Midiateca

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MI DIA TEC CA



"Só existe opção quando se tem informação". Gilberto Diemnstein





midiaTECA PROJETO PARA UMA MIDIATECA EM RIBEIRÃO PRETO

Monografia apresentada ao Centro Universitário Moura Lacerda, para cumprimento das exigências para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof. ª Regina Angelini.

JORDANA DIEZ CINTRA

RIBEIRÃO PRETO 2012



Ao meu avô, Antonio Carlos Diez (in memoriam), minha maior referência. Que me ensinou e compartilhou o amor aos livros, aos filmes e à música.



À Deus, meu suporte, tempestades e arco-íris.

minha

força.

Pelas

Aos meus pais, pelo constante incentivo e orgulho depositados à mim e à minha vocação. Aos amigos, sempre prontos a ouvir meus reclames, anseios e empolgações. Pelas conversas, ideias e paciência. Aos professores, imprescindíveis ao que sou hoje, que estimularam e firmaram meu amor pela arte e pela arquitetura.


RESUMO O trabalho de pesquisa apresenta uma proposta de implantação para uma Midiateca que atenda ao município e à região de Ribeirão Preto - SP. Acentuando e valorizando no município um eixo cultural já existente, um local onde possa oferecer conhecimento, cultura e lazer. Uma midiateca que tenha capacidade autônoma de adaptação às novas tecnologias da informação. Alcançar todos os públicos, sem distinção de idade, situação escolar, cultural ou econômica. Toda a população tem direito ao acesso à informação. Buscando formas abertas, com a função de informar a todos e favorecer o encontro público para um melhor convívio dentro da cidade. Um estabelecimento cultural aberto, um lugar de troca, pesquisa, agrupamento de serviços e polo de excelência. Espaço para leitura, trabalho, reunião, ócio, curiosidade, um espaço de sociabilidade.

Palavras-chave: informação, tecnologia da informação, conhecimento, comunicação, acesso, instrução.


ABSTRACT The research paper presents a proposal for a deployment Mediateca that meets the municipality and the region of Ribeir達o Preto SP. Accentuating and enhancing the city a cultural hub existing, can offer a place where knowledge, culture and leisure. A mediateca that is capable of autonomously adapting to new information technologies. Reaching all audiences, regardless of age, school situation, cultural or economic. The entire population is entitled to access to information. Seeking open forms, with the function to inform everyone and promote public meeting for better living within the city. An open cultural establishment, a place of exchange, research, service and grouping pole of excellence. Space for reading, working, meeting, leisure, curiosity, a space of sociability.

Keywords: information, information technology, knowledge, communication, access, education.


FIGURA 1 - Placa de Argila http://universodahistoria.blogspot.com.br/2010/07/sargao-i-ogrande.html FIGURA 2 - Papiro http://abrindoolivro.wordpress.com/category/historia/ FIGURA 3 - Pergaminho http://agendaculturalpiracicabana.blogspot.com.br/2011/09/livr o-um-sonho-de-consumo-do-leitor.html FIGURA 4 - Fachada Biblioteca de Alexandria, Egito http://www.40forever.com.br/copacabana-alexandria-e-duasbibliotecas/biblioteca-de-alexandria-antiga/ FIGURA 5 - Interior Biblioteca do Mosteiro de Strahov, Praga - República Tcheca fonte: http://www.dementia.pt/a-biblioteca-do-mosteiro-destrahov/ FIGURA 6 - Prensa Tipográfica Gutenberg http://www.joyart.art.br/gutenberg/invencoes.html FIGURA 7 - Primeiro computador - Computador Militar http://esplay.blogspot.com.br/2012/01/o-primeiro-computadordo-mundo.html FIGURA 8 - Primeiro computador para uso pessoal - 1980 http://www.macmaniacos.com/blog/evolucao-dos-computador-allin-one-da-apple/ FIGURA 9 - Biblioteca Pública da Bahia, Salvador - BH http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/uma-senhorade-respeito FIGURA 10, 11 e 12 - Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro


http://iliadahomero.wordpress.com/tag/biblioteca/ http://arteemterblog.blogspot.com.br/2010/11/bibliotecas-domundo.html http://www.jornaldelondrina.com.br/divirtase/conteudo.phtml?id =1074099 FIGURA 13 - Logo programa Casa Brasil http://www.fundamascasabrasil.com.br/default/ FIGURA 14 - Logo Centro Vocacional Tecnológico http://jornalsuldasgerais.blogspot.com.br/2011/06/machado-cvtoferece-curso-para.html FIGURA 15 - Logo Telecentros BR http://telecentropecem.blogspot.com.br/ FIGURA 16 - Logo Acessa SP http://nickmartins.com.br/atualidades/acessa-sp-oferececursos-gratuitos/ FIGURA 17 - Acesso às bibliotecas no Brasil Pesquisa Retratos da Leitura - Instituto Pró-Livro FIGURA 18 - Frequencia que usam bibliotecas no Brasil Pesquisa Retratos da Leitura - Instituto Pró-Livro FIGURA 19 - O que a biblioteca representa Pesquisa Retratos da Leitura - Instituto Pró-Livro FIGURA 20 - Tipo de biblioteca Pesquisa Retratos da Leitura - Instituto Pró-Livro FIGURA 21 - Perfil dos usuários das bibliotecas Pesquisa Retratos da Leitura - Instituto Pró-Livro


FIGURA 22 - Tecnologia touch http://intrometendo.com/tecnologia/ FIGURA 23 - E-reader - E-book

http://noarimprensajovem.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.ht ml FIGURA 24 - Tablet http://www.pixelvulture.com/2010/04/alice-in-wonderlandinteractive-ipad-ebook/ FIGURA 25 - Wonderbook - Playstation http://whatculture.com/gaming/wonderbook-book-of-spellsreview-enchanting-magic-for-potter-fans.php FIGURA 26 - Biblioteca Tecnolテウgica http://www.fernandorigotti.com/biblioteca-moderna-na-holanda/ FIGURA 27 - Linha Fテゥrrea Mogiana http://jrfranca.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html FIGURA 28 - Chopperia Pinguim http://www.omelhordobairro.com.br/ribeiraopretovilavirginia/historia FIGURA 29 e 30 - テ馬ibus Biblioteca http://libre.org.br/institucional_view.asp?ID=64 FIGURA 31 e 32 - Sebo Mania de Cultura Ribeirテ」o Preto http://quersabermeublog.blogspot.com.br/2012/03/sebo-mania-decultura-ou-o-melhor-sebo.html FIGURA 33 e 34 - Biblioteca Altino Arantes


http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Biblioteca_Altino_Arante s.jpg FIGURA 35 e 36 - Biblioteca Central da USP http://www.imagens.usp.br/?attachment_id=557 FIGURA 37 - Biblioteca SENAC http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?tab=00002&subTab=00000& newsID=a9401.htm&testeira=453 FIGURA 38 e 39 - Biblioteca Padre Euclides http://www.panoramio.com/photo/50583480 FIGURA 40 - Centro de Inclus達o Digital http://www.camararibeiraopreto.sp.gov.br/snoticias/i33principa l.php?id=370 FIGURA 41 - Teatro Carlos Gomes http://nadanovodebaixodosol.blogspot.com.br/2010/04/teatrocarlos-gomes.html FIGURA 42 - Teatro Pedro II http://www.revide.com.br/blog/ribeirao-preto/post/theatropedro-ii/ FIGURA 43 - SARP - Semana de Arte de Ribeir達o Preto http://felipecama.com/site/portugues/marp-ribeirao-preto-2005/ FIGURA 44 - Tanabata http://g1.globo.com/sp/ribeirao-pretofranca/noticia/2012/07/festival-em-ribeirao-preto-sp-celebra-comunidadejaponesa.html FIGURA 45 e 47 - Feira do Livro http://visaoregional.com.br/2010/05/03/feira-do-livro-tera-80autores-e-25-shows-em-ribeirao-preto/


FIGURA 47, 48, 49, 50, 51, 52 e 53 - Biblioteca de São Paulo http://www.aflaloegasperini.com.br/projeto/biblioteca-saopaulo FIGURA 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61 e 62 - Midiatece de Sendai http://www.archdaily.com.br/25662/classicos-da-arquiteturamediateca-de-sendai-toyo-ito-associates/3575498845_640e50471b_b/ FIGURA 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71 e 72 - Biblioteca de Seattle http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.126/3 658 FIGURA 73 e 74 - Terminal Rodoviário Ribeirão Preto http://noticias.uol.com.br/album/2012/05/15/greve-notransporte-publico-pelo-brasil.htm FIGURA 75 - Estúdios Kaiser de Cinema http://www.saopaulofilmcommission.org.br/entidade/ FIGURA 76 - Companhia Antarctica http://www.flickr.com/photos/jurandir_lima/5770453619/ FIGURA 77 - Vista aérea da área Google Earth FIGURA 78 - Vista aérea do terreno Google Earth FIGURA 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85 e 86 - Lance Veículos Autor FIGURA 87 - Mapa Equipamentos Culturais no entorno Autor FIGURA 88 - Curvas de Nível Naturais


Mapa Topografia Ribeirão Preto FIGURA 89 - Níveis Auais Autor FIGURA 90 - Áreas à demolir Autor FIGURA 91 - Hierarquia Funcional Mapa Hierarquia Funcional Prefeitura Ribeirão Preto FIGURA 92 - Itinerário Ônibus Ribeirão Preto FIGURA 93 - Terminal de Ônibus Urbano FIGURA 94 - Estrutura Metálica http://ecivil-al.blogspot.com.br/2010/08/vantagens-daestrutura-metalica.html FIGURA 95 - Aço Corten http://www.acocorten.com/2011/03/o-wyckoff-exchange-peloarquiteto-andre.html FIGURA 96 - Concreto permeável http://www.larimoveis.com.br/concreto-permeavel-e-alternativana-construcao-372FIGURA 97 - Seixo branco FIGURA 98 - Concreto polido http://arquitetarte.wordpress.com/2010/03/11/concreto-polido/ FIGURA 99 - Nuvens Acústicas FIGURA 100 e 101 - Wovin Wall 3form.com.br


21 INTRO 22 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 24 A HISTÓRIA E A INFORMAÇÃO 29 A INFORMAÇÃO NO BRASIL 37 PROBLEMÁTICA 41 A INFORMAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS

47 LEVANTAMENTO DE DADOS 48 A CIDADE 52 CARACTERÍSTICAS 54 A INFORMAÇÃO EM RIBEIRÃO PRETO 61 VOCAÇÃO CULTURAL 66 PORQUÊ UMA MIDIATECA PARA A CIDADE

69 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 70 BIBLIOTECA DE SÃO PAULO 74 MIDIATECA DE SENDAI 78 BIBLIOTECA CENTRAL DE SEATTLE

83 PROPOSTA 84 REGIÃO 85 BAIRRO 89 TERRENO


92 ENTORNO 94 DADOS DO TERRENO 98 SISTEMA VIÁRIO

103 DIRETRIZES PROJETUAIS 105 CONDICIONANTES DO PROJETO 107 CONCEITO 108 PARTIDO ARQUITETÔNICO 110 PROGRAMA DE NECESSIDADES 112 PLANO DE MASSAS 113 ORGANOGRAMA 115 ESTUDO DE ACESSOS 116 VOLUMETRIA

119 PROJETO 155 CONSIDERAÇÕES FINAIS 156 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



O estudo apresenta uma proposta de implantação para uma midiateca que atenda ao município e à região de Ribeirão Preto - SP. Acentuando e valorizando no município um eixo cultural já existente, um local onde possa oferecer conhecimento, cultura e lazer. Uma midiateca que tenha capacidade autônoma de adaptação às novas tecnologias da informação. A proposta almeja um novo espaço onde haja integração entre pessoas, possibilitando o acesso à informação e atividades culturais e sociais. Serão levados em consideração alguns elementos essenciais para a proposta: proteger o acervo bibliográfico, atualização bibliográfica e informativa, resgatar o hábito da leitura. Criação de uma arquitetura adequada ao local de acordo com os princípios climáticos. O projeto será implantado em um lote de 26.528,00 m², localizado na Vila Tibério, na Avenida Fábio Barreto, continuação de uma das principais vias do município, a Avenida Dr. Francisco Junqueira, próximo ao Terminal Rodoviário.


