El Clandestino

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A história com detalhes inéditos

o trabalho jornalístico de ir checar se estava acontecendo alguma coisa no endereço da fonte não declarada. Sabia apenas que não era brasileiro por causa do espanhol com carregado sotaque. “As pernas tremem, bambas. Não desabafo no chão porque estou sentado no banco da frente do Chevette. O cano escuro da pistola a um palmo da minha testa é a imagem que ainda gira solta dentro da minha cabeça.” (p. 25). A partir daí, os 30 capítulos seguintes mergulham na história do sequestro, da ditadura, da Condor. No horror que foram as décadas de 70 e 80 na América Latina. Numa época de repressão e tortura, o episódio do sequestro dos uruguaios trouxe à tona a organização de inteligência secreta entre os países membros do Cone Sul. Embora somente na década de 90 se tenha publicado informações sobre a Operação Condor, quando 24 mil documentos secretos sobre o Chile

foram revelados durante a administração de Bill Clinton nos Estados Unidos, são descobertos relatórios sobre a cooperação militar entre os seis países da organização, que estavam sob o poder da CIA, agência de inteligência norte-americana. No “arquivo do terror”, foram encontrados relatórios secretos da polícia política de Alfredo Stroessner, descoberto pelo ex-preso político paraguaio Martín Almada na cidade de Lambaré, no Paraguai, em 1992, onde existem mais de 700 mil arquivos, 23 mil nomes de pessoas até hoje catalogadas e 300 siglas de organizações reprimidas. Nesse documentos aparecem evidencias sobre a estreita colaboração entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile para enfrentar os grupos que lutavam para a derrubada de seus governantes naquele período. Em novembro de 1978, Lílian Celiberti seus dois filhos e Universindo Diaz são seqüestrados no apartamento onde moravam. Os dois, militantes da oposição, foram torturados e presos em Porto Alegre, e levados clandestinamente para Montevidéu, onde ficaram presos

O

peração Condor foi o nome dado a uma força multinacional que envolvia Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, além de uma participação do Peru. O objetivo da organização secreta era a troca de informações acerca de pessoas subversivas para os militares, grupos de esquerda, comunistas e marxistas. Essa articulação permitia que Forças Armadas e grupos paramilitares circulassem livremente entre os países para seqüestrar, matar e sumir com quem fosse suspeito de ações contra o governo. A organização apenas reforçou os laços político-militares existentes, reorientando a união entre os governos para a perseguição de seus opositores. Quem concebeu e planejou a operação foi o general chileno Manuel Contreras, chefe da Direção de Inteligência Nacional (DINA), o braço direito de Augusto Pinochet , ex-ditador chileno. No dia 25 de novembro de 1975 uma reunião entre os seis países do Cone Sul no Chile inaugurava a Operação Condor - nome sugerido pelo anônimo subchefe da delegação do Uruguai em homenagem ao país sede da organização, que

Carlos Latuff - Gaza

A maior organização repressiva da América do Sul

tinha o animal como símbolo nacional. O Condor-dos-andes, maior ave voadora do mundo, inspirou o nome que se encaixava perfeitamente com a organização: “A ave saprófaga que se alimenta de carne podre, que tem o olho e faro para cadáveres.” Contreras viajou para Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela e Estados Unidos para expor seu projeto de repressão transnacional e pedir apoio dos chefes dos serviços secretos desses pa-

íses para auxiliar a eliminação do comunismo e “defender a sociedade ocidental e cristã”. A CIA treinou os agentes da DINA, os melhores oficiais das Forças Armadas chilenas, na Escola Nacional de Informações do Brasil, com técnicas de interrogatório e tortura. Não há documento que comprove a participação efetiva dos EUA nas fases da operação. Todo o esquema se dividia em três etapas. Na Fase I, era preciso obter, comunicar e trocar informações sobre o mundo da “subversão”, relacionando nomes e organizações como se fosse uma base central, coisas que já eram feitas naturalmente, mas agora tinham mais disciplina. A Fase II entrava em cena a ação contra os comunistas, capaz de atravessar fronteiras para capturar militantes em operações combinadas. Na última fase estava prevista a vigilância dos inimigos até a eliminação longe das fronteiras dos países. A maior ação da Fase III da Condor foi a explosão do carro do ex-embaixador de Salvador Allende, Orlando Letellier, e sua secretária americana em Washington.

