Indie Magazine - Jaloo

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Innovative fashionand photo-editorials by internationally renowned photographers and portraits of budding talents from the fashion, music and art scene are INDIE's main cornerstones. The International (English-language) edition of INDIE Magazine is available in the UK, France, Italy, Spain, Sweden, Tu r k e y, U S A , C a n a da, Australia, Ta i wan, Hong Kong and Japan. The German edition is available in Austria, Germany and Switzerland. ( t o t a l / w o r l d w i d e circulation: 55,000 copies)

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LINIKER

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L AV E R N E

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JAIME MELO

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B*TCHES

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BANDA UÓ

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CAROLINA

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WORST WEST

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DALASAM

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NARCISISMO

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MISS SWIFT

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LADY GAGA

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AV 3

ATIVIDADE PR ATICA SUPERVISIONADA DE EDITORAÇÃO ELETRONICA PRODUZIDA PELOS ALUNOS JORGE B ORG E S & M AT H E U S C A R D O S O. 2 0 1 6 . 2


~ LINIKER ~

~ BICHA, PRETA E POBRE ~

~ LINIKER ~

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britânico que brilhou numa Copa do Mundo poucos anos antes de seu xará brasileiro Uma voz poderosa, no tom nascer, em 1995. Porém, mais grave e levemente rouco típi- que tudo, o dono da voz tem co dos artistas de soul, anda presença e sabe o que quer. circulando pelas redes sociais, cantando em bom português. “Um dos meus maiores desejos Ela é negra, vai para cima e como artista é: bote para fora para baixo sem dificuldades quem você é, não tem problee já entrou pelos ouvidos de ma”, diz o cantor e compositor milhões de internautas, convi- de Araraquara – cujo batom dando-os a swingar ao som de roxo e cintilante faz contraste um EP, Cru, lançado menos de perfeito com a pele negra e um mês atrás. O dono dela tem cuja barba em forma de cadeanome: Liniker – como Gary do fazem suas grandes argolas Lineker, o jogador de futebol prateadas luzirem ainda mais.

Liniker, do alto de seus 20 anos, tem estilo bem definido, na música e na vida. Conta que quando usou um turbante pela primeira vez, há alguns anos, sentiu que vestia uma coroa. No circuito da música independente, pode-se dizer que ele já foi coroado, com uma turnê nacional confirmada e outra internacional em vista, ao lado de sua banda, Liniker e os Caramelos. Que não se estranhe que ele estoure também, muito em breve, nos palcos da indústria tradicional.


5 ~ LAVERNE COX ~

~ LAVERNE COX ~

~ LAVERNE COX ~

A atriz norte-americana Laverne Cox vai se tornar a primeira pessoa transgênero da história do museu Madame Tussauds quando sua figura de cera for revelada durante a Semana do Orgulho Gay de São Francisco, no fim deste mês.

A artista representou um divisor de águas no retrato de personagens transgênero na série de televisão “Orange is the New Black”, e foi a primeira atriz transgênero a ser incomunicado publicado no site dicada a um prêmio Emmy, o do museu. “Quando penso em Oscar da TV. quem sou, uma mulher negra transexual de origem humilde “Estou profundamente honcriada (na cidade de) Mobile, rada por me pedirem para no Alabama, esta honra parece fazer parte do legado do Madainda mais improvável e extraorame Tussauds”, disse Cox em dinária”.


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J A L O O “Se eu cortasse o meu cabelo convencionalmente, poderia estar andando muito mais tranquilo na rua”, admite. Mas ele faz questão de manter sua identidade, algo que considera como um filtro de convivência. “Se as pessoas entranham alguém por causa do corte de cabelo dela, não são pessoas com quem eu quero conviver.”


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INSIGHT

Nome em ascensão na cena musical brasileira, o paraense de 28 anos é uma figura com características que muitos consideram prejudiciais para alguém que está começando a trajetória artística. Ele sabe disso e faz questão de enumerar os pontos: seu visual não é convencional; seu lugar de origem (Castanhal, no interior do Pará) é desconhecido pela maioria dos brasileiros; seu conhecimento musical é autodidata e sua prática do canto é sem vocação – teve que ser aprendida no palco, na marra. Mas para Jaloo, essas questões não são problemas. Longe disso: “Gosto dessas contradições e de usar elas a meu favor”, afirma. Obcecado por softwares de música desde o final da adolescência, o paraense batizado Jaime Melo ganhou destaque na internet há seis anos, quando começou a fazer, por conta própria, covers, re-

mixes e mashups de hits de diferentes nomes da música nacional e internacional: de Amy Winehouse a Gal Costa, passando por Grace Jones, Donna Summer e MIA. Seu primeiro álbum autoral, #1, foi lançado no final do ano passado e apresenta o que ele chama de sci-fi brega - uma mistura de música eletrônica, tecnobrega e ritmos latinos. As letras falam sobre vivências na cidade natal e desilusões amorosas, numa mistura nada convencional de regionalismo e modernidade.Seu primeiro álbum autoral, #1, foi lançado no final do ano passado e apresenta o que ele chama de sci-fi brega uma mistura de música eletrônica, tecnobrega e ritmos latinos. As letras falam sobre vivências na cidade natal e desilusões amorosas, numa mistura nada convencional de regionalismo e modernidade.


