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Fotografia na parede
Pobre é um povo que precisa de heróis. Isso demostra sua total desorganização sócio-política. Apesar disso, temos vivido esse desastre nos últimos anos, pois a regulação, entendida como parâmetros éticos para proteger a sociedade, foi relegada ao segundo plano. Quase jogada na lata de lixo. Seus adeptos e incentivadores, via de regra moradores do andar de cima, vendem a ideia de que tudo pode ser monetizado, inclusive os sentimentos mais íntimos. Quais serão as presas mais fáceis? A resposta é óbvia: aqueles que têm seus heróis e mitos.
Fechados em seu mundo idealizado, se esquecem que são as formas de pensar que nos fazem ser o que somos. Incapazes de olhar o outro e a si mesmos como um produto histórico, veem a realidade da vida como uma fotografia na parede, onde tudo é estático.
Nesse mundo paralelo, reina o descaso com a diferença. Assim, sem levar em consideração as condições materiais e subjetivas de cada um, o deus todo poderoso ‘algoritmo’ produz o desejo de consumo. Logo, ainda que de forma inconsciente, segrega. Além disso, fala pelas pessoas. Portanto, infantiliza-as. Radicalizando um pouco mais, poder-se-ia dizer: culpabiliza aqueles que, adotando consensos sobre o comportamento social, não seguem suas determinações.
Diferente da fotografia na parede, uma vez que existe movimento fora da prisão de uma imagem, a atividade humana precisa ser regulada. Dizia a filósofa alemã Hannah Arendt: “toda dor pode ser superada se sobre ela puder ser contada uma história”. Com base nessa