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Projetos gráficos para discos de vinil da banda capital inicial

Lado D Projetos gráficos para discos de vinil da banda capital inicial JOrge luiz rubio rodrigues haroutiounian Faculdade Armando Alvares Penteado - FAAP São Paulo, 2013 Faculdade de Artes Plásticas, curso de Desenho Industrial com habilitação em Design Gráfico. Trabalho para apresentação da banca do 8o semestre, como parte obrigatória do processo de conclusão de curso de Bacharel em Desenho Industrial com habilitação em Design Gráfico Professores de TCC Professor Paulo Cesar Souza Sampaio Professor Mestre Miguel de Frias E. Vasconscellos Filho Professor Mestre Carlos Eduardo L. Perrone Orientador Professor Mestre Miguel de Frias E. Vasconscelos Filho


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agradecimentos Primeiramente, gostaria de agradecer ao Miguel, por me aceitar como seu orientando, me apoiar, acreditando que este trabalho poderia dar certo e por ser um companheiro desde a primeira aula, com meu projeto do cartaz do Laranja Mecânica, mas principalmente esse ano, onde muito paciente e generoso passou seu conhecimento e experiência, sempre será minha referência. Ao Paulo, quem considero muito, que com cuidado e carinho, me ajudou em todos os momentos que precisei, inclusive fora do horário de aula. Perrone, que me norteou, no começo deste processo e fez colocações muito importantes para que o Lado D desse certo. Professora Cláudia, uma amiga, que me auxiliou muito com reflexões e referências sobre semiótica e pós modernismo. À FAAP por me proporcionar o contato com pessoas únicas, com momentos que sempre lembrarei com felicidade; aos meus amigos de sala, principalmente Karol e Dani que aguentaram minhas piadas ruins e adicionaram muito ao meu TCC. Aos professores, destacando Ivan, Márcia Aguiar, Ágata, Matangra, Dora, Débora Suzuki, Eddy. E os técnicos que sempre estão do nosso lado, Fernando Batista, Wellington, Vinícius Fragata, Marcelo, Carlinhos, Iuri Márcio. Ao Capital Inicial que fez parte de toda a minha vida e me iniciou ao rock. Às amigas da vida, Marinalva, Nanci, Leila e Bel, que desde muito tempo, me apoiam, me ouvem, me ensinam, trazem outras realidades e possibilitam uma evolução mutua. À Amanda que cuidadosamente revisou minha monografia. Meus avós que sempre me mostraram um antigo novo mundo, em meio ao ponto cruz e as nossas coleções de notas antigas, me instigando a descobrir sobre algo que não vivi, talvez sem essa grande contribuição, entre tantas, na minha vida, esse TCC nem iria passar pela minha cabeça. Lu, Liba e Tatinha, que sempre me mostraram grandes referências, me inserindo a universos cada vez mais diferentes, seja no cinema ou na música, com muito carinho, me tirando da minha zona de conforto. Meu amor, Gi, que desde o começo, mas principalmente esse ano esteve muito ao meu lado, como companheira de vida, amiga, paciente, me levantando, me mostrando um outro lado das coisas, me concertando, partilhando momentos lindos e únicos. Adicionando e ajudando muito ao meu TCC, inclusive com parte da revisão. Por fim, aos meus pais, as pessoas mais incríveis que já conheci, que me levaram a viver os momentos mais incríveis, com paciência, sempre me apoiaram, meus pilares, me aguentaram, incetivaram, compreenderam , estiveram ao meu lado, com muito amor, me passando suas virtudes, e são há 22 anos os orientadores da minha vida. Sou fã de vocês dois, admiro cada atitude e cada escolha de vocês. Obrigado à todos que estão aqui citados e aos que não pude colocar por falta de espaço, pelos diálogos, os momentos, pois acredito que somente com esse compartilhamento de experiência podemos crescer e seremos melhor.


Projetos grรกficos para discos de vinil da banda capital inicial

palavras chave


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Resumo Este trabalho consiste no estudo da importância do design gráfico como instrumento de expressão do rock, culminando na produção de três projetos para embalagens de discos de vinil da banda brasiliense que teve início nos anos 80, Capital Inicial. O mesmo consiste em quatro partes principais: a primeira apresentará um aprofundamento do tema, descrevendo uma breve história do rock nacional e internacional, além de abranger a evolução das capas de disco. A segunda parte será dedicada à banda escolhida, onde estará descrita sua história, além de uma análise das capas que produzidas nesses 20 anos de carreira e uma descrição dos jovens durante a trajetória do Capital Inicial. A proposta do projeto será apresentada na terceira parte, mostrando as diretrizes que foram tomadas para que as embalagens fossem concebidas. Por fim, na quarta parte, o projeto será apresentado com: sua concepção conceitual, explicação dos elementos gráficos aplicados, processo de criação e especificações técnicas.


Projetos grĂĄficos para discos de vinil da banda capital inicial

Abstract This paper aims to show the importance of the graphic design as an expression tool of Rock, resulting in the production of three packing vinyl records from the 80’s band from Brasília, Capital Inicial. It will be devided into four parts, as follows: the first one will describe the story of the national and international rock and its record covers. The second one will present some information of the chosen band (Capital Inicial) and an analysis of its covers throughout the last twenty years. The third part will show the procedure of production of the record covers of this band. Eventually, the last part will present the project itself with its concepts, explanation of the applied graphic elements, criation process and technical specifications.


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introduçao Muito mudou durante os sessenta anos de história do rock internacional e cinquenta do rock nacional. Mudanças essas que são audíveis quanto aos estilos de rock, adições de instrumentos e tecnologias. Essas transformações também são visíveis, principalmente, nas capas de disco e nos cartazes. A capa de disco é a união entre foto, ilustração (até mesmo os dois juntos) e tipografia, formando uma história, sendo não só um complemento à música que está no disco, mas a representação real e palpável de algo que é abstrato (música). Melodia para os olhos, o projeto gráfico do disco tem o papel de representar a poética das músicas, através de signos visuais. Isso é facilmente entendido ao ter a experiência de caminhar por entre os discos dispostos em uma loja. É uma sinfonia gráfica que apresenta bandas como Rolling Stones, Beatles, Titãs, Johnny Cash, entre outros, cantando, em silêncio, para que sejam levados para casa e colocados nas vitrolas. Sendo assim, o design “fala” antes da música. Essa é a razão da minha monografia ser nomeada de “Lado D”, pois nosso trabalho, o design, é um dos eixos da indústria fonográfica, inclusive muito importante já que conduz o ouvinte à primeira impressão do disco. O “capista” de disco fica incumbido de passar o conteúdo do disco na capa, atraindo o possível comprador através da qualidade visual, emocional e técnica, mostrando o quão intrínseca é a relação da música e do design.


Projetos gráficos para discos de vinil da banda capital inicial Durante a história, as capas de discos de vinil foram importantes para o design, tendo como representantes grandes nomes da arte, da fotografia e do próprio design, como: Hipgnosis formada por Storm Thorgersom e George Hardie criadores de capas do Pink Floyd; a famosa The Dark Side of the Moon e as incríveis capas do Led Zeppelin; Roberta Bayley com a capa do álbum de 76 dos Ramones; e o próprio Andy Warhol que fez capa para sua banda “The Velvet Underground”. No Brasil, temos nomes como César Villela com capas de Vinicius de Moraes e Nara Leão; Rogério Duarte com trabalho para o álbum de Caetano Veloso; e a nova geração de designers com Valentina Trajano e Jorge du Peixe com trabalho para Nação Zumbi; e Rodrigo Linares com a capa do álbum “Sou” de Marcelo Camelo. Inclusive, pode-se dizer que em nosso país as capas de disco cresceram junto com o design. Uma dessas bandas brasileiras foi o Capital Inicial, uma banda brasiliense criada no começo da década de 80 (final da ditadura) por ex integrantes do Aborto Elétrico e que continua ativa atualmente, com um show considerado ao nível de espetáculos internacionais, inclusive com apresentações em grandes festivais como o Rock in Rio. A banda consegue atingir duas gerações e se renova a cada álbum lançado. Portanto, esta monografia tem como objetivo expor uma análise do quanto o design é importante para o rock (como divulgação, identidade e expressão) e como este junto com a música se completa e resulta ítens semelhantes. Esses dados e reflexões são de fundamental importância para auxiliar e subsidiar o principal objetivo, o projeto do design gráfico.


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Metodologia A pesquisa desse trabalho foi desenvolvida de forma análoga ao movimento da agulha de vitrola, dos extremos para o centro do disco, isso para conseguir ter embasamento para discussão do tema em foco e colocar a escolha da banda (Capital Inicial) para produção de material gráfico, no tempo e no espaço. Primeiramente, há um breve estudo sobre as décadas da história do rock internacional e nacional, mostrando como o mundo se moldou com e para o rock. Nesses capítulos o foco maior são para as décadas de 80 e 90 – destancando, durante a história, os principais trabalhos gráficos das épocas. Paralelo a isso, há o estudo sobre o início do desenvolvimento das capas no Brasil. Na sequência, será abordado a história do rock de Brasília, juntamente com o começo do Aborto Elétrico (banda que gerou o Capital Inicial) até chegarmos no próprio Capital Inicial, nosso recorte dentro do rock. Após esse panorama, o foco passa a ser o disco à ser trabalhado, suas análises, seu desenvolvimento e, por fim, o projeto finalizado.


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aprofundamento tema

do


breve história do rock

Breve história do rock 1950 - Onde tudo começa Tudo se inicia com os programas (festas) que aconteciam na década de 50, onde o Rock n’ Roll imperava ditando o ritmo e as pessoas. Essas festas não eram aceitas pela sociedade conservadora dos EUA, que tentava de toda maneira impedir essa forma de divertimento e cultura, por medo de: mitos, sensualidade negra e, principalmente, integração racial. O que mais assustava os pais brancos era a música negra, cantada por negros. Portanto, evitavam ao máximo esse envolvimento de sua prole, como acontecia, nessa época com maior frequência, nas apresentações de Chuck Berry. A quebra do paradigma, contudo, aconteceu a partir do momento em que brancos começaram a cantar músicas de negros, inclusive na televisão e, a partir deste ponto, não era mais possível segurar essa explosão. A música foi um elemento de mutação na sociedade, pois pela primeira vez os jovens não seguiam exatamente o que os pais, o governo, a igreja ou outras instituições diziam. A juventude então levou essa “liberdade”, para outro patamar, com outro modo de se vestir e de agir, contrariando as regras que seus pais ditavam. A televisão percebeu que o rock era um bom investimento na programação, já que encantava não só os jovens, como também uma parte da geração anterior. Nos três anos seguintes o rock iria emplacar com três influentes nomes: Elvis Presley - que se encaixava no pop rock (um estilo que aceitava influência de diversos estilos musicais) - sendo o primeiro roqueiro que não era sustentado apenas pela música, mas também pelo seu visual e sua dança, levando as jovens à loucura. Jerry Lee Lewis (um músico que baseava sua música no rockabilly) e Roy Obison. Logo após, o grande sucesso dessa novidade para os ouvidos, houve uma investigação sobre propinas que as rádios e os locutores recebiam para colocar o rock em sua lista de reprodução.

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Chuck Berry / Twist / 1962

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Elvis Presley / Elvis Presley / 1956

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Jerry Lee Lewis / Breathless / 1974

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aprofundamento do tema No final da década de 50, surgiram cantores mais enquadrados no estilo que a sociedade americana aceitava, ao mesmo tempo agradando os rapazes e também as garotas. Com um visual muito mais estudado, empresários acharam uma nova forma de ganhar dinheiro. Alguns cantores foram Fabian, Franke Avalon, Ricky Nelson, Paul Anka, Neil Sadaka. Esse estilo é intitulado, High School Rock. A principal gravadora foi Aldon Music, com donos judeus, que eram apaixonados por música negra.

sociedade inglesa, que se baseava em Elvis, tanto no visual como na sonoridade, resultando na formação de bandas, influenciadas por esse estilo de vida, como a Quarrymen (que tocava algo parecido com folk e skiffle), de John Lennon, que um dia se junta com Paul McCartney, para escrever uma música, fazendo com que logo este fosse chamado para entrar em sua banda.

George tomava ônibus junto com Paul e acabou entrando na banda e por fim Ringo, que já tocava Outros estilos da época são: o Soul (uma mistura de na maior banda inglesa da época, Hurricanes. Eles R&B com gospel) de Ray Charles e James Brown; se encontraram em uma turnê onde as duas bandas Rock Instrumental (onde as palavras eram substituídas participavam. Quando o novo baterista (Ringo) entrou, por notas e solos de instrumentos) com Jeff Beck; e o nome Quarrymen havia mudado para “The Beatles”. o Cha Cha Cha (influenciada pelo mambo e rumba), A banda começou a tocar no Cavern Club, juntamente estilo que inspira posteriormente o guitarrista latino com outras bandas da época, como Searchers e Gerry americano Santana. e os Pacemakers. Esse era um local onde os jovens podiam ouvir rock sem ter com o que se preocupar.

1960 -– De Beatles à Zeppelin

Pode ser contestável diversos pontos da história do rock, porém um está acima de qualquer dúvida, a cultura negra, como um todo, construiu a estrutura de base para esse novo estilo musical. Esse foi um dos motivos para cativar tanto os brancos: era algo jamais visto e ouvido, porém, essa aceitação só aconteceu, a partir do momento em que cantores brancos começaram a cantar rock. A década de 50 foi pautada pela intensa guerra racial, que foi quebrada pelo rock no começo da nova década (1960) pelo negro “Chubby Checker” que referenciado pelo Rhythm and Blues lança a música The Twist, mostrando sua nova e engraçada dança, que contagiou a todos.

O furor feminino, que havia acontecido na américa na década anterior, parecia potencializado com o fenômeno The Beatles. Porém não só as meninas se contagiaram, mas toda a massa jovem, como diz o cantor americano Tom Petty: “(Beatles) nos deram uma identidade”1. Um dos primeiros sucessos da banda em 1961 foi um twist inspirado em Chubby Checker, o Twist and Shout.

Então, com esse grande momento “Beatlemania”, a banda foi chamada para ir a um programa televisivo americano, de Ed Sullivan, fazendo uma “ponte”, levando outras bandas inglesas à américa. Nos Estados Unidos surgia os Beach Boys (banda que seguia uma Na Inglaterra, os jovens se movimentavam ao som linha surf music estilo caracterizado por guitarras do Rock N’ Roll americano. Era um novo cenário na estridentes) na mesma época. 1 - PESCH, Jefrey - A História do Rock N’ Roll. Estado Unidos, 2005. DVD

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breve história do rock

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The Beatles / Please Please Me / 1963

Também surgia a Motown, uma gravadora voltada para o Soul, revelando Marvin Gaye, Stevie Wonder, The Supremes, entre outros. Na Inglaterra inspirada na musicalidade da Motown surgia um estilo, o Mod (Moderest), onde jovens se baseavam na moda afro, levando a dança a um patamar de auto expressão, regada ao som da banda The Who. Em uma turnê de Chuck Berry na Inglaterra, ele procurava uma música diferente, da qual não estava tocando nas rádios, foi então que ele encontrou a banda The Animals, com The House of the Sun, sendo escolhidos para participar da turnê de Chuck e logo estavam nos EUA, mas com uma atitude um pouco mais agressiva do que a que os Beatles haviam mostrado. Atitude essa, que nem chegava perto dos rebeldes do Rolling Stones, que também tem suas raízes no blues (que viria a ser chamado de blues inglês, oriundo da fonte americana). Eram vistos como rapazes maus, sendo um ponto de contradição aos Beatles.

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Rolling Stones / tattoo you / 1981

Nessa mesma linha agressiva, porém potencializada, vinha os Kinks, que juntamente com Bee Gees e The Who formavam o Rock Inglês, além do próprio Beatles e Rolling Stones, levando uma mistura de Rock N’ Roll, Soul e R&B (Rhythm and Blues) com estilos típicos ingleses, como a music hall e a formalidade do país. Se na década de 50 o mundo se voltava para os EUA, nesta década de 60 o mundo era britânico, onde todos os jovens se vestiam (inclusive com a bandeira inglesa), ouviam e agiam como tal. Relação que seria nivelada na metade da década, quando a américa iria exportar bandas como Os Rascals e The Byrds. Um desses produtos é um jovem que tocava desde os 10 anos, considerado um poeta do povo, dando voz as problemáticas da sociedade, criticando a política, enquanto preparava-se para se alistar à guerra. Um simples rapaz do interior, caracterizado por “cantar poemas” e tocar violão e gaita ao mesmo tempo. Seu nome é Bob Dylan (nome inspirado em Dylan Thomas), no típico estilo folk., criando uma cultura, onde havia uma só voz, da consciência social.

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The Who / My Generation / 1965

Em 1965, Dylan fez algo jamais visto, uma guitarra elétrica seria inserida na música folk (influenciado ao ouvir os Beatles ao vivo), trazendo a tona o Folk Rock (que é a raiz do psicodelismo). Dylan começa a entender a

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aprofundamento do tema música como um sistema, como um todo, fazendo canções mais subjetivas e profundas, vendo cada música como única e um álbum como uma história contada pelas músicas, conseguindo assim influenciar diversos intérpretes, inclusive John Lennon, que começou a se aprofundar em suas letras e músicas, sofisticando-as. Na segunda metade da década, um novo ícone aparece, Jimi Hendrix, o virtuose da guitarra, que desbravou esse instrumento e conseguiu fazê-lo como uma segunda voz, onde Jimi cantava e a guitarra “cantava” logo em seguida. Com isso, ele fez sua própria turnê no país do amor à guitarra, a Inglaterra.

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Bob Dylan / The Freewheelin' Bob Dylan / 1963

A Inglaterra vivia um cenário mais liberal e experimental, de forma que os jovens queriam aproveitar tudo, pois lhes pareciam conveniente, fazendo as ruas e janelas ficarem lotadas de pessoas cantando e tocando juntos. Assim, formava-se um novo grupo: os hippies - que nos Estados Unidos se agruparam em São Francisco, um local onde essas experiências novas eram possíveis. Nesse pacote surge a cantora com raiz no blues, Janis Joplin e bandas como Greatfull Dead. Por conta dessa liberdade, havia uma procura de alucinógenos, que interferiu na sonoridade do rock, onde começaram a usar distorção nos instrumentos, através de pedais, o chamado Acid Rock. Um guitarrista desse movimento, além de Hendrix, foi Carlos Santana.

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Jimi Hendrix / Axis Bold as Love Cover / 1967

Enquanto isso, o estilo psicodélico pautava suas músicas pela cultura hindu, pela sonoridade e cadência, onde se encaixa as bandas como The Doors, que tem um som típico do psicodelismo, porém menos extravagante. Nessa mesma época, várias bandas foram significativas para o movimento, como Beatles, Rolling Stones e Cream. Hendrix voltou de sua turnê pela Europa, para os EUA e encontrou um outro país, com um grupo de pessoas mais abertas, com outros ideais, menos voltadas ao dinheiro, com uma cooperação interna no grupo e o momento é de grandes festivais. The Who e Jimi Hendrix tocaram na mesma noite de um festival, tanto Pete (guitarrista do The Who, que foi o pioneiro em quebrar guitarra em show, ainda na Inglaterra), como

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the doors / Morisson Hotel / 1970


breve história do rock Hendrix quebraram as guitarras, mas Jimi extrapolou e queimou o instrumento, além de transar com o amplificador. Para Eric Burdon (The Animals)2: “eles tinham um novo senso de teatralidade […] Há um futuro para todos nós, mesmo que o mundo estivesse em chamas, na Ásia”.

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Led Zeppelin / Led Zeppelin IV / 1971

Portanto, o rock começou a ter uma temática voltada para a sociedade, onde “Sexo, Drogas e Rock N’ Roll” foi substituído para direitos civis, guerra do Vietnã, poder da juventude. Mostrando que um grupo queria um novo mundo e isso, novamente, aterrorizou a grande massa, que via esses festivais e as músicas como uma desculpa para as pessoas desse grupo (hippies) se drogarem juntas.

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Frank Zappa / Burnt Weeny Sandwich / 1970

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Deep Purple / Deep Purple in Rock / 1970

O maior festival foi a Woodstock, que juntamente com o movimento hippie, fazia com que o rock funcionasse de porta voz dos problemas, como a junção de raças e outras mensagens que não tinham oportunidade de se propagar, a partir de cartazes feitos a mão por manifestantes.