00 A HISTÓRIAE A INFORMAÇÃO

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1. funda menta cao teo FUN\ rica

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1.1 A HISTÓRIA E A INFORMAÇÃO A humanidade sempre sentiu necessidade de registrar e preservar seus conhecimentos. Muito antes da era cristã muitos povos já produziam documentos escritos em placas de argila. (1) (MACHADO; PINHO, 2011) No Período Paleolítico eram utilizados desenhos que mostravam acontecimentos do cotidiano, ou algo que ali fora descoberto. Como suporte de conservação desses conhecimentos, utilizados pelo homem primitivo, eram utilizados o interior de cavernas, posteriormente, na Antiguidade Clássica, tábuas de argila, escritas cuneiformes, papiros (2) e pergaminhos (3), até a escrita ser armazenada em meios virtuais. (DIAS, 2005) O advento da biblioteca se deve, se não à existência dos materiais como argila, pergaminho ou o livro, então, à própria escrita. Esta atende àquela necessidade humana de registro, independente do tipo de material concretizado. (MACHADO; PINHO, 2011) Na Antiguidade Clássica, entre o século VIII a.C. e o V d.C. que a arquitetura e a informação passam a ser articuladas, permitindo o desenvolvimento do primeiro espaço dedicado, efetivamente, para armazenar as informações. Com isso surgem as primeiras bibliotecas, garantindo esse novo ambiente que a demanda de informação produzida passa a exigir. (SIQUEIRA, 2010) 24


A mais antiga biblioteca foi a de Alexandria, que reunia a maior coleção de manuscritos do mundo antigo, 500.000 volumes. Fundada por Ptolomeu I, rei do Egito. Segundo a lenda, a biblioteca foi destruída pelo fogo. (MARTINS, 2002) (4) Na Idade Média, entre 476 d.C. e 1453, a Igreja Católica monopolizava todo o conhecimento produzido até então. Os manuscritos eram conservados, lidos, copiados, traduzidos e ilustrados pelos monges. Toda a produção bibliográfica era mantida nos mosteiros e conventos. (5)

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Nessa fase, durante a Antiguidade e o período medieval as bibliotecas eram destituídas do

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caráter público, tendo seu acesso restrito, sendo um depósito de livros, onde se escondia o livro ao invés de fazê-lo circular. A própria disposição arquitetônica dos edifícios demonstrao melhor que qualquer outro índice, as bibliotecas não tinham saída para o exterior e se situavam em lugares dificilmente acessíveis ao leitor comum. (MACHADO; PINHO, 2011)

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As bibliotecas antigas e medievais eram, enfim, lugares contrários à ideia de popularização e de democracia. No entanto, não podemos negar que elas preservaram, guardando e copiando manuscritos, hoje tão fundamentais para o nosso entendimento histórico. (MACHADO; PINHO, 2011)

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No século X surgem novos tipos de bibliotecas, essas novas bibliotecas eram sinônimo de poder e conhecimento, sendo privilégio de poucos terem acesso à elas. Essa configuração muda na Renascença, entre 1400 e 1600 d.C., quando foi inventada a prensa tipográfica (6), em 1455, por Gutenberg, marco tecnológico que viabilizou a produção em série, resultando no aumento de registros impressos e a disseminação do conhecimento, descentralizando a informação, trazendo consequentemente o crescimento e a ascensão tecnológica. (RIBEIRO, CHAGAS & PINTO, 2007) Esses acontecimentos contribuíram para que os dogmas empregados pela Igreja fossem questionados, impulsionando para que desencadeasse a Reforma Protestante, que passa a ver na ciência uma maneira de explicar a existência divina. Neste período diversas informações foram produzidas, havendo um aumento significativo do conhecimento em ciência e tecnologia (RIBEIRO, CHEGAS & PINTO, 2007). As primeiras bibliotecas públicas surgem no século XVII, esses espaços passam a ser redefinidos interiormente para adequar-se ao crescente número de pessoas que passam a frequentá-lo, surgindo ambientes dedicados à leitura e acervos maiores com novos instrumentos para organização e recuperação do material que

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comportasse as coleções demasiadamente. (OLIVEIRA, 2005)

que

cresciam

Inicia-se a veiculação da informação, estimulando a alfabetização e o desenvolvimento de pesquisas. Na Idade Moderna vieram juntar-se à biblioteca os periódicos também e, após a Revolução Industrial de 1800, novos suportes materiais, em que a imagem e também o som se converteram em meios de registro de informação. (RIBEIRO, 1996) Com isso ocorrem mudanças na disseminação da informação e nos meios de comunicação, a informação passa a ser universalizada. Sucessivamente com a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, exigiu-se a necessidade de outras formas de comunicação, provocando o surgimento da internet e dos computadores para uso militar. (7)

6

7

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O uso dos computadores como meio de comunicação foi resultado de movimentos sociais de jovens metropolitanos por volta de 1980 (8), e acabam sendo incorporados em instituições, nas indústrias, empresas, comércios, e posteriormente no setor residencial, tornando acessível o conhecimento produzido em todo o mundo, seja ele no aspecto cultural, científico ou tecnológico. (LEVY, 1999). A queda de preço em 1970 resultou no aumento da venda dos microcomputadores, seguido do advento da internet em 1980, possibilitou que mais pessoas pudessem ter acesso

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às inovações tecnológicas, as informações conhecimentos imersos nelas. (CASTELLS, 1999).

e

A globalização impulsionou a presença das informações midiáticas cada vez mais no cotidiano das pessoas. Por isso as mídias se tornam instrumentos imprescindíveis no papel de levar informações e conhecimentos para toda população, através da televisão, rádio, internet e de materiais impressos, os quais permitem que a informação seja adquirida de diferentes maneiras, ou seja, lendo, ouvindo e vendo. (IJUIM & TELLAROLI, 2008). Em dicionários e livros o significado da palavra biblioteca é coleção pública ou privada de livros e documentos, organizada para o estudo, leitura e consulta. Porém, o sentido contemporâneo da palavra faz referência a qualquer compilação de dados registrados em muitas outras formas e não só em livros (microfilmes, revistas, gravações, slides, fitas magnéticas e de vídeo, entre outros materiais). O material mais recente é o livro eletrônico (ebook), criado por um intenso idealismo democratizante de acesso à informação e à leitura (BELLEI, 2002). Com o texto eletrônico amplia-se a ideia de biblioteca, imaginando-a como universal. (MACHADO; PINHO, 2011)

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1.3 A INFORMAÇÃO NO BRASIL Pouco se sabe sobre a existência de livros e bibliotecas na primeira metade do século XVI no Brasil. O aparecimento de livros, instituições de ensino e, posteriormente, as bibliotecas, só ocorreram a partir de 1549 com a instalação do Governo Geral em Salvador (Bahia). (SANTOS, 2010) A vida intelectual do país estava concentrada no norte, e foi lá que iniciou a produção literária. (MORAES, 1979) No Brasil, a história das bibliotecas até o início do século XIX pode ser resumida em três etapas sucessivas. Inicia-se com as bibliotecas dos conventos e particulares, passa-se pela fundação da Biblioteca Nacional e chega-se até a criação da Biblioteca Pública da Bahia. (SANTOS, 2010) (9) Nos três primeiros séculos de colonização, o país contava com bibliotecas dos mosteiros, conventos e de colégios religiosos, bem como de bibliotecas particulares. (MORAES, 1979) Os livros no Brasil Colonial eram escassos, devido à proibição de Portugal de se instalar uma tipografia no país e da censura imposta pela Inquisição Católica, além disso, não há muitas informações sobre bibliotecas particulares nos séculos XVI e XVII. A existência de uma vida

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cultural mais significativa passou a ocorrer a partir do século XVIII. De acordo com Martins (2002), poucas pessoas livres possuíam livros e estas eram, principalmente, de Minas Gerais: os tamanhos das bibliotecas mineiras eram diversos, não sendo determinado pela riqueza, mas pelo grau de refinamento intelectual e de escolaridade dos proprietários. Padres, advogados e cirurgiões possuíam as maiores e melhores bibliotecas. Na passagem do século XVIII para o XIX, a leitura e os livros foram tomando espaço no Brasil. Muitas pessoas passaram a reservar mesas e móveis para os livros e, posteriormente um cômodo. Foram instaurados também lugares especiais para os livros, como bibliotecas e livrarias. A leitura oral, pública ou privada, proliferou e os livros passaram a serem lidos e debatidos. As bibliotecas se tornaram um espaço de contestação surgindo, posteriormente, a necessidade de bibliotecas maiores com os livros nos conventos, principalmente dos gabinetes de leitura. (MORAES, 1979) No fim do século XVI, os jesuítas instalaram uma biblioteca em Salvador. Outras ordens religiosas - beneditinos, franciscanos, carmelitas - tinham bibliotecas em seus conventos. Os franciscanos reformularam em 1776 os seus estudos e adotaram a filosofia da ilustração (Iluminismo). Até metade do século XVIII as bibliotecas dos conventos 30


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foram centros de cultura e formação intelectual dos jovens brasileiros.

