Incluar-te, a revista do CIC

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Edição

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Ano 1 Novembro 2017

Ano 1 Novembro 2017

35 anos

de CIC

Edição

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Editorial É

com muita alegria e empolgação que apresentamos a vocês a Inclua[r]-te, a revista de arte e cultura mais catarinense do CIC! Ela será presença confirmada aqui a cada estação, trazendo sempre o melhor do conteúdo cultural manezinho e catarinense (que, convenhamos, dá um banho!) permeado por trabalhos de artistas locais. Criar esta revista definitivamente foi um desafio, pois é enorme a quantidade de conteúdo exibido, exposto, compartilhado, experienciado e vivenciado no CIC; é um ambiente que transpira arte e cultura, e certamente merece uma revista que as valorize, que as promova, e que preserve a memória manezinha e catarinense. Ao mesmo tempo, à medida que íamos em busca de conteúdo, nos surpreendíamos cada vez mais com a história, com o universo artístico da cultura local e com a enorme amostra disso à qual o CIC proporciona acesso. É empolgante demais descobrir que temos tanto conteúdo incrível ao nosso alcance, e esperamos que você, leitor, sinta a mesma empolgação que sentimos ao longo desta revista. Para que nenhum istepô se perca nas leituras, organizamos nossa revista em 5 seções: Licença Poética, que vai conter produções literárias, entrevistas com autores catarinenses e mais diversos conteúdos relacionados a literatura; História, que trará fatos históricos sobre Santa Catarina, Florianópolis e até sobre o CIC ao longo das edições; Arte, uma seção super

abrangente que poderá englobar, ao longo das edições, artes visuais, plásticas, conteúdo audiovisual, cinema, música, teatro e muito mais; Ateliê, um espaço aconchegante para o leitor expor suas produções, sejam artísticas, literárias, musicais teatrais ou como forem; e, por fim, Acontece Aqui, o espaço reservado para o CIC se apresentar, mostrar seus ambientes, indicar sua programação, editais vigentes e que permitirá a você, leitor, conhecer um pouquinho mais sobre o que acontece nos diversos espaços culturais do CIC. Mas esta primeira edição é especial; comemoramos no mês de novembro os 35 anos do CIC – apelido carinhoso do Centro Integrado de Cultura de Florianópolis – e nada mais justo que ceder à nostalgia e contar um pouco da história desse importantíssimo ambiente de confluência cultural e artística – que você pode conferir na matéria principal da seção História – cuja trajetória vai bem mais além da sua construção, inauguração e reformas. E não é pra menos: há tantos espaços culturais no CIC que sabemos que muita gente ainda não conhece todos. Por isso, a cada edição apresentaremos um espaço diferente, sendo a Biblioteca de Arte e Cultura o espaço escolhido para esta edição. Então, sem mais delongas, desejamos a você uma experiência singular aqui no CIC e uma prazerosa leitura!

CIC: Avenida Gov. Irineu Borhausen, nº 5600 Agronômica – Florianópolis – SC | (48) 3664-2555

Esta revista é um modelo experimental, sem fins lucrativos e de caráter puramente acadêmico, desenvolvida como trabalho final do projeto 05 – Editorial, do curso de design da UFSC de Florianópolis no semestre 2017-2. Não será distribuída e tampouco comercializada.

Agradecimentos especiais à Fernanda Peres (jornalista) e Marcos Espindola (assessor de comunicação) Professores: Patrick Veiga e Mayara Atherino Contato editoria: jorgeks95@gmail.com Produzido em couchê fosco 115g e offset 120g na gráfica Boa Impressão (48) 3233-7050

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Equipe Inclua[r]-te

Caso seu trabalho tenha sido utilizado sem a devida referência, favor entrar em contato para que seja resolvido. Arte de capa: Gabriel Nemer


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Curadoria

Inclua[r]-te | Edição de primavera – 2017

Licença Poética 10 12

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Uma tarde perfeita para se guardar

Crônica de Katia Farret

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A Poesia Visual de Telma Scherer

Entrevista com Carlos Henrique Schroeder Recomendação de livro

História

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35 anos do CIC

Um verdadeiro centro de efervecência cultural e um marco na história de Florianólis. Conheça a história do CIC

26 À frente do tempo

Antonieta de Barros até hoje nos encanta pela coragem de expressar suas idéias. Ainda mais por ter feito isso em um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão.

30 Uma homenagem

gigante e colorida ao mestre Franklin Cascaes


Arte 36 Paulo Gaiad

Com a fenomenal exposição Atestado da Loucura

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Artista convidado

Dilemas humanos retratados em traços expressivos

Susano Correia

40 Eli Heil

Em memória à uma das maiores artistas Catarinenses

44 Miscuta

O programa do CIC na rádio UDESC FM

45 Tum festival

O primeiro festival de música de Florianópolis

Ateliê 66 Cores de Aidê

Dança, música, percursão e muita luta

70 Haikai

Pequeno poema sobre a primavera

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Em cada casa, um caso

Peça teatral do grupo Boca de Siri

72 #inktober2017

Coleção de desenhos desse famoso evento online

48 Museus virtuais

Visite os museus ao redor do mundo através da plataforma Google Art Project

52 Planeta.doc

O Festival Internacional de Cinema Socioambiental

Isto não é

54 uma fábula

Peça de teatro do ciclo de artes Experimenta

Acontece Aqui 84

Divulgação de editais

83 Biblioteca do CIC 85 Programação

Entrevista com

56 Célia Catunda

A criadora de Peixonauta fala da importancia da animação.

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Licença Poética Literatura, crônicas, poesias, entrevistas, críticas de livros e muito mais do mundo da escrita

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[Licença Poética] Crônica

Uma tarde perfeita para se guardar Crônica de Katia Farret

Cronista “nas horas vagas”, Katia é responsável pelo departamento financeiro de uma empresa de Florianópolis e depois do expediente se dedica aos cuidados das netas de treze e sete anos. São elas, justamente, as personagens centrais da maior parte de seus escritos. “Eu conto pequenas histórias, que podem acontecer com todos. São coisas que acontecem em casa e na rua. Nunca antes havia escrito, mas sempre gostei de ler e sou apaixonada por lápis, caderno e caneta, na minha casa só não tem mais livros porque não cabe”, comenta.

N

unca me senti bem em ser o centro das atenções, em estar “sob a luz dos refletores”, ainda que por breves momentos. Não sei se por timidez, insegurança ou medo de não saber o que falar, o fato é que essas situações me deixam meio sem jeito, desconfortável, envergonhada, mas não havia como recusar o convite da escola onde estuda minha neta Beatriz, já que era a Semana da Literatura e as crianças estavam a estudar crônicas. Aparentemente o que aconteceu foi que, entre outras, uma das minhas crônicas apareceu no telão da sala de aula da forma como é publicada, ou seja, com minha foto lá no cantinho, e Beatriz anunciou orgulhosamente que aquela da foto era a sua avó. E foi pensando na alegria dela que me obriguei a deixar a timidez de lado para aceitar o convite, sem saber que no fim, seria minha a alegria.

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Ainda meio sem saber o que fazer entrei na sala cheia de crianças, e fui recebida com uma alegria e uma expectativa surpreendentes, o que de imediato me cativou. Acalmados os ânimos, a professora fez uma breve apresentação, pediu que eu falasse sobre o que é uma crônica e depois abriu espaço para as perguntas. E que perguntas! Todas pertinentes, mostrando que de fato aqueles meninos e meninas de dez, onze anos, sabiam muito bem onde estavam pisando. Todas muito bem formuladas, até mesmo com o uso de palavras que muito adulto por aí desconhece ou, se conhece, não emprega corretamente, e não foi este o caso, certamente. O que só me provou que as crianças ainda leem, e muito, e principalmente, que gostam de ler. Também contribuiu para me mostrar que nem tudo é internet, nem tudo é redes sociais com seus erros crassos da linda Língua Portuguesa, e com suas tantas abreviaturas em uma única frase que chegamos a pensar que não temos ali uma simples frase, mas sim um exercício de criptografia, uma mensagem em código secreto. Naquela tarde convivi com crianças inteligentes, educadas, criativas, interessadas e participativas, que dividiram comigo a sua alegria e sim, porque não?,também os seus conhecimentos. Foi com prazer que, quando vieram até mim ordeira e alegremente com suas folhas e canetas para que eu deixasse uma mensagem, procurei escrever a cada um uma mensagem particular, especial. Naturalmente, autografada, o que, no fundo, era o que eles mais queriam, mas que afinal virou uma brincadeira entre nós, especial e única, como foi cada mensagem, como é cada criança. Não há como citar aqui cada um deles, mas eles estão comigo hoje enquanto escrevo, e estarão comigo sempre que eu for escrever outras crônicas, como um incentivo, um estímulo a mais. Guardados no meu coração, eles são inesquecíveis, e são com certeza o melhor daquela tarde.