“O ano de 1967 é marcado no “rock” por uma verdadeira revolução conceitual, onde o vulgar é soterrado por um ‘status’ equivalente a qualquer revolução de outrora (...) o fato é que, o rock intelectualizou-se” (MONTANARI, 1988, p.66), esse trecho ilustra bem os últimos anos dessa década, com o Rock Progressivo, fugindo do pop e do dançante, com músicas com referenciais e inspiradas no erudito, música clássica e qualquer elemento que fugisse do “padrão” de rock americano e inglês, inclusive, com o temas de músicas com tendências mais lúdicas. Os percussores foram as bandas Alan Parsons Project e Moody Blues. Entretando, a banda que teve maior destaque foi o Pink Floyd, surgindo na Inglaterra e mostrando um rock como arte conceitual, em contraste as músicas dançantes, como na psicodelia. Algo que era voltado para o sombrio, onde ao invés de se mexer, as pessoas sentavam ao lado do toca discos, apreciavam e adentravam na “história”. Eles foram transgressores, melhorando o som do show ao vivo, além de adicionar uma iluminação que complementava a experiência da música, tudo com uma visão do álbum, de forma sistêmica. 2 - PESCH, Jefrey - A História do Rock N’ Roll. Estado Unidos, 2005. DVD

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aprofundamento do tema Diante desse conceito experimental, outras bandas surgiam, com um novo som, como o Genesis e o Jethrothull. Enquanto isso na américa, aparecia Frank Zappa com influências diversas, como música eletrônica e erudita, através de raízes na música contemporânea, experimentações baseadas em ruídos, usando colagem.

Em contrapartida, a esse cenário do rock aparecia a disco, música feita por máquina, criada como uma “música para não se pensar”, já que os últimos anos da década anterior foram densos e intelectuais, levando muitas pessoas dizer que os anos 70 gerou muita “porcaria”, porém, muita música de qualidade também foi criada.

Bob Marley era um desses ícones, que pregava paz, amor e liberdade, e suas músicas encaixadas no reggae - um estilo baseado no R&B e criado nos anos 60 na Jamaica - começou a se espalhar para o mundo no final da mesma década. The Police, The Clash e Eric Clapton foram influenciados pelo gênero. Juntamente, outros negros estavam em alta, já que a segregação estava ínfima, possibilitando uma abertura maior, com músicas inspiradas no soul, blues, gospel, Em 1967, os Yardbirds (banda que surgiu de outra trazendo uma vivacidade dançante, com Sly, Stevie banda) foi caracterizada pela desistência de todos Wonder e outras bandas. da banda, menos do guitarrista Jimmy Page, que Os sintetizadores eram uma nova ferramenta para as foi a procura de outros músicos, formando a New bandas. Wonder começou a utilizá-lo sua voz e vários Yardbirds, na metade de 1968. Depois de fazerem outros músicos foram utilizando-o na gravação de uma turnê que já estava programada, eles gravaram seus discos. The Dark Side of the Moon (Pink Floyd) um disco inspirados por uma citação do baterista do só foi possível por conta desta novidade, mas além The Who sobre um “Zeppelin de chumbo”, definindo disso, houve um grande esforço e dedicação, inclusive com a experiência de fazer um questionário com assim o nome do álbum e da banda. o público sobre o tema que ia conter no disco para que eles soubessem o que as pessoas tinham como A década de 70 culminou no olhar para o passado conceito daquele tema. Outra banda foi o Queen (que era muito rico e diverso), e a criação do novo foi que teve a oportunidade de fazer inserções em suas a partir do que já havia feito: todos queriam soar e ser músicas, como orquestra. Juntando distorção com um som alto, vocal estridente, roupas diferentes, apresentações impactantes, nasce o Heavy rock, que se inspirou em Hendrix e no Cream, um subproduto do Acid Rock. As bandas que representaram esse gênero foram: Black Sabbath, Deep Purple e a que causou as principais mudanças sonoras dessa época, misturando blues com hard rock, o Led Zeppelin.

1970 - Abertura de novos horizontes

diferentes, portanto, não havia uma banda que parecia Juntamente com o estúdio, apresentações ao vivo se com a outra. tornavam cada vez mais parte do todo, culminando em 3,4 - PESCH, Jefrey - A História do Rock N’ Roll. Estado Unidos, 2005. DVD

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Pink Floyd /The Dark Side of the Moon / 1973

uma importância e preocupação maior com o figurino, luzes, etc. Paul Stanley (Kiss) diz: “tínhamos uma missão: entrar no palco e transformar a platéia inteira em fiéis” 3. Com isso a apresentação começou, em alguns casos, a ficar teatral, como a do Alice Cooper (o primeiro que começou a experimentar extrapolar no palco) e a do Kiss que criou um mundo com personagens e foram os primeiros a se tornar produto, como bonecos para jovens. Acontecia também com David Bowie e, seu personagem andrógeno Ziggy Stardust, mas o poder do show não se limitava a teatralidade, como acontecia com Aerosmith e Bruce Springsteen que mesmo sem ter um poder teatral, tinham uma vibração própria. Começaram a perceber que certas bandas (que inclusive ganhavam disco de platina) não só faziam bons shows, mas vendiam muitos discos e de uma hora para outra as gravadoras só se interessavam por quem tinha um alto índice de venda. Corporações que não tinham nenhuma relação com a música compravam ou criavam gravadoras com um único objetivo: lucrar. Com isso a ordem era “fazer para vender”, resultando em muitas bandas que foram perdendo qualidade ou identidade, tornando isso uma linha de produção.

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David Bowie / Aladdin Sane / 1973

O espirito punk começou na década de 70 e exprimia, por exemplo, o que acontecia na Inglaterra, onde havia uma sensação de que todos estavam dentro de um buraco, parecendo animais, sem nenhum investimento e sem esperança, simplesmente uma cidade decadente, em colapso, visão que já havia começado anos antes, como o próprio guitarrista do The Who disse (trecho já citado anteriormente). Mas segundo o front man do The Clash, Joe Strummer: “queríamos (jovens) fazer algo, não havia nada para fazer. Nenhum lugar para ir, então você meio que circula, anda por entre projetos e construções e concreto, locais sem alma, onde não há nada (...) mas tínhamos esperança, num mar de desesperança” 4. Foi dessa forma que esses jovens queriam se salvar e fazer seu próprio futuro no meio de guerra de classes e miséria.

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Kiss / Rock and Roll Over / 1976

Iggy Pop é quem precede esse estilo musical, mesmo não sendo denominado ainda punk. Nos EUA, longe da Inglaterra, ele possuia um

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aprofundamento do tema ódio com a forma de vida que levava em relação ao “american way of life”, levando ao isso às letras, com influência de músicas pesadas e brutais, como a banda Velvet Underground. New York Dolls foi a banda que começou o punk, voltando com a música de três minutos (já que o rock progressivo trazia músicas longas), uma música voltada para canção. Um local importante foi o CBGB, um bar suburbano que abriu seu espaço para que bandas punk, trazendo um espaço de rivalidade entre elas, fazendo com que a música fosse cada vez melhor. “Barulho vazio” era como todos chamavam a música dos americanos Ramones, que foram os transformadores do punk até então feito para um novo patamar, influenciando as bandas que estavam por vir. Enquanto isso na Inglaterra, toda “esperança” dos jovens, fez com que eles mudassem. Quem ajudou na criação das bandas foi o ex empresário de bandas Malcolm Mclaren, dono da loja Sex, que vendia roupas de couro e artigos de sex shop – ponto de encontro desses jovens. Culminando na banda que fazia da música um exorcismo para tudo que viviam e com músicos que tinham pouco conhecimento musical, nasce o Sex Pistols. Com as mesmas raízes surgiu o The Clash. A partir disso aparecia um sub produto do punk, o new wave, que pode ser visto como um punk mais aceito pela sociedade, por ser menos agressivo. Para o vocalista do Sex Pistols esse novo gênero “foi a completa corrupção de tudo, foi quando todos tentaram voltar a ser bonzinhos” 5. O rock de rua dos Pistols e Clash foram típicos da Inglaterra. Nos EUA, esse “estilo” de punk, só vieram nos anos 90 com Nirvana e Pearl Jam entre outros, com o nome de grunge.

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Sex Pistols / God Save the Queen / 1977

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The Clash / London Calling / 1979

1980 - A era dos videoclipes Os anos 80 começa com uma grande mudança, a criação da MTV, a primeira rede de televisão que era focado na música, trazendo uma outra dimensão para a música: o vídeo clipe - levando a maioria dos artistas a fazer clipe para sua música. Porém, para muitos roqueiros esse avanço foi um maléfico, já que o clipe quebrava a visualidade lúdica e imaginativa da música, ou seja, o clipe traria uma visão mastigada da música. Para Lars Ulrich (Metallica) “A MTV matou essa coisa de antigamente que

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Ramones / Ramones / 1976


breve história do rock você sentava e ouvia as canções criando suas imagens, e The Cure. Adaptar o punk aos anos 80 é chamado de achando algo seu nelas” 6. pós punk com bandas como os Pretenders. Micheal Jackson foi o grande destaque deste quesito, elevando o nível dos clipes e dando outra perspectiva para o mesmo. A primeira banda a fazer um clipe conceitual foi a Eurythmics, com referências ao surrealismo, contrastando com os clipes de dança, como o da Madonna. Este novo eixo fez com que os artistas começassem a se preocupar mais com clipe do que com a música. Segundo David Bowie “O problema de ser um artista visual é que os aspectos visuais da arte em geral deixavam sua marca mais graficamente do que a forma musical do que você faz” 7. Bono Vox e Bruce Springsteen aprenderam a desenvolver a consciência, pois foram entendendo o papel do roqueiro na sociedade. Essa discussão aconteceu por conta de fatos onde músicas representaram momentos e foram como instrumentos de batalha, vide a queda do muro de Berlim (que ocorria no final dos anos 80), o que aconteceu contra a guerra do Vietnã, ou então quando trabalhadores de classe média americanos protestaram no Wall Street contra o sistema de trabalho usando uma música do Rolling Stones como hino entre muitos outros exemplos. Portanto o “rock por si só não muda a sociedade, mas a música muda o modo como você vive no mundo, como o vê, mas não muda o próprio mundo” Pete Townshend (The Who) 8

1990 - O passado novo A década de 90 é caracterizada por ser o período onde tudo já havia sido feito, mas alguns conseguiram se referenciar com o passado e fazer algo novo, criando assim um novo estilo, como o Red Hot Chili Peppers que começou no final dos anos 80, mas foi em 90 que teve expressividade - com mistura de som pesado, o ambiente de surf da California e o rap, trazendo a tona o funk-metal, com fortes influências de Jimi Hendrix. Nirvana - que foi como uma bomba nessa década, com conceitos contra o consumismo, onde Kurt Kobain (vocalista) usava as mesmas roupas - partia sua música de um “som sujo”, muitas vezes pendendo para o alternativo (dando possibilidade para uma música que não fosse moldada pelas gravadoras), em um cenário underground, onde a banda consegue estourar rapidamente, trazendo um novo estilo, que já acontecia com bandas menos expressivas como: Soundgarden, Alice in Chain e Pearl Jam. Assim surge o grunge.

Britpop é como se designa a música inglesa da época (que mesmo com esse nome, tem sons mais variados), com som da banda, dos briguentos irmãos Gallagher, o Oasis, além de Blur, Manic Street Preachers, com forte conteúdo poético (pelo contexto europeu O rock dos anos 80 teve como principais estilos o da globalizaçãoo e neoliberalismo); Radiohead e Trash Metal, um sub gênero do Heavy Metal, com The Verve com uma poética depressiva; Coldplay, bandas como Megadeath e Metallica, também temos Keane e Snow Patrol em uma linha voltada para o o Death Metal, um sub gênero do punk-hardcore, com romântico. Sendo a maioria dessas bandas encaixadas um som mais acelerado, alto e primitivo possível. O no indie rock, onde as bandas tinham controle total gótico também surgiu, na Inglaterra, com Joy Division sobre ela mesma e muitas vezes sem gravadora; 5, 6, 7, 8 - PESCH, Jefrey - A História do Rock N’ Roll. Estado Unidos, 2005. DVD

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aprofundamento do tema outros subgêneros também se encaixam como rock de meios, assim as que se destacam podem ser vistas garagem com White Stripes e Strokes; Indie Folk com pelas gravadoras e assim, conseguir um contrato. Beirut, entre outros. Além de outros estilos como Riot Grrl, Metal Progressivo, Rock Industrial, Pop punk Portanto, podemos dizer que o rock, é um eterno mutante e como tal, sempre está em modificação, se aperfeiçoando, moldando, evoluindo, para assim, (com Green Day, Blink 182, Yellowcard e Sum41). conseguir se sustentar dentro de um ambiente. Pode-se fazer uma analogia à um peão, que ao ser lançado gira em seu próprio eixo, conseguindo energia a partir O novo milênio começou com a predominância da de sua rotação e, mesmo quando parece que este irá música eletrônica e do pop, onde bandas, que estavam parar, consegue energia e volta a girar. começando no final dos anos 90, conseguiram destaque, como: Strokes, White Stripes, The Vines. Esse gênero foi fundamental, já que depois de duas Enquanto outras surgiam longe dos holofotes como: grandes guerras, lembrava o mundo sobre o que Queens of the Stone Age e The Mars. Alguns estilos havia ocorrido em um passado próximo. Através de nascem, como o emo (estilo que é uma variação mais um produto sem amarras, ele consegue sustentar e melódica do punk) com Death Cab for Cutie, Panic! transmutar o mundo. At the Disco e outros que ganharam força no estilo O rock é união, contestação, fazendo com que todos pop punk. cantem a uma só voz em um show, sendo esses

2000

Grande aliado dessa época foi e ainda é a internet, onde bandas independentes mostram seu trabalho de forma honesta, onde o que vale é o numero de pessoas que estão a ouvir sua música, sem influência de outros

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The Strokes / Angles / 2011

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milhões, milhares, centenas, dezenas ou unidades, acoplada a atitude rock n’ roll, que diferencia esse gênero, de qualquer outro gênero musical. Atitude essa, que tem sua gênese com as músicas cantadas no campos de escravos nos Estado Unidos.

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Red Hot Chili Peppers / By the Way / 2002

White Stripes / De Stijl / 2000


breve hist贸ria do rock

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Micheal Jackson / Dangerous / 1991

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The Cure / Disintegration / 1989

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Green Day / American Idiot / 2004

AC/ DC / Black Ice / 2008

Nirvana / Nevermind / 1991

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Joy Division/ Unknown Pleasure / 1979

Metallica / Master of Puppets / 1986

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Rage Against the Machine / Rage Against the Machine / 1992

Slash / Slash / 2010

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aprofundamento do tema

O rock no brasil revoluçao, diversidade e repressoã : o cenário musical nos anos 60 e 70 Os anos 60 foram marcados pelo desejo universal por revolução e liberdade. Esta década também foi o nascer do rock no Brasil, que com estilos diferentes para um mesmo momento social, daria subsídio a tudo o que estava por vir.

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Roberto Carlos / Canta para Juventude / 1965

De um modo geral, é nessa época que despontam e se acentuam movimentos culturais de juventude, que lutavam em prol de questões políticas, liberdade sexual e da inserção igualitária da mulher na sociedade. Na França, o rumo que país tomava descontentava universitários, trabalhadores e, posteriormente, toda a Europa. A rebeldia dos franceses contra o Estado influenciou o Brasil – que vivia no regime ditatorial desde 1964 –, de modo que estudantes brasileiros começaram a se mobilizar para mostrar indignação e afirmar-se como uma sociedade politizada, que entendia o que estava acontecendo.

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Novos Baianos / Acabou Chorare / 1972

No âmbito musical, o País já havia sido embalado pelo rock-balada (com o Estúpido Cupido de Cely Campelo e o Broto Legal de Sérgio Murilo), pela bossa nova e agora conhecia um estilo musical mais forte e influente: o rock n’ roll, que ganhou voz com Roberto Carlos e com muitos outros artistas que sustentaram o período da Jovem Guarda – a exemplo de Erasmo Carlos (“Tremendão”), Wanderléia (“Ternurinha”) e Roni Von (“O Pequeno Príncipe”). As canções de rock eram baseadas no dia a dia da juventude e abordadas de forma leve, sem sequer falar de sexo, drogas ou política. Toda essa cautela foi quebrada pelo tropicalismo (ou Tropicália), movimento musical que eclodiu em 1967. A mistura de bossa nova, samba e baião com rock psicodélico e guitarras elétricas, foi transgressora a tudo o que já havia sido feito e mudou não só o cenário musical, mas também o político, o moral e o comportamental, cheio de fortes críticas

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Tom Zé / Todos os Olhos / 1973


O rock no brasil à sociedade e ao modo de vida das pessoas da época. O embalo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Novos Baianos, Gal Costa, Rogério Duprat e Nara Leão, durou até o AI-5 do governo Costa e Silva, com toda censura imposta aos artistas, que tiveram suas vozes caladas pela prisão. Para Nelson Motta, quem atribuiu o termo “tropicalismo” ao movimento, “a Tropicália foi a junção da música brasileira e do jovem pela primeira vez”.

em vigor, o cara aparece de sunga, rebolando. Ele virava a cabeça das pessoas mesmo, porque não tinha vergonha, o corpo dele era deliciosamente lindo. Era rock n’ roll ‘brasilês’, uma coisa bem brasileira” 9. Outro grande destaque desse tempo foi Raul Seixas, o maluco beleza, que sempre se inspirou e viveu atitude roqueira e deixou um grande legado de deboche político, experimentações e inovações para o rock.

No Rio de Janeiro, a banda Vímana lançou Lulu Santos, Os anos 70 são lembrados pela forte repressão da Ritchie e Lobão e chamou a atenção de empresários ditadura e ficaram conhecidos como os “anos de estrangeiros, que vieram ao Brasil para assisti-los. chumbo”, quando as pessoas viviam apreensivas por não saber se no dia seguinte estariam ou não na mão Em paralelo ao aparecimento de inúmeros conjuntos dos militares. Nesse período, o Brasil carregava o musicais, o País se abria para o punk dos Sex Pistols, slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o” e junto a ele, um The Clash e Ramones. PIB que crescia mais de 10% ao ano, oriundo de Por fim, os anos 70 mudaram a formatação do rock mão-de-obra barata e inflação assombrosa. e o diagramaram em um contexto nacional, que se Mesmo com o clima hostil, o cenário musical era inspirava com o que acontecia fora, mas aproveitava e se referenciava na diversidade de raças, de crenças e, dominado por uma onda de paz e amor. principalmente, de música. No mundo, John Travolta e Tina Turner traziam à tona a Disco music. Michael Jackson iniciava sua carreira colossal, enquanto Village People produzia O clima de insegurança continuou a assustar o Brasil um som despojado e superficial que, assim como a – e assim o faria por mais alguns anos, com o governo disco, surgiu como opção aos que não aguentavam a Collor –, por conta do aumento da inflação e da queda profundidade do rock progressivo. do PIB.

A década (nada) perdida

No Brasil, o ritmo dançante só apareceria no fim da Mas os receios do Plano Cruzado não esconderam década, com As Frenéticas e o sucesso Dancin’ Days. as roupas extravagantes, maquiagens pesadas, cores Para reafirmar o caráter diverso do País, é nessa ácidas e vibrantes, saias ballonné, leggings, ombreiras, década que surge a banda Secos e Molhados, com calças baggy, sandálias de plástico, trajes de academia toda a originalidade de Ney Matogrosso. Sobre ele, e muitos outros figurinos inspirados na Viúva (Regina Rita Lee relata: “Naquela época com a ditadura ainda Duarte), personagem da novela Roque Santeiro. 9 -PICCOLI, Edgar. “Que rock é esse? A história do rock brasileiro contada por alguns de seus ícones. 1. ed. São Paulo: Globo, 2008. P.41)

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aprofundamento do tema Em termos políticos, os anos 80 são considerados “a década perdida”. Bem, quando trata-se de rock, é possível olhar sob outra perspectiva: foi nesse período que gênero musical tomou forma no som brasileiro e se fortaleceu.

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Lulu Santos / o Ritmo do Momento / 1983

Um dos grandes motivos para isso acontecer, foi o declínio de vendas dos discos da MPB, que custavam muito para serem produzidos, e o positivo retorno financeiro das produtoras que apostavam em bandas de rock – cada vez mais evidentes na mídia. Muito próximo do que aconteceu na década de 60, mas numa proporção jamais vista, o rock junto à sua atitude transgressora tornou-se popular levando consigo os ídolos da época passada, como Raul Seixas e Rita Lee. A nova leva de bandas inspiradas em seus antecedentes ficou conhecida como BRock, que fragmenta sua origem em três partes do País: Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

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Barão Vermelho / Supermercados da Vida/ 1992

Na “Cidade Maravilhosa” nasceram Blitz e Gang 90, os primeiros conjuntos de sucesso e repercussão, cuja característica cativante eram as canções dançantes e debochadas. Outra estrela vinda do Rio foi Lulu Santos, que além de grande cantor solo, foi autor de De repente Califórnia, primeiro rock a fazer parte da trilha sonora de um filme (Menino do Rio, 1982). Liderados por Cazuza, os garotos do Barão Vermelho também invadiram as telonas e as rádios com Bete Balanço e suas letras densas, que contestavam a política e os costumes elitistas. Em São Paulo, formaram-se Magazine e Ultraje a Rigor, que usavam uma abordagem mais leve e brincalhona. O som de Roger e seus amigos adentrou em cenas de novela e no palco de Chacrinha. Mais tarde, os meninos compuseram Inútil, o hino da abertura política.

