Nº 134

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Ano 16 - Nº 134 - Maio/Junho 2017

Distribuição Gratuita

Rio de Janeiro www.bafafa.com.br

“Fazer ruir a Casa Grande, esta é a minha utopia” : a t s i v e r Ent

Nascido em São Paulo em 1982, Guilherme Castro Boulos

os l u o B e m Guilher

é um dos principais ativistas da nova geração de esquerda. Formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), é professor de psicologia e membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Aos 19 anos, largou a vida de classe média para viver num acampamento de sem tetos onde ganhou respeito e credibilidade ao liderar ocupações e protestos em São Paulo e em todo o país. Em entrevista ao Bafafá, Guilherme Boulos, casado e pai de duas filhas, faz um balanço da conjuntura nacional. “Diretas são a única saída democrática para a crise atual”, assinala. Segundo Boulos, nenhum presidente eleito por via indireta terá autoridade moral e legitimidade para governar o Brasil. Segundo ele, Temer não tem outra saída a não ser renunciar. Questionado se tem utopias, não titubeia: “Fazer ruir a Casa Grande, esta é a minha utopia”. Leia nas pags. 8 e 9

EDITORIAL: ELEIÇÕES GERAIS E DIRETAS,

AGORA O ÚNICO CAMINHO PARA TIRAR O BRASIL DA CRISE Leia na pag. 2

NESTA : O EDIÇÃ

ENTREVISTA THEOTÔNIO DOS SANTOS: “EM 10 ANOS A CHINA VAI SUPERAR A ECONOMIA AMERICANA E EUROPEIA JUNTAS”

Leia na pag. 13

Emir Sader Leonardo Boff José Maria Rabelo Ângela Carrato Fernando Morais Fernando Brito Cristiano Zanin Eliomar Coelho Ricardo Rabelo Guilherme Boulos João Vicente Goulart Lúcia Capanema Theotônio dos Santos


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Editorial

Rio de Janeiro - Maio/Junho 2017

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Eleições gerais e diretas, agora O único caminho para tirar o Brasil da crise

O Brasil está diante de um dilema crucial: continuar sob

reduzir a influência do dinheiro, e a adoção do voto distrital,

um governo golpista, mergulhado na corrupção e a serviço dos

para que o eleitor em sua região (distrito) tenha conhecimento

grandes interesses, ou partir para uma renovação do Executivo e

dos candidatos a deputado e senador em que está votando. E,

do Legislativo, através de eleições gerais e diretas. Não há outra

da mesma maneira, a rígida fiscalização dos grandes meios de

saída. Temer e seus apoiadores no Congresso têm a repulsa de

comunicação, como a televisão, para que não se engajem a

mais de 90% dos brasileiros, que exigem uma mudança profunda

favor deste ou de outro candidato. Afinal, esses canais, por sua

dos hábitos políticos.

grande influência sobre a opinião pública e por seu caráter de

Várias instituições de representação popular, como a

concessão governamental, têm que ser os primeiros a serem

OAB, a UNE, as centrais sindicais, setores da Igreja, intelectu-

enquadrados em uma legislação favorável ao aperfeiçoamento

ais, artistas, profissionais, empresários defendem esse caminho.

do processo eleitoral.

Até figuras políticas que há pouco tempo apoiavam o governo,

passaram a reclamar novas eleições. Alguns, como FHC, por

pelo Congresso não é um mandamento inalterável. Já várias

mero oportunismo, mas de igual modo defendendo a solução.

vezes a Constituição foi mudada, mesmo em questões menos

No entanto, o simples afastamento de Temer não superará

importantes. Neste caso, a mudança da regra é a favor da reite-

a crise, porque quem indicará seu substituto serão os deputados

ração da vontade popular, de acordo com o Artigo 1º da Carta

e senadores, em grande parte acusados das mesmas práticas

Magna, segundo o qual todo poder emana do povo. Não há o

de corrupção e de exercício espúrio do poder.

que contestar

Neste cenário de dissolução moral e política, só ao

O atual procedimento de escolha do novo presidente

A limpeza tem que ser completa, livrando o País da

povo cabe traçar o futuro do País. E este, repetimos, passa por

quadrilha que assaltou o poder e fez do governo, mais do que

eleições gerais, diretas, com alguns requisitos imprescindíveis,

nunca, um instrumento dos ricos e poderosos.

como o exclusivo financiamento público das campanhas, para

Basta. Eleições gerais, diretas e agora!

Onde encontrar: Associação Brasileira de Imprensa, Sindicato dos Jornalistas do Rio, São Paulo e BH, Ordem dos Advogados do Brasil, Sindicato dos Petroleiros, Escola de Comunicação, Instituto de Economia, Instituto de Filosofia, Escola de Serviço Social, Escola de Música, Instituto de Psicologia, Fórum de Ciência e Cultura, Faculdade de Direito, faculdades de Geografia, Geologia, Engenharia, Matemática, Química, Física, Meteorologia, Letras, Medicina, Enfermagem, Educação física, alojamento estudantil do Fundão, Coppe (UFRJ), UERJ, UFF (Campus Gragoatá e Praia Vermelha), Café Lamas, Fundição Progresso, Cordão da Bola Preta, Botequim Vaca Atolada, Bar do Gomez, Bar do Serginho, Bar do Mineiro, Casarão Ameno Resedá, Faculdade Hélio Alonso, Arquivo Nacional, Livraria Ouvidor (BH), Livraria Quixote (BH), Livraria Scriptum (BH), Livraria Cultural Ouro Preto (Ouro Preto), Sindicato dos Engenheiros e Bar Bip Bip, Café do Museu da República.

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Rio de Janeiro - Maio/Junho 2017

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O caminho é outro José Maria Rabêlo*

e os investimentos estatais, é a síntese de

conservadorismo, promovendo uma ampla

O que estão fazendo, como já observei

uma estratégia suicida destinada ao total

política de redistribuição de renda, com o

recentemente em outro artigo, é o contrário

fracasso, com um custo incalculável para a

fim dos cortes nas pensões e salários e

do que deveria ser feito: aumentar e não

grande maioria da população.

em outros direitos sociais, praticada pe-

cortar os gastos públicos como solução

O New Deal consistiu num gigantes-

los governantes anteriores. Os resultados

para vencer a crise econômica. Mas a men-

co programa de obras públicas (rodovias,

não demoraram a aparecer: a economia

talidade arcaica e fisiocrática do grupo que

hidrelétricas, portos, barragens, escolas,

portuguesa deixou os números negativos

assaltou o poder não lhe permite ver além

hospitais, etc.) que em poucos anos retirou

para trás, tendo alcançado mais de 2% de

da viseira de suas convicções, como se o

os EUA da crise, permitindo principalmente

crescimento no presente exercício. O de-

equilíbrio das contas públicas bastasse para

o combate ao desemprego e o estímulo à

semprego reduziu-se à metade e o déficit

garantir a retomada do crescimento.

público está em franca desaceleração.

Desde Keynes, já há bastante tempo, e

Por certo, os liberais e neoliberais que

outros economistas de igual visão progra-

decidem os rumos do governo vão alegar

mática, ficou claro que a economia não pode

que nos faltam recursos para empreender

ser colocada na camisa de força das teorias

um programa desta natureza para reanimar

monetaristas, se o objetivo é enfrentar uma

a economia. Argumento falacioso, sem

grave recessão. A história nos dá inúmeros

base na realidade. Ademais das grandes

exemplos do que deve e não deve ser feito.

disponibilidades do BNDES e de outras

As políticas conservadoras e contracionis-

instituições oficiais de crédito, existem as

tas têm levado a trágicas experiências, a

redistribuição da riqueza. O plano conduziu

nossas reservas internacionais, que hoje

exemplo do nazismo e do fascismo e de

a medidas nada ortodoxas, pela ótica con-

chegam a cerca de 380 bilhões de dólares

tantos outros regimes autoritários. Por sua

servadora, chegando até mesmo ao controle

(mais de um trilhão de reais), uma das dez

vez, a intervenção estatal, como vimos

dos bancos e das grandes indústrias, para

maiores do mundo. Usando uma parte delas

com o New Deal sob o governo de Franklin

que se enquadrassem no esforço geral de

e outros recursos financeiros disponíveis,

Roosevelt, possibilitou a recuperação dos

recuperação da economia.

contaremos com os meios suficientes para

EUA da maior crise dos últimos cem anos, o

Na Europa, há hoje uma experiência

implementar um New Deal brasileiro, capaz

denominado crash de 1929, que havia que-

que deve merecer atenção. Adotando prin-

de superar a crise e retomar o caminho do

brado o país e grande parte da economia

cípios keynesianos de intervenção estatal

desenvolvimento.

mundial.

na atividade produtiva, Portugal, com um

A solução está ao alcance de nossas mãos,

O oposto do modelo liberal que a equipe

governo assumidamente de esquerda, o

desde que exista um governo legítimo, com

de Temer, sob o comando de um banqueiro

único no continente, reverteu a crise em

apoio popular, em condições morais e polí-

e tecnocrata formado em Wall Street e ex-di-

que nos últimos anos havia mergulhado. A

ticas de agir em favor dos interesses nacio-

rigente da JBS, procura desesperadamente

administração esquerdista deixou de lado as

nais, do povo brasileiro, e não dos Joesleys

aplicar. A chamada PEC dos gastos públi-

“sábias” lições do FMI, da União Europeia

da vida e seus equivalentes.