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[Licença Poética] Poesia

A POESIA VISUAL DE TELMA SCHERER T

elma Scherer, de 35 , é uma poeta e performer catarinense, além de ministrante de oficinas de literatura há cerca de 15 anos, principalmente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estreou em 2002 com Desconjunto (publicado pelo Instituto Estadual do Livro/RS), livro acompanhado do espetáculo “Poiesis Desconjunto”, realizado em parceria com a performer Carina Sehn. Em 2008, seu segundo livro Rumor da casa (7Letras) foi selecionado pelo FUMPROARTE (Prefeitura Municipal de Porto Alegre), sendo lançado junto a uma série de atividades, como oficinas de poesia e performance e apresentações da poeta e de seus alunos em vários espaços da cidade. Depois da água saiu em 2014, pela Editora Nave/Nauemblu Ciência e Arte, de Florianópolis, através do Prêmio Elisabete Anderle, do Governo do Estado de Santa Catarina. Contém fotoperformances em light painting realizadas sob orientação da artista e professora Maria Lucila Horn. A ideia do livro surgiu a partir de um conjunto de performances de poesia falada, criadas e realizadas de 2009 a 2013. Como oficineira, iniciou no projeto Descentralização da Cultura, tendo realizado trabalhos junto à programação do SESC/RS, SESC/SC, prefeituras municipais e Bienal do Mercosul. Telma Scherer também se apresentou em feiras e festivais como a Bienal do Livro de Pernambuco, Agosto das Letras (João Pessoa), Psiu Poético (Montes Claros), Bienal da UNE (Rio de Janeiro e São Paulo), Arte en Loberías (Cabo Polonio), e Mundial Poético de Montevideo. Atualmente cursa o doutorado em Teoria Literária na Universidade Federal de Santa Catarina, realizando formação complementar em Artes Visuais. Por: Blog Depois da Água

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Devagar com o andor, devagar. Porque esse santo que tem lama no olhar é meu Adão ao contrário. Foi do meu barro que ele saiu. Devagar e não assustem os passantes. Ele é assim, chora lágrimas lilases porque é a Mãe das Mães. Todos sabem. Devagar com a dor, e sejam rezas suaves. Porque ele é fraco na força. E tem muitos poderes. É meu filho. Tenho santos femininos, sim, são humanos. Tem deus, tem deus, tem deus. Cantam as cigarras. Ao barro há de voltar, para meu corpo. Gritam. Gemem. Cantam as cigarras. não nos levem sem rezas e sem rimas. Ele chora lágrimas de barro. Meu santo, minha santa, ele canta. Mas sussurrem, falem baixinho: nana no colo dela, nana no colo dela, nanananão. Nanananão. Meu filho: eu sou mais velha que Adão.

Telma Scherer /créditos: Palavraria

Poesia do livro “Depois da água” publicado em 2014 através do edital Elisabeth Anderle

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[Licença Poética] Entrevista

Carlos Henrique Schroeder e o prontuário de um ‘doente de literatura’ Por Maria Fernanda Moraes


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[Licença Poética] Entrevista

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Livros publicados • O Publicitário do Diabo (1998) • As Sepulcrais (1999) • A Ilha de Eros (2000) • Dueto (2001) • Reféns Subliminares (2001) • A Ilha Navegante (2003) • A Rosa Verde (2005) • Ensaio do Vazio (adaptado também para quadrinhos) (2006) • As Certezas e as Palavras (2010) • Absolut 2140 (romance coletivo) • Documentais (coletânea de crônicas publicadas no Suplemento Pernambuco) • As Fantasias Eletivas (2014) • História da Chuva (2015)


[Licença Poética] Recomendações de livros

Crítica

por Valnikson Viana

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catarinense Carlos Henrique Schroeder é sem dúvida um dos maiores destaques da prosa brasileira contemporânea. Autor premiado e diversificado, também faz as vezes de editor e roteirista, além de assinar crônicas semanais em alguns periódicos regionais. Grande agitador cultural, o escritor ainda é idealizador de importantes eventos literários, incluindo a Feira do Livro de Jaraguá do Sul. O seu romance História da Chuva toma como ponto de partida um desastre real para discutir a perda e explorar o universo das artes cênicas por meio da autoficção. A narrativa centra-se na relação entre Arthur e Lauro, amigos e parceiros profissionais dedicados ao teatro de marionetes, fundadores do GEFA (Grupo Extemporâneo de Formas Animadas), que é tema de uma matéria escrita por um alter ego de Schroeder, que se mistura às suas criações. Com a morte de Arthur, vítima das torrenciais enchentes que afetaram inúmeras cidades da mesorregião do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, no ano de 2008, a figura hesitante do autor inicia uma série de conversas com Lauro revendo a interessante trajetória daquele artista tragado pelas chuvas. (...) A obra é narrada como uma espécie de documentário, investigando o valor da arte enquanto dispositivo de fuga ou de reinterpretação da vida através da história de Arthur, mineiro que começou a carreira de teatrólogo apresentando (...). A trama requintada é repleta de referências à origem e à evolução do teatro de animação no país, com enfoque nas companhias cênicas sulistas. A escrita de Carlos Henrique Schroeder é bem visual e sedutora, com maravilhosas descrições das paisagens de Pomerode e Blumenau, entre outros cenários, mesclando elementos reais e ficcionais de forma engenhosa. Algumas momentos inclusive trazem a dúvida se tudo aquilo posto no papel seria verdadeiro ou mesmo inventado. Com a sensibilidade e a criatividade afiadas, o escritor consegue refletir sobre as dificuldades em se ultrapassar imune a fracassos e a grandes tragédias, num livro que carrega muito dele mesmo.

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Ficha técnica Título: História da Chuva Autor: Carlos H. Schroeder Primeira publicação: 2015 Modalidade: Ficção Minha Edição: Editora Record



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Histรณria Histรณria do CIC, de Florianรณpolis, seus moradores, figuras ilustres e tudo de maravilhoso que nossa cidade tem a registrar

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[Histรณria]

35 anos do CIC

CIC:35 anos de histรณria, arte e cultura Por Carol Macรกrio e Carlos Damiรฃo

O Equilibrista, CIC / foto por Rachmanioff

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O

CIC (Centro Integrado de Cultura) comemorou 35 anos de inauguração em novembro de 2017 , com uma bela programação de aniversário que incluiu exposições, apresentação musical, visitas mediadas, grafite no hall do prédio, edição especial do Cinema ao Vivo, com a Orquestra Manancial da Alvorada fazendo a trilha sonora para o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin. O complexo de quase 10 mil metros quadrados homenageia, em seu nome oficial, o Professor Henrique da Silva Fontes (1885-1966), figura eminente, ligada à fundação da Universidade Federal de Santa Catarina, professor universitário, desembargador, pesquisador da história catarinense e membro da Academia Catarinense de Letras. À época da inauguração, em 14 de novembro de 1982, o prédio construído em concreto armado, estruturas independentes e pré-moldadas, num local até pouco tempo antes utilizado como horta dos detentos da penitenciária estadual de Florianópolis, na Trindade, causou impacto. Tanto pela arquitetura arrojada (sinônimo de modernidade no Brasil) quanto pela proposta de integrar em um mesmo espaço diferentes equipamentos culturais, o CIC representou e representa até hoje um marco importantíssimo para o exercício, debate e demonstração da cultura e da arte de Santa Catarina. “Foi a partir da criação do CIC que se passou a desenvolver com mais afinco um olhar estético e crítico no âmbito das artes”, afirma Mary Garcia, diretora de difusão artística da FCC (Fundação Catarinense de Cultura) e funcionária do CIC há 28 anos. No ano de sua inauguração, contudo, o novo centro cultural não foi bem recebido na cidade. “Primeiro porque destacou os equipamentos culturais localizados no Centro para a Trindade. Na época, a única coisa que existia no bairro era a universidade”, lembra a arquiteta Fátima Regina Althoff, uma das primeiras funcionárias. Ela começou atuar na área de conservação de patrimônio logo após a inauguração do prédio, e acompanhou as três décadas do CIC – do auge nos anos 1990 até o fechamento para reparos em 2008. Há 35 anos, os arquitetos que projetaram o CIC já previam adequação às normas de acessibilidade, hoje garantidas por lei. Por isso o CIC desde o começo conta com rampas de acesso para quem tem mobilidade reduzida. A maquete original do Centro Integrado de Cultura desapareceu há 15 anos. Restam nos arquivos do Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura) os desenhos originais. Daquilo que foi primeiramente planejado, nem tudo foi executado; somente dois espaços permaneceram conforme o projeto original. Um deles é o Masc (Museu de Arte de Santa Catarina), localizado na ala sul

