Informe Pet - Edição 01

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BUC CA CIA FOGOS DE ARTIFÍCIO PÁG 2

PALHOÇA

Centro de Bem Estar Animal atende em novo horário PÁG 8

Pet F LO R I A N Ó P O L I S/SÃO J O S É (S C) C I R C U L AÇ ÃO M E N SA L AG O STO/2017 E D I Ç ÃO # 01

Vereadora MARIA DA GRAÇA

O cavalo do padeiro PÁG 4

AMIGO DE ESTIMAÇÃO

Neste fim de semana tem Adotar É o Bicho PÁG 6

“MÊS DO CACHORRO LOUCO”

A IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO CONTRA A RAIVA

Doença é incurável e a única forma de prevenir é a imunização, que deve ser feita todo ano em cães e gatos. Último caso em SC foi registrado ano passado em Jaborá PÁG 5


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FLORIANÓPOLIS/SÃO JOSÉ (SC) QUINTA-FEIRA,31 DE AGOSTO DE 2017

BUC CA

CIA

Pet

Notas, sugestões, críticas e comentários sobre o mundo animal na Região Metropolitana de Florianópolis Sugestões: e-mail: redacaofloripa@jornalinforme.com.br, WHATS: (48) 99922-8133

FOGOS DE ARTIFÍCIO

Tramita na Câmara de Vereadores de Florianópolis o projeto de Lei Complementar n. 1626/2017, que prevê a diminuição gradativa da utilização de fogos de artifício no Município de Florianópolis. Caso aprovado, nos próximos anos veremos o surgimento inovador de shows de luzes em substituição aos perigosos fogos explosivos.

CARROÇAS Desde o dia 14 de julho está valendo a Lei Municipal n. 521/2015 que proíbe a utilização de carroças para o recolhimento de material reciclável, assim como, a circulação de carroças nas zonas urbanas de Florianópolis. Além disto, entre outras vedações, a Lei reforça à já

Você sabia que entre 2011 e 2015 Santa Catarina ocupava o 7º lugar no ranking brasileiro de acidentes causados por fogos de artifício, e que a cada 10 acidentes com fogos 1 resulta em amputação de membros? Pensando nisso, a Vereadora Maria da Graça Dutra, protocolou o Projeto de Lei Complementar n. 1626/2017, que prevê a proibição gradativa da

utilização de fogos de artifício no Município de Florianópolis. A exemplo de outras cidades em que a lei já foi aprovada, a expectativa é de que os eventos e shows na Capital passem a contar com a tecnologia de luzes lasers, LEDs e drones; tudo para abrilhantar as festividades sem colocar em risco a segurança das pessoas, do meio ambiente e dos animais.

PARQUE DO CÓRREGO GRANDE existente legislação federal, que proíbe a utilização de carroças nos casos em que submeta o animal ao transporte de peso excessivo. Os casos flagrados deverão ser comunicados à Diretoria do Bem Estar Animal (DIBEA) da Prefeitura Municipal de Florianópolis.

Após a denúncia de situação de negligência dos animais existentes no Parque do Córrego Grande em Florianópolis no início do ano, tais quais, jabutis, patos e galos, todos oriundos de abandono no local pela população, a FLORAM se comprometeu em resolver a situação lhes dando destino seguro. Reuniões estão sendo realizadas e grupos de trabalho foram criados para dar conta da problemática,

BERÇÁRIO A equipe de observação de Baleias Francas por Terra registrou em 2017, o primeiro nascimento da espécie no berçário na Praia da Ribanceira em Imbituba-SC. Logo após o nascimento, após quatro dias de monitoramento, mãe e filhote se isolaram em um dos cantos da enseada, demonstrando o quanto precisam de paz e tranquilidade para o momento. As baleias Francas acabam vindo para Santa Catarina e usam essas enseadas como maternidade. Por isso, qualquer forma de molestamento como a observação embarcada, por exemplo, pode impactar diretamente na reprodução da espécie.

CÃO COMUNITÁRIO Basta uma breve caminhada pelas ruas da cidade para notar o aumento de cães abandonados nos últimos anos. Algumas comunidades têm se sensibilizado e adotado estes animais como “CÃES COMUNITÁRIOS”. A atitude é louvável, mas falta saber se o Poder Público tem mantido os programas de castrações e vacinações para evitar os possíveis surtos de doenças e aumento populacional descontrolado.

