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Atitude pela reciclagem

conjunto, respeitando suas especificidades. Este propósito, no entanto, exige quebra de paradigmas, pois a intersetorialida-

de ainda é um tabu nas estruturas governamentais. Outra ação importante para dimensionar o programa seria

tirar do papel o Conselho Municipal do Meio Ambiente. Aliás, para todas as questões que envolvem a preservação ambiental. A criação de um grupo atuante, com participação da sociedade civil, fomentaria discussões e ajudaria na concepção de políticas públicas, por meio de criação de leis e de estruturas adequadas. Um dos principais pontos a ser focado é o trabalho de conscientização da população. Grande parte das famílias ainda observa com descaso o processo de separação dos materiais em casa, o que prejudica a coleta seletiva. Segundo a gestora de assistência social, cerca de 40% de materiais recicláveis são descartados. Isso representa menos recursos para as catadoras e diminuição da vida útil do aterro sanitário. Mesmo com tais esforços, talvez não se consiga resolver o problema da falta de rentabilidade das pessoas envolvidas, em virtude da pequena quantidade de material reciclável acumulada na cidade. Ainda assim, vale a pena o governo investir no programa, mesmo que seja para subsidiá-lo. O trabalho de coleta seletiva é essencial, pois traz melhorias significativas à qualidade de vida da população por meio da preservação do meio ambiente.

Arquivo

Arquivo

O programa “Recicla Motuca”, criado em 2005, foi uma iniciativa importante da prefeitura local. Inseriu a cidade entre aquelas que desenvolvem a Coleta Seletiva, ação realizada por apenas 7% dos municípios brasileiros, segundo pesquisa divulgada em 2008 pelo Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). Desde sua implantação, no entanto, os integrantes do programa reclamam da falta de estrutura e renda. A principal mudança realizada pelo atual governo foi o aumento no número de catadores, de dois para cinco. A Assistência Social, gestora do programa, afirmou que irá melhorar a falta de estrutura, oferecendo um espaço físico maior e mais dois carrinhos, além de proporcionar acréscimo na renda, a partir da coleta de óleo de cozinha para o biodiesel. As iniciativas trarão um alívio, mas, certamente, não resolverão os problemas. O programa “Recicla Motuca” surgiu com a proposta de que fosse desenvolvido por meio de uma ação intersetorial, mas isso nunca ocorreu. Talvez este seja um dos principais obstáculos para os avanços. A Assistência Social dificilmente conseguirá mantê-lo sozinha. É fundamental que a Educação, Cultura, Saúde e, principalmente, o Meio Ambiente, trabalhem em

EXPEDIENTE Jornalista: Jairo Figueiredo Falvo, MTB 44.652/SP Repórter: Gabriela Marques Luiz Conselho Editorial: Fábio de Mello Falvo, Maria Angélica dos S. Mendes, Jairo Falvo Colaboradores: Gerson Donini de Lima, Milena Fascinelli, Mércia Fabrício Tiragem: 1.000 exemplares Circulação: Motuca Impressão: Jornal Folha da Cidade - Araraquara Telefone: 16 3348 11 85 - 8141 9125 e-mail: cenarioregional@gmail.com CNPJ: 07.650.710/0001-06


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divulgação

Plantio experimental inicia com a participação de 20 produtores

Fábrica da Biopetro, de Araraquara, cuja planta está prevista para ser instalada em Motuca

Liberação de recursos ainda depende de trâmites burocráticos Proposta para a usina de biodiesel já foi aprovada por técnicos do governo federal A proposta para a construção da usina de biodiesel em Motuca com a utilização de verba federal já foi aprovada por técnicos da Embrapa, Ministério da Agricultura e Casa Civil. O custo do projeto está avaliado em R$ 2 milhões. A liberação do recurso ainda depende de trâmites burocráticos, segundo consultor Sérgio Dutra, do Instituto Inova, de São Carlos, entidade contratada pela prefeitura de Motuca para a implementação do projeto “Motuca, cidade da Agroecologia”. “Por muito pouco a verba não foi liberada em dezembro, mas o projeto está aprovado tecnicamente, além de existir um acordo político para a viabilização do recurso”, afirma Dutra. Segundo ele, existe um esforço de alguns deputados do PT, principal-

mente Vicentinho e João Paulo Cunha, para que se concretize até o primeiro semestre. “Eles sabem da importância do projeto, um evento para o país, que se caracteriza pela proposta inovadora”, aponta. Mercado

O mercado de biodiesel “ainda não é um negócio da china”, ressalta Dutra, que observa o aumento de 2% para 5% neste ano na adição obrigatória do biocombustível ao diesel convencional, além da tecnologia da Biopetro Brasil como fatores para a viabilização do projeto em Motuca. “Muitos empresários entraram com oportunismo no setor e estão com problemas”, aponta. “A Biopetro criou uma tecnologia que pode tornar o mercado

mais promissor. O custo por litro de produção, de acordo com estudos, cairá de R$ 0,50 para R$ 0,21”, afirma. Dutra acredita que até o mês de março a localização da indústria seja definida. A prefeitura irá doar o terreno e construir o espaço físico. A produção em Motuca será de 5 a 6 milhões de litros de biodiesel por ano fabricados a partir de matérias primas produzidas pela agricultura familiar da região, organizada por meio de uma cooperativa. São necessários, segundo Dutra, cerca de dois mil produtores para viabilizar o trabalho da indústria. Além de oleaginosas, serão utilizados óleo de cozinha coletados em Motuca e região para a fabricação do combustível renovável.