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[História]

35 anos do CIC

do prédio, à esquerda. O outro, também na ala sul, é a Escola de Artes, que durante muito tempo foi responsável pela grande circulação de pessoas na instituição. Até a reforma de 2012, o prédio não contava com a Biblioteca de Arte e Cultura, que agora faz parte da estrutura do CIC.

Inauguração do CIC em 1982 / Foto acervo

Um dos melhores do Brasil

Para a analista técnica em gestão cultural da Fundação Catarinense de Cultura, Teresa Collares, 53, o CIC viveu seu auge nos anos 1990. “Tinham muitas oficinas. Em termos de espaço cultural, era um dos melhores do Brasil”, afirma ela, que trabalha há 28 anos no local. Teresa explica que o CIC é uma das 14 casas vinculadas à FCC. “Algumas dessas casas estão dentro do próprio CIC, como o MASC, por exemplo.” Criada em 1979, a FCC passou a ocupar um dos espaços da ala norte do CIC logo depois da inauguração, depois funcionou no mesmo prédio da SOL (Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esportes). Para Fátima Regina Althoff, a transferência da administração da Fundação para lá não foi positiva. “Acho que a FCC perdeu a identidade vindo para o CIC, assim como CIC, em função disso, não tem tanta independência.” Fátima é atualmente uma das responsáveis pelo Atecor, o Ateliê de Conservação criado em 1985. O que todos os colaboradores mais antigos do CIC concordam é sobre o sucesso das oficinas de artes. Carlos Roberto Nascimento de Oliveira, 52, é professor de gravuras na instituição, um dos primeiros ofícios ensinados em oficinas, junto com cursos de materiais e serigrafias. “No começo tinha pouca procura. Já hoje tem até lista de espera”, diz. Ele lembra de artistas que se consagraram na cena catarinense e que começaram nas oficinas do CIC, como Paulo Gaiad.


Formação de público

O jornalista e atual administrador do MIS (Museu da Imagem e do Som) Ronaldo dos Anjos, 58, também é um dos funcionários mais antigos. Começou primeiro como assessor de imprensa e em seguida entrou para Núcleo Documentação Audiovisual. Junto com Luiz Henrique Rosa (1938-1985), então funcionário da Fundação, organizava o material que se juntava em outras repartições e então o Núcleo absorveu esse serviço. Somente em 1998 o Núcleo passou a ser o MIS, que guarda filmes de oito, 16 e 35 mm, audiovisual em fitas magnéticas, discos, livros, fotos e outros arquivos do Estado. Para Ronaldo, o que mais faz falta no CIC é um espaço de convivência como era o Café Matisse. “O Matisse reunia as pessoas, antes ou depois das agendas, e fazia com que permanecessem mais tempo aqui.” Para Mary Garcia, diretora de difusão artística da FCC, o CIC é um marco definitivo para a compreensão do exercício da arte como um todo. “Tudo mudou, em todo Estado. Primeiro com a instalação do MASC, depois a criação de um cineclube.” Ela aponta o extinto cineclube Nossa Senhora do Desterro, administrado até 2008 por Gilberto Gerlach, como responsável pela formação de um público aberto ao cinema de arte. “Por meio do cinema se vai desenvolvendo uma ideia crítica e estética das coisas.”

Ficam no CIC:

Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina

Cinema do CIC

Museu de Arte de Santa Catarina

Espaço Lindolf Bell

Teatro Ademir Rosa

Fundação Catarinense de Cultura

Biblioteca de Arte e Cultura

Oficinas e Escolinha de Arte

Ateliê de conservação e restauração de bens culturais móveis


[História] À frente do tempo

Maria Adriana de Souza – Antonieta de Barros: Uma vida voltada para a educação. FAED/UDESC

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Quem foi

Antonieta de Barros A

ntonieta de Barros nasceu em Florianópolis no dia 11 de julho de 1901. Filha do jardineiro Rodolfo de Barros e da lavadeira Catarina, ainda quando menina perdeu o pai e para sobreviver sua mãe transformou a casa em uma pensão para estudantes, em 1917. Em 1920, iniciou suas atividades jornalísticas dirigindo o jornal ‘A Semana’ e o periódico ‘Vida Ilhoa’ nos quais defendeu o empoderamento das mulheres e produziu sérias críticas ao racismo da época. Transformou-se escritora sob o pseudônimo de Maria da Ilha, difundindo essas ideias através de seus textos e, posteriormente, sob o mesmo pseudônimo, publicou o livro “Farrapos de Ideias”. Em 1922, como educadora, lecionou em três colégios e, por acreditar que “ser analfabeto é como ser cego para os códigos que regem nossa vida cotidiana, do itinerário do ônibus, a uma placa de direção”, fundou em sua própria casa o Curso Particular Antonieta de Barros, uma escola de alfabetização de alunos carentes, o qual dirigiu até sua morte. Possuía o dom de ensinar e por isso o magistério era sua vida.

Na primeira eleição em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense e elegeu-se deputada estadual (1934–37). Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil. Foi também a primeira mulher a participar do Legislativo Estadual de Santa Catarina. Depois da redemocratização do país com a queda do Estado Novo, concorreu a deputada estadual nas eleições de 1945, obtendo a primeira suplência pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumiu a vaga na Assembléia Legislativa em 1947 e cumpriu seu mandato até 1951. Lutou pelos direitos das mulheres, rompeu barreiras para conquistar espaços, por ser mulher e negra, foi homenageada com nome de um túnel, escolas, ruas e hoje através da medalha Antonieta de Barros são homenageadas mulheres que se destacam com o trabalho social no nosso estado. Faleceu em 28 de março de 1952, jovem aos 50 anos, em decorrência de diabete e hipertensão.

“Toda ação precisa de um instrumento. O instrumento básico da vida é a instrução. Se educar é aprender a viver, é aprender a pensar. E nessa vida, não se enganem, só vive plenamente, o ser que pensa. Os outros se movem, tão somente. (…) Educar é ensinar os outros a viver; é iluminar caminhos alheios; é amparar debilitados, transformando-os em fortes; é mostrar as veredas, apontar as escaladas, possibilitando avançar sem muletas e sem tropeços…”

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[História] À frente do tempo

Q

uebrando o silêncio costumeiro em que, apenas anoitece, se agasalha a rua onde moro, vozes alegres de garotos lembram-nos a véspera de S. João, o santo das fogueiras, o santo dos balões, fonte emotiva para a alma cândida das crianças. E os garotos, dedos espetados no ar frio, não cansam de anunciar, riscando, com traços invisíveis, a caminhada luminosa: Olha o balão! Olha o balão! Obedientes, insensivelmente obedientes, muitos olhos se prendem magnetizados, à luz erradia que vai rodando, dançando a ciranda singular dos balões, numa fuga decisiva da terra, em ousada busca dos céus. Os balões. O destino descolorido dos balões: subir para cair. A princípio, vazios, magros, inexpressivos. Depois, é interessante ver como, aos poucos, pelo engenho humano, se enchem de nada, como estufam, como crescem, e se avolumam e se agigantam. Parecendo, ter vida, como já se impacientam nas mãos que os criaram e, ainda, os prendem. É o anseio de fuga, de libertação, para cumprimento do seu inglório destino. Mais um impulso, e ei-los, soltos no espaço, a subir e a viver a vida de estrelas singulares. Oscilantes, indecisos, lá vão êles, subindo, e subindo. Aos poucos, a sua forma vai desaparecendo, no fundo escuro da noite. Agora, já são, apenas, pontos luminosos, tanto mais distantes, mais fracos e diminutos. De súbito, a noite absorve-os. Já não os distinguimos. É o ponto máximo da trajetória ascendente, e o início do fim inevitável. Há estrelas no céu. Mas as estrelas são do céu. Onde está o balão? Qual das luzes é a sua?