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Em 1773, com a extinção da Companhia de Jesus, a expulsão dos jesuítas do Brasil pelo Marquês de Pombal e o consequente confisco de seus bens, as bibliotecas jesuítas tiveram seus acervos amontoados em lugares impróprios durante anos, enquanto se procedia aos inventários dos bens e sua destinação final. O destino trágico das bibliotecas e arquivos dos conventos brasileiros foi consumado pelos anos em que se seguiram e, em 1851 não havia quase nada que aproveitar. (SOUZA, 2005) A transferência da Biblioteca Real, com um acervo de 60 mil peças, entre livros, manuscritos, estampas, mapas, moedas e medalhas para o Brasil, representou para o país o início de sua futura Biblioteca Nacional. (10, 11 e 12) (SANTOS, 2010) A biblioteca foi oficialmente inaugurada no dia 13 de maio de 1811, data de aniversário de D. João, nas instalações do Hospital da Ordem Terceira do Carmo, sendo franqueada apenas aos estudiosos mediante prévia solicitação. Em 1814 a biblioteca foi aberta ao público. Em 1821 foi publicado seu estatuto, o qual surpreende pelo conteúdo de seus 32 artigos, os quais pouco difere da maioria dos regimentos de algumas de nossas bibliotecas. (SANTOS, 2010)

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Com a Independência do Brasil, passou a denominar-se Biblioteca Nacional. De acordo com Souza (2005), a biblioteca permaneceu por quase 50 anos em um prédio inadequado, enfrentando problemas de orçamento, graves deficiências no tratamento do acervo, despreparo, má remuneração dos funcionários e falta de segurança. Somente em 5 de agosto de 1858, a Biblioteca Nacional se mudou para o Largo da Lapa. Mesmo sendo melhor que o anterior, o novo prédio novamente se mostrou insatisfatório, não obstante às obras de expansão e adaptação. Com o desenvolvimento da produção editorial, a generalização do depósito legal, as compras e doações de grandes coleções, além do crescimento da população letrada, foram exigidos espaços mais amplos e acondicionamentos apropriados às diferentes espécies documentais. (SANTOS, 2010) A biblioteca só teve um prédio próprio e definitivo em 1910, quando mudou-se para a Avenida Rio Branco. O novo prédio, erguido graças aos esforços de alguns de seus diretores, foi projetado pelo engenheiro Francisco Marcelino de Sousa Aguiar. De um estilo eclético, combinava elementos neoclássico e art-nouveau, contendo ornamentos de artistas como Visconti, Henrique e Rodolfo Bernardelli, Modesto Brocos e Rodolfo Amoedo. (SANTOS, 2010)

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Desde a fundação do Brasil o acervo da biblioteca sempre foi acrescido por inúmeras aquisições, doações e "propinas", isto é, a entrega obrigatória de um exemplar que era impresso em Portugal, de acordo com o Alvará de 12 de setembro de 1805, e também na Corte do Rio de Janeiro. (SANTOS, 2010) É verificável a existência de bibliotecas no Brasil desde o período colonial. A necessidade de registrar conhecimentos e informação e, posteriormente, o desfrute de obras por parte da sociedade, levou vários segmentos a montar bibliotecas desde pouco depois do descobrimento. Esse objetivo deve-se em grande parte aos jesuítas e homens de gênio e cultura como Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco. (SANTOS, 2010) No Brasil, as bibliotecas só tiveram um acesso direto com o público geral a partir do fim do século XVIII, quando ideias iluministas levaram vários brasileiros a uma ostensiva oposição ao governo, criando nessa mesma época a primeira biblioteca pública na Bahia. (SANTOS, 2010) Dessa forma, pode-se afirmar que a história da biblioteca se relaciona intimamente com a história do conhecimento humano. Foi, por e com ela que o conhecimento foi preservado e disseminado através do tempo. (SANTOS, 2010) A biblioteca não deve ser entendida apenas como um fenômeno social e cultural, mas sim como uma 33


instituição social das mais complexas e importantes do sistema de comunicação humana, sendo responsável pela preservação e transmissão da cultura. Além disso, por sua singular condição e ao mesmo tempo repositório e meio de difusão das experiências desenvolvidas em constante interação com os fatores que atuam no processo sociocultural, o que nem sempre se dá de forma satisfatória e equilibrada. (SANTOS, 2010) Com a evolução da tecnologia da informação, os novos meios de comunicação e fontes de conhecimento, existe a necessidade de reduzir as assimetrias informacionais no Brasil, demarcando o papel do Estado como fornecedor de informações aos cidadãos e pela diminuição da exclusão digital. A familiaridade dos brasileiros com as novas tecnologias de comunicação e informação, embora crescente, ainda apresenta percentuais que podem ser melhorados. No uso da internet, o Brasil ocupa o primeiro lugar na América Latina e o quinto no mundo. No entanto, o baixo percentual de usuários em relação à população total, a maioria dos brasileiros não utilizam o serviço. (UNESCO, ACESSO À INFORMAÇÃO, 2012). A Constituição Federal brasileira assegura aos cidadãos um amplo acesso à informação a partir de diferentes e variadas fontes, dentro de um ambiente democrático, que garanta as liberdades de expressão e de imprensa. Entretanto, a 34


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realidade demonstra que o país tem ainda um longo caminho pela frente em relação a diversificar suas fontes de informação, o que poderia incluir, por exemplo, canais governamentais e comunitários. (UNESCO, DESENVOLVIMENTO DE MÍDIA, 2012).

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Existem alguns programas de incentivo do Governo Federal, a fim de diminuir a exclusão digital no território brasileiro. A Casa Brasil (13), criada em 2004, resultante do Programa Brasileiro de Inclusão Digital (PBDI), implementada junto à comunidades carentes, investindo em telecentros e em equipamentos de informática, viabilizando à população o uso das novas tecnologias da informação e comunicação. (IBICT - Inclusão Digital, 2008)

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Os Centros Vocacionais e Tecnológicos (CVTs) (14), uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, criado em 2003, disponibiliza profissionais especializados e todo o equipamento necessário para serem ministrados cursos de informática gratuitos, com o intuito de universalizar o conhecimento científico e tecnológico, incorporando a população junto às novas tecnologias da informação e comunicação. (IBICT - Inclusão Digital, 2008) Os Telecentros.BR (15), destinados à população de baixa renda, disponibilizando computadores com acesso a internet para uso gratuito, há monitores 35 16


que estão presentes para sanar dúvidas e dar suporte para o uso dos equipamentos. Oferecem, além dos equipamentos de informática, cursos e atividades a fim de garantir a toda a população um espaço que abriga informação, conhecimento, cultura e lazer, um ambiente que seja complementar a sociedade. (Inclusão Digital Governo Federal) O Governo do Estado de São Paulo desenvolve programas como o Acessa São Paulo (16), iniciado em março de 2000, este oferece à toda a população equipamentos de informática e internet gratuitamente, com o objetivo de contribuir com a democratização digital. Hoje o programa conta com 670 postos abertos. (Acessa SP, 2000)

`

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1.4 PROBLEMÁTICA 17 As nossas bibliotecas públicas devotam-se à missão supletiva das bibliotecas escolares. A biblioteca parece querer, muitas vezes, impor um modelo de cultura estranho ao próprio habitat, em vez de hastear-se na dinâmica mesma dos valores culturais em germinação na comunidade. Talvez por esta razão a biblioteca ainda tem pouco peso e importância na vida cultural de nossos municípios. (MIRANDA, 1978) Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro (2011) cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca (18), apesar de 71% afirmar saber da existência de uma biblioteca pública em sua cidade e ter fácil acesso à ela (17). Apenas 7% dos brasileiros vão à biblioteca frequentemente, enquanto 17% o fazem de vez em quando. (18) 18 19

O desafio não é mais possibilitar o acesso ao equipamento, mas fazer com que as pessoas o utilizem. Segundo o IPL (2011) o maior desafio é transformar as bibliotecas em locais agradáveis, onde as pessoas gostam de estar, com prazer. Não só para estudar. Ao serem questionados sobre o que a biblioteca representa, 71% dos participantes responderam que o local é "para estudar" (19). Em segundo lugar 37


aparece "um lugar para pesquisa", seguido de "lugar para estudantes". Só 16% disseram que a biblioteca existe "para emprestar livros de literatura", "um lugar para lazer" aparece com 12%. (IPL, 2011) A maioria das pessoas que frequentam uma biblioteca está na vida escolar, 64% dos entrevistados usam bibliotecas de escolas ou faculdades. Dados sobre a faixa etária mostram que, em geral, as pessoas as utilizam nessa fase e vão abandonando esse costume ao longo da vida. (20) Atualmente as sociedades do mundo inteiro estão em evolução acelerada, mas o que se vê também é a existência de verdadeiros abismos culturais. A Sociedade da Informação esconde, de certa forma, uma sociedade de desinformação, na qual se concentra uma grande parte da população. Essa evolução ocorre em setores de grande importância, como o econômico, político, social e cultural. Porém, ainda não ocorre de forma plena como seria desejável, mas gradativamente, incorporando novas tecnologias que permitem esse distanciamento.(AMARAL; MIGUEL, 2007) A sensação de perda de controle na equiparação dos abismos culturais e da da informação é enorme. Entretanto, novos requerem novas soluções que podem

busca da qualidade problemas ajudar na

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formação de profissionais criativos. (SANTOS, 2010)

20

melhores

e

mais

Se o subdesenvolvimento é causado pela falta de informação, a biblioteca dá ao indivíduo a oportunidade de se informar, de se instruir, e de se distrair. Num país ameaçado de perder a habilidade de falar o idioma pátrio por culpa do baixo nível de ensino, a promoção da boa leitura pode converter-se numa arma contra a descentralização de nosso idioma e de nossa cultura. (MIRANDA, 1978) Na batalha para atrair os leitores, a imaginação deve voar sem limites. Bibliotecas públicas podem fazer tudo, desde promover a leitura, até servir de consultório sentimental. A biblioteca pode oferecer toda sorte de serviços sem, porém, desvirtuar sua missão fundamental de promover o gosto e o hábito da leitura. Todas as atividades que ela organize devem servir para atrair e conquistar o leitor para tal missão. (MIRANDA, 1978)

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Uma biblioteca ou tem a sua personalidade própria ou passa despercebida, desaparece no anonimato ou na mediocridade de todas as rotinas sem convicção e sem alma. E esta, sim, não é a missão da biblioteca, mas parece, infelizmente, ser a imagem que dela faz o nosso público por culpa, talvez, da própria biblioteca que não soube "vender o seu produto", que não soube elevar e 39


fixar sua imagem. Na sociedade pós-moderna, os acelerados avanços das novas tecnologias têm promovido profundas mudanças que implicam uma transformação significativa da produção das diversas áreas do conhecimento. Essas tecnologias encontram-se na base do que se convencionou denominar revolução informacional, que tem contribuído para que essa nova era se configure como sociedade da informação ou do conhecimento, uma sociedade na qual a informação é utilizada intensivamente como elemento da vida econômica, social, cultural e política. (AMARAL; MIGUEL, 2007) A informação, reconstituída pela sociedade da informação, cogita se estabelecer como elemento chave de comunicação e de harmonização do indivíduo com o mundo. O acesso a ela torna-se imprescindível, vital, imperativo, potencial, obrigatório, necessário, além de garantir ao indivíduo maior liberdade na capacidade de escolha e de decidir por si e pelo melhor da sociedade, pois ela é condição básica à eficácia de qualquer tomada de decisão. (AMARAL; MIGUEL, 2007)

