Reencontro com meus versos esquecidos

Page 1


2

O autor Jorge de Palma é filho de Carmo de Palma e de Adelina Candian de Palma. Nasceu em Iracemápolis-SP, em 20 de dezembro de 1952. Trabalhou muitos anos como jornalista, atuando nos jornais Diário de Limeira, Diário de Pernambuco, Diário de Americana, O Liberal (Americana) e Tododia (Americana), entre outros. Reside em Americana-SP. Contato pelo e-mail: jorgepalma@bol.com.br

Reencontro com meus versos esquecidos


3

Explicação Comecei a fazer poesia com 15 anos ainda no tempo do antigo ginasial, Escrevia meus versos em um caderno. Com o passar dos anos, ingressei no jornalismo e fui esquecendo do caderno e da poesia. Dia destes, reencontrei aqueles escritos da juventude e não tive coragem de jogar fora. Daí o nome deste livro digital.. O leitor verá que as poesias podem ser consideradas infantis e algumas são uma tentativa de humor, com exceção de algumas mais recentes, mas eu as publico de forma aleatória. Por isso suplico que não sejam muito rigorosos, na crítica a esta publicação. J.P.

Reencontro com meus versos esquecidos


4

Encruzilhada da vida

O norte sempre foi meu rumo E amei demais uma mulher AtĂŠ que a vida mudou Surgiu a dĂşvida, o desejo E amei mulheres demais Pisando em mais canoas Afundei na curva do rio Descontrolado, Trombei na esquina da vida E perdi o meu amor O prĂłprio, Na encruzilhada do mundo

Reencontro com meus versos esquecidos


5

E os anjos morreram No princípio eram as crianças E as crianças eram anjos Depois veio a escola E o mundo multiplicou: Tarzan pulou dos livros Marco Polo viajou Cabral descobriu o Brasil E as crianças, o mundo; Super homem, o Universo Então o computador falou: "Deus criou os átomos dizendo: Combinai e multiplicai. Adão era um macaco Jesus Cristo um astronauta" E a história do ajo-da-guarda Virou conto de fadas.

Reencontro com meus versos esquecidos


6

Os malditos Vereis a taça e a fumaça E nada mais Até que da taça estraçalhada E do maço findo amassado Transpareça Da maldição, o que restou. Ele pode ser Um Vam Gogh com orelhas Ou um Lautrec pernas longas Mas não sentireis a sua angústia Nem vereis a igual profundidade Dos sentimentos avançados Nem também sereis culpados Da maldição que o acompanha E o deixareis à margem do caminho E chorareis sua morte aos trinta e dois. Depois comer-lhe-eis os miolos

Reencontro com meus versos esquecidos


7

E dareis seu nome às ruas Para orgulho do prefeito Publicareis livros e mais livros Para o bolso do editor E alguém levará flores Num local estatuado Já não vereis taça, nem fumaça Mas sim nuvens legendárias.

Reencontro com meus versos esquecidos


8

Brincado de trás pra frente Vinho ja John IV A dama é amada A vida, a diva É Reviver Roma o amor reviver Aroma e de pé de amora Vinho ja John IV

Reencontro com meus versos esquecidos


9

Poesia aiseop O vovo Sartel ama letras Adora a roda Brinca : acnirb aiseop zaf, faz poesia

Reencontro com meus versos esquecidos


10

Ficou... Ficou o doce sabor dos beijos Que agora vai Se arrastando com o tempo Ficou a sua imagem metafísica O seu modo desligado O seu trejeito engraçado Ficou pouco Ficou muito Muito pouco de você.

Reencontro com meus versos esquecidos


11

Conselho Se na erma noite andares só Sem nada para ocupar o espírito Sem amante para acariciar Sem vontade de beber Se sentires inveja Ao tropeçar no carinho alheio Se perceberes que até um diálogo Consigo mesmo é chato e inútil Se não tiveres nada para fazer Nem mesmo um defunto para velar Manda tudo às favas e vai dormir...

