Jornal A Ilha -68

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An o V - n 68 - junho de 2 0 19 - Ilh a d e Pa q u e t รก , Ri o d e J a n e i r o


AMORES DA ILHA Claudio Marcelo

Editorial

R ick y G oodwin

O QUE FOI PELA ILHA

por Claud io Marcelo

CLAUDIO MARCELO era conhecido e querido de muita gente aqui em Paquetá, pois andava por toda parte, participava de tudo, bebia em todos os bares, quase sempre de sunga, boné e camiseta regata. Com suas minissungas também caminhava atleticamente dando a volta na ilha, conversando com quem ia encontrando.

Tinha uma grande paixão pelo rock. Viajava para cidades estrangeiras só para ver shows de suas bandas favoritas. Figura importantíssima na implantação da cena roqueira paquetaense, integrante dos primeiros conjuntos locais. Ultimamente, sua voz se soltava na repertório MPB do Coral Viracanto. Mas queria escrever aqui sobre Cláudio no Jornal A ILHA. Se não fosse por ele você não estaria lendo hoje este jornal. Participou ativamente do projeto desde sua primeira fase, com o Sylvio, o mentor da ILHA, e quando este faleceu foi Cláudio, junto com Júlio Marques, quem teve a ideia e a disposição de levar o jornal adiante, para que continuasse. Publicitário, armou nosso formato atual de anúncios. Era quem mais fornecia assuntos para a seção “O que vai pela ilha” (conforme escrevi, andava por toda parte e sabia de muito que acontecia). Fez reportagens antológicas, como as histórias do xerife Macedo e as vidas dos nordestinos que vieram para cá (“Serigi é aqui”). Com sua animação, levantava o astral diante dos problemas e das faltas de grana. Mesmo no auge e no fim da doença que o consumiu continuou escrevendo coisas para o jornal. Só faltou mesmo escrever o seu texto de despedida. Isso sobrou para mim. No espaço dos editoriais que algumas vezes ocupou. E para as pessoas que colaboraram nas homenagens que vocês verão nas páginas seguintes. Desce mais uma branquinha, abre mais uma gelada... o seu copo de memórias felizes nunca estará vazio, Cláudio Marcelo. Rick y Goodwin

Expediente

A Ilha é um jornal comunitário mensal organizado, elaborado e mantido pelos moradores da ilha de Paquetá. Mentor e fundador: Sylvio de Oliveira (1956-2014)

Equipe: Claudio Marcelo Bo, Cristina Buarque, Flávio Aniceto, Ialê Falleiros, Jorge Roberto Martins, Julio Marques, Mary Pinto, Ricky Goodwin, Toni Lucena, Vitor Matos e Washington Araújo.

I LIKE MY BIKE -Oh que lindeza! Ai que fofura! É bem pouco provável que você veja alguém suspirar dizendo algo parecido, ao se deparar com uma dessas esquisitices e geringonças elétricas que vêm aparecendo pela ilha. Felizmente. A grande maioria da população de Paquetá ainda ama as boas e velhas bicicletas. Aquelas mesmo de pedalar, de sair corrente, de tomar tombo na hora de soltar as mãos. As magrelas de verdade que, mais do que a bola ou a boneca, nunca se esquece do dia em que ganhou a primeira. Paquetá sempre manteve vivo o culto a esses veículos que, desde a segunda metade do século XIX, são seu principal meio de transporte. Mas nos últimos anos, uma onda retrô invadiu nossa praia e o orgulho de desfilar com um belo modelo antigo, preservado há décadas ou restaurado com perfeição, parece um caminho sem volta.

Programação Visual: Xabier Monreal Jornalista responsável: Jorge Roberto Martins - Reg. Prof. 12.465 As informações e opiniões constantes nas matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Impressão: Gráfica e Editora Cruzado Ltda / Tiragem: mil exemplares Fale com a gente: cartasjornalailha@gmail.com Anuncie: comercialjornalailha@gmail.com Ano 5, número 68, junho de 2019. Capa: Arte de Toni Lucena Este número de A Ilha foi possível graças à par ticipação dos anunciantes e às contribuições financeiras de • • • • • • • • • • • • •

Adilson Martins Ana Cristina Cizinha e Bernardo C o r o n e l Pa u l i n h o Cristina Buarque Cristina Monteiro David Fishel Dimas Fernando Guto Pires Jorginho e Leila Julia Menna Barreto Julio Marques

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Lia e Ginho Lula Magda Mittarakis Marcio e Mariangela Márcia e Ludi Marcilio Mary Pinto Nenem e Edinho Padre Nixon Paulo e Joana Ricardo Bichara Ricardo Sant Clair Silvio e Marília

LIGHT: O APAGÃO NAS CONTAS - II Nos últimos tempos, a população se acostumou a ver dois pequenos furgões da Light circulando nervosamente pelas nossas ruas. Transportam quatro funcionários da empresa, que chegam à ilha cedo da manhã e partem na barca de 16:30 h. Sua missão é exclusivamente cortar a luz de quem está com a conta em atraso. Os veículos dormem no estacionamento da empresa, na Praia da Guarda, ao lado da antes solitária caminhonete maior, utilizada para manutenção e consertos. Ou seja, em Paquetá, a Light vem dedicando duas vezes mais energia para punir do que para servir


A FEBRE AMARELA E A LOURA GELADA. Nosso Hospital Arthur Villaboim vem fazendo bonito na campanha de vacinação contra a febre amarela. Com um atendimento eficiente e sem grandes esperas desde a recepção, no final de março a unidade já havia imunizado mais de 2 mil pessoas. Apenas no mutirão do dia 25, em que havia inclusive uma médica de plantão para dar suporte ao atendimento, mais de 500 doses foram aplicadas. Porém, naquele belo sábado de sol, cerca de trinta moradores foram até lá e desistiram da vacina, quando souberam de uma desagradável restrição: “O quê? Cervejinha só depois de doze horas? Tô fora! Volto outro dia”

CRIME POR MOTIVO FÚTIL Uma jaqueira com mais de 40 anos, saudável e em espaço público, sofreu uma poda radical, feita de forma clandestina a plena luz do dia, e ironicamente às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. A árvore frutífera - ou o que sobrou dela - fica na Praça Alfredo Ribeiro dos Santos, junto à Cedae da Praia do Buraco, e à base da Guarda Municipal, no Preventório. O proprietário de uma casa vizinha seria o mandante dessa verdadeira agressão ao meio ambiente, motivada, segundo dizem, porque pessoas estariam subindo na árvore para bisbilhotar o interior de seu terreno. A Comlurb, órgão que cuida da vegetação da ilha, autuou o responsável

FERREIRA É NOSSO REI Seu Ferreira das bicicletas, que papou mais de um Oscarilha, o prêmio do jornal A Ilha para os melhores de Paquetá, acaba de colocar mais um troféu na estante, ou melhor, na cabeça: o Rei do Nó. Sua frota de bicicletas, todas elas equipadas com incontáveis aramezinhos, remendos e traquitanas, inspirou o amigo Joãozinho Veríssimo a elegê-lo para o bem humorado trono. E ainda a presentear Sua Majestade com três bonés de cores diferentes, que o Rei do Nó orgulhosamente incorporou ao uniforme de trabalho. Mas este faz questão de ressaltar: “Gatilho, só nas minhas bicicletas; nas dos clientes, é tudo nos conformes.” Palavra de rei.

