CADERNO ESPECIAL
SETEMBRO E OUTUBRO 2024
CADERNO ESPECIAL
SETEMBRO E OUTUBRO 2024
Entrega de troféus, valores em dinheiro e vouchers para o passeio à Fazenda Quinta da Estância encerraram o concurso estudantil. A premiação aos vencedores ocorreu durante o 2º Seminário Viver Cidades. No total, participaram 32 escolas de 11 municípios, com 474 redações e 31 vídeos inscritos. A intenção do certame, que vai para 3ª edição, foi mobilizar as crianças, os pré-adolescentes e os adolescentes a pesquisar, sugerir ações e refletir sobre as questões ambientais.
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PÓS-ENCHENTE
Estudantes da Emef Pedro Pretto queriam saber as razões de uma estrutura tão grande e forte ter desabado, deixando Travesseiro e Marques de Souza sem ligação. Eles pesquisaram sobre como se constrói uma ponte e apresentaram o trabalho na Feira de Ciências da Univates.
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ENGENHARIA FLORESTAL
Sabrina Marques Wolf trouxe da família a inspiração para se tornar engenheira florestal. Nas décadas e 1960 e 1970, o avô tinha um horto florestal. De certa forma, os pais e tios seguiram o caminho. Hoje, a engenheira tem orgulho em dizer que ama a sua profissão
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Com o intuito de estimular ainda mais a educação ambiental, o Grupo A Hora une o projeto Viver Cidades ao Educame. Publicação de livro e cartilha, concurso estudantil, entre outras ações, pretendem mobilizar crianças e jovens na restauração e preservação do meio ambiente.
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Oprojeto Viver Cidades: como somos, o que temos e para onde vamos nasceu em 2022 a partir de alguns questionamentos. Como seremos cidades sustentáveis? Como cuidaremos melhor do meio ambiente? Como está a água dos nossos rios e arroios?
O Viver se propunha a ser um fórum permanente de discussão e exposição do que temos de bom, de ruim e de caminho a percorrer.
Algumas respostas já conseguimos responder. Sabemos, por exemplo, por meio de análise de água, que nossos rios e arroios têm qualidade ruim e péssima. Trouxemos em conteúdos jornalísticos exemplos positivos de sustentabilidade nas empresas, nas escolas, em cidades, em zonas rurais. Abordamos temas como agroecologia. Ouvimos especialistas em preservação ambiental, em recuperação de áreas degradadas, em cuidado com a fauna silvestre e flora nativa, em exploração de recursos naturais, em eventos climáticos.
O Educame chega com uma proposta ainda mais abrangente, com a publicação de um livro e uma cartilha para professores e alunos do Vale do Taquari. Os materiais dão embasamento teórico para trabalhar a prevenção de enchentes e na escola e na família.
Talvez as ações mais importantes sejam levar o Viver Cidades às escolas, por meio do caderno impresso, das palestras itinerantes e do concurso estudantil. É por conta deste olhar à educação e à formação de crianças e adolescente mais conscientes, críticos e ativos em relação à natureza que o Grupo A Hora une o projeto Viver Cidades ao programa Educame – Educação Ambiental na Escola. O Educame chega com uma proposta ainda mais abrangente, com a publicação de um livro e uma cartilha para professores e alunos do Vale do Taquari. Os materiais dão embasamento teórico para trabalhar a prevenção de enchentes e na escola e na família. O Viver Cidades e o Educame convergem para o que se torna óbvio: é preciso educar, mudar de atitude, cuidar no meio ambiente. E é por meio da educação ambiental que o faremos.
Passado o mês de outubro, descobrimos quem serão as lideranças que assumirão a gestão dos municípios nos poderes Legislativo e Executivo em todo o Brasil. Esses gestores terão a responsabilidade de definir as estratégias para enfrentar os desafios que o nosso povo terá nos próximos anos. E quais são esses desafios? Segundo o Relatório de Riscos Globais 2024 do Fórum Econômico Mundial, os três maiores riscos são: desinformação e falta de informação, eventos climáticos extremos e polarização social.
Os acontecimentos recentes em nosso Vale ilustram essa realidade. Enfrentamos duas enchentes históricas, além de episódios marcados por desinformação e mentiras nos debates políticos, acompanhados por uma crescente polarização que pouco contribui para o bem-estar da sociedade. A pergunta que surge é: quais serão os planos dos nossos gestores para reduzir, mitigar ou até mesmo evitar que estes eventos que impactem os gaúchos?
Ao olhar para Lajeado e o Vale do Taquari, conhecendo sua história, percebemos que muitos banhados e áreas naturais deram lugar a empreendimentos, condomínios e residências. Embora essa urbanização tenha impulsionado o crescimento econômico, também trouxe danos ambientais e afetou a qualidade de vida, especialmente na mobilidade
urbana. O aumento do número de veículos piorou a qualidade do ar, e muitos bairros ainda carecem de transporte público eficiente que atenda à população periférica dentre outros aspectos.
De acordo com o Instituto de Água e Saneamento, Lajeado tem 91.119 pessoas sem acesso a tratamento de esgoto, enquanto o novo marco regulatório federal de saneamento estabelece como meta 90% da população atendida. Além disso, o aterro municipal recicla apenas entre 3% e 5% dos resíduos coletados, o que eleva os custos da gestão pública. Embora o Plano Municipal de Saneamento Básico, elaborado por uma equipe multidisciplinar, tenha sido finalizado em 2022, sua implementação ainda não começou e agora diante dos eventos climáticos, tornase necessária uma revisão antes de ter sequer iniciado, para incluir diretrizes para adaptação e mitigação da crise climática.
