Ano 13 - Nº 99 - Novembro 2013
Distribuição Gratuita
Entrevista
Wanderley Monteiro
Wanderley Monteiro é um ícone do samba carioca. Ao longo de 30 anos de carreira já compôs mais de 200 letras, sendo inclusive campeão quatro vezes pela Portela e vencedor do enredo do bloco Simpatia em 2000. O curioso é que o artista não abandonou a carreira de bancário no Banco do Brasil, ocupação que exerce simultaneamente. “No banco eu sou um instrumento. No samba uso outro instrumento”, revela. Seu samba de maior sucesso é “Água de Chuva no Mar”, consagrado na voz da eterna Beth Carvalho. A música se tornou uma espécie de hino nas rodas de todo o país:
Nesta : o Ediçã
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“O samba é MPB”
“É água de chuva no mar / Caminha pro mesmo lugar / Sem pressa, sem medo de errar / É tão bonito... / É tão bonito o nosso amor”, diz a letra. Em entrevista ao Bafafá, Wanderley aborda vários temas: início de carreira, arte de compor, fonte de inspiração, política e até sobre a vinda de médicos cubanos ao Brasil. “Acho válido a vinda de médicos diante da carência que temos”, assinala. Sobre a separação do samba com a MPB, ele critica: “O samba é MPB. É popular, muito popular” Leia nas páginas 8 e 9
Emir Sader José Maria Rabelo Alexandre Nadai Luis Pimentel Leonardo Boff Ricardo Rabelo Mauro Santayana
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Editorial
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O Brasil e a crise mundial
A crise econômica mundial atinge praticamente todas as nações
prevista de 6%; taxa de desemprego inferior a 6%, sendo menor ain-
capitalistas, a começar pelos EUA, com uma dívida bruta de mais de
da em muitos centros importantes; a ascensão social de milhões de
17 trilhões de dólares, quase igual a tudo o que o país produz. Na
brasileiros, que viviam à margem do mercado; aumento do consumo
Espanha, o déficit das contas públicas deve atingir a marca alarmante
popular, que em algumas redes de varejo deve atingir entre 15 e 20%;
de 6% do PIB no próximo exercício. A França, segunda economia
grandes obras em andamento, como no setor rodoviário e ferroviário,
da Zona do Euro, não foge a esse quadro de gravíssima deteriora-
além de outras em preparação, a exemplo da nova etapa do programa
ção: seu déficit, também para o exercício de
Minha Casa. Minha Vida, representando um
2014, beirará os 4%. Sua classificação de
fator de incentivo e ampliação do mercado
risco acaba de ser rebaixada pela segunda
interno. Poderíamos citar vários outros setores
vez pela agência Standard & Poor’s, tão cul-
em que a ação oficial está presente, gerando
tuada pelos círculos neoliberais. A Itália vai
grandes perspectivas para o desenvolvimento
pelo mesmo caminho, exibindo um perigoso
nacional.
cenário de desestabilidade política e fiscal.
Muito diferente desse quadro é o que pin-
Isso para não falar da Grécia, ameaçada de
tam os jornais de oposição, a Folha de São
uma explosão social, tais são os indicadores
Paulo, o Estadão e O Globo à frente. Para eles,
negativos que apresenta. O desemprego lá
o Brasil caminha para uma profunda crise de
compreende mais de 30% da população, chegando a 50% entre os
sua economia, devido às medidas “estatizantes” tomadas pela ad-
jovens. Pode-se afirmar que todas essas nações estão mergulhadas
ministração federal. Na realidade, insistem em manter os programas
num processo de recessão, que parece não ter saída.
neoliberais, que, aqui e lá fora, não resolveram nenhum problema básico dos países que o adotaram.
A situação brasileira, ao contrário do que diz a grande imprensa, não apresenta sinais graves de crise, como acontece com os países europeus que adotaram o neoliberalismo até suas últimas consequências. Nada semelhante à situação brasileira. Teremos neste ano um crescimento do PIB em torno de 2,7%; a inflação dentro da meta
Esta é a verdade dos fatos. As críticas histéricas e continuadas ao governo federal têm caráter eminentemente político: a constatação, cada vez maior, de que a oposição caminha para uma nova e fragorosa derrota, pois suas teorias econômicas nada têm a oferecer ao Brasil. Ao contrário, são a trilha para o caos e a desintegração econômica e social, como estamos vendo em diferentes países europeus.