QUERIA-QUERIAS O casal de quero-queros que nos últimos anos adotou o Darke de Mattos para viver e procriar sofreu um duro golpe. Os quatro ovinhos que mamãe quero-quero vinha chocando há semanas, no ninho feito junto ao heliporto, não sobreviveram ao corte de grama realizado por funcionárias da COMLURB. Dois ovinhos sumiram – provavelmente voaram, atingidos pela máquina – e dois estavam esmagados, pisoteados, com sinais de que os filhotes estavam prestes a nascer. E pensava-se que o perigo eram os gaviões...

CABELUDO PARA SEMPRE Waldeque Saeta Costa, o Deco, pintor que assina a arte de cartazes e paredes de vários estabelecimentos comerciais da ilha, mostrou que não é criativo só nos pincéis. Insatisfeito com a avançada calvície, e também com as opções tradicionais para resolver o problema, botou a cabeça para funcionar e - tchan!!! - sacou uma ideia no mínimo inusitada. Por que não fazer uma tatuagem na careca imitando cabelos? Contratou um profissional do ramo e foi à luta. “Foi demorado e doído, mas valeu a Pena” diz ele. Um artista esse Deco.

VISTA PARA A ETERNIDADE Que tal uma sepultura localizada num ponto alto da encosta, dotada de janela panorâmica feita de tijolos de vidro, e com uma engenhosa arquitetura interna que deixa o corpo do falecido, não horizontalmente deitado, mas recostado como numa cadeira de dentista – a cabeça acima do nível dos pés - para usufruir eternamente de vista para o mar? Não é lenda. A tal sepultura existe - o repórter de A Ilha viu com seus próprios olhos. Seu proprietário e idealizador está vivinho da silva, mora no Campo, e não deve querer testar tão cedo a eficiência de seu projeto. Essa é uma das muitas histórias e curiosidades que se escondem nas alamedas do antigo Cemitério de Santo Antônio, hoje Cemitério de Paquetá, que já passou por vidas muito diferentes nos seus quase 150 anos de existência.


•ARTICULANDO E DIVULGANDO NOSSAS INICIATIVAS CULTURAIS •APOIANDO ARTISTAS LOCAIS •PRESERVANDO NOSSO PATRIMÔNIO, MEMÓRIA E IDENTIDADE •PROMOVENDO O TURISMO SUSTENTÁVEL COM A COMUNIDADE PROTAGONISTA E BENEFICIÁRIA

ardim de afeto

Ricardo Matos (ou SaintClair) Jorge Roberto Martins

Rick y Goodw in

Iniciativas apoiadas pelo PontoCASA DE ARTES PAQUETÁ – 20 ANOS – A Foliona – Carnaval Comunitário

Festival da Guanabara

"Ele não tem mais o que fazer não, é?", devem se perguntar os desavisados quando veem este moço com o instrumental apropriado plantando árvores, embelezando a orla, engrandecendo as ruas, fazendo parceria com a natureza.

– Auto de São Roque – Grupo Cantareira

Há quem sequer direcione o olhar, mesmo que por curiosidade ou perplexidade. Mas há os que param, se aproximam, conversam e se despedem acreditando que a natureza tem jeito, e o ser humano também.

Cortejo de Natal

– Feliz Aniversário Paquetá –

CineClube PQT

Não é de hoje que ele acredita no que planta, planta na terra que rega, a terra agradece e viceja que só ela. Parece coisa de um sonhador, de um delirante, mas é coisa mesmo de gente que gosta de entender as árvores, de dançar com as folhas, de ser forte como as raízes, de ser futuro como os bilhetes colados nos troncos. Ele, também uma árvore saudável, frutífera que carrega no sobrenome a sua vocação natural.

Plantar Paquetá - Replantando a nossa história.

Poema paquetrânsito

Exposição A História da Ilha Exposição de Fotografias e Artes Plásticas Semana do Patrimônio e da Memória Cultural Conte sua história para entrar para a história Exposição de Fotos antigas Jornal A Ilha Informativo Paquetá Viva! Veja mais em www.facebook.com/ paquetanarede CUIDE BEM DE NOSSA ILHA. VALORIZE E PRESERVE NOSSO PATRIMÔNIO, AS PRÓXIMAS GERAÇÕES TAMBÉM MERECEM PAQUETÁ.

O apoio da Guarda Municipal(GM) ao evento de lançamento da campanha Paquetrânsito foi completo, inclusive com a presença de integrantes do QG do Comando Geral da GM. O poeta Xavier, GM em Paquetá, declamou um poema que compôs para a ocasião, dialogando com o jingle da campanha. Leia abaixo. DEVAGAR, VC ESTÁ EM PAQUETÁ Pedalar em duas rodas com demasiada segurança, garantia de ir e vir preservando a VIDA com afinco e relevância. Numa ilha, oásis que ecoa música e inspiração, o prelúdio da liberdade, é o entendimento da coletiva educação. O espaço e o respeito, dignidade e direito sendo íntima vocação, até em duas rodas a pressa é inimiga da perfeição. Na Praça Pedro Bruno, charreteiros e ecotáxis no exercício anfitrião, recepcionam o turista com diligência e atenção. De mãos dadas nessa campanha, plenitude consciente de cada lar, devagar também é pressa, na bucólica ilha de Paquetá.


PAQUETRÂNSITO

Campanha conscientiza crianças e moradores sobre trânsito em Paquetá Felip e M i g l ia n i

Nos últimos anos, houve mudanças no trânsito da Ilha de Paquetá, localizada na Baía de Guanabara, cidade do Rio de Janeiro. As tradicionais charretes de tração a cavalo deram lugar às charretes elétricas,

semelhantes aos carros de golfe. Teve o surgimento do ecotaxi, uma bicicleta que pode carregar até dois passageiros em assento coberto, o fim do bondinho e o aparecimento de motocicletas elétricas. Diante da nova realidade, foram aparecendo reclamações dos moradores em relação às bicicletas elétricas, percorrendo em alta velocidade, e até mesmo acidentes envolvendo crianças e idosos.