Alguns dos observadores mais ilusos, enganando-se – tamanho poder tem o sonho – ainda dizem vê-los dentro do azul constelado. A maioria, no entanto, desencantada e vencida, abandona o entusiasmo da observação, esperando que os céus devolvam os intrusos. Boiando no azul, ao sabor dos ventos, sem rota determinada, bamboleante, inseguro, cheio de nada, o balão é a própria incompetência, a própria fatuidade em marcha. Se a alegria brinca nos olhos dos que, alçando-o, lhe emprestaram vida, há, em torno, a expectativa, que é certeza, da queda que virá. E, porque lhe falta a segurança da direção própria; porque nada da vida fictícia que lhe dá momentâneo esplendor, lhe é próprio, cedo, o balão despencar-se-á, numa palpável manifestação de derrota. O destino descolorido dos balões: subir, para morrer. E morrer, numa queda sem glória, ficando aos pedaços, nas pontas dos telhados, nas irregularidades pontiagudas dos caminhos, ou perdendo-se, anônimos, longe, ou queimando-se, na mesma luz que lhes deu, pelo sortilégio poderoso da distância, o encanto de estrela... Projetados para o alto, na cristalização de um sonho fugaz, os balões são, sempre náufragos, sem salvação possível, porque não podem fugir à fatalidade que preside aos destinos dos que não regem os próprios caminhos; porque a força que os impulsionou para o azul, não vem da sua própria essência; porque o céu é das estrelas, cuja fixidez lhes garante a bem-aventurança da perpetuidade de um radioso destino de luz... Os balões, a vida, os homens...” [Maria da Ilha. “Farrapos de idéias”. O Estado, 24 de junho de 1951]. Colagem por Ana Carolina Vieira

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@findareasontosmile



[História] Franklin Cascaes

Uma homenagem gigante e colorida ao mestre

Franklin Cascaes

Por G1 SC

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ma homenagem ao escritor e pesquisador da cultura açoriana Franklin Cascaes tem chamado a atenção no Centro de Florianópolis, entre as ruas Vidal Ramos e Tenente Silveira. Aos poucos, o que era só mais uma parede em meio a tantas que compõem o aglomerado de prédios foi se transformando numa tela multicolorida graças ao grafite. Se estivesse vivo, Cascaes teria completado 109 anos no dia 16 de outubro de 2017. A homenagem na região central da cidade demorou uma semana para ser feita. O ícone da arte catarinense e suas bruxas foram desenhados por grafiteiros num painel de 34 metros de altura por 12 metros de largura. “Nessa proporção de trabalho, que é gigante, para passar as medidas para ele ficar perfeito igual ao Frank – não era para ser uma caricatura do Franklin, era para ser o Franklin saindo da parede. Então a gente usa projeção urbana no período da noite, pega as principais linhas e depois, ao longo do dia, com sprays e com as escolhas de cores a gente vai dando profundidade e realismo pra obra”, disse o grafiteiro Valdi Valdi, um dos responsáveis pela obra.

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A tela gigante foi financiada pela Lei de Incentivo à Cultura por meio da Fundação que leva o nome do homenageado. E, se depender de Valdi Valdi, os trabalhos não param. “A gente pegou um edital de um ano atrás da lei de incentivo da Franklin, e junto com o Vitor, que a gente montou um projeto, a gente apresentou, ele foi aprovado e a gente foi conseguindo quebrar barreiras e mostrar que o grafite também é uma forma de arte que agrega muito a nossa cultura local”, disse Valdi. A intenção dos artistas é espalhar mais obras como essa pela cidade. “Esse é só o primeiro de muitos. A gente já está em negociação com outros muros. Então esse realmente é uma vitória para a cena do grafite, da arte urbana, e uma vitória pra Floripa”, disse Valdi.

Tiago Valdi, um dos autores da obra. Foto por Coletivo Odara


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Franklin Cascaes

ranklin Joaquim Cascaes nasceu na primavera, em 16 de outubro de 1908, na praia de Itaguaçu, no continente. Entre todas as atividades e conhecimentos que dominava, o que mais gostava de fazer era rabiscar desenhos usando carvão, ou moldar bonecos imitativos das imagens dos altares e miniaturas de bichinhos de cerâmica feitos nas olarias. Também tinha grande curiosidade pelas histórias sobre bruxas. A pesquisa de Franklin Cascaes resultou em 42 conjuntos temáticos formados por esculturas de pequeno porte representativas de figuras, ferramentas, instrumentos, utensílios e também maquetes de engenhos de farinha, rancho de pescadores e outros objetos confeccionados em diferentes materiais. Além das esculturas, o artista deixou mais de 1500 desenhos e centenas de anotações, além de recortes de jornais, cadernos dos tempos da escola, entre outros documentos. De forma detalhada, Cascaes registrou costumes, crenças e tradições e características populares referentes à vida dos colonos que habitaram a Ilha de Santa Catarina. Sua arte e sua genialidade são uma das maiores contribuições para o resgate e preservação da identidade cultural do município de Florianópolis. O acervo deixado pelo artista encontra-se hoje no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, da UFSC. Cascaes faleceu na tarde chuvosa do dia 15 de março, no final do verão de 1983.

Foto por Giovana Zanon

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Arte Como um centro integrado de cultura, essa seção também é integradora. Toda forma de arte é bem vinda aqui

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Porta do Inferno - Paulo Gaiad


Atestado da Loucura

O Museu da Arte de Santa Catarina (MASC) irá receber duas grandes novidades em suas galerias: a exposição Atestado da Loucura, com obras do artista plástico Paulo Gaiad,e a segunda edição do Projeto Claraboia, com a ocupação inédita do grupo interdisciplinar Cena 11.

om cerca de 40 obras oriundas do fundo de ateliê do artista, Atestado da Loucura apresenta trabalhos feitos por Paulo Gaiad em diferentes períodos da carreira do artista, reunidos no ateliê onde ele viveu nos últimos 30 anos. Radicado em Florianópolis desde a década de 1980, Paulo Gaiad é reconhecidamente um dos artistas mais profícuos no desenvolvimento de obras cuja construção recrie cenas e narrativas reinventadas pelo encontro de imagens apropriadas com seu vocabulário com forte tom melancólico e afetivo. O artista faleceu em outubro de 2016, deixando um legado de mais de 200 obras, que o MASC começou a pesquisar com a finalidade de realizar a exposição, cuja curadoria é assinada pelo também administrador do Museu Josué Mattos e pela curadora adjunta Édina de Marco. Um seminário com a presença de pesquisadores de diferentes partes do Brasil, está previsto para outubro deste ano, finalizando um ciclo de debates iniciado por instituições como a Fundação Badesc, o Museu Victor Meirelles, o Museu de Escola Catarinense e a UDESC como forma de homenagear Gaiad. O grupo interdisciplinar Cena 11 prepara uma ocupação inédita para a segunda edição do Claraboia, projeto de comissionamento a

artistas contemporâneos que o MASC inaugurou em maio com o projeto Máquina Orquestra, dos artistas Roberto Freitas, O Grivo e Marcelo Comparini.