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o que é ideologia de gênero?

O que é “ideologia de gênero”? Depois de surgir com destaque em 2014 nos debates envolvendo a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE), o termo “gênero” voltou aos holofotes no Brasil. Políticos, pesquisadores, organizações da sociedade civil e cidadãos comuns têm se mobilizado para que o termo não conste nos novos planos municipais e estaduais de educação que devem ser votados até o fim do mês de junho. As razões para a preocupação, no entanto, ainda parecem desconhecidas de grande parte da opinião pública. Por que uma palavra aparentemente inofensiva passou a receber tanta resistência? Uma das maiores dificuldades para esclarecer o assunto está nos múltiplos significados que o termo “gênero” pode receber, inclusive dentro de um mesmo contexto. No senso comum gênero é apenas um sinônimo mais polido para sexo, no sentido de diferenciação entre masculino e feminino, ou homem e mulher. Para uma corrente do feminismo, no entanto, o significado é bastante diferente. fotos por hellen oliveira


Jorge e Matheus não é narcisismo

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"O que defendemos não é ideologia. Trata-se apenas de uma visão de sociedade mais livre" Teóricos da “ideologia de gênero” afirmam que ninguém nasce homem ou mulher, mas que cada indivíduo deve construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo da vida. “Homem” e “mulher”, portanto, seriam apenas papéis sociais flexíveis, que cada um representaria como e quando quisesse, independentemente do que a biologia determine como tendências masculinas e femininas. “o gênero é uma construção cultural; por isso não é nem resultado causal do sexo, nem tão aparentemente fixo como o sexo” afirma Judith Butler. Em seu livro Gender Trouble


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"Agora todos faz uó" A banda que esta dominando a musica pop brasileira

"A intenção é sempre divertir, fazer de uma forma debochada, alegre, sexual, sacana", explica Mateus Carrilho, vocalista da Banda UÓ, fenômeno brega/pop que ganhou notoriedade em festinhas descoladas em 2011 após o sucesso do vídeo “Shake do Amor”, uma paródia inusitada de “Whip My Hair”, de Willow Smith. Desde então, o trio goiano manteve o ritmo e até faturou um VMB de melhor webclipe, justamente com

“Shake do Amor”. Outras versões de sucessos internacionais vieram, mas homenageando bandas indie, como Two Door Cinema Club, com “O Gosto Amargo do Perfume”; e a mais recente, “Rosa”, adaptação brega de “Last Nite”, do The Strokes. A letra fala de uma prostituta que quer largar a “vida fácil”. Temática com a cara da Banda UÓ o grupo se concentra no lançamento de seu primeiro disco, ainda sem nome definido. “Tem Pará, Goiânia, Bahia... Tem indie, tem ‘axézinho’. Está bem bagunçado”, conta o empolgado Mateus. Neste domingo, 27, a turma homenageia The Smiths no 16º Cultura Inglesa Festival, no Parque da Independência. O mesmo evento também traz Franz Ferdinand, The Horrors, We Have a Band e Garotas Suecas. Tudo de graça.


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“Meu nome é Carolina de Oliveira Lourenço”, diz ela, com sua voz grave. Silenciosa e atenta, Carolina, 22, contrasta com sua personagem de palco, a desbocada MC Carol – ou Carol Bandida, como ela se autodenomina. Mulher, negra, forte, gorda, nascida na periferia e com uma vontade de aprender sempre mais, ela não se encaixa em quase nenhum dos padrões da “mulher funkeira” impostos pela sociedade. E não pretende se encaixar tão cedo. Ao não se curvar aos estereótipos e às expectativas, Carol ficou famosa. Desde o início da carreira, canta sobre acontecimentos cotidianos engraçados, fala tudo o que quer nos shows e não cria letras escrachadas sobre sexo – ou, se cria, fala sempre sobre o próprio prazer, e não sobre como agradar o homem. Por vezes na vida, foi taxada de louca, de rebelde. Mas, aos poucos, foi conquistando o público com seu humor e com sua característica mais marcante: a autoestima blindada. Hoje, suas músicas continuam tendo uma pegada pouco comercial, mas as letras tocam em assuntos importantes. Em “Não Foi Cabral”, por exemplo, Carol questiona a noção de ‘descobrimento do Brasil’ (“Pedro Álvares Cabral/ Chegou 22 de abril/ Depois colonizou/ Chamando de Pau-Brasil/ Ninguém trouxe família/ Muito menos filho/ Porque

Eu cresci, prazer carol bandida Represento as mulheres, 100% feminista. Mais respeito Sou mulher destemida Minha marra vem do gueto.

já sabia/ Que ia matar vários índios”) e foi inclusive convidada para cantar na FGV do Rio de Janeiro, em cursinhos e em escolas. “Bateu uma Onda Forte”, outro funk famoso da cantora, está sendo usado como base para gritos nos atos do Movimento Passe Livre. Um deles: “Bateu uma onda forte, vencemos nas escolas, vamos vencer no transporte”. Surpresa com o próprio sucesso, mas feliz por estar alcançando um público cada vez maior, Carol fala sobre feminismo, sobre os “bailes de favela” organizados pela classe alta em São Paulo, sobre a voz do negro na história do Brasil e sobre igualdade.