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Ultraje à Rigor / Nós vamos invadir sua praia / 1985

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Outra banda paulistana a ir para televisão foram os Titãs, impactantes e intensos no palco, eles contavam com 9 integrantes, sendo 5 vocalistas. Os Titãs souberam transitar bem entre as duas vertentes do BRock – a dançante e divertida, e a politizada e engajada (com grande incidência a partir da metade da década, quando voz para falar sobre o país), que apresentava um som inspirado no punk.


O rock no brasil Nesse mesmo formato (agressivo e agitado), seguiram o Ira!, referenciado na música inglesa, e os Ratos de Porão, fazendo uma música bem mais pesada.

bichinhos virtuais. As roupas ficaram mais largas, com calça de cintura baixa, mulheres começaram a vestir camisetas mais curtas para mostrar a barriga, além da volta da calça boca de sino. Dois nomes representavam o Brasil no exterior: Romero Brito, artista plástico de estilo pop, e Paulo Coelho, ex-companheiro de composição de letras de Raul Seixas.

No entanto, muito mais do que São Paulo, Brasília – um distrito recém-criado, com apenas 20 anos de idade e muita diversidade cultural –, estava sob maior influência do punk e concentrava bons materiais produzidos do gênero. Duas bandas começaram a disseminar a cultura punk-rock: Plebe Rude e Aborto Elétrico (que ao se romper daria origem à Legião O cenário musical foi debochado pelos Mamonas Assassinas, que sequer tiveram a chance de lançar Urbana e ao Capital Inicial). o segundo disco. O funk carioca dominava todas as Essas bandas conseguiram espaço na metade da classes sociais com uma batida eletrônica marcante, década por conta de bandas que já estavam fazendo tendo como representantes MC Malboro e Claudinho sucesso no início dos anos 80. Assim, os conjuntos e Bochecha. Além do funk, o pagode e o sertanejo de Brasília entraram para o circuito Rio-São Paulo, dominavam o espaço na mídia, sem interesses em tocando com algumas as bandas mencionadas acima, dividir a programação com o rock, velho amigo, que decaíra. além de Inocentes e Lobão. Em suma, dois grandes fatores foram fundamentais para a consolidação do rock no Brasil: o primeiro foi a criação de danceterias, nas quais jovens, além de ouvir música, podiam jogar, comer e até cortar o cabelo, já que os antigos lugares underground, estavam ficando pequenos para o público que ia assistir aos shows. A danceteria mais badalada da época era a Noites Cariocas, que inevitavelmente trazia fama a quem se apresentava ali; o segundo fator foi o festival Rock in Rio, que atraia milhas de pessoas para contemplarem bandas brasileiras e estrangeira, como AC/DC, Queen e Iron Maiden – o que evidenciava a força do rock e o imenso público que se interessava.

1990 e 2000: resgatando as raízes brasileiras

Para os roqueiros, o começo da década foi muito difícil devido à saturação de bandas, fazendo com que o foco midiático fosse para os gêneros musicais citados acima. Ainda sim, algumas bandas dos anos 80 (Titãs, Ira!, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso etc) buscavam vencer o restrito interesse do público em músicas estrangeiras e na língua inglesa – motivo pelo qual a banda de metal brasileira Sepultura, conseguiu se firmar. Em contrapartida, surgia uma mulher de voz grave e rouca, com atitude, letras e melodias que a faziam transitar entre a MPB e o rock. Era Cássia Eller e sua fibra.

No mesmo período, a banda Cidade Negra é criada. O Essa época foi marcada pela tecnologia, quando grupo carioca da baixada Fluminense sugeria letras apareceram computadores pessoais, a internet e inspiradas no cotidiano urbano de classe baixa, a

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aprofundamento do tema partir de uma sonoridade que misturava o reggae, soul e a pop music. Em Brasília, porém, a atmosfera era outra. A Legião Urbana ascendia, entre outras coisas, por causa das profundas letras de Renato Russo, que estabeleciam uma ponte forte com o público. Já o Capital Inicial, que primeiramente decaiu por falta de venda dos discos, apresentava O Passageiro e Cai a noite, quando Dinho Ouro Preto, vocalista, deixou a banda por problemas internos e pessoais. Nessa época, Paula Toller voltava ao Kid Abelha para trabalhar em um novo álbum e lançou a música Grand Hotel, que serviria de hino para os jovens cara-pintada, que lutavam pela saída de Collor de seu cargo no legislativo.

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Os Paralamas do Sucesso /Severino / 1994

Em São Paulo, Supla gravava seu segundo disco ao lado de João Barone, do Paralamas do Sucesso. Quando nenhum nome do rock conseguia ser revelado, eis que surge o Skank em Belo Horizonte. Segundo Samuel Rosa, vocalista, uma das maiores influências da banda foi justamente os Paralamas do Sucesso, por conta da mistura de música brasileira, ska, reggae e rock. Em 1993 o cenário estava propício para bandas alternativas, inclusive com festivais e selos de gravadoras dedicados para esses grupos – já que era uma das únicas oportunidades de mostrar o trabalho em um momento de pobreza cultural.

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Jota Quest / De volta ao planeta dos macacos / 1998

Uma das novidades foi uma forte regionalização e produção de rock voltado para o Brasil, sua cultura e suas especificidades, a exemplo da Nação Zumbi e dos Raimundos, que usam instrumentos regionais (como o triângulo junto à guitarra), pano de fundo sobre temas e heróis nacionais. Outras bandas que aparecem nessa época são: Mundo Livre S/A, Devotos do Ódio, Pato Fu, Jota Quest e Planet Hemp (que defendia abertamente o uso da maconha por conta da abertura cultural e sem censura da metade dessa década). Este clima adicionado a palavras de ordem e críticas ácidas podem descrever outras inúmeras novidades, a começar pelo O Rappa, banda carioca que achou uma forma de se expressar juntando rock com reggae. Outro gênero que influenciou muito o rock e se armava com voz para propagar os problemas e as revoltas de classes menos

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Supla / Charada Brasileiro / 2001


O rock no brasil favorecidas era o hip-hop e o (cantado desde o começo da década nos EUA), tendo como principais pilares, no Brasil, Thaíde e Racionais MC’s e Gabriel, o Pensador, que conseguiu levar este gênero para a mídia por meio da discussão de problemas da sua realidade, mesmo não estando enquadrado em uma classe baixa – visto como um ato corajoso, já que escrevia letras como Tô Feliz (matei o presidente) com sua mãe sendo jornalista e próxima de Fernando Collor. 40

Los Hermanos / Los Hermanos /1999

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Titas / Cabeça Dinossauro / 1986

A partir da morte de Renato Russo em 96 houve uma saturação de releituras e acústicos, tendência encabeçada pelo Capital Inicial, que mesmo sem estar muito ciente ou participar da produção, recebeu a informação da gravadora que ainda tinha contrato com eles que a banda teria suas melhores músicas lançadas em um novo álbum. A partir de então o grupo se reuniu para fazer uma turnê do disco novo e gozou de sucesso e de um estilo reinventado. Outras seguiram o mesmo caminho com acústicos: Ira! (que conseguiu o 1º disco de platina), Titãs e Lulu Santos, por exemplo. Enquanto isso, as bandas que surgiram na década de 90 se estabilizavam no mercado e mais novidades apareciam no fim da década e no inicio do novo milênio, como Los Hermanos e Charlie Brown Jr, Pitty, Nx Zero, Fresno, entre outros. A primeira década de 2000, ficou mercada pelo uso da internet pelas bandas independentes.

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Naçao Zumbi / Fome de Tudo / 2007

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NxZero / Em Comum / 2012

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Pitty / Chiaroscuro / 2009

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aprofundamento do tema

A evoluçao das capas de disco brasileiras Antes mesmo de começarmos a descrever sobre as capas de disco, é importante citarmos como foi a evolução do disco de vinil e como ele chegou ao Brasil. No final do século XIX, exatamente em 1877, nos Estados Unidos, Thomas Edison, descobre este novo meio, fonógrafo, enquanto projetava o telégrafo. No início da década seguinte, Alexander Graham Bell mostrou um objeto de sistema similar ao de Edison, porém, com um novo método de gravação, usando agulhas flutuantes, patenteando com o nome de graphophone, em 1986. No final desta década, 1888, Emile Berliner, aperfeiçoa o então chamado gramofone, iniciando seu processo de industrialização cinco anos mais tarde, iniciando o comércio do mesmo. Sua matriz, conhecido hoje como disco, era chapa circular gravada, enquanto o fonógrafo usava cilindro. Frederico Frigner foi quem trouxe esta nova tecnologia para o Brasil, em 1892. No inicio do novo século, ele inaugura a Casa Edison, vendendo aparelhos de som, cilindros e chapas gravadas. Dois anos depois, gravou os primeiros discos, sendo o pioneiro em fazê-lo dos dois lados da chapa, colocando o Brasil em terceiro lugar, na época, dentre os países produtores fonográficos. As embalagens foram uma necessidade, já que os discos eram importados para casa Edison em caixas de papelão sem nenhuma proteção. Os cilindros eram da mesma forma do produto, de papel pardo e com a identificação da gravadora. Da mesma forma, a embalagem da chapa, foi desenvolvida, a partir de uma forma quadrada, de papel “kraft”, com gramatura baixa, aberto em uma das laterais (houve uma tentativa frustrada de inserir aba, para proteger melhor o disco). Havia duas aberturas distribuídas nas duas faces, para possibilitar a leitura do rótulo, hoje conhecido como “bolacha”, sendo a melhor forma para o consumidor ter acesso ao conteúdo. O disco continha: o nome do artista, das músicas, autores e estilo musical, normalmente impresso com uma tipografia serifada, em um corpo menor que 14 pontos. A metade superior do rótulo era pautada pelo exagero, com o logo da gravadora. A cor do fundo da “bolacha” indicava qual era a série dos discos. As gravadoras se esforçavam para deixar o rótulo circular mais atraente, inclusive em casos especiais, havendo a foto do artista. A função dos envelopes era de promover a gravadora, mostrando suas virtudes e promovendo seus equipamentos de reprodução. Na década de 40, algumas vinhetas e ilustrações foram experimentadas no envelope. O consumidor usava essa embalagem meramente para proteção de seu disco. Os álbuns surgiram pela necessidade da música de concerto, já que uma obra de orquestra era dividida em dez discos. Portanto, foi preciso a criação desta nova forma – vendido sem vínculo com a gravadora – semelhante

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a evoluçao das capas de disco brasileiras à um álbum de fotografia, com capa de tecido, imitando couro, com a impressão em dourado ou prata do nome do proprietário dos discos e das obras, e alguns, mais luxuosos, com vinhetas e molduras. O miolo consistia de seis a doze sacos para proteção das unidades do concerto.

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Embalagem de cilindro para tocar em fonógrafo

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Embalagem padrãao de disco redondo frente

No final da década de 40, houve a introdução da fotografia em capas unitárias, mas que não era algo totalmente personalizado, já que uma embalagem com a foto de um artista poderia ser usada para o disco de outro. O primeiro projeto de capa padrão direcionada foi para o carnaval, em 1945, com uma ilustração. O criador da capa, com o conceito atual, foi Alexander Steinwess, ao 23 anos, que propôs para Columbia Records, em 1939, fazer capas mais atraentes. Baseadas em cartazes alemãs e franceses, a gravadora aceitou e as capas eram impressas em um papel de gramatura menor e empastadas em papel cartão. Com o advento do long play, em 48, Alex desenvolveu o ovo de Colombo, uma folha de cartão com a impressão da arte aberta que depois era dobrada ao meio. No Brasil, as capas personalizadas começaram a ser feitas, no final de 40, em discos infantis da Disney, como a “Branca de Neve e os Sete Anões” e “Gata Borralheira”, com desenhos de Alceu, estilista e ilustrador da revista O Cruzeiro, que provavelmente foi chamado para ilustrar as capas de discos por seu trabalho de capa, no livro “A Chapeuzinho Vermelho”. Em 50, foi lançado um disco com cantigas de roda e outro de Noel Rosa com ilustrações de Di Cavalcantti.

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Embalagem padraão de disco redondo verso

Desde então, muitas lojas e produtoras de disco foram criada. As tecnologias evoluíram, as rotações mudaram, os discos ficaram mais leves com sulcos (onde passa a agulha) menores, inclusive a cor desses discos variava em relação ao gênero musical.

A guinada aconteceu com a criação da primeira fábrica de LP’s no país, pela SINTER, atual Universal. Nos primórdios do design de capas, que ocorreu com a abertura desta fábrica, a parte frontal da embalagem era composta de ilustração para substituir a foto (ou a foto junto a ilustração) e o lettering à mão. Grandes ilustradores fizeram parte desse momento: Paulo Brèves, Lan Nássara e Miércio Caffé.

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aprofundamento do tema As gravadoras também iniciaram o design de capas, como a Odeon, em 54, com uma ilustração de Dorival Caymmi para seu disco. Já a Continental, encarregava o argentino, radicado brasileiro, Paèz Torres de ilustrar todas as capas, através de cores planas, em cenas noturnas na rua, com janelas e lampiões e títulos desenhados a mão.

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Capa de Alexander Steinwess

Somente a partir de 55, começaram a pensar na contra capa como parte do projeto gráfico, pois, até então, o ilustrador não tinha ideia do que seria o verso de sua obra, que em todas as vezes era uma forma de anunciar a gravadora. Depois da mudança, a contra capa passou a ser suporte de informação sobre o artista, inclusive, com a foto do mesmo. Nesta mesma época, criou-se um “selo independente” denominado Festa, que tinha como principal objetivo manter um alto padrão gráfico em suas capas e contra capas, com artistas importantes trabalhando para eles como: Darcy Penteado, Lygia Clark, Ary Fagundes, Athos Bulcão, entre outros.

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Capa de Di Cavalcanti

O grande centro de formação dos designers dessa época era a Escola Nacional de Belas Artes. Porém, até então o design brasileiro não tinha os grandes marcos do design modernista. Portanto, os “capistas” eram autodidatas, formados no mercado editorial e publicitário, sendo que a maioria dos projetistas de capa estavam no Rio de Janeiro, uma vez que a maioria das gravadoras tinham sede neste local. Nesta época, algumas capas refletiam o construtivismo presente no cartaz da 1a Bienal de Arte Moderna. Na segunda metade da década de 50, o trabalho gráfico era mais valorizado na indústria fonográfica, inclusive com uma inovação, trabalho em dupla, onde trabalhavam em conjunto um fotógrafo e um layoutman. Os mais importantes foram: Mafra (foto) e Joselito (layout), que havia trabalhado com história em quadrinhos, sendo um dos pioneiros.

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Capa do argentino Paèz Torres

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Em 58, ocorreu um marco para o design de capas, uma exposição feita para mostrar os principais projetos gráficos e fonográficos, além de premiar o melhor fotógrafo, Chico Pereira com a capa “Bola 7”- uma capa que dispunha de certa unidade tipográfica e trazia conceito. Também foi premiada Darcy Penteado, com a ilustração de “Moderna Poesia


a evoluçao das capas de disco brasileiras Brasileira”. O evento trouxe espaço na mídia jornalística, inclusive com uma coluna semanal na revista Grafas, onde Max Gold analisava duas capas nacionais e duas internacionais. Na década seguinte, temos os primeiros cantores da MPB e com eles as capas tiveram duas estéticas. A primeira, influenciada pelos projetos gráficos de jazz e blues, usando fotos dentro de retângulos e grandes letterings sem serifa. A segunda era distribuída pelo selo Elenco e se caracterizava pelo fundo branco, uma foto do artista em alto contraste em preto, com o uso de detalhes vermelhos, tipografia pesada e sem serifa, resultando em um design mais limpo e simples, influênciado pela Bauhaus - sendo uma revolução neste meio.

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Capa de Di Cavalcanti

O idealizador destas capas foi Cesar G. Villela que já havia trabalhado como ilustrador quando conheceu Mário Sales, que lhe apresentou Mondrian. Este trabalhou em agência de propaganda, onde Milton Luz lhe mostrou a proporção áurea. Outra pessoa importante foi Orlando Loporte, que lhe inseriu no mundo de Marshall McLuhan. Esses foram os três pilares da obra de Villela. Outra gravadora com capas importantes foi a Som Maior com: capas mais sistêmicas, conceito modernista e título sem serifa na parte superior. As capas eram impactantes por causa das cores e da disposição dos elementos na mesma, porém a maioria das capas estavam com seus autores desconhecidos.

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Capa de Darcy Penteado

Com fortes influências na Bauhaus, outra capa importante foi a de Carlos Prósperi, que retratava no disco um programa de Elis Regina e Jair Rodrigues, sendo o titulo do álbum “o fino do fino”. O estilo da capa vai de contra partida aos ideais de Elis, que era uma das lideres da MPB, defendendo a música de raíz brasileira e indo contra as influências internacionais. Nesta mesma época surgia a Jovem Guarda e com ela a influência estética e visual dos Beatles - primeiramente, com capas baseada na foto do artista, com o típico visual da época, e com uma tipografia sem serifa. Posteriormente, houve a leve influência da psicodelia e da capa Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, fazendo a tipografia ficar mais orgânica, algo que é potencializado no movimento musical seguinte.

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Capa de Cesar G. Villela

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aprofundamento do tema No tropicalismo - movimento que resgata a semana de 22 – houve a antropofagia que instiga a ruptura musical refletido no design. Com grandes influências da pop art e da psicodelia, as capas ficaram muito diferentes, sendo um marco de maioridade das capas brasileiras. O principal nome entre os “capistas” da época foi Rogério Duarte, fazendo capas para Caetano Veloso e Gilberto Gil, este que teve suas capas muito influenciadas pelo disco Sgt Pepper’s, assim como a coletânea de músicas do tropicalismo. A importância dessas capas para história é o desprendimento, a experimentação, ousadia e criatividade, deixando este suporte mais aberto para diversas possibilidades.

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Capa de Cesar G. Villela

As capas chegaram ao ponto de ser produzidas com um disco objeto onde o usuário pode através de abras e linguetas formar um prisma, ou até, o projeto do disco de Gilberto, onde com a abertura de abas, a forma quadrada se transforma em circular. Na década seguinte, havia um cuidado com o design dentro da indústria fonográfica, com capas que refletiam um estilo de rock mais descontraído, como o da banda Blitz, com colagens de fotos em alto contraste, sem muita formalidade, acrescida de grafismos. A vibração das cores era algo muito importante dentro do projeto. Porém, outros estilos de rock eram caracterizados por arte urbana e ilustrações mias escuras. Dentro do rock, porém, as capas variavam de banda para banda, não possibilitando, então, uma análise mais generalizada.

Projeto gráfico de Aldo Luiz

Nos anos 90, com a inserção dos softwares de edição fotográfica, houve modificações nas fotos, ou mesmo, o deslocamento de um objeto do seu contexto original, algo que ficou muito repetitivo como na capa “Mondo Carne” de Lulu Santos, mostrando um cachorro, claramente recortado de seu contexto, em um fundo vermelho. O rock continua com características de subversão e irreverência. Outro ponto a se ressaltar foi a volta às origens da cultura brasileira nas capas, regatando a iconografia da raiz do país, como o designer Gringo Cardia - que na capa “O samba poconé” da banda Skank, se referenciou aos cartazes de circo que atravessam os interiores do país. Porém o cartaz, por mais erótico que possa ser, por conta da imagem desnuda da

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Capa, que se transforma no objeto prisma


a evoluçao das capas de disco brasileiras mulher, acaba representando muito mais o humor, por conta do gorila e do próprio trabalho da tipografia. Nesta década, ocorreu a inserção do CD no mercado fonográfico, e muito se perdeu, como Chico Homem de Melo relata em seu livro: “Muda o suporte, muda também a natureza do discurso gráfico. Perde-se a escala generosa da capa do disco de vinil”.

ou, até mesmo, uma forma de expressão. As capas passam a ser a identidade da banda, mas além disso, refletem uma sociedade, uma época e o próprio conteúdo do disco.