cos, congelando por 20 anos as despesas

e do Banco Central Europeu, baluartes do

*Jornalista


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Artigo patrocinado

É preciso derrotar a cleptocracia Agamenon de Oliveira

A quantidade de provas acumuladas contra Temer e seus acólitos já é mais do que suficiente para tirá-lo da Presidência da República e afastar sua trupe do governo. No entanto, os caminhos políticos têm sido bem mais tortuosos do que todos nós desejamos. Enquanto isso o cadáver insepulto do governo Temer continuará a exalar mau cheiro e espalhar putrefação em seu redor. Podemos ainda amargar mais algumas semanas de indefinição até que seus próprios aliados reconheçam que nada mais têm a ganhar a seu lado. E isto já está acontecendo com os setores mais jovens do PSDB. Contudo, a tarefa de todos aqueles que almejam construir uma democracia no Bra

sil está longe de se esgotar com o afastamento e a derrota política das forças conservadoras que ocupam o governo. Ledo engano de quem pensa que tudo se resume em destituir Temer e eleger um novo presidente pela via direta. Uma profunda reforma politica deverá ser feita no sentido de esterilizar o geme da cleptocracia moribunda que foi montada no país nas últimas décadas. Todo um sistema articulado entre setores políticos, empresários e banqueiros foi montado no sentido de se apropriarem do poder politico e extrair vantagens comparativas e dividendos políticos ilegais. Esta apropriação aconteceu em grande parte dentro do sistema eleitoral e através de suas formas de financiamento de campanhas. Dessa maneira, o poder do dinheiro passou a dominar

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o cenário e eleger ou indicar seus representantes na Câmara, no Senado e na Justiça. As bancadas (da bala, do boi, da bola e outras) e os lobbies de interesses escusos comandam a politica nacional, excluindo os setores populares de participação. Não é preciso dizer que a democracia ficou mutilada de desfigurada. A derrota da cleptocracia somente será completa com o restabelecimento da legitimidade e da representatividade de quem ocupa o poder politico. Um novo arranjo institucional e uma mudança profunda na prática e na cultura política são essenciais e deverão ocorrer pela via da reforma politica. Este é o caminho. Longo ou não é difícil dizer. *Diretor do SENGE RJ

Plenário Antônio Modesto da Silveira é inaugurado na OAB/RJ O antigo Salão Nobre da Seccional chama-se agora, oficialmente, Plenário Antônio Modesto da Silveira, em homenagem ao jurista que faleceu em novembro de 2016, aos 89 anos. A solenidade de reinauguração do espaço aconteceu no dia 13 de junho com a presença de familiares, amigos, companheiros de luta e de advocacia e admiradores de Modesto, considerado o advogado que mais defendeu os perseguidos pela ditadura militar que perdurou de 1964 a 1985. O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, ressaltou o fato de que o prédio da Ordem está permanentemente vivo e cheio de ideais. “Tivemos aqui recentemente a Conferência Estadual da Mulher Advogada, e uma semana após um Congresso Nacional em defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente, que ganham importância especialmente nesse momento de discursos de retirada de direitos. Ainda no final do mês passado tivemos o encontro de prerrogativas também nesse auditório lotado. Esse salão

não é apenas cadeiras, teto e som, ele é uma casa da cidadania. Acho que nenhum nome poderia ser mais apropriado. Mais do

que o histórico político de Modesto, estamos celebrando o grande ser humano que ele foi”, destacou. O tesoureiro e presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem, Luciano Bandeira, lembrou que Modesto era um grande advogado, mas também um militante. “Pela minha idade, o conheci já na continuidade da luta após a ditadura. Ele tinha um projeto de memória daqueles anos, para defender valores

que todos consideramos fundamentais, até o último momento ele estava envolvido em novas ideias. Modesto foi e sempre será um advogado, um humanista, um defensor da liberdade e um militante comunista”, resumiu. O diretor do Centro de Documentação e Pesquisa (CDP) da entidade, Aderson Bussinger, agradeceu a todos os que ajudaram na realização da ideia, que teve apoio imediato de Felipe e toda a diretoria, além do trabalho dos funcionários dos departamentos de Eventos e do CDP, e sublinhou alguns detalhes curiosos da homenagem. “Homenageamos Antonio nesse dia de Santo Antonio. Esse auditório tem algumas características de Modesto. Fica no mais elevado andar, altivo como ele foi em toda a sua trajetória, como altivo enfrentava os torturadores e a ditadura. É panorâmico, com vista ampla para toda a realidade do Rio, ampla como sempre foi a visão de Modesto. Amplo, como ele, que gostava de muita gente reunida, e considerava a unidade da esquerda algo fundamental para a luta”, comparou.


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Ricardo Rabelo Pede para sair

O governo Temer acabou. As denúncias que pululam na mídia provam que ele perdeu completamente as condições de governar. Apesar de ter “maioria” no Congresso, fica impraticável a continuidade de seu mandato. Está cada dia mais nítido que Temer comanda uma quadrilha que vem assaltando os cofres públicos há anos. E o pior: não sobra ninguém. Todos os ministros e assessores próximos são alvo de denúncia do Ministério Público.

Denúncia JBS

Willian Bonner gaguejando “Fomos pegos de surpresa”, repórteres da Globo tremendo. A bomba da JBS sacudiu a República! A pergunta que não quer calar: se Temer cair assume quem? Estaremos no caos constitucional! Não era melhor ter deixado a Dilma?

Diretas não é golpe

Chamar de golpe eleição direta é a afirmação

mais absurda que já ouvi na minha vida! O sufrágio universal está acima de tudo! O poder emana do povo!

Celso Amorim em Copa

O comício em favor das eleições diretas levou 100 mil pessoas à Orla de Copacabana. No meio da multidão tive o orgulho de encontrar com Celso Amorim, o melhor chanceler da história do Brasil. Fora Temer, diretas já!

é uma necessidade moral para o país. As gravações de conversas do senador afastado são de dar náuseas. Revelam a personalidade bandidesca de Aécio, quase um “capo” de uma organização criminosa. Sua liberdade é um verdadeiro tapa na cara dos brasileiros.

Dellagnol e companhia

Pato manco

BBC classifica Temer como um “pato manco” (lame duck)

OAB pede saída de Temer

A OAB/RJ decidiu iluminar o prédio da Seccional na cor preta até o afastamento de Michel Temer!

Prisão do Aécio Já! A prisão de Aécio Neves

Esse promotor Dellagnol, que erroneamente acusou Lula de liderar uma quadrilha, é a figura mais burlesca da justiça brasileira. O dito se baseia em convicções para tentar destruir a imagem de Lula. Ao pedir a prisão do ex-presidente, o promotor não apresenta nenhuma prova. Tenho a “convicção” de que este absurdo jurídico será anulado pelas instâncias superiores do judiciário.

Demagogia

Ao invés de assumir que não gosta de carnaval, o prefeito Crivella prefere fazer demagogia dizendo que vai destinar a sub-

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venção que dá às escolas para creches. Tem que ter mente muito tacanha para não enxergar o benefício econômico que o carnaval traz para a cidade. Assim, o nosso novo prefeito vai impondo uma agenda evangélica ao Rio...

Demagogia II

Rio sem carnaval é igual a Rio sem praia. Prefeito, favor, não atrapalha!

Doação Casa de Mariana

Doei à Casa de Mariana, do jornalista Fernando Morais, todos os áudios que produzi ao longo de 10 anos como correspondente da Rádio Itatiaia no Rio. Entrevistas, matérias e reportagens dos principais fatos políticos dos anos 90. Entre o material, julgamento das chacinas de Vigário Geral e Candelária, julgamento da cúpula do jogo do bicho, entrevistas com Mário Soares, Jacques Chirac, Mikail Gorbatchov, Augusto Boal, Nelson Pereira dos Santos, Cúpula dos Chefes de Estado Cimeira, Fidel Castro na UERJ, entre outros. Tem ainda material que fiz por conta própria antes de me formar: Votação das diretas e do Colégio Eleitoral, povo fala no

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Plano Cruzado, etc. Esse material estava guardado empoeirado e poderá ser consultado pela Internet e no espaço que Fernando Morais vai abrir na cidade natal de Mariana. Saravá Fernando!

Biografia Noca

Noca da Portela me convidou para escrever depoimento na biografia dele. Orgulho!

Covardia

Que covardia esse Dória invadir a cracolândia com 800 policiais disparando bombas de gás e de borracha. E o pior: desalojou, mas não ofereceu abrigo. Esses viciados agora perambulam pelas ruas como zumbis. Lamentável!

Recomendo

Recomendo o filme “O Invasor Americano” do Michael Moore. Ele “invade” a Europa para saber mais sobre políticas públicas que poderiam resolver os problemas sociais que afligem os Estados Unidos. As tiradas do Michael Moore são imperdíveis! No Netflix e no Youtube.


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A força política da esperança face à atual situação Leonardo Boff*

Vivemos tempos de grande desamparo social. Ocorreu uma espécie de terremoto, desta vez, não provocado pela natureza, mas pela própria política. Houve um golpe da classe dos endinheirados, ameaçados em seus privilégios pelos beneficiados pelas políticas sociais dos governos do PT que os levou a ocupar lugares dos quais estavam antes excluídos. Usaram para isso o parlamento, como em 1964, os militares. A deposição da presidenta Dilma eleita democraticamente serviu aos propósitos destas elites econômicas (0,05% da população segundo o IPEA), que implicava ocupar os aparelhos de Estado e assim garantir seu status histórico-social feito à base de privilégios e de negociatas. Tendo naturalizado a corrupção, os parlamentares não tiveram escrúpulos de modificar a constituição e introduzir reformas que tiraram direitos dos trabalhadores e modificaram profundamente os benefícios da Previdência. A corrupção primeiramente detectada pelos órgãos de espionagem dos USA e repassada às nossas autoridades, permitiu instaurar um processo judicial que levou o nome de Lava-Jato. Aí se detectou a trama inimaginável de corrupção que atravessa grande parte dos partidos, as grandes empresas, das estatais às privadas, os fundos e outros órgãos, dentro da lógica do patrimonialismo. A corrupção identificada foi de tal ordem que escandalizou o mundo. Chegou a quebrar estados da federação como, por exemplo, o Rio de Janeiro. Junto com outros tantos, eu mesmo desde dezembro de 2016 estou sem receber meus proventos de professor universitário aposentado ou não. A consequência é o descalabro político, jurídico e institucional. É falacioso dizer que as instituições funcionam. Todas elas estão contaminadas pela corrupção. A justiça é vergonhosamente parcial especialmente o justiceiro Sergio Moro e boa parte do Ministério Público, apoiados por uma imprensa reacionária sem

compromisso com a verdade. Esta justiça revela sem peias uma fúria incontrolável de perseguição ao ex-presidente Lula e ao seu partido, o PT, o maior do país. A vontade é de destruir a sua incontestável liderança, desfigurar a sua biografia e, de qualquer forma, impedir que seja candidato. Força-se uma condenação, fundada mais por convicções do que por provas materiais, o que impediria sua candidatura que goza da preferência da maioria.