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1.5 A INFORMAÇÃO E AS NOVAS TECNOLOGIAS Ao se falar em revolução da informação se discute o poder que a informação e suas tecnologias exercem sobre a vida e, sobretudo, na economia contemporânea. O potencial da difusão informativa é imensurável, assim como a sua valorização e controle. As tecnologias envolvidas são as mais impressionantes no campo da ciência, e estão em constante corrida contra o tempo e contra as leis da física. A tendência agora é o evidente crescimento de receptores e interlocutores da informação, visto que a indústria tecnológica está cada vez mais empenhada em difundir os novos meios de comunicação. A biblioteca atual é mais flexível, com espaços, serviços e coleções materiais e virtuais, em que as novas tecnologias se tornaram a base dos serviços, possibilitando uma maior rapidez de acesso à informação, destacando o uso da tecnologia atual de grande mobilidade, transmissão de dados sem fio e equipamentos como tablets (24), notebooks e smartphones. O impacto do desenvolvimento tecnológico influenciou efetivamente nas bibliotecas existentes e novas que passaram a sentir a necessidade de se readequar à nova demanda de informação, fonte de conhecimento, e meio de comunicação. Desta maneira, integrando à ela 41


diferentes mídias, incorporando em seus espaços físicos uma infraestrutura que dá suporte às necessidades individualizadas dos usuários, criando uma nova esfera de relações sociais e culturais. Um lugar que abriga fontes de informação digital e impressas. Com isso surgem as novas instituições, as quais já se adéquam a essa dinâmica informacional Destaca-se o conceito de biblioteca inteligente (26), modernização tecnológica e continua capacidade de renovação de forma sustentável. Ambientes com diferentes características, incomum ao que normalmente vemos em uma biblioteca tradicional, sem perder o diálogo com o todo. Temos a evolução da biblioteca na história passando por várias fases do armazenamento do acervo, a utilização do conceito de biblioteca mais próxima da população, o uso da tecnologia e a técnica construtiva e diversidade de materiais utilizados nos tratamentos dos interiores e das fachadas. Racionalidade no trabalho, aumento de produção, melhor controle e maior facilidade para armazenar e disseminar a informação são as grandes vantagens que as novas tecnologias da informação oferecem para a sociedade. Não se pode deixar de mencionar as inúmeras vantagens advindas da utilização dessas novas tecnologias. (AMARAL; MIGUEL, 2007) Nos anos 80 desenvolveu-se a ideia de Midiateca, quando os conteúdos audiovisuais foram 42


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considerados “registros” culturais em um mesmo patamar que os suportes escritos. O termo midiateca foi “escolhido” por melhor refletir a diversidade de recursos e suportes das informações coletadas e disponibilizadas para o público. O conceito de midiateca se apoia em pressupostos políticos, que se traduzem em proposições técnicas. Esses pressupostos se baseiam na ideia de que uma biblioteca tem um papel a desempenhar na sociedade. E não podem satisfazer apenas o público tradicional, ela tem que abarcar todos os públicos, sem distinção de idade, estado escolar, cultural ou econômico. Toda a população tem direito a ter acesso à "lógica" da informação, e do patrimônio cultural coletivo. As proposições técnicas que apoiam esta concepção educativa e cultural ao benefício da população são necessárias para acolher públicos grandes e diversos. A midiateca surgiu de uma lógica aditiva de funções através dos tempos. Na realidade ela é uma consequência da adoção de novos suportes de conservação, armazenamento e disponibilização da informação. A midiateca consiste na busca de formas abertas, assumindo ainda a função de informar à todos e de favorecer o encontro público para um melhor convívio dentro da cidade. É um estabelecimento cultural aberto; um lugar de troca, pesquisa, agrupamento de serviços e polo de excelência. Espaço para leitura, trabalho, reunião, ócio, curiosidade, um espaço de sociabilidade. A mutação da documentação que as mídias sonoras e visuais proporcionaram para a biblioteca se 43

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transforma em uma midiateca moderna e acolhedora, vai de encontro com o desejo do público. Ao longo do tempo mudam os meios, evoluem as técnicas, especializam-se as funções, mas o "velho" conceito de biblioteca, esse mantém-se inalterável na sua essência. (RIBEIRO, 1996)

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2.

levan tamento de dados

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2.1 A CIDADE Ribeirão Preto é um município do interior do estado de São Paulo, foi fundada em 19 de junho de 1856, a partir de núcleos fazendeiros de criação de gado, e se destacou no setor cafeeiro, o qual foi arruinado com a crise de 1929. (GALDINO, 2009) Nascida em uma clareira onde, um século antes os Bandeirantes estiveram de passagem, a cidade ganhou impulso com a lavoura de café, cultivada pelos imigrantes e fertilizada pela terra vermelha. A terra de Ribeirão Preto transformou a região no maior produtor de grãos na virada do século XIX. Abastecia o mundo inteiro com o que se chamava "ouro verde". Um importante fator que contribuiu para o desenvolvimento do município foi a chegada da linha férrea da Mogiana em 1883 (27), que possibilitou a expansão da cultura cafeeira que existia desde a década de 1870. A expansão do café levou a um crescimento da população que passou de 5.552 pessoas (sendo 857 escravos) em 1874, para 10.420 (1.379 escravos) em 1886. Em 1887, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto, realizou um dos atos de maior relevância de sua história, pois os vereadores aprovaram, por unanimidade em 3 de agosto daquele ano, a libertação dos escravos em Ribeirão Preto, antes 48


mesmo da entrada em vigor da Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888. (GALDINO, 2009)

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Depois da assinatura da Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil, o governo da província de São Paulo passou a estimular a vinda de imigrantes europeus, provocando em Ribeirão Preto um grande aumento populacional, passando para 59.195 habitantes em 1900, um crescimento muito maior do que o registrado nos outros municípios da região durante esse período. Calcula-se que 33.199 dos 52.929 habitantes de 1902 eram de origem estrangeira, sendo 83,7% italianos, 7,9% portugueses, 5,1% espanhóis e 1,7% austríacos. Esse contingente populacional foi importante para a urbanização e desenvolvimento do município, pois muitos imigrantes já eram acostumados com a vida urbana e possuíam uma mentalidade empreendedora criando novos estabelecimentos comerciais e industriais no município, transformando Ribeirão Preto, que era até então uma simples vila agrícola. (GALDINO, 2009) Na primeira metade do século XX, Ribeirão Preto continuou atraindo imigrantes nacionais e internacionais. Um novo grupo de destaque são os japoneses, sendo o município considerado "berço da imigração japonesa" por receber uma partes dos primeiros imigrantes que chegaram ao Brasil em 1908. Também é expressiva a chegada de árabes, especialmente sírio-libaneses. O município também atraiu durante esse século pessoas de todo o 49


estado de São Paulo e de todo o Brasil, sendo os mais numerosos de acordo com o Censo 2000 os mineiros, paranaenses e baianos. (GALDINO, 2009) O desenvolvimento trouxe novas culturas, como a cana-de-açúcar, a soja, o milho, o algodão, a laranja e implantou uma forte agroindústria. Mais de 80 municípios compõem a região de Ribeirão Preto. São 3 milhões de habitantes que ocupam uma área de 300 mil km². A renda per capita é semelhante a de alguns países da Europa e, praticamente o dobro da média brasileira. O município é o centra da região que mais se desenvolve no Brasil. Desenvolvimento com base na diversificação da economia e da qualidade de vida. Percebe-se, portanto, que Ribeirão Preto é o centro de uma região privilegiada em termos econômicos. O dinamismo econômico do município colabora com o desempenho econômico da região e é por este influenciado, ampliando as chances de sucesso dos negócios aqui instalados e a qualidade de vida dos que nela residem. Por ter sido sede da Companhia Antarctica Paulista e por ter uma das mais famosas chopperias do Brasil, a Chopperia Pingüim (28), Ribeirão Preto é conhecida também como a Capital do Chopp, assim como já foi denominada Capital do Café, mas hoje o município é reconhecido 50


oficialmente como Capital Agronegócio. (GALDINO, 2009)

Nacional

do

Com 605.114 mil habitantes, segundo o Censo Demográfico de 2010, o município de Ribeirão Preto se encontra entre os maiores do Estado de São Paulo e do Brasil. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011)

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2.2 CARACTERÍSTICAS Ribeirão Preto possui clima tropical com verão chuvoso e inverno seco. A temperatura média no verão é de 30ºC e no inverno 19ºC. A precipitação pluviométrica média é de 1.426,80mm de chuva por ano. A umidade relativa do ar tem média anual de 71%. Os ventos (SE/NO).

predominantes

são

sudeste/noroeste

O município possui área total de 651,00 km2 e perímetro urbano de 157,50 km. A área urbanizável para expansão urbana é de 172,18 km2. E a área rural possui 320,32 km2. Ribeirão Preto está à uma altitude de 544,800m e sua latitude é 21°10'42" e longitude 47°48'24". (Dados do IBGE 2012)

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2.3 A INFORMAÇÃO EM RIBEIRÃO PRETO Existem várias salas de leitura espalhadas pela cidade. No governo do atual presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, foram inauguradas várias Salas de Leitura, no total 72 unidades instaladas. A Fundação Biblioteca Nacional selecionou a cidade para ser beneficiada com o programa Agentes da Leitura. O governo repassará recursos para a prefeitura para a contratação de 80 jovens para que atuem em projetos de leitura na periferia, a partir das bibliotecas do Programa Ribeirão das Letras, criado no município no início da década passada. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2010) A cidade foi selecionada para abrigar o programa em função de seu bom histórico na área das políticas públicas do livro e leitura. Além da Feira Nacional do Livro, Ribeirão foi o primeiro município brasileiro a instituir, em 2001, uma Lei do Livro, que deu origem à implantação de 80 bibliotecas e aumentou cinco vezes, em apenas três anos, os índices de leitura da população. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2010) Todas as faculdades e universidades possuem bibliotecas, como o Senac, a Biblioteca Central da USP de Ribeirão Preto , Moura Lacerda, UNISEB COC, UNIP, Barão de Mauá, UNAERP, entre outras. As escolas municipais e estaduais também. Existem 54


29

ainda a Biblioteca Padre Euclides, a Biblioteca Altino Arantes, a Biblioteca Guilherme de Almeida, com sede na Casa da Cultura, bibliotecas em Centros Comunitários constituídas com contribuições da população para acesso da comunidade, o Ônibus Biblioteca (29 e 30), uma 30

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iniciativa da prefeitura, em que livros são inseridos em um automóvel que percorre por bairros da periferia contando histórias e se colocando à serviço da população, disponibilizando seu acervo, os Centros de Inclusão Digital (CIDs), com 31 telecentros distribuídos pela cidade, disponibilizam cursos para que os cidadãos tenham uma base de conhecimento interado com as novas tecnologias a fim de incorporá-los ao mercado de trabalho. Seguindo a linha da leitura e informação, podemos citar os sebos (31 e 32), que também contribuem para a propagação da leitura e, na maioria das vezes, com valores mais acessíveis. A Biblioteca Altino Arantes (33 e 34) se destaca entre as demais bibliotecas espalhadas pela cidade. A biblioteca está localizada na região central, nas intermediações do famoso quarteirão paulista. Criada em 1960, atendeu o desejo de dona Theolina de Andrade "Sinhá Junqueira", que almejava que sua casa fosse transformada em uma biblioteca.