Reencontro com meus versos esquecidos


12

A importância do meio

Andromeda (1869) Edward Poynter

Se olho para o fim Tudo me parece inútil Mas é preciso ressaltar A importância do meio

Deixemos o princípio Para os filósofos E historiadores E o fim para os computadores Que ontem não voltará O depois será amanhã

Reencontro com meus versos esquecidos


13

E não se sabe se haverá É bom girar o calidoscópio dos poemas multicores Pois também as flores Têm vida curta E não deixam de florir

É preciso brincar Com a criança de hoje Que amanhã será adulto E não se sabe o que será

É preciso vida viva No prazer, no fazer, no querer Já que Andrômeda virá E bem sabemos que ela é A amante eterna, amiga que aconchega No leito coberto de sete palmos

Reencontro com meus versos esquecidos


14

Fábula moderna Um homem fala de sua angústia E do seu mundo pessimista O gravador escuta com atenção É um bom ouvinte o gravador Grava a dor O homem aperta um botão E o gravador fala Fala bem o gravador Agrava a dor Clic - E o homem o interrompe Porque descobre que exagerou.

Reencontro com meus versos esquecidos


15

Errante Virá num por de sol De um céu qualquer Quando quiser

Pousará seu corpo errante Sem roupas e diamantes Num leito uma noite só Seguirá na manhã próxima Seu rumo diário-contrário Mas na magia palpitante Provará que é a deusa amante De um leito uma noite só

Ficará num coração Numa canção, talvez...

Reencontro com meus versos esquecidos


16

Garota da praia Garota que do bronze roubou a cor Que rola na areia seu corpo de muitos E vive na rua sob o luar Você endeusa o noturno e o veloz metal Mas não pense que tudo é seu Você rouba da praia Os beijos do mar Você vende o prazer A quem pode pagar E imita o sorriso Do sol matinal Mas é ponto final Quando falam de amor

Reencontro com meus versos esquecidos


17

Indo Longo ĂŠ o caminho De quem caminha sĂł A estrada se prolonga E o fim Do infinito Se aproxima

Reencontro com meus versos esquecidos


18

Pensamento Hoje não há mais Aquele mundo escondido Nos canaviais E a virgem dos lábios de mel Tirou o véu da ingenuidade Ontem, quando voltei Descobri a necrópole dos meus sonhos Hoje não há mais o recanto Onde conheci Afrodite e outras deusas E os dois mundos de Demian Marcaram-se com nitidez. Feliz aniversário Feliz aniversário? É tudo muito ao contrário Quanto mais se vai em frente Mais se fica deprimente! E a vida, que coisa linda, Cada vez fica mais finda!

Reencontro com meus versos esquecidos


19

Meu canto Se hoje meu canto é Um tanto quanto absorto É que minha alma se inspira Na fisionomia de um morto

Se hoje meu canto é Um tanto quanto sublime Em que nada se inspire É que há entre o nada e tudo Uma diferença que oprime

Se hoje meu canto é Mais fraco que de costume É porque eu deduzi Que a mesma matéria faz O perfume e o estrume.

Reencontro com meus versos esquecidos


20

SĂł hoje morri cinco vezes Tem gente tonta, ou nem tanto que acha que o que presencia vale um livro , ou um canto O outro descreve um momento sofrido, magoado, perdido ou destrambelhado!. .

Ontem, em plena fobia, vi o Estado acuado todo mundo desesperado se escondendo, na anarquia.

PCC condenado isso sim fez de conta que nĂŁo era assim

Reencontro com meus versos esquecidos


21

assustou todo mundo enfim usando plim por plim

Foi tanta a correria e o medo que o que mais se usou foi o dedo, todo mundo desesperado apertando um pontinho molhado do suor descontrolado à procura do celular, insistindo para ligar!

As portas se via aos poucos a fechar, a fechar e a fechar não foi homenagem nem honra aos soldados valentes traídos a tombar! Foi medo, muito cedo! Antes da batalha começar!

Reencontro com meus versos esquecidos


22

Foi tanta a fobia e a mentira que o boato correu solto aqui e ali gente morria, mas gente morre todo dia! Só que era tanta a covardia que aquele que morria nem percebia porque sua vida se ia!

A tragédia se ampliou a boataria se amplificou mas um policial de comunicação com humor se encorajou e quando alguém desesperado lhe telefonava afobado, como aquele meu avô, ele dizia animado:

O diabo não é tão feio como você pinta!

Reencontro com meus versos esquecidos


23

Sobre PCC ou outra coisa se que minta A verdade, por horas ou por meses, É que somente no dia de hoje Jå me mataram cinco vezes!

