Caderno Especial - Rádio Santamariense 60 anos

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Foto Juliano Mendes/A Razão

Sábado e domingo, 12 e 13 de abril de 2014

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este sábado, 12 de abril, a Rádio Santamariense AM completa seis décadas de interação ininterrupta com o

público de Santa Maria. Fundada em 1954 por César Astegino de Ugalde, a emissora destaca-se por sua programação diferencia-

da, música de qualidade e profissionais competentes. Ao longo destes 60 anos, a Santamariense passou por diversas mudanças,

sempre inabalável em sua constante busca pela informação mais qualificada. Em breve, ela passará a ser FM, mas sua essên-

cia, seu foco e sua razão de ser continuarão sempre as mesmas: o compromisso com a população de nosso município.


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A rádio dos santa-marienses Foto Juliano Mendes/A Razão

Programação Segunda à sexta 6h-8h - Bom Dia Cidade, com Alexandre de Grandi 8h30-12h - Show da Manhã, com Paulo Sidinei 12h-12h30 - Tribuna Livre, com Luiz Carlos Druzian 12h30-13h00 - Falando em Esportes, com Jorge Rodrigues 14h-17h - Clube do Ouvinte, com Gilberto Ferreira 17h-19h - Charla de Galpão, com Adolar Martins 20h-22h - Roda Brasil, com Marion Mello 22h-0h - Show da Noite, com Clédio Calegaro

Sede da Rádio Santamariense localiza-se na Rua Paul Harris, ao lado do Jornal A Razão

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o longo das últimas décadas, o rádio passou por inúmeras mudanças, algumas drásticas, tanto no aspecto tecnológico, como no quesito do conteúdo disponibilizado aos seus ouvintes. De um meio exclusivamente informativo e oficioso no início, sendo utilizado por lideres e governos, transformando-se depois no grande companheiro e promotor de entretenimento, com suas radionovelas e programas de auditório, o rádio vive hoje um momento de reinvenção com a migração do AM para o FM e a utilização das novas tecnologias de comunicação. Com as novidades que vêm por aí, posso afirmar: o Rádio é o veiculo do futuro. Mas e as novas tecnologias de informação? TVs digitais, smarthphones, tablets e afins? Não dizem que eles vão acabar com o rádio? - você pode me perguntar. É claro que não. Ao contrário, o rádio será o meio do futuro, sim, pois tem a capacidade de aliar todas essas ferramentas e tecnologias em uma única plataforma, e principalmente, o rádio ainda é o único veiculo que você pode acessar e desempenhar outra atividade ao mesmo tempo. Simples assim. Você não pode entrar em uma rede social no seu tablete para acompanhar as últimas notícias do dia e cozinhar ao mesmo tempo. Com o rádio pode. Escutando o rádio você pode ler, arrumar a casa, fazer um relatório, dirigir,... Mas experimenta fazer isso atualizando seu facebook no celular. Então, o rádio segue sendo o nosso companheiro fiel e continuará desempenhando o seu importante papel social como veiculo de comunicação, tendo em vista seu futuro promissor. Nesse contexto de ótimas perspectivas é que a Rádio Santamariense completa 60 anos de história. Uma data marcante para uma emissora que há décadas, desde seu surgimento, trabalha em prol do desenvolvimento de sua comunidade. Nestes microfones propa-

gados pelo dial 630 AM noticiou-se fatos como a fundação da Universidade Federal de Santa Maria, o golpe militar de 64, a vinda da Base Aérea pra cidade, as primeiras eleições municipais diretas depois da ditadura, as emoções do esporte local, as tertúlias, carnavais, os fatos do dia-a-dia, o trânsito, a polícia, a saúde, a politica, enfim, a vida dos santa-marienses. A Rádio Santamariense, ao longo de seus sessenta anos, dorme e acorda ao lado do seu ouvinte. São comunicadores e repórteres extremamente identificados com a cidade. Afinal, eles moram aqui, trabalham aqui, vivem a nossa cidade, compartilham os mesmos problemas e anseios que eu e você. Por isso, fazem diariamente, uma rádio com a cara de Santa Maria. Uma rádio local feita por gente daqui. Hoje, uma equipe talentosa e comprometida coloca no ar uma programação com conteúdo próprio que mescla notÍcia e serviço com música e informação. Sempre com a participação popular. E nossa responsabilidade é grande. Além dos milhares de ouvintes que nos acompanham diariamente, por esse microfone histórico de ondas curtas já passaram muitos nomes consagrados do rádio, que ganharam o Brasil levando o nome de Santa Maria pelo mundo. Uma emissora-escola que formou vários profissionais de qualidade que ajudaram a construir essa história de credibilidade da Santamariense. Na data de hoje renovamos nosso compromisso como veículo de comunicação de bem informar e entreter, com responsabilidade, ética e imparcialidade. Comprometidos apenas com os nossos ouvintes e anunciantes que são quem, verdadeiramente, fazem a Rádio Santamariense, a rádio que leva os santa-marienses até no nome. Rumo ao FM, vida longa e Parabéns! Alexandre de Grandi Diretor e comunicador da Rádio Santamariense

