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A HORA DA TERRA
DEZEMBRO DE 2015
Editorial
Descaso ambiental
A hora da leitura FOTOS ANDERSON LOPES
Introdução ao Gerenciamento de Recursos HĂdricos Editores: Arnaldo Augusto Setti, Jorge Enoch Furquim Werneck Lima, Adriana Goretti de Miranda Chaves e Isabella de Castro Pereira. A AgĂŞncia Nacional de Energia ElĂŠtrica (Aneel) apresenta um trabalho que constitui o panorama geral do gerenciamento de recursos hĂdricos no Brasil. Nele destaca a importância do tema e inclui diretrizes relacionadas Ă preservação e uso racional desses recursos.
Gestão das à guas no %UDVLO ² 5Hà H[}HV 'LDJQyVWLFRV H 'HVDÀRV
arroio são paliativas e carecem de um projeto mais audacioso. Hå cinco anos, o jornal A Hora publicou matÊria sobre o grau de poluição. Em novembro de 2010, um diagnóstico jå colocava o Engenho entre os mais sujos do Vale. Pouco mudou de lå pra cå. Continuamos inertes diante de um problema coletivo. Um arroio que jå serviu de local de banho e de pesca resumido a um amontoado de lixo e esgoto. Agora, surge novo movimento. Vereador SÊrgio Rambo sugere idenWLÀFDomR GDV SODQWDV H iUYRUHV jV PDUJHQV D ÀP GH LQLFLDU XP SURFHVVR de conscientização. A Univates inicia coleta de dados para diagnosticar o estado da ågua e propor fórmulas de recuperação. Aguardamos.
à guas Doces no Brasil Editores: Aldo Rebouças, Benedito Braga e JosÊ Garnezia à guas Doces no Brasil (selo Escrituras), agora em 4ª edição (revisada e atualizada), mostra, por meio de artigos de autoridades no assunto, que o problema da ågua no Brasil e no mundo tem solução. O livro, editado pela primeira vez em 2000, transformou-se em obra de referência. A 3ª edição (2006) contou com a apresentação da então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Lajeado, sexta e fim de semana, 12, 13 e 14 de novembro de 2010 Ano 8 - NÂş 520
Avulso: R$ 2,25 Mensal: R$ 13,50
EMERSON FOGUINHO
O
Arroio do Engenho ĂŠ um sĂmbolo de Lajeado. Carrega parte da histĂłria e do desenvolvimento da cidade. Passa por vĂĄrios bairros atĂŠ desaguar no Rio Taquari. A degradação ao longo dos Ăşltimos anos o transformou num cĂłrrego de esgoto, com odor e coloração deplorĂĄveis. Peixes e outros animais aquĂĄticos nĂŁo sobrevivem. Tudo piorou quando parte do manancial foi canalizada. O lixo e o esgoto perceptĂveis por quem caminhava Ă s margens Ă€FRX HVFRQGLGR GHEDL[R GH WXERV de concreto. Em paralelo, as necessĂĄrias polĂticas pĂşblicas para a preservação do Engenho nunca saĂram do papel. A Corsan, que explora o abastecimento de ĂĄgua em Lajeado, por dĂŠcadas nĂŁo investiu em tratamenWR GH HĂ XHQWHV GRPpVWLFRV 6y R faz, agora, por exigĂŞncia contratual. Mas as evoluçþes sĂŁo lentas e imperceptĂveis. A iniciativa privada tambĂŠm se omitiu da responsabilidade de aumentar o rigor sobre o tratamento dos dejetos industriais e por longos anos despejou no Engenho tudo que ĂŠ tipo de lixo e esgoto. O problema continua e se acentua. Os peixes jĂĄ morreram e o Engenho virou o “TietĂŞ do Valeâ€?. A pior das comparaçþes, visto o trĂĄgico estado do rio que cruza SĂŁo Paulo. As iniciativas de recuperação do
Editor: Wilson Cabral de Souza Jr. O livro se constitui em fonte de consulta, reĂ H[mR H LQVSLUDomR SDUD FLGDGmRV SURĂ€VVLRQDLV tĂŠcnicos, alunos e cientistas que se interessam pelo tema ĂĄgua.