Projeto Claraboia

Para a segunda edição do Claraboia, os artistas pretendem concentrar elementos que permeiam a trajetória da companhia em um espaço singular. Não se trata, portanto, de um projeto com vocação a retrospectiva da trajetória do coletivo. Antes, o que está em jogo é a construção, por intermédio do projeto, de uma estratégia para agrupar, em um espaço cuja vocação é tanto tornar público o processo do grupo, quanto explorar a condição experimental da arte atual, estudos e uma ocupação que funcione como contraponto a rasura com que comumente são estabelecidas as relações do sujeito com seu entorno. Como investigadores do estado de presença no espaço, cada momento de performance ou construção narrativa entre o visitante do Museu e os artistas que estiverem presentes funcionará como um elemento inaugural na construção da obra em processo. Cabe questionar, com este projeto, o que resta a ser vivido em espaços híbridos, que confundem temporalidades e atravessam o participante e os performers de maneira insólita.

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[Arte] MASC

Mais exposições no MASC

Além dessas, o MASC está com duas outras exposições abertas à visitação: Palavra em Movimento, de Arnaldo Antunes, foi prorrogada até 3 de setembro; e Umas e Outros, com fotografias e vídeos do acervo do Museu, segue até 8 de outubro. Palavra em Movimento apresenta caligrafias, colagens, instalações e objetos poéticos, além de adesivos, banners, áudios e vídeos de trabalhos realizados nos últimos trinta anos pelo artista que também é cantor e compositor. É uma síntese da trajetória do artista vanguardista no circuito das artes visuais contemporâneas. Umas e Outros parte do conceito da coletividade para pensar questões relacionadas ao indivíduo. Com a curadoria de Josué Mattos, também administrador do Museu, a mostra traz trabalhos de Caetano Dias, Clara Fernandes, Danísio Silva, Fabíola Scaranto, Jerônimo de Carmo, Karina Zen, Nara Milioli, Odires Mlászho, Pazé, Paulo Greuel, Priscila dos Anjos, P.S., Raquel Stolf, Sérgio Adriano, Silvana Leal, Tony Camargo e Walmor Corrêa.

Mais informações E-mail:

masc@fcc.sc.gov.br e agendamento de visitas pelo telefone (48) 3664-2633

Cena 11 performance – Foto / Divulgação

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[Arte] Homenagem

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utodidata, como sempre costumava se apresentar, Eli nasceu no município de Palhoça em 1929. Na juventude, formou-se professora de educação física e, a partir da década de 1960, protagonizou o despertar da sua condição de artista. Em suas próprias palavras “a arte é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”. Sua forma de criar alcançava uma dimensão que tornava difícil a tarefa de classificá-la. Quando convidada para expor na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, realizou um trabalho de tamanha comoção que foi registrado no catálogo oficial como “arte incomum”. Às margens da SC-401, em Florianópolis, mais precisamente na freguesia de Santo Antônio de Lisboa, onde viveu até o fim dos seus

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dias, Eli edificou o seu mundo particular: O Museu O Mundo Ovo de Eli Heil, que reúne o seu acervo fantástico de mais de 3 mil obras Por ocasião dos seus 85 anos, em 2014, O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) abriu seu espaço para receber aquela que foi a última das 14 exposições individuais que Eli realizou na instituição. Nenhuma artista expôs tanto na história do Masc e por isso o espaço é considerado a “casa da catarinense”. Ao tomar conhecimento do falecimento de Eli Heil, o artista plástico, jornalista, crítico e editor Bené Fonteles manifestou a sua admiração e pesar: “E de uma pureza original. Os céus estão em festa assim devia estar sua terra em gratidão.” Neste momento de dor e saudades, a Fundação Catarinense de Cultura e a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte expressam a sua solidariedade aos amigos e familiares da artista. E se junta a toda classe artística para manifestar um profundo sentimento de gratidão por tudo o que fez e representou para as artes visuais catarinense e nacional. A retrospectiva “Eli Heil – Estou Voando”, uma homenagem a artista que morreu em setembro aos 88 anos ocupará o espaço 6x3, aberto neste ano no MASC e apresenta seis obras do acervo da instituição e uma emprestada da coleção de Marcelo Collaço Paulo que ficaram expostas até jeneiro de 2018.


EU SOU MANCHA VIVENTE

Vive na mente O corpo não sente Mas sei que sou gente. Solta no ar Alma para amar Olhos para chorar Boca para gritar. Gente! Gente! Gente! Só tenho colorido na mente Mancha na minha frente Eu sou mancha vivente. Às vezes sou gente Outras sou toda uma vida Uma depressão de repente Viro mancha colorida. Posso estar numa parede limpa Posso estar numa parede suja Esquecendo o mau trato da vida Para que a vida não fuja. Que bom ser mancha vivente! Pelo menos minha mente Esquece por um instante O desabrigo de tudo que está em minha frente.



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[Arte] MIS

spaço na e a h n a g C FC o da Rádio ã ç a m a r g o pr UDESC FM

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Fundação Catarinense de Cultura (FCC), por meio do Museu da Imagem e do Som (MIS/SC) e da sua Assessoria de Comunicação, terá um novo canal de comunicação com o público a partir do dia 7 de agosto: o programa MISCUTA irá ao ar todas as segundas-feiras, das 18h às 18h15, pela Rádio UDESC FM de Florianópolis. O programa é uma parceria da FCC com a Rádio UDESC e faz parte das comemorações pelos 20 anos da 100.1. O MISCUTA apresentará entrevistas, notícias da área cultural e a agenda de atrações dos espaços administrados pela FCC. Em todo programa, um convidado irá escolher um disco entre os mais de 4 mil do acervo do MIS/ SC para servir de trilha sonora. A iniciativa tem o objetivo de ampliar a divulgação das

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ações da FCC e proporcionar espaço para que a produção cultural e os artistas do Estado tenham ainda mais visibilidade. Após a exibição na rádio, o programa será disponibilizado, também, no site do MIS/SC.


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[Arte] Música

o ard Ric a

ir ve Sil Rosa Passos

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primeiro Festival Nacional de Música de Florianópolis traz um cronograma completo para todo tipo de público: de 10 a 14 de outubro o CIC abriu as portas para o Tum Sound Festival. A fim de fomentar a cultura na região e integrar profissionais de diferentes segmentos da música, além de ajudar na profissionalização do mercado e gerar novos negócios, o evento trouxe o show de JoãBoso Bosco e uma homenagem especial a Tom Jobim assinada por Rosa Passos. O Tum Sound Festival traz marcas e agentes da música nacional e pretende consolidar a cidade como importante polo musical do país.

O evento contou com uma conferência sobre Empreendedorismo Musical e Economia Criativa, com palestras, workshops, painéis de debates, sessões de negócios com a presença de ícones da música nacional, e oficinas, como gravação e masterização de discos. Entre os destaques estão o bate-papo sobre violão e composição João Bosco, e os workshops de sonorização e iluminação para shows e de formação de roadies. Além disso, fazem parte da programação temas como direitos autorais e streaming, música e mercado, marketing de conteúdo e ferramentas digitais na música. As inscrições para participação nas oficinas, palestras e workshops foram limitadas e e feitas através do site oficial do evento.

João Bosco

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[Arte] Museus virtuais

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lorianópolis recebe mais uma temporada do projeto “Museus Virtuais”. A té novembro, vão ser apresentadas 14 instituições de sete países ao longo de 22 sessões. O público vai ter a oportunidade de fazer visitas virtuais por museus e galerias, conduzida pelo arte-educador Claudio Toscan, que aborda um tema específico da história da arte em cada sessão. As visitas virtuais são feita com auxílio da plataforma Google Art Project. Nesta temporada, vão ser mostrados museus de Nova Iorque, Paris, Londres, Roma, Amsterdã, Moscou e São Paulo. A estreia tem como tema “Itália - O berço do Renascimento”. O evento será no cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC), a partir das 18h. Para participar é preciso fazer um agendamento prévio online.

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[Arte] Museus virtuais

França | O Berço das Artes

O museu mais visitado do mundo, Museu do Louvre, em Paris, apresenta as coleções de arte francesa, espanhola, grega e italiana. O tour pela França segue também pelo Museu D’Orsay, a casa dos impressionistas.

Brasil

| Na ponte aérea O Museu de Arte de São Paulo (MASP) possui uma vasta coleção de arte internacional e brasileira com obras de Renoir, Gauguim, Modigliani, Toulouse-Lautrec, Picasso, Anita Malfati, Almeida Junior. O roteiro segue também para o Rio de Janeiro, no Museu de Belas Artes

Itália | O berço do Renascimento

A visita inclui a Galeria degli Uffizi, em Florença, que conserva o tempo da Renascença. Já em Roma, na Galeria de Arte Moderna, será possível conhecer os trabalhos de expoentes vanguardistas.