Onde encontrar: Associação Brasileira de Imprensa, Sindicato dos Jornalistas do Rio, São Paulo e BH, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, Sindicato dos Petroleiros, Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal, Escola de Comunicação, Instituto de Economia, Instituto de Filosofia, Escola de Serviço Social, Escola de Música, Instituto de Psicologia, Fórum de Ciência e Cultura, Faculdade de Direito (UFRJ), UERJ, Café Lamas, Fundição Progresso, Cine SESC Botafogo, Cordão da Bola Preta, Botequim Vaca Atolada, Livraria Leonardo da Vinci, Bar do Gomez, Bar do Serginho, Bar do Mineiro, Bar Santa Saideira, Banca do Largo dos Guimarães (em Santa Teresa), Padaria Ipanema, Casarão Ameno Resedá, Studio RJ, Faculdade Hélio Alonso, Arquivo Nacional, Galeria Catete 228, Restaurante Fat Choi, Livraria Ouvidor (BH), Livraria Quixote (BH), Livraria Mineiriana (BH), Livraria Cultural Ouro Preto (Ouro Preto).
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A anistia e os crimes contra a humanidade José Maria Rabêlo*
É uma aberração que os assassinos e carrascos do regime militar estejam até hoje impunes, vivendo à custa do Estado, graças a suas aposentadorias e pensões. São criminosos que praticaram as mais maiores violências contra milhares de cidadãos, que tinham contra si a única acusação de se oporem ao governo. Diante da ação desses meliantes, travestidos de agentes da lei, o País viveu o período mais obscuro de sua história. Nesse quadro de impunidade, o mundo olha para nós com incompreensão e perplexidade. Como é possível um regime democrático conviver com essa herança delinquencial, que agride os mais elementares direitos humanos? Como é possível pretender ser respeitado como nação civilizada tendo seu passado comprometido pelas piores práticas ditatoriais? São abundantes os exemplos de outras nações que lidaram com o problema. A começar pela condenação dos criminosos de guerra nazistas, nos famosos julgamentos de Nürenberg. A França puniu com pena de morte ou de prisão perpétua os colaboracionistas de Vichy e outros apoiadores da ocupação alemã. Aqui, bem mais perto de nós, o Chile, a Argentina, o Uruguai, o Peru nos dão lição de como tratar os violadores dos direitos individuais. No Chile, o mais importante deles, o general e ex-presidente Augusto Pinochet, foi condenado a prisão perpétua. Seu companheiro, general Manuel Contreras, chefe da
DINA, órgão encarregado de execução das mais hediondas tarefas da ditadura, encontra-se preso também com condenação pelo resto da vida. Outros mais foram ou estão sendo julgados a pesadas penas. Igual situação passa-se na Argentina, com a condenação dos generais Jorge Videla, ex-presidente imposto pelos militares, recentemente falecido e seu colega Reynaldo Bignone, além de mais de duas centenas de oficiais que aguardam julgamento. No Uruguai e no Peru, os processos estão em marcha.
O Brasil constitui uma triste e vergonhosa exceção. Por isso, é preciso aumentar a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal, para revogar sua controvertida decisão que revalidou a atual Lei de Anistia, adotada pela Ditadura em seus estertores, que colocou em situação idêntica torturadores e torturados. Há sinais de que essa reavaliação possa ocorrer, em face das últimas alterações na composição do STF. Pelo menos um dos novos juízes, Luís
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Roberto Barroso, recentemente empossado, já manifestou sua crença de que a legislação venha ser modificada. Será uma oportunidade para o Brasil reconciliar-se com o pensamento do resto do mundo, principalmente com a Corte Interamericana de Justiça, a que estamos subordinados, que tem posição reiterada na condenação dos crimes contra a humanidade. Internamente, são múltiplas as manifestações pela revisão da lei ditatorial, como a da Ordem dos Advogados do Brasil e de grande número de figuras representativas das ciências jurídicas. Uma subespécie de marginais, protegidos pela lei, não pode comprometer o nome do País e a Justiça que merecem aqueles que foram mortos e torturados em suas mãos. Eleições no Chile Nas eleições que se realizam neste domingo no Chile, dificilmente deixará de sair vitoriosa a candidata de esquerda, Michelle Bachelet. Segundo diversas pesquisas de opinião, se não vencer já no primeiro turno, vencerá certamente no segundo. Para o Congresso, o resultado previsto lhe garante o controle das duas casas, Câmara e Senado, podendo assegurar-lhe o número de votos necessários para profundas transformações sociais de seu programa, como a gratuidade do ensino em todos os níveis. *Jornalista