Portanto, percebe-se que com o passar das décadas, a sociedade cultua mais o visual. Vê-se na evolução da embalagem do disco apenas um meio para proteção

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Capa de Rogério Duarte

Projeto gráfico de Edinízio Ribeiro

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Capa de Felipe Taborda

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Capa de Rogério Duarte

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Capa de Gringo Cardia, pintura de José Robles

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Capa de Luiz Stein, foto de Flávio Colker

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capital inicial


história

história instante, os dois se conheceram, já que Fê achou incrível alguém no Brasil gostar daquele estilo. Os Brasília, idealizada por Juscelino Kubitschek, projetada dois ficaram amigos, e essa era a primeira turma da por Lúcio Costa e arquitetada por Oscar Niemeyer, foi Colina, juntamente com outros amigos, entre eles, um novo lugar feito de forma totalmente planejada. posteriormente, Dinho Ouro Preto. Inaugurada em 21 de abril de 1960, era a nova capital O grupo se reunia em um campo do outro lado do do Brasil, tornando-se o futuro e atraindo muitas lago de Brasília, que ficava oposto ao ministério. O pessoas.A cidade planejada, que deveria atingir 500 espirito destas reuniões foi relatado por Dinho Ouro mil habitantes até o final do milênio, havia atingido Preto “Parecia que poderíamos estar em qualquer esse contingente no inicio da década de 70. Essas lugar do mundo[...] A única coisa que era constante pessoas vinham de todo o país. Eram eles: políticos, era a vontade de não estar ali [...] Ele refletia (lago) militares, professores universitários, candangos, entre as luzes do ministério e formava na água o efeito de outros, fazendo com que vários trabalhadores da caleidoscópio, que amplificava mil vezes o efeito de Universidade de Brasília (UNB) fossem morar em farmácia que corria em nossas veias. Orgulhosos, por um conjunto de prédios chamado Colina. Também nos acharmos diferentes do resto da nossa geração, foram morar neste local, a família de Renato Russo e era cômico estarmos bêbados em frente a um lago dos irmãos Lemos – Fê (bateria) e Flávio(baixo), do lamacento, achando que éramos o farol do país” 10. Capital Inicial – entre outros músicos. Paralelo ao grupo, havia uma ânsia de montar uma Durante a adolescência, Renato Russo e Fê Lemos banda, algo que ocorreu no inicio de 80, quando ficaram muito interessados por música e começaram a Renato Russo encontra um desconhecido, que se ensaiar cada qual com seus amigos. O pai dos irmãos tornaria seu amigo, e intitula de Sid Vicious loiro ( músicos do Capital Inicial foi convidado para fazer sul africano que morava no Brasil, pois seu pai era mestrado de biblioteconomia na Inglaterra, no final diplomata), que era conhecido também de Fê. Eles da década de 70 - exatamente em 77, quando o punk se juntaram e formaram o Aborto Elétrico. Porém, havia explodido. Fê aproveitou muito sua estada logo Flávio, irmão de Fê, entrou na banda, já que o no país, indo a shows, comprando discos e usando “Sid” teve que voltar para Africa do Sul, para servir típicas roupas punks, inclusive com uma coleira. No o exército. “Divulgavam” o Aborto Elétrico através ano seguinte, Andre Muller (Plebe Rude) ia com sua de uma pichação que tinha referencia no símbolo da família para o Reino Unido. anarquia e através de cartazes feitos por eles.

Tudo começa em Brasília

Na volta ao Brasil, foram a uma festa em que um A banda durante dois anos fez pequenos shows em garoto colocou discos punk- era Renato Russo. Nesse cima de caminhão e perto da lanchonete, sendo uma 10 - CARVALHO, Wladimir – Rock Brasília, era de ouro. Brasil, 2011. DVD

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capital inicial atração para os jovens de Brasília da época que não tinham nada para fazer. Portanto, seus “shows” estavam conseguindo algum público, como os “filhos de diplomata” Dado Villa Lobos (Legião Urbana), Be Ribeiro (Paralamas do Sucesso) e Dinho Ouro Preto.

O inicial do capital Devido a uma briga entre Renato e Fê, em 82, o Aborto Elétrico acabou, mas o fim foi um começo, já que Renato juntou com Dado e Marcelo Bonfá, formando a Legião Urbana. Enquanto isso, os irmãos Lemos montaram o Capital Inicial, com Dinho Ouro Preto (vocal) e Loro Jones (guitarra).

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Legiao Urbana / Dois / 1986

Hermano Viana – irmão de Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso) – foi fundamental para propagar o rock de Brasília para o resto do país, já que era jornalista e fez uma matéria sobre a música da capital do país. Em 83, o Capital foi chamado para tocar no Sesc de São Paulo, se identificando assim com o público. A partir daí, começaram a se interessar em migrar de Brasília. No primeiro semestre de 84, gravaram seu primeiro compacto pela CBS no Rio de Janeiro, vendendo abaixo do esperado, tirando a possibilidade de ter a música da banda tocando em rádio. Assim, houve a quebra de contrato e migração para São Paulo, onde foram contratados pela Polygram para gravarem um long-play, que rendeu 350 mil cópias vendidas em apenas três meses, elevando a banda a outro patamar: o da televisão. Participaram do programa do Chacrinha, porém, eles não sabiam que para isso, havia uma troca de favores. Eles precisaram fazer shows (playback) várias vezes na mesma noite, em lugares diferentes e durante algumas noites. A banda não concordava com o que acontecia e Dinho denunciou no jornal o que ocorria. A globo começa a colocar a banda em todos os programas possíveis da grade de programação, firmando o Capital Inicial no cenário musical. Os dois discos seguintes são considerados, pelo próprio vocalista, como os piores da banda, devido a falta de entendimento musical e boas letras,

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Legiao Urbana / As Quatro Estações / 1989

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legiao Urbana / V / 1991


história levando a um número pequeno de vendas. Bozo Barreti (tecladista e produtor do primeiro disco) entrou na banda para o quarto disco. Outra mudança foi a junção de Alvin com Dinho, para escreverem as letras. O resultado foi o êxito no disco: “Todos os Lados” de 1989.

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Plebe Rude / O Concreto já rachou / 1985

Portanto, a década de 80 foi importante para firmar o rock brasileiro, agregando o punk, contrariando tudo que já havia se construído até então. O punk brasiliense nasceu como na Inglaterra, para dar voz aos jovens que viviam no buraco e que se sentiam pisoteados, não sendo vistos pela sociedade e muito menos pelo governo, que ironicamente era vizinho deles, culminando em um punk contestador, politizado, e em alguns momentos até intelectual. Não havia possibilidade de acontecer um cenário de rock como o de Brasília, pois foi o ponto de junção das diversas culturas brasileiras.

A queda e a ressurreiçao

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Plebe Rube / Nunca fomos tao brasileiros / 1987

A venda do primeiro disco da banda na década de noventa, Eletricidade (1991), foi banhada da discussão com o produtor e crise com a gravadora. Porém, o disco foi lançado fazendo sucesso com três músicas que o público gostou. O Capital iniciava uma volta ao patamar do primeiro disco. Contrario ao que ocorria com a banda, havia um conflito ente os integrantes Dinho e Fê, levando a saída do vocalista em 93 – um ano antes Bozo havia deixado a banda. Murilo Lima assume o vocal. Neste hiato, sem Dinho Ouro Preto, foi lançado de forma independente, o fracassado “Rua 47” (1995), fazendo com que os integrantes cogitassem a hipótese de acabar com a banda.

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Plebe Rude / R ao contrário / 2006

Renato Russo morreu, em 1997, abalando todo o cenário musical, principalmente os amigos de Brasília. Fê Lemos percebe que ele quer realmente tocar e a Polygram lança uma coletânea da banda. Esses três fatores aliados a uma reconciliação de Fê e Dinho faz com que o Capital Inicial voltasse, porém com um novo guitarrista: Yves Passarel. Aproveitando o sucesso da coletânea lançada, eles decidiram fazer uma turnê comemorativa em 98,. Porém, para a surpresa de todos, foram

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capital inicial chamados para outros shows. Nesta época, começaram a atingir também uma nova geração, que pensavam que eles eram uma banda nova. Observando esta situação, resolveram fazer um novo disco para mostrar quem eram, sendo convidados para gravar em Memphis. O resultado foi “Atrás dos Olhos” (1998), recolocando a banda no meio musical. Baseado no sucesso acústico da banda Titãs, a velha nova banda de Brasília resolveu tentar consolidá-los através do, “Acústico MTV” (2000). Em reconhecimento, foram convidados para tocar no Rock em Rio, no começo do milênio, com aprovação do público. Neste mesmo ano, fizeram muito sucesso com a música “Natasha”, seguido dos discos: Rosas e vinho tinto (2002) e Gigante! (2004), que continham músicas que se tornariam clássicos da banda, inclusive uma tocando na novela. O crescimento da banda não parava e eles aproveitaram para tomar conta melhor da carreira, pois já sabiam o que tinham feito de errado. A MTV chamou-os para gravar o disco “Aborto Elétrico” (2005), somente com músicas da banda que deu origem ao Capital Inicial. O próximo disco gravado em 2007, “Eu nunca disse adeus”, foi a afirmação que a banda tinha uma história, mas estava olhando para o futuro, resultando em um grande show ao vivo para 1 milhão de pessoas em Brasília, onde tudo começou. Desde então até agora, com Das Kapital (2010) e Saturno (2012), a banda investe no seu maior potencial: os shows - com referências em bandas americanas e europeias, complementando as músicas com bonecos infláveis, fogoe painéis de led com animações que interagem com as músicas.

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show da banda

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show da banda

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A juventude em duas épocas

A juventude em duas épocas Vivemos em mundo pós moderno expresso em uma das músicas do próprio Capital Inicial intitulada “Eu adoro a minha televisão”, onde, em alguns trechos, é possível perceber realidades da sociedade em que vivemos, como em “Eu adoro a minha televisão (…)Se as coisas vão mal/ É só mudar de canal (…) Ela é meus olhos meu coração (…) Estando triste ou contente/ O que eu sinto ela sente (...) Felicidade apertando um botão” (televisão que poderia significar, também, o computador). Realidade essa, já prevista por Baudrilard 11 em 1970, que defendia um futuro com uma cultura sem profundidade, de signos e imagens flutuantes, onde seríamos presos a observar um exorbitante número de imagens, marcados pelo apelo estético, sem a possibilidade de um julgamento moral a partir dos fatos expressos neste novo mundo, a televisão (ou computador). Vamos nos focar em duas juventudes: uma que viveu esse momento da vida próximo à década de 80, ou seja no inicio da banda e a outra que vive essa fase atualmente, que iremos denominar neste texto de geração X e Y. Primeiramente vamos nos aprofundar na “geração X”, que nasce depois da chegada do homem à lua. São os adolescentes dos anos 80 que viveram o fim da ditadura e lutaram pelo Impeachment. Escândalos políticos como a morte de Marther Luther King, a Guerra Fria, a queda do muro de Berlim e a AIDS foram outros fatores a se cogitar. Ouviram os nacionais Legião Urbana, Titãs, Ira!, Capital Inicial e os internacionais Pearl Jam, Nirvana, U2, The Smiths, INXS, Tears For Fears, The Police, Metallica, Guns n’ Roses, The Clash, Ramones. Além disso, passaram por grandes inovações tecnológicas, o que favoreceu a aceleração diária, facilitando a promoção de manifestações e qualificando o modo de viver desses jovens. Inclusive, a televisão trouxe outra ordem à vida desses jovens: o consumismo (geração Coca Cola) - fazendo com que esses se importassem muito com o trabalho, pois, seria a forma de subsidio para o consumo de “diversão” através de entretenimento ou objetos. Mas, além do consumismo, este lado financeiro se torna importante a partir do momento em que os brasileiros passam pela mudança de moeda nacional e o aumento e queda dos preços dos produtos, todos os dias, causado pela instabilidade inflacionária. Como consequência desses acontecimentos, estas pessoas tem um relacionamento mais forte com os objetos de consumo, além do mais, diferentemente da geração Y, os “pós baby boomers” viveram intensamente o consumo de LP. Ao mesmo tempo em que essa geração busca constituir família e conseguir estabilidade financeira, ela é vista de forma egoísta. Lobardia 12 defende que eles “são conservadores, materialistas e possuem aversão a 11 - BAUDRILARD, J. (1970). La société de consommation. Paris: Gallimard 12 - LOMBARDIA, Pilar García. Quem é a geração Y? HSM Management, n.70, p.1-7. set./out. 2008.

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capital inicial supervisão. Desconfiam de verdades absolutas, são positivistas, autoconfiantes, cumprem objetivos e não os prazos, além de serem muito criativos”. Posterior a geração X, nasce a Y, fruto dos baby boomers ou, inclusive, da geração X, estando atualmente, 2013, em uma faixa etária de 20-30 anos. Diferentemente das gerações passadas, a geração Y não viveu nenhuma grande ruptura social, vivenciando uma democracia, com liberdade política e morando em um local com prosperidade econômica. Talvez isso leve ao ponto de maior segurança dessa geração por si só, aliada ao instinto de gerações passadas subsidiarem a segurança desta - por conta das inseguranças vividas em suas épocas. Inclusive, proporcionando um bom “futuro” para seu filho, a partir do momento que a prole tem diversos afazeres na infância, para que assim aumente suas habilidades, muitas vezes esquecendo que são crianças e não protótipos de executivos. Na música temos uma influência da geração X, onde se escuta Legião Urbana, Titãs, Capital Inicial e Paralamas do Sucesso. Juntamente com bandas mais atuais, como Jota Quest, Pitty, Nx Zero, em relação as internacionais, se ouve Red Hot Chilli Peppers, Cold Play, The Strokes, Metallica e Guns’ n Roses. Outro ponto é a quebra de paradigma familiar, que começou com a geração X – com a separação de pais se tornando comum. Na geração Y, esse tópico foi potencializado, onde filhos de pais separados é tão comum quanto o pai e a mãe trabalharem, terceirizando a educação do filho para a creche ou os avós. A geração Y tem outro relacionamento com o trabalho, onde o cargo não é tão importante quanto a admiração pela competência no trabalho, além do mais não tem medo de arriscar e procurar um empresa que lhe dê o que almeja, não constituindo um forte vinculo com o local que trabalha, da forma que a geração anterior tinha. Além da televisão, que foi a energia para a geração X, temos outra mídia, que foi um ponto de mutação da humanidade e o ponto principal para caracterizar a geração Y: o computador pessoal. Juntamente com a internet, trouxeram para geração de jovens um novo panorama, onde tudo é pautado em uma nova vida, não sabendo mais diferenciar o que é real e o que é virtual, tal qual o virtual consegue expressar a realidade de uma forma quase que fidedigna, um desses simuladores de realidade é o facebook, a rede social, onde todos vestem suas máscaras para mostrar “quem elas são”. No mundo real isso também acontece, onde as pessoas vestem roupas para expressar e significar quem elas “são” de forma mimética. A virtualidade não acontece apenas pelo computador, mas também pela televisão, onde pessoas com uma faixa etária de 30 à 50 anos vivem problemas que são passados “dentro da telinha” como se fossem de suas próprias vidas, por exemplo, em novelas. Isso aconteceu também na década de 60, com o advento do cinema, explicito quando em uma cena onde um trem vinha em direção ao público, o mesmo se

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A juventude em duas épocas amedrontou, e algumas pessoas até saíram da sala de cinema. Esse fator também é intitulado hiper realismo. Nascendo dentro de uma nova era tecnológica, faz-se com que esse jovem Y seja bombardeado por informação o tempo todo, por uma rapidez e uma nova forma de olhar o mundo, onde o longe está cada vez mais perto. Isso o leva à dois grandes aspectos negativos: a ansiedade e a impaciência. Vivemos em uma sociedade que busca o divertimento a partir do entretenimento, que pode ser cultural, como: filmes, shows e discos. Porém, essa relação com o produto mudou a partir da internet. Antes desse advento tecnológico, um disco tinha um preço “X” e poderia ser comparado com outro disco, diferente de hoje, onde a comparação é nula, já que existe a música digital, havendo duas opções: uma seria a compra por R$0,99 (por música) em meios como o Itunes; e a segunda consiste em baixar a música (da mesma forma que a pessoa ia ter que baixa-la pelo Itunes) a custo zero, dando maior acesso a informação. Portanto, há uma banalização do produto, no caso, a música, já que no meio digital não é um objeto (levando em consideração que o disco seria o objeto) e sim um signo, mostrando que a juventude atual (15-30 anos) está cada vez mais se desprendendo dos objetos e trocando-os por signos, onde muitas vezes os objetos são apenas “portais” para esse mundo hiper real, como por exemplo, o computador. Os “Y” podem ser comparados a uma pizza, pois abrangem muito, porém, de uma forma muito rasa, sem nenhum aprofundamento. Desta forma, a juventude quebra a ligação com a música por conta dessa superficialidade e pela segurança de saber que, se por exemplo, apagarem uma música de seu sistema, poderão “recuperá-la” na internet, quando convir. Isso não aconteceria com um LP, já que primeiramente houve um custo, uma escolha dentre diversos. Há uma apreciação à música (saindo da premissa que, se a pessoa comprou um disco, ela gosta do conteúdo), criando assim um vínculo, uma relação, quase que romântica, com o objeto, levando ao ponto, que se em algum momento fosse preciso se desprender de um álbum, dificilmente o faria jogando no lixo, a solução seria dar, trocar ou vender. Outro ponto a se ressaltar é: quem baixa música acaba acumulando milhares delas, e apenas 5% à 10% (no máximo) é realmente escutado, levando ao ponto de que em média em quem tem 7000 músicas escutaria no máximo 500 músicas, dividindo essas músicas por álbuns de 15 músicas chegaria a 33 discos, ou seja, um numero razoável para época pré internet, portanto no final, teoricamente, hoje se tem tantos “discos” como antigamente. Por fim, podemos dizer que, mesmo com diferenças entre essas gerações, vide inseguranças, relação com trabalho e com as pessoas, é possível perceber que a geração Y é uma continuação da geração X, contudo, em alguns pontos multiplicados diversas vezes. Como podemos perceber, essa relação inversamente proporcional,

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capital inicial faz com que quanto mais o tempo passe, menos as pessoas estão se relacionando com pessoas (ao vivo), mas sim com objetos e signos, sendo que uma parte desses proporciona um contato com pessoas virtualmente. Ou então, no desprendimento, que já acontecia nos anos 80, onde os jovens iam contra seus pais, com um instinto quase rebelde, e hoje onde há o desprendimento familiar (um filho fica trancado o dia todo no quarto, trocando meia dúzia de palavras com seus pais), pessoal (relacionamentos são longos se durarem alguns meses) e material/virtual (produtos podem ser comprados ou baixados novamente). A rapidez só ficou mais intensa levando o jovem atual a uma necessidade de estar fazendo várias coisas ao mesmo tempo, como se estivesse sistematizado da mesma forma que uma máquina, tornando-o um ser sem muita paciência de se focar em uma ordem, levando a uma amplitude rasa de conhecimento, diferente das gerações anteriores que sabiam muito, sobre poucos assuntos. Podemos arriscar em dizer, que com o passar do tempo e com o bombardeio tecnológico e informático houve uma perda do romantismo.

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análise do material gráfico

análise do material gráfico 1 - Capital inicial A capa como um todo é voltada para a difusão, dando abertura para diversas interpretações, tornando-a mais abrangente e menos específica. Isso por ser um signo indicial, que traz um indício de que algo de suspeito aconteceu, já que estão quatro rapazes, perto de uma casa, em um local aparentemente não habitado, perto de arvoredos, em um final de tarde, com um campo aberto ao redor deste terreno, dando um ar de mistérios e suspense. Mas, além disso, a capa é com signos que passam do icônico puro, como o integrante principal (onde pode ser qualquer pessoa) e as árvores (que podem configurar outros elementos) e signos hipoicônicos (signos icônicos que são mais realistas, não dando vazão para assemelhar com muitas coisas) como a casa ao fundo (onde é uma representação mais próximo do real, não dando abertura para possibilidades, como, por exemplo, o tipo de arquitetura). Para tanto, foi preciso alguns elementos técnicos da linguagem visual como os citados abaixo. A capa serve de moldura para a imagem que está em uma escala um pouco menor que a capa toda. Inclusive, existe uma “camada” entre a capa e a imagem, que é colorido e irregular, onde algumas partes da borda da imagem é mais espessa e outras mais fina. A imagem é preta e branca baseada em escalas de cinza, determinando o contraste de luz muito forte que existe. Outro contraste que acontece é em relação de movimento dos elementos, onde alguns elementos como os integrantes, o poste e a casa ao fundo são baseados em linhas horizontais e verticais (mais estáticas) se relacionando com as linhas diagonais do chão e as curvas das árvores e o integrante principal que parece um triângulo, por conta de suas pernas abertas, portanto, enquanto uma parte do sistema é dinâmico, o outro é passivo, pendendo para a linguagem da atividade (ver imagem 1) Ano: 1986

Características que levam ao aguçamento em direção foto : Iko Ouro preto ao integrante principal, levando ao cérebro humano Projeto gráfico: Edu Mingus e Ronaldo silveira

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capital inicial a função de “fechar” os direcionamentos dados por essas “linhas” formadas pelas duas partes inferiores (chão) e a árvore do meio inclinada, regido pela lei de pregnância (Wertheimer). Há a representação dos integrantes da banda, porém, não é possível passar da ideia geral dos componentes, para saber especificamente quem é quem, a não ser o vocalista, que é descoberto quase como uma intuição. Integrante esse, que em uma primeira leitura da imagem, parece ser o único na cena, já que o contraste entre ele, a casa no fundo, as plantas ao fundo e o próprio chão é muito maior do que o contraste entre os outros integrantes da banda e as três grandes árvores escuras. Dando ênfase para o vocalista. A imagem consistem em uma organização visual instável, levando ao desequilíbrio, chegando ao ponto de parecer que alguns elementos estão a se movimentar; isso não só por conta dos próprios elementos, mas por causa de uma camada de textura sobre a imagem, dando uma ligeira distorção nos elementos (adicionando um pouco de velocidade a composição). Com isso, também, traz a impressão de uma difusão ao elementos, mostrando a preocupação do artista gráfico com a criação de uma atmosfera à capa.

quando prestamos atenção no segundo plano, onde os integrantes estão em frente à àrvore, vemos três integrantes (além um elemento decorativo) e cada um com uma pose, onde um está abaixado, um de pé e o outro sentado. Além desses acima, também é adicionado como elemento visual: a profusão, a espontaneidade e a variação. Por fim, a tipografia, que claramente foi baseada na Art Deco, pode ser analisada como um bloco sem movimento, onde todos os caracteres estão em caixa alta, no início da percepção visual, no começo do primeiro quadrante. Este é o único elemento colorido da imagem, em vermelho, se destacando inclusive por ser uma cor quente e dinâmica. Além de remeter à algo agressivo (assim como pela forma que remete a um rasgo), tipo o sangue, como se estivesse escorrido, destacando-se pela própria forma condensada da fonte tipográfica, com suas finalizações pontiagudas, sem serifa e baseadas em traços irregulares verticais, curvos e com hastes descentralizadas, passando a imagem do punk e do pós punk de uma forma diferente da forma que era feita por bandas como o Sex Pistols e The Clash, Magazine entre outras.