BUCICA PLACE

Os moradores do bairro Coqueiros discutem a utilização do local conhecido como Ponta da Ilhota como área de lazer para seus animais de estimação, o que tem provocado polêmica. Alguns defendem o uso do espaço exclusivamente para os cães, enquanto outros justificam que área é de bem comum, devendo, portanto, ter espaço delimitado para os animais. Há inclusive enquete online para saber a opinião da comunidade. Importante mencionar que os tutores destes animais deixaram de frequentar o Parque de Coqueiros pelo mesmo motivo, passando a usufruir da área da Ponta da Ilhota, que estava abandonado até então.

EXPEDIENTE

INFORME PET Este suplemento especial circula encartado na edição do Informe Floripa, mensalmente, sempre na última edição de cada mês. O objetivo desta publicação é servir como um canal de comunicação entre amantes dos animais de estimação, empresas do setor e ações do poder público voltado a este público. PUBLICAÇÃO Carlos Alberto Gonçalves Júnior - ME DIREÇÃO Adriano Ribeiro

porém, até o momento não houve uma ação efetiva a fim de encaminhar os animais para locais adequados à espécie.

CORRENTES Manter um animal acorrentado além de ser um ato de crueldade e maus-tratos é privá-lo dos direitos de liberdade básicos inerentes ao seu ser. Os cidadãos que presenciarem tal fato, com base na Lei 9605/98 e no Decreto Lei

Pet

Nº 24.645/34, podem e devem denunciar! Florianópolis e São José já contam com uma Diretoria de Bem-Estar Animal, que podem receber os boletins de ocorrência, registrados nas delegacias da Policia Civil. Denuncie não se omita.

VIRADA ANIMAL No próximo mês de outubro acontecerá a primeira semana da Virada Animal no Município de Florianópolis. O objetivo é sensibilizar a sociedade acerca da importância da saúde, proteção e direitos dos animais, estimular a adoção e guarda responsável de animais domésticos, propiciar espaços para informações e convivência, valorizar e incentivar manifestações educativas, ambientais e culturais na cidade. Em vários lugares da cidade, de 01 a 08 de outubro, irá ocorrer a realização de feiras de artesanato, brechós, palestras ou outras atividades educativas pertinentes a esta data marco para Florianópolis. Aguardem programação!

REPORTAGENS Darilson Barbosa DIAGRAMAÇÃO Doda Design APOIO COM CONTEÚDO Vereadora Maria da Graça Veterinário Felipe e Maísa Secco CIRCULAÇÃO Florianópolis e São José IMPRESSÃO SOLUÇÕES INTEGRADAS DE IMPRESSÃO

Gráfica Uma - Florianópolis e interior SC Endereço: Av. Ivo Silveira, 3811 | Bairro Capoeiras CNPJ: 92.821.701/0003-71 CONTATO

48 - 99922-8133 48 - 3733-6977 E-mail: redacaofloripa@ jornalinforme.com.br Rua Tenente Silveira, 324, sobressala 02, centro, Florianópolis


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FLORIANÓPOLIS/SÃO JOSÉ (SC) QUINTA-FEIRA,31 DE AGOSTO DE 2017

Pet ADOÇÃO

Dibea e seu trabalho pelos animais em situação de abandono

Órgão da prefeitura trabalha para dar um atendimento e encaminhamento para os animais sem dono na Capital Catarinense DARILSON BARBOSA Repórter

redacaofloripa@jornalinforme.com.br

As atividades veterinárias realizadas por meio da Diretoria de Bem Estar Animal de Florianópolis (Dibea), oferecem atendimento especializado e emergencial aos animais abandonados em situação de rua. Durante a semana a diretoria funciona de segunda à

sexta-feira das 8h às 17h. Por mês são realizados cerca de 400 procedimentos veterinários no espaço da Diretoria, localizada no bairro Itacorubi, em Florianópolis. Eliane Alves, técnica administrativa da Dibea, conta que o espaço da diretoria realiza atendimento veterinário, castração de animais e outros procedimentos para as famílias que possuem renda de até três salários mínimos. “Nós realizamos um atendimento vete-

rinário especializado. Nosso foco são as famílias que possuem renda máxima de três salários mínimos. Basta apresentar um comprovante de renda e residência e solicitar o serviço veterinário desejado. Também agimos em casos nos quais recebemos denúncias de mau tratos. Nestes casos, orientamos as pessoas para tomar atitudes cabíveis e condizentes. Em casos extremos trazemos os animais para serem encaminhados à doação por meio

da Diretoria. Todas as atividades têm como objetivo bem-estar dos animais de estimação”. “Outra iniciativa implementada e realizada pela Diretoria de Bem Estar de Florianópolis (Dibea) que está sendo muito bem recebida e aclamada pela comunidade é o projeto Cão Terapia, que acontece todos os sábados não chuvosos, das 15:30h às 18h (abril a novembro) e das 15:30h às 18:30h (dezembro à março) “Também

realizamos o projeto Cão Terapia, com a intenção de encaminhar os animais que estão no espaço da Diretoria para um novo lar. É uma iniciativa para as pessoas conhecerem a personalidade do animal, verificando se existe uma afinidade que possibilite a adoção. O interessado pode ficar a tarde inteira com o animal”, complementa Eliane Alves. Durante a semana a diretoria funciona de segunda à sexta-feira das 8h às 17h.