O processo de plantio de oleaginosas voltadas para a produção de biodiesel começou a ser realizado experimentalmente no Assentamento Monte Alegre em janeiro, com a participação de 20 produtores, que cederam parte de seus lotes para o cultivo sem arcar com nenhum custo. Cabe a eles fazerem o monitoramento e manutenção das culturas. Inicialmente, serão introduzidas crambe, em dezessete áreas, e o girassol, nas outras três. Para o experimento, com duração de 12 meses, foram direcionados R$ 350 mil por meio da Embrapa. Também estava previsto a utilização da soja no início do ano, mas em decorrência do término do período do cultivo, o plantio foi postergado para outubro. A ideia, segundo o engenheiro agrônomo Alexandre Guerra, responsável técnico pelos trabalhos, é que sejam realizadas duas safras durante o ano. “As culturas da soja e do girassol são voltadas

para o verão e a do crambe é para o inverno”, explica. O engenheiro agrônomo acrescenta que os experimentos são importantes para adquirir conhecimento sobre o crambe, cultura recentemente introduzida no mercado. “O crambe surgiu no Mato Grosso, onde fizeram várias experiências pelas quais descobriram que possui grande quantidade de óleo e potencial para a época de seca”, relata. A produção das oleaginosas será direcionada para a Cooperativa da Agricultura Familiar recentemente constituída no município. Inicialmente, a organização comercializará com a empresa Biopetro, de Araraquara, enquanto aguardam liberação de recursos federais para a construção da própria unidade. “Eles produzirão e venderão para a indústria, que retornará com o subproduto para ser utilizado como ração animal, criando um ciclo para o desenvolvimento sustentável do Assentamento”, finaliza Guerra.

Sede da Cooperativa será em Motuca A Cooperativa dos Agricultores Familiares da Região Centro Paulista (Cooperfasc) realizou Assembleia, com a participação de 30 produtores, para discutir a admissão de novos cooperados, alteração estatutária e mudança de sede, no último dia 21, em Motuca.

A Cooperfasc era sediada em São Carlos, com o nome de Cooperativa dos Agricultores Familiares de São Carlos e região. Na Assembleia, também foi decidida a alteração do nome para Cooperativa dos Agricultores Familiares da Região Centro Paulista. (Assessoria da prefeitura)


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Empresa utiliza via pública há quase dois meses Falta de espaço levou empresário ao procedimento, autorizado pela Câmara Legislativa A empresa Esprival Comércio e Manutenção de Válvulas Industriais Ltda. utiliza a via pública em frente às suas instalações há quase dois meses para a realização das atividades. O proprietário alega falta de espaço em razão do aumento nos serviços. O procedimento, iniciado em oito de janeiro, foi autorizado pela Câmara dos Vereadores, que determinou 30 dias para que parte dos trabalhos fosse transferida ao barracão cedido pela prefeitura. Como a nova instalação não foi disponibilizada em tempo hábil pelo governo municipal, o prazo teve que ser prorrogado por mais um mês. O empresário Norival Dellaquila revela que vem pedindo um novo espaço há vários anos para a prefeitura em razão do aumen-

to nos serviços, “mas que os governantes lhe viraram as costas”, salienta. Quando foi instalada em Motuca, há onze anos, o número de funcionários eram oito. Atualmente, possui 43. “Na época me ofereceram um espaço maior, mas eu não acreditava que a empresa fosse crescer”, confessa Dellaquila, que considera justa a reivindicação de um novo espaço. “A Esprival é uma das empresas que mais oferecem emprego e a que possui a maior folha de pagamento do município”, aponta. O prefeito João Ricardo Fascineli afirma que não há motivos para a empresa utilizar a via pública, pois, segundo ele, é possível a realização dos trabalhos no barracão cedido pela prefeitura. “Eles estão cortando ferro na rua.

Este serviço pode ser realizado no local que já disponibilizamos”, conta. De acordo com o prefeito, a reforma, no valor de R$ 79 mil, atrasou porque o empresário solicitou mudanças no projeto. “Tivemos que fazer novas licitações porque ele pediu algumas alterações, como o aumento da altura do barracão para dez metros”, conta. Prejuízos

O encarregado geral Marcel Gonçalves de Lima, 28, que há nove anos trabalha na empresa, explica que a falta de espaço traz prejuízos para o serviço. “O pessoal perde tempo procurando espaço para trabalhar”, aponta. “Além disso, no sol o desgaste é muito grande e quando chove o serviço tem que ser paralisado”.