Os futuros gestores enfrentarão muitos desafios que exigirão um planejamento e ações rápidas. No entanto, nada disso será possível sem uma mudança de mentalidade: é fundamental que busquem mais conhecimento e compreendam os impactos de cada decisão como por exemplo, alterar um plano diretor para atender interesses específicos ou autorizar construções em áreas de preservação. Precisamos, com urgência, de um novo modelo de
A pergunta que surge é: quais serão os planos dos nossos gestores para reduzir, mitigar ou até mesmo evitar que estes eventos que impactem os gaúchos? Precisamos, com urgência, de um novo modelo de governança pública em que a sustentabilidade esteja integrada à cultura dos gestores e servidores.”
governança pública em que a sustentabilidade esteja integrada à cultura dos gestores e servidores. A adoção de indicadores ambientais, sociais e de governança (ESG) alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) deve ser uma “premissa sem política”, orientando todas as políticas públicas e ações municipais. Por fim, deixo uma reflexão: o lucro gerado na nossa região nos últimos anos foi suficiente para compensar os prejuízos causados pela crise climática?
Para 2025, alunos dos anos iniciais do Fundamental até os do Ensino Médio podem participar da 3ª edição do desafio estudantil
A3ª edição do Concurso Viver Cidades vem com novidade: a participação será ampliada para estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O anúncio ocorreu durante a cerimônia de premiação do 2º concurso, no dia 15 de outubro. A intenção é propor desafios às crianças, aos pré-adolescentes e aos adolescentes e incentivar a educação ambiental.
A primeira edição do concurso contemplou alunos das redes pública e privada a partir do 6º ano. A segunda, este ano, envolveu estudantes a partir do 5º ano. A mobilização de escolas e professores surpreendeu a comissão organizadora. No total, participaram 32 escolas de 11 municípios, com 474 redações e 31 vídeos.
Entre as instituições privadas, o Colégio Evangélico Alberto Torres, de Lajeado, e o Colégio Scalabriano São José, de Roca Sales, destacaram-se com a inscrição de 96 e 72 redações, respectivamente. Das 14 instituições públicas concorrentes, as Emefs Nova Viena, de Lajeado, Santo Antônio, de Imigrante, e Frei Henrique de Coimbra, de Santa Clara do Sul, inscreveram mais de 40 redações cada.
Os vídeos, desafio às equipes do Ensino Médio, chamaram a atenção pela qualidade, criatividade e conteúdo, atendendo aos quesitos “criativo e disruptivo”, previstos no regulamento. A Escola Estadual de Ensino Médio Estrela, de Estrela (EEEME), foi destaque conquistando três prêmios: 2º lugar, melhor edição e melhor narração.
A professora doutora em Ciências Biológicas, Bruna Laindorf, leciona em duas escolas que tiveram estudantes premiados, o Ensino Médio Estrela e o Nova Viena. Para ela, é essencial que a escola vá além dos conteúdos de sala de aula e promova atividades extracurriculares, para que os estudantes tenham um envolvimento mais profundo com o mundo ao seu redor. “Queremos cidadãos participativos, atuantes, mas eles não desenvolvem essas habilidades entre quatro paredes de uma sala de aula. Então, projetos como o concurso do Grupo a Hora mobilizam e sensibilizam os estudantes para questões de cidadania e preservação ambiental, incentivando o senso de cuidado e pertencimento.” Ela destaca que com estas iniciativas é possível formar jovens com uma visão crítica e comprometida, preparados para atuar em prol de um futuro mais sustentável e consciente.
Cápsula do tempo
A proposta para o Ensino Fundamental era escrever uma carta para o futuro, tendo como assunto central o Rio Taquari, sua situação atual e como os alunos gostariam que o manancial estivesse em 2044. As seis redações vencedores foram colocadas em uma cápsula do tempo, que será aberta daqui a 20 anos.
Acolhimento
O 2º Seminário Viver Cidades reuniu professores, alunos e familiares para uma tarde voltada ao pensar a relação humana com o ambiente. A abertura contou
com a palestra da psicóloga, mestre em ensino, orientadora educacional do Ceat e professora da Univates, Denise Polonio. Ela abordou a importância de criar espaços de acolhimento para crianças e adolescentes afetados pelas enchentes. “Estamos em um momento em que a vida parece seguir em frente, mas muitos ainda carregam a tristeza e a irritabilidade. Precisamos estar atentos a esses sinais”, alerta.
Ela ainda destacou a necessidade de acolhimento e orientação aos professores e funcionários. Muitos porque foram afetados pela enchente e todos que vão trabalhar com estudantes e famílias impactadas.
No painel “Futuro Sustentável: o papel dos jovens na construção de um ambiente melhor”, a professora de Arquitetura e Urbanismo, Jamile Weizenmann e a economista, presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, apresentaram os desafios dos setores produtivo, habitacional e ambiental no pós-enchente.
“Estamos falando da maior tragédia brasileira do século. E foi sobre o Vale do Taquari. Isso é importante repetir para mostrar o tamanho das inundações”, afirmou Cintia. “Precisamos pensar no futuro e planejar”.
Para ela, não adianta pensar apenas no problema de um município isolado. “Precisamos agir de forma integrada. Se não pensarmos coletivamente, não conseguiremos superar os desafios que temos pela frente.”