VALE DO TAQUARI
Expovale começa nesta sexta-feira > Pågina 14 ESTIAGEM
Lavouras carecem de mais chuva
GIOVANE WEBER
> PĂĄgina 18 MATO LEITĂƒO
Faltam cem vagas na creche municipal
GRAPPLING
NESTA EDIĂ‡ĂƒO
melhor do A me paĂs ĂŠ daqui
Tudo sobre o Vale do Taquari
> Caderno Esportes
> Caderno Especial
Ă?ndice
O Engenho agoniza O arroio-sĂmbolo de Lajeado “pede ĂĄguaâ€? em sua foz
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CAROLINA LEIPNITZ
fluentes domĂŠsticos e industriais sĂŁo os principais destruidores de um dos mais importantes arroios lajeadenses. Local que hĂĄ poucos anos servia para pesca e banho perdeu a função de recurso hĂdrico. Administração municipal pretende canalizar toda a extensĂŁo que ĂŠ de 3,8 quilĂ´metros. O arroio destaca-se pelo valor histĂłrico, uma vez que foi responsĂĄvel pelo inĂcio do desenvolvimento da cidade.
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PĂĄginas 4 e 5 TEMPO NO VALE Hoje no Vale do Taquari: sol com nebulosidade. MĂnima: 10ÂşC - MĂĄxima: 24ÂşC Fim de semana no Vale do Taquari: tempo firme com sol. MĂnima: 12ÂşC - MĂĄxima: 27ÂşC
DESCASO: em vĂĄrios pontos de sua extensĂŁo ĂŠ possĂvel sentir o mau cheiro, ver lixo, entulhos e coliformes fecais boiando na superfĂcie
Fundaparque volta Ă tona apĂłs dez anos
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rojeto que estava engavetado quer transformar os parques Professor Theobaldo Dick, do Imigrante e Histórico em fundação. O estudo compreende um Centro de Eventos que deve ser sede de entidades locais, como a Câmara de Vereadores de Lajeado, Acil e Lions Clube. Påginas 8 e 9
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3HUÀO O Caçador de à rvores Gigantes Ê a promessa gaúcha para o cinema em 2016.
O caderno A HORA DA TERRA Ê uma publicação do jornal A Hora do Vale. Direção Editorial: Fernando Weiss Coordenação e produção: Anderson Lopes Arte: Gianini Oliveira
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Arroio do Engenho Da nascente à foz, Engenho evidencia grave problema de poluição.
Reprodução dos conteĂşdos sĂł com autorização expressa do jornal. Tiragem: 10 mil exemplares 'LVSRQtYHO SDUD YHULĂ€FDomR MXQWR DR impressor (ZH Editora JornalĂstica)
A HORA DA TERRA
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$QLPDomR GLJLWDO UHĂ HWH sobre desmatamento FOTOS DIVULGAĂ‡ĂƒO
O curta-metragem O Caçador de à rvores Gigantes Ê uma promessa da animação digital gaúcha nos festivais de cinema de 2016. Inspirado na arte japonesa, mostra riqueza de detalhes nos cenårios naturais da história.