Decisão de utilizar rua surgiu após impasse A decisão de utilizar a via pública surgiu após impasse entre o empresário e o prefeito João Ricardo Fascineli. Delaquilla afirma que o prefeito tinha se comprometido a disponibilizar um espaço no início do mandato. No final do ano, segundo o empresário, o prefeito chegou a ceder o barracão da Tech Inox, adquirido em novembro pela prefeitu-

ra. No entanto, de acordo com o empresário, o prefeito mudou de ideia, alegando que o local seria cedido para outra firma. A prefeitura, então, cedeu outro barracão, que ainda passará por reformas, localizado próximo à Esprival. Em nota explicativa, datada de 15 de dezembro, logo após o fato ter adquirido repercussão, o

prefeito afirma que está oferecendo suporte necessário às empresas que queiram permanecer na cidade. No entanto, segundo o prefeito, algumas empresas exigem mais do que é necessário ou possível dentro da proposta do governo, que é diversificar o distrito industrial, com o objetivo de geração de empregos para homens, mulheres e aos jovens.

Empresa de fundição acerta com o município Segundo vereador, existe compromisso de gerar até 50 empregos

A empresa Fundição Bigal Matão LTDA, de Matão, acertou sua transferência para Motuca no mês passado. A prefeitura cedeu um espaço no Distrito Industrial com aproximadamente 5.720 m2, além de mais R$ 100 mil para ajudar a custear a construção do barracão. O restante ficará sob responsabilidade da empresa. O contrato foi realizado a partir de concessão de uso por cinco anos, prorrogáveis por igual período, caso cumpra as exigências para a geração de empregos. As negociações para a vinda da empresa tiveram início nos primeiros meses do ano passado, intermediadas pelo

vereador Octavio Cezar de Oliveira Filho. Segundo ele, existe um compromisso do empresário em oferecer de 45 a 50 empregos no decorrer da atividade. “A firma vai sair de Matão para cá porque onde está instalada não consegue crescer”, relata o vereador. Entre as atividades da indústria estão fabricação de peças para colhedeiras, peças para máquina de lavar roupa e bomba de água.


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Ministério Público arquiva denúncias do concurso Órgão recebeu duas representações; promotora afirma que não foram encontradas irregularidades A promotora Denise Alessandra Monteiro Mendes, do Ministério Público do Fórum de Américo Brasileiro, determinou o arquivamento das duas representações referentes ao Concurso Público 01/09, promovido pela Prefeitura Municipal de Motuca. O processo agora será encaminhado para o Conselho Superior do Ministério Público, que irá emitir parecer favorável ou não à decisão da promotora. A principal denúncia era de suposto favorecimento à familiares do prefeito. “Foram três volumes de inquérito, pelos quais juntamos documentos emitidos pela Asseconp (empresa que realizou o

concurso) e Prefeitura e não encontramos indícios de irregularidades”, relata a promotora. Entre os documentos analisados, estão as fichas resposta dos candidatos investigados. “Confrontamos os resultados e os parentes do prefeito realmente tiveram a pontuação”, afirma Denise.

regras claras e prazos bem definidos”, ressalta a promotora, que fará a mesma recomendação às prefeituras de Rincão, Santa Lúcia e Américo Brasiliense.

Recomendações

A promotora relata que arquivou as denúncias, “mas com ressalvas”. Ela encaminhou à prefeitura recomendações com a finalidade de regulamentar os concursos públicos do município. “É preciso que o executivo municipal crie uma lei que torne mais transparentes estes eventos, com

Prefeitura faz acordo com estudantes para entrega voluntária de “Kit limpeza” Os estudantes que viajam para Araraquara, Guariba e Jaboticabal concordaram em entregar voluntariamente um “kit de limpeza”, no valor de aproximadamente R$ 7, todo início de mês, como contrapartida pela utilização do transporte escolar. A proposta partiu do prefeito João Ricardo Fascineli e do diretor de educação Paulo Roberto Simões, em reunião realizada no último dia dezenove. Os produtos como sabonete, detergente e pasta de dente serão direcionados para pessoas carentes do município. Cerca de 90 estudantes utilizam os ônibus cedidos gratuitamente pela prefeitura. Segundo o prefeito João Ricardo Fascineli, a prefeitura não tem obrigação de custear transporte para o nível superior. “Motuca é a única cidade da região que disponibiliza ônibus, que possui um alto custo, e esta foi uma forma encontrada de os alunos também fazerem sua parte”, discursou. “Optamos em fazer este

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Proposta foi aceita após reunião com prefeito e diretor de educação; valor será de R$ 7

Alunos que estudam em Araraquara aguardam partida do ônibus

acordo, pois se criarmos uma lei, a proposta se tornará obrigatória, e não queremos fazer imposições”. O diretor de educação Paulo Roberto Simões argumentou que a atitude permite sensibilizar os estudantes para as causas sociais. “Nossa ideia é conscientizar os futuros profissionais, participando socialmente e politicamente nos assuntos que envolvem a

cidade”., afirmou o diretor. Diferença

Maria Rita Pereira da Cruz, 22, estudante do primeiro ano do curso de enfermagem de uma escola de Araraquara, concorda com a proposta. “Acho que o valor é até baixo”, acentua. “Esta é uma forma de nós estarmos fazendo a diferença para a cidade”, finaliza.