PROJETO ECOPET

Tampinhas em troca de bem-estar animal Buscando auxiliar os animais de estimação que passam por situação de abandono e rua é que o projeto Ecopet Tampinhas faz a reutilização de tampinhas de garrafa Pet. O projeto existe oficialmente desde abril de 2017. Atualmente é realizado pelas duas idealizadoras e dez voluntárias que arrecadam recursos financeiros por meio da venda de produtos recicláveis fabricados utilizando as tampinhas como matéria prima na confecção. A renda obtida na venda dos produtos é revertida para realizar a castração de animais das famílias que têm baixa renda, que muitas vezes acabam abandonando seus animais de estimação, deixando-os em situação de rua. Natália Carvalho, idealizadora e organizadora do Ecopet Tampinhas, comenta as principais ações realizadas por meio do projeto Ecopet. “O Projeto é formado por idealizadores e voluntários que decidiram se unir com o objetivo de arrecadar recursos financeiros por meio de venda de materiais para reciclagens para auxiliar na castração de animais em situação de rua de famílias carentes. Nossa missão está na realidade focada em um tripé, em que desejamos conscientizar as pessoas da importância da realização de castrações e cuidados com os animais, castrações a fim de reduzir a população de animais de rua e auxiliar o meio ambiente dando um destino correto ao material reciclável utilizado”. Ana Pacheco, organizadora e idealizadora, comenta como sur-

ENTIDADES, COMO O GRUPO DE ESCOTEIROS DE SÃO SEBASTIÃO, CONTRIBUEM COM A COLETA

giu a ideia de criação da Ecopet “Eu e a Natália somos de Caxias do Sul. Lá já existe o projeto de reutilização das tampinhas, com o nome de Engenharia Solidária. Uma professora da UFRGS idealizou e deu início ao projeto. Quando eu e a Natália viemos morar aqui em Florianópolis, percebemos que haviam muitos animais abandonados, em situação de rua, com pouca assistência e iniciativas para reverter esta situação. Contatei a Regiane Heck, professora da UFRGS, do campus Caxias do Sul. Ela falou para eu conversar com a Natália. O Ecopet Tampinhas iniciou oficialmente em abril de 2017. Estamos atuando há cinco meses na região. O projeto cresceu muito neste curto período. Temos dez voluntárias que atuam diretamente na realização das atividades do projeto” Ana Pacheco ressalta que o principal objetivo da Ecopet Tam-

pinha é a conscientização e bem-estar animal. Estamos indo em muitas escolas, colégios, grupo de escoteiros, Câmara de Vereadores. Atingimos um número grande de grupos e pessoas. Fazemos um trabalho de conscientização com crianças e adultos. O projeto das tampinhas é além das tampinhas, todo mundo pode juntar tampinhas sem utilizar recursos financeiros, ajudando o meio ambiente. Não custa guardar algumas para serem doadas para o projeto. Conseguimos falar com todas as classes sociais e grupos. É um trabalho de conscientização voltad para a reciclagem e bem-estar animal. A ideia é unir a conscientização com o meio ambiente e a questão de maus tratos e abandonos com os animais. Que são situações corriqueiras em diversos locais do Brasil. Por enquanto são poucas iniciativas para reverter esta situação”.

LEIS

“Precisamos de leis mais rígidas e um trabalho de conscientização. É necessário que o governo faça cumprir a legislação. Por exemplo se a pessoa é condenada pelo crime de maus tratos, a pessoa simplesmente doa uma cesta básica ou realiza um serviço comunitário. Os maus tratos com os animais é falta de caráter. A pessoa que maltrata um animal doméstico pode maltratar qualquer pessoa. Nestes casos é preciso que a lei seja aplicada com mais veemência”, ressalta Ana Pacheco.