A consequência é um sofrido vazio de esperança. Mas importa resgatar o caráter politico-transformador da esperança. Ernst Bloch, o grande pensador da esperança, fala do princípio-esperança que é mais que a virtude comum da esperança. É aquele impulso que nos habita que sempre nos move, que projeta sonhos e utopias e dos fracassos sabe tirar motivos de resistência e de luta. A Santo Agostinho, talvez o maior gênio cristão, grande formulador de frases, nos vem esta sentença: “a esperança tem duas filhas queridas: a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a recusar as coisas como estão aí; e a coragem, a mudá-las”. Neste momento devemos evocar, em primeiro lugar, a filha-indignação contra o que o governo Temer está perpetrando criminosamente contra o povo, contra os indígenas, contra a população do campo, contra as mulheres, contra os trabalhadores e contra os idosos,

tirando-lhes direitos e rebaixando milhões que da pobreza estão passando à miséria. Nem escapa a soberania nacional, pois o governo Temer está permitindo vender terras nacionais a estrangeiros. Se o governo ofende o povo, este tem direito de evocar a filha-indignação e de não lhe dar paz, mas nas ruas e praças exigir a sua saída, pois é acusado de crimes de corrupção e é fruto de um golpe e por isso carece de legitimidade. A filha-coragem se mostra na vontade de mudanças, não obstante os enfrentamentos que poderão ser calorosos. É ela que nos mantém animados, nos sustenta na luta e pode nos levar à vitória. Importa seguir o conselho do Quixote:”no hay que aceptar las derrotas sin antes dar todas las batallas”. Há um dado que devemos sempre tomar em conta: a realidade não é apenas o que está aí à nossa mão como fato. O real é mais que o factual. O real esconde dentro dele virtualidades e possibilidade escondidas que podem ser tiradas para fora torná-las fatos novos. Uma destas possibilidades é evocar o primeiro artigo da constituição que reza: ”todo o poder emana do povo”. Governantes e políticos são apenas delegados do povo. Quando estes atraiçoam, não representam mais os interesses gerais, mas os das empresas financiadoras de suas eleições, o povo tem direito de tirá-los do poder mediante eleições diretas já. O “fora Temer e diretas já” não é mais o slogan de grupos mas das grandes multidões. A filha-coragem deve exigir, por direito, esta opção, a única que garantirá autoridade e credibilidade a um governo, capaz de nos tirar da presente crise. As duas filhas da esperança, a indignação e a coragem, poderão fazer sua a frase de A. Camus: ”Em meio ao inverno, aprendi que bem dentro de mim, morava um verão invencível”. * Professor e escritor, publicado no JB on line.


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Cuba é cortina de fumaça. O alvo é a Venezuela! Fernando Morais*

O presidente Donald Trump anunciou em Miami que vai anular os acordos assinados pelos presidentes Barack Obama e Raul Castro. O Trump falava para uma plateia em Miami que eu conheço bem. Para escrever o livro sobre os cinco cubanos que estavam presos nos Estados Unidos, eu passei dois anos viajando para Miami, fui umas quinze vezes para entrevistar essa gente, esse submundo. É uma máfia de traficantes de drogas, armas. E usam a alavanca, a gazua da contrarrevolução para sobreviver. É grave o que o Trump anunciou, mas ele não anulou integralmente o que foi assinado entre Obama e Raúl. Por exemplo, os dois países mantêm relações diplomáticas e os familiares de cubanos que vivem nos Estados Unidos vão poder continuar viajando para Cuba. Mas há ameaças gravíssimas, por exemplo, suspender as viagens de cidadãos norte-americanos, que

ainda eram limitadas. Para se ter uma ideia no passado inteiro, quase trezentos mil norte-americanos foram a Cuba. Este ano os trezentos mil estão chegando agora, no meio do ano. Então, a tendência é que isso fosse dobrar. O Trump está fazendo isso, na minha opinião com dois objetivos: primeiro lugar é algo que é espantoso: ele está atendendo reivindicações da extrema, extrema direita cubana da Flórida, cubano-americana. O que é há de pior. Há pesquisas de opiniões públicas que foram feitas ao longo dos últimos meses que mostram que 75% da população norte-americana são a favor, não só dos acordos entre Obama e Raúl, mas sobretudo a favor do fim do bloqueio, que não acabou até hoje. É uma provocação, evidentemente, não acho que isso vá avançar muito, mas eu temo que possa estar havendo aí aquele jogo de botar o bode na sala. Porque o Trump faz referências também à Venezuela.

Diz que os Estados Unidos têm obrigação de garantir a democracia na América Latina e citou Cuba, obviamente. Mas fez referências repetidas à Venezuela, dizendo que se não houver democracia na Venezuela, os Estados Unidos terão que intervir de alguma maneira. Olha, eles estão caçando encrenca, porque a Venezuela hoje, tem forças armadas coesas com projeto bolivariano. Segundo que é um exército muitíssimo bem armado. A Venezuela tem hoje, por exemplo, 36 caças bombardeios Sukhoi Su-30 russos, que são capazes de, decolando de Caracas, chegar em pouco mais de uma hora e bombardear Washington ou Nova Iorque. É muito ruim, é uma ameaça que afeta todo o mundo essa arrogância, essa volta da política imperial dos Estados Unidos na América Latina. Mas eu insisto nisso, me parece que as agressões, a maneira desrespeitosa com que Trump se referiu a Cuba, na verdade, isso é uma cortina de fumaça para esconder o alvo verdadeiro do império americano: a maior reserva de petróleo do planeta que é a Venezuela. Vamos ficar de olho. *Escritor, publicado no blogue Nocaute (http://www.nocaute.blog.br)

A brisa que fica Fernando Brito*

13 anos, e ainda lembro bem do dia 21 de junho de 2004, o dia em que Leonel Brizola deixou de ser polêmica para experimentar uma (quase) unanimidade que nunca foi, nem poderia ser, sendo o que foi. A morte tem este condão de, ao menos, serenar os ódios ou ao menos calá-los por algum tempo. Mas, embora eu vivesse, naquele dia, a desorientação de quem via se encerrarem 22 anos de convivência – que foi se tornando próxima sem deixar de ser tumultuada (e que deve sua duração mais à paciência dele do que à minha) -, havia outra coisa a alimentar a perplexidade, em mim e em outros. É que desaparecia, com a morte de Brizola, a última lembrança viva das lutas políticas e

sociais do pré-64 e de um projeto nacional que se iniciara nos anos 30 e 40, no qual o Brasil começava a se tornar um país em modernização e uma sociedade de massas. Aliás, a última deste tempo e a penúltima do renascimento destas lutas no pós-ditadura, porque ainda sobrava (e nos sobra, ainda) Lula, irmão mais novo, com quem as relações de amor e ódio do velho gaúcho são de todos conhecida e que ele próprio explicava com um dito da sua terra natal: “lenha boa é a que sai faísca”. É o início do inverno e os anos vividos vão nos ensinando que há a época de desfolhar,

recolher-se, aprender que o viço verdadeiro não é o da vaidade juvenil, mas o do brilho e da chama que nos anima o amor a este país, a seu povo e aos seres humanos, falem qualquer língua ou vistam peles de qualquer cor. O que eu aprendi de melhor com Brizola? Aprendi a perseverar e a acreditar que os invernos, mesmo os mais ásperos, duros, frios terminam, afinal, em primavera. Mas só se a gente não desiste do improvável, mesmo quando ele parece impossível. *Jornalista, editor do blog Tijolaço


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Guilherme Boulos

Entrevista

Por Ricardo Rabelo

“Fazer ruir a Casa Grande, esta é a minha utopia” Nascido em São Paulo em 1982, Guilherme Castro Boulos é um dos principais ativistas da nova geração de esquerda. Formado em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), é professor de psicologia e membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Aos 19 anos, largou a vida de classe média para viver num acampamento de sem tetos onde ganhou respeito e credibilidade ao liderar ocupações e protestos em São Paulo e em todo o país. Em entrevista ao Bafafá, Guilherme Boulos, casado e pai de duas filhas, faz um balanço da conjuntura nacional. “Diretas são a única saída democrática para a crise atual”, assinala. Segundo Boulos, nenhum presidente eleito por via indireta terá autoridade moral e legitimidade para governar o Brasil. Segundo ele, Temer não tem outra saída a não ser renunciar. Questionado se tem utopias, não titubeia: “Fazer ruir a Casa Grande, esta é a minha utopia”. Foto: Guilherme Santana

Acredita que é real a pos- O Temer vai “sangrar” até a Em caso de diretas, quem se- até mesmo com versões antesibilidade de eleições diretas? última gota? riam os candidatos? riores do próprio delator, como Sim, acredito. 89% da população defende esta saída, segundo a última pesquisa Vox Populi. É a única saída democrática para a crise atual. As outras são manter este governo ilegítimo e comprovadamente corrupto ou então eleição do presidente por um Congresso desmoralizado. Evidentemente, para esta posição da maioria se transformar em realidade precisa de uma mobilização popular mais ampla do que tivemos até aqui.

“Temer pode ir do palácio direto para a cadeia”

Temer não tem outra saída. Se ele renuncia agora, sem algum tipo de acordo, pode ir do palácio direto para a cadeia, ao perder o foro especial. Seguindo as mesoclises ao seu gosto, manter-se-a até o limite no governo para salvar seu pescoço.