Projeto chegou à câmara, mas vereadores decidiram não votá-lo O executivo enviou no início de fevereiro o projeto “Transporte Consciente”, com 38 artigos, inspirado em uma lei instituída em setembro do ano passado em Américo Brasiliense, onde o serviço também é gratuito. A proposta não chegou a ser colocada em votação, conforme o previsto, na sessão ordinária realizada no dia dezessete. Os vereadores aprovaram um requerimento solicitando esclarecimentos pelo executivo. “Havia necessidade de explicações de alguns artigos, além de ouvir a opinião dos estudantes”, aponta o presidente do legislativo, José Carlos Francisco de Arruda. Segundo ele, o projeto tinha alguns pontos polêmicos, como o

artigo 16º, que apresenta obrigações aos alunos, entre elas, a participação em eventos cívicos. “A prefeitura não pode impor este tipo de coisa, pois nem sempre eles têm disponibilidade”, ressalta o presidente. Entre os vereadores, José Carlos Spinelli foi o único a participar da reunião com os estudantes. De acordo com ele, se o executivo tivesse tomado esta atitude antes, o projeto seria votado e aprovado na Câmara. “É preciso buscar o entendimento, pois muitos pontos não estavam claros na proposta”, ressalta Spinelli, que concorda com a participação dos estudantes em eventos cívicos, “mas sem que haja obrigatoriedade”, observa.


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Governo busca ampliar programa Cenário

Uma das medidas é a coleta de óleo de cozinha para o biodiesel

Vani aguarda melhorias nas condições de trabalho

Renda é insuficiente, dizem catadoras Problemas estruturais e falta de conscientização da população prejudicam programa de reciclagem A renda gerada a partir do programa de coleta seletiva “Recicla Motuca” é considerada insuficiente pelas atuais cinco integrantes. Problemas estruturais e a falta de conscientização da população são apontados por elas como os principais obstáculos para a obtenção de mais recursos. O “Recicla Motuca” foi criado em 2005 com o objetivo de oferecer melhores condições às pessoas que trabalham no antigo lixão, desativado em 2006. A prefeitura cedeu espaço físico, três carrinhos, uniformes, além de uma cesta básica mensalmente. O programa começou com duas pessoas. Entre elas, Delina Batista de Souza, 60, que há dezessete anos exerce a atividade. “Em todo esse tempo sempre trabalhei com dificuldade”, afirma. O outro integrante, segundo Delina, saiu do projeto há cerca de seis meses em razão da pouca

renda. “O que a gente ganha não dá para manter nós cinco”, avalia. Em sua opinião, os recursos poderiam ser maiores se a prefeitura disponibilizasse esporadicamente um veículo para que fossem buscar materiais na zona rural. Em razão do desemprego, Vani de Fátima Soares da Silva, 53, aceitou trabalhar no programa, há pouco mais de um ano, orientada pela Assistência Social do município. Pelos seus cálculos, consegue ganhar R$ 360 mensalmente somando os recursos do projeto com os benefícios governamentais como bolsa família e renda mínima. “Só trabalha aqui quem não tem outro serviço, pois o dinheiro não dá para manter os custos com aluguel, água e luz”, lamenta. Por outro lado, Vani observa melhorias em sua vida depois que começou a trabalhar no programa.

“Eu tinha depressão, mas agora estou melhor porque tenho uma ocupação na cabeça”. O desemprego também levou sua filha, Adriana da Silva, a entrar no projeto, há seis meses. “Achava que ia dar alguma coisa, mas está cada dia pior”, relata. Ela conta que a falta de estrutura dificulta ainda mais os trabalhos. “O barracão é pequeno, o banheiro está quebrado e não temos eletricidade. Ganhamos uma prensa da empresa que compra nossos materiais, mas como não temos energia, ela ainda não entregou”. Adriana revela que tem um desejo. “Gostaria que as pessoas separassem corretamente o lixo, pois muitos não separaram e não deixa a gente mexer”. Ela também lamenta a postura de comerciantes que não contribuem com o trabalho. “Alguns jogam os materiais fora. Eles poderiam nos ajudar”, finaliza.

A Assistência Social do Município, responsável pelo programa “Recicla Motuca”, tem como objetivo ampliá-lo para melhorar a renda dos integrantes. Entre as ações previstas estão a disponibilização de um espaço físico maior e mais estruturado, compra de mais dois carrinhos, expansão dos trabalhos para a zona rural e coleta de óleo de cozinha para a usina de biodiesel. A intenção é chegar a dez catadores. “Temos potencial para isso, pois atualmente eles não conseguem cobrir toda a cidade e cerca de 40% dos materiais não são coletados por falta de consciência da população”, avalia Nair Maria Coelho, gestora de assistência social do município. Segundo ela, a aquisição de um novo espaço é prioridade. “A prefeitura está estudando um local, pois onde estão não comporta a

quantidade de material e acontece muito roubo”, conta. “É impossível fazer qualquer tipo de reestruturação lá em razão da precariedade”. Bons exemplos

De acordo com o vereador Marcilaqui da Silva, é importante que o município conheça modelos de coleta seletiva que trouxeram bons resultados. Ele é autor de uma indicação legislativa inspirada nos trabalhos realizados em Corumbataí do Sul, cidade que recebeu o prêmio de melhor programa de coleta seletiva do estado de São Paulo, cedido pelo projeto Município Verde Azul. “Irei agendar uma visita ao município com o objetivo de conhecermos os trabalhos realizados lá para tentarmos implantar em Motuca”, relata o vereador.