Também foram relatadas queixas da falta de organização no estacionamento das charretes elétricas e ecotaxis nos horários de embarque e desembarque. Outro problema mencionando pelos moradores são os diversos buracos pelas ruas da ilha. Por isso, o Conselho Comunitário de Segurança, a Associação de Moradores Morena, e a Região Administrativa de Paquetá promoveram o Paquetrânsito, uma campanha de conscientização aos ciclistas para a condução responsável. O evento aconteceu no Paquetá Iate Clube. A campanha foi custeada por uma vaquinha online. Contou com diversas atividades e reuniu cerca de 150 pessoas. Ricky Goodwin, morador e editor do jornal comunitário A Ilha, comenta que o crescimento populacional e mudanças tecnológicas no transporte com a vinda de outros veículos vêm mudando o panorama da ilha:

- Essas novidades deixam o trânsito tumultuado. Tem a questão da velocidade e pessoas que não estão acostumadas a andar na ilha. A diferença é que, como não tem automóveis, as pessoas andam na rua e não na calçada, diferente de outros lugares. O que gera um problema. Pois o motorizado acha que a rua é dele, mas aqui não é assim. Precisa de uma conscientização para entender isso. Por isso o evento é importante.

Grande parte do público era formada por crianças da Escola Municipal Joaquim Manoel de Macedo. Os professores realizaram brincadeiras de conscientização em cima da cartilha que foi distribuída no evento junto com diversos materiais impressos custeada pela vaquinha vir tual, arrecadando R$-5.750,00 dos R$-9.000,00 esperados. Os jogos foram criados em sala de aula por alunas e alunos. Utilizaram caixas de papelão para simular os veículos e cartolinas para construírem as vias. Na brincadeira, eles explicavam as boas maneiras que devem ser adotadas no trânsito. O evento contou com música, lanche e muita conscientização e diversão para as crianças. A professora e escritora Rita Tavares explicou a importância da campanha com as crianças da escola:

O evento também apresentou o curta “Elo Perdido – O Brasil que Pedala”. O documentário foi lançado em 2018, e tem cerca de 30 minutos. É dirigido pela jornalista Renata Falzoni e conta com produção da Bike é Legal. A película aborda temas relacionados à economia, mobilidade urbana e questões sociais, mostrando a realidade de um país que pedala e resiste à prioridade de carros e motos nas ruas. Morador e nascido dentro de uma oficina de bicicletas, Ricardo Fontis participa da obra prestando depoimento. Ele é dono da Paquetá Bike e trabalha com restauração de bicicletas antigas. Após a sessão, ele conversou com o público sobre a importância que a bicicleta tem como meio de transporte para saúde, meio-ambiente, economia pessoal e até mesmo na identidade cultural de ilha.

Conscientização começa na escola

- As atividades fazem parte do processo de conscientização. Eles já estão cientes que existe uma mão para andar de um lado e outra para andar de outro. Além disso, já são condutores. Utilizam a bicicleta no dia a dia no processo de locomoção pela ilha. A campanha é a longo prazo. Hoje foi o primeiro passo. Mas ela tem muito para agregar. Ricky Goodwin animou as brincadeiras de conscientização. Ele também falou sobre a importância da escola no papel de conscientização:

- O lançamento de hoje foi mais voltado para o público infantil. As vantagens é que desde pequeno vão aprender boas maneiras de convivência e também vão influenciar os pais, levando a conscientização para dentro de casa.

A bicicleta como identidade cultural de Paquetá

- A gente sempre teve a tradição de o turista visitar a ilha para aprender a andar de bicicleta. Eu ensinei crianças de 6 anos a andar de bicicleta e até mesmo senhoras de 88 anos. Essa cultura proporcionou fama e visibilidade para Paquetá, trazendo turistas e movimentando a economia da ilha, conta. Ricardo ainda trouxe para o debate soluções para a alta velocidade das bicicletas elétricas:

- A maioria das bicicletas elétricas na ilha é impulsionada com o acelerador. Então o camarada não precisa pedalar, ele usa o acelerador e aumenta a velocidade da bicicleta. No entanto, em vários lugares do mundo, onde se permite o uso da bicicleta elétrica, ela é assistida. A pessoa precisa pedalar e de acordo com o pedal aciona o motor, onde faz a propulsão da bicicleta, algo que não tem em Paquetá. Isso seria uma das soluções para diminuir o impacto das bicicletas elétrica na ilha, argumenta. Também estavam presentes a Polícia Militar da 5ª Delegacia Policial, a Guarda Municipal da 12ª Inspetoria e representantes da Associação de Ciclistas da Ilha do Governador.


20 ANOS DA CASA DE ARTES, A SEGUNDA CASA DO PAQUETAENSE

“A arte é longa, a vida é breve.“ O Jornal A Ilha entrevistou José Lavrador Kervokian, responsável ao lado de Josiane Kervokian pela Casa das Artes Paquetá, que completa 20 anos. Fomos conversar também com a Josi e outros frequentadores da Casa . Se a frase atribuída a Hipócrates está correta, o espaço cultural tem muito ainda a viver com a sua filosofia de trabalho, que já dá frutos de uma árvore com sementes perenes em Paquetá E as primeiras raízes da Casa de Artes, vejam só, foram plantadas em Londres, como recorda José Lavrador: “Sou engenheiro de formação e estava na Inglaterra quando conheci a Josi e começamos a namorar. Ali, no final da década de 90, foi plantada a semente, pois a Josi estava fazendo mestrado em piano e começamos a pensar em um projeto cultural no Brasil”. Para José Lavrador, a Casa das Artes vive para colocar em prática questões culturais, preservando a Ilha como um precioso patrimônio. “Procuramos, juntamente com outras instituições, manter vivo na comunidade um tecido cultural muito rico”. Ele lembra que a Casa de Artes tem um estatuto, que fala da promoção da cultura e do turismo, capacitando a comunidade, dialogando com o poder público e buscando políticas inclusivas, sem segregação, sem elitismo, na busca de uma Ilha inclusiva, mediante arte e cultura. “A Ilha é inclusiva em sua essência e a gente não pode perder isso de vista. Isso alimenta a alma, fazendo a gente mais feliz. A estratégia para preservar isso é uma preocupação permanente da Casa de Artes. Precisamos preservar este lado solidário para que outras gerações encontrem a Ilha melhor do que a gente encontrou”. Lavrador ressalta que “ao trazermos atrações artísticas para a Ilha, temos que ser muito criteriosos, rigorosos tecnicamente. E quem vem se apresentar aqui se sente num local íntimo, simples, com o contato direto com um público muito acolhedor. Procuramos também trazer pessoas do Rio, agregando valor cultural, montando pacotes turísticos, onde a pessoa pode curtir um belo passeio e uma roda de choro na Casa de Artes, por exemplo. Assim, as pessoas desfrutam de um Festival da Guanabara , de um Panelas Abertas e de shows no Orquidário, na Casa de Noca, no Quintal da Regina.... Isso tudo é uma delícia. Passeio em Paquetá, com uma boa música, lava a alma”.