Para Jamile Weizenmann, os jovens de hoje terão a missão de tomar melhores decisões no futuro. “Nossa geração errou muito. Agora, cabe a vocês, hoje estudantes, serem melhores.”
A crise climática, que já não é mais uma previsão distante, afirma Jamile. Ela impacta diretamente a realidade de todos. Em cima disso, a professora realça a importância de contribuir no planejamento urbano e nas políticas climáticas. “Pesquisas recentes indicam que 81% dos jovens estão atentos ao contexto global e aos efeitos das mudanças climáticas, mas apenas 36% têm conhecimento sobre os biomas onde vivem.”
O Projeto Viver Cidades é uma realização do Grupo A Hora e conta com o patrocínio da Folhito, Reinigend, Fasa, Tintas Nobre, Disim Energia Solar, Mak Serviços, Global Eco e Boqueirão Desmonte. O apoio é do Governo de Lajeado.
prêmio
Ensino Fundamental Categoria 5º e 6ª anos
1º lugar
“Uma carta para o futuro”
Rafaela Gaio Dorigon (aluna do 6º ano)
Colégio Bom Jesus São Miguel –Arroio do Meio
2º lugar
“Melhoras, Rio Taquari”
Manuela Brenner Ingrácio (aluna do 5º ano)
Colégio Evangélico Alberto Torres – Lajeado
3º lugar
“Querido Rio Taquari”
Ester Frey (aluna do 5º ano)
Emef Otto Gustavo Daniel Brands
– Venâncio Aires
Ensino Fundamental Categoria 7º, 8º e 9º anos
1º lugar
“A ponte do tempo: lembranças do rio Taquari”
Érika Mathina Wunsch (9º ano)
Colégio Scalabriano São José (Roca Sales)
2º lugar
“O Taquari para próxima geração” Murilo André Burghardt (aluno do 9º ano)
Emef Nova Viena (Lajeado)
3º lugar
“O futuro do Rio Taquari”
Narge Fernanda Kollet
Emef Frei Henrique de Coimbra (Santa Clara do Sul)
Ensino Médio
Melhor roteiro
“Versos que Fluem”
Manuela Conte Feil
Centro de Educação Básica Gustavo
Adolfo - Lajeado
Melhor imagem
“A Esperança”
Carolina Cardoso
Colégio Scalabriano São José – Roca Sales
Melhor narração
“O destino do Rio Taquari”
Eduardo Schaffer
Escola Estadual de Ensino Médio Estrela – Estrela
Melhor edição
“Para onde corre o Rio Taquari”
Dominick S. Jandrey
Escola Estadual de Ensino Médio Estrela – Estrela
3º lugar
“Olhos para o futuro do Rio Taquari”
Amanda Wumch Magedanz
Mariana Tomasi
Geórgia Bertoldi
Priscila de Souza
Colégio Scalabriano São José – Roca Sales
2º lugar
“Rio Taquari: desafios para renascer”
Kauane Roberta Eede
Giovana Renner
Bruna Cassal Dietrich
Escola Estadual de Ensino Médio Estrela – Estrela
1º lugar
“Para onde corre o rio Taquari”
Júlia Graziela Balt
Ellin Luíza Girardi
Érita Giovana Zarth
Ana Júlia Weiler
Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara – Santa Clara do Sul
1º lugar
Rafaela Gaio Dorigon
Colégio Bom Jesus
São Miguel - Arroio do Meio
Uma carta para o futuro
Prezado futuro, como está?
Eu não posso afirmar que está bem, pois eu também não estou. Eu não posso certificar-me que seu meio ambiente está perfeito, pois nem o meu está. Mas eu espero que você esteja evoluindo neste aspecto.
Uma grande cheia que ocorreu recentemente em nosso estado trouxe consigo uma avalanche de nova realidade. Agora é normal sair na rua e ver um cenário semelhante ao de uma guerra, é comum ligar a TV e ver nas manchetes a quantidade de mortes que ocorreram, é habitual sair e ver a casa das pessoas destruídas e, além disso, a destruição ocasionada no leito dos rios.
Porém, toda essa destruição que ocorreu não é só culpa do fenômeno natural El Niño ou da massa de ar frio que foi “represada” pela massa de ar quente mas, também, pelas más decisões que viemos tomando ao longo de muitos anos. Ao invés de respeitarmos as recomendações da mata ciliar, construímos casas extremamente perto dos rios: ao contrário de evitarmos jogar lixo em locais inapropriados, jogamos sem nem pensar nas consequências, abrindo a possibilidade deles pararem nos rios, ao invés de nos preocuparmos em evitar o aquecimento global, achamos que é um bobagem e seguimos nossas vidas sem nem se preocuparmos com isso. Eu não estou criticando, muito menos culpando alguém, mas apenas expondo que as nossas escolhas têm consequências, até para os nossos rios. Eu espero que durante esses 20 anos os seres humanos tenham tomado decisões corretas e que os problemas hidrográficos não sejam mais relevantes. Eu espero ver rios limpos, em seu curso e calmos. Tenho certeza que pouco a pouco conseguiremos!
Atenciosamente, de Presente para o Futuro
Arroio do Meio, Colégio Bom Jesus São Miguel
2º lugar
Manuela Brenner Ingrácio
Ceat - Lajeado
Melhoras, Rio Taquari
Meu querido Rio Taquari,
Eu queria saber se em 2044 você está curado. As pessoas que te machucaram acharam que foi sua culpa a enchente ter acontecido, mas eu sei que não foi por querer, as pessoas te poluíram até chegar neste estado. Agora, você está sujo, cheio de lodo, é triste só de olhar.