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INFORME PUBLICITÁRIO

Partido Verde marca presença em Audiência Pública sobre reformas no Código Florestal Brasileiro

Assessoria PV

Posição do PV é de manutenção da atual legislação e ampliação dos mecanismos legais de proteção ambiental

Élio Neves, Edna Martins e Aldo Rebelo no evento Desde 2009, o Partido Verde vem acompanhando as discussões que envolvem as propostas de alterações do Código Florestal Brasileiro (CFB). Criado em 1965, o código determina serem as florestas e as demais formas de vegetação existentes no Território Nacional, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, como bens de interesse comum a todos os habitantes do País, devendo ser exercidos direitos de propriedade, com as limitações estabelecidas na legislação em geral e especialmente no CFB. Por meio de uma medida provisória a Presidência da República alterou alguns artigos do CFB, elaborando definições importantes, como a que profere como sendo áreas de preservação permanente, as áreas protegidas nos termos dos artigos CFB, cobertas ou não por vegetação nativa, cuja função ambiental seja preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, bem como, proteger o solo e assegurar o bem-estar da sociedade.

Porém, políticos ligados à bancada ruralista e grandes produtores agrários vêm tentando implantar uma série de mudanças que trariam conseqüências prejudiciais ao meio ambiente e à qualidade de vida. Na contramão da História, as propostas dos ruralistas atendem tão somente a interesses corporativos ilegítimos e estão desconectadas da realidade social brasileira e das necessidades ambientais do planeta. Para se posicionar contra as reformas, na última semana, o PV esteve em Ribeirão Preto onde foi realizada a 25ª audiência pública promovida para discutir a reforma do Código Florestal Brasileiro, realizada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados. No Auditório do Centro de Convenção, estiveram reunidas cerca de 2600 pessoas, entre trabalhadores do campo, produtores rurais, deputados federais, sociedade civil organizada e o Ministério Público para discutir as propostas de mudanças do código ambiental. Na ocasião, o PV foi repre-

sentado pela presidente do Cedro Mulher e membro da executiva estadual do partido, Edna Martins, e o presidente do diretório municipal do PV em Araraquara, Fernando Cesar Camara. Trabalhadores rurais de toda região, organizados pela Federação dos Empregados Rurais e Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), estiveram presentes e foram representados por Élio Neves, presidente da entidade. Neves fez um discurso salientando a necessidade de diálogo entre as partes, coisa que não estava ocorrendo, pois os deputados da mesa, desde o início, se colocaram claramente a favor dos ruralistas presentes. “Nós estamos aqui, não para polarizar as discussões, mas para discutir qual a melhor forma de promover as mudanças necessárias no Código Florestal, que não agrida o meio ambiente e que não desfavoreça o trabalhador rural”, salientou Élio Neves. Compondo a mesa da audiência, estavam o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), que coordena a discussão, o presidente da comissão, Moacir Micheletto (PMDB-PR), o relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e o secretário da Agricultura, João Sampaio. A reunião foi marcada por manifestações de integrantes do Movimento dos Trabalhado-

Neves salientou a necessidade de diálogo

res Rurais Sem Terra (MST), que também estiveram no evento, fazendo muito barulho e protesto. O ponto de maior divergência da discussão surgiu quando foi abordado a reformulação no tamanho das reservas legais (área nativa) dos biomas, principal causa de desavença entre ambientalistas e ruralistas. A lei atual prevê a manutenção dessas áreas em 80% no caso da Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nas demais áreas. Os ambientalistas defendem que as proporções sejam mantidas, enquanto os ruralistas querem uma revisão nos números para evitar um prejuízo à produtividade. Para Edna Martins, a participação na Audiência Pública, em Ribeirão Preto, foi importante para “percebermos que precisamos mobilizar a parte da sociedade que defende o meio ambiente para dialogar com os deputados sob pena de assistirmos um grande retrocesso na legislação de proteção ambiental. A região é conhecida por sua pujança econômica, mas também pelas desigualdades que abriga. No campo as condições de trabalho ainda mobilizam a luta pela garantia dos direitos humanos. A questão ambiental não é diferente precisamos fazer um contraponto à ideia do ‘capitalismo sel-