Universindo Diaz

Episódio que marcou o jornalismo e fracassou a Condor

A

ordem de sequestro veio do Uruguai. Oficiais brasileiros e uruguaios receberam instruções para capturar Universindo Rodriguez Diaz e Lílian Celiberti, membros do Partido por la vitória del pueblo, organização comunista da esquerda uruguaia. O casal de uruguaios estava refugiado no Brasil com o objetivo de fazer contatos para aumentar a resistência contra a ditadura. A ação foi executada por militares uruguaios no dia 12 de novembro de 1978. Na sexta-feira, 17, a presença inesperada do jornalista Luiz Cláudio Cunha (LCC) e do repórter fotográfico João Baptista Scalco no apartamento onde estava o casal sequestrado pelos policiais, acelerou a transferência dos detidos para o Uruguai. Os filhos de Lílian - Camilo, de oito anos e Francesca, de apenas três - foram entregues aos avôs. O primeiro comunicado das forças conjuntas do Uruguai dizia que eles estavam presos porque tentaram invadir território uruguaio. Uma mentira deslavada, já que os jornalistas da Veja tinham sido testemunhas do ocorrido. Na terra natal, Lílian e Universindo ficaram presos por cinco anos. O episódio do “Sequestro dos uruguaios”, como ficou conhecido, foi a primeira e única ação conjunta da Operação Condor que fracassou internacionalmente, e a primeira evidencia de que o Brasil participava da organização clandestina. O casal foi liberado em 1984 depois das inúmeras torturas e humilhações, na época em que o Uruguai volta à democracia. O governo riograndense os indenizou em 1991 e o Uruguai redemocratizado indenizou o casal no ano seguinte Estima-se que a Operação Condor deixou 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos e 400 presos. A sobrevivência dos quatro uruguaios deve-se a rápida atuação do repórter LCC e do fotógrafo Scalco. Se eles não tivessem ido ao endereço passado pelo telefonema anônimo, este jornal mural sequer existiria.

El Clandestino O jornalista que virou notícia

Luiz Claúdio Cunha protagoniza duas importantes histórias do país e da imprensa Depois de encontro inesperado com alguém avançava em um detalhe na os policiais e a situação desagradável investigação do sequestro, eu não ficano apartamento da Rua Botafogo, Luiz va triste. Eu vibrava, porque era mais Cláudio Cunha, que recebeu um telefo- um elemento poderoso para chegar nema anônimo apenas com a informa- à verdade, contra as mentiras persisção de desaparecidos, descobriu uma tentes da polícia e dos seqüestradores. operação clandestina e ajudou a desven- Quanto maior o medo, quanto maior a dar o episódio do seqüestro junto com prepotência, mais união se estabelece outros jornalistas, o único fracasso de entre os jornalistas e os diferentes órrepercussão internacional da Operação gãos de comunicação. O inimigo coCondor. Também participou de outro mum, a ditadura, nos dava então força momento importante na história do jor- e unidade. nalismo brasileiro, quando abriu o off EC - Levando em consideração que do senador Antônio Carlos Magalhães você já conhecia os seqüestrados, se fosna revista Isto É. se outro jornalista que tivesse recebido El Clandestino - Quais informações a ligação você acha que o sequestro teria foram indispensáveis para desvendar o sido descoberto? episódio do seqüestro? LCC - Não posso imaginar qual seria Luiz Claúdio Cunha - Todas as in- o desdobramento do caso com outro formações foram importantes, porque repórter no meu lugar. Não fez difeelas formavam um mosaico, um qua- rença o fato de eu conhecer Lilian e dro racional que ajudava a dar coerên- Universindo previamente, mesmo com cia à investigação. Mas considero duas outros nomes. Qualquer repórter faria delas decisivas para o conjunto da re- o que é a obrigação de todos nós: invesportagem. O depoimento do Camilo, tigar aquele crime e descobrir os seus descrevendo de memória o local de responsáveis. Se eu não os conhecesse, seu cativeiro, a sede o desfecho ainda do DOPS gaúcho, “A gente tinha medo. assim poderia ser e o resgate da foto o mesmo, desde do Didi Pedalada, Sabia do risco que era que a apuração a partir da insistivesse o mesmo tência do fotógrafo fazer o nosso trabalho, progresso. Se ouRicardo Chaves na tro repórter tivesse conversa comigo mas ele é importante visto o que eu vi, no táxi, refazendo no apartamento da todos os passos do para a sociedade” rua Botafogo, teria sequestro. Sem os as mesmas condidois, Camilo e Kadão, a investigação ções de testemunhar sobre as mentiras não teria avançado com a mesma rapi- da polícia gaúcha e dos militares urudez. Talvez chegasse ao mesmo resulta- guaios, que inventaram uma versão faldo, mas iria durar muito mais tempo e sa para tentar acobertar o sequestro. exigir muito mais esforço. EC - Outro fotógrafo poderia ter ajuEC - Como é ignorar a corrida pelo dado de que forma, se não fosse Scalco? furo jornalístico e trabalhar em conjunLCC - A presença do Scalco ao meu to (união dos jornalistas) pra desvendar lado foi fundamental para desmontar o caso? a farsa. Sua condição de fotógrafo de LCC - É difícil acreditar, mas não uma revista esportiva, a Placar, foi dehavia a obsessão do furo, neste caso. cisiva para o reconhecimento posterior Simplesmente porque os inimigos não de um ex-jogador, o Didi Pedalada, estavam nas outras redações, mas nas que naquele dia vestia a camiseta dos catacumbas da repressão. Na ditadura, seqüestradores do time do DOPS coa gente se unia e não se dividia para mandados pelo delegado Pedro Seelig. resistir com mais inteligência e mais Outro fotógrafo ao meu lado talvez não força ao arbítrio da ditadura. Quando tivesse me dado a chance de fisgar com