Aconteceu uma enchente, mas você não é o culpado, as casas que foram destruídas foram os próprios moradores que colaboraram com a destruição. Aos poucos as pessoas vão deixar de culpar você Hoje, em 2024, estamos tentando colocar um curativo no seu machucado, espero que ajudado, pois é você que traz energia, luz para as nossas casas, água para nossa felicidade e saúde...
A água é um recurso importante para a nossa vida, trabalho... No entanto, você está poluído. Algumas empresas e pessoas poluem você, às vezes sabendo, e às vezes sem nem saber. Mas cada um tem um pouco de si que se importa, por isso tenta ajudar do jeito que pode, sendo utilizando menos produtos de limpeza e mais produtos naturais, não jogando resíduos nas ruas, avenidas, estradas e rodovias, participando da campanha de despoluição e conscientização. Dia a dia você vai se curando e nós, vamos nos conscientizando. Espero que tenha nos perdoado, como você esté em 2044?
Com carinho, Manuela Brenner Ingrácio
3º lugar
Ester Frey
Emef Otto G. Brands - Venâncio Aires
Querido Rio Taquari
Eu tenho 10 anos, eu posso ser pequena, mas já estou ciente do que está acontecendo com você, e estou muito triste com o tamanho da poluição que está atingindo os mares e rios como você.
Eu e minha escola, que é a Otto Gustavo Daniel Brands, estamos juntando tampinhas de garrafas entre outros produtos plásticos que as famílias trazem de casa para escola para que a diretora as venda para uma empresa que as derrete e faz novas coisas.
Considerando que esta carta será colocada em uma cápsula do tempo para ser aberta daqui a 20 anos, em 2044, e lida por estudantes e lideranças da região, espero que neste ano de 2044 quando abrirem esta carta, você, Rio Taquari, esteja limpo de lixo e poluição, assim como todos os rios, lagos, mares e nascentes de todo o Brasil e de todo resto do mundo.
Estamos todos colaborando para limpar o meio ambiente, que é a casa de todos os animais e de todo resto da vida silvestre que há em nosso planeta, que Deus nosso senhor e criador pôs à disposição. Eu sei que há esperança para você, Rio Taquari.
Querido Taquari, eu peço desculpas por toda a poluição que estamos jogando em você, e eu prometo que estamos tentando mudar isso.
1º lugar
Érica Marthina Wunsch
Colégio Scalabriano São José - Roca Sales
A ponte do tempo: lembranças do rio
Taquari
Querido irmão Mathias, hoje é 01/08/024 e estou escrevendo esta carta para você abrir em 2044. Parece estranho pensar no futuro distante, mas quero compartilhar algumas memórias e desejos com você.
Quando eu era criança, uma das minhas lembranças favoritas era as tardes de domingo que passávamos no Rio Taquari. As águas eram limpas naquela época, e eu adorava os passeios que fazíamos antes do anoitecer. Caminhávamos pelas margens do rio, sentido a brisa e apreciando a beleza das plantas e flores que cresciam por lá. Era um momento especial, um lugar onde eu me sentia conectada com a natureza e com nossa família.
Infelizmente, ao longo dos anos, o rio foi ficando cada vez mais poluído e degradado. Hoje, em 2024, o espaço ao redor do Rio Taquari não é mais preservado como antes. As enchentes e a poluição afetaram gravemente a vegetação, e muitas das plantas e flores que eu lembro não existem mais. As margens que antes era bonitas e cheias de vida, agora estão cobertas de detritos.
É triste, para mim, pensar que você, com seus seis anos, ainda não teve a chance de conhecer o rio como eu conheci. Eu realmente espero que, quando você ler esta carta em 2044, as coisas tenham mudado para melhor. Espero que o Rio Taquari tenha sido revitalizado, e que você possa ver com seus próprios olhos a beleza que um dia existiu lá. Talvez com mais consciência e esforços de conservação, o rio possa se recuperar e voltar a ser um lugar de beleza natural.
Com carinho e esperança, Érika.
Murilo André Bughardt
Emef Nova Viena - Lajeado
Rio Taquari para próxima geração
“Eu sei que não vou morrer, porque de mim vai ficar o mundo que construí, o meu Rio Grande o meu lar...”
Essa música dos Fagundes, hoje me carrega outro significado, e para você, do futuro, também?
Estou escrevendo essa carta há alguns meses após a tragédia que assolou nosso estado. Lembro das vezes em que eu a minha família íamos para orla do rio Taquari comer pipoca enquanto olhávamos o pôr do sol. Mas se formos lá hoje, o cenário será diferente, com a mata devastada e construções destruídas, um verdadeiro cenário de guerra.
Alguns estudos feitos nos últimos anos mostraram que a água do nosso rio está suja e muito poluída. Mas como podemos mudar isso? Bom, de imediato, podemos dizer que isso é uma missão muito difícil, para não dizer impossível. No entanto, algumas medidas podem ser tomadas, como a instalação de ecobarreiras de litrão (garrafa pet) em seus afuentes, como o Arroio Saraquá, ou limpando os mesmos, adotando lei mais rígidas para o descarte e ao uso de agrotóxicos. Muito importante seria a reconstrução da mata nativa, que já foi maior do que é hoje. E você, do futuro, pode me responder se isso deu certo? Se sim, tomara que continuem; se não, torço para que melhore.