vagem’ de desenvolvimento a qualquer custo e sensibilizarmos a sociedade para a ideia de desenvolvimento sustentável que abriga o respeito aos seres humanos e à natureza.” Atualmente, há mais de 300 projetos ligados ao tema que tramitam no Congresso. Na Comissão Especial, seis basicamente reformulam a Política Nacional de Meio Ambiente de 1981 e o Código Florestal de 1965. As audiências públicas estão sendo realizadas em todo o país com o objetivo de dar oportunidade a todos de traçar um futuro melhor na busca pelo equilíbrio entre produzir e preservar. Durante a audiência pública, 125 entidades, representantes de movimentos ambientalistas, sociais, sindicais e estudantis, da comunidade científica, de instituições públicas, outras entidades da sociedade civil e partidos políticos, dentre eles o PV, entregaram ao relator da comissão, deputado Aldo Rebelo, a “Carta de Ribeirão Preto e Região em Defesa do Código Florestal – Por Justiça Ambiental, Social e Agrária”, na qual as entidades reivindicam a manutenção da legislação ambiental vigente e a ampliação dos mecanismos legais de proteção aos ambientes naturais e à biodiversidade; a plena e imediata recuperação ambiental das áreas de preservação permanente e de reserva legal; a criação de programa nacional de adequação socioambiental das pequenas unidades de produtores rurais e dos assentamentos da reforma agrária; a abertura de amplo processo de debate com a sociedade a respeito dos temas elencados e a ampla e prévia divulgação das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para que todos os segmentos da sociedade civil possam efetivamente delas participar.


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Expectativa é de grande público, como ocorreu nos eventos realizados em janeiro

No próximo sábado (6), será realizada quermesse em prol da Igreja São Sebastião. A expectativa é de grande público, como ocorreu nas festas realizadas em janeiro. Nas ocasiões, o galpão da igreja ficou pequeno em razão da participação expressiva de pessoas que compareceram nos eventos. A comissão organizadora da Festa de São Sebastião já discute a possibilidade de ampliação do espaço físico para o ano que vem. “Quando assumimos, não imaginávamos que ia ser desta forma”, aponta o vice-presiden-

te da Festa Jérferson Aldrei Benedicto que, por várias vezes, teve que emprestar mesas e cadeiras para acomodar as pessoas que se encontravam sem lugar. “Mesmo assim, muitos não puderam ficar por falta de espaço”, completa. Segundo o presidente da Festa, José Luiz de Laurentiz Sobrinho, a união entre os colaboradores e a busca por apoio foram alguns dos fatores que contribuíram para a boa receptividade do público. “Além dos voluntários periódicos, tivemos a ajuda de pessoas ligadas às pastorais e às catequeses da igreja”, destaca. “Isso sem contar nos patrocínios de empresas de Motuca e cidades vizinhas que forneceram recursos materiais e financeiros”. Um dos objetivos da atual

comissão, segundo o presidente, foi atrair o público jovem. “Há muito tempo que eles não compareciam às quermesses e, neste ano, a partir de convites aos nossos amigos, conseguimos trazê-los em grande número”, aponta. O casal de namorados Jean Marcelo Siqueira Lins, 26, e Érica Thomaz de Aquino, 20, compareceram na maioria das quermesses. “Gostamos muito do ambiente, sempre cheio de pessoas, onde podemos conversar com nossos amigos enquanto jogamos um bingo e comemos alguma coisa”, contam. Voluntariado

Por iniciativa do pai, que fazia questão de participar da Festa de São Sebastião, a dona de

Aniversário da cidade foi comemorado com muitas atrações No dia 20 de janeiro Motuca completou 20 anos de emancipação política e administrativa. A data foi comemorada com diversas atrações que tiveram início no dia 16 de janeiro e terminaram no dia 24. Foram realizados campeonatos de futebol, apresentações de orquestra, recital e banda marcial, artesanato, além de vários shows musicais. Assim como no ano passado, a comemoração pelo aniversário de emancipação foi realizada juntamente com a tradicional Festa de São Sebastião. A aposentada Therezinha de Araújo Pereira, 72, salienta que a Festa de São Sebastião melho-

rou muito depois da iniciativa de unir os eventos. “Quando as festas eram separadas as pessoas não sabiam se ficavam lá em bai-

xo ou aqui em cima”, conta. “Teve ano que estava bem fracassado, mas agora vem bastante gente”, finaliza.

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Próximo sábado (6) terá quermesse em prol da igreja São Sebastião

As voluntárias da cozinha preparando os alimentos

casa Nair Rabalho Fabrício trabalha como voluntária há vários anos na quermesse, preparando alimentos para o público. “É difícil porque temos que conciliar as atividades de casa com as da

festa, mas além de eu gostar, é uma forma de ajudar a comunidade e a igreja”, relata. Além dela, mais duas irmãs também trabalham na cozinha como voluntárias.


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Carlos Alexandre do Nascimento Zanni

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Alexandre em vôo para a missão de paz

“O povo haitiano adora os brasileiros”, revela Zanni. No dia 12 de janeiro, o Haiti sofreu um terremoto de 7,3° na escala Richter, que deixou mais de 150 mil mortos. O motuquense Carlos Alexandre do Nascimento Zanni, 23 anos, cabo do exército brasileiro, estava em missão de paz no país quando aconteceu a tragédia, duas semanas antes de seu retorno ao Brasil. A esposa, Mirella Legramandi, e o filho do casal, de três anos, acompanharam a tragédia pela televisão. “Fiquei desesperada. Ficamos 22 horas e trinta minutos sem notícias dele”, conta Mirella. Em entrevista ao Cenário, Zanni, que está há 5 anos no exército, fala sobre sua carreira e o Haiti.