ACEITABILIDADE

“Nós percebemos que o projeto está sendo muito bem aceito na Grande Florianópolis. A pessoa não precisa ter dinheiro para contribuir para o projeto, basta juntar as tampinhas. Temos apoio de diversas empresas, escolas, pet shops, grupo de escoteiros, lojas e

o comércio em geral. O apoio está sendo ótimo. Muitos estão aderindo a campanha. A praia do Moçambique é um ponto de desova, assim como outros. Nossas ações buscam reverter essa drástica realidade que passam os animais”, comenta Pacheco.

PLANOS FUTUROS

“Futuramente queremos realizar mais ações, como comprar ração e outras atividades que visam o bem-estar dos animais domésticos em situação de rua e abandono, queremos dar aos animais qualidade de vida e um novo lar. Estou me sentindo muito realizada com a organização e realização do projeto Ecopet na região da Grande Florianópolis. São 140 locais de arrecadação de tampinhas em quatro municípios. Estamos mobilizando as pessoas no sentido de realizar ações com focos no bem estar animal”, finaliza.


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Pet SAÚDE

Leishmaniose: Sala de situação discute ações para prevenir a doença na Capital

Sala de situação foi criada após a confirmação do 1º caso autóctone de leishmaniose visceral humana em Florianópolis

CONTROLE DE ZOONOSES VEM FAZENDO AÇÕES EDUCATIVAS E DE CONTROLE DESDE 2010

A Sala de Situação da Leishmaniose, criada após a confirmação do primeiro caso autóctone de leishmaniose visceral humana em Florianópolis, discute as próximas ações educativas, de prevenção e de controle da zoonose. Reunião na manhã do dia 28 de agosto teve a participação de representantes da Prefeitura, Secretaria de Estado da Saúde, OAB, Ministério Público Federal, Universidade Federal de Santa Catarina e ONGs de proteção animal. No próximo encontro deverá ser apresentada uma proposta de documento conjunto direcionado à população, a ser assinado por todos os representantes, apontando as condutas a serem estabelecidas buscando prevenir a ocorrência de novos casos na Capital. As ações envolverão testes em cães, busca ativa de pessoas sintomáticas na região onde foi registrado o caso de leishmaniose visceral humana, limpeza e educação ambiental nos terrenos onde há maior possibilidade de ocorrência do mosquito-palha, inseto transmissor da doença, entre outras.

PREVENÇÃO Locais com fezes de animais, cascas ou restos de vegetais e folhas podem ser favoráveis para a ocorrência do inseto transmissor da doença. Isto porque o mosquito-palha se reproduz em locais sombreados e com acúmulo de matéria orgânica em decomposição. A melhor forma de prevenção é a limpeza dos terrenos e casas, realizar a poda periódica das árvores, além de evitar a criação de porcos e galinhas em área urbana. O CCZ de Florianópolis oferece serviço de coleta e realização de exame laboratorial para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina. Outra recomendação importante é o uso de roupas adequadas, como boné, camisa de manga comprida, calças e botas, quando permanecer em área de mata ou no entorno, especialmente a partir das 17h, horário de maior atividade do mosquito-palha. Indica-se, também, a utilização de coleiras repelentes específicas para estes insetos nos cães.

ARTIGO

Vereadora MARIA DA GRAÇA

“No te rindas que la vida es eso...” ¹ O padeiro chamava-se Silvino e era português. Todas as manhãs, muito cedo, passava com a sua carroça barulhenta, distribuindo o pão pelas casas da minha rua. Eu o esperava no portão, antes de ir para a escola. Ele trazia o pãozinho doce, que eu levaria para a merenda. Esse era apenas um dos motivos. O outro era para ver o seu cavalo. Aquele enorme e dócil animal castanho me fascinava. Era um ser extraordinário que sabia exatamente em que casa deveria parar para entregar o pão. Eu tinha apenas seis anos e isso me intrigava, consumia meus pensamentos infantis. Contudo, era mais do que curiosidade. Aflorava em mim a necessidade de entender o mundo exterior, além do círculo restrito do próprio eu e dos familiares. Esperava a carroça chegar com um misto de ansiedade e temor. Talvez já intuísse que havia algo naquele mundo novo que pudesse ferir a minha inocência. A rua onde eu morava terminava

O cavalo do padeiro em uma grande ladeira, onde iniciaria minha primeira dor. Feita a distribuição do pão, lá ia o padeiro, encosta acima, em direção à próxima rua. E eu sofria ao ver o cavalo arrastando o que pra mim parecia ser uma enorme carroça naquela subida íngreme. Desejava ardentemente que o ônibus do colégio, que vinha me buscar todos os dias, chegasse logo e me poupasse de testemunhar aquele sofrimento. Quando o padeiro levantava o chicote para bater no lombo do cavalo durante a subida, eu fechava os olhos e sentia o estalo gélido do látego nas minhas próprias costas. Minha pele crispava-se e eu temia abrir os olhos. Hoje sei que este foi o meu primeiro sentimento de compaixão. Podia não conhecer a palavra, mas já sabia o que significava e o quanto doía. E este sentimento novo foi inspirado por um animal. Era uma criança calada, observadora e com muita capacidade analítica. Porém, não sabia como expressar meus sentimentos. A comunicação na família era deficiente. Muitas vezes a única

via de comunicação era a eloquência do meu silencio. Nunca foi decifrado. Chorava durante a noite, pensando nas chicotadas que o cavalo do padeiro recebia todos os dias. Era solitária no meu sofrimento. Data desta época a perda da inocência. Havia sido tocada pela dor. Passei a detestar o padeiro. Vivíamos um inusitado triângulo amoroso. O cavalo, o padeiro e eu. O padeiro gostava de mim, me sorria todas as manhãs, balançando o seu enorme bigode e tentava me agradar, mas batia no cavalo. Eu gostava do cavalo e detestava o padeiro, e o cavalo, pelo visto, gostava de nós dois. Certo dia, seu Silvino chegou com a carroça, como de costume, e notei que o cavalo tinha uma grande flor de hibisco vermelha adornando sua cabeça. Surgiu então, pela primeira vez, uma dúvida: será que ele, apesar de tudo, gostava do cavalo? Aquele pensamento me deixou mais otimista. Talvez o padeiro não fosse tão mau assim. Ainda não conseguia entender o complexo mundo dos adultos que

possui uma enorme gama de matizes para harmonizar as contradições. No dia em que o padeiro me convidou para subir na carroça controlei minha aversão e aceitei, com a condição de que não usasse o chicote no cavalo. Quando me convidou para passar a mão no focinho aveludado do animal, conduzindo a minha mão, fiquei feliz. Esse ritual de acariciar o focinho do cavalo tornou-se frequente e eu já fazia sozinha, todas as manhãs. O cavalo me conhecia – e se deixava abraçar. O fato de chegar à escola com seu cheiro tornou-se natural. Talvez seja esta lembrança mais antiga e nítida que guardo de um animal na minha infância. É uma lembrança viva, porque ainda hoje retorna envolta em sentimentos. O que apenas se viu, pode ser esquecido, mas o que se sentiu, fica gravado. Só sinto não recordar o nome do cavalo. Foi ele a gênese da compaixão que me acompanharia pelo resto da vida. E o padeiro, afinal, era um bom homem. ¹versos de Mário Benedetti


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Pet “MÊS DO CACHORRO LOUCO”

A importância da vacinação contra a raiva Doença é incurável e a única forma de prevenir é a imunização, que deve ser feita todo ano em cães e gatos. Último caso em SC foi registrado ano passado em Jaborá

Agosto ficou conhecido popularmente como o “mês do cachorro louco” devido à concentração de fêmeas no cio e à disputa entre os machos, que os deixa mais arredios, aumentando o risco de mordidas, inclusive no homem. Nesses casos, se o animal estiver infectado pelo vírus da raiva, o risco de transmissão é grande. Por isso, esse mês foi escolhido para conscientizar a população sobre a importância da prevenção contra a doença, que é fatal em 100% dos casos. Segundo o médico-veterinário Luciano Granemann e Silva, membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina e proprietário da Cão.Com, a única forma de evitar a doença é através da imunização. “Ela é obrigatória por lei, faz parte do calendário nacional de vacinação e deve ser tomada uma vez por ano por cães e gatos a partir de 12 semanas”, afirma. São poucas as contraindicações: animais prenhes, com severa debilidade física ou que apresentam forte reação alérgica à vacina. O Brasil é exemplo no combate da raiva animal em todo mundo. Desde 1973, quando o governo federal iniciou o Programa Nacional de Prevenção da Raiva, foi registrada uma redução de 90% nos casos. Embora esteja controlada, a doença não foi erradicada, por isso a necessidade de continuação de ações preventivas. De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis, os últimos registros em Santa Catarina aconteceram em Xanxerê e Itajaí, em 2006, e em Jaborá, no ano passado, todos com variante do vírus de morcegos (ciclo silvestre, não urbano).

sistema de aviso mais eficiente, a adesão aumentou significativamente. De 2016 para 2017 houve um crescimento em torno de 20%. Só nesse primeiro semestre, 46,7% dos clientes avisados trouxeram seus pets para tomar a vacina”, comemora o médico-veterinário Luciano Granemann e Silva. Alguns planos de saúde para pets incluem a vacina e outros concedem descontos.

ONDE VACINAR Famílias com renda de até dois salários mínimos, mediante comprovação de renda e domicílio, podem vacinar seus cães e gatos gratuitamente na Diretoria de Bem-Estar Animal, da Prefeitura de Florianópolis. A vacina também pode ser encontrada em clínicas veterinárias e agropecuárias. A Cão.Com, por exemplo, realiza anualmente ações buscando alertar seus clientes sobre a importância da vacina antirrábica. “Depois que implantamos um

CONTROLE DA RAIVA Em várias cidades no Brasil são promovidas pelo poder público campanhas gratuitas de vacinação em massa, dependendo do risco na localidade. Em Florianópolis elas não acontecem há muitos anos, devido a seu status de “raiva controlada no ciclo urbano”, segundo a bióloga Cíntia Petroscky, do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura. Ela informa que durante o ano todo o centro atua na vigilância dos casos suspeitos

MÉDICO-VETERINÁRIO LUCIANO GRANEMANN E SILVA APLICANDO A VACINA ANTIRRÁBICA NA CLÍNICA CÃO.COM

em animais domésticos e morcegos, agindo também no controle de notificações em herbívoros, como bois e cavalos. “Aqui na cidade a proximidade entre os morcegos e o homem e seus animais domésticos é bastante frequente, por isso a vacinação continua sendo recomendada como uma ação de proteção individual”, afirma. O QUE FAZER EM CASO DE MORDIDA OU SUSPEITA DE RAIVA? Caso o tutor suspeite que seu pet esteja com sintomas de raiva, o médico-veterinário Luciano Granemann e Silva recomenda confinamento e a comunicação imediata à autoridade pública. Se for mordido por animal de rua ou outro cão com suspeita de raiva, deve ser levado a uma clínica veterinária para tratar as feridas e, caso não seja imunizado, realizar exames. A bióloga Cíntia Petroscky também alerta sobre a importância do Cen-

A RAIVA É CONTRAÍDA ATRAVÉS DA SALIVA DE UM ANIMAL INFECTADO

tro de Controle de Zoonoses (CCZ) ser notificado imediatamente caso animais domésticos entrem em contato com morcegos ou seja observado algum comportamento incomum desses animais, como pouso em locais iluminados, voos diurnos e entrada em residências. “Caso encontre um morcego, não toque, apenas jogue um pano sobre ele e entre em contato imediatamente para que possamos ir ao local capturá-lo”, aconselha. Caso pessoas forem agredidas por cães, gatos e mamíferos silvestres, é importante procurar um dos 49 centros de saúde do município para a realização do atendimento antirrábico. FORMAS DE CONTRAIR A RAIVA E SINTOMAS A raiva é contraída através da saliva de um animal infectado, através da mordedura, arranhadura e lambedura em ferimentos ou mucosas. Os principais transmissores em

áreas urbanas são cães, gatos e morcegos. A doença afeta o sistema nervoso central e entre os sintomas mais frequentes estão mudanças de comportamento, agressividade, hipersalivação e paralisias. SERVIÇO

O que: Vacinação contra a raiva em cães e gatos a partir de 12 semanas (3 meses) Quando: Uma vez por ano Onde: Clínicas veterinárias e agropecuárias Quanto: De R$ 25 a R$ 100 em clínicas veterinárias e agropecuárias e gratuitamente na Diretoria de Bem-Estar Animal, da Prefeitura de Florianópolis, para famílias com renda de até dois salários mínimos, mediante comprovação de renda e domicílio.


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Pet AMIGO DE ESTIMAÇÃO

Neste fim de semana tem Adotar É o Bicho Evento de adoção consciente de animais será neste sábado (2) no estacionamento do shopping Iguatemi Florianópolis, das 14h às 19h

Meninão é um cão de tamanho médio e tem uma patinha a menos por causa de um atropelamento. Tem três anos e há dois espera ser adotado. A cadelinha Nutty foi resgatada após o falecimento da sua dona. Está com um ano e meio e há dois meses aguarda por uma nova família. Estes são apenas alguns dos cães que participarão do evento de adoção consciente que ocorre neste sábado (2), no Iguatemi Florianópolis. Uma vez por mês o shopping promove o Adotar É o Bicho, com aproximadamente 30 animais, entre cães e gatos, todos protegidos pelo Instituto É o Bicho. Já pensou em fazer um passeio diferente no shopping? Que tal aproveitar a oportunidade para visitar, conhecer e dedicar um pouco do seu tempo a estes animaizinhos tão carentes de carinho e à procura de um lar? O evento será realizado no estacionamento do Piso G3, das 14h às 19h. Vários animais, entre felinos e caninos, de diferentes idades e tamanhos, vacinados e castrados, estarão por lá aguardando pela adoção. O acesso do público no Adotar