Narge Fernanda Kollet
Emef Frei Henrique de Coimbra - Santa Clara do Sul
O futuro do Rio Taquari
Excelentíssimos senhores e senhoras, sou Narge Fernanda Kollet, tenho 12 anos, moro em Santa Clara do Sul, estudo no 7º ano da Emef Frei Henrique de Coimbra e vou falar um pouco sobre o Rio Taquari de 2024.... Venho por meio desta carta expressar minha preocupação com a atual situação ambiental do Rio Taquari, localizado no Rio Grande do Sul.
Das áreas próximas ao rio, tenho observado um aumento significativo na poluição da água, o que afeta diretamente o local e a qualidade de vida das comunidades habitantes. O Rio Taquari é uma importante fonte de água e sustento para inúmeras famílias e um local perfeito para o turismo.
A qualidade da água está atualmente ruim, por causa dos entulhos dentro dele. Infelizmente, o despejo inadequado de resíduos industriais e domésticos, a destruição das matas ciliares e a falta de conscientização ambiental estão comprometendo gravemente a sua integridade. Espero que em 2044 o Rio Taquari tenha melhorado, que tenha mais árvores nativas que a poluição da água seja monitorada e reduzida, e que as inundações sejam menos frequentes no Vale do Taquari
Atenciosamente, da Narge, de 12 anos...
Alunos da Emei Doce Infância, de Canudos do Vale, receberam as cartilhas do programa Educame, do Grupo A Hora
Os livros e as cartilhas do programa Educame – Educação Ambiental nas Escolas começam a ser usados na Escola de Educação Infantil Doce Infância, de Canudos do Vale. O material lúdico e colorido da cartilha chamou a atenção dos pequenos. Embora não sejam alfabetizadas, as crianças exploraram a cartilha, olharam os desenhos, os personagens, as páginas com os joguinhos.
A diretora Maiana Caliari acredita que é de fundamental importância, desde a tenra idade, mostrar e ensinar
A iniciativa do Grupo A Hora surgiu da necessidade de trabalhar os temas prevenção e educação ambiental no Vale do Taquari, atingido pelas enchentes de 2023 e 2024. O movimento torna-se coletivo ao passo que 35 municípios aderiram e estão dispostos a criar uma nova cultura em relação à prevenção, ao conhecimento e à educação ambiental.
Os livros entregues às escolas são para uso dos professores. A cartilha, para os estudantes e seus familiares, com o intuito de disseminar
as crianças sobre todos os cuidados necessários que com relação ao meio ambiente e tudo o que o envolve. “Sabemos que é nessa fase que eles internalizam e aprendem de forma mais ampla e eficaz.”
No evento climático de maio, Canudos do Vale foi afetado principalmente com deslizamentos e rompimento de diversos acessos, inclusive das principais pontes da cidade. “Isso gerou grandes transtornos à população, inclusive para nossas crianças, que, com tudo isso, não puderam frequentar a escola durante alguns dias” lembra a diretora. Ela conta que alunos e o corpo docente tiveram que se reinventar, se adaptar e ir entendendo tudo que estava acontecendo na região. “Diante deste projeto que se apresenta, posso dizer que o Educame entra nas escolas de uma forma muito positiva. Parabenizo o Grupo A Hora pela iniciativa”, destaca Maiana.
Municípios participantes
Anta Gorda
Arroio do Meio
Bom Retiro do Sul
Canudos do Vale
Capitão
Colinas
Coqueiro Baixo
Cruzeiro do Sul
Dois Lajeados
Doutor Ricardo
Encantado
Estrela
Forquetinha
Ilópolis
Imigrante
Lajeado
Marques de Souza
Muçum
Nova Bréscia
Paverama
Poço das Antas
Pouso Novo
Progresso
Putinga
Relvado
Roca Sales
Santa Clara do Sul
Santa Tereza
Sério
Taquari
Teutônia
Travesseiro
Venâncio Aires
Vespasiano Correa
Westfália
O conteúdo da cartilha Educame foi pensado para ser trabalhado em sala de aula e também em casa. Um dos objetivos do autor Gilberto Soares, quando aceitou a proposta do Grupo A Hora de elaborar material e escrever o livro Educame, era apresentar conteúdos que levassem a educação ambiental ao meio escolar e às famílias.
o conteúdo ao máximo possível de pessoas. Os materiais serão instrumentos de trabalho nos últimos meses do ano e durante 2025. Outras ações vão nascer decorrentes destas publicações. “Líderes de entidades têm acionado o Grupo A Hora para desenvolver oficinas, de maneira a tornar o projeto um trabalho ininterrupto dentro das escolas, das comunidades e das cidades”, destaca o diretor Editorial e de Produtos, Fernando Weiss. “Com toda certeza e convicção,
podemos afirmar que no próximo ano o Educame vai além do livro e da cartilha, vai se tornar um projeto em movimento, um ecossistema com oficinas, treinamentos, imersões e uma série atividades.”
A cartilha Pelas Trilhas do Meio Ambiente – e um pouco além: como agir nas enchentes apresenta conteúdo resumido sobre a formação do universo, o planeta Terra, os biomas brasileiros, a Bacia Hidrográfica Rio Taquari-Antas e o rio Taquari. Aborda a qualidade da água, os afluentes, e as questões das cheias e dos deslizamentos. Depois parte para a prevenção e as ações imediatas diante do risco de enchentes. O material ainda conta com caderno de atividades, espaço para anotações e jogo para brincar e aprender.