Te xt o & fot os: Wa shington Araujo

A preocupação em oferecer um serviço de qualidade também é destacada pelo responsável pela Casa de Artes: “Precisamos sempre oferecer um bom serviço, digno, realizado por todos - pelo artesão, ecotáxi, charrete elétrica, pousada -, criando padrão de atendimento de qualidade, com identidade. Precisamos que Paquetá seja mais e mais um pólo cultural e turístico, gerando sustentabilidade para as famílias da Ilha”. Ao perguntarmos o número de pessoas que participam dos projetos da Casa, José para um pouco e começa a contar: “Mais de 60 crianças e adolescentes participam de projetos na Casa. Professores, temos a Josi, Bruno, Victor, Breno, João Marcos e o Fausto. Temos oito famílias que dependem diretamente da Casa de Artes. O espaço não tem somente as apresentações artísticas, as exposições, tem também um site, o centro de memória... Há até um ponto de cultura, que está no terceiro ano não consecutivo, pois depende de verba oficial. O coral das crianças está dentro do Projeto Bem Me Quer, mas o de adultos, hoje, tem vida própria. Criamos este coral dentro do projeto Reviver Paquetá, mas ele anda sozinho hoje, com o nosso apoio”. Na pergunta sobre como manter tudo isso, aparecem algumas rugas na testa de Lavrador: "Esta que é a questão, pois dinheiro não cai do céu. A gente corre atrás de editais para a manutenção dos projetos. Pouca coisa aqui é cobrada. A Roda de Choro e alguns shows têm cobrança de 15 reais. Tem gente que tem dificuldade em pagar isso, mas não fica sem assistir - convidamos. O café não dá dinheiro, mas é uma forma de atender o público. Precisamos que o turismo seja cada vez mais incentivado para garantirmos uma pauta maior de projetos. Infelizmente a quantidade de verba para o patrocínio cultural diminuiu muito. O desafio é gerar sustentabilidade." Por falar em sustentabilidade e arte, lembramos do Solar Del’ Rey, abandonado pelo poder público desde 2009. Lavrador ressalta: “Seria ideal que tivéssemos 10 Solar Del’ Rey, 10 Casas de Artes. Sou otimista.. Estamos caminhando para o melhor. A Ilha, hoje, é melhor do que há 10 anos. O comércio alternativo é importantíssimo para esta melhora, gerando emprego e renda." Sobre o futuro: “Pois então, não somos infinitos, precisamos procurar respostas para perpetuar a Casa. O papel estratégico é o de ser um centro preocupado com a preservação cultural da Ilha. Abrigamos aqui o projeto do Fotoclube chamado “Paquetá de Ontem é Hoje”. E é isso que precisamos buscar, sem o olhar saudosista do “ah, antigamente que era bom”. Não é isso. O tempo bom é hoje e vamos melhorá-lo”.

Relatos sobre a Casa de Artes e seus 20 anos Josiane Kervokian “Uma das coisas que acho bacana com a história dos 20 anos é que quando a gente olha para trás, vê uma trajetória que deixou de ser um sonho e passou a ser realidade. Temos hoje um programa de musicalização e de formação musical na Ilha. Temos pessoas que estão extremamente capazes de assumir suas vidas e de seus familiares, com um norte de uma caminhada na vida. Quando eu penso nos 20 anos, não penso somente no tempo que passou, mas também que os meninos que viveram estas duas décadas vão contribuir para o planeta, passando o conteúdo musical que passamos para eles. A parte cidadã que sempre permeou o projeto, deixou claro os valores, as alternativas de empoderamento, de ser ator da própria vida. Claro que imaginávamos que nem todos que passaram por aqui se tornariam músicos. O bacana é ver gente, muita gente que passou pelos nossos projetos fazendo hoje Medicina, Veterinária, Odonto, Jor nalismo, Engenharia, Direito, Geografia, História, Biologia... Quando penso em mais 20 anos, não necessariamente com a gente nesta história, penso nestes meninos continuando este modelo, que contribui com muita coisa boa aqui na Ilha”. Marcílio Torres Freire de Oliveira, poeta “Vim para Paquetá por causa da Casa de Artes. Há 19 anos, a Rádio MEC anunciou um concerto para piano a quatro mãos, com a Josiane Kervokian e a Patrícia Bretas. Vim ver, me apaixonei de imediato. Me mudei de mala, cuia e título de eleitor, para não sair nem para votar. Vi a Casa de Artes crescer. Vejo com alegria crianças que chegaram com seis anos e hoje estão na universidade, aprendendo música e muitos até regendo. É a força da dinâmica da cultura. A Casa de Artes é a minha outra casa, é meu templo, é o meu parque de diversões”. Ana Decker, cantora “Começa que a Casa fica numa praia linda, com vista para as montanhas. Lembro que já fiquei encantada na primeira vez que vim aqui ao ver toda uma exposição nas paredes com a história de Paquetá. Todas as vezes que venho, vejo uma apresentação artística de qualidade. Enfim, a Casa de Artes é um presente imenso para Paquetá, para a cultura brasileira, para nós, que somos artistas”. Fernando Lemos, funcionário público federal aposentado “É admirável a plenitude artística da Casa de Artes, baluarte na história de Paquetá. Além de trazer artistas de categoria, a Casa de Artes faz um importante trabalho junto com a população, com os meninos, os jovens. A orquestra jovem, escola de música e montagens de espetáculos constituem um trabalho admirável. Ao longo destes


20 anos, foi constituído um acervo maravilhoso. Uma pena que não receba mais os incentivos que recebia, como patrocínio da Petrobras, apoio da Funarte. Com pouco, a Casa de Artes já fez muito. Se tivesse mais investimentos faria muito mais. Uma história que tem que ser preservada para todas as gerações de Paquetá”. Valter Lano, artista plástico “A Casa de Artes mostra com estes 20 anos o quanto é importante a cultura na formação do ser humano. A gente conhece o garoto que começou na Casa e agora o vê com mais de 20 anos - como cresceu como ser humano. A Casa de Artes testificou a importância da cultura na formação do ser humano." Oscar Bolão, músico “Falar da Casa de Artes é muito fácil: um espaço lindo, quintal maravilhoso, onde a gente respira e exala cultura, seja música, poesia, teatro, artes plásticas e fotografia. Gosto muito de vir aqui nos finais de semana, ficar de bobeira, tomando minha cervejinha, ouvindo uma boa música clássica, que a Josi bota pra tocar. E volta e meia tem os meninos da orquestra. Enfim, a Casa de Artes é muito chique. A casa de Artes é tudo de bom!". Roberto Leonardo de Araújo Lima, funcionário público “Estou radicado em Paquetá há dois anos e foi uma surpresa encontrar um espaço como este, tão bonito com tanta arte, tanta cultura sendo desenvolvida. Outra coisa que me chamou muita atenção é o envolvimento de grande parte da população da Ilha. Não há outro bairro no Rio com resultado aparecendo com tanta afluência e rapidez." Mariangela de Sá Ferreira, professora "O trabalho da Casa de Artes é lindo, sério. É a melhor vizinhança que eu tenho, pois moro nas proximidades. Acho o trabalho musical, a orquestra jovem, a iniciação com as crianças impressionante. Além de toda a programação artística e de uma comida muito gostosa. Juntar gastronomia e cultura, acho maravilhoso!”. Pedro Amorim, músico “A Casa de Artes é uma instituição que tem uma importância fundamental, pois cultura é onde a gente se reconhece, cria uma autoestima, se sente participando da vida do lugar, aquela sensação de pertencimento. A Casa de Artes tem sido um caminho para muitas crianças e jovens da Ilha, inclusive na profissionalização. Ela é um ponto de encontro onde a música, a arte, está permeando tudo que acontece por ali. Por isso, além da importância que tem como instituição cultural, ela é um lugar de uma convivência muito prazerosa. Acho que isso nunca deve ser separado: cultura e prazer. O prazer deve estar permeando a nossa vida sempre e a Casa de Artes proporciona isso para a gente, sendo um lugar de amizade, carinho e de cultura”.


