Mauro ramos, a muralha invisível

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notícias do dia

Florianópolis, sábado e domingo, 26 e 27 de janeiro DE 2013

daniel queiroz/nd

8 Hierarquia do tráfico

Divisor. Pequenos crimes na avenida Mauro Ramos e Centro mantêm o tráfico no maciço do morro da Cruz

Mauro Ramos, a muralha invisível No mercado negro, essa arma custa R$ 12 mil. Imagina quanto de pó foi consumido? Araújo Gomes, Comandante do 4o BPM

Para o tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4° Batalhão da Polícia Militar a avenida Mauro Ramos é uma muralha – invisível – que separa os morros do maciço da Cruz do Centro de Florianópolis. No asfalto, a criminalidade gira em torno de pequenos delitos que trazem grana rápida para o tráfico. É desconhecido para as força operacionais da Secretaria de Segurança Pública a riqueza do tráfico. Os únicos cálculos são estimados pelas apreensões. No último dia 20, o PPT (Pelotão de Patrulhamento Tático), aprendeu no morro do 25 uma submetralhadora 9mm. “No mercado negro, essa arma custa R$ 12 mil. Imagina quanto de pó foi consumido?”, provoca o tenente-coronel. Com a média da bucha de cocaína a R$ 25, 480 delas foram vendidas pela arma.

O poder aquisitivo dos donos das bocas mudou após a morte de Baga e por outro motivo. A publicidade deu nova cara ao turismo: a bicho grilagem foi substituída pela Classe A ansiosa por desfrutar as belezas – e as drogas – da “Miami brasileira”, como sugeria uma das capas da Revista Veja, no ano 2000. O turismo pulverizou bocas itinerantes pelas praias e na Lagoa da Conceição – point de aristocratas fissurados em coca. Nas proximidades, traficantes mirins – que começaram como olheiros – territorializaram favelas. Fábio Mendes, domina a do Siri, em Ingleses; Sagat a Vila União, na Vargem do Bom Jesus. Se no Norte o tráfico é miúdo, no Sul segue o ritmo vertiginoso de Neném da Costeira. Sérgio de Souza, o rei da Pirajubaé, foi preso a primeira vez em

1997 pela Polícia Federal com 16 quilos de cocaína. Em 2000, articulou a morte de Baga, o chefe número 1 do tráfico, e participou da “limpeza” dos gerentes e apoios. A Inteligência da Polícia Civil relata que cerca de 50 jovens entre 16 e 26 anos foram mortos por uma das suas quadrilhas – conhecida pelo forte arsenal. O Ministério Público concluiu um inquérito denunciando ligações de Neném com traficantes da Bolívia e do Paraguai – como o narcotraficante brasileiro Jarvis Ximenes Pavão, que mantinha seu QG na fronteira entre os países. Preso em 2002, na antiga sede da Deic (Delegacia Estadual de Investigação Criminal), em Capoeiras, foi resgatado dois meses depois por um falso entregador de pizza e recapturado em 2009, em Encarnación, no Paraguai, pela Senad (Secreta-

ria Antidrogas Paraguaia), com auxílio de agentes brasileiros. Encarcerado em São Pedro de Alcântara foi transferido para Cuiabá, em 2011. Seu parceiro de cela era Elias Maluco – um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro. De volta a São Pedro, Neném mantém seu reinado: suas drogas são carregadas em fardos com o desenho de um bebê com uma coroa na cabeça. Com a sua prisão, Ademir Soares, o Mi, traz as drogas e armas do Paraguai e revende para os outros líderes. Maninho faz a gerência. Neném é o único que mantém sua divisão no tratado pósexecução do Baga. Rodrigo de Oliveira, da Pedra, é o chefe do Horácio, onde estão as bocas mais movimentadas do Maciço da Cruz. Denilson da Silva perdeu espaço no mercado. (Aline Torres)


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