N
o enredo, a natureza, o espĂrito aventureiro e a expectativa. Um menino brinca no quintal de casa quando descobre uma arca antiga. Dentro dela, uma mapa, indicando a localização dos caçadores de ĂĄrvores gigantes. Remete o pĂşblico jovem ao perĂodo de extração do pau Brasil, quando o paĂs era colĂ´nia de Portugal. $ REUD IRL Ă€QDQFLDGD SHOR Fumproarte e inspira admiradores das artes visuais. Em IDVH GH Ă€QDOL]DomR GH iXGLR jĂĄ estĂĄ no hall dos festivais de cinema gaĂşchos no inĂcio de 2016. TambĂŠm passarĂĄ por escolas da rede pĂşblica de Porto Alegre. É o primeiro trabalho de maior destaque do diretor de arte Anttonio Pereira. HĂĄ ainda a webcomics (histĂłria em quadrinhos digital) chamada Pakotopopokey. Pereira jĂĄ escreveu livros infantis como Essas Maravilhosas Geringonças e O Menino Que Achava que Empinava Pipa. A ideia ĂŠ tentar uma adaptação para sĂŠrie animada. "O universo ĂŠ bem amplo e tem muitas histĂłrias a serem contadas." A inscrição no edital Fumproarte garantiu ao fundador do Studio PakĂłto a realização de um sonho. Oriundo de uma famĂlia de agricultores, pas-
sou a infância na zona rural de Porto Alegre. A chĂĄcara onde morava lhe proporcionou a liberdade, hoje combustĂvel de suas criaçþes. A animação ĂŠ feita em estilo tradicional, desenhada Ă mĂŁo e sem impresĂŁo, o que economiza dez mil folhas. A mensagem ĂŠ clara: ĂŠ preciso cuidar das ĂĄrvores.
2 ÀOPH TXHU chamar a atenção do público jovem para a proteção das årvores Anttonio Pereira
A Hora – Como ĂŠ desenhar virtualmente? Anttonio Pereira – Apesar de ser digital, a animação ĂŠ produzida de desenho a desenho, como a tĂŠcnica tradicional. Optamos por nĂŁo usar papel, pois querĂamos seguir a mensagem. O mĂnimo que poderĂam fazer rĂamos nĂŁ gastar ĂŠ nĂŁo essa quantidade de papel. Seus deseSe nhos sĂŁo inspirado em obras rados orie orientais? Pe Pereira – Minh inspiranhas çþes sĂŁo mesmo de artistas japoneses, ja co como Hayao Mi Miyazaki, Akira Toriyama, Ko Koji Morimoto e Moebius. Mas o principal ĂŠ o StĂşdio Ghibli. HĂĄ ainda o trabalho inspirador do brasileiro Ale Abreu QR Ă€OP QR Ă€OPH O Menino e o Mundo Mund .
O que pretende instigar nos espectadores? Pereira – 2 Ă€OPH TXHU chamar a atenção do pĂşblico jovem para a proteção das ĂĄrvores. O personagem ĂŠ uma criança. Ao longo do Ă€OPH R PHQLQR DSUHQGH D cuidar e entender que as ĂĄrvores tambĂŠm sĂŁo seres vivos. Quem contracena com ele ĂŠ o Bicho do Mato, inspirado na caipora, entidade da natureza que aparece para ensinar. Os antigos caçadores eram cortadores de mato? Pereira – NĂŁo exatamente cortadores, jĂĄ que na lenda os caçadores tiravam as ĂĄrvores com as raĂzes para presentear os reis do cĂŠu. Os antigos caçadores de ĂĄrvores, FLWDGRV QR Ă€OPH H QD KLVWyria em quadrinhos, sĂŁo uma representação dos europeus, que no sĂŠculo XVI vinham para a AmĂŠrica do Sul com interesses na exploração do pau-Brasil, porĂŠm, a histĂłULD GR Ă€OPH WUDEDOKD FRP D temĂĄtica de uma forma mais lĂşdica. Como a histĂłria foi concebida? Pereira – Foi inspirada em uma ĂĄrvore grande que tinha perto no lugar onde eu nasci.