ROMEU

É o Bicho é gratuito. Para adotar é preciso ter em mãos o RG e comprovante de residência e ter no mínimo 21 anos. A adoção ocorre depois que a pessoa passa por uma entrevista e colabora com R$ 30. Caso este não seja o momento para adotar um cão ou um gato, existem outras maneiras de ajudar. A organização do evento aceita doações de ração, cobertas e roupas

MENINÃO

pets para aquecer os animais nos dias de temperaturas baixas. SERVIÇO

Evento Adotar É o Bicho QUANDO: 2/09 – sábado HORÁRIO: Das 14 às 19h LOCAL: Piso G3 do Iguatemi Florianópolis (estacionamento próximo da academia Fórmula)

NUTTY

Quer ser voluntário? ● Seja voluntário: Todos os protegidos precisam de uma mãozinha para segurá-los das 14h às 19h. ● Ajude na montagem do espaço: sexta-feira (1), das 20h às 21h.

● Ajude na Desmontagem: sábado (2), às 19h. ● Dê uma carona para algum cão ou gato protegido ir ao evento. Mais informações pelo email: direcao@eobicho.org

Brechó beneficente animal é realizado na Feira da Maricota DARILSON BARBOSA

DARILSON BARBOSA Repórter

redacaofloripa@jornalinforme.com.br

Uma bela iniciativa com o objetivo de trazer bem-estar a animais de estimação que são abandonados na região da Grande Florianópolis é o Brechó Beneficente organizado pelo casal Altair Gonçalves e Marta Deutsch, na Feira da Maricota, realizada todas às quartas e sábados, das 8h às 16h próximo ao Terminal de Integração do Centro (TICEN). “Nós gostamos muito dos animais de estimação”, comenta Altair Gonçalves. Gonçalves explica que a ideia de realizar um brechó beneficente voltado para o bem-estar de animais domésticos abandonados ação social. “Queríamos fazer algo mais consistente pelos bichos. Como a castração, que auxilia a diminuir a população de animais que se encontram abandonados, em situação de rua,

CASAL ALTAIR GONÇALVES E MARTA DEUTSCH, NA FEIRA DA MARICOTA

já que a existência de muitos animais sem nenhum tipo de atendimento fitossanitário colabora na disseminação de doenças como a Leishmaniose, Cinomose, Doença do Carrapato e Raiva. Além de outros males

que utilizam os animais como hospedeiros intermediários e vetores”. Marta Deutsch ressalta que o Brechó está funcionando desde quando a Feira da Maricota começou a funcionar próxima

ao Mercado Público. “Estamos aqui desde o início da feira neste espaço. Conversei com a diretoria e organização, cogitando a possibilidade de realizar um brechó beneficente para os animais. Deu certo. Toda arrecadação obtida com as vendas é utilizada em ações sociais que visam o bem-estar animal de cães e gatos. Além de encaminhar para a castração, também realizamos o resgate de animais em situação de vulnerabilidade, alimentamos, tratamos com carinho e encaminhamos para uma hospedagem que mantemos em nosso lar, para encaminhá-los para a doação”. LOGÍSTICA Deutsch ressalta que a realização das vendas no brechó é apenas uma etapa inicial. “Realizamos um grande trabalho de utilidade pública, que inicia com a venda das roupas na feira e termina com a busca de um lar que ofereça boas condições aos animais. É um trabalho social

que traz muitas benesses para a sociedade. As roupas que não podem ser vendidas no Brechó, são encaminhadas e reaproveitadas em ações semelhantes. O Brechó é uma atividade que realizamos paralelamente a nossa rotina profissional. É gratificante porque nosso objetivo é o bem-estar dos animais de estimação que são abandonados”. HOSPEDAGENS Gonçalves comenta que existem diversos tipos de hospedagens na região da Grande Florianópolis. “Na região existem hospedagem para animais de todos os gostos. Existem algumas consideradas cinco estrelas, que ficam localizadas em Canasvieiras, no Norte da ilha. No entanto também existe o oposto, locais que deveriam servir como hospedagem, mas não tem a infraestrutura necessária para atender todas as necessidades dos animais que são abandonados ou estão em situação de rua”.