Gabriela Marques Luiz

Cenário: Como foi o preparo para ir ao Haiti?

Cenário: Qual era sua missão no Haiti?

Zanni: O preparo é bem mais difícil que a missão, tanto fisicamente, quanto psicologicamente. São seis meses de preparação e seis meses de missão. Os treinamentos começavam de manhã e terminavam à noite. Às vezes levava até o fim de semana.

Zanni: A missão do meu pelotão era manter a segurança. Fazíamos a patrulha na rua. Se o povo falasse que havia bandido em algum lugar, tínhamos que verificar. Se houvesse também algum haitiano ferido, atendíamos e levávamos para um hospital. Cada patrulha fazia algo diferente. A guerra e os tiroteios que víamos na televisão já não existiam no Haiti. Já havia sido conquistado um ambiente seguro e estável, e tínhamos que mantê-lo.

Cenário: Qual foi a sua primeira impressão do país?

Zanni: Fui para o Haiti dia 11 de julho de 2009. Assim que cheguei já tomei um choque por causa do clima, que é bem mais quente do que aqui. O povo também é bem diferente, é outra cultura. No primeiro mês foi complicado para eu me adaptar. A gente observava muita miséria. Até me acostumar, fiquei meio espantado.

Cenário: Quais foram as principais dificuldades encontradas para realizar a missão? Zanni: A maior dificuldade era a distância da família. Era o que eu mais sentia. Às vezes, a comunicação ficava difícil e eu não

conseguia falar com eles. Teve momentos que pensava em largar tudo e vir embora, mas como éramos um grupo, um ia ajudando o outro. Cenário: Como o povo haitiano observa o soldado brasileiro?

Zanni: Eles gostam muito do soldado brasileiro. Esse é um dos motivos das tropas do país comandarem a missão no Haiti. Havia muitos haitianos que trabalhavam na base e adoravam os soldados, tanto que quando viemos embora, alguns deles foram chorando se despedir da gente. Todo o tempo que ficamos lá, acabamos criando um vínculo de amizade com eles. O povo haitiano, apesar de sofrido, não perdia as esperanças. Cenário: Onde você estava no momento do terremoto? Zanni: Estava dentro do alojamento, em Porto Príncipe (capital do país), deitado na cama. Já havia trabalhado durante o dia e fui descansar para esperar a hora do jantar. De repente, começou a tremer tudo. Como eu estava sonolento, pensei que era um colega que estava balançando a cama. Quando percebi, começou a cair armário, computador do pessoal, a cama chacoalhava e todo mundo saiu correndo. O terremoto aconteceu às 17h20 e foi

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Soldado de Motuca presenciou tragédia no Haiti

Cenas de destruição forte, mas não aconteceu nada de grave dentro do alojamento. Cenário: O que você viu na hora em que saiu da base? Zanni: Não tínhamos noção do que havia acontecido. Passamos em frente à enfermaria, que estava lotada. Os moradores em volta da base começaram a pedir ajuda. Tinha muita gente machucada. Fiquei chocado. A missão estava tranqüila até então e, de repente, tudo aquilo acontecendo. Cenário: Qual era sua missão após o terremoto? Zanni: A missão do nosso pelotão era escoltar o pessoal que iria ajudar. Levamos os soldados da engenharia que iam mexer nos escombros. Também escoltávamos os funcionários da saúde para prestar os socorros aos sobreviventes. Cenário: Em que momento você entrou em contato com a sua família? Zanni: Um dia e meio depois, por telefone. Saímos para rua e

não tínhamos hora para voltarmos. Quando chegamos à base, não tínhamos nenhuma comunicação. Internet e telefone não estavam funcionando. Cenário: Qual imagem você nunca irá esquecer de lá? Zanni: Após o terremoto, do povo pedindo ajuda e nós sem condições de ajudar a todos. O cenário era de guerra. Tudo destruído E eu pensando: como eles vão reestruturar isso aqui tudo de novo?


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Gabriela Luiz

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The End: 20 anos de Rock’n roll

Apresentação da banda na festa de São Sebastião

Gerson Donini de Lima Vinte anos se passaram...parece marasmo, o fim da inocência, o fim tanto tempo, era o final dos anos do silêncio. Era uma nova etapa oitenta, inicio dos noventa. Éramos que começava. Com isso, a antiga todos jovens cheios de ideias, chei- tinha que acabar. Gerson no vocal, Marcos na os de ideais. Estávamos prontos para salvar o mundo a qualquer ins- guitarra, Geraldo Jr. no baixo e Ritante. Tínhamos vigor e vontade cardo na bateria. Éramos a banda The End. Tocávamos em bares, para buscar esse ideal. Éramos desclubes, catemidos. FazíaTínhamos um repertório sas de amimos fogueiras único. Tocávamos aquilo que gos e em e bebíamos vigostaríamos de ver uma banda qualquer nho barato, saílugar onde amos a qual- tocar. Nunca fomos por tendência fôssemos quer hora e não ou levamos nosso repertório convidatínhamos hora pro lado pop. dos, recepara voltar (mas com consciência que no dia se- bendo pouco (quando recebíamos), sempre dizendo: “Esta foi a guinte tínhamos que trabalhar). Então, nesse início dos anos no- última vez...” Mas sabíamos que venta eu conheço um novo amor, não era. Tocávamos porque gostávamos de Rock’n’Roll. Está no uma nova cidade e novos amigos. nosso sangue. O aplauso do púEra hora de uma nova emoção: surblico não tem preço. É inestimável. giu a The End. A The End tinha um repertório O nome da banda era uma simúnico. Tocávamos aquilo que gosbiose de músicas dos Beatles com The Doors, com as letras finais de taríamos de ver uma banda tocar. filmes. Tinha a ver com o fim do Nunca fomos por tendência ou le-