Unidades essas que estão colocadas de forma assimétrica, onde a grande parte da massa informacional está colocada no quarto quadrante, de forma que o resto da composição está praticamente vazio. Predominantemente irregular, como se o ritmo também o fosse (onde não é possível saber o que “vem em seguida”), torna-se inconstante. Portanto, imagem 1

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análise do material gráfico 2 - independência A capa novamente é retratada através da difusão, formada por signos icônicos, como com parte de uma flor com suas folhagens, parte inferior dos dois rostos, que aparecem como vultos; além de signo indicial, a partir do ponto que é uma pista para que essas duas bocas que já entraram ou vão logo entrar em contato; a flor foi entregue, de um para outro, levando a uma conclusão duvidosa, porém romântica, com tendências carnais afetivas da cena que está ocorrendo. Tendo uma leve referência a fotografias surrealistas.

linha, a partir do momento em que o nariz do rosto da direita se encontra com a boca do da esquerda, formando algo chegando ao poético, consolodam-se em um só. Mas, essa junção, se ligada às sombras inferiores, constituem uma forma muito dinâmica: o triângulo.

A tipografia usada é a mesma da primeira capa, porém desta vez, foi colocada um pouco maior e centralizada dentro da caixa de texto, porém ainda são usadas somente caixas altas, formando agora (por conta do A capa é uma imagem fotográfica próxima do encontro título do disco) dois blocos. Contudo, o espaçamento de dois rostos, pautada pelo exagero, já que a mesma entre as letras do título é maior do que o do nome da mostra uma aproximação desta ação. É então como banda. um detalhe de certo momento, neste caso emotivo, mostrado pela espontaneidade, mostrando assim uma ousadia quanto ao recorte fotográfico. O elemento da linguagem visual explícito nesse projeto é a instabilidade, criada a partir do movimento expresso por linhas de força diagonais e pelo próprio movimento da foto (com um alto tempo de exposição) baseada na difusão, já que o contorno não é rigidamente delimitado, levando então essa imagem ser dinâmica, inclusive pelas formas orgânicas. A assimetria é outro ponto relevante, levando em consideração que o rosto esquerdo está em quase dois terços da imagem, além de um vazio de elementos no quarto quadrante. Os dois extremos são neutros, sendo que a parte superior é altamente clara e a inferior muito escura, mostrando a ênfase expressa nessa imagem pelas duas bocas, principalmente a maior (semi aberta), por conta das linhas formadas a partir das sombras embaixo Ano: 1987 : Iko Ouro preto dos rostos. Estes, que de certa forma formam uma foto Projeto gráfico: café studio de arte

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capital inicial 3 -você nao precisa entender Esta é a primeira capa de um disco completo do Capital Inicial colorida e claramente com os integrantes aparecendo. Ela é muito mais concreta do que as outras duas, porém tem um pouco de abstrato, tendo em vista as diversas linhas justapostas por todas as direções, possuindo recortes e sobreposições das imagens e integrantes e quebras de algumas das mesmas.

transparência, havendo uma fragmentação do fundo branco, a partir do momento em que ao se cruzarem elas “recortam” o fundo, formando triângulos e retângulos como fragmentos do fundo.

Os integrantes são colocados de certa forma previsível na parte superior, onde três elementos (pernas, integrante 1 e integrante 2) são dispostos em uma diagonal, enquanto os integrantes da parte inferior Os integrantes aparentemente estão se segurando são dispostos ao acaso, inclusive com um recorte de por barras da estrutura de uma roda gigante, uma uma cabeça rente na lateral direita. Novamente, os vez que em algumas das barras de metal (as brancas) elementos foram dispostos para destacar o vocalista, estão com lâmpadas, como vistos em alguns parques onde o quarto quadrante só dispõe de uma pessoa de diversão, sendo esse um indício simbolizando o ciclo deste meio de diversão, que tem um começo, um meio e um fim que também é o começo, em alguns momentos estando em cima e em outros, embaixo. Mais do que isso, existe a representação das interações e ligações como tubos de conexão, entre: os integrantes, a música, o ritmo e o tom. De forma totalmente assimétrica, há uma relação de irregularidade, desequilíbrio, acaso e complexidade de elementos, fazendo com que a imagem se torne instável; isso por conta da relação entre os diversos tubos de metal que se cruzam a todo momento, dando uma referência à casualidade do jogo “pega varetas”, onde acontece um emaranhado de linhas coloridas neste caso, restritas as primárias: vermelho e amarelo, levando assim à um alto nível de dinamismo. O resultado referencia fortemente o futurismo por conta das linhas diagonais onde há alguns efeitos de movimento e por conta das rupturas nas fotografias. Outro ponto a se ressaltar é que por conta desta Ano: 1988 : flávio colker malha formada pelas barras sobrepostas através de foto Projeto gráfico: Flávio colker / gringo cardia

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análise do material gráfico e com maior espaço em branco, consequentemente com menor interação entre linhas, enquanto os outros quadrantes, principalmente o primeiro e o terceiro, estão poluídos. E por fim, as linhas horizontais verticais formam uma moldura para a quarta parte. Tudo isso culmina no destaque para o vocalista que está na zona onde se termina a leitura da imagem.

caracteres em caixa alta, dando maior estabilidade e menor movimento. A tipografia mudou, em relação às demais capas, onde não está mais condensada. Ela continua sem serifa, e seu peso está mais leve (light): todos os traços tem a mesma espessura. Por conta da cor e da disposição das palavras em alguns momentos, a tipografia faz uma analogia aos tubos, principalmente nas três últimas letras de cada palavra O nome da banda foi colocado dentro de um box branco “TAL” e “IAL”, onde o “I” e o “T” formam quase uma e centralizado na página e novamente com todos os continuação.

4 - todos os lados Esta capa dialoga através de signos icônicos, com um Quanto à disposição dos elementos, ela é equilibrada fundo chapado em azul (passando dramaticidade), e os por conta da dinâmica da disposição dos integrantes, três integrantes com camisetas escuras, sendo apenas que inclusive, estão colocados dois na segunda metade iluminados no rosto com uma luz que tem seu início em cima dos integrantes, fazendo com que seja bem agudo a borda dos integrantes em relação ao fundo. Isso faz com que tenha referência à um local escuro com apenas um feixe de luz que é apontado para a pessoa como, por exemplo, era feito em interrogatórios na ditadura e na guerra, talvez isso relacionando ao nome do disco. A imagem tem um contraste muito forte, onde o cabelo dele chega a ser quase totalmente preto, com algumas nuances de luz; o rosto não tem sombras de divisão das partes, destacando apenas os olhos, a ponta do nariz e a boca; e a camiseta reage da mesma forma que o cabelo, em alguns momentos (como no terceiro integrante) vê-se a parte clara do rosto como um raio x de sua face. O vocalista é destacado, primeiramente, por estar sobreposto aos demais, mas sobretudo, por ter seu braço aparecendo e mais luz em sua camiseta, deixando-o mais iluminado e por conta do jogo de luzes, deixa-o mais dinâmico.

Ano: 1989 foto : Iko de Ouro preto Projeto gráfico: iko de ouro preto

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capital inicial do disco e um na primeira, deixando a capa assimétrica. Por conta dessa disposição dos integrantes, forma-se um sistema regular e estável, baseado na simplicidade que presa pela economia de elementos.

é baseada em altura “x”, ascendente e descendente, deixando-as com maior movimento e dinâmica, porém menos estável. Em alguns momentos, algumas letras são entendidas pelo contexto das demais letras, como o “P” da palavra “Capital” e “I” da “Inicial”. As A tipografia é totalmente manual, onde nenhum dos cores da tipografia: amarelo - faz com que as palavras caracteres tem relação com o outro e a proporcionalidade consigam ter uma boa legibilidade no azul e no preto.

5 - eletricidade Esta capa é, em grande parte, preenchida com fotos dos integrantes da banda, com contraste de luz intenso: uns sobrepondo os outros dispostos, onde o recorte de cada integrante é bem definido (agudo), de uma forma que a linha de movimento de uma ponta à outra é uma curva, fazendo com que esta peça seja mais previsível, de forma que se continuasse, qualquer um saberia onde colocar um outro possível integrante.

sobrancelhas que mostram calma. O seguinte mostra apatia e desprezo, já que contrai um lado do lábio e levanta uma sobrancelha. O quarto músico transparece uma expressão de calmaria e melancolia por conta de seus olhos e sobrancelhas estarem direcionados de

Refletindo as características acima, a capa é simétrica e equilibrada, onde os integrantes estão em mesma quantidade de cada lado e colocados na mesma altura e com a mesma distância de declínio de cada um, formando um sistema regular e previsível, já que se tivesse que ser colocado mais dois integrantes, facilmente era possível descobrir em que lugar estaria, já que a disposição é semelhante a de um leque. Um ponto importante a se ressaltar é a expressão dos integrantes (serão descritos de um à cinco, da direita para esquerda) quase como personagens. O primeiro demonstra raiva, por conta da contração das sobrancelhas e do músculo ao lado do nariz, e a semi abertura dos lábios. O segundo, ao mesmo tempo que poderia passar surpresa ou medo por conta da abertura da boca, contradiz esta afirmativa a partir dos olhos e

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Ano: 1991 foto : autor desconhecido nesta pesquisa Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa


análise do material gráfico baixo para cima na direção do centro da testa - a íris de seu olho aparece pela metade - e por sua boca, que mesmo sem nenhum esforço está formando uma parábola negativa. O quinto elemento mostra uma soberba e raiva, a partir do seu olhar de cima para baixo lateralizado, sobrancelhas em uma diagonal em direção ao nariz, com a cabeça levemente inclinada para trás e com os lábios quase contraídos e o lábio superior levantado.

A tipografia do título do disco é sem serifa com todos os caracteres em caixa alta, bold, com um espaçamento muito grande e uma leve inclinação para a direita (velocidade), sendo que cada letra está em um círculo, representando um circuito elétrico, com interações dos elementos.

O nome da banda retoma a tipografia usada nas duas primeiras capas, com a diferença do espaçamento entre as palavras, que está menor. A primeira e última Porém, mesmo com a curva e as expressões dos letra estão no limite para sangrarem a capa e em integrantes, novamente tudo leva ao integrante relação ao desenho das letras (estando maior que as principal, que está em primeiro plano e é apontado a demais) é possível ver que as que se repetem não são partir das linhas nas suas laterais, tendo como base o iguais, como as letras : c,a,i,l. O contraste entre os textos e o fundo levam a uma boa legibilidade. posicionamento dos demais músicos.

6 - rua 47 A capa é baseada em uma fotografia com contrastes tonais, preto e branca, onde estão os integrantes, sem nenhum deles estar em destaque, até porque nessa época o vocalista (que nas outras capas estava em destaque) havia saído da banda. Foto essa que mostra um signo simbólico, baseada no estereótipo que já é uma convenção sobre o roqueiro, o rock e o ambiente de rock, onde estão todos com uma atitude clássica do roqueiro, com expressão brava, encarando, em um lugar mais underground, sujo, abandonado, com vários elementos, como se fosse um lixo. A imagem tem o peso concentrado por uma delimitação dos integrantes, ou seja, na metade inferior, já que nela, mesmo com um trabalho tonal e de profundidade (mostrando outro cômodo), não há tanta informação quanto à parte inferior, que por conta Ano: 1995 dessa poluição visual causa um ruído, fazendo com foto : autor desconhecido nesta pesquisa

Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa

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capital inicial que o leitor visual acabe focando sua atenção para degrade desse tópico da linguagem visual, onde se passa do simétrico ao assimétrico. esses dois quadrantes. Ela é assimétrica, apesar de aparentar ter uma tentativa de deixá-la simétrica na parte superior onde o ponto de fuga está quase no centro da imagem, e com menor intensidade nos integrantes da banda. Porém, essa irregularidade constitui o acaso dos elementos inferiores, podendo assim ser feita uma analogia à um

CAPITAL INICIAL, é a única escrita da capa, sendo que não há a demonstração do título do álbum, estando o nome da banda (usando a mesma tipografia da anterior) em vermelho, dentro de um bloco preto, não dispondo de maior contraste possível, prejudicando a legibilidade.

7 - atrás dos olhos Capa feita a partir de imagem fotográfica, com o A grande força visual está no segundo quadrante, máximo de contraste onde fica claramente dividida sendo que toda a capa leva o olhar para ele, como o de forma difusa, o preto do branco, neste caso próprio “rasgo” preto ao vermelho e principalmente vermelho, já que houve uma manipulação para a mudança cromática. Além disso, ocorreu a adição da imagem dos integrantes da banda (também com muito contraste), na parte de cor preta no segundo quadrante, aparecendo praticamente somente a cabeça deles, fazendo uma alusão ao título do álbum, levando em conta que este é um reflexo de um óculos escuro à pessoa que está usando, e esta possivelmente estará vendo o mesmo que o reflexo. Levando em conta o exagero da imagem, já que aparentemente é um recorte de um rosto e o grande contraste, podemos dizer que este é um signo icônico, já que concede abertura para diversas possibilidades, como por exemplo, uma sombra em uma parede vermelha. Além disso, temos uma “chuva” de repetidos signos simbólicos em forma de pictograma, onde podemos ressaltar alguns como a caveira como morte; o círculo com três triângulos vazados como radiação; um círculo com vários círculos ao redor como sol; um Ano: 1998 círculo com uma cruz vazada representando a saúde, foto : autor desconhecido nesta pesquisa Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa entre outros.

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análise do material gráfico letras substituídas (como o “a” da palavra inicial) por uma sem serifa, todas em caixa alta. As cores da tipografia variam entre branco (assim como os pictogramas) e cinza, levando à um bom contraste para com a imagem. Quanto ao alinhamento, o nome As tipografias usadas para o título do álbum e o da banda está alinhado à esquerda enquanto o título nome da banda (que mudou do disco anterior) foram está para a direita. as mesmas, sendo que majoritariamente do texto foi feita com uma fonte com serifa, romana com algumas a linha formada a partir do contraste do preto e vermelho. Podendo ser traduzido na linguagem visual como assimétrico, instável e econômico (em detalhes dos elementos).

8 - rosas e vinho tinto Esta capa tem forte referência à cultura oriental: primeiro pela foto que, de forma direta, mostra os integrantes da banda com uma mesa farta de comida oriental, sendo que um deles está comendo com hashi (signo indicial), utensílio usado para comer esta comida. Além disso, com um efeito de justaposição e transparência é possível reconhecer um fragmento de silhueta de um galho de àrvore frutífera e suas folhagens.

culturas, sendo que ela é sem serifa, bold, com mistura de cantos secos e arredondados, onde o nome da banda está em caixa alta e centralizado, sendo que a letra “N” tem destaque, já que não tem canto

Outros dois signos indiciais são os olhares dos integrantes para algo superior a eles, como se estivesse ocorrendo alguma atividade naquele momento, levando os olhos e a mente do leitor visual para o “além capa”. De forma assimétrica e irregular, essa capa volta novamente a deixar o vocalista no destaque, sendo que ele ao usar uma camiseta preta, faz quase parte do fundo preto causando um grande contraste com sua pele. Ele é o único a olhar para frente e está em primeiro plano. Ano: 2002

Em contradição a toda esta referência oriental está foto : autor desconhecido nesta pesquisa a tipografia, que não faz alusão à nenhuma dessas Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa

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capital inicial arredondado e sua ápice por exemplo, ultrapassa a linha de apoio para o nome da banda, sendo que tem linha ascendente, formando um ruído. O espaçamento um alinhamento à direita da capa, onde todas as entre as letras é pequeno. letras são sem serifa, bold, em caixa alta e com um espaçamento grande entre elas e entre as palavras, o Enquanto isso, o nome do álbum foi colocado abaixo espaçamanto é maior ainda, criando buracos gráficos. do “CAPITAL INICIAL”, servindo quase como uma

9 - gigante ! Esta capa é pautada pela ênfase em dois elementos: a tipografia e os integrantes - que são representados através de fotografiam, de forma que a câmera está posicionada de forma superior aos integrantes, dando um indício de que eles são pequenos em relação ao “gigante”. A foto, além de contrastada, tem uma mudança cromática para que ficasse somente com tons de azul.

uma máquina, como se, por exemplo, houvesse uma televisão, computador ou mesmo uma câmera de segurança a olhar para eles, uma crítica quanto a todos estarem passivos a olhar esse gigante, enquanto na realidade o gigante sempre está de olho para todos, ao ponto que o vocalista seria um transgressor dessa inércia mental e tenta mexer no gigante.

Essa capa tem um impacto muito forte por conta da neutralidade do fundo em contraste com a informação contida em apenas metade (direita) do sistema. Portanto, é composto por assimetria, irregularidade e variação. Os integrantes ganham grande destaque, já que estão usando uma roupa preta e óculos escuros, fazendo com que a pele contraste com a roupa. Novamente, o vocalista está em destaque por não estar usando camiseta, assim, está mais claro que os demais e principalmente, por estar apontando para a câmera ou mesmo para quem está vendo a capa. Eles deixam o sistema dinâmico por conta da perspectiva em relação da cabeça aos pés, fazendo com que afunile, deixando os troncos largos e as pernas mais finas, ou seja, formando linhas diagonais. Ano: 2004

Esse posicionamento deles e o olhar direcionado para foto : autor desconhecido nesta pesquisa Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa o “gigante” mostra como se fosse algo tecnológico,

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análise do material gráfico A tipografia do nome da banda muda novamente. Neste disco utilizaram-se de uma família que tem cantos curvos, em caixa alta (apesar da letra “N” ser semelhante a uma caixa baixa), com forte referência à uma tipografia futurista, principalmente pelo ruído da letra “P” onde há uma quebra na haste. Esta caixa de texto está alinhada ao primeiro integrante da banda.

ao oco das letras, onde por exemplo na letra “g”, tanto caixa baixa como alta, é pequeno, fazendo com que pareça que a letra está para explodir e preencher o oco.

Independente dessas características, o que mais dá peso para esse título é o dinamismo dado a partir do momento em que se mistura caixa alta com Em contraste à êxtase do nome da banda, por conta da caixa baixa, além de estar dividida em duas partes caixa alta em todas as letras, há uma intensa atividade (giG+AntE!) alinhado a direita fazendo com que a no título do álbum, primeiramente por conta da escolha parte superior esquerda da letra “A” e o bojo da letra da tipografia que é sem serifa, bold deixando-a pesada “g” formem uma linha diagonal imaginária. e um pouco condensada, criando uma tensão quanto

10 - aborto elétrico Este álbum foi feito em homenagem à primeira banda do baixista e baterista do Capital Inicial com o Renato Russo. Portanto, houve uma preocupação em demonstrar mais o ambiente do que os integrantes da banda, já que o Aborto Elétrico nasceu desse ambiente e ao mesmo tempo gerou outro. Isso explica o signo indicial, quanto ao local parecer uma casa de show underground, pequena, com o palco próximo do público, da mesma forma que acontecia nos anos 80, quando eles começaram de forma independente, além de uma fotografia dos três integrantes da banda brasiliense. Há também o símbolo no canto inferior direito (como uma “assinatura”, com o logo da empresa em peças publicitárias) com o logo do aborto elétrico, criado pelos próprios integrantes que tem forte influência do símbolo do anarquismo, com uma linguagem Ano: 2005 foto : autor desconhecido nesta pesquisa semelhante a escritas feitas com spray de grafite. Projeto gráfico: autor desconhecido nesta pesquisa

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capital inicial Esta capa tem uma referência à Op Art, por conta do piso e do palco quadriculado, com cores que se contrastam bastante (amarelo e preto) já que uma retém luz e a outra reflete luz e por conta da perspectiva que carrega um dinamismo, já que as linhas são diagonais e levam para os integrantes. Apesar do piso chegar próximo à simetria, previsibilidade, regularidade, estabilidade e sequencialidade, os outros elementos (foto, integrantes, logo Mtv, logo Aborto Elétrico) fazem com que a capa seja assimétrica, irregular, ao acaso, e espontânea. A tipografia do nome da banda e do título do álbum representam, em ordem, o espírito punk, transgressor,

sujo, agressivo; e o segundo o objetivo do álbum é abrir o arquivo do aborto elétrico. Para isso, o nome da banda foi escrito com uma tipografia bold, sem serifa, com os ocos pequenos, levemente condensada, com algumas falhas na tinta fazendo referência à escrita por estêncil, usada na arte urbana, com um espaçamento entre palavras semelhante ao entre letras, fazendo com que pareça somente uma palavra, além da cor vermelha para reafirmar as características previstas. Enquanto isso, a tipografia sem serifa do título do álbum tem referência ao clichê clássico de uma máquina de escrever em branco.