Reencontro com meus versos esquecidos


24

Insônia Deitado, não consigo dormir Cai a chuva no telhado E eu penso em te ouvir Vejo teus lábios movendo-se Vejo te a sorrir

Estou assim neste transe Quando uma gota em meu rosto Vem meu coração ferir Pois sua geleza lembra O teu frio coração

Então eu penso: Ah! se tu me desses Uma gotinha de amor Meu infeliz coração Não teria tanta dor.

Reencontro com meus versos esquecidos


25

O Engano O coração gemeu de tristeza Tão grande foi a malvadeza Que alguém lhe praticou

Encontrar o alguém amado Com um outro namorado O coração desenganou

E aquele sonho de tempo longo Deixou um tom amargo No coração de quem amou.

Reencontro com meus versos esquecidos


26

O poeta e o amor Tão logo nasceu o amor Já então nasceu o poeta O mundo inteiro é uma flor Cantou o poeta em festa

Mas veio a desilusão Chorou então o poeta Tenho a dor no coração Cabelos brancos na testa

Sorriu novamente o sol Floriu novamente o amor E nunca mais o poeta Citou a a palavra dor

E assim viveram para sempre Entre o sol e a flor

Reencontro com meus versos esquecidos


27

Para sempre, para sempre O poeta e o amor.

Reencontro com meus versos esquecidos


28

Ironia à técnica O sol em certa vez Na noite penetrou E a luz com polidez A ele pergunto: Oh Sol, que acontece E ele lhe replicou: Lua, pelo que parece Meu relógio adiantou.

Reencontro com meus versos esquecidos


29

Minha inspiração Sempre vagando pela vida Jamais eu tive a esperança De poder dizer: "Oh querida, Do amor não tenho ignorância"

Eu sempre fui um solitário O amor eu nunca compreendia Aos poetas eu fui contrário Seus versos eu não entendia

Mas como tudo tem um fim Terminou minha solidão Quando você trouxe para mim Do amor a pura compreensão

Quão belo é o amor me explicou Nenhuma palavra nos lábios

Reencontro com meus versos esquecidos


30

Com olhos grandes me ensinou Que todos os poetas são sábios

E assim, por você eu mudei Você é minha inspiração Por você me transformei Sou poeta de coração!

Reencontro com meus versos esquecidos


31

O verde Verde apagado: Céu estrelado Verde claro: Cantar do pássaro Verde vivo Céu iluminado Verde claro: Por de sol Verde apagado: Céu estrelado E um dia se extinguiu Nas florestas do Brasil.

Reencontro com meus versos esquecidos


32

Casa amarela O tempo não escondeu O passado em que viveu Alguém na casa amarela

Tinha vida, tinha vida Aquela casa amarela Quando alguém morava nela

E minha mente doente Revive a cada instante O passado já distante Os tempos da casa amarela!

Quem habitou aquela casa Nos tempos que já não vem Habitou minha alma também

Reencontro com meus versos esquecidos


33

E está firme a velha casa Como eu já não estou Esperando a menina Que em dois lugares habitou

Mas a casa ruirá Como também tombarei Pois jamais voltará A menina que eu amei.

Reencontro com meus versos esquecidos


34

Instante de chuva Mil patinhos a pular No chão da rua Eu lá dentro a sonhar No mundo da lusa E um homem a voltar Com a vara de pescar

Mil patinhos a pular No chão da rua Uma criança a brincar Na chuva, nua Com os patinhos da chuva Rochinha como uma uva

Mil patinhos a pular No chão da rua É o asfalto a se lavar

Reencontro com meus versos esquecidos


35

Com as lágrimas da chuva E o céu chora num instante Porque o instante é da chuva.