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(CONSELHO DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO, 2012) A residência é a primeira com linhas modernas, construída em 1926, situada no centro histórico de Ribeirão Preto. Apesar de não ser o acervo mais antigo da cidade, título pertencente à centenária Biblioteca Padre Euclides, a Biblioteca Altino Arantes se destaca pela bela arquitetura do começo do século XX. Projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, o estilo arquitetônico adotado é o Neocolonial sendo uma releitura da arquitetura colonial trazida pelos portugueses no século XVI. (RUSSO, 2010) A biblioteca possui 70.000 leitores inscritos e um acervo com mais de 40 mil livros divididos em três seções, a circulante, a de pesquisa e em braille. A maioria dos frequentadores são estudantes, frequentam diariamente uma média de 130 à 150 pessoas. Não há computadores para uso da população, os computadores existentes são de uso dos funcionários, para controle de entrada e saída do material disponível. A Biblioteca Altino Arantes se destaca pela boa localização da sede atual, privilegiada pelo transporte público fácil e pela maior segurança. É uma obra de grande valor cultural para a cidade. Porém, pelo fato do imóvel não ter sido 56


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projetado especificamente para abrigar uma biblioteca, e o descaso na conservação, várias patologias e irregularidades são facilmente detectadas. Possui espaços inadequados e saturados, equipamentos obsoletos e inutilizados, mobiliário mal conservado e sem ergonomia, iluminação deficiente e instalações precárias. É possível notar que a Biblioteca Altino Arantes não se atualizou às novas tecnologias da informação e comunicação, constituída formalmente e intelectualmente como bibliotecas da Idade Média e Renascença, compreendendo um espaço de armazenamento do conhecimento, havendo nela apenas registros impressos de informação. 34

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A Biblioteca Central da USP (35 e 36), localizada no campus da USP na região leste de Ribeirão Preto começou em 1954 como biblioteca da Faculdade de Medicina e depois dos cursos de Farmácia e Odontologia. Hoje a biblioteca atende a seis faculdades e a vinte e cinco cursos diferentes. O acervo é composto por 115.653 livros, todo o acervo é voltado para os cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Há na biblioteca 115 computadores, 40 para os funcionários e 75 para os usuários. A Biblioteca Central da USP assina 26.000 títulos de revistas científicas nacionais e estrangeiras eletrônicas e 906 títulos impressos, os estudantes e professores podem ter acesso a biblioteca.

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A biblioteca da USP disponibiliza para todos equipamentos de informática e internet para terem acesso efetivo às informações diluídas no espaço digital, além das informações impressas, com espaços dedicados à pesquisas em seus diferentes formatos. Esta é uma iniciativa do Estado de São Paulo, que garante à seus estudantes toda infraestrutura para aquisição da informação. A Biblioteca do Senac Ribeirão Preto (37) possui em torno de 5.800 livros, o acervo é voltado para cursos técnicos, cursos de pós-graduação, idiomas e cursos livres. O acervo é composto de livros, periódicos, CDs, DVDs, livros em braille e áudiolivros. A biblioteca é aberta para toda a população da cidade. Na biblioteca existem 18 computadores para uso dos cadastrados. A Biblioteca Padre Euclídes foi fundada por Padre Euclídes Gomes Carneiro em 3 de maio de 1903, iniciando-se como Associação dos Catequistas Voluntários, tornando-se em 1904 a Sociedade da Legião Brasileira, sendo mantida através de contribuições de empresários da cidade e das redondezas. O nome atual da biblioteca foi dado em homenagem a seu fundador.

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A Associação expunha quadros, fotografias, além de diversos eventos como saraus, palestras, com a finalidade de disseminar cultura e conhecimento para a população. Essas atividades perpetuaram até 1965, quando o prédio foi demolido, dando lugar a um prédio comercial (38), em que passou a ocupar seu primeiro andar. Hoje a biblioteca se mantém através da contribuição de associados e de aluguéis de salas, recebendo cerca de 40 pessoas por dia, com um acervo de aproximadamente 16 mil exemplares, fornece DVDs e revistas além dos livros, existem dois computadores com acesso à internet. (39) Pode-se notar na biblioteca que já há uma iniciativa de incorporação das novas tecnologias. Os Centros de Inclusão Digital(CIDs) (40) são ações do município a fim de promover a democratização digital, através da disponibilização de equipamentos de informática e de internet, e de aulas com profissionais capacitados que orientam aos alunos a manusear estes equipamentos e suas ferramentas, dando início à alfabetização digital.

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Existem hoje em Ribeirão Preto 31 telecentros distribuídos pela cidade, atendendo uma média de 4 mil pessoas por ano. Estão nas Bases de Apoio Comunitário (BACs) da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto e em parcerias com instituições do 59


terceiro setor. São administrados pelo programa Ribeirão Jovem, que tem como objetivo combater o desemprego e oferecer, através dos CIDs, a inclusão digital, entre outras atividades oferecidas. Alguns CIDs possuem internet, que ficam à disposição da população. (Programa Ribeirão Jovem) Pode-se constatar que a cidade trata as diferentes fontes de informação separadamente, não havendo iniciativas de adaptações de espaços existentes adequando-se às novas tecnologias, como acontece com a Biblioteca Altino Arantes e a Padre Euclídes, deixando o conhecimento que ali pode ser adquirido obsoleto ao desenvolvimento contínuo que a informação sofre.

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2.4 VOCAÇÃO CULTURAL 41

Em Ribeirão Preto haviam poucas casas de espetáculo e divertimento, no final do século XIX, eram comuns as companhias de fantoches, circos e companhias de curta temporada. O cinema, a princípio foi apresentado em feiras, eventos, bares e cafés, pois não haviam se popularizado. (TUON, 1997) No entanto, a partir de 1908 o Teatro Carlos Gomes (41), inaugurado na cidade em 1897, já incluía em sua programação diária a exibição de filmes, e além dele havia ainda o Paris Theatro, que foi de grande importância para o desenvolvimento dos equipamentos culturais na cidade de Ribeirão Preto. (TUON, 1997) Com uma vocação histórica para o agronegócio, Ribeirão Preto colocou o pé no século XXI mostrando que a produção agrícola pode criar condições excelentes para a vida urbana e para muitos negócios. E esta fórmula impulsiona também o turismo. (FARIA, 2003) Localizada no maior polo de produção sucroalcooleira do Brasil, Ribeirão é considerada a Capital Brasileira do Agronegócio. É um polo irradiador de desenvolvimento e indutor de muitas oportunidade de negócios, que vão além da produção agroindustrial. A localização e os acessos favorecem a indução de eventos e negócios para Ribeirão Preto. A apenas 313 km da capital 61


do Estado, sua malha rodoviária está integrada aos grandes centros produtores do país, tendo como principal acesso a Rodovia Anhanguera. (FARIA, 2003) Por sua infraestrutura, localização e capacidade de hospedagem, a cidade é sede de vários eventos e feiras de importância nacional e internacional. Em Ribeirão Preto é possível encontrar serviços e estruturas de excelente padrão de qualidade, comparáveis aos das grandes capitais do mundo e do Brasil. A cidade moderna, que oferece conforto e qualidade de vida aos seus moradores, também surpreende os visitantes com seus incríveis parques urbanos, hotéis, restaurantes, shoppings, vida noturna e as famosas e tradicionais chopperias. (FARIA, 2003) A vida cultural intensa de Ribeirão contribui também para que a cidade seja um ótimo lugar para viver e visitar. A cidade oferece expressões artísticas das mais variadas origens, além de museus e espaços para eventos, como o Teatro Pedro II (42), terceiro maior teatro de ópera do país em capacidade de público, com mais de 1.500 lugares, e o Salão de Artes de Ribeirão Preto (SARP) (43), ambos palcos de grandes espetáculos. (FARIA, 2003) A agenda cultural de Ribeirão possui programação diversificada que atrai público de todas as idades e de vários lugares. Entre os eventos, vale destacar o Festival de Dança, realizado 62


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A cidade possui 21 galerias de arte, 7 museus, 67 bibliotecas, 7 teatros, 8 cinemas, 16 casas noturnas, 2 estádios de futebol, 320 restaurantes, 3 shoppings implantados e outros em construção. Possui 28 pontos turísticos, 172 praças, 85 agências de turismo, 40 hotéis, mais de 20 mil estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço e 80 agências bancárias. Sedia 37 exposições e feiras anuais. A Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), de regime anual, é a maior feira agroindustrial da América Latina e a terceira maior do mundo.

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anualmente, e a Feira Nacional do Livro, que movimenta um número expressivo de pessoas durante dez dias. Em julho há o imperdível Festival Tanabata (44), um evento de cultura japonesa que movimenta toda a cidade e a região. (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO, 2012)

Ribeirão Preto sempre teve vocação para o sucesso. Hoje pertence à uma macrorregião que se destaca pela forte presença da indústria sucroalcooleira. Mesmo com uma população relativamente pequena, o comércio e serviços da cidade oferecem estrutura para atender a demanda dos três milhões de habitantes que vivem nos municípios da região e ao turismo de eventos e negócios. (FARIA, 2003) A presença de um forte núcleo acadêmico público e privado garante a formação de profissionais para 63


os mais diversos setores. O campus da USP, a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a Escola de Enfermagem e inúmeras universidades e faculdades capacitam jovens locais e atraem novos talentos para se formar na cidade. (FARIA, 2003) Por sua diversidade, qualidade, evolução do ensino e pelas pesquisas desenvolvidas em suas universidades, a cidade é considerada um importante polo educacional. (FARIA, 2003) A Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto (45 e 46) vem confirmar uma vocação assumida pela cidade e seus moradores, a de ser um município voltado cada vez mais ao Turismo Cultural. Assumindo gradativamente a condição de evento de proporções que vão além dos limites do município, a Feira Nacional do Livro se consolidou como um fato muito importante para promover o incentivo e o gosto pela leitura. A cidade conta com projetos que viabilizam, incentivam e aproximam habitantes e turistas de diversos pontos e atividades culturais e históricas. O evento traz para a cidade cerca de 100.000 visitantes. São 250 escritores, editores, livreiros e amantes do livro de vários estados brasileiros, além de dezenas de professores e estudantes de 100 municípios localizados em um raio de 120km, no interior de São Paulo e Minas Gerais.