Aos professores
O livro Educame é dirigido a docentes que trabalham ou pretendem trabalhar a educação ambiental com crianças e adolescentes. O conteúdo aborda desde a criação da terra numa viagem cronológica até os dias atuais. A evolução humana, o uso dos recursos naturais, as catástrofes ambientais, as ações destrutivas dos seres humanos - como as guerras e desmatamentos - levam a reflexões sobre o passado, o presente e o futuro.
O autor ainda sugere atividades práticas, dentro ou fora da sala de aula, incentivando a vivência, a observação, o desenvolvimento, a aprendizagem e a compreensão do ambiente.
Estudantes do 4º ano pesquisam sobre engenharia civil e expõe projeto na 6ª Feira Estadual de Ciências
Univates e a 13ª Feira de Ciências Univates
Estande organizado, maquetes e cartazes expostos. Quatro alunos uniformizados, preparados e com apresentação na ponta língua. O projeto “Como as pontes são construídas” esteve entre os trabalhos expostos na 6ª Feira Estadual de Ciências Univates e a 13ª Feira de Ciências Univates, nos dias 17 e 18 de outubro, em Lajeado. No total, 271 projetos foram inscritos e 100 selecionados, entre eles, o do 4º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Pretto, de Travesseiro.
A motivação para pesquisar sobre engenharia civil foi a queda da ponte que liga Marques de Souza e Travesseiro, município onde está localizada a Emef Pedro Pretto. Conforme a professora Cristiane Jussara Relly, depois da enchente, no retorno às aulas, o assunto ficou muito evidente. “Falamos muito sobre a queda da ponte. Os alunos não entendiam como poderia uma estrutura daquele tamanho quebrar, cair.” Além disso, observaram que a força da água havia levado outras pontes, pinguelas e pontilhões em diversos municípios do Vale do Taquari. O contato entre as pessoas estava muito prejudicado, com muitas comunidades isoladas. “Então surgiu a pergunta: como se constrói uma ponte?”, lembra a professora. Diante do questionamento, Cristiane e a colega Malena Senter iniciaram a orientação à pesquisa com os alunos
Felipe Hammes da Silva, Milena Yasmim Ferreira, Pyetra Aparecida Farias Pace e Keila Cristina Hefle. Conforme os estudantes, era importante compreender o melhor processo de construção e os impactos na comunidade. “O projeto envolveu saídas de campo, pesquisa, discussão em grupo e montagem de maquete,” conta Keila. Uma das saídas foi até o local onde caiu a ponte sobre o rio Taquari. “Vimos que a técnica de construção era de caixotes tubulares”, destaca Pyetra. O grupo também visitou duas empresas alimentícias, que tiveram dificuldade para o transporte.
Na feira, os visitantes poderiam saber detalhes do estudo, apresentado pelos integrantes do grupo e também em cartazes explicativos, maquetes e por meio de um jornal criado pelos estudantes. Felipe explicava que existem oito tipos de construções de ponte: a treliçada, a pensil, estaiada, a ponte em arco, em laje apoiada, suspensa, ponte balanço e ponte de mísula.
As colegas Milena, Keila e Pyetra destacavam as técnicas e materiais utilizados nas obras.
O projeto, conforme a professora, esclareceu aos alunos as razões porque estas obras são demoradas. “Há necessidade de diversos estudos preliminares.”
Na feira de ciências, além de apresentar o seu trabalho, os estudantes puderam conhecer outros projetos. “Eles compartilharam aquilo que aprenderam na sua pesquisa. E também puderam aprender sobre os demais projetos expostos no evento.”
A 6ª Feira Estadual de Ciências Univates e a 13ª Feira de Ciências Univates: Descobrindo Talentos para a Pesquisa e Tecendo Redes Interdisciplinares ocorreram nos dias 17 e 18 de outubro, no Complexo Esportivo da Universidade do Vale do Taquari - Univates. Neste ano, foram inscritos 271 projetos para 100 vagas.
Os eventos integram o projeto de extensão Feira de Ciências: Pesquisa e Inovação e ocorrem na Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, que tem como premissa a popularização da ciência, da tecnologia e da educação científica. Segundo a coordenadora do evento, professora Jane Herber, a feira sempre teve a característica de ser multidisciplinar. “Em 2024, a temática envolvendo a enchente se destaca. Por meio dela, os projetos abordam questões voltadas para o meio ambiente, questões climáticas e um olhar para as cidades”.
As Feiras de Ciências buscam estimular a produção científica em diferentes níveis de formação e áreas do conhecimento, valorizando as interações dos objetos de estudo com as demandas socioambientais e tecnológicas em uma perspectiva inclusiva, empreendedora e interdisciplinar.
Os alunos não entendiam como poderia uma estrutura daquele tamanho quebrar, cair. Então surgiu a pergunta: como se constrói uma ponte?”
Cristiane Jussara Relly professora
Escolas de Educação Básica e de Ensino Técnico das redes pública e privada do Rio Grande do Sul inscreveram seus projetos, dos quais 101 foram selecionados para apresentação, sendo 12 deles de feiras afiliadas e um trabalho inscrito na Mostra Kids. Os trabalhos são distribuídos em quatro categorias: Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano); Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano); Ensino Médio e Ensino Médio Profissionalizante, incluindo o Curso Normal; e Ensino Técnico/Pós-Médio.
Neste ano, participam estudantes de escolas de Venâncio Aires, Nova Bréscia, Santa Clara do Sul, Travesseiro, Lajeado, Arroio do Meio, Carlos Barbosa, Mato Leitão, Teutônia, Coqueiro Baixo, Imigrante, Roca Sales, Estrela, Vespasiano Corrêa, Santa Cruz do Sul, Montenegro, Gravataí, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Forquetinha e Encantado.