Existe uma série de pré-candidatos se apresentando. Mas este não deve ser o debate principal agora. Defender as diretas não deve ser confundido coma defesa de qualquer candidatura.

Nenhum presidente eleito por via indireta terá autoridade moral e legitimidade para governar o Brasil. Saídas como esta só aprofundarão a crise política.

não conseguiram apresentar uma única prova contra Lula. Tem extrato de alguma conta na Suíça? Tem gravação, filmagem? Nada, só delações, algumas delas contraditórias

no caso do Leo Pinheiro. Visivelmente há da parte da Lava Jato uma presunção de culpa contra Lula.

“Sergio Moro é um promotor de toga”

Em relação à Lava Jato, tudo Como vê a atuação do juiz A Câmara caminha para indica que não há provas Sérgio Moro? a “solução” Rodrigo Maia contra Lula? Sergio Moro é um promotor com mandato tampão. Ele Mesmo após dois anos in- de toga. Se houvesse seriedade tem condições de governar tensos de linchamento, Moro no judiciário brasileiro, estaria o país? e os procuradores de Curitiba na geladeira pelo CNJ. Seja pelos inúmeros abusos de prerrogativa, seja pelo recebimento de salários muito acima do teto constitucional. Mais aí teria que afastar boa parte dos juízes. Muitos dos atuais moralizado-


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res da nação teriam que limpar O problema é estrutural. O antes seu próprio quintal. sistema político da Nova República está falido. Precisamos de Acredita que a deposição de uma profunda democratização Dilma não passou de um pla- do Estado brasileiro, uma verno engendrado pelas mídias dadeira revolução política.

corporativas?

É evidente que não, embora o papel da mídia neste processo foi decisivo. Mas aí atuou uma coalizão, que envolveu o pântano parlamentar liderado por Cunha, interesses econômicos, sem contar com os erros crassos do próprio governo, em especial de sua política econômica com Joaquim Levy.

O que pode ser feito para eleger um Congresso mais concatenado com os ideais do país?

Acredita que o prefeito João Dória fará um governo sem percalços ou será um novo Aécio Neves? Já está tendo problemas. Uma hora a política feita só por gestos espetaculares nas redes sociais, na lógica de maximizar os likes, se esgota. Não basta. Administrar São Paulo não é

“A crise atual também sinaliza abertura para saídas populares”

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to junto às maiorias e ousar propor algo além do que já foi Qual a mensagem de es- feito. administrar uma empresa.

perança que daria para os brasileiros angustiados com Tem alguma ambição legisa situação política do país? lativa? A crise atual também sinaliza aber tura para saídas populares. O esgotamento de um modelo cria alternativas, de um lado e de outro. Isso gera a antipolítica, um Bolsonaro e saídas autoritárias, mas também abre espaço para um caminho de aprofundamento da democracia e soluções populares. O fascismo surgiu de crises, as grandes rupturas populares também. Temos uma oportunidade para a esquerda se reinventar, mas para isso é preciso retomar o enraizamen-

Este é um momento de fortalecer a resistência social. É a esta construção que me dedico.

E utopias, tem alguma? Sem elas a luta política não faz sentido. Quem quer que seja de esquerda no Brasil deve ter como horizonte derrubar a Casa Grande, com tudo o que ela significa de desigualdade, privilégios, espoliação, violência ao povo, ranço autoritário... Fazer ruir a Casa Grande, esta é a minha utopia.


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Brasil precisa de um governo que o reunifique Emir Sader* Os danos causados pelo governo golpista estão gerando um país fraturado e sem instâncias que regulem os conflitos. Um Congresso que não representa o país, eleito pela compra de mandatos por grandes empresas privadas (só a Odebrecht confessou que comprou 140 parlamentares, um executivo completamente ilegítimo e sem reconhecimento popular, um Judiciário que desmoralizou a palavra justiça, meios de comunicação partidarizados a favor do golpe, a massa da população sofrendo duríssimos golpes nos seus direitos elementares, o patrimônio da Petrobras sendo rifado ao primeiro comprador externo, um clima de intolerância com as diferencias e as posições alheias – em suma, um quadro de desagregação social e política, em meio a uma depressão econômica e ao maior desemprego que o pais ja conheceu. O Brasil precisa, urgentemente, voltar a ser uma democracia, uma república, uma nação. Precisa recuperar a confiança de que o país pode dar certo, precisa resgatar o orgulho dos brasileiros com o seu país, necessita projetar

de novo uma imagem de respeito e soberania no exterior. O Brasil necessita de um Estado de Direito que imponha as normas democráticas de convivência e de respeito às leis e à Constituição. O Brasil requer um governo que tenha o respeito de todos, que tenha legitimidade para fazer a economia voltar a crescer com geração de bens e de empregos, para baixar fortemente a taxa de juros, para combater implacavelmente a sonegação e os paraísos fiscais, para promover a democratização dos meios de comunicação. Será um governo de transição, de reconstrução do pais dos destroços que têm sido produzidos pela política econômica genocida e antinacional do governo golpista. Um governo que faça a economia voltar a andar, consciente de que tem que retomar um modelo que promova o crescimento com distribuição de renda, fazendo do mercado interno de consumo popular uma das alavancas da demanda fundamental para a retomada do crescimento. Um governo que faça com que o Brasil volte a ser um agente regional e internacional de resolução pacifica dos conflitos e de promoção dos direitos do Sul do mundo. Um governo que retome com intensidade a integração do

Brasil aos Brics, favorecendo a criação de um mundo multipolar e voltado para o crescimento e a justiça social. O tipo de governo que o Brasil requer imediatamente é um governo que recomponha o espaço para os grandes debates nacionais e sobre o mundo contemporâneo. Que resgate a democracia como valor, que volte a imprimir-lhe um caráter profundamente social, mas igualmente étnico e de gênero. Um governo assim só pode sair do voto popular, de uma campanha eleitoral em que todas as alternativas e posições sejam representadas sem limitações. Em que se eleja um Congresso representativo de toda a sociedade, com toda sua diversidade, baseado no voto consciente e livre de todos e não no poder do dinheiro das grandes empresas privadas. O Brasil precisa da democracia como precisa do ar para respirar, para viver. O pais está asfixiado por um governo que o torna menor, o estreita conforme os interesses mesquinhos do capital financeiro. O Brasil precisa do contrário, de um governo que fomente o imenso potencial que o pais tem para crescer e se construir como sociedade plural, como sociedade solidaria, humanista, generosa. Um mundo em que caibam todos os mundos. *Sociólogo e professor, publicado no site Brasil 247 (www.brasil247.com)

Os dois Brasis Ângela Carrato* Existe, nos dias atuais, uma linha imaginária, nos moldes de Tordesilhas, separando o Brasil. De um lado está o país dos ricos e poderosos, daqueles 10% que se julgam acima do bem e do mal e que comandaram o golpe parlamentar-jurídico-midiático contra a presidente legitimamente eleita, Dilma Rousseff. Grupo que quer se manter no poder custe o que custar. De outro, está o país dos mais de 90% de cidadãos e de cidadãs comuns, que trabalham, cumprem com suas obrigações e pagam impostos. Integram também este grupo os mais de 14 milhões de desempregados, vítimas das políticas antissociais e antinacionais implementadas pelos golpistas. Grupo que quer o retorno à democracia. Se fosse possível fazer uma personificação, mesmo que grosseira, estes dois Brasis poderiam ser representados, cada qual de um lado, pelo juiz de primeira instância, Sérgio Moro, e pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Há três anos, quando os trabalhos da Operação Lava Jato tiveram início, algumas pessoas de boa fé acreditavam que o objetivo era investigar ações de corrupção na Petrobras. Aos poucos foi ficando nítido que o objetivo do juiz Moro era apenas perseguir, criminalizar e tentar inviabilizar politicamente o Partido dos Trabalhadores e a sua principal liderança, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, coincidentemente o nome apoiado por mais de 50% dos brasileiros para retornar ao poder em 2018. Pela caçada implacável a Lula, Moro se transformou em herói dos paneleiros e midiotas de plantão. Virou capa de revista nacional, ganhou um curioso prêmio internacional

e se tornou uma espécie de referência, opinando sobre tudo e todos, logo um juiz, que deveria falar apenas através dos autos. A mesma pegada foi seguida por seu fiel escudeiro, o procurador do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava Jato.

Rosto de criança, Dallagnol valeu-se até de pregação evangélica para tentar atingir Lula. Quem não se lembra do ridículo power-point que ele chegou a apresentar, indicando Lula como “chefe da maior quadrilha de corrupção no Brasil”? O power-point, como tudo o que faz a turma da “República de Curitiba”, baseava-se apenas em suas convicções. Faltavam e continuam faltando quaisquer provas a sustentá-las. Moro chegou a dizer, durante entrevista nos Estados Unidos (por que será que ele vai tanto à terra do Tio Sam?) que nunca havia investigado um tucano por falta de denúncia. Afinal, até na terra do Tio Sam já estava ficando

meio obvio a sua “predileção” por petistas. Bastaram, no entanto, um par de meses para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não gosta de holofotes, conseguisse o que Moro e turma não conseguiram em três anos. Com dados, números, imagens e delação premiada do principal dirigente do grupo JBF, Joesley Batista, Janot apresentou provas em abundância de que “a maior quadrilha de corruptos no Brasil é encabeçada por Michel Temer e pelo senador tucano afastado Aécio Neves”. Janot se prepara para pedir a prisão de Temer e de sua turma e já pediu a prisão de Aécio. Peemedebistas e tucanos estão se mobilizando para tentar deixar tudo como está. Até o golpista-mor, Fernando Henrique Cardoso entrou em cena para, mais uma vez, confundir o meio de campo. Para os golpistas vale qualquer coisa, desde que se mantenham no poder e inviabilizem politicamente a candidatura de Lula em 2018. Não há prazo definido para tanto, mas Moro, mesmo sem provas, deve dar sua sentença sobre Lula nas próximas semanas. Por tudo isso, as próximas semanas prometem fortes emoções. O Brasil sem provas e o Brasil com provas vão se enfrentar. A economia brasileira está em frangalhos e não há o menor sinal de recuperação. Tudo o que os golpistas fazem é se agarrar ao poder para não serem presos. Já a voz rouca das ruas exige eleições diretas-já e sabe muito bem quem integra a maior quadrilha de nossa história republicana. Se a matemática não estiver enganada, 90% podem mais do que 10%. *Jornalista e professora da UFMG.