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Duas forças em tensão: a autoafirmação e a integração Leonardo Boff* Biologicamente nós humanos, somos seres carentes (Mangelwesen). Não somos dotados de nenhum órgão especializado que nos garanta a sobrevivência ou nos defenda de riscos, como ocorre com os animais. Alguns biólogos chegam a dizer que somos “um animal doente”, um “faux pas”, (um passo em falso), uma “passagem” (Übergang) para outra coisa, por isso nunca fixado, inteiros mas incompletos. Tal verificação nos obriga a continuamente a garantir a nossa vida, mediante o trabalho e a inteligente intervenção na natureza. Deste esforço, nasce a cultura que organiza de forma mais estável as condições infra-estruturais e também humano-espirituais para vivermos humanamente em sociedade. Acresce ainda outro dado, presente também em todos os seres do universo, mas que no nível humano ganha especial relevância. Vigoram duas forças: a primeira é auto-afirmação, a segunda, a integração. Elas atuam sempre em conjunto num equilíbrio difícil e sempre dinâmico. Pela força da auto-afirmação cada ser se centra em si mesmo e seu instinto é conservar-se, defendendo-se contra todo tipo de ameaça contra sua integridade e a sua vida. Ninguém aceita morrer. Quer viver, evoluir e se expandir. Essa força explica a persistência e a subsistência do indivíduo. Precisamos neste ponto superar totalmente o darwinismo social segundo o qual somente os mais fortes e adaptáveis triunfam e permanecem. Essa é uma meia verdade que está na contramão do processo evolucionário. Este não privilegia os mais fortes e adaptáveis. Se assim fora, os dinossauros estariam ainda entre nós. O sentido da evolução é permitir que todos os seres, também os mais vulneráveis, expressem virtualidades latentes dentro da evolução. Esse é o valor da interdependência de todos com todos e da solidariedade cósmica. Todos, fracos e fortes, se entreajudam para coexistir e coevoluir. Pela segunda força, a da da integração, o indivíduo se descobre envolto numa rede de relações,
sem as quais, sozinho como indivíduo, não viveria nem sobreviveria. Existe o individuo mas ele vem de uma família, se insere num grupo de trabalho, mora numa cidade e habita um país com um tipo de organização social. Ele está ligado a toda esta cadeia de relações. Assim todos os seres são interconectados e vivem uns pelos outros, com os outros e para os outros. O indivíduo se integra, pois, por natureza, num todo maior. Mesmo que o indivíduo morra, o todo garante que a espécie continue permitindo que outros representantes venham a nos suceder. Sabedoria humana é reconhecer o fato de que chega certo momento na vida no qual a pessoa
deve se despedir para deixar o lugar, até fisicamente, a outros que virão. O universo, os reinos, os gêneros e as espécies e também os indivíduos humanos se equilibram entre estas duas forças: a da auto-afirmação do indivíduo e a da integração num todo maior. Mas esse processo não é linear e sereno. Ele é tenso e dinâmico. O equilíbrio das forças nunca é um dado, mas um feito a ser alcançado a todo o momento. É aqui que entra o cuidado responsável. Se não cuidarmos ou pode prevalecer a auto-afirmação do indivíduo à custa de uma insuficiente integração e então predomina a violência e a autoimposição ou, ao contrário, pode triunfar a integração a preço do enfraquecimento e até anulação do indivíduo e então ganha a partida o coletivismo
e o achatamento das individualidades. O cuidado aqui se traduz na justa medida e na autocontenção para não privilegiar nenhuma destas forças. Efetivamente, na história social humana, surgiram sistemas que ora privilegiam o eu, o individuo, seu desempenho, sua capacidade de competição e a propriedade privada como é o caso da ordem capitalista ou ora prevalece o nós, o coletivo, a cooperação e a propriedade social como é o caso do socialismo real que foi ensaiado na União Soviética e ainda persiste, em parte, na China. A exacerbação de uma destas forças em detrimento da outra, leva a desequilíbrios, conflitos, guerras e tragédias sociais e ambientais. Com referência ao meio ambiente tanto o capitalismo quanto o socialismo foram depredadores e pioraram as condições de vida da maioria das populações. Em ambos os sistemas o cuidado responsável desapareceu para dar lugar à vontade de poder, ao enfrentamento entre ambos e até a brutalidade nas relações mundias visando a corrida armamentista e a dominação do curso do mundo. Qual é o desafio que se dirige ao ser humano? É o cuidado responsável de buscar o equilíbrio construído conscientemente e fazer desta busca um propósito, uma atitude de base e até um projeto político. Portador de consciência e de liberdade, o ser humano possui esta missão que o distingue dos demais seres. Só ele pode ser um ser ético, um ser que cuida de si e que se responsabiliza pela comunidade de vida. Ele pode ser hostil à vida, colocar-se, como indivíduo dominador, sobre as coisas. Mas pode ser também o anjo bom que se sente integrado na comunidade de vida, junto com as coisas. Depende de seu empenho manter o equilíbrio entre a auto-afirmação e a integração num todo e não permitir que forças dilaceradoras dirijam a história. Por ser ético, coloca-se ao lado daqueles que tem dificuldades em se autoafirmar e assim sobreviver e impedir uma integração que destrói as individualidades em nome de um coletivo amorfo. Eis uma síntese sempre a ser construída. *Teólogo e escritor, publicado no site http://leonardoboff.wordpress.com
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Ricardo Rabelo Sucessão estadual
Circula na boca pequena que o governador Sérgio Cabral pode lançar o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, à sucessão estadual. Como o atual vice Pezão não decola nas pesquisas, seria a carta na manga para 2014, tendo como vice o secretário de segurança José Mariano Beltrame. Para isto, seu partido (PMDB) teria que abrir mão da administração municipal para o vice de Paes, o petista Adilson Pires. A avaliação é de que ainda é melhor governar em âmbito estadual. Acho que a estratégia pode ser um tiro no pé já que o pré-candidato petista Lindberg Faria teria a “maquina” municipal trabalhando em favor de sua candidatura.