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A Secretaria Municipal da Cultura de Ribeirão mantém um programa chamado Circuito Cultural, um passeio turístico-cultural gratuito feito em ônibus especiais pela história de Ribeirão. Ribeirão Preto é um dos maiores polos educacionais e culturais do interior do Estado. As 7 instituições de ensino superior possuem cerca de 35.000 estudantes, oriundos de todos os cantos do Brasil e também do exterior.

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2.5 PORQUÊ UMA MIDIATECA PARA A CIDADE A estrutura atual das bibliotecas da cidade logo não comportará a crescente demanda por conta do grande crescimento territorial do município. As atuais bibliotecas públicas não possuem um ambiente e suporte adequados para o tema proposto. Os prédios antigos estão desatualizados e necessitam de grandes reformas para serem compatibilizados com a proposta e adequação para o acesso universal. A cidade possui um número significativo de estudantes (aproximadamente 150 mil entre Pré-Escola, Fundamental, Médio e Superior) que necessitam de um espaço diferenciado e adequado para o seu desenvolvimento e pesquisas. O município possui um número expressivo de habitantes (aproximadamente 600 mil) que justificam a criação de um a nova edificação que tenha a capacidade autônoma de adaptação às novas tecnologias e tendências da informação. Que possua flexibilidade de usos e instalações, acessibilidade universal, ambientes atrativos para o cativo de novos públicos, espaços de usos múltiplos para difusão de novos métodos de ensino, interface difusora de cultura. Uma edificação capaz de atrair pessoas com diferentes níveis de conhecimento e interesses para interagirem entre si e assim coabitarem este

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espaço, socializando e trocando experiências e conhecimentos.

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3. refe ren cias proje tuais

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3.1 BIBLIOTECA DE SÃO PAULO Autores: Aflalo & Gasperini Arquitetos Ano: 2010 Área construída: 4.527 m2 Localização: São Paulo, Brasil Onde antes funcionava uma prisão, agora há liberdade: de conhecimento, das ideias, dos livros. Pois é neste lugar, que poderia carregar para sempre uma soturna memória, que está localizada a Biblioteca de São Paulo. Todo o espaço do Complexo Presidiário Carandiru agora se chama Parque da Juventude. A biblioteca colaborou para que o impacto urbano desta revitalização extrapolasse os limites do bairro, trazendo gente de toda a cidade para aproveitar esse novo parque que, além de lazer, possui espaços de educação e cultura com acesso livre a todos. O prédio possui um espaço amplo com iluminação zenital, garantindo uma grande flexibilidade de layout interno. A estrutura é formada por 20 pilares e 10 vigas, espaçadas a cada 10 metros. O mobiliário ganhou divertidos tons coloridos e os vidros das janelas ganharam serigrafias lúdicas, para dar mais intimidade a quem lê e pesquisa. A biblioteca está organizada como se fosse uma livraria, para atrair também o público não 70


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leitor. Um novo conceito de biblioteca implantada no Brasil, com a intenção de ser um piloto que possa ser replicado em outras cidades. 48

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O programa é constituído por um pavimento térreo com recepção, acervo, auditório para 90 pessoas, módulos para leitura para crianças e adolescentes e áreas de multimídia. O terraço existente neste pavimento foi coberto por uma estrutura tensionada que abriga uma cafeteria, áreas de estar e espaço para performances. No pavimento superior encontram-se, além do acervo, um módulo restrito para leitura de adultos, áreas de multimídia e outros espaços para leitura. Os terraços do pavimento superior, voltados para as fachadas leste e oeste, de maior insolação, foram cobertos por pérgolas fabricadas com laminados de eucalipto de reflorestamento e policarbonato, garantindo um espaço agradável para performances e área de estar. As demais fachadas são compostas por placas de concreto pré-moldadas com acabamento texturizado colorido. Foram implantados mobiliários especiais para deficientes visuais e físicos. Para atender às normas de acessibilidade foram instalados pisos táteis, corrimão com duas alturas, inscrições em Braile, além de rampas de acesso e soleiras adequadas. (ALVES, 2012) Além do seu programa e sua forma construtiva, o que chama a atenção no projeto da Biblioteca de São Paulo é sua forma de tornar acessível e 71

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atrativo ao público o uso da biblioteca. A biblioteca não se limita a livros, além do acervo conta com 30 mil livros, conta com 4 mil CDs e DVDs, mil áudio-livros, mil álbuns de histórias em quadrinhos, cem jogos eletrônicos e cerca de 20 jornais nacionais e internacionais. A biblioteca conta com livros em braile e o aparelho poet-scaner, que "traduz" revistas e jornais para o braile ou para o áudio, possibilitando ao usuário a impressão ou gravação em CD. Conta também com folheadores automáticos de páginas, para usuários que não possuem mobilidade nas mãos. Cerca de cem computadores estão disponíveis para a utilização dos usuários da biblioteca. A biblioteca tem a ideia de parecer com uma livraria, com o intuito de atrair o público, disponibilizando livros atuais.

Esta leitura projetual traz muitas referências ao projeto em estudo, tais como o novo uso para um edifício existente, a distribuição do programa no edifício, a proximidade com o usuário, tornando o objeto atrativo e acessível e a integração com o parque em que este se insere, possibilitando espaços de leitura abertos e fechados.

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3.2 MIDIATECA DE SENDAI Autor: Toyo Ito Ano: 2001 Área construída: 21.682,15 m2 Localização: Sendai, Japão A Midiateca está no centro de Sendai, situada em frente a Avenida Jozenji Dori, sendo possível acessá-la por seus quatro lados. O local era uma antiga garagem de ônibus e o programa foi expandido para substituir a biblioteca existente. A Midiateca está inserida em um lote de 50x50m, em frente à uma avenida arborizada, tornando esta característica do local um partido arquitetônico. A forma do caule da árvore é utilizada na concepção da estrutura, com 13 colunas verticais de aço treliçadas, onde, assim como nas árvores, se localiza sua circulação.

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A entrada principal conduz a um salão de pédireito duplo que consiste em um balcão de informações, uma praça aberta que suporta exibição de filmes e outros eventos, um café e uma loja. Há total integração com as ruas que o circundam através de sua pele transparente por toda a fachada do térreo, como se as ruas entrassem no edifício. O primeiro pavimento comporta a biblioteca infantil, computadores com

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internet e administração, sendo um espaço integrado, definido apenas pelo mobiliário. A fachada oeste é revestida com uma armação em metal. As fachadas norte e leste possuem acabamentos diferentes em cada andar: vidro, policarbonato e alumínio. No segundo piso

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encontram-se livros e salas de leituras coletiva, onde todo o acervo impresso está disposto. O terceiro piso é um espaço voltado para estudo, permitindo que os usuários fiquem em um ambiente com menos circulação de pessoas, possibilitando ambientes mais individuais. O quarto pavimento abriga uma área com galeria e exposição, com painéis móveis, podendo se adaptar de acordo com a necessidade de uma determinada exposição. O quinto pavimento abriga uma área com galeria e exposição, com uma outra área de exposição contendo algumas paredes fixas. O sexto pavimento abriga todo equipamento multimídia, audiovisual, uma sala de cinema, salas de conferência e algumas salas administrativas. A divisão do espaço entre os equipamentos audiovisuais, administrativos e sala do teatro é feita através de uma película de vidro fosco fluida no espaço. Nos subsolos do edifício são onde se encontram os locais de apoio, estacionamento, armazenagem de livros no primeiro subsolo e no segundo toda parte de máquinas que permitem o funcionamento da Midiateca. 75

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O projeto integra todos os ambientes havendo apenas uma separação através do mobiliário. Os espaços privados, restritos aos funcionários, são delimitador por finas paredes, possibilitando futuras mudanças no espaço. Toda a galeria é de acesso público, com espaços fluidos, onde a própria exposição define os ambientes, permitindo assim grande flexibilidade e adaptação do espaço.

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Esta leitura traz como referência a transparência e fluidez usadas por Toyo Ito. Por seus espaços serem em sua maioria divididos apenas pelo mobiliário, torna a edificação mutável e adaptável às novas tecnologias da informação. 76


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3.3 BIBLIOTECA CENTRAL DE SEATTLE

Autor: Rem Koolhaas Ano: 2004 Área construída: 34.000 m2 63

Localização: Seattle, EUA Com 11 andares e 56 metros de altura, com espaço para comportar por volta de 1.400.000 livros e área construída de 34.000 m2, a biblioteca isolase em uma quadra inteira elevando-se na paisagem urbana como uma imensa “pirâmide” deformada, um insólito templo hermético, de interioridade oculta, guardião da memória. Enigmática volumetria,esconde um mundo interior que não parece corresponder ao que supomos ser próprio de uma biblioteca. Do exterior ao interior, parece haver uma passagem do mundo representativo para um mundo sensível. (GUATELLI, 2012)

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Uma massa envidraçada em aço, hermética, de forma curiosa, com uma base quadrada, corpo central e topo menor deslocados, fora do eixo, a biblioteca pública de Seattle se eleva na paisagem como um ponto de referência intrigante, que tem sua capacidade acentuada de provocar estranhamento por não revelar seu conteúdo. (GUATELLI, 2012)

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Acessos pouco explícitos ao interior, ao adentrarmos, a primeira surpresa; um grande vazio interno, composto por um empilhamento de camadas, sugere um movimento ascendente. Ao contrário do convencional vazio conformado por labirintos de corredores do acervo e que conduziriam à sucessão de câmaras escuras, um vazio configurado como uma praça de entrada nos convida a um desvelamento gradual e fluido dos vazios em camadas superpostas. (GUATELLI, 2012) A partir da praça de recepção do térreo, sucedemse outras duas na vertical, intercaladas com camadas mais fechadas, que acomodam a parte do programa mais tradicional de uma biblioteca – as salas de pesquisa e acervo, ou seja, o espaço da memória, do recolhimento, do silêncio, dos labirintos/corredores de livros e câmaras de isolamento. Como contraponto, as três praças – de recepção, dos computadores, de leitura – se apresentam como o espaço do encontro, do compartilhamento, do contato. As camadas alternam-se, então, entre espaços da multidão e espaços do isolamento e silêncio. De um lado, grandes áreas vazias aparentemente pouco necessárias e condizentes com o que seria próprio de uma biblioteca, mas capazes de promover o ajuntamento e aglomeração; do outro, os corredores e câmaras que atendem o necessário para um bom funcionamento da biblioteca.