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B E A U T Y D I S A S T E R No 1º dia da Semana de Moda de Nova York, o rapper Kaney West apresentou sua nova coleção em pareceria com a Adidas, a Yeezy Season 4, na Roosevelt Island. O cenário, sob um ensolarado céu de setembro, estava de tirar o fôlego

- com a vista de Manhattan de um lado e a ponte Queensborough de outro. O evento foi organizado para agradar, como esperado, seus amigos famosos, que estavam abrigados em espaços exclusivos enquanto os outros suavam atrás de barricadas de metal.

ROBIN GIVHAN - WASHINGTON POST - HTTP://WPO.ST/9CNB2


O parque, situado na ilha estreita no East River, celebra as quatro liberdades citadas por Roosevel no discurso sobre o Estado da União em 1941: liberdade de expressão, de adoração, de desejo e de medo. Esses são poderosos sentimentos, especialmente no ano de eleição norte-americana. A decisão de fazer um desfile de moda nesse cenário vem com uma certa responsabilidade. No mínimo, era de se presumir que o desfile - como espetáculo - iria, de alguma forma, falar de problemas maiores que cintas modeladoras, casacos de pelo e botas overthe-knee. Ao invés disso, o evento foi uma confusão de logística complicada, segredos desconcertantes e repetição: uma hora de locomoção, uma hora espera no sol e o perturbador visual de modelos amadores - posando em uma espécie de pintura viva - se amontoando um a um sob o calor escaldante. Ainda assim, a massa ovaciona West por seu desejo de entregar roupas interessantes, duradouras e que não custem uma fortuna. É um trabalho em progresso, entretanto, já que essa coleção da Yeezy não é barata, com sapatos custando mais de US$600 e uma parka mais de US$1.000. Porém, a coleção foi principalmente entediante - o que é difícil de imaginar por causa dos dramas e das controvérsias que seguem o rapper por onde ele vá. Mas a Season 4 inclui as mesmas calças legging que vimos antes, combinadas com moletons e casacos atléticos. Até mesmo a música estava mais para um papel de parede sensorial do que para uma textura provocante. E, como sempre, sua assinatura estética: modelos enfileiradas na passarela antes do show começar. Isso faz uma bela imagem, mas já bem familiar - e nesse caso parece ser mais um plano de fundo do que parte da narrativa. Conforme as modelos ficaram sob o sol, algumas começaram a desmaiar. E as pessoas saíram de lá se perguntando: Por que alguém da Adidas, que patrocina todo o espetáculo, não estava ajudando elas? Onde estava Vanessa Becroft, a artista que coreografou o desfile? Por que West não auxiliou essas mulheres? Por que nós não tentamos socorrê-las? Somos todos cúmplices disso? E o que exatamente é isso? E se esses vestidos de alto preço são apenas destinados a ser roupas apenas mercadorias básicas - então algo mais do que o brilho da celebridade deve dar-lhes valor. Se não, isso é um insulto para as massas. Realmente, é. Culto à fama? A fama é fácil. Fazer boas roupas é difícil.

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K A N Y E W E S T P O W E R ?


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RICO DALASAM

ENTREVISTA DE RICO DALASAM texto: amanda rigamonti

"Orgunga é olhar para os lugares de vergonha e substituir por lugares de orgulho”

O rapper que encantou o público com seu EP Modo Diverso e o hit “Aceite-C” sobe ao palco do Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer no próximo domingo, 29 de maio, para lançar seu primeiro álbum, Orgunga. Em entrevista, ele fala de sua trajetória, desde a negação de ser quem é, expressando-se secretamente em cartas de amor, até o momento de libertação e entendimento da força e do poder de mudança que pode ter ao compartilhar suas palavras e sua música. Vi que você cantava na igreja evangélica… Como foi essa transição, esse momento de entender que lá não era mais o seu lugar? Eu não cantava muito lá, mas eu frequentava… Às vezes a gente é meio inocente, né? Não é uma inocência de pureza, é uma inocência de ignorância.

jo r ge mat h eus De ver o lugar em que você não cabe como o lugar que você escolhe para existir. Por vários motivos. E tem algum disco que tenha sido muito importante em sua formação? God’s Son, do Nas; The Miseducation of Lauryn Hill, da Lauryn Hill; e Born Again, do Notorious. Eu podia ter parado nesses três na vida toda. É legal porque, mesmo não havendo essa intenção direta de fazer política, você atinge uma galera que se identifica muito. “Aceite-C” é muito forte! Você teve algum retorno das pessoas? É uma palavra de ordem, né? É um negócio… Tem muita gente que se identifica – que tomou a música como hino, como oração –, entre gays e héteros e tudo, porque é um convite ao incômodo. Essa música convida às vezes a mexer no lugar em que você não quer mexer por vários motivos. Aí vieram outras músicas… “Aceite-C” foi um primeiro episódio.


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