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Alegações finais da defesa do ex-presidente Lula Cristiano Zanin Martins* As alegações finais da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no famoso caso do “tríplex do Guarujá”, que apresentamos nesta terça (20), demonstram sua inocência, que se assenta sobre prova real e palpável. A absolvição é o único resultado possível da apreciação racional, objetiva e imparcial da prova encartada aos autos. Nesta terça podemos apontar o real dono do imóvel. O apartamento 164 A, do edifício Solaris, está em nome da OAS Empreendimentos S/A, mas, desde 2010, quem detém 100% dos direitos econômico-financeiros sobre o imóvel é um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal. Nada vincula Lula ao imóvel, onde esteve uma única vez, em 2014, como potencial interessado em sua aquisição. Jamais teve as chaves, o uso, gozo ou disposição da propriedade. Prova da anomalia jurídica que envolve esse caso, em que a presunção de inocência é solenemente violada, foi a defesa que investigou os fatos, destrinchando, após diligências em vários locais do país, essa operação imobiliária executada pela construtora. O resultado afasta a hipótese da acusação. É inverossímil a conexão entre o ex-presidente e as supostas vantagens ilegais advindas de contratos firmados entre a OAS S/A e a Petrobras. O Ministério Público Federal

não fez a prova de culpa que lhe cabia. Ao depor ao juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e omitir a cessão integral dos direitos econômicos do tríplex, Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, produziu uma farsa para negociar benefícios penais com a acusação. O que o réu admitiu foi uma realidade pré-fabricada. A mentira tinha o objetivo de incriminar Lula e fazer vicejar a fábula do “caixa geral de propinas”, ficção contábil sem lastro nos fatos. Criou-se um “contexto” de “macrocorrupção” com um “comandante” como forma de amplificar o foco de corrupção apurado em 2014, mas o MPF não “seguiu o caminho do dinheiro” pela impossibilidade de provar sua tese. A ficção é produto de desconhecimento do organograma federal e do complexo sistema de controle interno e externo da Petrobras, incluindo a fiscalização da CGU de Jorge Hage. Como se fosse possível a Lula e a aliados corromper uma estrutura composta por milhares de pessoas, ignorando, ainda, que a Petrobras atende exigências de leis internacionais, como a da Sarbanes-Oxley (SOX), dos EUA, além das fiscalizações internas a que está submetida, como depôs o executivo Fábio Barbosa. A tese da “propinocracia” nem cabe nos autos. A usurpação da competência pelos procuradores de Curitiba é uma afronta ao Supremo Tribunal Federal. Esse é um julgamento político com verniz jurídico, um autêntico “trial by mídia”, sob a égide de violações e ilegalidades.

O inquérito, instaurado em 22/7/2016, tramitou de forma sigilosa até dois dias antes do indiciamento, a despeito dos pedidos de acesso da defesa. O cerceamento sempre esteve presente. A acusação que o MPF imputou a Lula abusou de hipóteses, para atingir sua inconteste liderança política. O “enredo Lula” foi transformado em “produto comercial”, que hoje vende de filmes a palestras em eventos até de cirurgia plástica, como a que fez o procurador Deltan Dallagnol, defensor da teoria “explacionista” e expositor do polêmico Power Point sobre a peça acusatória inaugural em 14/9/2016. Quanto ao acervo presidencial não há qualquer conduta imputada a Lula na denúncia, buscando-se atribuir a ele responsabilidade penal objetiva incompatível com o Estado de Direito. Como os bens, embora privados, integram o patrimônio cultural brasileiro, segundo expressa disposição legal, o próprio ordenamento jurídico estimula o auxílio de entidades públicas e privadas na sua manutenção. Se o inquérito inicial tivesse sido conduzido de forma correta e sem verdades pré-estabelecidas, o dono do tríplex teria sido identificado na origem, evitando gastos públicos com um processo descabido, além de proteger as reputações envolvidas. Optou-se por repetir à exaustão a mentira. A explicação para tamanha violação está no “lawfare”, que busca propiciar meios para a inelegibilidade de Lula. O objetivo é destruir os 40 anos de vida pública desse trabalhador, que governou o Brasil e foi reconhecido mundialmente por liderar o maior combate à pobreza já visto. *Cristiano Zanin Martins é advogado de Lula, especialista em direito processual civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É sócio do escritório Teixeira, Martins & Advogados.

Pela garantia do direito à gratuidade estudantil nos transportes Eliomar Coelho * Um dos primeiros projetos de lei apresentados por mim na ALERJ foi o PL 560/2015, que regulamenta os procedimentos para a emissão e distribuição dos cartões de gratuidades a estudantes das unidades estaduais de ensino do Rio de Janeiro. Desde o movimento das ocupações nas escolas da rede pública estadual, a garantia de acesso e permanência à educação foi uma constante. As muitas reclamações indicam o mau atendimento das empresas que controlam o sistema e impõem suas próprias regras, após mais de 10 anos de bilhetagem eletrônica. Por isso, apresentamos, e o companheiro de bancada Flávio Serafini é co-autor, o PL 560/2015. Precisamos acabar, de uma vez por todas, com os desmandos das secretarias de educação, transportes e da Fetranspor, que só prejudicam os estudantes O atraso e a demora, de mais de quatro meses após o início do período letivo para a entrega do car-

tão de gratuidade, significa, na prática, a revogação do direito de gratuidade do transporte escolar, o que se revela um forte fator da evasão escolar e de desistência da continuidade dos estudos. Queremos garantir o acesso ao estudante às variadas manifestações culturais, indispensáveis no seu processo de formação intelectual, científica e cidadã. Até mesmo porque os deslocamentos dos estudantes acontecem também nos fins de semana. Portanto, não se poder limitar a dias ou horários de aula ou a um único tipo de transporte. Na audiência pública sobre o Passe Livre Estadual realizada recentemente na ALERJ, aproveitei para cobrar o andamento do nosso projeto que está parado há dois anos na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.

Dentre os problemas e denúncias já apresentados pela população, o projeto estabelece: - Crédito mínimo (nunca inferior a 4 créditos por dia útil e 2 créditos por cada sábado, domingo ou feriado). - Passagens aos acompanhantes de crianças até 12 anos de idade e de estudantes com deficiência, independente da idade. - Cada crédito esteja associado a uma viagem completa do estudante, garantindo o acesso às viagens intermodais. - Utilização sem limites de dias e horários. - Estabelece prazo para entrega dos cartões. - Emissão de cartões provisórios até a entrega dos definitivos - Limita a taxa cobrada pela emissão de segunda via. *Deputado Estadual PSOL-RJ


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Trump-Cuba: Discurso demagogo e idiotizado quando o rabo está preso João Vicente Goulart*

Trump em Miami fez o discurso idiotizado, demagogo e notadamente midiático, para desviar a atenção de seu rabo preso com suas ações de impedir as investigações internas, que vem sendo realizadas pelo Congresso Americano e que poderá leva-lo ao Impeachment. Em um ambiente altamente favorável as suas bravatas, com exilados anticastristas em Miami, Trump declara cancelado o acordo EUA-CUBA, realizado pela administração anterior de Barack Obama. Retoma um discurso e uma atitude da guerra fria de quase 60 atrás, alegando que o turismo a ser fomentado na ilha caribenha estaria financiando o exército cubano e a manutenção de presos políticos em Cuba, cancelando unila-

teralmente os avanços que tinham sido obtidos do acordo feito por Obama e Raul Castro para a retomada das relações diplomáticas. Será que são os presos, ainda detidos ilegalmente sem acusações formais na base de Guantánamo, sob tortura permanente e sem o alcance da justiça americana? Diz que intensificará as medidas de embargo para restringir a entrada de dólares em Cuba, mas está disposto a sentar novamente para “exigir” democracia para os cubanos? Só pode ser fanfarronice, de quem quer desviar a opinião pública americana de seu rabo. Será que não sabe, esse idiota político que Cuba venceu uma revolução para expulsar os americanos de seu território, o qual havia sido transformado pelos ianques em cabaré ameri-

cano, cercando praias, construindo cassinos, explorando a prostituição e o povo cubano? Será que não sabe que mesmo com a queda da União Soviética em 1989, o bravo povo cubano resistiu bravamente o sofrimento imposto pelos americanos no bloqueio? E que resistiram a várias administrações antes dele? Chega a ser hilário a sua proposta de democracia ao povo cubano! Era bom começar a cuidar dos russos Trump, para falar em democracia, em intervenção eleitoral, e deixa de fazer essa retórica de tergiversação de fatos e realizações na área social do povo cubano. Um grande político, democrata, estadista, tem necessariamente que respeitar a autodeterminação dos povos em escolher seu destino. Fanfarronada vai desaguar em prestar contas ao Congresso Americano. Que venha um novo Watergate! *João Vicente Goulart, diretor IPG- Instituto João Goulart

