a inaugurar no mesmo dia da exposição de Margarida Santos no entanto num espaço diferente, sendo esta no espaço Undergorund da Fundação, feito pela estagiária do Instituto do Emprego e Formação Profissional, a qual contou com a minha ajuda durante o seu período de


Figura 14 - Fotografia JoĂŁo Teixeira


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estágio. Depois de elaborado o vídeo e organizada a curadoria da exposição, foi elaborado o catálogo da peça, fragmentada o levantamento fotográfico foi novamente feito por mim e pelo funcionário António Santos. Este catálogo foi bastante apreciado pela artista que me deu os parabéns a mim e à Fundação pelo trabalho realizado. Catálogo este que tive o prazer de receber autografado pela artista e pela poeta Aurora Gaia, autora de um belíssimo poema, presente no catálogo onde descreve a brilhante obra de Margarida Santos. Para além destes 3 agradecimentos contámos ainda com um telefonem inesperado dos Estados Unidos da América, vindo da cidade de Boston onde nos felicitaram pelo catálogo e obra da artista, dispondo-se a traduzi-lo e a publicá-lo nos Estados Unidos.

Para a realização deste catálogo utilizei ferramentas como o photshop e ilustrator, foi o catálogo provavelmente de maior dificuldade devido aos cortes das fotografias da escultura, cortes esses alguns feitos por mim e outros pela estagiária do IEFP de Águeda. Foi talvez o catálogo mais apreciado durante o meu período de estágio. A capa foi elaborada com base no carácter da escultora Margarida Santos, uma mulher decidida e convicta de uma grande serenidade, o que me levou a pedir a sua assinatura, a qual trabalhei para ser o único elemento gráfico na capa do catálogo, transmitindo a serenidade e harmonia da sua pessoa e obra, ou não fosse essa obra intitulada de “Cânone da Harmonia”.


04.6 E xposição T emporária A telier 2 6


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Este é o 3º projeto proposto durante o meu estágio curricular na fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro. Esta coletânea resultou do convite feito pela Fundação aos artistas do Atelier 26. Este atelier é um espaço partilhado por um coletivo de amigos, que sob a orientação de Alberto péssimo, se produz obras desde a pintura em cerâmica ou acrílico à escultura. A influência deste atelier e a mostra da qualidade deste atelier é visível em painéis de enormes proporções, um exemplo desses painéis está presente no Hospital Padre Américo em Penafiel.

de uma nova Capela. Hoje naquele local encontra-se edificada a Capela de Nossa Senhora da Graça, uma capela bastante interessante a nível arquitetónico mas que no entanto foi edificada no lugar de uma outra de um valor incalculável para a população e que no entanto ninguém valorizou, o que mostra uma insensibilidade total para com o património, ou então uma falta de Cultura e de respeito pelos responsáveis locais, estes problemas que encontrei e que não fazem sentido por muito que pense, levam à escolha do meu tema de pesquisa para este relatório.

O convite da Fundação a estes artistas baseou-se na proposta de escolha de uma obra presente no espólio da Coleção Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, e interpreta-la a seu gosto. O objetivo desta atividade, uma proposta feita antes de eu entrar em estágio curricular na Fundação, era de dar a obras que já tiveram o seu tempo de louvor e glória, e que ainda se mostram ser de grande importância Patrimonial e Cultura, muitas delas até de valorização e representação do passado e da cultura do Concelho, sendo que uma delas, uma pintura de Lopes de Sousa, se encontra uma Capela da autoria de João de Ruão que foi demolida para a construção

Para ajudar na montagem e na organização posso ainda ter a sensação espetacular de desembrulhar um obra acabada de chegar do atelier, ainda com o cheiro a tinta de terem sido pintadas de fresco, ser dos primeiros a visualizar uma obra que pode perfeitamente estar num futuro próximo exposta num grande local, a valorizar o artista que a criou com tanta vontade e mestria. Esta sensação foi uma das que me vou lembrar depois de concluir este estágio, estou num curso virado para as Artes e para o Design, e embora tenha os meus gostos mais virados para uma educação na área do Design, sei pensar também como um artista, aprendizagem