Foto Reprodução/A Razão

Sábado 6h-8h30 - O Repórter, com Isaias Romero 8h30-10h - Show da Manhã, com Paulo Sidinei 12h-13h - Mercado Aberto, com Adolar Martins 14h-18h - Raízes do Pampa, com Adão Trindade 18h-20h - Futebol 20h-23h - Raízes do Sertão, com Beroni Silveira Domingo

Alexandre de Grandi, Diretor e comunicador da Rádio Santamariense

6h-10h - Charla de Galpão, com Adolar Martins 10h-12h - Comunidade em Ação, com João Kaus 12h-13h30 - Falando em Esportes, com Jorge Rodrigues 13h30-20h - Jornada Esportiva 20h-22h - Balanço Final, com Matheus Beltrame 22h-0h - Fala Sério, com Eduardo Rosa


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O início de uma jornada de sucesso O

Fotos Divulgação/ A Razão

nde você estava em 1954? Se sequer havia nascido, o que lhe ensinaram sobre este ano? Em 1954, a Alemanha venceu a Hungria na final da quinta edição da Copa do Mundo de Futebol, disputada na Suíça. 1954 também é um ano marcado pelo nascimento de duas importantes figuras políticas do século XXI, a chanceler alemã Angela Merkel e o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez; e o emblemático suicídio do então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, em pleno Palácio do Catete. Enquanto isso, no mundo das artes, A Um Passo da Eternidade conquistava o Oscar de Melhor Filme. O pioneiro do cinema, Auguste Lumière, falecia. Ernest Hemingway consagrava-se com o Nobel de Literatura e Elvis Presley iniciava sua meteórica carreira musical. No coração do Rio Grande do Sul, 1954 também foi um ano marcante. No dia 12 de abril, foi inaugurada uma das mais importantes emissoras de rádio do interior gaúcho, a Santamariense, que completa, em 2014, 60 anos de muita informação, boa música e interação com a comunidade. Sob a direção de César Astegino de Ugalde, com ajuda de Gilberto Brenner, a rádio começou a transmitir, da Rua Venâncio Aires, em ondas médias 630 kHz e iniciou uma trajetória de sucesso que perdura até hoje. Ao longo de seis décadas, muita coisa mudou na Rádio Santamariense. Dezenas de funcionários passaram pela emissora, muitos programas vingaram, outros não. Entre tantas mudanças, uma coisa permanece intocada: o comprometimento de seus funcionários para com os ouvintes e a população em geral. Desses muitos nomes que fizeram parte do elenco da rádio, poucos podem falar com tanta propriedade sobre os primórdios como Quintino

Oliveira. Veterinário, professor universitário, jornalista e radialista, ele veio de Tupanciretã para Santa Maria em março de 1954, um mês antes da Santamariense ser inaugurada. “O pessoal da pensão onde eu morava ouvia esta nova rádio que estava surgindo, com um som espetacular, maravilhoso e grave, como eu sempre gostei. Uma programação musical de chamar a atenção pela qualidade e pela variedade”, relembra Quintino, sobre o os primeiros momentos da emissora que acabara de nascer. O radialista reconhece que, embora gostasse também da produção jornalística da rádio, eram as atrações musicais que o faziam escutar a Santamariense. “A Santamariense tinha noticiários competentes mas o que se destacava era a qualidade do som e a programação musical. ‘Fantasias Musicais Varig’ foi um dos primeiros programas que eu acompanhei. Tocava clássicos, música finíssima. As outras emissoras não tocavam música clássica”, comenta. No início, muitos programas de auditório faziam parte da grade. Entre eles, “Audições Copacabana”, outro show que Quintino lembra com entusiasmo. “O programa contava com a participação da orquestra da dona Bethânia Andrade, que tocava em todo o interior do Estado. Em participações no auditório, conheci vários músicos de excelente qualidade”. Escutar diariamente os programas e experiências anteriores em alto-falantes e microfones fizeram com que o jovem Quintino se apaixonasse cada vez mais pelo ofício de radialista. “Quando ouvia as ‘Audições Copacabana’, sonhava em um dia ser apresentador do programa. Desde menino queria ser radialista, locutor”. A partir daí, a história da Santamariense se confunde com a de Quintino, que se tornaria uma grande referência do meio no município.