EUA | A arte moderna

A visita passará por uma parte da coleção do Metropolitan de Nova Iorque e do Instituto de Artes de Chicago, onde se encontram obras de diversos períodos da arte como o barroco, o neoclassicismo, o realismo, o impressionismo, o pós-impressionismo e o modernismo.

Inglaterra

| Arte na terra da Rainha O British Museum é o endereço visitado , com arte de diversas culturas do mundo antigo como o Egito, Grécia, Roma, Assíria e povos da África, América central e Ásia. Já na National Gallery serão visitados mais de quatro séculos de história da pintura europeia.

Rússia | Suspiro na arte

Os encantos do antigo palácio Hermitage abrigam uma rica coleção de arte que integra pintura, escultura, arquitetura e decoração. O Museu de Belas Artes Pushkin, em Moscou, conta com uma vasta coleção de arte italiana renascentista e do barroco.

Holanda | Arte na terra dos moinhos

O Museu Rijksmuseum, em Amsterdã, apresenta o século de ouro da pintura holandesa juntamente com a visita até o museu Van Gogh para visitar a trajetória deste que se tornou um dos artistas mais venerados do mundo.

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[Arte] Cinema

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ais de cem filmes compõem a programação do Festival Internacional de Cinema Socioambiental, que transforma Florianópolis na capital do meio ambiente até o próximo mês. No dia 23 de outubro, acontece o II Planeta.doc Conferência, na UFSC, que já está com inscrições abertas. Toda a programação é gratuita e pode ser baixada na APP PLANETA.doc ou no site do festival www.planetadoc.com. “Há água suficiente na Terra para prover nove bilhões de pessoas em 2050?”. A pergunta que moveu os diretores franceses no documentário Expedição Grand Rift – Os Guerreiros da Chuva (2012, 52 min) e os incitou a percorrer milhares de quilômetros de territórios africanos em processo de desertificação é uma entre as centenas de questões instigantes trazidas pelo Festival PLANETA.doc, que inicia no dia 16 de outubro, em Florianópolis e outras várias cidades catarinenses, e vai até 10 de novembro. Com mais de cem filmes na programação, muitos premiados em festivais do mundo inteiro, a quarta edição do PLANETA.doc transforma as cidades no cenário ideal para repensar paradigmas e mergulhar na realidade do mundo contemporâneo, propondo inovações e soluções para os problemas socioambientais com que se depara a humanidade em um planeta de vida abundante. O festival, maior do gênero do sul do país e um dos principais do Brasil, trata de toda a temática da imbricação do ser humano com a Terra, o que O Festival inclui temas polêmicos e urgentes como produção Internacional e destino do lixo, mobilidade urbana, retomada dos espaços públicos nas cidades contemporâneas, de Cinema alimentação e saúde pública, movimentos sociais, Socioambiental explorações de territórios e biomas e um olhar aprofundado para as realidades sociais e ambientais dos quatro cantos do planeta. Os filmes serão exibidos gratuitamente em universidades, espaços culturais públicos e cineclubes. Entre os espaços que irão sediar o evento estão o cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC), Sapiens Parque, Centro de Eventos e auditório da reitoria da UFSC, Fundação Cultural Badesc e rede Cinesystem (Shopping Iguatemi), além de espaços diversos da cidade como o Circo da Dona Bilica, espaço Conexão, O Sítio, o Círculo Artístico Teodora e Sol da Terra O Festival disponibiliza, para toda a rede de escolas públicas (municipais e estaduais) de ensino médio e fundamental, a Plataforma Planeta na Escola, permitindo a utilização dos filmes em sala de aula como ferramenta de educomunicação durante os anos 2017 e 2018.

Planeta. doc

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Além da exibição de filmes, haverá debates e o PLANETA.doc Conferência – destaque desta edição, com pensadores, cineastas, ativistas e cientistas que vem inovando em questões ligadas à sustentabilidade.

Mais de cem filmes na programação, muitos premiados em festivais do mundo inteiro O objetivo é difundir temáticas relacionadas à preservação da vida por meio de filmes com foco nos desafios da sustentabilidade e apresentação de soluções que estão sendo geradas para viabilizar sociedades harmonicamente integradas ao seu meio natural. O festival lança o desafio de pensar a sociedade atual de forma transdisciplinar para traçar linhas de reconexão que evidenciem a importância do papel do ser humano na condução do destino do planeta. “Nossa proposta é aliar conhecimento e arte. A emoção é necessária no processo de conhecer, e os filmes permitem um aprofundamento em questões limites essenciais, em problemáticas comuns que são vivenciadas em todas as faces da terra porque estamos numa etapa de globalização que coloca a humanidade inteira na mesma nave. Compreender estas problemáticas para dar o salto para a mudança é o objetivo do festival e do PLANETA.doc Conferência”, destaca a diretora do festival, Mônica Linhares. Por outro lado, a parceria com as escolas permite tratar desses temas de forma contemporânea, inovadora e atraente para uma geração que está formada em uma ampla rede de comunicação audiovisual. “E, por sua vez, o público em geral tem a oportunidade de acessar filmes que estão fora do circuito comercial nos espaços culturais elencados pelo festival e aproveitar as informações que são trazidas por documentaristas do mundo inteiro”, conclui. A programação estará toda disponível no site www. planetadoc.com e através do aplicativo Planeta.DOC, que pode ser baixado no Google Play e Apple Store. Por lá, é possível também acessar trailers dos filmes.

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[Arte] Teatro

ISTO NÃO É UMA FÁBULA adaptação de A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo

A

Cia duZEUSes foi fundada em agosto de 2016, a partir do interesse de um grupo de graduandos/as do curso Bacharelado em Artes Cênicas, da UFSC, em estudar a comédia grega. Após optarem pela peça A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, a Cia teve o apoio do Prof. Dr. Luiz Fernando Pereira (LF), que passou a orientar o grupo na montagem como um projeto de extensão. A ênfase é dada ao uso de materiais recicláveis e reaproveitáveis para a confecção dos cenários, figurinos e adereços, visando a utilização desses materiais em termos de durabilidade e eficiência, produzido tudo a um baixo custo. A peça, adaptada de A Raposa e as Uvas, pela Cia duZEUSes e nomeada ISTO NÃO É UMA FÁBULA. Retrata a saga de Esopo, o escravo mais feio da Grécia, dado por um mercador a Xantós, o filósofo mais rico e poderoso de Samos. Ao chegar a esse novo lugar, Esopo é apresentado a Cléia, esposa de seu patrão, também à escrava Melita e posteriormente a um capitão de aparência apática chamado Agnostos. A trama se desenvolve a partir das interações das outras personagens com Esopo que, sem desconsiderar em momento algum seus valores éticos e morais, trava uma luta contínua para alcançar a sua liberdade.


Através desse enredo, a peça busca gerar alguns questionamentos para o espectador: vivendo em um país democrático, você se sente realmente livre? O que nos torna escravos hoje? Existe um limite para se alcançar a liberdade? ISTO NÃO É UMA FÁBULA retrata conceitos diversos, como poder, estética, ética e liberdade.

“Após começar a ensaiar tive um apego muito grande a personagem, ela é íntegra do inicio ao fim, e você realmente torce para que ela saia da situação em que se encontra. Responder as coisas com certa ironia, e resolver os problemas com doses invejáveis de inteligência também são características que me chamam atenção para fazer esse papel.” Comenta Arthur Dobler, o Esopo.