Mujica, presidente uruguaio

rapidez esta pista, que acabou levando à identificação dos policiais do DOPS. EC - Hoje a investigação seria mais fácil? Por quê? LCC - É difícil redesenhar o presente sob a ótica do passado. Aquilo aconteceu em 1978 e foi investigado sob as condições políticas específicas daquele período. Mas acho que dá para afirmar, com segurança, que trabalhar na ditadura é sempre mais complicado do que na democracia. As razões são óbvias. Além das dificuldades inerentes de uma investigação complexa como essa, havia o medo intrínseco do clima policial, da violência que se abatia sobre o país — principalmente sobre a imprensa. Os jornalistas tinham, antes de tudo, de vencer o medo para fazer o que era preciso ser feito. Os riscos de retaliação eram evidentes, mas todos nós tínhamos um compromisso ainda maior: resistir à força e à truculência. E tudo ficava mais suportável quando se sabia que estávamos ao lado da verdade. Cedo ou tarde, ela iria prevalecer. Esta certeza nos amparava e confortava, diante de todas as dificuldades que acabamos superando todos juntos. EC - Em 2003, você quebrou o off do senador Antônio Carlos Magalhães no caso do grampo, o que gerou uma grande polêmica. Como foi a decisão de revelar a declaração em off do ACM? LCC - No dia em que o senador me passou a transcrição das gravações, que ele tinha mandado grampear, percebi que não era uma informação que eu poderia sair publicando logo, aquilo era um crime. Em seguida, descobrimos que a Polícia Federal investigava uma denúncia do deputado federal do mesmo estado do ACM, Geddel Vieira Lima. Tratava-se de um mega grampo na Bahia envolvendo mais de 700 telefones. Foi quando percebi que aquele material era a prova de um crime que o senador havia assumido na conversa em off comigo. Primeiro ele falou que uns amigos tinham feito as gravações, e depois descobrimos que eram os funcionários da secretaria de segurança. Ficou claro para mim que ele não estava à altura da confiança que

Luiz Cláudio Cunha, autor do livro

eu devia manter com ele, então resolvi quebrar o sigilo. Se eu ficasse quieto, iria ser cúmplice dele. Nós, jornalistas, trabalhamos eventualmente na condição do off para preservar a informação e a verdade, e deixar o leitor bem informado. Naquele caso, percebi que ele estava me desviando da verdade, da informação correta e da boa informação, portanto ele não merecia mais o silêncio. EC - Como é a cumplicidade entre jornalistas e políticos? LCC - É impossível circular no centro do poder sem ter certa cumplicidade. Deve haver um pouco de intimidade com a fonte para que ela confie no repórter a ponto de revelar coisas que não revelaria a outro. Mas, ela deve ter sempre a noção que está falando com um repórter, que mais cedo ou mais tarde vai publicar a informação com ou sem off, pois o importante é informar o leitor. Não há problema nenhum em ser amigo e íntimo de um político, aliás, seria problemático se um repórter não conhecesse ninguém vivendo em Brasília. O que não pode acontecer é, em nome dessa intimidade, ficar prisioneiro da fonte e não revelar a informação. Um bom repórter será sempre identificado por um político como um bom repórter.