Figura 15 - Catรกlogo 4


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que levo do curso em trabalhos e na convivência com os professores que nos fizeram crescer ao longo destes três anos, por isso sei o que é olhar para duas obras de artistas diferentes e através da mesma temática ver duas interpretações diferentes. Essas diferenças devem-se ao estado de espírito de cada artista, da sua sensibilidade, da maneira como vive e olha para o mundo e sobre tudo na maneira como este o pensa e resolve, e ver essas divergências em primeira mão, foi algo que vivia com grande alegria e vontade de ser a criar, de ser eu próprio a fazer uma interpretação da própria interpretação, e das quais retiro não só a experiência como aprendizagem a nível técnico, pois são obras das mais diversas técnicas, o que resultou numa exposição de grande valor e diversidade. Para colmatar a exposição foi feito novamente um catálogo como na exposição de Margarida Santos com o “Cânone da Harmonia”, e de Lauren Maganete, são catálogos que são elaborados com vista a potencializar as obras o máximo possível, e que servem de base para visitas, onde o visitante possa ter uma maior liberdade para visitar a exposição sem precisar de um acompanhante e onde pode consultar as informações

necessárias sobre cada artista e obra proporcionando um total enquadramento.

Neste catálogo tentei melhorar de pequenos erros cometidos anteriormente, na estruturação e em alguns aspetos técnicos, sendo utilizadas para sua conclusão ferramentas digitais como o: Photoshop, Indesin, e Ilustrator, a capa foi feita a pensar na homogeneidade da coletiva, sem atribuir importância a nenhum dos artista procurando valorizar apenas o todo, sendo esse todo a coleção Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro a todas as obras da coletiva Atelier 26, procurando ainda através de um simples risco criar a ideia de reflexo entre o passado e o presente, remetendo para o conceito que era toda a Exposição.


21DE MAIO DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS


Este dia deveria ter sido o culminar da maioria dos meus trabalhos enquanto estagiário na Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, era o dia da grande Inauguração das exposições de Margarida Santos, de Lauren Maganet e o dia da Exposição no Espaço Ágora do Atelier 26, onde iriam estar todos os artistas e onde iria decorrer o lançamento do livro “Nepal” de Helena Homem de Melo, Luís Reina e Michel Hervé, mas no qual não pode estar presente por motivos pessoais. Um dia em que tive bastante pena em não estar presente, certo de que iria retirar bastantes aprendizagens, e de conhecer artistas que me iria transmitir ideais e conceitos que só o tempo e experiência nos proporcionam. No entanto feliz para contribuir para um dia onde a Arte e a boa disposição estiveram presentes em mais uma grande atividade da Fundação.


05 CONSIDERAÇÕES


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Ao finalizar o presente relatório considero que a experiência de estágio curricular na entidade “Fundação Dionisio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro” se tornou numa experiência enriquecedora, tornando me mais maduro e vocacionado para o mercado de trabalho. Ao longo destes três anos não evolui como profissional em Arte e Design como amadureci a minha personalidade. O tipo de estágio que pretendia inicialmente não era de todo o que obtive, no entanto encarei esta oportunidade como se fosse a minha primeira oportunidade de emprego, e acho que foi essa atitude que me levou ao prémio que no final do estágio obtive. Não foi fácil o início numa outra cidade completamente diferente da cidade onde estava habituado a estudar, no entanto foi tentando introduzir-me na vida social da cidade e com mais ou menos facilidade consegui, muito devido ao bom ambiente que tive na casa em que aluguei. Com este estágio tive que sair da minha área de conforto o que me obrigou a amadurecer. A minha evolução do início ao

fim do estágio acho que foi notória e serviu para desenvolver uma área na qual não estava muito familiarizado. Sendo que agora saiu do estágio muito mais confiante e capaz de encarar o mestrado de outra maneira e com outra atitude. Durante estes 3 anos de Licenciatura desenvolvi o meu goste e criei um estilo próprio o qual irei desenvolver nos próximos anos, para isso muito contribuíram as dicas e correções dos meus professores.


06 BIBLIOGRAFIA


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Vitrúvio, Tratado da Arquitectura, tradução por M. Justino Maciel José Casalta Nabais, Introdução ao Direito do Património Cultural Dossié Museus e Arquitectura nº 1/2007 Marc Guilhaume, A politica do Património http://www.museumachadocastro.pt/

http://www.fundacaodionisiopinheiro.pt/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Nacional_de_Machado_de_Castro http://www.lazer.publico.pt/museus/11680_museu-nacional-de-machado-de-castro https://passeiosturisticosemcoimbra.wordpress.com/2011/04/02/museu-nacional-machado-de-castro/ http://www.byrnearq.com/?lop=projectos&list_mode=1&id=1f0e3dad99908345f7439f8ffabdffc4



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