CLAUDIO MARCELO f o to s A cer v o R i car do e Már ci a

Hoje, depois de um bom tempo me dedicando exclusivamente ao trabalho, decidi fazer do meu dia uma ode a vida; melhor dizendo: me dei ao luxo de "bojugar" o dia todo. Tomei a palavra emprestada de um amigo muito querido, que partiu recentemente, deixando um legado enorme de pensamento critico, humor único e uma postura adoravelmente elegante como poucas vezes presenciei na vida. Claudio Marcelo Bojuga, nao so amava desmedidamente este recanto flutuante em meio a Guanabara, como defendia cada causa aqui presente; as mais diversas por sinal, que iam de ninhos caídos no Parque Darke a segurança publica. Sendo incansavelmente ativo em cada uma delas. Um momento sem igual foi quando me relatou os horários dos voos para Dubai, as aeronaves operantes e possíveis escalas. Mesmo sem a pretensão de um dia ir a Dubai, brindamos o voo inúmeras vezes passando sobre nós!!! Seu pavor por dias chuvosos sempre foi um detalhe impossível de ser esquecido. Como nos divertimos em assuntos diversos em dias de sol, sob o sol! E nossa via etilica se estendia até ambos se esconderem, o Claudio e o sol! Ate um novo lindo dia despontar novamente. Bojuga! Bojugar, transformei por um impeto audacioso, seu codinome em verbo e quando quero relaxar, digo a mim mesmo, como num sussurro: Vou bojugar... O mesmo que viver

aberta e reservadamente os melhores momentos que a vida pode nos ofertar! Transformando os cães do caminho em Matilha, o matinho da Imbuca em marchinha carnavalesca e semeando sementes com o compromisso de rega-las posteriormente! É como me disse um amigo : Claudio Marcelo certamente nao era da Terra, do céu talvez. Na verdade gosto de pensar que era do Mundo da Lua e estava aqui como um astronauta de plantão, por isso a cerveja até o por do sol. A lua nascia, e ele se recolhia para carregar as energias... Não tinha ódio, inveja, soberba. Foi um valente guerreiro, lutou ate o fim como poucos. Se e que tem fim em sua lua, lugar pra onde partiu. Bojugando sempre, um brinde! Gilber to Teófilo / Ana Lisboa Neste mês de maio, nos despedimos do nosso querido amigo Cláudio Marcelo, flamenguista, totalmente paquetaense, ele era o “cara”...O cara bom de papo, da piada pronta, da risada garantida, das horas e horas de conversas, da cerveja, da micro sunga, dos mil bonés, ensolarado como ele só....com seu carisma e aguçado senso de humor, era impossível a ele resistir Quanta saudade ficará de você, amigoirmão, um amigo de toda vida. Pessoas como você nunca morrem de verdade, viverá em nós em cada brinde erguido. Mais do que um amigo verdadeiro, você sempre foi um ser humano de

um enorme coração fraterno. Ficarão grandes recordações de tudo que passamos juntos, das saideiras eternas, de todos os Natais, da certeza da sua presença cinco minutos antes de dar meia noite nas viradas de ano, dos drinks que fazia com carinho pra você, e de tantas histórias alegres que compartilhamos. Você não era deste mundo, não...Foi um grande privilégio tê-lo conhecido ainda adolescente e ter convivido com você por todos esses anos. O melhor que podemos fazer agora é transmitir pensamentos de paz, luz e serenidade para que você descanse e nós aqui vamos tentar preencher nossos corações com as recordações felizes que você nos deixou. Vai em paz, amigo-irmão, você vai fazer muito falta! Erga seu copinho americano daí e tintin....amamos você! Márcia Bichara Hoje caminhei pela Ilha Na Tia Loyde, Cláudio estava se dourando ao sol e saboreando uma Antarctica No Darke estava correndo no heliporto e tomando conta dos ninhos de quero-quero Na subida da Imbuca as borboletas diziam que ele estava por ali


No Iate, na varanda ao sol No Miramar, lendo jornal Na Praia Grossa regava os flamboyants que ele ajudou a plantar No Galetinho da Ilha, um papo bem animado Na nossa memória vivo Na nossa saudade presente Maria do Carmo Xavier [ ] ...e...em uma noite de verão..de papo e conversa fiada ..no nosso Nativa...manifestei o desejo de fazer um filme sobre nosso habitat natural... Paquetá..afinal ..tantas histórias...festejos... celebrações...nem sabia por onde começar.. a sorte estava ao meu lado..e personificada nele... que me disse tranquilamente:"Lili..por que vc não começa pelo Carnaval..?..já que [ ] estamos em início de Janeiro e ele já está a mil..." Bons tempos aqueles em que os festejos de Momo na Ilha esquentavam já no Reveillon.....e respondi: mas..eu nem tenho ainda a câmera!...prontamente replicado:"tenho uma JVC..não estou usando..te empresto... ou melhor..te dou de presente!"...e nisso... um pequeno sonho ali compar tilhado foi imediatamente realizado...ganhei a câmera... fiz muitos registros...me diverti como nunca..e esse verão inesquecível está gravado...não somente em uma mídia qualquer...mas sim na memória do meu corpo e da minha alma...esse era o nosso eterno...e generoso Cláudio Marcelo! Inesquecível!!!

obs: vamos marcar uma sessão de projeção para nos deliciarmos com os ensaios e desfiles do Camelo..do Tartaruga...do Alfavacas ao Luar do casal Magdala e Nelson Lopes....do Bloco das Crianças da querida Valéria...das Piranhas...e por essas imagens...viajar no tempo... Liliane Mundim Grande amigo que realizou um sonho meu, de montar uma banda de Rock ! Eu e Fernando Praça queríamos montar uma banda , faltava guitarrista e vocalista, foi aí que o Nando chamou o Cláudio , o nome da banda era 69 F !! Tocávamos nas noites de sábado e era incrível ! Hoje temos essa movimentação de rock na ilha graças a ele !!!! E outra , ele ajudou a dar o nome de Arthur ao meu filho ! Obrigado por tudo !! Ricardo Magrela Ainda ando pela ilha achando que vou esbarrar com Cláudio Marcelo numa rua qualquer, dando sua caminhada diária ou indo pra praia, jornal na cestinha da bicicleta, depois do “café da manhã” em um de seus bares preferidos, como ele chamava o primeiro copo de cerveja do dia. Vejo alguém longe de boné e quase sai: “olha lá o Cláudio!”. Dureza acostumar. Sempre com um sorriso, um abraço delicioso, um “como você tá?” querendo mesmo saber a resposta. Nos conhecíamos da vida toda, como quase todo mundo se conhece em Paquetá, e nos aproximamos muito nos últimos anos, com o