Sempre quis fazer uma história que tivesse o foco na natureza. Quando percebi que tinha todo o material pronto, me inscrevi no edital. O meu projeto foi contemplado. É PXLWR VDWLVIDWyULR YHU XP ÀOme de animação pronto, mas principalmente ver a reação das pessoas ao assisti-lo. Hå tambÊm um livro? Prereira – Sim, acabei criando duas histórias completamente paralelas (uma delas acontece 500 anos antes) mostrando um caçador derrubando as årvores – o que originou a lenda dos caçadores. O que acha do cenårio de animação do Brasil? O mercado de animação brasileiro tem crescido muito. O Festival Anima Mundi Ê o segundo maior do mundo e tem muitos estúdios de animação no Brasil procurando constantemente artistas. O Brasil ganhou três importantes prêmios da animação internacional, FRP RV ÀOPHV Uma História de Amor e Fúria, O Menino e o Mundo e Guida. Busco novos horizontes e sonhos para continuar trabalhando e acrescentando algo para a sociedade.
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Poluição sufoca o Arroio do Engenho Projeto em anålise nas comissþes parlamentares propþe medidas para incentivar a preservação do Parque da Nascente do Engenho Clara Maria Schorr. A proposta chega quando a Univates realiza coletas no Rio Taquari para testar qualidade da iJXD $à XHQWH p XP GRV PDLV SROXtGRV VHQGR considerado o 'Tietê dos Vales'.
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HFXUVR KtGULFR WHP D QDVFHQWH SURWHJLGD mas uma foz agonizante. Durante o SHUFXUVR UHFHEH DOWDV FDUJDV SROXLGRUDV PDWDQGR D YLGD aquåtica e contaminando o Rio Taquari. A proposta do vereador 6pUJLR 5DPER YLVD LGHQWLÀFDU as årvores e instalar placas às margens do Arroio do (QJHQKR RULHQWDQGR YLVLWDQWHV VREUH FDGD HVSpFLH GH YHJHWDomR 1mR EDVWD VHU uma APP. É urgente estancar a contaminação." Açþes em prol da recuperação da årea a partir de março de 2016 serão realizadas por
A despoluição Ê o mais emergencial e exigirå o cumprimento de leis ambientais que criminalizam as diversas formas de danos
DOXQRV GD HVFROD 1RYD 9LHQD TXH ÀFD GR ODGR GD QDVFHQWH ÉUYRUHV IUXWtIHUDV H QDWLYDV serão plantadas por eles em uma årea que difere da realidade encontrada no percurso do arroio: se antes era local GH EDQKR H SHVFDULD KRMH p um córrego de esgoto. 6HJXQGR R SURSRQHQWH algumas medidas são impresFLQGtYHLV SDUD UHFXSHUDomR GR arroio. Estancar o lançamento GH HVJRWRV GRPpVWLFR H LQGXVWULDO p R SDVVR PDLV HPHUJHQFLDO EHP FRPR GHVREVWUXLU R leito dos entulhos e dejetos. Canalizado em alguns trechos do centro e São CrisWyYmR UHFHEH WRGR WLSR GH
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rejeitos e dejetos. Na foz do Engenho, o encontro com o Taquari ĂŠ deprimente. É visĂvel a diferença na coloração das ĂĄguas. Parte mais escura dos resĂduRV GHVFH DR IXQGR 2XWUD Ă€FD acumulada em pequenas represas de lixo que boiam com garrafas pet e sacos plĂĄsticos, pneus e muita matĂŠria orgânica. O odor ĂŠ forte. Conforme o pescador AdĂŁo de Moraes, 43, pescar no Taquari ĂŠ sĂmbolo de resistĂŞncia. Cerca de dez metros antes da correnteza do rio encontrar o Engenho ĂŠ o ponto estratĂŠgico. Morar hĂĄ quatro dĂŠcadas no mesmo lugar lhe proporcionou um aprendizado constante: se antes era fĂĄcil pescar na saĂda do arroio, agora ĂŠ preciso saber onde encontrar os peixes. "DiminuĂram muito nos Ăşltimos 20 anos."