Estado de exceção e constrangimento em voo Brasília-Rio Lúcia Capanema*

Teria o voo 6237 da Avianca que partiu de Brasília rumo ao Rio de Janeiro no sábado dia 3 de junho as 19:05 sido alvo de vigilância da Polícia Federal? Quando o embarque do 6237 já havia sido encerrado, adentrou pelo corredor da aeronave um senhor em seus 40 anos, terno preto, camisa branca, gravata preta e dirigiu-se rapidamente até a poltrona 21 A, na última fileira, para interpelar o passageiro: “Quem é o líder? Quem é que está organizando aqui?” Ao que o passageiro, militante do Partido dos Trabalhadores que saíra do sexto congresso nacional do partido juntamente com vários companheiros que ali se encontravam,

respondeu: “Aqui não tem líder não, ninguém é chefe de nada”. Mais uma vez: “Quem é que manda aqui? Entrega logo que vai ser melhor para você!”, ameaçou o sujeito. Novamente veio a resposta: “Aqui não tem líder não, todo mundo aqui é dirigente”. A sombria figura seguiu então a passos largos para a cabine do comandante, para onde obteve pronto acesso, e por lá esteve cerca de cinco a oito minutos a portas fechadas. Quando finalmente saiu dali e da aeronave, as portas foram fechadas e iniciados os trabalhos de decolagem. Tão logo pousamos no Rio de Janeiro e a aeronave foi estacionada, o comissário da foto anexa pôs-se a filmar os passageiros. Já na saída, quando

passava pelos comissários que se postam à porta frontal do avião, perguntei: “Podemos saber porque o comissário lá do fundo está nos filmando?” A pronta resposta da aeromoça foi: “A pedido do comandante, senhora”. Fui mais além: “A mando do policial federal que aqui estava antes do voo?” E ela: “Sim, senhora”. A confirmar-se a resposta da aeremoça, configurou-se uma cena absurda, constrangedora, típica de um Estado de exceção. Devemos exigir da companhia Avianca um esclarecimento a respeito desta presença nefasta em sua aeronave. Sob que pretexto entra no avião um agente policial à paisana e sem se identificar submete um passageiro a interrogatório sumário? Sob que ordens a companhia constrange seus passageiros, filmando-os sem seu conhecimento ou permissão, para fornecer informações a órgão de vigilância? *Professora de Urbanismo da UFF.


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Theotônio dos Santos

Entrevista

por Ricardo Rabelo

“Em 10 anos a China vai superar a economia americana e europeia juntas” Professor visitante de UERJ em políticas públicas e brevemente professor visitante da UFF lecionando relações internacionais, o sociólogo marxista Theotônio dos Santos é um dos intelectuais brasileiros mais respeitados no mundo. Autor de quase 50 livros e tendo lecionado no Chile, México, Japão e França, Theotônio é autor da Teoria da Dependência, uma formulação política que consiste em uma leitura crítica e marxista não-dogmática dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo mundial, em contraposição as posições marxistas convencionais dos partidos comunistas. Em entrevista ao Bafafá, Theotônio dos Santos faz uma análise da conjuntura nacional e internacional. Para ele, a deposição da presidente Dilma foi impulsionada pela inteligência dos Estados Unidos. “Chegaram inclusive a formar quadros que foram estudar lá, entre eles, o juiz Sérgio Moro”, fuzila. Para o intelectual, tudo passa por um contexto mundial onde os BRICs ganham terreno a cada dia. “Os BRICS dão ao Brasil uma força muito grande”. Ele garante que a geopolítica está mudando muito rápido. “A realidade é que em menos de 10 anos a China vai superar a economia americana e europeia juntas”, garante.

os BRICS puseram a América do Sul no auge. Além disso, ele permite mudar o quadro do comércio mundial. Apesar disso, nem com o golpe é possível voltar atrás, pois os elementos estão armados. Hoje o banco dos BRICS é mais poderoso que o banco mundial. A realidade é que em menos de 10 anos a China vai superar a economia americana e europeia juntas.

E o Supremo Tribunal Federal – STF? suas chances são muito altas. O país No fundo tirou o corpo fora. Não não criou outros nomes com estrutura quis decidir a questão. política organizada que possa competir com o PT. Se ele voltar tem de ser mais à esquerda, senão não vai Lula vai ser condenado pelo Moro? Eles querem, mas não têm provas. conseguir manter a base social. Lula ficou famosíssimo no mundo e suas palestras não custam menos de O Fernando Haddad seria o plano B US$ 350 mil. Isso dá a ele a possibi- do PT se Lula não puder ser candilidade de viver bem. Essa história de dato? condenar alguém porque foi ver um Ele se revelou um pouco fraco na apartamento é ridícula. questão política, mas tem a vantagem E o papel da mídia corporativa? de ser um sujeito muito simples. A mídia procura manter uma apa“Se Lula voltar tem de ser rência de independência. A TV Globo mais à esquerda” Quais seriam três ações fundamenteve um papel muito forte, mas outras tais num eventual novo governo mídias tiveram participação decisiva no golpe. Os pretensos analistas políti- Em relação ao Aécio Neves, o que Lula? Primeiro garantir o que foi feito. E cos da TV Globo dizem o que os donos achou das denúncias? Tudo indica que sua atividade era tirar da miséria os 15% da população da emissora querem que digam. muito mais ampla. Isso mostra a de- que estão nesta situação. Tem que E a mudança de posição da TV Globo gradação moral e humana da classe resolver ainda a carência na educação dominante. É um perfil de dominação infantil. Mas, o principal é termos uma em relação ao Temer? O eventual sucessor de Temer de quem vive às custas de propinas política econômica controlada pela deve ser uma pessoa importante no fazendo leis de interesse desses se- classe trabalhadora e os assalariados país. A solução Rodrigo Maia é muito tores. Usa seu poder político, sua ca- em geral. pacidade de articulação para negociar medíocre. acordos que sejam úteis às empresas. E a regulação da mídia? Como está vendo o papel das Forças É uma geração de nível muito rasteiro. Absolutamente necessária. Armadas nesta crise política? “O Brasil tem dinheiro sobrando Você ainda tem utopias? As Forças Armadas conseguiram O senhor acha que o Lula volta? apesar da crise financeira” manter uma posição democrática e Vai ser um jogo complicado. Existe Utopias não, realidades (riso). Os chilegalista, por mais que alguns quises- um setor do capital internacional que neses estão na frente trabalhando no Acha que a intenção do golpe é que- sem empurrá-los para o retrocesso. acha que não vale a pena provocar que chamam o “grande sonho chinês”. brar o B dos Brics? Elas entenderam que sua tarefa é a uma situação de crise tão grave como É preciso que a sociedade se assuma Claro, os BRICS dão ao Brasil uma defesa da soberania nacional e dos a nossa. Esse setor não é a favor de como líder de um grande processo de força muito grande. Primeiro porque recursos naturais. impedir o Lula. Se ele for candidato, transformação. Qual é a avaliação da conjuntura nacional? O Brasil tem dinheiro sobrando apesar da crise financeira. E ainda tem superávit fiscal. Mas, a imprensa dá uma visão diferenciada disso. Acho que nós estamos diante uma grande ofensiva internacional que envolve questões como petróleo e gás. Querem deter o avanço de países que estão em superávit, que vendem mais do que compram e que dispõem de reservas significativas. Em contraponto aos países que tinham o controle da economia mundial e que hoje estão em plena decadência e com dívidas ferozes. A China possui hoje US$ 5 trilhões em reservas e tem a possibilidade de ser a principal importadora de ouro e com isso passar a ter o maior poder financeiro do mundo. Muito mais poderoso do que foi o dólar no seu auge. A deposição da Dilma foi impulsionada pelos setores de inteligência dos Estados Unidos. Chegaram inclusive a formar quadros que foram estudar lá, entre eles, o juiz Sérgio Moro.


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A resistência na música contemporânea carioca Fábio Cezanne*

Ao longo do tempo, a história da música brasileira nos mostrou, através da reflexão de jornalistas e críticos diversos, o quanto o termo “resistência” estava implícito em estilos da música popular e urbana, como o samba, o próprio choro, o jongo, e toda uma infinidade de expressões folclóricas. Ultimamente, tornou-se bastante comum associar este termo a estilos que se apresentam como expressões de comunidades e periferias, como o hip hop, o funk, o charme. Longe de quaisquer julgamentos estilísticos e elitistas, considero, mais do que necessário, alargar um pouco esse conceito para refletir, de fato, sobre a arte musical excluída do mainstream, ou seja, da indústria fonográfica e de todas as suas engrenagens midiáticas e mercantis. Podemos facilmente identificar diversos ritmos e estilos musicais que, hoje, se encontram alijados do conhecimento das massas, por múltiplos motivos que não caberiam aqui em poucas linhas. Podemos ressaltar, por exemplo, a música erudita, mais especificamente a contemporânea, ou seja, aquela produzida hoje, por compositores vivos, atuantes. A música clássica, de repertório composto, em geral, por obras escritas até o início do sec. XX, vive, no Rio e no Brasil como um todo, um processo de esfacelamento de suas orquestras e instituições de ensino e fomento. Este contexto é desolador, sem sombra de dúvidas, mas....e a música erudita produzida hoje, composta hoje? Onde toca? Quem grava? Vende aonde? Como se vive disso? Poucos têm acesso a esta informação, mas o Rio de Janeiro vive um momento muito efervescente neste segmento, graças a resistência de seus compositores e intérpretes, muitas vezes colocando dinheiro do próprio bolso, para manter séries, gravar discos, formar repertório, compor, etc. O empenho, por exemplo, do compositor e produtor Sergio Roberto de Oliveira, dono da A CASA Discos – única gravadora brasileira voltada para à música contemporânea – é de se glorificar e ovacionar de pé. Por meio do seu selo, estão chegando ao mercado os novos CDs do Duo Santoro (“Paisagens Cariocas”), Quinteto Lorenzo Fernandez (“Música Carioca de Concerto”), Trio Capitu, The Biedermeiers, Duo Grosman-Barancoski (interpretando obras para piano de Ricardo Tacuchian”) e da Orquestra Sinfônica Nacional, interpretando, inclusive, compositores de hoje. Nos próximos meses, serão lançados os CDs do Trio Paineiras e do Harmonitango, com obras de Piazzolla. Mesmo com a distribuição nacional em lojas de CDS de todo o país, poucos têm acesso a esses lançamentos através dos veículos de comunicação. E nada disso, meu amigo, foi por Lei Rouanet, infelizmente. Até quando? *Fábio Cezanne é jornalista cultural e músico