trabalho no jornal A Ilha e, principalmente, no Plantar Paquetá. Conhecia as sutilezas e o jeito de viver desse lugar como ninguém, sabia de histórias do arco da velha, percebia com exatidão o assunto que poderia causar polêmica ou incomodar a comunidade. Mestre da delicadeza. Descobrimos juntos o amor pelas árvores, plantamos muitas, fizemos planos, construímos, fomos parceiros. Amigos. Putz, que saudades desse cara... Quando realizamos o plantio dos flamboyants da Praia Grossa, batizados por ele de F1, F2, F3..., regava diariamente as mudas-bebês. Vingaram graças a esse carinho. Odiava se a gente falasse em podar galhos secundários: “deixa a árvore em paz, gente! Deixa crescer torta, feia, como ela quiser! Não é assim que crescem na floresta, livres?” É, é assim. Cláudio amava os Beatles, não perdia por nada o programa Desastres Aéreos, era louco por uma branquinha e adorava viajar. Viajava muito, muito, mas era sempre pra cá que ele voltava. Paquetá era o seu lugar. É essa ilha que guarda boa parte da sua história, o afeto dos amigos que o adoravam (como não?) e centenas de suas árvores. Cláudio Marcelo pode não estar ali no bar ou na esquina, mas está em cada flamboyant florido, em cada jambeiro que cresce. É um pedaço do João Gordo, um ramo de muitos bougainvilles. Márcia Kevorkian


Manduca ressuscitado? Eu acredito. Judas do Benedito Guinho Frazão Disse minha vizinha ficcional que certa vez?... (Você veja, deve ter tomado cerveja...) ....quando estava passando pela Geloteca, no Cerqueirão, no final da noite, já bem tarde da noite, viu abrir-se um clarão, de onde se via como que uma aura. Ela não sabia bem o que era uma aura. Mas, Maura, talvez fosse o nome dela, retornou pela manhã para ver se a tal aura permanecia no local e eis que viu. E o que viu? Uma luz, um corpo um tanto conhecido. Pois essa vizinha se avizinha de tudo. E feito avezinha (de rapina?) espreitou, à guisa de que esperava o pão quentinho, Manduca em carne e osso. No aroma do pão, feito onda, saía da padaria, junto à Dona Maria, com a mão no centenário livro de fiado, nada menos que o eterno Manduca. Maura era lelé da cuca? Manduca não morreu, há tempo?

O careca sorridente dos dentes irregulares desregulou a certeza de minha vizinha. Ela lhe perguntou: onde está o Manduca que estava aqui? O alegre comerciante, como sempre respondeu: o Manduca está aqui, apontando para o seu retrato, condecorado, na parede. A Vizinha, na certeza das pessoas curiosas, disse para si, em bom tom para todos. “Viu? Não disse que vi. Manduca esteve aqui”. Não teve Beladona que curasse, Zarur que Rezasse, Benedito que bem-dissesse ou escondesse. Dona Maria até tentou... dizer.... que... o Judas... Mas a vizinha não ouvia. Nem os conselhos de D. Maria, nem via a enorme lanterna que se escondia embaixo dos panos do moribundo boneco. Diziam, essa senhora é sem hora, mesmo. A qualquer hora. Cismou danou. Achar que o Manduca tinha ressuscitado... Benedito ouviu a história de minha vizinha e, lá, na Maloca, em meio a peixes, serrotes e madeiras, novamente pegou uma possante lanterna. O boneco foi feito bem ao jeito do finado. E qual foi o resultado? Era sexta-feira santa, bem de madrugada, Manduca estava sentado, bem no Pau da paciência. A Vizinha, bem na hora

do pão quente, ao ver Manduca sentado com um facho de luz alaranjado, saiu correndo dizendo, que era mentira o contado do dia anterior, mas, naquele terror, nem viu o Benedito, rezou e jurou bonito, jamais voltar a fofocar. Pela manhã, “Aleluia!” Sem querer ser gaiato, seu Antônio não sabia do encontro medonho. Abriu, cedo, a padaria dizendo: “eis aqui o Manduca”. A vizinha já bem nervosa, querendo romper o trato que fez com São Roque, de nunca mais fofocar, calou-se para sempre e nem essa história pôde me contar. Então, era doce o que era doce, e foi Manduca quem trouxe, o sonho, a empada, o medo: o presunto... e a gargalhada de quem ler esse jornal, antes ou depois do Cerqueirão e seu arraial.

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ESPORTES

Irakitan

• Vitória de Assis jiu-jitsu Vitória de Assis, 16 anos moradora da Ilha de Paquetá. Apaixonada por artes marciais, iniciou sua "vitoriosa" carreira no jiu-jitsu no projeto Ivo dos Santos, na academia Soul Fighters realizado no clube Barreirinha. Treinada pelos mestres Ítalo dos Santos, Luiz Carlos da Silva e Gildo Soares, participou dos campeonatos estaduais, Carlson Gracie, Rei do Rio, entre outros. Em 2018, foi convidada a treinar na academia Soul Fighters no clube Municipal da Tijuca, na qual foi orientada pelos mestres Flávio Santos e Bruno Formiga. Em maio de 2019, foi vice campeã brasileira da modalidade, campeonato disputado em Barueri (SP). Seu maior objetivo é de participar do campeonato mundial da categoria que será realizado nos Estados Unidos. Parabéns a nossa Menina de Ouro !!!! Com certeza seus sonhos e objetivos serão realizados... força, fé e perseverança sempre !!!! Agradecimentos aos patrocinadores e colaboradores.

• Campeonato Infantil Municipal F. C

Equipe campeã

Em 09 de junho foi realizado no Municipal Futebol Clube o torneio de futebol infantil, tendo como homenageada "Tia Marlene" (avó do Lucas Paquetá e esposa do eterno Seu Altamiro). Com a participação de aproximadamente 50 crianças, divididas em quatro equipes, o torneio foi um sucesso. O time liderado pelo treinador Belk foi o vencedor da competição. O evento foi comemorado entre alunos, responsáveis e convidados.

• Pelada de Sócios Todos os sábados a partir das 09:30h são disputadas as Peladas de Sócios. "Muita resenha, churrasco, peixada e cerveja gelada" !!!

• Revitalização da praça de esporte Alô associados !!! O clube Municipal vem revitalizando sua praça de esportes com mesas de sinuca, ping pong, botão, tabuleiro de xadrez e jogos de cartas.


NÃO ESTÁ NA SUA PORTA

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Pelo que tenho lido, já deu pra entender que o esquema do caminhão do gás não deu certo. Com a população que tem hoje a ilha, o caminhão não tem como atender a demanda, além de ser mais um caminhão trafegando e castigando ainda mais as nossas ruas. Se é um problema para mim, fico imaginando para as pessoas mais velhas, o drama que se aproxima a cada vez que o bujão começa a esvaziar. Examinando as regras de estocagem de gás (na última semana em Paquetá pudemos nos tornar especialistas na matéria) e também as limitações na legislação que rege Paquetá, concluímos que o resultado efetivo da ação policial da outra semana foi nos deixar sem alternativa.