Fotografias por Dayane Ros

Próximas apresentações: Por: Cia duZEUSes

25-26/11 e 02-03/12 às 20h

Direção: Lucas Lima

Departamento Artístico Cultural da UFSC (DAC),

Duração: 70min

ao lado da praça da trindade

Classificação etária: 12 anos

Contribuição espontânea Contato SeCArte: (48) 3721-2376

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[Arte] Entrevista

Foto / Divulgação

Entrevista com Célia Catunda: Célia Catunda é uma das fundadoras da TV Pinguim, estúdio criador de personagens queridos pelo público infantil como Peixonauta e Luna, de O Show da Luna. No dia 01 de Julho, a diretora esteve na Capital catarinense para a pré-estreia de Peixonauta - O Filme. No mesmo dia, a diretora também participou do Encontro Nacional de Cinema Infantil, das 9h às 12h30min no Cinema do CIC. O evento reuniu nomes do mercado audiovisual brasileiro e Célia deu um panorama do momento atual da produção de animação para crianças no país, além de falar sobre as produções da TV Pinguim e sobre o que a motiva produzir para o público infantil. Leia a entrevista:

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O que o Brasil pode comemorar nesses 100 anos de animação? Muita coisa! Temos um volume de produção muito maior, reconhecimento internacional, que pode ser constatado nas premiações em festivais internacionais importantes e na exportação do nosso conteúdo para o mundo todo. Hoje temos um mercado em expansão, com um grande número de produtores, diretores e animadores, que passou a ser uma profissão mais reconhecida, com cursos de formação, tanto técnica, como em nível de graduação e pós. Quais os diferenciais do cinema de animação para infância produzido no Brasil em relação a outras países? É difícil apontar diferenciais para os filmes de animação infantis brasileiros no seu conjunto, já que cada filme tem seu diferencial e sua originalidade. Talvez o que exista em comum seja justamente essa singularidade de cada filme. São filmes de autor, que não se apegam a fórmulas e são extremamente criativos.

Célia Catunda e Kiko Mistrorigo, sócio fundadores da TV Pinguim | Foto / Reprodução solomonos.cl

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[Arte] Entrevista

Cerca de 80% dos filmes selecionados da Mostra são de animação. Como você avalia o aumento na produção desse tipo de gênero? Fico feliz em saber isso! A animação sempre foi muito querida pelas crianças e adolescentes, mas hoje a tecnologia para se produzir filmes de animação está muito mais acessível, o que talvez seja uma possível explicação para este aumento.

consigo nem pensar em produzir para outro público. A responsabilidade é muito grande, já que elas absorvem de forma profunda todo o conteúdo, principalmente se vier de uma personagem querida. Me inspiro vendo e ouvindo as crianças, conversando, mas principalmente lembrando da minha própria infância e dos meus filhos.

Como é o trabalho de elaboração do conteúdo? O que para você é fundamental numa animação pra crianças? Criar série e filmes de animação é um processo complexo e que exige a colaboração de uma equipe coordenada e alinhada. Dedicamos muito tempo elaborando o roteiro e storyboard, já que contar uma boa história é sempre o mais importante. No processo de produção, procuro ler roteiros, storyboards e assistir animatics desligando a visão técnica e assistindo com os olhos de uma criança. O que eu considero fundamental numa animação infantil é divertir, não reforçar estereótipos e estimular a imaginação.

O que representa a pré-estreia de Peixonauta – O filme na Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis? Por tudo que representa para a animação brasileira, a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis é o lugar ideal para a pré-estreia do filme Peixonauta. Além de formar público, a Mostra levanta várias discussões importantes para a produção de conteúdo infantil, como as dificuldades específicas de financiamento e distribuição que estas produções encontram.

Peixonauta é uma das mais importantes séries para crianças com destaque internacional. Show da Luna também. O que te move na produção de audiovisual de animação para esse público específico? Qual a responsabilhidade de fazer filme para a infância, como você se prepara? Tenho uma paixão especial por este público: acho que as crianças são super interessantes, sinceras, engraçadas e surpreendentes. Não

Quais os projetos futuros? A TV Pinguim está bastante agitada, estamos produzindo o longa metragem Tarsilinha, a 4ª temporada de O Show da Luna!, uma nova série, em co-produção com o Canadá, chamada Ping e Pong e uma série em live action para a Baby TV. Além de estarmos finalizando cinco projetos novos, desenvolvidos no nosso núcleo criativo. Estamos também muito envolvidos nas nossas produções teatrais, que agora estamos desenvolvendo e produzindo internamente na TV Pinguim.

“Animações têm que divertir, não reforçar estereótipos, e estimular a imaginação”

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Peixonauta é a primeira série de animação de concepção artística e de autoria brasileira A série também foi transmitida na Espanha e nos Estados Unidos

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[Arte] Artista convidado

Susano Correia Formado em Artes Visuais pela Udesc, Susano Correia tem 28 anos e uma obra consistente. Sua arte é expressiva, tocando profundamente a psique de quem à observa. Utiliza pássaros como figuras de linguagem e formas humanas descaracterizadas em uma investigação sobre a condição humana.

NOTAS VISUAIS 58


“As pessoas são assombradas pelos seus próprios fantasmas, seus demônios e bruxas. A pequena parte da nossa mente que podemos acessar é um feixe de luz numa imensidão escura, que se move aleatoriamente. E as criaturas que habitam onde ainda não podemos ver dizem respeito a nós. Compõem uma parte misteriosa e ativa de nossa psique que se manifesta nas lacunas de nossa razão e influencia o trajeto de nosso pensamento.” Comenta sobre o conceito das obras do Embruxamento Mais informações e obras no site do artista: galeriasusanocorreia.com.br

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O passado de uma ilusão

Homem destruindo para se encontrar

Homem pescando razões para não lembrar

Homem olhando do escuro de si

Sete questões de opinião

Embruxados


A insustentĂĄvel leveza do nĂŁo ser



Neste natal se preocupe com o que realmente importa, deixe o resto com a gente


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Ateliê Nem só de artistas renomados vive a arte. Este é o espaço para você que ama o que faz e quer mostrar ao mundo – bom, pelo menos para Floripa

A Inclua[r]-te quer você aqui colaborando conosco, envie sua arte, crônicas, esculturas, peças ou qualquer vertente artística que queira divulgar para o endereço abaixo. Se sua arte for escolhida entraremos em contato para solicitar mais informações. Sinta-se a vontade, aqui é um espaço de todos!

contato@incluarte.com.br informações: fb.com/revistaincluarte

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[Ateliê]

Música, dança e luta

Fotografia: Acervo AGRESIJI – Larissa Trentini

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C

ores de Aidê surge no cenário artístico de Florianópolis, Santa Catarina, em 21 de fevereiro de 2015 por meio da concretização de um sonho antigo de Sarah Massí. Atualmente regente e percussionista, pretendia formar uma banda de samba reggae e, reunindo as mulheres em seu entorno, tudo foi possível. Ao longo da sua existência, a Banda Cores de Aidê agregou mulheres diversas em seus percursos, histórias, estéticas, vivências, gerações e procedências através da percussão. Convergindo na compreensão da potência artística e política do samba reggae e na construção coletiva da identidade conceitual da criação da logomarca, composições autorais, espetáculos cênico, repertório, figurino, coreografia, arranjos de vozes, entre outros. A percepção de um meio percussivo hegemonicamente masculino no cenário musical do país, especialmente no samba reggae, torna a proposta de uma formação de mulheres estrategicamente transgressora e provocativa, uma vez que, por meio dos seus tambores, fazem suas vozes ecoarem e serem ouvidas. É, também, por meio do samba reggae que a Banda Cores de Aidê vislumbra um caminho possível de se posicionar artístico-politicamente no Sul do Brasil.

A percepção de um meio percussivo hegemonicamente masculino no cenário musical do país, especialmente no samba reggae, torna a proposta de uma formação de mulheres estrategicamente transgressora e provocativa

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Fotografia: Paula Guimarães

Por que “Cores de Aidê”?

A banda revela a sua identidade e a intencionalidade do grupo já na escolha do nome: Cores de Aidê. Aidê é uma figura mitológica que aparece nos cânticos de capoeira do Brasil. Conta-se que ela era negra africana que foi traficada no período escravocrata para o país. Seu Senhorzinho se apaixona por ela e lhe oferece a “liberdade”, caso ela se case com ele. Aidê se recusa e foge pro quilombo de Camugerê, onde encontra os negros irmão e descobre o grande amor. Por meio da Aidê, a banda se vê representada por não monetizar seus afetos, não capitalizar seus valores e posicionamentos, compreendem

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que a liberdade está entre elas e por meio da liberdade de todas e com todas. O termo “Cores” também é acionado de modo provocativo e reflexivo, intencionalmente, uma vez que as cores também simbolizam exclusões quando define-se as “cores de menina” e “cores de menino”, também quando definimos a cor de pele da “beleza padrão”. Então ter em sua composição mulheres de grupos étnicos diversos, opções sexuais, idades, classes, percursos e discursos que nem sempre são homogêneos proporcionam um ambiente constante de troca e escuta, nem sempre suave, mas com muito respeito.