Segundamente Marceu Vieira* Desde a descoberta do fogo, a História do mundo mostra que há acontecimentos impossíveis de se evitar. Aqui, no Brasil, um foi a Independência – por mais fajuta que tenha sido. A Proclamação da República, golpe inaugural dos militares, foi outra. A Abolição da Escravatura, mais uma. Houve ainda a Revolução de 1930, o Estado Novo, a volta de Getúlio Vargas, a construção de Brasília por Juscelino Kubitschek, a provação brasileira com o governo Sarney, a Constituinte de 1988, tanta coisa. O golpe de 1964 também entra nessa lista. A elite empresarial estava inteiramente contrária a Jango. O pensamento conservador detinha a hegemonia da informação. As Forças Armadas, ali bem fortes, só precisaram dar o último empurrão no Brasil pra dentro do buraco sem luz da ditadura. Mundo afora, também houve acontecimentos assim, impossíveis de ser contidos. A Queda da Bastilha. A Primeira e a Segunda Grandes Guerras. A Revolução Bolchevique de 1917, na Rússia. A Queda do Muro de Berlim. O desmanche da finada União Soviética. Até a eleição do Lula, em 2002, foi acontecimento inevitável – e o fim daquele ciclo, com a derrubada da Dilma num golpe parlamentar imoral, nem aquilo foi viável deter. Quando os portugueses enforcaram Tiradentes, em 21 de abril de 1792, não supunham que o transformariam em herói da pátria. Mas era certo que acontecesse. Nas relações pessoais, nos contenciosos de trabalho, no dia a dia, na História, e até na ficção, em tudo é assim.

Há fatos incontroláveis no seu desenrolar. Na tragédia de Shakespeare, não foi possível evitar a morte de Romeu e Julieta, um sem saber que o outro sobreviveria. No calvário de Jesus, nem Pôncio Pilatos pôde evitar sua crucificação. O goleiro Júlio César tentou evitar cada gol dos sete que a Alemanha impôs à seleção brasileira na tragédia do Mineirão, em 2014. Não conseguiu. Nesta quarta-feira, 24 de maio de 2017, a sensação é a de que mais um desses momentos inevitáveis se apresentou ao país miscigenado fundado por Caramuru e Paraguaçu. Nem no tiro no peito dado por Getúlio, nem nos piores dias da presidente Dilma, quando tudo conspirava contra a permanência dela no Planalto, nem nas manifestação de 2013, enfim, desde que a República é República, nem nunca o Brasil viu atos tão contundentes como esses desta quarta-feira em Brasília contra o Temer e o seu governo de araque. Não é sensato que ainda se acredite na viabilidade da continuação dele. Não haveria poesia bastante pra amenizar o que se viu neste 24 de maio em plena Esplanada dos Ministérios. A única saída honrosa que resta ao Temer e à sua gente, agarrada no poder desde 1985, é bater em retirada. Chega deles. Só o Insondável saberá que novo presidente poderia emergir de uma eleição direta convocada agora. Mas o Brasil precisa viver esse risco. Não há credibilidade sequer pro Congresso escolher um novo presidente numa eleição indireta. Pelo Michelzinho, pelos bebês que o Temer ainda pode

ter com a Marcela, pelos filhos dos atuais ministros dessa administração falsificada e sem alicerce crível, pelos netos do Lula e da Dilma e da gente, por todas as crianças do Brasil – as que dormem sob viadutos e as aninhadas em camas de pelúcia nas mansões do Lago Sul -, por todos nós, degredados filhos de Eva, só a renúncia abreviaria o sofrimento coletivo de um povo que não sabe mais pra onde vai a nação desgovernada, com seus índices de desemprego sem parâmetro na nossa História. Não foi também possível evitar o Temer depois do impeachment da Dilma. Então, segundamente, que ele peça o boné e o Congresso apresse a votação de um Projeto de Emenda Constitucional pra convocar – já – uma nova eleição presidencial. Os partidos hegemônicos estão todos desmantelados. Com certeza, surgirá um Bolsonaro ou um genérico dele pra tentar a sorte. Dane-se, que seja enfrentado, então – mas no voto direto. O voto do povo pôs esses personagens abjetos todos onde estão hoje. Até ser cassado e preso, Eduardo Cunha, por exemplo, existiu no Congresso Nacional pra bagunçar o Brasil pela vontade de 232.708 eleitores do Rio de Janeiro. Bem feito pra nós. No mesmo Rio, Sérgio Cabral foi reeleito governador com 5.217.972 votos. Aécio Neves enganou 51.041.155 brasileiros em 2016. Quase se elegeu presidente da República. Agora é hora de deixar o povão decidir de novo. Inclusive quem bateu panelas. Inclusive quem não bateu. *Jornalista, publicado no blog http://www.marceuvieira.com


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Janot X CEDAE Logo que a Alerj aprovou a autorização para alienar as ações da CEDAE, uma empresa pública que dá lucros ao estado, nós do PSOL, junto com a REDE, entramos com uma Ação de Inconstitucionalidade para anular a lei sancionada por Pezão. Aprovada através de uma negociata de cargos entre deputados, a lei não leva em consideração os 46 municípios que a CEDAE atende. Ninguém foi ouvido e não houve nenhuma Audiência Pública para debater o tema. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, acolheu o nosso pedido e encaminhou seu parecer ao STF que agora julgará a ação. A venda da CEDAE não tem nenhuma justificativa senão a privatização da água e os interesses de encher os bolsos de alguns poderosos. Eliomar Coelho, deputado estadual (PSOL-RJ).

OAB X Reforma Trabalhista O presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, elogiou o resultado da votação sobre a reforma trabalhista (PLC 38/2017) na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, nesta terça-feira, dia 20. Por 10 votos a 9, os senadores rejeitaram o relatório de Ricardo Ferraço (PSDB/ES), favorável ao projeto. “Foi uma primeira vitória daqueles que defendem a Justiça do Trabalho e o processo civilizatório. Essa reforma, da maneira como está sendo conduzida, nada mais é do que a retirada de direitos dos que precisam mais”, afirmou Felipe. O parecer aprovado pela comissão foi o voto em separado de Paulo Paim (PT/RS) e que pede a rejeição integral do texto. A matéria segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça, e depois deve ir a plenário. Fonte: OAB

UFRJ discute a Crise Política Dando continuidade ao projeto Brasil Pra Quem, no dia 29/6, a UFRJ vai debater a crise política no Brasil. Os professores de Direito Mariana Trotta (UFRJ) e Adriano Pilatti (PUC- Rio) são os convidados que trarão ao debate novas perspectivas acadêmicas e análises conjunturais. Mariana Trotta é professora adjunta da Faculdade Nacional de Direito (FND/UFRJ). Doutora pelo Programa de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, CPDA/UFRRJ, fez doutorado sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES/FEUC). Atualmente, desenvolve pesquisa e extensão na área de Sociologia Jurídica, com enfoque na relação entre o Poder Judiciário, direitos e movimentos sociais. Adriano Pilatti foi assessor parlamentar da Câmara dos Deputados junto à Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88. Ele é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), com pós-doutorado em Direito Público Romano pela Universidade de Roma I - La Sapienza, instituição onde leciona Teoria do Estado, Direito Constitucional, Teoria da Constituição e Formação Constitucional do Brasil nos cursos de graduação e pós-graduação junto ao Departamento de Direito da PUC-

-Rio, e coordena o Núcleo de Estudos Constitucionais e o Instituto de Direito da PUC-Rio. O segundo debate Brasil Pra Quem será realizado no auditório do CT2, Coppe, Cidade Universitária, às 9h. Com a iniciativa Brasil Pra Quem, a UFRJ pretende intervir nos temas mais pungentes do cenário nacional. Questão indígena, mudanças climáticas globais, reforma do ensino médio, ciência e futuro, recursos hídricos, Estado e violência são apenas alguns dos temas a serem discutidos por membros da comunidade científica e da sociedade. Fonte: UFRJ

Mestrado

Ciências Cardiovasculares UFF

e doutorado em

A Universidade Federal Fluminense é a quarta instituição federal de ensino superior do Brasil a ter um programa que permitirá ao aluno da Faculdade de Medicina cursar ao mesmo tempo a graduação e a pós-graduação, em nível de mestrado ou doutorado, em Ciências Cardiovasculares. O objetivo, segundo o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares (PGCVV), cardiologista e médico nuclear, Cláudio Tinoco Mesquita, é reduzir significativamente a média de idade com que os estudantes ingressam no mestrado ou doutorado e assim aumentar o período produtivo desses pesquisadores na área. De acordo com a vice-coordenadora, professora Christianne Bretas, o Programa de Treinamento em Pesquisa Médica (Modalidade MD-PhD) foi aprovado no início de 2017 pelo colegiado da Faculdade de Medicina da UFF e já selecionou dois candidatos no primeiro processo seletivo ocorrido no primeiro semestre. “Em 2018 faremos outro processo para ampliar o número de alunos cursando esse novo modelo de ensino”, garantiu. O pré-requisito fundamental para o interessado se candidatar, ressaltam os coordenadores, é que ele esteja munido de uma grande vontade de ingressar em um curso que transformará a sua carreira. Os cursos simultâneos irão capacitá-lo a percorrer dois caminhos promissores, aperfeiçoando seu desempenho profissional, tanto como pesquisador quanto como professor de nível superior. Para se inscrever no processo de seleção do mestrado e doutorado do PGCCV, o estudante deve levar documentos de identificação (RG e CPF), curriculum vitae, diploma e histórico escolar da graduação, bem como anteprojeto de dissertação e carta de aceite do orientador, devendo o candidato ser alocado em uma das áreas de concentração: Cardiologia ou Ciências Biomédicas. Fonte: UFF