Uma ação precipitada, que não pensou em quem mora aqui, além de criar um constrangimento desnecessário a um trabalhador e morador da ilha. Agora, "em nome da lei" ficamos entre correr atrás do caminhão ou buscar outras soluções ainda mais arriscadas e clandestinas. Zeca Ferreira

O que você achou desta edição do jor nal? Qual a sua sugestão para o próximo número? Quer escrever sobre algum assunto de Paquetá? cartasjornalailha@gmail.com


Morena Na Praça - junho 2019 Agende-se

econômica daqueles que vivem e trabalham em Paquetá.

PRÓXIMO MORENA NA PRAÇA: Domingo - 30/06 - Praça Pedro Bruno - 10h

Diante do ocorr ido, entendemos que a regulamentação da distribuição de gás na ilha é um processo complexo, que deve levar em conta as peculiaridades acima descritas e precisa da atuação e da sensibilidade do poder público.

Venha conversar conosco sobre os assuntos de nossa ilha! É também a oportunidade dos associados acertarem suas trimestralidades. Se você ainda não se associou, esta é a hora! Alfredo, como faço para me associar? Basta: 1. preencher uma ficha rápida de Associação, e 2. Pagar de 3 em 3 meses R$ 19,96. É só isso mesmo! (2% do salário mínimo atual).

SEM GÁS O desabastecimento repentino de gás decorrente da operação da Polícia Civil que, no dia 24/05/2019, confiscou todo o estoque de botijões do sr. Luiz Carlos Garcia, morador da ilha há pelo menos quatro décadas, levou a MORENA - Associação de Moradores de Paquetá - à responsabilidade de contribuir para buscarmos juntos solução para esse assunto urgente e básico para a vida de todos os moradores. Nossa ilha é um bairro do município do Rio de Janeiro onde só se chega por mar. Não temos o serviço da CEG disponível aqui. É proibido o transporte de botijões na barca que faz o transporte de passageiros da Praça XV para Paquetá. A única maneira de termos abastecimento desse serviço essencial é que os botijões venham pela balsa, que sai diariamente da Ilha do Governador e transporta os caminhões e carros de serviços, e também aqueles carros que trazem insumos para os mercados do bairro. O transporte da balsa é caro, o frete de um caminhão chega a custar 2000 (dois mil) reais, ida e volta. Ao extinguir este serviço sob a justificativa de ilegalidade no armazenamento e comercialização, o poder público deixou a população completamente desassistida, empurrando as famílias e comerciantes da ilha para alternativas ainda mais irregulares, envolvendo compra de gás não-certificado, transporte ilegal e estocagem clandestina. Ainda, a legislação que rege a ilha de Paquetá - que é uma Área de Preservação do Ambiente Cultural (APAC) - dificulta a legalização de inúmeros serviços, criando limitações ainda maiores para que os comerciantes obtenham as condições adequadas de funcionamento. Estamos em diálogo com a prefeitura para readequação do marco legal da ilha, para que se mantenha suas características mas se permita a legalização dos serviços que aqui já existem e são fundamentais para os moradores e para os visitantes, contribuindo para a viabilidade

sobre tudo. O registro em vídeo da Conversa Pública realizada pela MORENA está na página da Morena no Facebook. Em breve publicaremos um resumo das pautas discutidas com os moradores presentes, assim como dos encaminhamentos ali tirados coletivamente. Nosso agradecimento à Neusa Matos pela filmagem e transmissão ao vivo da atividade.

A MORENA realizou três reuniões públicas com os moradores sobre o assunto do desabastecimento de gás, com a participação do CCS e da RA, no Salão Paroquial, em 25.05.2019, em 29.05.2019 e em 05.06.2019. A partir do que foi decidido nessas reuniões. Buscamos informação com a Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização Urbanística da Prefeitura, com a Divisão de Segurança do Tráfego Aquaviário da Marinha, com a Sessão de Serviços Técnicos dos Bombeiros, e realizamos reuniões na Capitania dos Portos e com a Naturgy. Pusemos a boca no trombone, o que rendeu matérias nos jornais e uma reportagem e no RJTV1. Ainda, demos entrada no Ministério Público com uma ação para solução para o problema, ao qual anexamos um abaixo-assinado com mais de 1000 (mil) assinaturas dos moradores da ilha. POSIÇÃO DA MORENA: Embora a situação de desabastecimento tenha sido amenizada pela vinda do caminhão da Consigás às quartas e sábados, entendemos que essa não será uma solução definitiva (pela inviabilidade econômica causada pelo preço alto da travessia) e nem tampouco satisfatória. A nossa situação de isolamento pede por fornecimento constante, como tivemos durante todos esses anos. Não merecemos retroceder à situação de 30 anos atrás, e acreditamos ser indispensável buscar construir coletivamente uma alternativa digna e segura para essa questão. O resumo das reuniões está na página do Facebook da MORENA. A MORENA está de plantão com relação ao tema do desabastecimento de gás na ilha, encaminhando as sugestões junto com os moradores, e uma nova reunião para tratar especificamente sobre este assunto será marcada com todos a partir de fatos novos que venham a surgir. CONVERSA PÚBLICA com o Secretário de Meio Ambiente da Prefeitura - Marcelo Queiroz - e o Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal - vereador Renato Cinco A reunião ocorrida dia 15/06, às 10h, no Parque Darke de Mattos, foi pedida pela Morena dentro de uma Audiência Pública Oficial na Câmara para tratar do tema de COLETA SELETIVA DE LIXO em Paquetá. O Secretário pediu para incluir as pautas do heliponto e cocheira, então fomos lá ouvir o que ele tinha a dizer e conversar abertamente

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Alfredo, como faço para acompanhar as ações da MORENA? Curta nossa página no Facebook (https://www. facebook.com/groups/207658559327397/). Visite o Instagram da MORENA! Todas as fotos e vídeos são de paquetaenses. Mande seu material por email que publicaremos lá!!! https://www.instagram.com/pqt_morena/ Quer receber nosso zap? MORENA - 9 85 1 5 4 8 6 8 Quer receber nosso email? ampaqueta@gmail.com Fortaleça a MORENA. Associe-se!!! Juntos, somos fortes! Esta Diretoria Executiva - eleita em 2019 - é formada pelos seguintes membros: Alfredo Braga - Diretor Geral Conceição Campos - Diretora Adjunta Fernando Lemos - Diretor Administrativo Ialê Falleiros - Diretora de Finanças Rodrigo Poça (Rodrigo Noel) Diretor de Comunicação


crônicas de paquetá A VIDA É COMO ELA É Julio Marques

A vida corre rápido. O restaurante do Fernando se acabou, a matilha que ficava junto à porta findou, Luis Belo viajou, o Claudio Marcelo e o Luiz da Gil se foram, ficando eu e o Nando, sozinhos, na calçada. Saudades tristes. Vou me lembrando de conversas, a maioria engraçadas, de um tempo passado. Recordo de certo dia, no extinto Zarur, rolando um papo bobo de uma terça ou quarta à tarde sobre as corridas de lancha no Iate de Paquetá quando, de repente, apontou na esquina da praia, alguém com um andar pequenino, de pernas curtas e rapidinhas, Ela passou pela gente sorrindo seu sorriso lindo de senhorinha. Claudio foi acompanhando, com olhar nostálgico, aquele jeito ligeirinho e disse :" você não imagina como ela tinha um bunda bonita". Morreram no mesmo dia, quase a mesma hora. Continuando a falar das lembranças do Claudio me vem à cabeça a Piriquete, marchinha vencedora de um concurso no