Suas motivações:

A Banda Cores de Aidê tem como missão contribuir, através da percussão e do samba reggae, para a emancipação das mulheres. Faz isso por meio do fortalecimento da autoestima e da compreensão identitária, bem como a ressignificação dos corpos através da música e dança afro-brasileira que se desenvolve em um ambiente seguro criado pelas próprias integrantes. Também ajuda a compreender que as mulheres podem e devem estar onde quiserem. Uma vez que se é transgredido o meio percussivo através da inclusão de mulheres com corpos, idades, etnias, classes sociais, opções sexuais, religiões e origens diversas desloca-se o padrão hegemonicamente masculino desse nicho musical para torná-lo mais democrático de fato. As atividades da banda são ensaios semanais e rodas de conversa periódicas com o “Bloco Cores de Aidê” que, atualmente, conta com mais de 100 mulheres e teve seu primeiro carnaval em 2017, inaugurando o que muitas chamaram de “carnaval feminista”. Seu repertório, composições autorais e temas das rodas de conversa contemplam os debates sobre gênero e racismo. Fotografia: Paula Guimarães

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[Ateliê]

Poesia

Janela para primavera Renga é uma poesia japonesa composta por haikais de 5/7/5 e 7/7 sílabas em cada verso. Esta é a primeira renga produzida pelo Jorge Kunrath (@jorge.ks) e possui uma aquarela de sua autoria também.

Soa a melodia, balançam as folhas e eu com elas. A chuva também dança. Neblina paira no ar. Moça florida caminha lentamente, sopra o vento. O tempo fica cinza, acontece as vezes... Sopra o vento. Chega a primavera, brotam as flores.

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[Ateliê]

Teatro

Foto / Divulgação

Em cada casa, um caso Peça do Grupo Teatral Boca de Siri

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Grupo Teatral Boca de Siri é um projeto de extensão do IFSC. Existe desde 1995 atendendo seus alunos e servidores assim como a comunidade externa. Ensaiada desde fevereiro de 2017, Em cada casa, um caso, apresenta seis cenas curtas de textos teatrais dos dramaturgos Ivo Bender, Fernando França, Marcos Di Bello e Tennessee Williams. Os textos reunidos são apresentados no contexto de carregadores de mudanças representando as histórias dos lugares por onde passaram.

Foto / Divulgação

Todas as histórias tratam de relacionamentos peculiares, mas que em alguma medida nos identificam a todos. Em cada casa, há um caso, mas em em todas há conflitos. A peça atrai por tratar de pequenos conflitos representados pelos personagens das cenas, tratando de temas como frustração, conflito familiar, sexualidade e relacionamentos. Mais informações e agenda de apresentações podem ser acessados no site do grupo, goo.gl/z9Ry6v


[Ateliê]

Artes plásticas

#Inktober2017 T

odo mês de Outubro, artistas do mundo todo assumem o desafio de desenho do Inktober, fazendo um desenho em tinta por dia por durante todo o mês. Foi criado em 2009 por Jake Parker como um desafio para melhorar as suas habilidades de tinta e desenvolver bons hábitos de desenho.

Existe uma lista oficial de desenhos, mas cada artista é livre para desenhar o que quiser, o fundamental é fazer todo dia. Selecionamos nessa matéria algumas artes enviadas por nossos leitores. Qualquer um pode participar, basta pegar um pincel e começar!

A Milla se inspira na lista de bruxinhas de 31wiches2, do artista @ochibrochi, fazendo todas em aquarela. @millabioni

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[Ateliê]

Artes plásticas

A Camilla também se inspirou nas bruxinhas, com as fanarts de Dani Dennison, do filme “abracadabra” (esquerda) e a de Kiki e seu gato Jiji, da animação “Kiki’s Delivery Service” (acima). @_camillamsouza

O Arthur está seguindo uma linha mais aterrorizante, com personagens assustadores que ele gosta. O da vez foi o The Smiling Man. @arthurdobler

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Verônica, que faz faculdade de animação, resolveu contar uma historinha com seu inktober. @rooca_

Matheus também contou uma “velha história” através de seu Godzilla. @gogozin

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[Ateliê]

Artes plásticas

A Gabriela fez sua prórpia lista com temática fantástica e escolheu uma junção de coruja com urso para seu primeiro desenho. @valkeera

Gabriel juntou dois dias da lista original em um único desenho. @bluenemer

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Acontece aqui Programação, ambientes, editais, exposições e muito mais do que acontece no CIC

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[Acontece Aqui] Conheça o CIC

Conheça a biblioteca de arte e cultura do CIC A

Biblioteca de Arte e Cultura da Fundação Catarinense de Cultura, localizada no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, foi implementada a partir do prêmio do Edital FUNARTE, em 2010. Atualmente, é especializada em artes, cinema, teatro, dança, música e patrimônio cultural. A partir de julho de 2017, adotou uma nova metodologia para a implementação de um Núcleo de Inteligência Social que busca articular, de forma efetiva, a cultura digital com a comunidade local. Essa articulação pretende ressignificar a forma de organização e acesso ao acervo, permitindo a colaboração da própria comunidade na organização, ambientação e representação dos artefatos. O conceito da nova biblioteca da Fundação Catarinense de Cultura é fruto de um projeto de pesquisa aplicada, voltado para a formação de um novo perfil profissional – os Produtores Sociais – a partir da metodologia em desenvolvimento pela ExtraLibris para apoiar a adoção da tecnologia social e a implementação de bibliotecas como Núcleos de Inteligência Social. Desenho e ilustração por Larissa Braga

A biblioteca funciona de segunda a sexta das 13h às 19h e pode ser contatada pelo e-mail biblioarte.fcc@gmail.com ou pelo telefone (48) 3664-2683. 83


[Acontece Aqui] Mural

Edital nº 0178/2017 - Bistrô Museu Nacional do Mar Concessão administrativa de uso onerosa de área destinada à exploração comercial de restaurante “BISTRÔ”, localizado no Museu Nacional do Mar – MNM, em São Francisco do Sul. Entrega de envelopes até 14 de novembro de 2017. Edital nº 0158/2017 - Artesãos Seleção de artesãos e trabalhadores manuais para o espaço do projeto “Centro de Cultura Popular Catarinense – Casa da Alfândega”. Inscrições até 20 de novembro de 2017. Edital nº 0157/2017 - Manutenção preventiva e corretiva em elevadores Empresa para prestar serviço especializado de manutenção preventiva e corretiva em elevadores. Entrega de envelopes até 18 de outubro de 2017. Edital nº 0152/2017 - Manutenção de ar condicionado Contratação de serviços de manutenção de ar condicionado para atender as casas administradas pela FCC. Entrega de envelopes até 28 de setembro de 2017. Edital nº 0130/2017 - Manutenção corretiva elevadores hidráulicos Selecionar a melhor proposta para serviço de manutenção corretiva de 02 (dois) elevadores hidráulicos localizados no Museu Nacional do Mar. Entrega de envelopes até 22 de setembro de 2017. Edital nº 0115 /2017 - Estação Cultural Concurso Público para contratação de atrações artísticas e culturais para compor a programação do Projeto Estação Cultural – Primavera 2017, a ser realizado de 26 de outubro a 26 de novembro, em até 50 municípios no Estado de Santa Catarina.

Mais informações: goo.gl/S43L9N

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Neste link, é possível acessar a programação de todas as casas da Fundação Catarinense de Cultura goo.gl/XSdu9f

Calendário do Museu de Arte de Santa Catarina MASC goo.gl/ye8gQK

Informações sobre exposições Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina – MIS goo.gl/4TppNv

A programação dos espaços do CIC é alterada mensalmente e disponibilizada no site da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e também em suas

Programação do Teatro Ademir Rosa – TAR goo.gl/4fCrDx

redes sociais.

fcc.sc.gov.br

Informações sobre a Biblioteca de Arte e Cultura e suas exposições artecultura.inf.br

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