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Mas, importante registrar a maneira como essa intercalação é feita. Ao contrario das escaladas pelas camadas superpostas e escalonadas das pirâmides, uma sequencia de escadas rolantes na vertical garante uma passagem tênue e fluida entre essas camadas, o que favorece o entrelaçamento entre elas. Uma espiral de quatro andares – do sexto ao nono andares – abrigando o acervo da biblioteca, complementa o papel das escadas rolantes. A presença das escadas rolantes articulando diretamente as três praças, além da espiral dos livros, facilita e acentua a circulação na vertical, o que favorece as trocas entre os ambientes, dinamizando-os. Por sua monumentalidade e duplicidade programática – abrigando o tradicional e o inusitado – a biblioteca de Seattle parece transitar entre a sacralização do secular e a imprevisibilidade do lançar-se além. (GUATELLI, 2012)

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Nesta leitura o que traz a referência ao projeto em estudo é a surpresa da forma, se diferenciando do que é tradicional em uma biblioteca. Diferentemente da Midiateca de Toyo Ito, ela esconde seu interior pelos seus vidros espelhados, e por sua monumentalidade atrai o público para saber o que ela possui. Além disso, ela traz uma organização do programa totalmente nova, com espaços amplos visualmente, convidando os usuários à explorarem seu interior.

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4.

PRO POS TA

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4.1 REGIÃO Ribeirão Preto é um dos municípios mais populosos e maiores do Estado de São Paulo, é o maior polo da região, atraindo muitos moradores de cidades vizinhas. Ribeirão atrai moradores de diversas cidades próximas, tais como: Sertãozinho, Franca, Barretos, Araraquara, Jardinópolis, Jaboticabal, Dumont, entre outros. O acesso ao município é facilitado por boas rodovias que ligam estes municípios à cidade. O projeto pretende atender não só ao município, mas também ao público das cidades vizinhas que, diariamente, usam, estudam e trabalham na cidade, reforçando uma tendência cultural da cidade para a região.

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4.2 BAIRRO 73

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A Vila Tibério é um bairro em sua maioria residencial, possuindo um grande número de comércios e serviços locais. O bairro é um dos mais antigos da cidade e é praticamente uma extensão do centro da cidade, localizado no subsetor oeste 5, possui uma população com cerca de 60 mil habitantes e área de 2,57 km2. A Vila Tibério é circundada pelos bairros Vila Virgínia, Vila Lobato, Sumarezinho, Ipiranga, Campos Elíseos e Centro. O terreno é localizado entre o Centro e a Vila Tibério, cercado por ruas e avenidas de grande fluxo, não só de automóveis, mas também muito providas pelo transporte público.

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Além de ser uma extensão do centro, possui pontos importantes à cidade em sua proximidade. Tais como o Terminal Rodoviário (73 e 74), que atende não só a cidade, mas toda região, também os Estúdios Kaiser de Cinema (75), o Centro Popular de Compras, o Mercado da Cidade e a antiga fábrica da Companhia Antártica (76), que em 2013 se iniciarão obras de revitalização, transformando-a em um museu da fábrica e um shopping, o Shopping Buriti, entre outros.

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4.3 TERRENO O terreno está situado na região oeste da cidade, entre a Avenida Fábio Barreto, Rua Castro Alves, Rua Joaquim Nabuco e Rua Rodrigues Alves. O lote possui uma área total de 26.528,00 m2. Atualmente o lote sedia a concessionária Lance Fiat, que possui uma área construída de 15.535,96 m2. O lote escolhido para a implantação do objeto em estudo está localizado em uma área privilegiada, próximo ao terminal rodoviária principal da cidade e da região. O principal aspecto para a escolha da localização foi a facilidade de acesso pelos usuários, a visibilidade, estando de frente para a Rotatória Amim Calil. A locomoção dos usuários é de fácil acesso pelo transporte público e também para automóveis pessoais. A área não se desvincula do eixo cultural já existente na cidade, mas traz para a avenida um novo caráter, já que ela é em sua maioria comercial e prestação de serviços.

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A Avenida Fábio Barreto é continuação da Avenida Dr. Francisco Junqueira, uma das principais avenidas da cidade, fazendo assim com que seja um ponto referencial para os usuários da cidade e da região. 79

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4.4 ENTORNO

Biblioteca Central da USP Centro Cultural Campos Elíseos Senac Biblioteca Altino Arantes Teatro Pedro II Biblioteca Padre Euclides Biblioteca Guilherme de Almeida UNIP Parque Municipal Maurílio Biagi Cinépolis Espaço Cultural Ribeirão em Cena Cine Cauim MARP Teatro Auxiliadora Estúdio Kaiser de Cinema Biblioteca Municipal Leopoldo Lima

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Moura Lacerda Barão de Mauá UNAERP UNISEB COC Parque Municipal Morro de São Bento Teatro de Arena Casa da Cultura Teatro Municipal SESC MIDIATECA

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4.5 DADOS DO TERRENO O terreno atualmente está ocupado pela Lance Veículos, possuindo quase que sua totalidade impermeável. O terreno apresenta uma diferença de nível de aproximadamente 5 metros, considerando como nível zero o nível da Avenida Fábio Barreto, desnível considerável, porém o lote não possui mais seu perfil natural. As faces principais do lote estão voltadas para o Norte e Nordeste, faces com forte incidência solar. Quanto à questão dos ventos, o terreno possui uma localização favorável, pois não existem grandes barreiras para o vento em sua direção predominante, possibilitando assim uma boa ventilação.

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Curvas de NĂ­vel Naturais

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NĂ­veis atuais

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Área Total: 15.536,96 m2 Área à demolir: 10.369,96 m2

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4.6 SISTEMA VIÁRIO Ribeirão Preto se interliga com as demais regiões do Estado através de rodovias estaduais, a principal via de acesso é a Via Anhanguera (SP330). Os acessos da cidade têm o núcleo central como ponto em comum delimitado por um quadrilátero de tráfego intenso composto pelas vias principais: Av. Dr. Francisco Junqueira, Av. Independência, Av. Nove de Julho e Av. Jerônimo Gonçalves. Estes são os eixos de maior demanda de tráfego e concentração de atividades comerciais e de serviços. O lote em estudo localiza-se na Av. Fábio Barreto, continuação da Av. Francisco Junqueira, mas fora do quadrilátero central.

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Itinerテ。rio テ馬ibus Municipal

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Terminal Urbano de テ馬ibus

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5.

DIRE TRIZES PROJE TUAIS

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Na era da revolução da informação, onde o acesso é facilitado, há uma tendência de que a maioria das pessoas tenham seus computadores e, ao buscar informação de qualquer gênero, elas apenas liguem seus computadores e se isolem do espectro físico e entrem em um virtual, conectadas ao mundo inteiro e capaz de buscar qualquer tipo de informação. Com um novo conceito, uma Midiateca em Ribeirão Preto seria um equipamento urbano de grande valia. Além de servir de acervo para obras históricas a serem conservadas, uma função latente é a de criar novos serviços à comunidade da região, como a conversão de mídias antigas para digitais, comercialização de arquivos, certificação de documentos. Com esta globalização de informações, meios e vias, surgiram uma série de novos serviços que também poderiam ser apreciados pela Midiateca.

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5.1 CONDICIONANTES DO PROJETO Atualmente o lote é quase que totalmente impermeável. Com a retirada da concessionária do lote é possível o aumento de área permeável, fato importantíssimo por ser uma zona de inundação. A área do rio foi recentemente revitalizada, um edifício público e atrativo trará para a região do lote um novo uso e vocação. Neste sentido deve ser considerado no projeto o planejamento do local, tal como a topografia, vegetação local, condições do solo e drenagem, energia solar e impacto de micro-climas, zonas de inundações, acesso viário e características paisagísticas. Deve ser incluída uma análise, examinando a tipologia e hierarquia de construção, o caráter regional, o desenho urbano, a escala de construção e a mobilidade urbana. (MALHERBI, 2007) Onde se instalará o acervo de livros, especialmente, são necessário alguns cuidados, pois alguns fatores são relevantes quanto à conservação destes acervos. Tais como: temperatura, umidade relativa, iluminação, poluição, agentes biodeterioradores. Focando assim no conforto térmico, acústico e luminotécnico.

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É importante incorporar o uso controlado do clima natural e, ao mesmo tempo, excluir elementos indesejáveis como os níveis elevados de raios ultravioleta. Portanto áreas translúcidas nas faces leste e oeste devem ser evitadas, ou minimizadas as incidências solares diretas. Outro fator importante que condiciona o projeto é a topografia existente, pois esta já foi modificada para sediar o edifício existente. O valor da arquitetura nesse objeto em estudo não é só o objeto, mas a relação entre o objeto e quem o usufrui. A proposta deve buscar na arquitetura um local de relação próxima com as pessoas, aproveitando-se do seu uso cultural para atrair o usuário.

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5.2 CONCEITO O foco principal do projeto não é de armazenar, conservar e, apenas emprestar livros e mídias, diferente do conceito atual de biblioteca, mas tornar o espaço cultural atrativo aos usuários, próximo à sua realidade, convidativo e útil. Além de um local de informação, leitura, ele deve ser também um local de encontro, distração, lazer. A intenção é que o edifício não atraia só pela sua função, mas que também seja um referencial para a cidade e para a região, valorizando a área em que se insere. O edifício se inserirá harmonizando-se com o ambiente e seu uso.

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5.3 PARTIDO ARQUITETÔNICO A principal característica é a realização de uma arquitetura adequada aos seus usuários e frequentadores, seguindo os princípios climáticos e as normas de acessibilidade. O projeto busca também a flexibilidade de usos e adequação, lembrando que as mídias evoluem e se transformam. Apesar do pensamento de um novo edifício, uma nova função, o edifício existente não será totalmente desocupado, a estrutura de concreto pré-moldada se encontra em excelente estado, e serão utilizadas e seu pé-direito mantido como se encontra atualmente, com cerca de 9 metros de altura. O entorno do lote é em sua maioria horizontal, e o edifício seguirá o entorno. O lote será mais permeável, com isso demolindo alguns anexos ao edifício existente, possibilitando grandes pátios gramados, oferecendo a possibilidade também da realização de feiras e eventos que são atualmente adaptados em áreas de outros usos, tais como a Feira do Livro. Com a existência de fábrica da Companhia museu, foi totalmente ao lote, modificando

um projeto para a antiga Antártica de um shopping e considerada sua proximidade então o eixo de circulação

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do edifício, tornando possível uma futura conexão com a fábrica. A materialidade e volumetria foram baseadas e desenvolvidas de acordo com o edifício existente e reaproveitado, e leituras projetuais.

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5.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES O Programa de Necessidades foi desenvolvido à partir de leituras projetuais e de necessidades apresentadas pela cidade e localização. Mídias foram integradas e dispostas de forma integrativa com o entorno e o exterior da edificação. Transformando o edifício em um acervo amplo e aberto, não mais como uma "caixa de armazenar".

ACESSO PRINCIPAL HALL DE ENTRADA RECEPÇÃO LOUNGE

620,00 m2 20,00 m2 216,18 m2 EXPOSIÇÕES E EVENTOS

EXPOSIÇÕES CABINES TEMPORÁRIAS PRAÇA EVENTOS E FEIRAS

1.910,72 m2 24,00 m2 AUDITÓRIO

FOYER SALA DE PROJEÇÃO AUDITÓRIO

33,00 m2 12,67 m2 354,00 m2 HEMEROTECA

ÁREA LEITURA ACERVO SANITÁRIOS

106,00 m2 297,40 m2 78,00 m2 ALIMENTAÇÃO

CAFÉ / BAR ÁREA DE ALIMENTAÇÃO ACESSO INTERNET TERMINAIS DE ACESSO À INTERNET ACESSO SECUNDÁRIO HALL

38,41 m2 52,73 m2 213,86 m2 405,10 m2 110


RETIRADA E DEVOLUÇÃO LOUNGE LIVRARIA E COPIADORA

20,00 m2 122,00 m2 105,65 m2 MULTIMÍDIA

ACERVO VIDEOTECA CABINES INDIVIDUAIS ESTAÇÕES DE PESQUISA ACERVO DISCOTECA ESTAÇÕES DE AUDIÇÃO ACERVO BANCO DE IMAGENS CONSULTA BANCO DE IMAGENS SANITÁRIOS

250,00 m2 3,00 m2 19,00 m2 300,00 m2 65,00 m2 150,00 m2 35,00 m2 78,00 m2 ADMINISTRAÇÃO

COPA / REFEITÓRIO DESCANSO DEPÓSITO PRIMEIROS SOCORROS VESTIÁRIOS SECRETARIA DIRETORIA ALMOXARIFADO AQUISIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ACERVO BIBLIOTECA ACERVO GERAL ACERVO BRAILLE LEITURA CONSULTA CATÁLOGO VARANDAS LEITURA PRAÇA ILHAS LEITURA ESPLANADA ABERTA PÉRGOLAS LEITURA PRAÇA ALIMENTAÇÃO ESTACIONAMENTO GUARITA

35,00 26,00 15,00 15,00 36,00 30,00 15,00 15,00 30,00

m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2 m2

1034,00 m2 150,00 m2 440,00 m2 12,00 m2 800,00 m2 260,00 m2 398,00 m2 165,00 m2 660,00 m2 3.390,00 m2 7,00 m2 111


5.5 PLANO DE MASSAS

CAFÉ AUDITÓRIO

ACERVO

ADMINISTRAÇÃO

LOUNGE CIRCULAÇÃO / EXPOSIÇÃO

RECEPÇÃO

ACERVO

LOJA RECEPÇÃO

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5.6 ORGANOGRAMA

MIDIATECA

RECEPÇÃO

HALL

VIDEOTECA

AUDIOTECA

AUDITÓRIO

CIRCULAÇÃO

BANCO DE IMAGENS

SANITÁRIOS

HEMEROTECA

SANITÁRIOS

CAFÉ / BAR

LIVRARIA / COPIADORA

RETIRADA/DEVOLUÇÃO

LOUNGE

ACESSO INTERNET

HALL

SERVIÇOS 113


EIXO DE CIRCULAÇÃO / CONEXÃO SHOPPING

ACESSO ATUAL

ACESSO PRINCIPAL ATUAL SHOPPING BURITI (ANTIGA FÁBRICA COMPANHIA ANTÁRTICA)

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5.7 ESTUDO DE ACESSOS

Os acessos principais existentes atualmente privilegiam o acesso pelas vias principais. A entrada principal do edifício se dá pela Avenida Fábio Barreto. Com a existência do projeto para um shopping e museu em escala cidade na quadra ao lado da Rua Castro Alves a circulação foi priorizada nesse eixo, da Castro Alves à Rodrigues Alves, acentuando a ligação do shopping com o edifício proposto, e deslocando o eixo de circulação existente. Além do acesso principal se deslocar o edifício ganhará maior afastamento da Avenida Fábio Barreto, possibilitando uma maior visibilidade do edifício.

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5.8 ESTUDO DE VOLUMETRIA

VOLUME MEZANINO

DEMOLIR

EIXO CIRCULAÇÃO

VOLUME MEZANINO

DEMOLIR

O edifício existente atualmente é praticamente horizontal, e segue o desenho do terreno, com fachadas planas.

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VOLUMES EM PLANTA

VOLUME MEZANINO ESTUDOS VOLUMETRIA COM MATERIAL

VOLUME MEZANINO FRENTE AVENIDA

Diferentemente, a proposta é de volumes salientes à fachada, diferenciando-os dos materiais do resto da edificação. Estes volumes salientes serão os mezaninos, fazendo com que o eixo de circulação central tenha o pé-direito mais amplo e visibilidade de todo o edifício internamente.

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6.

pro jeto 119


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PAVIMENTO TÉRREO

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DETALHES

L= 65 dB

dUF= 17,87

W= 0,005 Luf= 109 + 10log W - 20log d Luf= 61 l= 65-61= 4 l= 10log n n= 2,5 = 3 n-1= 2 espelhos

P.C. > 65 = 109+10log 0,005 - 20log d 65= 109-23 - 20log d log d = -21/-20 = 1,05 135


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MEMORIAL JUSTIFICATIVO A implantação da Midiateca seguiu a implantação do edifício que atualmente se encontra na área do lote. A área construída era de 15.536,96 m2, muito maior que o programa necessário, portanto 10.369,96 m2 foram demolidos, possibilitando a permeabilidade do lote. Doss 5.167 m2 restantes foram reutilizadas as estruturas em concreto prémoldado e a cobertura em treliças e telhas em aço galvanizado. Uma área de 3.174,90 m2 foi acrescentada, esta sendo em estrutura metálica (94). Como o terreno já possui um corte feito, os níveis de pisos permanecerão os mesmo em quase a totalidade. Reaproveitando o muro de arrimo já existente na face da Rua Joaquim Nabuco. O acesso ao edifício pelos pedestres se dará pela rua Castro Alves, sendo este o acesso principal, e um acesso secundário pela rua Rodrigues Alves. O acesso por veículos do público se dará pela Avenida Fábio Barreto, além de possibilitar um acesso mais fácil aos veículos, atualmente o edifício já possui estacionamentos nessa área, não sendo necessárias muitas modificações. O acesso de veículos de funcionários e de outra parte do público, principalmente do bairro, além de carga e descarga, se dará pela rua Rodrigues Alves, oferecendo um estacionamento fechado com guarita. 150


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Com um amplo espaço aberto, o lote formará uma praça, esta possibilitando além de leitura ao ar livre com rebaixos no perfil do terreno, criando ilhas de leitura, possibilitará também eventos, tais como a Feira do Livro, apresentações e shows em uma esplanada aberta. Esta área será ocupada por algumas árvores de médio porte, estrategicamente colocadas em projeto paisagístico, oferecendo sombras em áreas desejáveis da edificação e das áreas de leitura. A pavimentação da área externa será feita em concreto permeável (96), opção escolhida pelo local ser área de inundação, possibilitando o escoamento da água para o solo. Além dessa pavimentação, a projeção do edifício terá uma faixa de seixo branco (97), que também possibilita a permeabilidade. Todo o resto será gramado. As fachadas do edifício serão em vidro com estruturação metálica, possibilitando uma ampla iluminação natural internamente. Os blocos criados para o mezanino possuirão revestimento em aço corten (95). O piso do interior do edifício será em concreto polido (98) e suas paredes internas serão em gesso, acentuando o conceito da flexibilidade de usos.

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A cobertura será reaproveitada, sendo esta existente em estrutura de treliças metálicas e telha metálica. O forro será único em gesso, e possuirá algumas nuvens acústicas da 3Form (99) em áreas estratégicas pela altura do pé-direto e dimensão do edifício, para que não hajam reverberações desfavoráveis. No auditório, além dos espelhos previamente calculados, as paredes também serão tratadas com revestimento Wovin Wall metalizado da 3Form (100 e 101). A circulação vertical possuirá dois elevadores, duas escadas rolantes e outras escadas executadas em alvenaria. O mobiliário será exclusivamente desenvolvido, adequando-se ao conceito do edifício e desenho. A iluminação durante o dia será em sua maior parte natural, possibilitando o uso de energia elétrica apenas em áreas fechadas, quando necessário. Durante a noite será usada energia elétrica, de acordo com projeto luminotécnico. A área externa, durante a noite, possuirá iluminação em áreas estratégicas, e em toda a pavimentação na projeção do edifício, valorizando a edificação. O sistema de abastecimento d’água será feito através da construção de poços profundos e terá 152


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uma estação de tratamento dimensionada de acordo com a necessidade do consumo e com capacidade para atender toda a demanda com uma grande margem de segurança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Ribeirão Preto cresceu e continua crescendo, não possuindo um espaço adequado para promover essa integração. O projeto proposto busca um local diferente do que é tradicionalmente chamado de "biblioteca", diferente do definido como "depósito de livros", buscando ligar o leitor, ouvinte, espectador, usuário ao espaço, tornando o objeto mais próximo à população. O projeto visa atender as necessidades crescentes do espaço e dos usuários, para que não surjam espaços ociosos e que a construção não se torne inadequada ao passar do tempo, possibilitando a flexibilidade para novas funções e novos espaços, sem perder o caráter importante que desempenhará a edificação atualmente para a população.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MIGUEL; AMARAL, Nadya Maria; Rejane Rosa. A Biblioteca Universitária e as Novas Tecnologias. 2007. <http://www2.uerj.br/a_biblioteca_artigo.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2012. MIRANDA, Antonio. A missão da Biblioteca Pública no Brasil. 1978. <http://www.antoniomiranda.com.br/ciencia_informacao/art_missaobiblip.pdf >. Acesso em 03 abr. 2012. RIBEIRO, 1996.

Fernanda.

Biblioteca,

novos

termos

para

um

velho

coonceito.

<http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo4691.pdf>. Acesso em 10 abr. 2012. SANTOS, Josiel Machado. Bibliotecas no Brasil: um olhar histórico. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, Nova Série, São Paulo, v.6, p. 50-61, jan/jun. 2010. MACHADO; PINHO, Ana Lúcia; Antônio Carlos. História das Bibliotecas. <http://www.slinestorsantos.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/11/2590/17/ arquivos/File/Biblioteca/bibliotecaorigem.htm>. Acesso em 9 jun. 2012. GALDINO, Rosangela. Os equipamentos culturais da modernidade em Ribeirão Preto: os cinemas e os teatros. 2009. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009. FARIA, Rodrigo Santos. Ribeirão Preto, uma cidade em construção (18951939). O moderno discurso da higiene, beleza e disciplina. 2003. Dissertação - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 156


SCHNEIDER, Alessandra. Destino Referência em Turismo de Negócios e Eventos Ribeirão Preto - SP. Instituto Casa Brasil de Cultura, Goiânia, 2010. DADOS Básicos Ribeirão Preto - SP. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=354340>. Acesso em 12 jun 2012.

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