A cada edição, o Viver Cidades apresenta uma profissão voltada à area ambiental. São histórias inspiradoras de quem tem no trabalho a missão de cuidar do ambiente natural.
Nome: Sabrina Marques Wolf Idade: 32 anos
Qual a sua profissão: Engenheira Florestal Quais outras formações?
Por que você escolheu cursar Engenharia Florestal?
A minha escolha pela Engenharia Florestal foi algo bem natural, pois venho de uma família que sempre trabalhou com plantio e corte de árvores.
Quem foi o precursor na sua família?
Meu avô paterno se chamava Mário Nicolau Wolf e tinha um Horto Florestal na cidade de Cruz Alta-RS. Nas décadas de 1960 e 1970 ele decidiu fazer mudas de Eucalipto. Como ele não tinha muito recurso financeiro, levou meu pai e meus tios em um lixão que tinha em Cruz Alta e separou sacos de leite descartados para usar como saquinho para as mudas. Ele coletava as sementes de árvores nativas nos pátios das casas e nos matos. Vendia as mudas das árvores para os moradores de Cruz Alta e região. Vendia até Pinheiro-alemão (Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook.) na época de Natal, mas o carro-chefe do horto eram as mudas de Eucalipto (Eucalyptus sp.). Naquela época, meu avô conseguiu importar sementes da Austrália. Ele fazia até teste de germinação.
Como a segunda geração da família seguiu o trabalho do seu avô?
Quando estavam adultos, meu pai e meus tios trabalhavam plantando as mudas nas propriedades e depois fazendo o corte da madeira. Depois que meu avô morreu, em 1995, o horto foi vendido. Meu pai foi trabalhar em Barra do Ribeiro-RS, onde plantou 90 hectares de Acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.). A venda do cavaco para biomassa e da madeira para fazer carvão sustentou a minha família.
Como você descobriu a Engenharia Florestal?
Enquanto cursava o Ensino Médio, em 2008, fiz o curso técnico em Celulose e Papel na cidade de Guaíba-RS. Na época, esse curso era oferecido de forma gratuita pelo Colégio Gomes Jardim em parceria com a empresa
Por meio de uma boa formação técnica dentro da universidade e da atuação ética e comprometida no mercado de trabalho, os engenheiros florestais podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade.”
Aracruz (hoje CMPC Brasil). Na hora de escolher o próximo passo dos estudos, li em um jornal a descrição do curso de Engenharia Florestal e essa profissão se apresentou perfeita para mim. Então, em 2009, fiz o vestibular na Universidade Federal de Santa Maria e entrei no curso. Me formei no ano de 2014. Hoje trabalho no que eu gosto. Amo muito minha profissão.
Quais as áreas que você já atuou?
Em 2015, meu primeiro trabalho foi como líder de equipe no Inventário Florestal Nacional (IFN). O projeto foi coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e consistiu na coleta de dados diretamente nas florestas naturais e plantadas de todo o Brasil. As equipes saiam a campo e realizavam a medição das árvores, a coleta de amostras botânicas e de solo e entrevistavam os moradores para descobrir qual a perspectivas desses sobre a importância das árvores. Eu trabalhei no sul do Rio Grande do Sul.
Em qual área você trabalha atualmente?
Após sair do Inventário Florestal Nacional, ingressei em 2015 na Prefeitura de Lajeado, onde estou até hoje. Trabalho majoritariamente com arborização urbana, por meio do licenciamento florestal de árvores existentes na área pública e do plantio da Reposição Florestal Obrigatória. Componho a equipe do Programa Lajeado Mais Verde que foi implantado no ano de 2017 com objetivo de promover e incentivar a arborização urbana responsável e que até hoje plantou mais de 3 mil mudas. Também componho a equipe do Inventário da
Arborização Urbana (IAU) de Lajeado que busca descobrir a quantidade de árvores que existem nas áreas públicas do município, conhecer qualitativamente a arborização e identificar situações conflitantes com o meio.
Além do trabalho na Administração Municipal de Lajeado, você tem outras atividades?
Também atuo de forma voluntária em diferentes associações de classe e no conselho profissional, ocupando atualmente os cargos de presidente da Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais (AGEF), de 2ª secretário da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF) e de inspetorsecretário da Inspetoria de Lajeado do CREA/RS.
Quais áreas da Engenharia Florestal você considera promissoras?
A Engenharia Florestal é um ramo da engenharia ligada às ciências rurais e possui seis grandes áreas de atuação, sendo elas: Manejo Florestal, Silvicultura, Tecnologia de Produtos Florestais (madeireiros e não madeireiros), Mensuração Florestal, Sensoriamento Remoto e Gestão Ambiental. Todas essas áreas são promissoras, pois o Brasil é um país essencialmente florestal. Somos o segundo país com maior área florestal do mundo, com quase 5 milhões de km² de cobertura, perdendo apenas para a Rússia.
Quais as principais atividades do engenheiro florestal.
O Engenheiro Florestal pode atuar tanto na produção econômica como na preservação dos recursos naturais, como solo, água, vegetação e fauna. Na atuação na indústria, pode trabalhar como consultor nos setores ligados aos produtos de madeira, como madeireiras e serrarias, empresas do setor de celulose, papel e compensados, instituições ligadas ao mercado de carbono, entre outras. Na área de conservação ambiental, pode atuar em unidades de conservação, na educação ambiental, na elaboração de
relatórios de impactos ambientais, na arborização urbana e no paisagismo e na recuperação de áreas degradadas.