Da nascente Ă foz: afluente do Rio Taquari recebe grandes quantias de dejetos e rejeitos domĂŠsticos
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O TietĂŞ do Vale ANDERSON LOPES
Ao longo dos seus 3,8 quilĂ´metros, o Engenho leva contaminação para o principal recurso hĂdrico do Vale. Para o publicitĂĄrio e ativista do movimento Viva o Taquari Vivo, Gilberto Soares, o arroio foi escondido da população. Na avenida DĂŠcio Martins Costa, a grande quantidade de dejetos e rejeitos de indĂşstrias, comĂŠrcio e residĂŞncias mata o arroio. O forte odor de Ăłleo diesel e gasolina ĂŠ indicativo de poluição. O Engenho nasce no bairro Olarias, passa pelo Montanha, SĂŁo CristĂłvĂŁo, Americano e centro. Uma pequena parte ĂŠ canalizada, tornando-se um esgoto com alto potencial poluente ao Rio Taquari. Para Soares, o arroio estĂĄ morto e pouco se pode fazer a respeito. “Desde que foi canalizado DVVLQDUDP D FRQĂ€VVmR Âľ O secretĂĄrio de Meio Ambiente de Lajeado, JosĂŠ $QWXQHV DĂ€UPD TXH XPD QRWLĂ€FDomR FRP SUD]R GH dias, foi encaminhada pela
Ă gua turva do Arroio do Engenho contrasta com o Rio Taquari. Concentração de matĂŠria orgânica ĂŠ visĂvel
administração Ă Corsan, exigindo um plano de metas para o esperado tratamento do esgoto. Em 2008, o contrato assinado entre a companhia e o municĂpio foi renovado para mais 25 anos, porĂŠm, nĂŁo conta com plano de sanea-
mento. Em 2003, a Corsan foi QRWLÀFDGD D DSUHVHQWDU XP plano de metas para o tratamento. Doze anos depois, nada foi feito. Antunes lembra que existe uma lei no Plano Diretor H[LJLQGR ÀOWURV H WUDWDPHQWR
dos esgotos das residĂŞncias. “Muitos esperam a vistoria do +DELWH VH H TXDQGR R Ă€VFDO vira as costas, ligam o esgoto GLUHWR QR SOXYLDO Âľ
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Herança ambiental 1DVFHQWH Ă€FD QD SURSULHdade de JosĂŠ BonifĂĄcio Ehrenbrink. Para ajudar na preservação, plantou ĂĄrvores frutĂferas e nativas no local
Poluidores impunes Para Rambo, preservar a Ăşnica nascente limpa do Engenho ĂŠ o inĂcio de um longo caminho. Ele afirma que parte da proposta inclui o tratamento do esgoto e a limpeza das ĂĄguas do arroio. A despoluição ĂŠ o mais emergencial e exigirĂĄ o cumprimento de leis ambientais que criminalizam as diversas formas de danos. A poluição de recurso hĂdrico pode gerar trĂŞs tipos de responsabilidades: caso os dejetos estejam poluindo um recurso hĂdrico utiliza-
do para consumo humano, pode sofrer autuação fiscal por infração administrativa, ação civil pĂşblica destinada a reparar os danos causados e uma ação penal pela prĂĄtica do crime de poluição sob qualquer forma. O fato de as infraçþes administrativas estarem dispersas em vĂĄrios textos dos cĂłdigos )ORUHVWDO H &LYLO GLĂ€FXOWD R FRQKHFLPHQWR H D DSOLFDomR e QHFHVViULR YHULĂ€FDU D OHL TXH HPEDVD D Ă€JXUD LQIUDFLRQDO H LPSRU DR WUDQVgressor o auto de infração. $ /HL GH TXH WUDWD GD 3ROtWLFD 1DFLRQDO GR 0HLR $PELHQWH HVWDEHOHFH sançþes cabĂveis Ă queles que nĂŁo cumprem as medidas necessĂĄrias Ă preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental. Entre outros artigos, a lei visa a preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas Ă utilização racional permanente. 1R kPELWR HVWDGXDO FDGD XQLGDGH federativa fixa regras prĂłprias para o exercĂcio da imposição de penalidades. O mesmo se dĂĄ em relação aos municĂpios. As sançþes podem ser multa, perda ou restrição de incentivos fiscais, perda ou suspensĂŁo de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crĂŠdito ou suspensĂŁo da atividade.