11 - eu nunca disse adeus Esta capa é claramente disposta para que os integrantes fiquem em destaque, já que estão em primeiro plano com roupas pretas, tendo como fundo um muro (talvez referenciando com o álbum The Wall do Pink Floyd) com tons de cinza, portanto, isso faz com que eles chamem muito mais atenção. Para isso, a imagem é assimétrica, irregular e bastante dinâmica, já que tem linhas diagonais a partir da perspectiva do muro, e as expressões corporais dos integrantes. Percebe-se uma leve influência nos cartazes construtivistas russos por dois pontos principais: o primeiro é o muro e sua forma que lembra muito o cartaz de Rodchenko, e o segundo é a tipografia. A tipografia que é totalmente quadrada, bold, sem serifa na maioria das letras, já que o “I” é serifada (serifa egípcia). O nome da banda está justaposta a Ano: 2007 imagem, onde a palavra “capital” está opaca e amarela, foto : autor desconhecido nesta pesquisa Projeto gráfico: Bruno batista

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análise do material gráfico enquanto “inicial” é transparente e feita em tons de inclusive com uma parte das letras dos extremos preto. A caixa de texto ocupa toda a extensão da capa, sangrando a capa.

12 - das kapital A capa deste álbum se baseia na complexidade por conta do grande tamanho de informação no painel superior, adicionado à metade inferior, onde aparecem diversas pessoas em muito movimento, por conta do efeito para que fique desta maneira, deixando a imagem com dinâmica e destacando os integrantes, já que estão em êxtase, contrapondo a atividade das demais pessoas.

Na metade inferior do sistema é possível analisar as diversas pessoas que estão a se movimentar e suas individualidades, suas profissões, suas atitudes, mas mesmo estando com diversas pessoas em movimento por perto acabam só prestando atenção em seus problemas, deixando as pessoas cada vez mais egoístas - isso por conta dos valores ensinados pelo sistema.

Por conta do nome do álbum ser o nome do livro de Karl Marx, ligado à economia, o cenário da capa é a bolsa de valores, onde na metade superior há uma tabela mostrando números da cotação e valor de empresas e moedas dos países, porém, neste caso foram substituídos por outros parâmetros, como diversão, rock, amor, sexo, respeito e consciência, mostrando uma visão crítica quanto aos valores que uma sociedade se baseia. Neste painel, está inserido o nome da banda em verde, sem serifa e bold em caixa alta e o título do álbum feito com referência em uma tipografia digital, já que está em tal meio, portanto, feita com pixels, sem serifa, com a primeira palavra em caixa alta e a segunda com a primeira em caixa alta e as demais letras em caixa baixa, com pouco espaçamento entre letras e com uma ruptura na última letra da primeira palavra e na Ano: 2010 foto : maurício santana primeira letra da segunda palavra com duas linhas. Projeto gráfico: nasser said

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capital inicial 13 - saturno Último álbum lançado pela banda até então (2013), é pautado pela temática da luminosidade – essa, que em um infinito escuro do universo, é destaque, contraste, e exagero. Portanto, a capa tem um fundo com muitos spots de luz, também remetendo ao show, e diversos cabos no chão, quase como uma areia movediça a engolir os pés dos integrantes que estão em destaque, em primeiro plano. A capa é conceituada visualmente a partir da assimetria, irregularidade e muito dinâmica por conta da posição dos integrantes e das direções do feixes de luz. A tipografia do nome da banda é caligráfica, e pela primeira vez em caixa baixa. Entre as duas palavras foi inserido um símbolo de foguete em alusão à viagem ao universo. Ano: 2012

O título do disco foi feito com light painting, uma foto : maurício santana Projeto gráfico: m. rossi técnica que usa uma lanterna para desenhar, neste caso escrever, portanto, essa tipografia é manuscrita e está em primeiro plano, na frente dos integrantes da banda, com uma cor voltada para o amarelo claro, conseguindo um bom contraste em relação ao vestuário escuro dos integrantes.

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proposta do

projeto

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Proposta do projeto

tema Foram desenvolvidos projetos gráficos para três discos da banda Capital Inicial, usando como suporte, a embalagem do vinil. Cada álbum tem seu próprio conceito e linguagem, desenvolvidos a partir de sua singularidade, portanto, cada disco é idealizado de forma isolada aos demais.

Objetivo Expor a possibilidade de outra perspectiva para capas do Capital Inicial e consequentemente, para o rock nacional. Exaltar a importância dessa banda para o rock e o cenário musical brasileiro, a partir da seleção de alguns álbuns da trajetória da banda para ser feito um projeto gráfico. Conseguir, quase na metade da segunda década do século XXI, fazer capas contemporâneas, subsidiado e referenciado por projetos das primeiras décadas da indústria fonográfica. Além disso, adaptar essa linguagem à uma banda como o Capital Inicial.

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tema / objetivo / JUstificativa

justificativa Capas de Disco e Cartazes A escolha da capa de disco pode ser explicada por ser o meio, dentre os fonográficos, que mais valoriza o trabalho gráfico, na apresentação da obra do artista, dentre os suportes que vendem música (CD, Cassete e MP3), já que são em escala grande, possibilitando um trabalho detalhado e um projeto sistêmico, já que é composto da própria capa, do verso, encarte, bolacha, proteção para o LP e parte interna, se for um álbum duplo. A escolha deste suporte foi principalmente por conta do movimento que acontece atualmente, onde a maioria das pessoas que querem apenas a música vão conseguí-la de forma digital. Portanto, o disco é vendido muito mais pelo trabalho gráfico do que pela música propriamente dita, onde quem vai adquirir um LP acaba buscando, no mínimo, um trabalho gráfico de qualidade, saindo da premissa que o gráfico vai igualar a qualidade alcançada no disco de vinil. Quem compra LP (Long Play) possui características que voltam a uma época mais romântica, desacelerada, onde há um prazer no ritual de tirar o disco da embalagem, uma visão poética ao colocá-lo na vitrola e só então abaixar a vitrola com cuidado para que a música comece a tocar, deixando o usuário mais próximo da música, tornando, o produto música, algo menos volúvel. A volta dessa mídia é um dos exemplos do conceito de artístificação. Artístificação é a expressão usada por Décio Pignatari 13, baseada em conceitos de McLuhan 14, para explicar o movimento que ocorria após a mudança de uma mídia, onde um meio que é substituído por outro passa a ser arte. Por exemplo, até se inventarem a câmera fotográfica, as pinturas eram cercadas pelo realismo, portanto, elas eram fotografias em telas, onde, quanto mais o artista chegasse próximo a realidade do que estivesse pintando, mais ele alcançaria o êxito. Após o advento da câmera, acontece uma mudança de como as pessoas se relacionam entre si e com o mundo. A partir daquele momento, a pintura muda -já que a fotografia passa a imprimir, praticamente, a realidade como é vista – fazendo com que os pintores passem a retratar a subjetividade pessoal. Seguindo essa linha de raciocínio, o LP foi substituído por dois outros grandes meios, primeiramente pelo CD fazendo o disco de vinil ficar em segundo plano. A posterior criação do formato MP3 e o uso de aparelhos para ouví-los, fez com que o vinil primeiramente passasse para terceiro plano, mas atualmente, segundo vendedores de loja de música, a venda de disco é 70% comparado aos 30% de venda de CD, Luiz Calanca (loja Baratos e Afins) afirma que “não é o vinil que renasceu, mas o CD que morreu”. 13 - PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. 25. ed.Cotia: Ateliê,2002. P.84 14 - MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 1964. P.220

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Proposta do projeto Portanto, apesar de cada capa ter um conceito diferente, elas serão desenvolvidas baseadas na volta às primeiras décadas da capa de disco. Alcançando uma identidade entre os cinco projetos, através da ilustração e a tipografia dos elementos geométricos. Outro ponto a se ressaltar é a defasagem nesse quesito da banda escolhida, possibilitando assim que a qualidade exercida nos álbuns, nas músicas e nas letras transcendam a música e cheguem ao projeto de design.

A banda Capital Inicial A escolha da banda para se produzir o TCC foi pensada por sua importância no rock brasileiro, já que a banda tem 35 anos (desde o começo do Aborto Elétrico), conseguindo estar consolidada no cenário musical. Outro ponto importante que chega a ser um desafio é atender duas gerações, já que eles vem de um passado e estão no presente, olhando para o futuro, sabendo unir o punk das raízes com o rock e conseguindo ser popular. Refletir o Brasil e um grupo social foi outro motivo desta escolha, que pode-se dizer tem dois locais de origem base: Brasília e São Paulo. Sendo assim, ela apenas reafirma o conceito explicado na história do rock, de ser mutante. Conseguindo sempre ser novo em relação aos seus antecessores, que cresce a partir de si, que evolui, que move, cria, que apesar de plural é único e pessoal, atingindo cada um de uma forma, apesar de influências de bandas internacionais como Pink Floyd ou Led Zeppelin, que sempre valorizaram a parte gráfica, e acabaram sendo reconhecidos por isso, tanto pelo público, como pela mídia especializada, resultando em premiações. O Capital Inicial acaba não conseguindo ter um projeto gráfico muito contundente, sem sustentação. Pode-se perceber também que a maioria das capas tem o foco principal na banda, deixando de lado o próprio conceito do disco e o que ele quer dizer, fazendo com que não seja conciso (onde as duas primeiras capas e a penúltima tem um foco na subjetividade, no discurso e são coerentes ao conteúdo do disco, porém, as demais, tem um foco comercial, de marketing). Faz-se com que o discurso das músicas e o sentido geral do disco, não seja expressado na capa, havendo uma ruptura de conceitos, perdendo a unidade entre o conteúdo musical e o gráfico. Portanto, esse é uma abertura para modificações.

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justificativa /Metodologia

metodologia Primeiramente, foi feita uma análise sistêmica de cada um dos três discos. Análise feita de forma semelhante à um exame diagnóstico dos álbuns escolhidos, separando e analisando todas, ou as principais, músicas do disco de forma semiótica e sistêmica, fazendo com que haja um entendimento completo dos discursos das músicas. Dessa forma, será possível conceituar cada disco. Isto é importante, pois levará ao êxito quanto à unidade entre o conteúdo musical e gráfico. A partir deste conceito, será selecionada uma linguagem para se fazer o projeto de cada álbum (capa, contra capa, bolacha encarte e proteção de disco), possibilitando a procura de referências, brainstorm, inicio dos estudos, rafes, escolha de cores, formas, desenvolvimento de grid, pautado pelas teorias da linguagem visual.

conceito Partindo do pressuposto que o universo é uma grande rede interligada e o mundo é uma parte disso, é possível seguir o pensamento onde o mundo é um grande malha de interação, onde seres animados e inanimados estão a todo instante se modificando. Todavia, o vasto universo conectado também ocorre dentro de nós, e estamos em constante transformação, mudança, mutação e não só estamos nos mudando (pensamentos, ações, realidades, percepções, opiniões, etc) como também mudando o que está a nossa volta que também acabará nos mudando, fazendo com que as mudanças aconteçam de dentro para fora. Portanto, o trabalho será norteado pelo conceito de metamorfose (do Grego METAMORPHOSIS, “transformação, alteração”, formada por META-, “além”, mais MORPHO, “forma, aspecto”), que é um

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Proposta do projeto processo que ocorre de forma maior ou menor dependendo de diversos fatores, mas é certo que acontece, constantemente. O Capital Inicial não só passou por isso - já que é um pequeno núcleo (compostos pelos integrantes) dentro de um universo maior – mas, modificou o todo e foi modificado (inclusive entre os componentes da banda), como também guiaram-se (conscientes ou não) por esse conceito em sua trajetória, se adaptando ao ambiente e suas conexões nesses 35 anos, de forma coerente.

Conceito Chave Este projeto passou por uma dinâmica diferente, já que é defendido que cada disco tenha sua história, pois cada album quer passar algo para quem ouve. Para isso, além desse conceito, metamorfose, que subsidiou todos os discos, ou seja, foi um conceito chave, cada disco teve um conceito específico, para que fosse possivel alcançar a essência de cada obra. O conceito chave norteou principalmente as estruturas dos discos, a formulação de seus elementos e, apesar da proposta ser trabalhar cada disco separadamente, não como uma coletânea ou um “box”, conceitualmente, se analisarmos o conjunto, pode-se perceber uma semelhança com a metamorfose que acontece com a borboleta. Onde na primeira etapa ela se fecha no casulo, no segundo há uma evolução dela dentro de si e para fora e por fim ela sai do casulo e se espande para finalizar se transformando em borboleta.

Escolha dos discos a serem trabalhados As escolhas desses três discos foi pensado para seguir o conceito da metamorfose. Onde cada um representa uma fase de transformação, mudança para a banda. O primeiro, é literalmente o album inicial do Capital Inicial, onde eles tinham muita influência do punk, da crítica e do protesto. O segundo disco, “Atrás dos olhos” marcou uma virada na trajetória da banda, já que marca a volta do Dinho ao Capital Inicial, há uma migração do punk para músicas mais subjetivas, que refletem a pessoa e voltadas muito mais para o romantismo. O terceiro e ultimo disco, saturno, reflete o amadurecimento do grupo, inclusive por ser o segundo disco lançado após o acidente do vocalista, onde ele cai do palco. As músicas são praticamente a mistura do primeiro e segundo discos trabalhados neste projeto, pois mistura o protesto e o punk com o romantismo e musicas mais subjetivas.

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proto

conceito / metodologia

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projeto

Disco 1: Capital inicial Análise do conteúdo musical do álbum O primeiro disco da banda lançado em 1985 tem fortes influências do “conjunto mãe”, Aborto Elétrico, aonde também cantava Renato Russo, que criou a Legião Urbana. Por ter músicas criadas entre começo (Aborto Elétrico) e a metade da década de 80, época final da ditadura, momento que se era mais liberado, de certa forma, a expressão. Com isso, os jovens do Capital Inicial tinham pela primeira vez a chance de dizerem o que pensavam, durante todos esses anos, que viam diversas injustiças ocorrendo diante de seus olhos. Não seria incomum encontrarmos músicas de protesto neste disco, já que diversos sentimentos, traumas, amarguras estavam guardados por tanto tempo, ainda mais para eles que estavam do lado do centro de comando do Brasil. Porém, o que surpreende é que todas as músicas são um choque contra toda essa barbárie que aconteceu por décadas. Ao mesmo tempo é criticado a maneira gananciosa das pessoas tanto pelo dinheiro como pelo poder, colocando isso na frente de tudo. A igreja também é colocada em questão, sobre dogmas banais, como na letra de “Fátima”15 onde é referenciado à história de Nossa Senhora de Fátima, porém a mesma foi alterada, onde as três crianças que encontraram Fátima, não foram avisar ninguém que haviam encontrado com a santa, além disso relatam que o vinho virou água (em relação à Jesus ter transformado água em vinho) e no terceiro dia Jesus não havia ressuscitado, enfraquecendo assim as histórias relatadas pela instituição religiosa. Analisando as músicas do disco, é passado um cenário de uma sociedade dividida por muros invisíveis, onde um lado continha as pessoas que lutavam contra a ditadura e outra que ficava quieta e não fazia nada para mudar e acabava vivendo uma vida “normal” (“É claro que no fundo / Deste lado do muro / Continua como sempre foi”). Seguindo esse raciocínio, o disco transcorre por suas músicas revelando duas pessoas, uma de cada lado do muro, como elas pensam, agem, o que gostam, algo semelhante a um exame, ou um estudo aprofundado. De um lado está o conformado, que não quer fazer nada para mudar a situação instaurada, inclusive alienada pela televisão acaba olhando o meio do jeito que os que detém o poder querem, fazendo com que a pessoa deste lado do muro acabe por não pensar por si e sim pelo que a mídia mostra. Do outro lado do muro está uma pessoa que é inconformada, explosiva, revoltada, dizendo que repudia as pessoas do outro lado do muro e os poderosos (“não quero ser como vocês” “pedras nos meus sapatos) e por isso tem uma luta solitária contra o poder, que inclusive não é possível ter contato, na letra é chamada de torre, referenciando ao controle e à alienação(“Por toda plataforma, você não vê a torre). 15 - LEMOS, Flávio.;RUSSO,Renato. Fátima. Interprete: Dinho Ouro Preto. In: CAPITAL INICIAL. Capital Inicial. São Paulo: Polygram LTDA, 1986. LP. Faixa 11

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capital inicial Diferente da outra pessoa, ele tem repugna da televisão (“sempre assisto a rede Globo com uma arma na mão, quando aparece o Francisco Cuoco, adeus televisão), além de mencionar diretamente o governo (“quero soltar uma bomba no congresso) e os pequenos poderosos, que tem algum cargo de ordem e se aproveitam disso, no disco é representado pelo lanterninha do cinema que “não tem pena de você” e a polícia, criticada em toda a música “Veraneio Vascaína”, mostrando esse setor como um gigante de chumbo que passa sem dó em quem estiver na frente, inclusive mostrando uma linha tênue entre o ladrão e o policial (“assassinos armados, uniformizados” “Ladrão pra roubar,marginal pra matar, papai eu quero ser policial quando eu crescer”). Portanto, a pessoa vive em uma selva (“há anos preso nesse labirinto, eu só conto com meus instintos”) cotidiana, sendo pressionado por si e pelo meio, que sempre estão de olhos, vigiando. A partir do próprio discurso do disco a linha a ser seguida pelo projeto gráfico desse primeiro disco será a opressão.

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Cores Pantone® Black 6 U Pantone® 489 U substrato 69


projeto Análise do disco feito O projeto teve como parâmetro a opressão e desde o princípio o pensamento foi de passar uma sensação de estar preso, de não conseguir ver, de sempre ter algo escondido, como se o usuário estivesse dentro da realidade, do meio, do mundo ditadura. Primeiramente, a própria estrutura da embalagem começa a proporcionar este ambiente, já que diferente da maioria das embalagens de disco, ela é composta de cinco elementos, sendo eles: Luva da Capa; Capa; Encarte; Luva do disco e o Rótulo do disco. Isso, representando dois pensamentos: o primeiro se baseia na opressão como forma de segurar e prender, portanto essas camadas, uma dentro da outra, representam o fechado e enclausurado; a outra explicação é de uma poética ao usuário, que ao retirar cada camada, está adentrando na verdade, referenciando a busca das reais verdades que se mostra nas letras do disco que o personagem tanto buscava, podendo fazer uma analogia à uma cebola, que tem que abrir todas as camadas para encontrar o miolo dela, o núcleo, que no álbum, seria o disco, que contêm as músicas, que terão o papel de relatar essa verdade. As cores usadas foram:Pantone 489U, para significando a pele, a pessoa, a unidade sujeita a esse sistema; Pantone Black 6 U, que predomina no projeto, em sentido de luto, por tudo que ocorria na ditadura e por fim a cor do próprio suporte, como feixes de luz dentro da escuridão.

capa

Luva da Capa

Luva do disco

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encarte

Rótulo do Disco


capital inicial Luva da Capa A luva da capa é pautada pela simetria, estabilidade, sequencialidade, regularidade, economia. E um contraste que ocorre entre a mistura das linhas que trazem movimento e dinamicidade, e as silhuetas que “rasgam”as linhas se voltam ao estático. A luva possui um vazado no formato de um losango que acaba mostrando um recorte da capa, seguindo os parâmetros dessa forma, foram feitos losangos que repetem os pontos das laterais e aumentam sua altura. Esse conjunto de formas geométricas representa a reverberação, já que quando se há uma deficiência visual, outros sentidos são aguçados, principalmente o sonoro, que é fundamentado através da reverberação. Além disso, há uma semelhança com um muro, isso por passar a sensação de profundidade, esse “muro” é a representação de uma prisão. Sobre as linhas estão as silhuetas de quatro pessoas e cinco pares de mãos, isso representando que a pessoa que está no centro, portanto, com sem a silhueta pra fora, está literalmente preso, inclusive, quando se retira a capa da luva, na parte interna da mesma, temos a impressão da silhueta dessa pessoa, reafirmando a prisão. Os demais estão libertos de prisões físicas, mas estão presos dentro do sistema ditatorial, estão presos nas mentiras que a mídia “vende” como verdade absoluta. Esse é o motivo de apenas suas silhuetas estarem fora e não o corpo como um todo. O nome da banda é impresso em verniz localizado, para que não seja tão fácil de se ver. A tipografia usada é a técnica de estêncil que sempre foi usada em cartazes ou até mesmo em muros, para passar mensagens, isso por ser um tipo mais fácil de ser feito e reproduzido nesses meios por pessoas que não tem um vasto conhecimento tipográfico.

