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Modelo sustenta avanço social e garante oportunidades

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Fora do jogo

Fora do jogo

Formato associativo está nas raízes da formação regional. Mesmo em ano marcado pela instabilidade no setor de proteína animal, resultado financeiro mostra a força do modelo. Crescimento do setor foi maior do que a média do RS. Em 2022, faturamento se aproximou dos R$ 8 bilhões. Um avanço de 22,4% meiros vilarejos da região. Uma história contada e recontada por gerações. Vindos da Europa, os imigrantes trouxeram os primórdios do associativismo.

O modelo precisa ser celebrado. E, importante dizer, quando há alguma dificuldade, precisamos é fortalecer o associativismo.”

VALE DO TAQUARI

Trabalho com várias mãos. Pessoas unidas por um propósito comum. Foi assim na formação dos pri-

No estado

• Faturamento: R$ 81,9 bilhões, incremento de 14,9%;

• Sobras: 19,2% nas sobras apuradas, atingindo o valor de R$ 4,3 bilhões;

• Patrimônio líquido: crescimento de 16,2%, chegando a R$ 28,1 bilhões;

• Ativos: acréscimo de 20,1%, alcançando a marca de R$ 149,6 bilhões.

Ano-base 2022

No Vale

• Faturamento de R$ 7,97 bilhões em 2022

• Avanço de 22,4% em relação ao ano anterior

• Ramo de crédito cresceu

101,9%

• O agropecuário teve

12,6% de elevação

• Em um ano, cooperativas criaram 265 novos empregos

• Hoje são mais de 8,8 mil trabalhadores com carteira assinada;

• O número de associados nas cooperativas do Vale do Taquari cresceu 4,9% e chegou a 461.467 pessoas.

Neste 1º de julho é comemorado o Dia Internacional do Cooperativismo e conhecer parte desse passado pode ajudar a explicar o fenômeno hoje. As evidências comprovam que o modelo está na base do desenvolvimento econômico e social do Vale.

Os dados da Organização das Cooperativas do RS (Ocergs/Sescoop) evidenciam a importância do cooperativismo. Em 2022, o faturamento das organizações desse setor no Vale se aproximou de R$ 8 bilhões, um crescimento de 22,4%. Percentual de crescimento acima da média gaúcha.

Em todo o RS, a Ocergs calcula um avanço percentual de 14,9% no ano passado. “O cooperativismo está na essência do nosso estado. E no Vale do Taquari, temos um exemplo de como ele trás resultados à sociedade”, afirma o presidente da Ocergs, Darci Pedro Hartmann.

No geral, o faturamento das cooperativas gaúchas representaram R$ 81,9 bilhões. No cálculo estadual, o Vale representa 9,6%.

Cooperativas de crédito

Na região são pelo menos 18 cooperativas. Destas, seis do segmento agropecuário, quatro em crédito/finanças, três de transporte, três de infraestrutura e duas na área da saúde. Todas juntas têm cerca de 450 mil associados.

O resultado positivo foi puxado pelo segmento de crédito. Em 2022, as cooperativas financeiras tiveram uma expansão de 101,9%. Este cenário encoraja o segmento. Tanto que o presidente da Sicredi Integração RS/MG, Adilson Metz, detalha o momento da organização.

A cooperativa tem quase 80 mil associados, com R$ 4,7 milhões em ativos e R$ 370 milhões em patrimônio líquido. São dez agências em Minas Gerais e 16 no RS. “Pretendemos inaugurar mais uma unidade em Lajeado. Procuramos inovar, garantindo acesso pelo digital sem perder o diferencial no

Crédito, saúde e proteína animal. Três segmentos com cooperativas em operação e que contribuem para resultado de destaque da região atendimento presencial”, diz Metz.

Na análise dele, o sistema de cooperação é responsável pelo desenvolvimento acelerado do Vale.

“O modelo precisa ser celebrado. E, importante dizer, quando há alguma dificuldade, precisamos é fortalecer o associativismo.”

O histórico de região cooperativa atrai olhares de outros empreendimentos. Tanto que em 2019, a organização paranaense, a Cresol, começou a operar no Vale. “Estamos em cinco cidades. Pretendemos levar todos os serviços financeiros ao nosso cooperado.

Além disso, temos feito uma organização para atender os agricultores da região e que tenhamos recurso em abundância para custeio e investimentos”, diz o gerente Rodrigo Riffel.

O sistema Cresol tem 28 anos. “Aqui no Sul ainda temos muito a crescer”. De acordo com ele, há um número expressivo de novas adesões, algo próximo dos 50% por ano. A ideia é ultrapassar os 800 mil associados até o fim do ano.

Desafio no agro

Os últimos dois anos foram de instabilidade na cadeia produtiva do agro, em especial às duas maiores cooperativas de proteína animal da região, Dália e Languiru. Essa última passa por um plano de recuperação, inclusive com a necessidade de venda de ativos, de patrimônio e encerramento dos abates de suínos.