Decadência: o Uruguai próspero e o palco da guerrilha A

pós a independência em 1828, o Uruguai tem um desenvolvimento favorável e estabelece rapidamente uma base da organização político-econômica. O alto índice de qualidade de vida do país atraiu muitos imigrantes no final do século XIX, ficando conhecido como a Suíça americana. A queda repentina do preço da carne e da lã, os dois principais produtos de exportação do Uruguai, trouxe desemprego em massa, inflação e um brusco descenso do padrão de vida. A crise instaurada na década de 60 deu forças para a criação do Movimento de Liberação Nacional (MLN) da esquerda parlamentar, fundado em 1963, mais conhecido como tupamaros. Num primeiro momento, o grupo de guerrilha urbana fez assaltos a bancos, a lojas de armas e empresas privadas, para reunir recursos e armamentos. Em seguida usaram os sequestros polí-

Repressão militar contra as manifestações

ticos para demonstrar a impotência do governo. A ação mais conhecida foi o sequestro do agente da CIA, Dan Mitrione, que adotava a tortura como método para obter informações, e o cônsul brasileiro Aloízio Gomide. Como o governo re-

cusou as negociações de troca de prisioneiros, os Tupamaros mataram o agente Norte-americano. Toda essa tensão culminou no golpe de Estado pelas Forças Armadas em 1973. O Uruguai passa a ser reconhecido pela repressão e por ser o país com maior número de presos políticos, chegando a 4700 detidos em 1976. Os militares que tinham tomado o poder, frente ao presidente Juan Maria Bordaberry com o objetivo de vencer a crise e derrotar o grupo guerrilheiro. Só pioram a situação, tiram o MLN de cena, a inflação aumenta, o desemprego atinge 15% e a dívida externa alcança 5500 milhões de dólares. Em 1984, os protestos da população contra a ditadura militar ferviam. Uma greve geral que durou 24 horas resultou nas eleições do mesmo ano. Julio María Sanguinetti ganha as eleições e toma posse em 1985, redemocratizando o país.

“O off é um escudo necessário quando está em jogo a integridade da informação, a segurança da fonte, o interesse da sociedade”

Reencontro de Lílian com a filha

durante cinco anos acusados por terem invadido o território uruguaio. A presença de LCC e do fotógrafo Scalco na residência do casal faria do desaparecimento uma reportagem de repercussão internacional. Com o vigor jornalístico, Cunha só termina a sua série quando os policiais são condenados pela justiça, que acabou reconhecendo o seqüestro. Lílian Celiberti Rosas de Casariego era professora do nível primário e dirigente da Federação Uruguaia do Ministério quando foi presa por exercer atividades políticas em 1972 no Uruguai, cumpriu quase dois anos de pena e quando foi libertada, viajou para a Itália. De volta à América do Sul, mudou-se para o Brasil em outubro de 1978, sob os cuidados das Nações Unidas, tinha o objetivo de juntar informações sobre direitos humanos no Uruguai para entidades internacionais na Europa e nos Estados que denunciavam a violência política no Cone Sul. A ação não contava com os dois filhos de Lílian, Camilo de oito anos e Francesca de apenas três, que passaram por situações constrangedoras ao verem a mãe sendo torturada, ainda na capital gaúcha. Quando chegaram ao Uruguai, as crianças foram entregues aos pais de Lílian, Lilia Rosas de Casariego e Homero Rosas. O livro, ainda contém um portfólio de oito páginas, que identifica os personagens descritos ao longo da história. A obra-prima, como Kfouri classifica o livro, é um registro histórico e importante documento para o fortalecimento da democracia. Merecedora, a série de Luiz Cláudio Cunha é ganhadora dos maiores prêmios de jornalismo do país em 1979: Esso, Vladmir Herzog, Telesp e Abril.

Curso de jornalismo da UFSC Atividade da disciplina Edição Professor: Ricardo Barreto Arte: Joice Balboa Edição, texto e editoração gráfica:Joice Balboa Serviços Editoriais: Zero, junho/2003; acervo digital da revista Veja ; sepiencia.org.mx Colaboração: Diego Cardoso e Rosielle Machado Impressão: Postmix Junho/2010

Ichiro Guerra

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Arquivo Zero Hora

A descoberta que abalou uma operação militar conjunta dos países do Cone Sul

mais recente avanço da esquerda política do Uruguai é a segunda ascensão consecutiva ao governo através das eleições. Desde 1° de março deste ano, José “Pepe” Mujica, com 74 anos, cofundador do movimento radical da oposição, ocupa o cargo de presidente do país representando a Frente Ampla (FA). O atual governante promete dar continuidade às ações da administração anterior que deram popularidade ao partido. A luta contra a pobreza e a disseminação do conhecimento em “todos os cantos do país” fazem parte das principais preocupações para o seu mandato. O primeiro ex-guerrilheiro a chegar à presidência do Uruguai participou do Movimento de Libertação Nacional (MLN), ficou preso durante 14 anos e foi torturado pela ditadura militar. O seu antecessor, Tabaré Vazquez (2004-2009), triplicou o investimento externo, reduziu o gasto público e deixou o governo com um avanço também nos setores social e militar, porém a política externa e a segurança não foram muito bem sucedidas. Liderado por Bolivar Moreira, Gustavo Robaina e Romina Napilotti, um grupo setorizado da FA decidiu formar um novo espaço político chamado “Ir”. O objetivo é democratizar a participação na estrutura organizacional e influenciar na resolução de questões de importância. O argumento do grupo é que atualmente a FA não tem capacidade para motivar a militância e gerar discussões. Pretendem “recuperar a essência perdida” A constituição uruguaia de 1967 institucionalizou uma presidência forte, sujeita ao controle judiciário e legislativo. O presidente, ao mesmo tempo o chefe de estado e o chefe de governo, é eleito por voto popular para um mandato de cinco anos. O governo é composto por treze ministros, nomeados pelo presidente, que dirigem departamentos executivos. Miguel Rojo - AFP

Lílian Celiberti

Uma história sem precedentes esde a primeira linha, a história parece mais um roteiro de cinema que um fato real. A imaginação trabalha para resgatar todos os detalhes transcritos nas 443 páginas de um episódio sem igual no jornalismo e na Operação Condor. Prefaciado em duas páginas por Juca Kfouri e mais duas por José Roberto Guzzo, o livro “O seqüestro dos uruguaios: uma reportagem dos tempos da ditadura” não desperdiça tempo nem espaço. Aproveita cada instante pra atrair o leitor. O livro demonstra a dedicação do jornalista Luiz Cláudio Cunha, por quase dois anos, para encontrar a solução da grande reportagem. E em 2008, 30 anos depois, remonta na obra cada detalhe da investigação. A série de reportagens, que se prolongou durante 86 semanas, é trabalhada com todas as minúcias que LCC poderia escrever. O autor traz novidades a todo o momento. É como num filme, basta um segundo de distração para se perder. Com freqüência, o autor volta à história, como se estivesse te lembrando do que aconteceu antes, relembra os principais fatos ocorridos e fundamentais para a compreensão. Mas, ainda assim vem com um “tempero” diferente. No final do livro, há dois anexos explicativos essenciais para entender o porque e como se deu a história. Um explica a ditadura do Uruguai, e o outro a Operação Condor e suas particularidades. Cunha recebe, através de um telefonema anônimo, a informação de um casal detido na Rua Botafogo, n° 621, apartamento 110, bloco três no bairro Menino Deus. Era dia de fechamento da revista Veja, da qual era diretor da sucursal em Porto Alegre, mas isso não atrapalharia

Ano I Página 2 Livro: Operação Condor: o sequestro dos uruguaios Florianpópolis, quinta-feira, 10 de junho de 2010

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Arquivo Nizkor

El Clandestino

Tupamaros administram o país desde 2004

Cena do documentário O condor 2007

Arquivo Zero Hora

Curso de jornalismo da UFSC Atividade da disciplina Edição Professor: Ricardo Barreto Arte: Joice Balboa Edição, texto e editoração gráfica:Joice Balboa Serviços Editoriais: Zero, junho/2003; acervo digital da revista Veja ; sepiencia.org.mx Colaboração: Diego Cardoso e Rosielle Machado Impressão: Postmix Junho/2010

Reprodução

General Paul Aussaresses

O meio mais fácil de obter informações é a tortura, um mal menor, mas necessário, que deve ser usado para evitar o mal maior do terrosimo

Ano I Página 1 Livro: Operação Condor: o sequestro dos uruguaios Florianpópolis, quinta-feira, 10 de junho de 2010


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