Processo de criaçao da luva da capa I

No verso da luva está a silhueta da pessoa que está literalmente presa com todas as linhas voltadas para ela, mostrando ao mesmo tempo uma teia que ela estivesse presa e holofotes voltados pra ela no meio da escuridão.

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frente da Luva da capa

CAPITAL INICIAL


verso da Luva da capa


projeto Capa Este elemento segue a simetria, regularidade, estabilidade, sequencialidade, elementos estáticos. Propositalmente, foram colocadas no sistema visual, as mãos e as cabeças sobre um fundo preto, fazendo com que, a partir dos fundamentos da gestalt, o olho completasse o tronco dos personagens. É usada a mesma tipografia da luva da capa, porém é impressa com a cor da pele das personagens. Essas são divididas em dois grupos, da mesma forma que há divisão relatada na letra da música, como os dois lados do muro, porém ambos estão em posição estática, mostrando a rigidez do regime militar e a impossibilidade de se ficar à vontade. Uma das partes está com quase todas as pessoas da capa, exceto um. Esse grupo é semelhante a um boneco de vitrine: todos são iguais, tem o mesmo tom de pele, são pálidos, carecas, possuem bocas, mas não tem olhos, já que não veem o que realmente acontecem e acabam replicando o que lhes é dito, como um papagaio, esse é o motivo de ainda poderem falar. A exceção deste grupo é totalmente o oposto aos demais, já que possuem outro tom de pele, uma cabeça posicionada de outra forma (levantada) e olhos, (já que vê além dos seus olhos, interpreta, busca a verdadeira informação e exatamente por isso não tem boca, pois não pode falar o que sabe). Ele chora sangue por estar nessa condição, pois conseguiu o que Platão relata em seu “Mito da Caverna”, onde basicamente um homem saiu da caverna para ver o que era a sombra que estava na parede e para isso precisou de um processo, porém diferente da história de Platão, a personagem da capa, não pode voltar à caverna para contar aos demais a verdade. O verso é composto pelo grupo de “bonecos” todos de costas, enquanto a exceção deste grupo não aparece de costas, demonstrando que este enfrenta os problemas e encara “a torre”.

I

Processo de criaçao da frente da capa

74


capital inicial

I

Processo de criaรงao do verso da capa

CAPITAL TAL AL INICIAL IN Capa inserida na luva do disco 75


frente da capa

CAPITAL INICIAL


verso da capa

1. Música Urbana 2. No Cinema 3. Psicopata 4. Tudo Mal 5. Sob Controle 6. Veraneio Vascaina 7. Gritos 8. Leve DesesperO 9. Linhas CruzadaS 10. Cavalheiros 11. Fátima Produzido por Universal - Av. Tamboré, 25 - Alphaville - Barueri - SP Indústria Brasileira, sob licença de Jorge Luiz Rubio Rodrigues Haroutiounian. Todos os direitos reservados. Proibidas a reprodução, execução pública deste disco.


projeto encarte O conceito chave de metamorfose fica explícito neste disco no corte que há na luva, já que durante a retirada da capa, o vazado do corte vai se alterando. Outro ponto que representa o conceito é o encarte, que foi projetado como um miolo de livro, porém tem um corte bilateral, unido pela região do corte duas folhas, obrigando o usuário a cortar a lateral para conseguir ler as letras das músicas, já que na parte externa das folhas há olhos impressos em um fundo preto. A interação proposta é justificada seguindo o que já foi citado em relação às camadas anteriores, onde para conseguir a informação é preciso um esforço e perseverança, representados pelo corte necessário. O padrão de olhos no fundo representa a vigilância, os policiais, os militares que estavam sempre procurando alguém que fosse contra o sistema ou tentasse ter ideais diferentes do ditado, além de representar os olhos dos bonecos da capa, vagando, em busca de vida no meio da escuridão. Para alcançar essa sensação, foi necessário o uso da assimetria, irregularidade, exagero e principalmente, espontaneidade. Na parte interna do encarte onde estão as músicas, é trabalhado um padrão geométrico aplicado com transparência, e sobre esse fundo as letras das músicas usando tipografia que se assemelha aos tipos usados em máquinas de escrever, remetendo aos documentos da ditadura que eram escritos através desse maquinário.

I

Processo de criaçao da parte externa do encarte

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capital inicial

I

Processo de criaรงao da parte interna do encarte

Simulaรงao de uma pรกgina do encarte 79


Parte externa do encarte


parte interna do encarte


projeto Luva do disco Pautado pela simetria, previsibilidade e pela justaposição, esta parte do projeto é feito usando total referência à um olho: o olho do “mestre”, usando linhas semelhantes às usadas na luva da capa, fazendo uma alusão de que a composição de losangos da luva tem relação com o olho, mostrando que este estava presente de alguma forma desde o começo, além de remeter à uma estrutura que sustenta o que há na superficialidade.

Bolacha A interação da bolacha com a luva do disco é a mesma que a íris e o olho, e ao retirar o disco da luva, faz com que a íris saia do sistema olho. Essa parte foi feita com referência à Op Art, através da ilusão de ótica, que é comprovada ao colocar o disco no prato do toca discos e começar a rotacioná-lo, e por fim, depois de caminhar, o usuário irá conseguirá chegar às informações que procura.

I

Processo de criaçao da luva do disco

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capital inicial

I

Processo de criaรงao do rรณtulo do disco

Simulaรงao do disco dentro da luva do disco 83


Luva do disco


R贸tulo do disco


projeto Montagem de orçamento Peça: Luva da Capa Formato Aberto: 37 X 64 Formato Fechado: 31,5 X 31,5 Suporte: Duplex Gramatura: 270g/m² Cores: 1 X 0 (Pantone® Black 6 U + Verniz Base de Água) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Envelope com faca especial com dois pontos de cola - Laminação Bopp fosca - Verniz localizado Tiragem: 1000 Peça: Capa Formato Aberto: 34 X 62,5 Formato Fechado: 31 X 31 Suporte: Duplex Gramatura: 270g/m² Cores: 4 X 0 (Quadricromia + Verniz Base de Água) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Envelope com faca especial com dois pontos de cola - Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000 Manuseio: Inserção da capa dentro da Luva da Capa

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Ponto de Cola

Verniz localizado CAPITAL INICIAL

Faca de corte especial da luva do disco com acabamentos

Ponto de Cola

Faca de corte especial da capa


capital inicial Peça: Encarte Formato Aberto: 61 X 61 Formato Fechado: 30,5 X 30,5 Suporte: Couchê Fosco Gramatura: 90g/m² Cores: 4 X 1 (Quadricromia + Verniz Base de Água) + (Pantone® Black 6 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: 08 páginas, dobra com lombada tipo

refile dO ENCARTE

canoa acabamento com grampo à cavalo

Refile Bilateral (Superior e Inferior)

Tiragem: 1000 Manuseio: Inserção do encarte dentro da Capa Peça: Luva do Disco Formato Aberto: 33,5 X 62 Formato Fechado: 30,5 X 30,5 Suporte: Couche Fosco Gramatura: 90g/m²

Ponto de Cola

Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U + Verniz Base de Água) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: Envelope com faca especial com dois pontos de cola Tiragem: 1000 Manuseio: Inserção da Luva do Disco dentro da Capa

Faca de corte especial da LUVA DO DISCO

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projeto Peça: Rótulo do Disco Lado A Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco

Faca de corte especial do rótulo do disco Peça: Rótulo do Disco Lado B Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco

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capital inicial

tipografia New Stencil

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y z Rough Typewriter

A O a o ç

B P b p ˜

C Q c q `

D E F G H I J K L M N R S T U V X W Y Z d e f g h i j k l m n r s t u v x w y z ˆ ´ { } ( ) / \ > < 89




projeto

Atrás dos olhos

Disco 2: Atrás dos olhos Análise do conteúdo musical do álbum O segundo disco projetado marca a volta da banda em 1998, ou seja, um renascimento do Capital Inicial. Isso aconteceu pela volta do vocalista Dinho Ouro Preto, que passou alguns anos fora da banda, onde passou parte do tempo se drogando e isso influenciou claramente as músicas deste disco. O disco começa com a música que dá o nome ao álbum e descreve uma divisão em três partes na ação de olhar. São elas: “Atrás dos olhos”, ou seja o pensar; “Na frente da face”, que representa o que está sendo visto e, por fim, “O próprio olho”, que não é explicitamente citado, mas fica subentendido. O olho como foco dessa música mostra o qual será o instrumento de subsidio no disco, a percepção. Permanecendo no mesmo raciocínio, o restante das músicas segue com essa relação de três partes, porém o tema de foco é vida e o tempo, descrevendo o passado, citando modificações para o presente e expectativas do futuro. O eu lírico das letras se mostra muito arrependido pelo que fez na sua vida por alguns de seus atos, exageros e como foi a interação dele com as pessoas, com o meio e com a morte, que fica explícito em algumas letras como: “Vão falar que você usa drogas e diz coisas sem sentido”, “O que você quer, Não cheira nem brilha”, “tantos anos desejamos, o que nós não queremos”, “De resto é, Tanto pó, Na frente, Do meu nariz”, “Tento imaginar o que nunca senti”, “Nós todos cometemos erros”, “Em busca do tempo perdido em mim”, “pagando agora pelos erros, que vamos cometer chegando perto, pra não tocar vivemos sem respirar”. Seguindo essa linha de raciocínio, ele mostra um presente onde procura redenção e para isso, decide não ficar se culpando pelo que fez no passado, mas usar essas experiências para tirar conclusões e mudar, transformar o modo de pensar e interagir com o meio, mostrando a partir das músicas uma mudança de pensamento e consequentemente de atitude, explicitando uma inversão de valores em relação ao passado. Portanto, ele passa a valorizar as pequenas coisas da vida, de experimentar tudo que a vida pode lhe propor, inclusive, percebendo o quanto ele é pequeno em relação ao mundo, como nos trechos: “Chega a hora então de provar tudo que existe/ Tire agora os sapatos jogue tudo pro alto sinta o chão”, “Tem alguma coisa nova pra fazer?/ Vamos lá então ter um dia diferente”, “Um dia na vida uma gota no oceano”, “Já que é bem melhor ser importante pra si mesmo”, “Se eu for ligar para o que é que vão falar não faço nada”. Em algumas músicas, há claramente uma relação com outra pessoa, que ele acaba por descrever em elementos menores, mostrando

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Atrás dos olhos o valor atribuído às pequenas coisas “ Vou estar em tudo em que você vê / Nos seus livros, nos seus discos / Vou entrar na sua roupa...Embaixo da cama / Nos carros passando / No verde da grama / Na chuva chegando”, “Deitados nos trilhos do trem / olhando as estrelas caírem”. Por fim, a partir dessa mudança de perspectiva de vida, há uma presunção do futuro, encarado de maneira positiva, como se o resultado dessa mudança não fosse só causar mudanças em curto prazo, mas também em longo prazo, explícito no trecho: “Ninguém sabe as respostas / Então porque perguntar”. Sendo assim, o disco trata sobre os valores empíricos, fazendo com que altos e baixos fossem aproveitados, sempre para buscar o melhor. Esse é o motivo do meu projeto gráfico do segundo disco ter o conceito de crescimento, no sentido, que a partir do momento que o homem, por uma necessidade de adaptação ao ambiente, possui uma mudança física, porém essa evolução chegou ao seu máximo, com o homo sapiens, e a partir desta fase, o crescimento acontece no seu interior, como foi descrito acima, com uma mudança de pensamento, de percepção de noção do mundo e de si no mundo, portanto é outra maneira de lidar com o meio.

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projeto

Cores Pantone® 691 U Pantone® 704 U

tipografia Clemente

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x w y z ç ˜ ˆ ´ ` ( ) { } ? / \ 94


Atrás dos olhos Análise do disco feito O crescimento é uma maneira de evoluir, porém para isso é necessário se expor, principalmente se esse crescimento acontecer da maneira descrita no disco, fazendo com que em alguns momentos desse processo, tudo acabe tornando o ser frágil. Portanto, a embalagem escolhida foi uma caixa, para representar a proteção, que é feita para o disco que contém toda essa história de vida, da mesma forma que uma tartaruga necessita de seu casco para manter-se protegida. Para representar ao mesmo tempo a divisão temporal descrita no disco (passado, presente e futuro), me apoiei no começo do Cubismo, que tinha um pensamento, baseado em Henri Bergson16, pautado pela simultaneidade e a duração, onde a interação de cada uma das diferentes faces do objeto fundia o passado com o presente e caminhava para o futuro de maneira fluída, além de pender para o abstrato e ter a paleta de cores baseada na monocromia. A paleta de cores escolhida para esse projeto é feita para remeter ao ser humano, que no gradiente de cores: o mais escuro remete ao músculo e o mais claro refere-se à uma das possíveis tonalidades de pele humana. 16 - DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosac Naify, 1a edição, 2003.

Encarte lado b

Encarte lado A Caixa Luva do disco

rótulo do disco

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projeto A caixa Esta parte do disco é dividida na caixa onde está impresso o verso da capa e a tampa onde está a capa do disco. A capa do disco é feita a partir da instabilidade, assimetria, irregularidade, complexidade, espontaneidade e a variação. Apresenta no centro, um signo que indica (já que abre possibilidade para ser diversas coisas) uma cor chapada, porém, apesar de não ser divulgado este elemento, é possível perceber a sua interação com o resto da capa, que é formada pela união de triângulos com as cores da paleta, passando a impressão de tridimensionalidade em um suporte bidimensional. Além do mais, essa malha formada por triângulos remete à um casco, reafirmando a ideia de proteção. Predominantemente simbólica, o trabalho tipográfico na capa simboliza a relação do título da diagramação com o nosso sistema visual, ou seja, como nosso olho. A imagem, ao passar por nossos olhos, se forma na retina invertida em relação ao nosso objeto inicial. Ao criar o título, foi usada a função poética da linguagem, transformando a palavra “atrás” em uma simulação de como realmente a enxergamos dentro do corpo. Portanto, a maneira como enxergamos é diferente da maneira como vemos e a linha simboliza esse limite, mostrando uma forte referência com a poesia concreta e a relação da palavra com a imagem. O fio que separa o título também auxilia no entendimento do que é o olho e o que é formado atrás dele. A palavra olhos reforça a conexão com o referente a partir deste fio. A tipografia escolhida tem a característica de ser arredondada, remetendo aos olhos e a forma orgânica de um corpo, além de estar com um peso leve para representar a sutileza da vida. No verso da capa acontece uma inversão, já que o que era a representação do meio do mundo fica com uma cor chapada, igual ao elemento inicial e este por sua vez incorpora a malha que havia no “ambiente”, inclusive pode-se dizer que através dos fragmentos (triângulos) se forma a unidade (objeto). Claramente este elemento central tem duas analogias: a primeira é à uma pedra, que quando está em seu ambiente natural é lapidada pela ação do próprio ambiente, seja ele, animais, vento, chuva, sol - da mesma forma isso acontece na trajetória de vida, que a partir da interação da pessoa com o meio, ela vai sendo lapidada. Outra relação, é a sua forma remeter a um coração, que simboliza o ser humano. As caixas de texto com o título das músicas estão dispostas de maneira simétrica nos cantos do verso em um tipografia igual a aplicada ao título, porém para aplicar a hierarquia entre o título das músicas e o lado do disco foi peso diferente entre essas duas partes.

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Atrรกs dos olhos

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Tampa (capa)


Caixa (verso)


projeto Encarte Ao abrir a caixa, o usuário encontrará dois triângulos juntos formando um quadrado e parecendo estarem juntos, porém eles são divididos, formando uma das partes mais interessantes e diferentes do disco, já que cada triângulo representa um lado do disco e, portanto, contém as músicas do seu lado. A surpresa acontece ao abrir o triângulo que, quando aberto totalmente, forma um retângulo, porém pode acontecer uma interação do usuário com as dobras (três) dessa parte do encarte, que aliado com o papel que será com uma gramatura maior, do que normalmente é, produzido os encartes, fazendo com que possa se formar diversas formas com um encarte, onde ele fica semelhante às pirâmides, simbolizando a real transformação, metamorfose do bidimensional para o tridimensional e remetendo as formas encontradas na capa.

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AtrĂĄs dos olhos

encarte aberto

possĂ­bilidade do encarte virar um objeto feito pelo usuĂĄrio

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encarte m"" ontado


encarte f"" echado


projeto luva do disco Esta parte do projeto, diferente das demais, é apenas trabalhada pelas linhas das formas triangulares, formando uma malha semelhante a caminhos e interligações, primeiro para simbolizar a relação entre as pessoas e o ambiente e a complexidade dos caminhos da vida e; segundo pelos parâmetros de instabilidade, assimetria, irregularidade, complexidade e o acaso que cria um contraste com a bolacha do disco.

Bolacha A bolacha é formada por uma forma gerada a partir do elemento do verso da capa sobre um fundo com a mesma malha da capa, portanto, é enfim a união do meio com o objeto. A relação da luva do disco com a bolacha é que o primeiro demonstra as linhas, e estrutura dessa malha, e o segundo, as linhas que acabam sucumbindo a partir do volume encontrado nas cores colocadas nas faces deste elemento.

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Atrรกs dos olhos

Simulaรงao do disco dentro da luva do disco 105


Luva do disco


R贸tulo do disco


projeto Montagem de orçamento Peça: Tampa da Caixa Formato Aberto: 35,2 X 35,2 Formato Fechado: 31 X 31 X 1,5 Suporte: Duplex Gramatura: 270g/m² Cores: 2 X 1 ( Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) + (Pantone® 691 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Caixa com faca especial com dois pontos de cola - Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000

Peça: Caixa Formato Aberto: 36,8 X 36,8 Formato Fechado: 30,8 X 30,8 X 2 Suporte: Duplex Gramatura: 270g/m² Cores: 2 X 1 ( Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) + (Pantone® 691 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Caixa com faca especial com dois pontos de cola - Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000

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Faca de corte especial da tampa com acabamentos

Faca de corte especial da capa


Atrás dos olhos Peça: Encarte Lado A Formato Aberto: 60 X 30 Formato Fechado: Triângulo ( Cateto= 30 X Hipotenusa= 42,5) Suporte: Couchê Fosco Gramatura: 120g/m² Cores: 2 X 2 ( Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Faca Especial

- Laminação Bopp fosca

Tiragem: 1000 Manuseio: Dobra

Peça: Encarte Lado B Formato Aberto: 60 X 30 Formato Fechado: Triângulo ( Cateto= 30 X Hipotenusa= 42,5) Suporte: Couchê Fosco Gramatura: 120g/m² Cores: 2 X 2 ( Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana

Faca de corte especial do encarte

Acabamento: - Faca Especial

- Laminação Bopp fosca

Tiragem: 1000 Manuseio: Dobra

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projeto Peça: Luva do Disco Formato Aberto: 33,5 X 62 Formato Fechado: 30,5 X 30,5 Suporte: Couche Fosco Gramatura: 90g/m² Cores: 2 X 0 ( Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: Envelope com faca especial com dois pontos de cola Tiragem: 1000 Manuseio: Inserção da Luva do Disco dentro da Caixa

Ponto de Cola

Faca de corte especial da LUVA DO DISCO

Peça: Rótulo do Disco Lado A Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 2 X 0 (Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco Peça: Rótulo do Disco Lado B Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 2 X 0 (Pantone® 704 U + Pantone® 691 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco

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Faca de corte especial do rótulo do disco


Saturno

Disco 3: Saturno Análise do conteúdo musical do álbum O ultimo disco à ser trabalhado, também é o ultimo feito pelo Capital Inicial até o momento (2013), acaba sendo uma mistura dos dois primeiros discos trabalhados nesse TCC. Com uma busca nas origens, o “Saturno” é feito de nuanças de punk e música de protesto, encontrado no primeiro disco da banda, em contrapartida à músicas mais calmas e reflexivas que começaram a se tornar mais frequentes a partir da volta da banda em 1998. A tônica do disco é encontrada através da demonstração de uma luta do ser consigo, para mudar a situação que se encontra, a forma de ver os momentos e as coisas de maneira pessimista e a partir deste panorama que o álbum nos revela, uma palavra, que inclusive é dita em um trecho de uma música “Fica aqui comigo, a minha melancolia precisa da sua companhia”, que consegue expressar essa tônica é melancolia. Alguns trechos que podem ser destacados do disco são: “Parece que a casa pega fogo / E o mar evapora / Parece que a festa nunca acaba / E só eu vou embora, só...”, “Parece que a tristeza estava ali parada esperando por esse dia”, “Parece que ninguém fala minha língua / Nenhuma rua tem saída”, “O herói, o covarde, o inimigo dentro de nós”, “Eu quebro cabeças que não sei montar, o tempo que passa e não vai parar”, “várias entradas, só uma saída”. Segundo os renascentistas alemãs e os gregos (cosmologia humoral) há uma relação da melancolia e o planeta Saturno, que por sua vez é o título do disco e nomeia uma das músicas do álbum, inclusive Goya explicita a melancolia, segundo Freud, em sua obra “Saturno devorando um filho”. (SCLIAR, 2003; PERES, 2003). Este é o título da obra de Goya pois há total referência a história mitologia do titã Cronos, filho de Urano (céu) e Gaia (terra), tira seu pai do trono, por ele odiar seus filhos, colocando-os de volta ao ventre da mãe, porém Cronos foi salvo e tirou seu poder, Urano disse para o filho que o mesmo ia acontecer com ele, Cronos virou o senhor do Olimpo. Com medo da profecia feita pelo pai, Cronos devorava seus filhos, até o momento que Réia, sua mulher salva um de seus filhos, Zeus, trocando e enganando Cronos com uma pedra, o filho salvo cresceu e junto com sua mãe atacou seu pai e abriu sua barriga libertando os irmãos. Há uma referência dessa história no disco do Capital Inicial no título de uma das músicas, “Um homem sem rosto”. 17 - STORYTELLER. Cronos. Disponível em: < http://http://contoselendas.blogspot.com.br/2005/01/cronos.html>. Visitado em: 27/10/2013.