JosĂŠ BonifĂĄcio Ehrenbrink, 54, tem como meta de vida proteger a nascente do Arroio do Engenho, lugar onde passou a infância, assim como os pais. O antigo dono da terra, tio Rodolfo Fernando, HUD R VHX SDGULQKR H QmR WLQKD Ă€OKRV (P o presente deixado nĂŁo poderia ter sido melhor. Quando a mĂŁe de Ehrenbrink morreu, o tio pediu que fosse morar com ele. "Gostei muito do lugar e estou aqui atĂŠ hoje." 4XDQGR FUHVFHX DEULX XPD RĂ€FLQD GH FKDpeação e pintura. A proximidade com a BR-386 facilitou os negĂłcios. Mas a paisagem começou a Ă€FDU GLIHUHQWH Com o tempo, Ehrenbrink percebeu que o lago, DQWHV SURIXQGR HVWDYD Ă€FDQGR UDVR 7HUUDV H pedras que desciam dos morros e das lavouras em dias de chuva forte estavam açoriando a nascente. A decisĂŁo de recuperar o lugar se deu quando percebeu que tambĂŠm os pĂĄssaros, antes abunGDQWHV HVWDYDP Ă€FDQGR HVFDVVRV 'HFLGLX TXH era preciso recuperar o lugar. Para deixĂĄ-lo mais parecido com o que era antes, plantou ĂĄrvores IUXWtIHUDV DEULX D QDVFHQWH SDUD Ă€FDU PDLV ODUJD H SURIXQGD H LQWHUURPSHX DV DWLYLGDGHV GD RĂ€FLQD O mesmo sentimento era demonstrado pelo tio Rodolfo. Ele orgulhava-se ao lembrar que o Arroio do Engenho era diretamente ligado Ă histĂłria de Lajeado. "Quando me mudei para o Olarias, nas WHUUDV GH FLPD HP SHVFDYD DTXL 1D pSRFD tinha muita traĂra e muçum. Senti saudades disso." O dono das terras fez um desvio para as ĂĄguas poluĂdas que desciam da BR-386 em dias chuvosos escoarem para outra vala. Foram intalados 30 canos de 60 cm para a ĂĄgua nĂŁo ir toda diretamente ao arroio. "É um cartĂŁo-postal que existe pra cĂĄ. JĂĄ quiseram comprar pra fazer loteamento, mas eu quero deixar assim como estĂĄ." A criação de alguns animais como porco, galinha e gado se tornou rotina. Antigamente, quando era solteiro, caçava pomba. Hoje nĂŁo permite D FDoD QR OXJDU $Ă€UPD TXH RV SiVVDURV YROWDUDP 7DWX UDWmR GR EDQKDGR H RXWURV DQLPDLV VLOYHVtres voltaram a aparecer depois que as ĂĄrvores deram os primeiros frutos. Segundo Ehrenbrink, o sentimento ĂŠ de ver de volta um lugar que o tio deixou como legado.