" Convidei a Piriquete pruma volta de Charrete A danada só vestia serpentina e confete " Nesse exato momento sinto saudade dos livros do Garcia Marquez e, do fundo da memória, das tristes putas da minha adolescência em Copacabana. Uma delas, talvez a mais marcante, nos conhecemos criança. Morava, junto com a família pra lá de modesta, em um barraco de terreno baldio. Copacabana era assim e eu fui amigo deles durante um bom pedaço de vida. Depois cada um tomou rumo diferente. Essa Sonia, vou chamá-la assim, era brilhante, desarmava rápido qualquer conversa que tentava embaraçá-la e não aceitava desaforo, saindo na porrada com homem ou mulher. Tempo foi passando e eu sem vê-la. Belo dia nos reencontramos no calçadão da praia. Com seu jeito amalucado ela me impôs :" Tô fazendo show na Boate ( não quero nem saber o nome) e você vai lá

na quinta. Eu pago tudo, até bebida. Não vai gastar nada."

madrugada. Foi uma noite engraçada e feliz.

E avisou : "Faço um strip esculachado. Você sabe que eu sempre fiz michê por qualquer "dez mil réis".

Três dias depois soube que ela tinha sido assassinada.

Ela era assim, era direta e não deixava campo pra gente se esquivar. Era papo reto. Eu fui mas levando um amigo para diminuir o constrangimento. Foi um show muito escrachado, ela olhando pra gente e se abrindo toda. Pode parecer agressivo mas não foi. Era pura pândega. Ela era gentil, muito gentil e maluca. Acabado o show foi sentar conosco, ainda de roupão, pra beber e varar a

Ju l i o - e m b o r a pasmo com as besteiras humanas, afirma que somos todos Luis do gás, o melhor serviço da Ilha.

um passeio em pqt

O contorno do litoral pode ser feito a pé em 45 minutos, sem correria nem paradas. De bicicleta, leva cerca de 25 minutos. AÇ

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Logo na saída da estação das barcas na ilha, à direita, um painel oferece algumas opções de roteiros turísticos.

Paquetá > Praça XV

Pontos turísticos

Das outras Sônias eu vou falar em outro momento porque existem razões que a própria razão desconhece e, talvez, por isso o Birulinha e a Nega Luisa dançassem tão bem. Creio, também, que os buracos das ruas e a neblina das manhãs continuem existindo só para manter nosso estilo de vida.

PR

Paquetá está no município do Rio: não é preciso DDD nas ligações para a capital.

Darke, da qual ele me fez parceiro sem ter posto uma virgula :

Dias Úteis 05:30 > 06:20 06:30 > 07:20 07:30 > 08:20 09:30 > 10:20 11:30 > 12:20 14:30 > 15:20 16:30 > 17:20 18:30 > 19:20 19:30 > 20:20 21:00 > 21:50 23:10 > 00:00 FdS e feriados 06:00 > 07:10 08:30 > 09:40 10:00 > 11:10 11:30 > 12:40 13:00 > 14:10 14:30 > 15:40 16:00 > 17:10 17:30 > 18:40 19:00 > 20:10 20:30 > 21:40 22:00 > 23:10 23:30 > 00:40

Praça XV > Paquetá Dias Úteis 05:30 > 06:20 06:30 > 07:20 08:30 > 09:20 10:30 > 11:40 13:20 > 14:10 15:30 > 16:20 17:30 > 18:20 18:30 > 19:20 20:00 > 20:50 22:15 > 23:05 00:00 > 00:50 FdS e feriados 04:30 > 05:40 07:00 > 08:10 08:30 > 09:40 10:00 > 11:10 11:30 > 12:40 13:00 > 14:10 14:30 > 15:40 16:00 > 17:10 17:30 > 18:40 19:00 > 20:10 20:30 > 21:40 22:00 > 23:10 00:00 > 01:10

Igreja Bom Jesus do Monte Caramanchão dos Tamoios Canhão de Saudação a D. João VI Árvore Maria Gorda Praças e parques Preventório Rainha Dona Amélia Pedro Bruno Escola Pedro Bruno Fernão Valdez Telefones úteis Poço de São Roque Atobás (Quadrado da Imbuca) Barcas (estação de Paquetá) - 3397 0035 Coreto Renato Antunes Tiês Barcas (central de atendimento) - 0800 7211012 Capela de São Roque Lívio Porto (Ponta da Ribeira) Bombeiros - 3397 0300 Cedae - 3397 2143 (água) / 3397 2133 (esgoto) Casa de Artes Mestre Altinho Comlurb - 3397 1439 Pedra da Moreninha Bom Jesus do Monte Farmácia - 3397-0082 Ponte da Saudade Manoel de Macedo Gás (fornecimento de bujão) - 3397 0215 Pedra dos Namorados São Roque Hospital (UISMAV) - 3397 0123 / 3397 0325 Casa de José Bonifácio Ex-Combatentes Light - 0800 282 0120 Mirante do Morro da Cruz Alfredo Ribeiro dos Santos Oi Telemar - 3397 0189 Cemitério de Paquetá Pintor Augusto Silva PM - 3397 1600 / 2334 7505 Em negrito, horários com barcas Cemitério dos Pássaros Parque Darke de Mattos Polícia Civil - 3397 0250 abertas (tradicionais). Em itálico, os horários previstos de chegada. Farol da Mesbla Parque dos Tamoios XXI R.A. - 3397 0288 / 3397 0044

Localidades

Viracanto Levas-Meio Rua dos Colégios Ladeira da Covanca Morro do Buraco

(Morro do Gari)

Pau da Paciência Árvore do Sylvio Colônia Cocheira Morro do Pendura Saia Morro do PEC

(Morro da Light)

Rua Nova Colônia da Mesbla Curva do Vento Beco da Coruja

Serviços

Banco Itaú Banco do Brasil e Caixa Econômica (Loja lotérica)

Hospital (UISMAV) (3397.0123 / 0325)

Aparelhos de ginástica (jovens e maduros)

Aparelhos de ginástica (idosos)

Mesas para pic-nic ou jogos Mictórios Farmácia (3397.0082) Brinquedos infantis


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