Na Dália, o presidente do conselho de administração, Gilberto Piccinini, destaca a importância da gestão. De entender o momento para definir investimentos. “Já ouvimos falar de crise várias vezes. É normal passar por altos e baixos. No momento de bons resultados é preciso definir o futuro, conversar com o associado, criar fundos e botar o pé no chão. Transparência é fundamental.”

A cooperativa de Encantado tem 76 anos. São cerca de três mil associados e mais de três mil empregos formais. Para Piccinini, por vezes a comunidade local desconhece os preceitos do cooperativismo, no RS

371 cooperativas

3,5 milhões de associados (1/3 da população gaúcha)

76,5 mil trabalhadores

Associados

74,5%

16,2%

7,9%

1,4%

Infraestrutura

Agropecuária

Demais ramos namento é muito importante.”

O presidente da Associação Rural de Lajeado (Arla), Orlando Stein, acrescenta que os anos foram também de dificuldades à produção de grãos. Seca e alta nos preços interferiram nos resultados. “Ainda assim, o nosso produtor é muito otimista. Tanto que acreditamos em uma safra muito boa no próximo ciclo.”

Apesar do quadro desafiador, o ano passado deixou o setor agropecuário cooperativado do Vale na segunda posição em crescimento. Conforme a Ocergs, houve um avanço de 12,6% no faturamento em comparação a 2021.

Renovação

Crédito

Energia

A cooperativa Certel Energia tem 75 mil consumidores. Atua em 48 municípios e tem cerca de 800 funcionários diretos. “Não há desenvolvimento sem energia elétrica”, realça o presidente Erineo Hennemann.

Como forma de se preparar para as necessidades futuras, a Certel projeta o maior empreendimento para geração de energia. A hidrelétrica de Bom Retiro do Sul. Serão cerca de R$ 250 milhões em investimento.

Em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) classificou a Certel como a melhor distribuidoras de energia do país entre fornecedoras com mais de 10 mil clientes.

A Hora – Qual o impacto das cooperativas para o desenvolvimento das comunidades?

Darci Pedro Hartmann – Essa é uma das questões mais importantes. Temos diversos segmentos de cooperativas, todos muito pujantes. Eu sempre afirmo: o cooperativismo é a organização econômica e social que devolve todo o resultado à própria comunidade. Nas regiões com forte atuação cooperativista é possível perceber que os índices de educação, desenvolvimento humano e de renda são muito maiores.

– Cooperativas de produção de alimentos são as mais afetadas pela instabilidade no setor. Como a Ocergs acompanha isso?

Hartmann – Estamos com dois ciclos de dificuldades no agro. Dois anos atrás começou a crise da proteína animal de suínos e frangos, por conta do preço da matéria prima da ração estava muito alto em relação ao dólar. Na época, o produtor não tinha como pagar os reajustes, e nós sabíamos do prejuízo que poderia vir e veio. Isso impactou as indústrias, mas haviam algumas empresas que conseguiram segurar a dificuldade e outras que não saíram dessa situação. Mesmo com o acontecimento, tenho certeza que vão conseguir voltar porque o DNA cooperativo dos produtores é muito forte e eles vão fazer a retomada. por mais que se veja o impacto na sociedade. “Fazer com que todos tenham noção de como é o funcio-

– Ao passo em que há uma tendência de queda dos custos de produção, qual a perspectiva para o setor da produção de alimentos e de carnes?

Hartmann – Eu acredito que o setor de produção de carnes vai ser o primeiro a se recuperar. Foi o primeiro que entrou em crise e vai ser, acredito que em seis meses, o primeiro a ter condições de sair dessa dificuldade. Já estivemos em Brasília e falamos com o ministro para alavancar recursos para este setor.

– O que se espera para o futuro do cooperativismo?

Hartmann – Tenho uma absoluta convicção de que o futuro do cooperativismo é muito promissor. Quando temos dificuldade em alguns setores, como o da proteína animal, são dificuldades de negócio, não de modelo. Tenho certeza que o cooperativismo consegue enfrentar melhor os problemas. Isso por conta da maior capacidade de organização, resiliência e capacidade de avanço. Os problemas são sazonais, a seca sempre vem, assim como as crises, e o cooperativismo tem superado isso. Tenho plena certeza de que o modelo ainda vai crescer muito. Mesmo com a queda do PIB estadual, as cooperativas continuaram crescendo, isso mostra a resiliência do formato.

Presidente da cooperativa de transportes, Adelar Steffler, confirma que o modelo associativo funciona indiferente do segmento econômico. Na área de logística, o principal gargalo é de profissionais para dirigir os caminhões. “Temos pouca renovação. A maioria dos condutores estão com mais de 50 anos. Precisam treinar para saber lidar com a tecnologia embarcada. O problema é não termos reposição.”

De acordo com ele, é necessário atrair condutores mais jovens para preencher as vagas em aberto. Tanto que em Lajeado está em construção a nova unidade do Sest/Senat. A instituição proporciona cursos especializados, tanto presenciais como à distância, desde atividades operacionais de transporte e logística até a gestão de negócios.

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