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projeto

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Saturno devorando seu filho -goya

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Melancolia - Edvard Munch

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Henry ford hospital - frida kahlo 112


Saturno

Cores Pantone® black 6 U Pantone® cool gray 06 u Substrato

tipografia Champagne e limousines

A B C Q R S a b c r s t u ç ˜ ˆ ´

D E F G H I J K L M N O P T U V X W Y Z d e f g h i j k l m n o p q v x w y z ` ( ) { } ? / \ 113


projeto análise do disco feito O projeto será todo subsidiado por três pilares: o primeiro é o próprio planeta Saturno e em sua relação ao universo, o segundo é a melancolia, tônica do disco e com forte relação à Saturno e o terceiro a história de Cronos que equivale ao Deus Saturno. A estrutura deste ultimo projeto é uma capa dupla que tem a adição abas em formatos de meia lua e quando abertas formam dois círculos, forma essa baseada no formato de Saturno e se fosse traçado um círculo estaria dentro do outro, representando a melancolia, o ser que é enclausurado dentro de si. Além do mais, o projeto se baseia em uma estrutura de abrir e fechar, de expandir e comprimir, de ter uma visão recortada e do todo.

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Saturno Frente (Capa e quarta capa) A capa assim como grande parte do projeto usa tons de cinza para simbolizar a morbidez e a ausência de vida. Ela foi projetada primeiramente para causar um mistério, já que quando a aba superior não está levantada, ou seja a capa está quadrada aparece apenas uma parte do corpo de uma pessoa, e ao abrir a aba, outro mistério acontece, já que esse corpo só está até o pescoço,ou seja a cabeça não está aparecendo, simbolismo que expressa a tentativa de fuga e cura desta melancolia. O circulo que é formado pela capa é a representação do universo dentro do ser, e essa pessoa esta tentando achar uma saída para sua melancolia, uma escapatória. O corpo aparentemente está boiando, representando o quão essa pessoa está submerso dentro do seu ser e ele está em um fundo sem nada, mostrando que nada mais para ele importa. Inclusive a sua posição remete à Jesus Cristo. A ausência de rosto é uma referência a obra de Goya e consequentemente à história de Cronos, como se a pessoa da capa estivesse sendo devorada, ou seja, como os filho do Senhor do Olimpo. A linha branca que passa por trás da pessoa é uma alusão as linhas que são usadas em mapas astronômicos. Linhas como essa estarão presente em todas as partes do disco, como se todo o projeto representasse o universo e as linhas é a forma de união dos elementos, como se cada um fosse uma parte desse sistema. As estrelas faz referência direta ao universo, vasto de estrelas. A tipografia usada é de peso leve, condensada, para conversar com as linhas que farão parte de todo o projeto, e com a letra “O” bem circular, remetendo aos planetas. Na quarta capa, a linha que passa pela capa continuará e nesta parte será dado destaque aos títulos das músicas, que inclusive serão trabalhados como elementos isolados, onde cada título terá um trabalho tipográfico para expressar o seu significado, usando assim a função poética da linguagem. Podemos destacar alguns exemplos, como: “Noites em branco” onde a única letra em branco é o “O” representando a lua, pois o que clareia a noite é o nosso satélite natural; em “Valsa para o inferno” o entrelinhamento fica bem justo fazendo com que as palavras fiquem juntas, da mesma forma que acontece quando está a dançar e a ascendente da letra “i” está dentro do oco da letra “O” simbolizando um olho. Outro exemplo seria o “Sol entre nuvens”, onde parte da palavra “Sol” aparece entre as letras da palavra nuvem.

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projeto

primeira etapa para criar a frente aberta

Capa com as abas fechadas 116


Saturno

Segunda etapa para criar a frente aberta

quarta capa com as abas fechadas 117



Capa e quarta capa com as abas abertas


projeto Verso da Capa Esta parte do projeto é, quando aberto, o verso da capa e contra capa. Ele foi estruturado em simetria por conta dos elementos e um contraste assimétrico, casual, justaposto,variado e ousado das linhas; equilíbrio, atividade, que fica a cargo das linhas e das formas que dispõe essa parte, ênfase no circulo central; transparência contida nos círculos junto às cabeças. A representação deste elemento da embalagem é o estômago, ou seja, o interior de Cronus (Saturno), com a cabeça de seus cinco filhos, que ele comeu, nas laterais da arte, um dos recipientes está vazio, já que Cronus acaba não comendo um de seus filhos, Zeus. As cabeças não têm características próprias, como cabelo, barba, ou seja, são padronizadas, pois não era a intenção se aprofundar nas características de cada Deus, já que o foco é o personagem da capa. Personagem este que está em destaque no centro, dentro de um recipiente, que está preso por linhas, que representam por todo o projeto as linhas de mapas astronômicos, questionando, com a adição das estrelas, se esse estômago é como de um humano ou se é uma representação de estar preso no universo. Portanto há um paralelo entre a Terra e o Céu, o real e o imaginário, o físico e o imaterial. Inclusive, o conjunto do personagem no centro, adicionado pelas linhas e os ossos, remete à uma mandala (que circunda o centro), que por usa vez significa a ligação do homem com o cosmo, funcionando como a ligação da Terra e o Céu. Os ossos tem a função de mostrar de que forma os círculos estão presos, mas também pra contextualizar o resto de alimentos dentro do estômago e representar a crueldade de Cronus na morte de seus filhos. Na realidade esta parte é a visão de todo um cenário e a capa por sua vez é um recorte deste cenário, onde só é mostrado o personagem, portanto a parte interna tem a função de desvendar o mistério proposto na capa. Portanto o conjunto da parte interna e Capa/ Verso é uma representação diferente de melancolia, mostrando ao mesmo tempo algo que transcende mas que está na mente da pessoa, isso fazendo um paralelo com a história da mitologia.

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Saturno

rafe do verso

Verso sem as abas 121



verso com as abas abertas


projeto Verso da Capa Essas duas peças podem ser explicadas da mesma maneira, já que a partir da irregularidade, exagero e variação aplicadas à dinâmica que acontece em todo o disco (visão do todo / visão de um recorte), mostra as linhas que remetem ao espaço, aos mapas astronômicos, elementos que estão presentes na frente e no verso da capa dupla. Somente as linhas, em planos diferentes, mostra a imensidão do universo e a consequentemente remete ao lugar que o personagem da capa está. Além disso, demonstra as interações entre os pontos, remetendo à um mapa, uma teia; que por sua vez faz uma ligação do universo com a Terra, e suas diversas relações: dos animais, rodoviárias, interpessoais, hidroviária, metroviária e a própria ligação da pessoa com ela mesma. Isso só comprova a simultaneidade do personagem estar na Terra, no Céu e no estomago de Cronos. O encarte é um retângulodividido ao meio, onde na parte da frente é impresso as linhas com as estrelas e o verso as músicas do disco.

Rótulo Este elemento do disco é o que conclui todo o conceito do disco, inclusive apresenta o mistério sobre o rosto do rapaz, já que na capa só aparece seu corpo e no verso as cabeças que aparecem não são a dele. Somente no rótulo, a ultima parte do disco a ser vista, mas a que contêm as músicas, que na realidade vão completar a parte gráfica, é onde surge a cabeça, porém a cabeça está dentro dela mesma, em uma espiral, representando a melancolia, alguém melancólico se esconde dentro de si, entra em um casulo. Além de representar um pessoa gritando. Por estar somente aparecendo o rosto reafirma a ideia de que essa pessoa pode estar no estômago de Cronos, no universo ou dentro de si, ao mesmo tempo.

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Saturno

Rafe inicial do encarte da frente do encarte

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Frente e verso do encarte


Luva do disco


R贸tulo do disco


projeto Peça: Frente (Capa e Quarta Capa) Formato Aberto: 35 X 62 Formato Fechado: 31 X 31 Suporte: Duplex Gramatura: 250g/m² Cores: 1 X 0 (Pantone® Black 6 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: - Faca especial com quatro pontos de cola - Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000 Manuseio: Colar na “Parte Interna”

Peça: Verso Formato Aberto: 44 X 75 Formato Fechado: 31 X 31 Suporte: Duplex Gramatura: 250g/m² Cores: 4 X 1 (Quadricromia) + (Pantone® Black 6 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: Faca especial Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000 Manuseio: Dobrar

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faca de corte especial da Frente

faca de corte especial do verso


Saturno Peça: Encarte Formato Aberto: 60 X 30 Formato Fechado: 30 x 30 Suporte: Couchê Fosco Gramatura: 120g/m² Cores: 1 X 1 ( Pantone® Black 6 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: Laminação Bopp fosca Tiragem: 1000 Manuseio: Dobra

Peça: Luva do Disco Formato Aberto: 33,5 X 62 Formato Fechado: 30,5 X 30,5 Suporte: Couche Fosco Gramatura: 90g/m² Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U) Provas: Digital e Boneco Sistema de Impressão: Offset Plana Acabamento: Envelope com faca especial com dois pontos de cola Tiragem: 500 Manuseio: Inserção da Luva do Disco dentro da embalagem (parte externa + parte interna)

refile e vinco do encarte

Ponto de Cola

Faca de corte especial da LUVA DO DISCO

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projeto Peça: Rótulo do Disco Lado A Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco Peça: Rótulo do Disco Lado B Formato: 10 X 10 Suporte: Papel Especial Gramatura: 60g/m² Cores: 1 X 0 ( Pantone® Black 6 U) Sistema de Impressão: Offset Plana Tiragem: 1000 Manuseio: Colagem do rótulo no disco

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Faca de corte especial do rótulo do disco


consideraรงoes finais

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lado D

consideraçoes finais é possível tomar alguns parâmetros técnicos da linguagem visual para música, como regularidade ou irregularidade, êxtase (atividade), exatidão (difusão), minimização (exagero), economia (profusão), entre outros, uma vez que o rock nada mais é do que a Primeiramente, essa explicação é direcionada para justaposição de instrumentos. a relação onde o design é usado para propagar uma banda ou artista, por exemplo em cartazes, onde serão Outro exemplo é a sábia escolha do vazio no design que divulgados o horário e local do show, quem irá se é comparado à decisão que um músico tem ao inserir apresentar junto com a banda, ou mesmo camisetas, fragmentos de silêncio em sua obra. Sendo assim, é que servem como forma de expressão, para que o possível fazer uma análise a partir de critérios, mas fã entre para um grupo de pessoas mostrando que ao mesmo tempo, os dois são subjetivos e pessoais, fazendo com que independente de competente ou admira a música de determinada banda. não tecnicamente, tanto o design como a música vão As capas de disco servem principalmente para ser percebidos pelo receptor de uma certa maneira, “tocar” a música a partir de outro sentido humano, dependendo de diversos fatores. por exemplo: um possível cliente ao passar entre as gôndolas vendo os discos, está ouvindo-os mesmo Além do mais, na sociedade atual, a necessidade sem ter colocado o mesmo em um aparelho de som. do apelo visual é muito grande, quando uma pessoa Outros pontos de ligação que podem ser citados são os fala sobre um disco, ela usa a capa como ponto de sites e os próprios shows, que a partir da década de 70, referência, já que esta é a tradução visual da música, acabaram tornando-se um projeto à parte e atualmente fazendo com que a capa seja a ligação com seu constituem algo inevitável, como apresentações do proprietário, design emocional. The Wall com o Roger Waters, formando assim uma Portanto, o design, depois da própria música, é o identidade para a banda. principal veículo de expressão do músico e da banda, Em uma leitura mais aprofundada, podemos perceber fazendo com que o projeto gráfico seja uma forma de os paralelos entre esses dois meios, como a visão da colocação da banda, dos ouvintes e dos fãs no espaço. unidade e do conjunto, como o ponto (design) e uma Nós, designers, cantamos e tocamos com pontos, nota (música). O ritmo é a marcação regular através linhas, formas, cores, conceitos. do intervalo de tempo, onde um é perceptível pela Em relação ao meu próprio aprendizado, o Lado D audição e o outro pela visão. A partir dessa percepção, foi de suma importância, pois me fez crescer como A partir das leituras e análises feitas, é possível responder ao questionamento que paira pelo projeto sobre relação do design gráfico com o rock, como um pode servir de instrumento para o outro.

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consideraçoes finais designer e pessoa. Evoluindo meu senso crítico e de análise, contribuindo para os demais processos do projeto. Além, de só me dar mais certeza de que é isso que quero fazer pelo resto da minha vida.

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lado D

anexos entrevista kid vinil 1 - Qual a funçao do rock hoje? Hoje o rock recicla elementos de todas as décadas desde 50, quando tudo começou. Já não é mais um meio tão contestador como foi nos anos 60, 70 e 80. A partir dos anos 90, o rock passou a ser mais diversão e entretenimento, e mesmo assim não perdeu sua função social e contestadora em alguns casos.

2 - Qual a importância do rock de Brasília para o Brasil? Brasilia foi importante naquele momento dos anos 80 quando apareceram Legião, Plebe Rude, Capital e outras bandas menores. Na década de 80, o rock veio de várias regiões do pais, do Rio Grande do Sul, com Nenhum de Nós, Replicantes, Engenheiros. Na maior parte das vezes, as bandas eram do eixo Rio-Sao Paulo, mas Brasília rompeu um pouco esse domínio carioca e paulista dos anos 80.

3 - Você acha que o rock pode ser mutante ainda? O rock é um estilo de música que vem de mais de cinco gerações e continua produzindo seus frutos até hoje. Continua sendo um estilo respeitado mundialmente e abraçado por todas as novas gerações. Existe um certo incentivo da mídia tanto americana como inglesa pra que o rock continue existindo e sendo a bandeira dos jovens. Enquanto houver gente acreditando e incentivando lá fora, acredito que será o estilo dominante entre as novas gerações.

4 - Como você entende a interaçãao entre design gráfico e o rock? Capas sempre foram importantes nos discos de rock. Existe toda uma história de designers gráficos que fizeram a história do rock. Lá fora, principalmente, se dá muito valor a isso, as capas do Led Zeppelin e do Pink Floyd por exemplo, eram criadas por agências de design e uma delas ficou famosa: a Hipnosis. Há livros sobre as melhores capas de rock, assim como há livros sobre as melhores capas da MPB que o ex baterista dos Titãs, Charles Gavin, publicou há algum tempo atrás.

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Entrevista kid vinil 5 - Você acha válido a volta do vinil? O Brasil e as produtoras estão preparados? Vinil é um formato que nunca vai morrer, pois foi o primeiro formato da indústria da música em geral. Os cds praticamente acabaram, dando lugar ao download, mas o vinil tem todo um lado histórico. Não só pra colecionadores, mas pra novos interessados, o mercado do vinil foi resgatado. No Brasil, temos a fábrica da Deck Discos lançando muita coisa. Tá certo que as vendas não são das mais expressivas, mas existem consumidores que sustentam esse formato. Isso é importante, pois a Deck lança muita coisa histórica da música brasileira.

6 - Como você percebe o público do rock dos anos 80 e o de hoje em dia? São gerações diferentes, não dá para comparar. A década de 80 foi uma explosão do rock brasileiro, hoje o público é mais eclético, ouve rock, samba, mpb, sertanejo, enfim, os estilos se misturam. O rock tem seu público especifico também, veja o caso dos festivais, que sempre são um sucesso. A diferença é que na década de 80, o rock circulava em todos os meios: rádio, tv, revistas. Nos anos 80, o rock era mais popular e hoje existem outros estilos mais populares. Hoje o rock também segue pelo meio alternativo; bandas novas tem pouco recurso na grande mídia e ficam mais restritas ao alternativo. Existem coisas boas no circuito independente, mas que infelizmente não chegam pra tanta gente, como deveriam.

6 - Qual a importância do Capital em todo esse meio? O Capital Inicial é a banda talvez mais popular de Brasília até hoje. Se Renato Russo não tivesse morrido, seriam as duas bandas mais populares de Brasília. Mesmo assim, Legião com sua obra, tem todo respaldo de público até hoje. Não sei se vai te agradar minha comparação, mas considero o Capital o Engenheiros do Havaí de Brasilia. A banda mais popular, pra tocar na rádio, talvez sem a mesma consistência musical do Legião e a poesia de Renato Russo. Mesmo assim, o Capital tem seus méritos de se manter até hoje entre as bandas mais populares e respeitadas do rock brasileiro. Pena que o Dinho não seja um compositor como Renato Russo e nem teve uma carreira solo tão bem sucedida como a de Renato. Mesmo assim, o Dinho tem seu carisma e mantém essa popularidade do Capital até hoje.

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lado D

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lado D CARVALHO, Vladimir. Rock de Brasília: A era de ouro. [Documentário – vídeo]. Produção de Marcos Ligocki, direção de Vladimir Carvalho. São Paulo, Ligocki Z e Vetrovisão, 2011. 1 DVD/NTSC, 111min.

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lado D 33- Retirado do site: http://4.bp.blogspot.com/-VWRrUtGEHkQ/T2qHDN1kLWI/AAAAAAAABxI/GrYLJ64E_uE/s1600/ tom+ze+(1024x1010).jpg em 28/05/2013 34- Retirado do site: http://3.bp.blogspot.com/--V_cFnqyPHs/UKvyHUCCV1I/AAAAAAAAUZA/ndzA6Fbemws/s1600/ Capa.jpg em 28/05/2013 35- Retirado do site: http://4.bp.blogspot.com/_0sz1Yd5Qh88/TIMIRvWMBfI/AAAAAAAACK8/CHEpeRGVvWI/s1600/ BARO_V~1.JPG em 28/05/2013 36- Retirado do site: http://4.bp.blogspot.com/-V5RFfuPKJPs/UJiHIEc9ZBI/AAAAAAAAAeI/R1x2PY0xhrE/s1600/ Ultraje-a-Rigor-N%C3%B3s-Vamos-Invadir-Sua-Praia-1985-Capa.jpg em 28/05/2013 37- Retirado do site: http://images.coveralia.com/audio/o/Os_Paralamas_Do_Sucesso-Severino-Frontal.jpg em 28/05/2013 38- Retirado do site: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/archive/8/86/20120727164212!JQuestPlaneta.jpg em 28/05/2013 39- Retirado do site: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/6/64/Supla-O-Charada-Brasileiro.jpg em 28/05/2013 40- Retirado do site: http://images.tray.com.br/img/img_prod/300126/1154_1.jpg em 28/05/2013 41- Retirado do site: http://img.americanas.com.br/produtos/01/00/item/111073/6/111073616SZ.jpg em 28/05/2013 42- Retirado do site: http://images.tray.com.br/img/img_prod/300126/1203_1.jpg em 28/05/2013 43- Retirado do site: http://img.americanas.com.br/produtos/01/00/item/111685/2/111685209SZ.jpg em 28/05/2013 44- Retirado do site: http://m.i.uol.com.br/capa_pitty_500.jpg em 28/05/2013 45- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.298 46- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.302 47- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.303 48- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.310 49- MELO, Chico Homem de e RAMOS, Elaine. Linha do tempo do design gráfico no Brasil, São Paulo: Cosac Naify,2011. P.252 50- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.319 51- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.323 52- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.322 53- CARDOSO, Rafael. O Design Brasileiro, antes do design, São Paulo: Cosac Naify, 2003. P.330

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Analise de capas 1 – Retirado do site: http://graphicartmusic.blogspot.com.br/2011/01/capital-inicial.html em 27/05/2013 2,4,5,7,9,10,11,12,13 – Retirado do site: www.coverbrasil-leko017.blogspot.com.br/2012/09/capital-inicial-independencia-capa. html em 27/05/2013 3 – Retirado do site: www.capasbrasil.com.br/uploads/1200854457/gallery_146_14_100500.jpg em 27/05/2013 6 – Retirado do site: http://capitalinicial.uol.com.br/wp-content/uploads/2012/12/capa_rua-47.jpg em 27/05/2013 8 – Retirado do site: http://arquivorockbr.blogspot.com.br/2013/03/capital-inicial-rosas-e-vinho-tinto.html em 27/05/2013

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