ECOAR na UERJ Começa na segunda-feira, dia 26 de junho, a II ECOAR, Semana de Ocupação Ambiental, realizada pelo Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação Artísticas (Coart) a ser realizado no Centro cultural da UERJ, campus Maracanã, a partir das 10h30. Por meio de oficinas gratuitas de dança, jardinagem, ecobags, meditação, além de mesas redondas e almoço sustentável coletivo, a Coart busca ampliar as ações e reflexões sobre o termo ambiente. Até 29/06. Fonte: UERJ/DECULT

Rio de Janeiro - Maio/Junho 2017

UERJ

15

reduz atendimento em hospital

universitário EDesde o dia 19 de junho, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), que pertence à UERJ, reduziu o número de atendimentos ambulatoriais e de cirurgias pela metade. Os cerca de 200 leitos para internação serão reduzidos para 100 progressivamente, enquanto os problemas financeiros do hospital não são resolvidos. Apesar das dificuldades no pagamento, o Hospital Universitário Pedro Ernesto realiza 100 mil procedimentos ambulatoriais e 500 cirurgias por mês. Esses números devem ser reduzidos em 40%. Fonte: UERJ

9ª Mostra

de

Cinema Iberoamericano da Nicarágua

Estão abertas até 30 de junho as inscrições para a 9ª edição da Mostra de Cinema Iberoamericano da Nicarágua – MCIN. O evento, que acontece entre 19 e 25 de outubro, é uma iniciativa da Associação Nicaraguense de Cinematografia que busca facilitar o acesso de novos públicos ao audiovisual ibero-americano, além de criar espaço para difusão e exibição do cinema destes países. Podem participar diretores e produtores de toda a região ibero-americana com curtas e longas-metragens de ficção, animação e documentário, produzidos entre 2015 e 2017. As produções com idioma diferente do espanhol devem ser dubladas ou conter legenda em espanhol. A inscrição é gratuita e deve ser realizada através do preenchimento de formulário: http://muestraanci.blogspot. com.br/2017/05/convocatoria-abierta.html Fonte: ANCINE

Festival de Havana: até 30/06 Também até 30 de junho, a ANCINE recebe DVDs de obras audiovisuais brasileiras para participação no Festival Internacional do Novo Cinema Latino Americano, em Havana, Cuba, que realiza sua 39ª edição entre os dias 8 e 17 de dezembro. Interessados em enviar seus filmes para avaliação pela equipe de programação do festival devem ler atentamente o regulamento no site do evento, preencher o formulário online e, em seguida, encaminhar o DVD ou BluRay da obra inscrita para o escritório da ANCINE. Para mais informações, envie uma mensagem para assessoria.internacional@ancine. gov.br Fonte: ANCINE

Frase “Estou pensando em criar um vergonhódromo para políticos sem-vergonha, que ao verem a chance de chegar ao poder esquecem os compromissos com o povo”. Leonel Brizola


Agenda Bafafá, a essência do Rio! Eventos Feira do Vinil do Rio

A Feira do Vinil do Rio de Janeiro chega à sua 19º edição, no domingo dia 02 de julho, buscando renovação, incluindo novos ares. Assim, aos 5 anos realizando suas edições no Flamengo, o evento vai estrear, neste ano, no Clube Hebraica, em Laranjeiras, oferecendo, inclusive, espaço gastronômico e uma extensa seção voltada para os quadrinhos e fanzines em geral. A Feira do Vinil do Rio - são duas edições anuais na Zona Sul e duas na Barra – é produzida por Marcello Maldonado e pelo produtor artístico Marcello MBGroove (coletivo Vinil É Arte), e tem o apoio da Satisfaction Discos. Assim como as edições anteriores, será cobrada como entrada simbólica 1 kg de alimento, a ser doado para instituições de caridade. Ao longo do dia, vários DJs apresentarão seus sets em vinil. Cerca de 60 expositores de todo o Brasil estarão presentes com discos e CDs Do Rio, como a Tropicália Discos, a Sempre Música, a Arquivo Musical, além da Livraria Baratos da Ribeiro e da Satisfaction. Os paulistas serão representados pela Locomotiva, Neves Record, Groovnet rec, Mafer Discos, Sensorial e Zóyd, só para citar algumas. A feira terá também estandes de venda de CDs, equipamentos de áudio, marcas de roupas e acessórios com esta temática. 19° Feira de Discos de Vinil do Rio de Janeiro 02 de julho, domingo 11:30h às 20h Clube Hebraica Rua das Laranjeiras, 336 - Laranjeiras Entrada: 1 kg de alimento não perecível

Roda de Choro no Pé de Santa

A roda de choro é composta por músicos que tocam em diversos blocos cariocas. Começou sem nenhuma intenção, mas hoje reúne uma multidão para cantar clássicos de Pixinguinha, Waldir Azevedo e outros expoentes do choro. Bom lugar para tomar uma cerveja gelada com gente jovem. Quartas, a partir das 19h. Rua Benjamin Constant, 104 – Glória. Informações: 21 2224-1236

Samba de Sexta

O Samba de Sexta recebe sempre um convidado para cantar e tocar cavaquinho. A Pedra do Sal faz jus à tradição de pioneira do samba acolhendo rodas memoráveis quase todos os dias da semana. Sextas, a partir das 19h, Pedra do Sal.

Arraiá da Catedral

O “Arraiá da Catedral”, como está sendo chamado, comemorará Santo Antônio, São João e São Pedro, com música, comidas típicas e diversão. A programação musical contará com o sertanejo universitário da cantora Yanna, os grupos de forró Papa Goiaba e No compasso do Forró, Padre Omar e o samba de Leandro D’Mennor. Dias 01 e 02 de julho, no estacionamento da Catedral Metropolitana

Arredores

Passeios

FLIP Paraty

A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) nasceu em agosto de 2003. Organizada pela Associação Casa Azul, a Flip realiza sua 15ª edição entre 26 e 30 de julho de 2017. Ela tem por tradição reunir autores de peso, e já contou, em edições anteriores, com a presença de Isabel Allende, Ferreira Gullar, Don DeLillo, Richard Dawkins, Eric Hobsbawm, Chico Buarque, entre outros. Serão cerca de 200 eventos que incluem debates, shows, exposições, oficinas, exibições de filmes e apresentações de escolas, entre outros, divididos na Programação Principal, FlipMais, FlipZona e Flipinha. Mais informações: www. flip.com.br

Festival O Gosto de Agosto

O Gosto de Agosto - Desde 2008 ocorre em Saquarema, capital nacional do surf, litoral norte do Rio de Janeiro. Todos os anos são convidados vários restaurantes da cidade e durante os fins de semana de agosto, colocam um menu especial, com preço fixo e popular, composto por uma entrada, duas opções de prato principal e uma sobremesa. É um Festival Gastronômico que aquece o inverno no pós férias de julho com criações inéditas de pratos e sobremesas elaborados especialmente para a data. Paralelamente acontecem worshops, palestras, shows e muito mais. Mais informações: https://www.ogostodeagosto.com.br/

Dança germânica em Petrópolis

A cidade de Petrópolis, na Região Serrana, guarda uma tradição incrível. Ela tem nove grupos de tradições germânicas em atividade cada um com sua rainha e seus trajes típicos, inspirados em regiões da Alemanha e da Áustria. As apresentações são aos sábados, às 15h, e aos domingos, às 12h, no Museu Imperial, e também durante a Bauernfest, a festa do colono alemão, em junho. Na Bauernfest, são eleitas duas princesas e uma rainha. As coreografias geralmente são dançadas em pares e os grupos podem se dividir em categorias por idade, cada uma com um traje diferente, criado a partir de pesquisas com folcloristas do Sul. As danças e as músicas folclóricas alemãs têm mais de 300 anos e refletem histórias do cotidiano, como casamentos, os movimentos de um tear ou uma saudação aos pescadores. Os dançarinos gritam durante a coreografia, repetindo uma tradição usada para demonstrar alegria pelo sucesso nas colheitas, comemorando um trabalho bem feito. Os grupos se apresentam todos os sábados, às 15h, no Palácio de Cristal. Informações: (24) 2231-1878 / 2244-8027

Confira mais dicas

Museu Nacional de Belas Artes

Situado no centro histórico do Rio de Janeiro, o Museu Nacional de Belas Artes ocupa um edifício de arquitetura eclética projetado em 1908 pelo arquiteto Adolfo Morales de los Rios para sediar a Escola Nacional de Belas Artes, herdeira da Academia Imperial de Belas Artes. Foi construído durante as modernizações urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos na então Capital Federal e hoje possui a maior e mais importante coleção de arte brasileira do século XIX, concentrando um acervo de 70 mil itens entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, objetos, documentos e livros. Av. Rio Branco, 199 – Centro Aberto de terça a sexta de 10h às 18h, sábados, domingos e feriados de 12h às 17. Ingresso: R$ 8 (gratuito aos domingos).

MAR e Museu do Amanhã grátis terças

Os belíssimos Museu de Arte do Rio e do Amanhã têm entrada gratuita às terças-feiras. Uma excelente oportunidade de conhecer as instalações e exposições em cartaz. Na Praça Mauá, vale conferir! Praça Mauá, aberto de 10h às 17h

Ladeira da Misericórdia

A Ladeira da Misericórdia foi a primeira rua do Rio de Janeiro, aberta em 1567 quando a cidade passou a ocupar o antigo Morro do Castelo. No alto dela estava situado o Largo do Castelo com o prédio do Colégio dos Padres Jesuítas, da Companhia de Jesus e muitas residências. Após a demolição do Morro do Castelo (1922), apenas o início da rua foi mantido, mas não leva a lugar nenhum, como se fosse um cenário de cinema. Interessante é que o trecho que sobrou ainda mantém o calçamento original em pé de moleque. É um lugar de grande importância, mas quase ninguém sabe onde fica. Vale muito conferir, principalmente agora que a área está bem policiada. Fica atrás do Museu Histórico Nacional Praça Marechal Câmara

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