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“Quem está no meio rural é porque gosta mesmo”

Jornal NG: Como você vê o cenário da mão de obra no meio rural?

Rogério Heemann: Temos uma concorrência com as indústrias, as fábricas. Lá se trabalha de segunda a sexta, no máximo até sábado. No campo tem que trabalhar de segunda a segunda, não tem férias, não tem 13º salário, faça chuva, faça sol, com ou sem estiagem. Eu digo que quem está no meio rural é porque gosta mesmo, senão vai procurar outra profissão. Hoje quem produz o alimento é o nosso agricultor, a agricultura familiar. Então, se a cidade consome produtos de qualidade, é graças ao produtor e as agroindústrias. É o que a gente sempre diz: “se o agricultor não planta, uma cidade não almoça e não janta”.

Há dez anos na presidência do sindicato, Heemann é responsável por organizar os serviços disponibilizados e as iniciativas coletivas do setor. Ele valoriza as melhorias estruturais no interior e projeta um uso cada vez mais frequente da tecnologia, sobretudo para estimular a permanência dos jovens no campo. para os mais idosos mexerem em um celular ou sistema diferente é complicado. Então tem que ter um filho ou neto para auxiliar nessas questões. Temos que ser realistas, não adianta querer produzir como era a quarenta ou cinquenta anos. A tecnologia existe para melhorar também a qualidade de vida do nosso agricultor.

NG: Qual a relação entre os avanços tecnológicos e a atividade no interior?

Heemann: A tecnologia vem para auxiliar os produtores e cada vez temos menos mão de obra. Com a idade avançada dos nossos agricultores e às vezes

NG: Como as melhorias na estrutura do município podem incentivar a permanência dos jovens nas propriedades rurais?

Heemann: Em Estrela nós temos uma estrutura boa no interior, com asfalto chegando em praticamente todas as comunidades. Energia elétrica hoje está em condições melhores. Telefonia, água potável... Aquilo que antes só a cidade tinha, o interior também tem. São melhorias que acontecem no meio rural, junto com a tecnologia. Hoje temos vacas ordenhadas por robôs. Antes era à mão e depois veio a ordenhadeira. Em propriedades melhor instaladas, é possível produzir mais, com menos mão de obra. Tudo tem seu custo, mas são incentivos a mais para os jovens permanecerem no interior.

NG: Quais as conquistas do seu período à frente do sindicato e quais os desafios para os próximos anos?

Heemann: Uma das maiores conquistas que tivemos foi o Programa de Incentivo ao Jovem Empreendedor do Campo. Este é um projeto do governo municipal que, para participar, é necessário estar associado ao sindicato. As parcerias com Emater, Sicredi, administração do município, são trabalhos em conjunto porque o público é o mesmo. Temos que nos unir para sempre poder dar mais condições para a agricultura produzir. O principal desafio é manter o sindicato ativo e mostrar para o agricultor quais os benefícios e vantagens que ele tem em ser associado. O produtor tem que manter sempre a confiança na diretoria e nos funcionários.

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