vamos nosso repertório pro lado pop. Não era isso que interessava. Na época dos ensaios não tínhamos a facilidade do download, do mp3, nem do cd. Se quiséssemos tirar uma música, tínhamos que comprar o vinil ou gravar em fita cassete no rádio (esta parte préhistórica é real). Sempre fomos amadores, mas tocávamos como profissionais, sempre honrando data e horários. Tocávamos por horas enquanto houvesse público. Quando errávamos, ríamos do nosso próprio erro, mas também aprendíamos a não errar novamente.

E assim fomos atravessando os anos noventa. A juventude foi indo embora. Mudamos de emprego e de cidade. Constituímos família e, por isso, ficamos responsáveis. Paramos de beber, paramos de fumar, paramos de gritar pra lua e de acender fogueiras, paramos de pular de casas e de dançar na chuva. Acordamos de um sonho, se valeu a pena? Claro que sim, foi um sonho, mas foi um sonho que tornamos realidade. Vinte anos se passaram... e no meu coração parece que foi ontem...


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Karatecas de Motuca são convocados para Sul-Americano no Chile

Divulgação

Sem recursos, atletas correm o risco de não participarem de campeonato, assim como 2004 e 2009, quando não puderam competir em mundiais

Atletas junto com o premiado professor Sampaio

Gabriela Marques Luiz

Oito karatecas de Motuca foram convocados para disputarem o 12º Campeonato Sul- Americano de Karatê, dias 24 e 25 de abril, em Copiapo, no Chile. Os atletas integrarão a Seleção Brasileira da Associação dos Competidores Estadual de Karatê (ACEK). Sem patrocínio, cada atleta terá que arcar com os custos para disputarem o campeonato. “A ACEK ainda não passou o valor do pacote, mas pelas minhas

contas, cada atleta gastará cerca de R$ 1.500 com passagem, alimentação, inscrição e translado”, calcula o professor José Roberto da Silva, o Sampaio. Sem esse valor, os karatecas correm o risco de não disputarem a terceira competição internacional por falta de patrocínio, uma vez que não puderam participar de um mundial na Alemanha, em 2004, e um em Paris, no ano passado. E para um esporte que há 16 anos leva o nome de Motuca para todo o Brasil, com cerca de 1.000 medalhas conquistadas e centenas de troféus, é desestimulador. “Cada vez

que lembro isso, dá vontade de jogar tudo para o alto. Mas eu amo muito o karatê e continuo”, revela Sampaio. Para poderem participar da competição, os atletas vendem rifas e foram até a Câmara pedir ajuda para obtenção de recursos. “Como é sempre o Sampaio que corre atrás de patrocínio, resolvemos nos juntarmos e irmos com os pais até a Câmara”, conta o atleta mais velho da equipe, Cláudio Silva, 27 anos e 14 anos de karatê. Mas Silva e Sampaio não per-

dem as esperanças e destacam a importância do campeonato. “É um sonho de todos nós realizado”, conta Silva, que é tri campeão paulista estadual, e graças ao seu desempenho em competições no último ano, obteve a oportunidade de disputar uma competição internacional, na seleção brasileira. Para Sampaio, a importância do campeonato vai além de um sonho dos atletas. “O município estará entre as potências do karatê no estado de São Paulo e no Brasil”, acredita.

Olho D’água lidera Campeonato Municipal

Futsal feminino busca vitória em casa

Com a vitória de 5 x 1 sobre o Monte Alegre B, o Olho D’água lidera o 13º Campeonato Municipal de Futebol Amador. Esta foi a primeira rodada da competição. A Argentina ocupa a 2ª posição, com a vitória por 2 x 1 sobre o Monte Alegre A. Com troféus para os quatro primeiros colocados, artilheiro e goleiro menos vazado, o campeonato segue os mesmos moldes da última edição. G.M.L

A equipe do futsal feminino de Motuca buscará amanhã a primeira vitória, contra Tabatinga, na Liga Araraquarense de Futebol, depois de empatar na estreia por 2 x 2 contra o São Carlos. O jogo será no Ginásio de Esportes, às 19hs. Antes, no mesmo local, a equipe de Matão enfrenta Itápolis, às 17h; São Carlos e Gavião Peixoto encerram a série de jogos, às 18h. G.M.L


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