| FLORIANÓPOLIS/SÃO JOSÉ (SC) QUINTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO DE 2017

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FLORIANÓPOLIS/SÃO JOSÉ (SC) QUINTA-FEIRA,31 DE AGOSTO DE 2017

Pet PALHOÇA

Centro de Bem Estar Animal atende em novo horário Apesar da mudança, o número de procedimentos diários está mantido

Para melhorar o atendimento, o Centro de Bem Estar Animal de Palhoça teve seu horário de funcionamento alterado, mantendo dez castrações diárias. Desde o dia 14 de agosto, os animais com procedimento agendado estão sendo recebidos entre 11 e 12 horas e seus responsáveis podem retirá-los entre 16:30 e 17:30h, de segunda à sexta-feira.

Para realizar o cadastro, a recepção funciona das 12h às 18 horas. O Centro de Bem Estar Animal presta serviços gratuitos de castração de cachorros e gatos e instalação de chips de identificação, além de outros serviços para o controle da população de animais no município. O atendimento é prestado para as demandas de animais abandonados no município

em auxílio a organizações não governamentais e cuidadores que já realizam este trabalho. Também são atendidos animais cadastrados cujos responsáveis possuam renda familiar de até 2,5 salários mínimos. ENDEREÇO Este serviço público está instalado à Rua Prefeito Nelson Martins, 135, no centro, em cima da Farmácia de Alto Custo.

CENTRO DE BEM ESTAR ANIMAL PRESTA SERVIÇOS GRATUITOS

POLÍTICA

“Está na hora de SC criar um plano de ação para o bem-estar animal” O deputado Natalino Lázare (PR) está buscando informações, subsídios, experiências e cases para a criação de legislação e implantação de uma política pública específica e funcional para resolver o problema dos animais domésticos (principalmente cães e gatos) que são abandonados nas ruas e áreas rurais dos municípios catarinenses. Com este intuito, o parlamentar foi recebido em audiência pelo prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes (PSDB), no gabinete dele, para conhecer a experiência bem sucedida do Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos, o Cepread, que é um case de sucesso em Santa Catarina. O secretário de Comunicação de Blumenau, Marco Antônio Wanrowsky, e o diretor do Cepread, veterinário Luiz Carlos Kriewall, também participaram da audiência. Natalino Lázare também foi a um dos pet places da cidade – praças especiais onde os cães e gatos podem brincar livremente, sem coleiras e sem correram ou oferecerem riscos – e à sede do Cepread, na Vila Itoupava, onde os animais são acolhidos, tratados, recuperados e encaminhados posteriormente para a adoção com o apoio das entidades que se dedicam à causa animal. “Está na hora de Santa

MICHELE LAMIN / AGÊNCIA AL

FABIAN LEMOS / AGÊNCIA AL

DEPUTADO VISITANDO ESTRUTURA DE CUIDADO AOS ANIMAIS

SAIBA MAIS

DEPUTADO VISITANDO O PREFEITO DE BLUMENAU, NAPOLEÃO (PSDB)

Catarina criar um plano de ação para o bem-estar animal.” CASE DE SUCESSO O prefeito Napoleão Bernardes implantou o Cepread no escopo da reforma administrativa, no primeiro dia do seu primeiro mandato, em janeiro de 2013. “Pela falta de legislação federal e estadual específica, sancionei uma lei municipal, definimos a estrutura, que é toda adminis-

trada e tocada por técnicos da área. Os resultados têm sido extremamente positivos,” resumiu Bernardes, enaltecendo a iniciativa do deputado Natalino Lázare, “que pode dar um norte a esta questão tão importante.” O deputado saiu encantando da agenda. O problema que está sendo muito bem resolvido em Blumenau atinge praticamente todos os municípios catarinenses. Não podemos

mais nos conformar com os paliativos existentes. Precisamos de uma política pública estadual séria, exequível e que realmente possa ser benéfica para o bem-estar dos animais domésticos, o que hoje já é uma realidade em Blumenau pela inciativa e visão do prefeito,” argumento Natalino Lázare, salientando que o Estado precisa dar um norte nesta questão aos administradores municipais.

CEPREAD O Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticos é um órgão municipal que está subordinado à Secretaria Municipal da Saúde. Foi criado em 14 de Julho de 2014, pela lei municipal n°8.001. Tem a missão de estabelecer e executar políticas públicas de bem estar animal. O órgão atende denúncias de maus tratos, realiza atendimento médico veterinário para animais errantes / comunitários e realiza educação em saúde visando conscientização para guarda responsável de animais. Além disso, promove o controle populacional de cães e gatos.


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