César Astegino de Ugalde (ao centro) assina o contrato da compra do transmissor de 1 KW em 19 de julho de 1957

Contratado em 1958, ele aponta duas marcas constantes na sexagenária emissora: a excelência técnica e a qualidade de seus profissionais. “A Santamariense estava muito adiantada para a época. Eu imagino que o seu César tenha sido influenciado bastante por rádios do Uruguai e da Argentina, países onde o rádio tinha uma importância singular. No Brasil, à exceção de algumas emissoras em

São Paulo e no Rio de Janeiro, somente a Santamariense estava no mesmo nível técnico. Ela veio e dominou a cena em Santa Maria e arredores. Além disso, sempre tivemos os melhores locutores do Estado”, conta o jornalista. Mudanças - Em fevereiro de 2000, a Rádio Santamariense passou a fazer parte da Empresa Jornalística De Grandi Ltda, e, quatro anos de-

pois, mudou-se para sua sede atual, na Rua Paul Harris, ao lado do Jornal A Razão. A história da emissora confunde-se com a do jornal pela segunda vez. Ainda na década de 50, no último andar do prédio onde a rádio estava, residia o jornalista Clarimundo Flores, fundador de A Razão. Durante anos, ele escreveu crônicas que eram lidas no ar por vários locutores, inclusive Quintino. Foto Deivid Dutra/ A Razão

Popular cantor Ivon Curi (ao centro) foi uma das atrações dos programas de auditório da Santamariense

Radialista Quintino Oliveira começou a trabalhar na Santamariense em 1958.


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Mãos e vozes a serviço do ouvinte S

Fotos Divulgação/ A Razão

ão seis décadas de interação ininterrupta com a comunidade de Santa Maria. Diariamente, dezenas de funcionários trabalham pesado para que os ouvintes da Santamariense estejam sempre bem informados e disponham de boa música para os momentos mais tranquilos. Seja na cobertura dos jogos da dupla RioNal, no desfile das escolas de samba na Avenida Liberdade, em outros eventos importantes ou mesmo no dia-a-dia, a missão dos colaboradores da emissora é sempre a mesma: realizar um trabalho de qualidade, isento, ágil e comprometido com a verdade. Entre chegadas e partidas, a trajetória profissional de alguns funcionários se confunde com a história da Santamariense. Alguns deles têm suas vidas dedicadas à emissora há bastante tempo. É o caso da gerente geral Cleidis Durlo. Há 25 na rádio, ela conta que aprendeu muito não apenas sobre rádio, mas sobre o ser humano. “harmonia, sinceridade e honestidade entre direção colegas e clientes é uma das melhores fórmulas para o sucesso, entre outros tantos legados deixados pelo seu fundador, saudoso César de Ugalde”, comenta. Ao longo de todos esses anos dedicados a mesma empresa, Cleidis afirma que as mudanças pelas quais a emissora passou sempre foram momentos marcantes, e espera um futuro ainda mais próspero para a rádio mais ouvida do município. “Espero que a Santamariense continue trilhando pelos melhores caminhos. Estou no final de meu ciclo como profissional e espero ter contribuído”, completa. Quem também faz da Santamariense sua morada - literalmente é o casal de operadores de transmissor Euri Timóteo Machado Silveira e Glória Maria Félix Silveira. São 32 anos de serviços prestados à emissora, direto da torre de transmissão, onde residem. “A gente trabalha junto, cada um tem seu turno. Vamos nos revezando, a relação é ótima, não tem como brigarmos. Se brigarmos, não trabalhamos juntos”, diverte-se dona Glória, ao explicar a mecânica de trabalho em parceria do marido. Sobre a vivência com o fundador da rádio, ela lembra com carinho dos momentos em que teve contato com ele. “O seu César era uma pessoa muito legal, nos recebia muito bem, era atencioso com nossos filhos”, lembra. Sempre atentos a tudo o que acontece na emissora, o casal verifica o transmissor para que a rádio não saia do ar. “Já levamos alguns sustos, como quando o transmissor pegou fogo. Entrei lá e estava uma fumaceira, passei mal. Outra vez foi um temporal que destruiu nossa casa e prejudicou a transmissão. Foi complicado por uns dias, mas a equipe da rádio foi competente”, recorda uma pensativa