Reencontro com meus versos esquecidos


36

Momento eterno Gente que ia, Gente que vinha Eu não fui Ela não veio Estávamos

Uns se apresentavam Outros diziam: prazer Eu não me apresentei Ela tampouco assim fez Éramos Mais um morria mais outro nascia Eu não a vi morrer Ela não me viu nascer Vivíamos

Reencontro com meus versos esquecidos


37

Alguém se lembrara Do amor que nascera Alguém se lembrava Do amor que morrera Amávamos

Reencontro com meus versos esquecidos


38

Ilusão Eu que queria ser Um rei no seu coração Nem cheguei a ser barão Fiquei como bobo da corte No castelo da ilusão

Reencontro com meus versos esquecidos


39

Soneto do sonhador Vivendo de eterno sonhar O destino assim decidiu Passando a vida a se lembrar O amor que um dia existiu

Olhos fechados a cada instante Sorriso triste no semblante Fazendo esforço com a mente Para ver um rosto sorridente

Sorri entĂŁo de alegria De quem venceu no mais querido Retorna a um mundo de poesia

Abre os olhos esperançado Retorna a ser amargurado E fecha os olhos assustado.

Reencontro com meus versos esquecidos


40

O foguista Trabalha o pobre vidreiro Há muito que o suor derrama Mas o que paga o empreiteiro Não mata sua fome insana.

Sofre muito com calor Trabalha à beira do forno Tem momento de humor Para esquecer o transtorno

E diz então a brincar: Já estou acostumado Com tal vida egoísta

Quando a morte me levar Pedirei ao endiabrado Um emprego de foguista

Reencontro com meus versos esquecidos


41

A tristeza matou A tristeza mata Alguém disse: não Porém nesta data Morreu um coração

Caiu de repente De bela altura E uma alma contente Ficou fria e dura

Sobrou na pessoa Somente a ação No íntimo não soa Mais um coração.

Reencontro com meus versos esquecidos


42

Trovas Essa vida é um buraco Dizia alguém cabisbaixo Mas o que seria do ponto alto Se não houvesse o ponto baixo?

Ah se a cada suspiro dela Um doce suspiro em ganhasse Talvez lá na minha janela Uma doçaria em montasse.

Quantas saudades da escola Ah trises férias que maldigo Pois fica naquela gaiola Bonito pássaro comigo.

Reencontro com meus versos esquecidos


43

Fantoche Jogando na vida Por ela arrastado Precisa chorar Precisa sofrer Precisa amar Precisa viver Precisa? Mas vive e sorri Às vezes amargo Mas sofre e chora Às vezes de alegria Ou cai prostrado Num sonho loquaz Aprende a amar Aprende a odiar Se torna capaz AtÊ de tirar

Reencontro com meus versos esquecidos


44

A vida de outro No mundo jogada E vai assustado O fantoche do amor Fantoche dos deuses Fantoche da vida.

Reencontro com meus versos esquecidos


45

Engenho Um vem, outro vai Nos canaviais Da minha terra que encerra Um encanto sem fim Talvez só pra mim.

Um vai, outro vem Há sempre alguém Na estrada empoeirada Com cana a beirar Até o engenho chegar

Engenho que é vida Que é luta renhida É toda uma história De um povo que cresce De quem não esmorece

Reencontro com meus versos esquecidos


46

Pra vida vencer

Vencer para outros Que a vida trarĂĄ para lutar e para amar Enfim, para trabalhar No engenho que nĂŁo pode parar.

Reencontro com meus versos esquecidos


47

Confusão de olhares Não me olhe feio Namorado ciumento Pois a sua namorada Não me olha um só momento

Às vezes eu penso Ciumento namorado No que aconteceria Se a sua namorado Olhasse para meu lado

Mas ela não olha pra mim E lá se vai meu devaneio Continuo olhando-a triste E você me olha feio.

Reencontro com meus versos esquecidos


48

Oculto prazer Garrafa vazia Rolando na mesa Oculto prazer De vê-la cair De vê-la quebrar

Mui corpos vazios Pulando, dançando, Dançando, pulando Oculto prazer De vê-los girando

Oculto prazer De ver o mundo vazio De vê-lo findar -Tudo se transforma Pra ver no que vai dar

Reencontro com meus versos esquecidos


49

Oculto prazer De vê-la com outro Pulando, dançando, Dançando, pulando

Oculto prazer De ver-se sozinho Ocultando o prazer Que sinto e que não sinto De vê-la com outro De vê-la feliz.

Reencontro com meus versos esquecidos


50

Acróstico para Rita Retenho-me aqui Rita Inspirado em teu sorriso Terei que descrever-te-agora Agora que sei que amor é isso

Riso que não é vendido Inda mesmo não comprado Tão puro é este sorriso Ah!, é um sorriso dado.

