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Inteligência Artificial rompe limites e transforma a medicina

Monitoramento de pacientes, assistência cirúrgica e descoberta de medicamentos. As promessas da Inteligência Artificial para transformar o atendimento em saúde. Na região, autoridades e dirigentes do Hospital Bruno Born (HBB) avançam no aprendizado de sistemas para conectar mente humana e capacidade das máquinas

As informações sobre o paciente disponíveis em meios digitais. O histórico de doenças, medicamentos usados e quais trouxeram efeitos colaterais. Tudo ao alcance dos médicos, onde ele estiver.

Uma rede de dados interligada. Consultório, posto de saúde, emergência e hospital. Para cada entrada do paciente, o histórico de doenças e as nuances de cada tratamento disponível. “O paciente não será um desconhecido. Evita a sobreposição de exames, pode-se dar um diagnóstico mais certeiro e evitar erros”, diz o médico neurocirurgião e vice-presidente do Hospital Bruno Born, Marcos Frank.

Em Lajeado, há estudos em curso para implementação de sistemas inteligentes. Uma comitiva local esteve em São Paulo entre 31 de maio a 2 de junho, em congresso no Hospital Albert Einstein. Chamado de “Frontiers in Medicine”, a temática foi o caminho trilhado por grandes instituições de saúde para implantação de tecnologias e como isso interfere sobre a formação dos médicos.

“O uso de dados interligados, da robótica e da IA é uma tendência na medicina. E, sem dúvida, um caminho sem volta. Por ser algo novo, é encantador e assustador ao mesmo tempo”, frisa Frank. No HBB, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde, a discussão é para investir em um sistema que transforma os dados tabulados pelos profissionais em base para análise prévia das máquinas.

Esse seria mais um passo para no futuro ter disponível ferramentas de IA nos procedimentos médicos. O assunto ainda está em fase inicial. “É um processo para cinco anos. Por ser muito recente, há um caminho para validar esse uso”, realça Frank.

Neste processo, a estruturação tecnológica debatida entre especialistas em saúde, dirigentes hospitalares e autoridades públicas de Lajeado. Tal caminho passa pelo uso dos protocolos médicos. Com mais dados sobre o paciente, a IA pode auxiliar na tomada de decisões. Saber quais os riscos de em uma cirurgias contrair alguma infecção, por exemplo.

Formação permanente

A biomédica Miriane Dutra da Costa atua faz 24 anos. “Estamos nos preparando para uma nova transformação. Vejo que vai aju- dar bastante no trabalho. A tecnologia evoluiu muito nos últimos anos e com avanços importantes, em especial no diagnóstico.”

Em cima disso, salienta a necessidade de treinamentos e aprendizados constantes. “Para conseguirmos usar o conhecimento humano junto com a Inteligência Artificial é preciso formações. Fazer cursos, se especializar cada vez mais. Do contrário, o profissional não consegue acompanhar todas essas atualizações.”

Pacientes mais informados

Médico clínico Juliano Dalla Costa, atua na internação e na UTI do HBB desde 2018. Para ele, só com a universalização do Chat GPT (inteligência artificial para geração de textos), já ocorre uma mudança no perfil do paciente. “As pessoas tem mais informações. Isso é positivo. O paciente chega no consultório com um pensamento já estruturado. Com boa noção sobre patologias, dores e possíveis diagnósticos.” Isso vai ao encontro da necessidade de formação do médico. “O profissional precisará estar à frente. Essa é a vida do médico: atualização contínua”. Em cima disso, Dalla Costa é enfático: “também há um risco. Com mais informações, as pessoas acharem que a pesquisa feita na IA substitui a avaliação médica. Ainda estamos longe de uma tecnologia substituir o médico”.

Limites éticos e regulamentação

O processo de digitalização e atendimento remoto se acentuou durante a pandemia. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a tratar do ingresso da IA no atendimento médico em 2021. Conforme o relatório de Ética e Governança da IA à Saúde (Ethics and Governance of Artificial Intelligenge for Health) é preciso garantir alguns princípios. Entre os quais: proteger a autonomia humana; promover o bem-estar, a segurança e o interesse público; garantir a transparência, e garantir a inclusão, a equidade para que a inteligência artificial seja usada de forma responsável e sustentável.

No Brasil, há ressalvas ao compartilhamento de dados devido a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para evitar a superexposição de diagnósticos dos pacientes. Como faltam detalhes sobre o uso da IA, tramita no Congresso Nacional a Lei 21/20 que busca estabelecer princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança com o propósito de preservar direitos individuais.

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