José Flávio Hoffman (à esquerda, ao fundo) e César de Ugalde (à direita) observa o cantor Gilberto Gil, durante sua visita à Santamariense, na década de 70

dona Glória, que não titubeia ao falar sobre sua realização profissional. “Para mim, é tudo de bom. Ao mesmo tempo em que eu trabalho, tenho minha vida de dona de casa. Estou muito satisfeita, muito orgulhosa de fazer parte da equipe da Santamariense. Espero continuar ajudando, ao lado do Euri”, anima-se. Para o som chegar com qualidade aos aparelhos de rádio dos santa-marienses, o operador de áudio José Flavio Hoffman faz um trabalho incansável desde 1975. “A primeira vez que entrei na rádio foi para observar o trabalho do operador. Das 8h às 10h eu fiz isso. De-

pois, ele saiu da mesa e me disse: ‘Essa aqui é a planilha, os discos estão aqui, a programação ali, o mapa está aqui, os comerciais... Te vira’. E saiu. E eu apavorado. Primeira vez na mesa de áudio. Poucos dias depois, já estava na escala”, conta Hoffman, sobre seu primeiro dia na Santamariense. Em meio a algumas idas e voltas, Hoffman acompanhou as mu-

Da esquerda para a direita: Arnaldo Souza, César de Ugalde, Luiz Carlos Barbosa, José Woitechumase e Leonel Colvero, direção e funcionários da Santamariense

danças pelas quais o rádio passou ao longo dos anos. E se adaptou bem. Agora, perto de se aposentar, ele lembra da única vez em que uma mudança lhe pegou de surpresa. “Um dia cheguei para trabalhar na rádio, na [Rua] Venâncio [Aires], e havia um bilhete na porta: ‘Atenção, funcionários da Santamariense, novo endereço! Rua Paul Harris, ao lado do Jornal A Razão’. Ninguém me avisou que a rádio iria mudar”, diverte-se o operador. Mais recente contratado da Santamariense, o locutor Gilberto Ferreira comanda o Clube do Ouvinte, programa com intensa participação

do público. Para ele, cuja experiência em rádio ainda é recente, trabalhar em uma emissora sexagenária e com tanta história é uma honra. “Sou um locutor apaixonado por rádio. Fazer parte da Santamariense é uma emoção indescritível, é uma emissora que tem um nome consolidado em todo o Estado”, destaca Gilberto. Empolgado, ele não esconde a satisfação em ver seu projeto plenamente executado. “Tem sido fantástico. Em dois meses de programa, são mais de 800 ligações de ouvintes. Fico muito feliz com o retorno. Abrimos a participação não só pelo telefone, mas pelo Facebook e por SMS. Isso possibilita que pessoas de outras cidades também participem”, explica. De acordo com o jovem locutor, a transição do AM para o FM - a qual as rádios se submeterão ainda em 2014 -, é algo válido e necessário. “É a melhor coisa que poderia existir. As pessoas poderão ouvir pelo celular, que só transmite FM. A qualidade do som será perfeita, muito melhor do que agora. Mas peço que tanto a Santamariense, como todas as AMs, não percam sua essência, que é a interação com o povo. O FM não permite tanto essa interação, e nossa marca é o ouvinte em primeiro lugar. É para ele que nós trabalhamos”, frisa Gilberto. Que a Rádio Santamariense continue sua jornada de sucesso! Que muitos aniversários ainda possam ser comemorados junto à comunidade de Santa Maria, que tanto prestigia a programação desta que é uma das mais relevantes emissoras radiofônicas em atividade do Rio Grande do Sul. Vida longa à Santamariense, seja no AM ou no FM!


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