Róseo rosto de pureza Indizível prazer eu sinto Tê-lo assim tão perto ao meu Ao meu me dá nobreza

Ricos olhos pequeninos Incomuns, é admirável

Reencontro com meus versos esquecidos


51

TerĂŁo tirado da estrela Aquele brilho invejĂĄvel?

Renuncio a todos, Rita Impunes gozos do mundo Ter-te assim junto a mim Agrada-me mais que tudo.

Reencontro com meus versos esquecidos


52

Sonho Mais solidão Que a madrugada Cadê a amada? Fugiu com o vendo Partiu para o nada Foi só um momento

Saudade surgida Da ausência do falso Surgida do nada Ao nada voltada E a mente que cria Exprime demais Uma dor sem sentido.

Reencontro com meus versos esquecidos


53

Vida é arte Viver é criar problemas Ideias e soluções Desprezar o feio, amar o belo Amar o belo é viver

É viver amar o bom.

Ainda que o bom seu feio Realçando no feio o bom Torna-se o feio velo E viver é criar beleza!

Reencontro com meus versos esquecidos


54

Quando o poeta cansa São fenômenos cansados Por mil vezes repetidos Que ainda se repetirão

Para que destacá-los Se ele próprios são a vida E a vida é uma só?

Não há porque cantá-los Se cantados eles já foram E seus poetas já morreram.

Reencontro com meus versos esquecidos


55

Velho boêmio O céu sorri num instante Quando um raio luzente Ilumina a boca da noite

Sorrindo também se chora E a noite assim pode ser Sorri e chora quando chove

Mas não se importa o boêmio Suas noite foram tantas Que não terá mais um decênio De anos de noite assim.

Reencontro com meus versos esquecidos


56

Calmaria É um dia sorridente Enfeitado pela brisa E um sol ameno.

Eis que um rosto moreno Se irisa na minha alma Acalentando a minha calma

E eu sorrio então Para alguém que na rua passa Pois a vida é cheia de graça Para quem sabe o que é o amor.

Reencontro com meus versos esquecidos


57

Meu pai Ver o ultimo sorriso Da rosa para o sol poente É o que torna contente Meu pais, à volta do serviço

Meu pai é um poeta Não de verso, nem de prosa É o poeta da rosa Que vive para bem tratá-las Que luta para conservá-las Tratando-as com carinho E nem dia que uma é mais bela Para não desprezar as demais

Chega tarde do serviço Cansado, mas nem por isso Deixa de banhar suas roseiras Antes de lavar-se a sei próprio

Reencontro com meus versos esquecidos


58

E sorri de contentamento Ao ver que naquele momento As rosas parecem sorrir.

Reencontro com meus versos esquecidos


59

Vampiros Bate o lúgubre sino Da tétrica meia noite Inexiste algo divino Apenas o voar silencioso Eclipsando a lua Do mamífero maldoso Mensageiro do terror.

Beija a amada neste instante O personagem triunfante Da película de horror Porém, que encontram seus lábios? Um corpo inanimado e frio Cuja vida e calor A morte roubou.

E o espanto estampa-se no rosto

Reencontro com meus versos esquecidos


60

Do assombrado jovem hesitante Ao ver transforma-se em cena ligeira O rosto querido e adorado Simplesmente, em caveira.

E este epĂ­logo fatal Ronda-nos a cada instante Sem que dele percebamos Quando apenas procuramos A beleza banal e faceira Que esconde nĂŁo mais que a caveira.

Reencontro com meus versos esquecidos


61

Ribeirão Ah! pequeno ribeirão Tu não és o Lete Porém assim mesmo suplico Traze a mim o esquecimento Já que o amor não é possível Torna-me outro neste momento Pois o malando do cupido Não me quer como amigo.

Reencontro com meus versos esquecidos


62

Pós apocalipse O infinito repousa no segundo Da existência dúbia e tediosa Do maribondo Do moribundo Do mar e bonde

A glória é o suspiro que arrasta O hálito sem calor na obra desprezada E nem o lume de um fósforo Brilhará jamais Quebraram-se os acratófaros Nem Baco, nem bacanais.

É o prazer de ver terminada O incógnita obra depreciada Que era gentleman Era gentalha

Reencontro com meus versos esquecidos


63

Era gente e imã Era gente nada.