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FĂĄrmacos na ĂĄgua preocupam As substâncias farmacolĂłgicas sĂŁo a principal preocupação entre as contaminaçþes do arroio, tanto para vida aquĂĄtica quanto para o consumo humano. A Univates realizou coletas no Rio Taquari em maio deste ano para testes quĂmicos e microbiolĂłgicos. O Projeto Detecção e Remoção de Micropoluentes em Sistemas de Captação de ÉJXDV 6XSHUĂ€FLDLV H (Ă XHQWHV ĂŠ uma parceria da Univates com a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das MissĂľes (URI) e estĂĄ no segundo ano. TrĂŞs pontos diferentes de coletas foram realizados no rio com ĂŞnfase em amostras GH iJXD VXSHUĂ€FLDO MXQWR j captação, na saĂda da estação de tratamento de ĂĄgua e no Ă€QDO GD UHGH GH GLVWULEXLomR Segundo a coordenadora geral do projeto, Dr. LucĂŠlia Hoehne, desde maio, a equipe realiza as coletas, mas nos tipos fĂĄrmacos ainda nĂŁo foi
possĂvel realizar pesquisa por falta de um equipamento que deve chegar no prĂłximo ano. (QWmR VHUi SRVVtYHO PRQLWRUDU os nĂveis de seis remĂŠdios nas ĂĄguas do Taquari como amoxiFLOLQD FHIDOH[LQD QRUĂ R[DFLQD D]LWURPLFLQD FLSURĂ R[DFLno e benzetacil. AlĂŠm disso, serĂĄ analisada a utilização de tecnologias para a remoção desses micropoluentes por processos oxidativos avançados. O custo total da pesquisa serĂĄ de R$ 981 mil, sendo R$ 82,8 mil destinados para bolsistas e R$ 899 mil para equipamentos e materiais de consumo. O aporte veio da )LQDQFLDGRUD GH (VWXGRV H Projetos (Finep). &RQWD FRP SURĂ€VVLRQDLV FRPR 5DIDHO 5RGULJR (FNKDUGW FRRUGHQDGRU GH (QJHQKDria Ambiental; Dra Simone StĂźlp, coordenadora do ParTXH &LHQWtĂ€FR H 7HFQROyJLFR do Vale do Taquari Tecnovates; Dr. MaurĂcio Hilgemann e Gustavo ReisdĂśrfer.
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Em parte canalizado, Engenho Ê contaminado por poluição da cidade
SaĂşde em risco Conforme LucĂŠlia, ainda nĂŁo hĂĄ na legislação brasileira uma resolução regulamentando os parâmetros de emissĂŁo de fĂĄrmacos em corpos hĂdricos. A principal preocupação ĂŠ o desenvolvimento de resistĂŞncia aos medicamentos. Por enquanto, todas as anĂĄlises realizadas (menos a GRV IiUPDFRV Ă€FDUDP GHQtro dos parâmetros de pH,
cor, dureza e contagem de microrganismos. A coordenadora salienta que hå formas de trataPHQWRV GH iJXD HÀFLHQWHV "Quanto a esgotos residenciais e industriais, existe ÀVFDOL]DomR SDUD LVVR
Vida aquåtica ameaçada Um novo relatório da International Joint Commis-
sion (IJC, na sigla em inglĂŞs) – consĂłrcio de autoridades GRV (VWDGRV 8QLGRV H &DQDdĂĄ – chegou a um resultado alarmante: o sistema de WUDWDPHQWR GRV HĂ XHQWHV estava falhando. De acordo com a cientista fĂsica da Joint Commission Internacional, Antonette Arvai, compostos quĂmicos apareceram em nĂveis baixos e, mesmo diluĂdos, representam risco. Os cientistas revisaram dez anos de dados e diagnosticaram 42 compostos que aparecem com frequĂŞncia, entre eles, herbicidas, anticonvulsivos, antibiĂłticos, DQWLEDFWHULDQRV H DQWL LQĂ DmatĂłrios. Traços de cafeĂna, paracetamol e estriol sĂŁo os mais frequentes. As substâncias, mesmo extremamente dispersas, com milionĂŠsimos de grama por litro, mudam a vida de animais aquĂĄticos, os ritmos diĂĄrios, aumentando a agressividade e desorganizando a reprodução. No mar, moluscos alteram a deposição de ovos, destruindo a fecundidade dos peixes.
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