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Moradores reagem às notificações sobre acessos na duplicação da 287

Reuniões entre proprietários, possibilidade de protesto e encontro com deputado são articulações para tentar solucionar impasse. Executivo, Legislativo e população reclamam da dificuldade de comunicação com a concessionária

Júlia Amaral juliaamaral@grupoahora.net

VALE DO TAQUARI

Donos de propriedades rurais às margens da RSC-287 têm sido notificados para que regularizem os acessos à rodovia. Insatisfeitos, os moradores têm reivindicado por esclarecimentos acerca do projeto da duplicação e afirmado que não pagarão pelas alterações. Em Taquari, a obra compreende oito quilômetros. Em Bom Retiro do Sul, são três. O documento recebido pelos proprietários afirma que as adequações são de responsabilidade integral dos notificados, sob pena de fechamento do acesso em caso de não atendimento. Além disso, em caso a ocupação irregular que tenha ocasionado danos ao pavimento e sistema viário, os custos da recomposição serão repassados aos moradores.

Em entrevista ao programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9, o presidente da câmara de vereadores de Taquari, Leandro Mariante (PT), falou sobre a falta de diálogo entre a Rota de Santa Maria, concessionária responsável pela duplicação, e os moradores das margens do local das obras

“Estamos falando de pequenos produtores. Quando essas pessoas são notificadas, para elas é o fim do mundo. Além do mais, essa notificação é agressiva. Ela fala que as mudanças vão ocorrer e que os custos são de responsabilidade do morador. Que custos são esses?”, indaga o vereador.

Segundo Mariante, entre Tabaí e Santa Maria, são mais de 300 acessos que ligam a RSC-287. Além disso, o modelo de multipassagem não se aplica ao pedágio,

Poderão ser necessárias adequações, as quais são de responsabilidade integral, inclusive os custos, do noti cado, sob pena de fechamento do acesso em caso de não atendimento; causando prejuízos aos moradores. O termo de obra da rodovia ainda não possui um tratado definido, o que, para o presidente da câmara, causa dificuldade em entender o que é obrigação da concessionária e o que é do poder público.

Mariante destaca ainda a dificuldade de comunicação com a concessionária. Segundo ele, foi feita apenas uma audiência pública para tratar do projeto da obra, que ocorreu em Santa Maria, durante a pandemia. Para duplicação da BR-386, por exemplo, foram sete audiências públicas.

“O projeto não foi pensado para pessoas. Ele foi pensando para o usuário da rodovia, mas não para os moradores da margem. Eu não vejo soluções hoje. Não consigo perceber o morador fazendo esse aporte financeiro”, reforça. O vereador não descarta a possibilidade da organização de um protesto, a fim de dar visibilidade ao caso.

“Ninguém vai pagar nada”

No mês passado, a auxiliar de escritório Andreza Araújo da Silva recebeu uma notificação falando sobre as alterações necessárias nos acessos. Ela e a família moram na localidade de Amoras, em Taquari, há 45 anos. “Levamos um susto. Outros moradores também estão incomodados. Mas nós vamos recorrer, ninguém vai pagar nada”, afirma. Uma reunião entre a comunidade deve ser organizada nos próximos dias.

Em Bom Retiro do Sul

O prefeito Edmilson Busatto não recebeu reclamação de moradores sobre as notificações em Bom Retiro do Sul. “Talvez, por ser um trecho pequeno, isso não ocorra”, comenta. Mesmo assim, o chefe do Executivo reclama do descaso por parte da concessionária, em especial a falta de informa- ções sobre o projeto e dificuldades de comunicação.

“As concessionárias se consideram donas das propriedades. Eu já fui quatro vezes conversar com o pessoal da Rota de Santa Maria, mas agora a pessoa com quem falei nem está mais lá. A comunicação é muito difícil”, afirma Busatto.

Nesta quarta-feira, 12, o titular da Secretaria de Administração e Planejamento, Carlos Dullius, e o vereador João Pedro Pazuch (PSD) vão a Porto Alegre se encontrar com o deputado Elton Weber (PSB) para falar dos problemas na duplicação. No mês passado, Weber organizou audiência com a concessionária.

O que diz a Rota de Santa Maria

Em resposta à reportagem, a concessionária diz já estudar uma alternativa para a regularização dos acessos, o que implica em ajuste contratual. O contrato, firmado com o governo do estado, obriga a concessionária a conduzir o processo de regularização de todos os acessos da RSC-287, iniciado pela notificação de todos os responsáveis por propriedades lindeiras de Tabaí a Santa Maria. Conforme a empresa, a notificação apenas orienta os proprietários sobre o processo de regularização, indicando o contato com os canais de comunicação da concessionária para os próximos encaminhamentos. O processo de regularização é gradativo, finalizando no ano 15 da concessão.

Coluna Do Museu

Por, Sérgio Nunes Lopes

Kemily Dyana Passos Kelly Lavall da Silva

Por uma cultura de museus

No último domingo, dia 9 de julho, o Museu Público Municipal de Arroio do MeioCasa do Museu, esteve aberto. A instituição foi incluída na programação da 5ª Feira Gastronômica Sabores da Nossa Terra. O diálogo com os visitantes evidenciou alguns aspectos sobre os quais os estudos na área da museologia já têm refletido há alguns anos. São fatores como: a concepção de museu em cidades do interior e o horário de funcionamento dessas instituições ao longo da semana. Em relação ao horário de funcionamento da instituição algumas pessoas testemunharam que passam durante a semana em frente à instituição, têm vontade de entrar, mas as outras ocupações cotidianas não permitem. Esta é uma situação bastante lógica e recorrente. Entre as funções do museu estão a de entreter e de apresentar-se como uma opção de deleite intelectual para quem quer se desafiar e ampliar o repertório de conhecimentos gerais. Trata-se de uma atividade a ser feita, muitas vezes, no tempo separado para o lazer em família. Para que essas premissas sejam satisfeitas os museus precisam abrir aos finais de semana. Isso ainda não está consolidado na região, mesmo nas cidades maiores.

As discussões dos setores que debruçam-se sobre os destinos do turismo, que virou uma febre regional, precisam tratar disso. A infraestrutura gastronômica e de hotelaria é mais saliente, mas para além de comer e dormir, consumir cultura é uma das demandas de quem se desloca na condição de turista.

O outro ponto a ser destacado para a consolidação de uma cultura de museus é a ruptura com a premissa de que nos museus são lugares onde há “coisas velhas” desprovidas de serventia para a contemporaneidade. Essa é uma percepção enviesada e completamente destoante do que se deve pressupor ao aproximarse de uma instituição de memória.

Este pré-conceito de museu se

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