Nada na fobia Do primitivo fulgir dos tempos Nada no triângulo Nada em Max Não há ângulo Nem êmbolo Já não engole Não há gole Nem tudo Nem tudo de ensaio Nem janeiro, nem maio Mas havia até um Sampaio Que gritava: Ai que eu caio E um outro: Cai que eu vaio Mas há resto? Não há vala que já valha

Reencontro com meus versos esquecidos


64

Nem faca, nem navalha Nem papagaio, nem gralha Só inconsciente escuridão Sem dar a mão Sem ter cordão Sem reflexo, sem sexo, sem nexo Talvez, perdão

Reencontro com meus versos esquecidos


65

LampiĂŁo

Brilhava por fora E agora por dentro Uma chama o devora

Saudade de um tempo Que aceso e altivo Sabia o motivo De todas as rusgas Entre os namorados E ouvia segredos AtĂŠ de Estado

Reencontro com meus versos esquecidos


66

Agora no lixo Jogado, esquecido Vê que de ferrugem Já está enegrecido. Assim são os homens.

Reencontro com meus versos esquecidos


67

Filosofia da pedra A estrada é cheia de pedras E elas devem ser quebradas Para vermos como é Para levarmos na lembrança Seus melhores fragmentos A pedra às vezes é grande Mas a força constante Vence a pedra exuberante Dando ao pedreiro mais força De quebrar pedras maiores Todavia que acontece Quando a pedra é mais que pedra Quando a pedra é quase aço? E vence a força do pedreiro E lhe imprime o cansaço? A estrada é cheia de pedras Porém uma pedra é mais forte

Reencontro com meus versos esquecidos


68

O pedreiro já não carrega Apenas seus fragmentos Carrega uma pedra toda E a pedra nada sente Pois a pedra apenas sabe Ser pesada e ser bonita E se um dia irá quebrar É por mão de outro pedreiro Mais fraco, ou talvez mais forte Mas que tenha melhor sorte Pois a vida é quebrar pedras Do nascimento à morte Ou então carregar aquela Que quebrar não conseguiu.

Reencontro com meus versos esquecidos


69

Convite Andrômeda há de chegar A amante eterna A amiga que aconchega No leito coberto de sete palmos. Vamos então filosofar Que isso é apenas esperar A minha, a sua Andrômeda Vencedora dos homens Que não há de demorar.

Reencontro com meus versos esquecidos


70

A briga

Foi aquela uma briga danada A do cupido e a moça assanhada Pois um dia o anjinho arqueiro Não estava lá muito certeiro E, se não falha a narração A rusga assim foi oriunda Cupido mirou no coração Mas acertou a flecha na bunda.

Reencontro com meus versos esquecidos


71

Flor do campo

Estava ali, Mas você foi A rosa que não colhi A flor que deixei no campo

Hoje a vejo em cada canto Nas lembranças e passagens De um mundo de desencantos

Constato assoberbado Perdido neste deserto Quanto se ilude quem não faz A colheita no tempo certo!

Reencontro com meus versos esquecidos


Este livro foi distribuído cortesia de:

Para ter acesso próprio a leituras e ebooks ilimitados GRÁTIS hoje, visite: http://portugues.Free-eBooks.net

Compartilhe este livro com todos e cada um dos seus amigos automaticamente, selecionando uma das opções abaixo:

Para mostrar o seu apreço ao autor e ajudar os outros a ter experiências de leitura agradável e encontrar informações valiosas, nós apreciaríamos se você "postar um comentário para este livro aqui" .

Informações sobre direitos autorais

Free-eBooks.net respeita a propriedade intelectual de outros. Quando os proprietários dos direitos de um livro enviam seu trabalho para Free-eBooks.net, estão nos dando permissão para distribuir esse material. Salvo disposição em contrário deste livro, essa permissão não é passada para outras pessoas. Portanto, redistribuir este livro sem a permissão do detentor dos direitos pode constituir uma violação das leis de direitos autorais. Se você acredita que seu trabalho foi usado de uma forma que constitui uma violação dos direitos de autor, por favor, siga as nossas Recomendações e Procedimento de reclamações de Violação de Direitos Autorais como visto em nossos Termos de Serviço aqui:

http://portugues.free-ebooks.net/tos.html


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.