Diante das enchentes ocorridas em 2023 e 2024, como o engenheiro florestal pode contribuir?
Acabamos de vivenciar umas das maiores enchentes no Rio Grande do Sul que causou uma catástrofe social e ambiental. Além de contribuir com a retomada econômica do Estado por meio da cadeia produtiva de florestas plantadas, podemos elaborar projetos técnicos e avaliativos das áreas afetadas, de projetos de restauração ambiental e da participação no planejamento de ações preventivas. A realização de serviços topográficos, geoprocessamento e georreferenciamentos com a utilização de tecnologias também são atribuições do Engenheiro Florestal, havendo significativa demanda nestas áreas.
Como os engenheiros florestais podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade?
Eu acredito que através da busca por uma boa formação técnica dentro da universidade e da atuação ética e comprometida no mercado de trabalho. O profissional que deseja ingressar no mercado precisa desenvolver habilidades como boa comunicação oral e escrita, resolução de problemas, proatividade, liderança e trabalho em equipe, vivências diversas, saber utilizar tecnologia e softwares de análise de dados, inclusive planilhas, dominar a estatística florestal básica e elaborar e gerir projetos.
O
Brasil é um país essencialmente florestal.”
Alunos do Colégio Teutônia desenvolveram um projeto que permite modificar alguns locais com arquitetura já consolidada e que são atingidos a cada enchente
Oprojeto estudantil
“Planejamento urbano sustentável: como cidadesesponja evitam cheias de rios” rendeu aos autores a participação no XIV Fórum de Iniciação TécnicoCientífica da Rede Sinodal de Educação, em setembro, no Campus Setrem, em Três de Maio/RS, e na 10ª Mostra Científica, do Colégio Teutônia, em outubro. Conforme o professor orientador do 2º ano do Ensino Médio, Germano Hollmann, o tema deste ano da mostra local foi bem abrangente: “A cidade e o campo: saberes e terrenos para conhecer e viver”.”. O grupo formado pelos estudantes Cristian Matias Stahlhöfer, Laura Bernstein e Sophia Arendt Abrahão optou pela na área urbana. O foco: desenvolver projetos que mantenham espaços de lazer em áreas alagáveis e que de alguma forma contribuam para reduzir os impactos das cheias. O trabalho “Planejamento urbano
sustentável: como cidades-esponja evitam cheias de rios” foi desafiador. “Planejar uma cidade e, do início, pensar em forma de cidade-esponja é uma situação, mas criar um projeto para lugar onde tem prédios, praças, onde tem toda a estrutura, e tentar criar estratégias que ainda possam modificar as cidades é um grande desafio”, compara o Hollmann. Cristian, Laura e Sophia optaram pelo desafio maior. Depois de uma conversa com a arquiteta Juliane Stahlhöfer, escolheram o município de Lajeado e propuseram alternativas para avenida Décio Martins Costa, Parque Professor Theobaldo Dick e Parque Beira Rio. Telhado verde, praça piscina, com tubos instalados para drenar água o solo, parque alagável, calçadas permeáveis, reservatório de água da chuva para reutilização de água da chuva na limpeza no pósenchente, arborização e IPTU verde foram algumas sugestões.
O Colégio Teutônia realizou sua 10ª Mostra Científica de 7 a 21 de outubro, com a participação dos estudantes do Berçário ao Ensino Médio. Mais de 70 trabalhos exploraram o tema central "A cidade e o campo: saberes e terrenos para conhecer e viver".
Para o professor e coordenador da Mostra Científica, Rodrigo Müller Marques, este ano o tema foi envolvente, porque o campo tem muita força. “Sabemos, também, que o mundo é 'urbano' e muitos dos compositores desta sinfonia chamada Colégio Teutônia habitam este espaço. Podemos dizer que ambos terrenos são locais de trocas pulsantes, movimento e vida.” Ele acrescenta que a Mostra Científica coloca-se, ano após ano, como um espaço de troca, diálogo e construção conjunta de saberes.
O trabalho de pesquisa científica iniciou ainda no mês de abril, cujos resultados foram apresentados à comunidade escolar em outubro. As abordagens são bastante diversas, como técnicas agrícolas, tecnologia no campo, inclusão, dialetos, qualidade de vida, entre outros.
"Para além da temática, fazer ciência com consciência e sensibilidade, usando um olhar aguçado e crítico na construção
de terrenos científicos, foi nossa utopia desde o início. Muitas pessoas se envolveram nesta tarefa de conhecer e reconhecer os saberes do campo e da cidade, problematizando, criando objetivos, métodos e hipóteses, que após serem testadas, conduzem a resultados significativos, capazes de fazer avançar compreensões e ações futuras dos mais diferentes agentes. A beleza da Mostra e do fazer científico está no ritual e no companheirismo", conclui Marques. O diretor do CT, Mauro Alberto Nüske, destaca as descobertas que a Mostra Científica oportuniza e sua temática voltada à realidade do campo e da cidade nas diversas abordagens. "A pesquisa propõe a reflexão sobre a realidade desses diferentes contextos da nossa região. Na cidade a vida segue um ritmo acelerado, no campo o tempo é regulado, muitas vezes, pelos ciclos da natureza, da fauna e da flora. O campo e a cidade são a materialização de um modo de vida, da terra para a mesa, cada etapa tem o seu valor", finaliza, agradecendo aos professores pelo trabalho e parabenizando os estudantes que fazem da Mostra Científica "mais uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos".