Revista: Dicas ao educador Editora-chefe: Joice Pereira
EDIÇÃO ESPECIAL
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE LEITORES
Dicas para a elaboração de aulas práticas, lúdicas e prazerosas.
Julho de 2014 Revista Dicas ao educador. Edição especial: A importância da Literatura Infantil na formação de leitores
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Revista Dicas ao educador. Edição especial: A importância da Literatura Infantil na formação de leitores: Dicas para a elaboração de aulas práticas, lúdicas e prazerosas. Rio de Janeiro, Julho de 2014. Editora-chefe: Joice Pereira 1. Literatura Infantil. 2. Concepções e Práticas. 3. Letramento Literário; 4.
Revista Dicas ao educador. Edição especial: A importância da Literatura Infantil Formação do leitor na formação de leitores
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Revista: Dicas ao educador EDIÇÃO ESPECIAL
Índice
Editora-chefe: Joice Pereira
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE LEITORES
Dicas para a elaboração de aulas práticas, lúdicas e prazerosas.
JULHO DE 2014
Revista Dicas ao educador. Edição especial: A importância da Literatura Infantil na formação de leitores
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INDICE 05 Editorial 06 Fique ligado – Informativo A literatura infantil no processo de formação do leitor: Como utilizar a literatura infantil na sala de aula? O que a literatura infantil pode despertar nos alunos? O que é necessário para se formar leitores?
08 Hora da entrevista Entrevista com Regina Zilberman
10 Fica a dica Dicas de atividades e exemplos de gêneros textuais
Editorial
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Editorial
Nesta edição especial você descobrirá por que é tão importante trabalhalhar com a literatura infantil na sala de aula, sua importância para formação de futuros leitores e dicas de atividades para fazer uso da literatura infantil de forma prática e dinâmica, como uma excelente ferramenta que desperte o gosto e o prazer pela leitura.
“ A literatura não é, como tantos supõem, um passatempo. É uma nutrição.” (Cecília Meireles, 1984)
“A literatura não é, como tantos supõem, um passatempo. É uma nutrição”.
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Informativo: A literatura infantil no processo de formação do leitor Como utilizar a literatura infantil na sala de aula? O que a literatura infantil pode despertar nos alunos? É necessário que se escolha livros agradáveis aos olhos da criança: aqueles possuem um texto encantador e estimulador ao imagianário infantil. Sosa (1978) pontua quatro elementos que servem de base de sustentação da literatura infantil: o caráter imaginoso, o dramatismo, a técnica do desenvolvimento e a linguagem. Caráter imaginoso: trabalhar com lendas, mitos, fábulas, entre outros, garantem o deslumbramento e fantasia da criançada. O dramatismo: “O espírito da criança precisa do drama, da movimentação das personagens, da soma das experiências populares e tudo isso dito por meio das mais elevadas formas de expressão e com inegável elevação de pensamento”. (Sosa, 1978, p.19). A existência de um drama na literatura é importante para a criança se sentir na história, viver a obra. A técnica do desenvolvimento: “Na técnica, nos é dado admirar o modo como o autor desenvolve o entrecho dos acontecimentos ante a avidez do leitor.” (Sosa, 1978, p. 39). A linguagem: O pequeno leitor necessita de uma linguagem simples, bem cuidada e agradável. É necessário investir em uma boa entonação. É necessário que se supere práticas pedagógicas frequentemente utilizada por inúmeros professores que ao fazerem uso da literatura infantil, a utilizam apenas como ferramentas para aplicar exercícios intelectuais ou pedagógicos, ou com caráter moralizador, com a finalidade de transmitir normas de obediência e disciplinar comportamento, quando na verdade a finalidade deve ser provocar a imaginação, estimular a curiosidade, provocar questionamentos, promover a construção de novos significados, e por que não dizer divertir, e por ultimo sem imposição, instruir e educar, o que seria o ideal na formação do leitor. Oliveira afirma que: Os livros infantis, além de proporcionarem prazer, contribuem para o enriquecimento intelectual das crianças. Sendo esse gênero objeto da cultura, a criança tem um encontro significativo de suas histórias com o mundo imaginativo dela própria. A criança tem a capacidade de colocar seus próprios significados nos textos que lê, isso quando o adulto permite e não impõe os seus próprios significados, visto estar em constante busca de uma utilidade que o cerca. (OLIVEIRA, 2005, p. 125)
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O que é necessário para se formar leitores? Formar leitores requer que se trabalhe na perspectiva de favorecer a ampliação da cultura oral e escrita dos alunos e a despertar o gosto pela leitura. Para que isso ocorra é preciso buscar inserir o aluno no universo artístico e cultural que o cerca, promovendo o contado com as mais variadas formas de expressão, oferecendo acesso a artigos literário como contos, lendas, trava-línguas, trabalhar com músicas, danças, narrativas, brincadeiras, jogos, desenhos, entre outros, para que através desses instrumentos os alunos possam construir conhecimento do mundo, do outro, e de si mesmo. Todo esse trabalho diversificado, com os diferentes gêneros textuais é essencial para que a criança estabeleça relações positivas com a linguagem, a leitura e a escrita e venha construir o desejo de aprender a ler. Não devemos nos limitar trabalhar com os gêneros textuais baseado no caráter utilitário, com uma função pré-determinada que deva ser seguida a risca, ou que se limitam a inculcar valores, mudar comportamentos e informar o leitor e, e sim levar os alunos a interagir com a obra literária, a encontrar significado naquilo que está exposto, compreendendo o texto e relacionando com o mundo a sua volta, construindo e elaborando novos significados. É permitir que através das linguagens, seja ela oral ou escrita, as crianças criam, inventam, fantasiam, imaginam e aprenderem a se expressar. Isso significa educar na perspectiva do letramento onde alunos tem contato com diferentes gêneros textuais e trabalham com seu uso social. Formar leitores é como aponta Paulo Freire, é trabalhar na perspectiva em que estudar e aprender devam ser encarados um compromisso. Compromisso com a busca da compreensão, com uma aprendizagem verdadeiramente significativa. É esforçar-se para realizar, não apenas a leitura das palavras, mas sim a “leitura do mundo”. Joice Pereira (Editora – chefe)
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Hora da entrevista: Entrevista com Regina Zilberman Pesquisadora fala sobre o trabalho com a leitura nas escolas e a importância de o professor ser ele mesmo um leitor Meire Cavalcante (novaescola@fvc.org.br)
A leitura é um mundo. Talvez seja ela o mundo. Dar à criança a chave que abre as portas desse universo é permitir que ela seja informada, autônoma e, principalmente, dona dos rumos de sua própria vida. Afinal, não é à toa que se fala tanto em uso social da leitura e da escrita. E para despertar nos pequenos o gosto pela literatura é fundamental que os professores sejam eles mesmos grandes entusiastas dos livros. É o que defende Regina Zilberman, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Leia a seguir uma entrevista exclusiva com Regina sobre a leitura na escola. O que já pode ser considerado como premissas para o docente no trabalho com a leitura? Regina Zilberman: Parece óbvio o que vou dizer, mas a premissa é a de que o professor seja um leitor. Não apenas um indivíduo letrado, mas alguém que, com certa freqüência, lê produtos como jornais, revistas, bulas de remédio, histórias em quadrinho, romances ou poesias. O professor precisa se reconhecer como leitor e gostar de se entender nessa condição. Depois, seria interessante que ele transmitisse aos alunos esse gosto, verificando o que eles apreciam. Esse momento é meio difícil, pois, via de regra, crianças e jovens tendem a rejeitar a leitura porque ela é confundida com o livro escolar e a obrigação de aprender. Se o professor quebrar esse gelo, acredito que conseguirá andar em frente. A terceira etapa depende de a escola, por meio da biblioteca, da ação do professor e do interesse dos alunos, disponibilizar livros para todos. Mas as publicações não podem ser produzidas pelos alunos. Caso contrário, impede-se o reconhecimento do livro como um produto industrial, com características específicas e dentro do qual existe a matéria para leitura. O aluno precisa reconhecer que essa matéria é oriunda de um terceiro, o autor, com o qual o leitor dialoga. Não existe fórmula para o trabalho com leitura em sala de aula, mas há uma série de pré-condições, como as que já citei e que considero mínimas. Precisamos, porém, reconhecer como fundamental também a valorização do trabalho do professor e o oferecimento de condições favoráveis de ensino, como segurança nas escolas públicas, livros na biblioteca, salas de aula equipadas, etc.. Essas são igualmente premissas, que não dependem do professor, mas de políticas públicas que tenham a Educação como foco principal.
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Entrevista com Regina Zilberman O que já se sabe quando o assunto é leitura na escola? Regina Zilberman: Há uma gama variada de pesquisas sobre o assunto, que começam com as questões de aquisição da escrita, estendem-se à psicolingüística e à sociolingüística e chegam à teoria da literatura, que desenvolveu uma ampla área de investigação relacionada aos processos de leitura e de formação do leitor. A escola, nesse caso, pode ser entendida tanto como o local onde se dá a aprendizagem da leitura e a preparação para o consumo de obras impressas, quanto como o espaço do desencantamento e da perda da magia trazida da infância, já que impede o contato direto com o mundo da oralidade, onde se fazia a transmissão original de histórias (contos de fadas, poemas, cantigas de ninar, etc.). A leitura na escola constitui um amplo campo de investigação porque, nas atuais condições de aprendizagem e ensino, é o lugar onde o indivíduo pode amadurecer intelectualmente ou retrair-se, evitando (ou minimizando) seus intercâmbios com o universo da cultura. O que ainda precisa ser mais bem investigado nessa área? Regina Zilberman: Acho que, no âmbito dos estudos literários, há ainda margem para estudar o impacto da leitura literária na formação do leitor, especialmente entre os jovens que freqüentam o Ensino Médio, território ainda não suficientemente mapeado nas pesquisas vigentes. Acessem a entrevista completa em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/praticapedagogica/juventude-leia-mais-423892.shtml
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Os educadores precisam ensinar o aluno a explorar os textos e a dominar a multiplicidade de gêneros textuais existentes. Para isso, é necessário que o educador, além de realizar uma leitura prévia do material oferecido ao aluno, que este, ofereça diferentes gêneros textuais para a degustação de leitura para o leitor.
Vejamos então a algumas dicas de atividades e exemplos de gêneros textuais:
Sugestões de atividades
CHEGOU A HORA DA GRANDE ESTRÉIA. REGINALDO, O DOMADOR, ESTAVA ANSIOSO PARA O SUCESSO DO SEU NÚMERO, NAQUELA TARDE. TUDO PREPARADO, MAS O TIGRE MALHADO.......
(Pedir aos alunos que terminem a história)
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PESQUISANDO OS GÊNEROS TEXTUAIS Análise dos gêneros textuais Leve para sala de aula os seguintes gêneros textuais: bilhete, anúncio, folheto informativo e receita. Em roda, leia e explore todos eles. Indicamos abaixo de cada texto as perguntas que podem ser feitas: FOLHETO INFORMATIVO:
Retirado do site: http://1.bp.blogspot.com/_KP42VxyXK0k/Suc0KLfDGpI/AAAAAAAAABI/PuWp75f-HtE/s1600h/folheto-do-projeto-adote-um-copo-dagua.jpg
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Perguntas: Que desenhos têm neste texto? O que o caneco está falando? E na plaquinha do outro caneco, o que está escrito? Vamos ler o restante do texto? Por que vocês acham que o copinho está pedindo para ser adotado? O que se espera que as pessoas façam ao ler esse folheto? Onde este texto pode ser encontrado? Ao final, explique que esse tipo de texto se chama folheto e serve para informar à população o que ela deve fazer em relação a determinado assunto. Em seguida, faça um mural na sala, o divida em quatro partes, escreva FOLHETOS e cole esse exemplar.
ANÚNCIO
Retirado do site: http://www.amimais.org.br/animais_perdidos.asp Perguntas: Qual a foto que está no texto? Qual o título do texto? Quem deve ter escrito o texto? Para que ele foi escrito? Vamos ler o restante do texto? Por que o anunciante informou as características do animal e forneceu seus telefones? Ao final, explique aos alunos que esse tipo de texto se chama anúncio e serve para anunciar um fato à população: serviço, emprego etc. Em seguida, registre o nome ANÚNCIOS e cole o exemplar. .
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RECEITA Suco de limão Ingredientes: 2 limões 1 colher de sopa de açúcar 2 dedos de leite 1 litro de água gelada Modo de fazer: Descascar os limões e tirar as sementes. Colocar no liquidificador junto com os outros ingredientes Bater e em seguida coar. Retirado do site: http://tudogostoso.uol.com.br/receita/7116-suco-de-limao-facil.html Perguntas: Qual o título do texto? Vamos ler o texto? Qual o seu assunto? Para que ele serve? O texto é dividido em duas partes. Quais são elas? Onde o texto pode ser encontrado? Ao final, explique aos alunos que esse tipo de texto se chama receita e serve para preparar um alimento. Em seguida, registre o nome RECEITAS e cole o exemplar. BILHETE Mamãe, Fui à casa do Rodrigo. A mãe dele vai me trazer à noite. Um beijo, Rafael Perguntas: Vamos ler o texto? Quem o escreveu? O que ele disse? Para quem o texto foi escrito? Por que Rafael escreveu este texto? Como é chamado esse tipo de texto? Onde o texto pode ser encontrado? Ao final, os alunos deverão entender o que é um bilhete e para que ele serve. Em seguida, cole o exemplar na última parte do mural, abaixo do título BILHETES.
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Conhecendo um pouco mais de expemplares da Literatura Infantil CONTO DE FADA Narrativa com tendência para magia e encantamento. As transformações ocorridas são produzidas por seres encantados dotados de poderes: fadas, magos, duendes... Tem com característica a demarcação do tempo no início do parágrafo de forma imprecisa: “Era uma vez...”. “Certa vez...”, Frequentemente usa-se a expressão “E foram felizes para sempre”.
HISTÓRIA EM QUADRINHOS É um texto narrativo; algumas histórias são contadas somente por meio das imagens, outras imagens e palavras. Quem vivencia os acontecimentos da história são os personagens e os acontecimentos apresentados em sequência, quadro a quadro, de acordo com a ordem dos fatos.
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FÁBULA A fábula é uma história curta. As personagens são animais que agem como seres humanos. No final do texto, é apresentada uma moral, um ensinamento.
POEMA Texto literário geralmente escrito na forma vertical disposto no papel de varias maneiras. Tem com característica marcante o ritmo e a rima, mas não obrigatoriamente. Usado para expressar sentimentos, emoções e visões diversas da realidade.
LENDA Narração escrita ou oral, de caráter maravilhoso e fantasioso, tradição popular.
O Pato (Vinicius de Moraes) Lá vem o pato Pata aqui, pata acolá Lá vem o pato Para ver o que é que há O pato pateta Pintou o caneco Surrou a galinha Bateu no marreco Pulou do poleiro No pé do cavalo Levou um coice Criou um galo Comeu um pedaço De jenipapo Ficou engasgado Com dor no papo Caiu no poço Quebrou a tigela Tantas fez o moço Que foi pra panela
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Fontes pesquisadas: PAIVA, Sílvia Cristina Fernandes; OLIVEIRA Ana Arlinda. A Literatura infantil no processo de formação do leitor. Cadernos de Pedagogia. São Carlos, Ano 4 v. 4 n. 7, p. 22-36, jan. – jun. 2010. Disponível em: http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/175/101
FREIRE, Paulo. Carta de Paulo Freire aos professores. Ensinar, aprender: leitura do mundo leitura da palavra. Estudos Avançados 15 (42), 2001. *Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa ensinar (Editora Olho D’Água, 10ª ed., p. 27-38).
Sites:
Revista Nova escola: Entrevista com Regina Zilberman em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/praticapedagogica/juventude-leia-mais-423892.shtml
Portal do professor: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27199 WordPress: Juciene Bertoldo: https://jucienebertoldo.wordpress.com/tag/generos-textuais/
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