Garotinho
sucessão estadual seria uma eventual vitória de Anthony Garotinho. Ele fez uma administração medíocre quando governador adotando práticas políticas questionáveis, marcadas pelo clientelismo. Garotinho atropela até mesmo os seus aliados. Basta lembrar o golpe “rasteiro” contra Leonel Brizola, seu mentor. O ideal mesmo é que seja derrotado e fique sem mandato político. O Rio se veria livre deste engodo!
Outro engodo é o ex-prefeito Cesar Maia. Tomara que sequer seja candidato para não termos que assistir uma campanha marcada pelos golpes rasteiros, marca política de Maia. Está mais do que na hora dele pendurar as chuteiras e deixar “a fila andar”.
ocasião, eu conheci o meu país já que saí daqui ainda bebê. Fiquei muito emocionado de reencontrar a minha família (tios, primos). A lição do exílio foi esta: a nossa pátria sempre será a nossa pátria. Democracia sempre!
BH: do Arraial à Metrópole
Dilma
Cesar Maia
Lindberg
O pior cenário para a
O senador Lindberg Faria precisa provar que pode ser a renovação política no estado. Não gostei nada ver o ex-carapintada orando num culto evangélico ao lado do pastor Malafaia. Se insistir nesta prática para conseguir votos, vai ficar desmoralizado.
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Pelo andar da carruagem, a presidente Dilma deve ser reeleita no primeiro turno. Nunca vi a direita tão inoperante no Brasil como agora. Nem mesmo a grande imprensa consegue neutralizar o avanço da petista. Patético é ver Aécio Neves pintar um quadro desolador do país quando na verdade acontece exatamente o contrário. Estamos bem e muito melhor que as economias europeias à beira da bancarrota.
Democracia Sempre! Dia 01 de novembro fez 34 anos que eu e minha família voltamos de um exílio de 16 anos no Chile e na França. Na
Meu pai, o jornalista José Maria Rabelo, já tem data marcada para o lançamento de seu próximo livro. A obra “Belo Horizonte: do Arraial à Metrópole” será lançada com coquetel para 500 pessoas no dia 12 de dezembro, no Palácio das Artes, em BH. O livro faz várias retificações sobre o que é apresentado como a versão verdadeira de importantes episódios da vida da Cidade, a começar pela criação do arraial de Curral del Rei, atribuída erroneamente a Silva Ortiz, como único fundador. Quem foram os verdadeiros fundadores de Curral del Rei? Como se fez a disputa em torno do local para a nova sede do governo mineiro? A reação de Ouro Preto contra a mudança da capital, que quase provocou um levante militar. O atentado para assassinar o presidente João Goulart em comício
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na Praça da Estação. O papel do negro e da mulher, ignorado por grande número de historiadores. Os diferentes estilos que marcaram a arquitetura da Capital. A especulação imobiliária e a mineração sem controle, responsáveis por sérias agressões ao patrimônio urbanístico e ao meio ambiente, principalmente na Serra do Curral. Reunindo uma equipe de pesquisadores e analistas, esta é uma obra para quem quiser conhecer e entender a história da Cidade em seus múltiplos e diferentes aspectos.
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Barack Obama: pato manco? Emir Sader*
da derrota do governo do Assad ao isolamen-
Não faltasse todo esse cenário, os escân-
Completa-se um ano da reeleição do
to do Irã e a abertura da via para o ataque
dalos de espionagem denunciados por Sno-
Obama e nada indica que seu mandato será
ao Irã, não pôde concretizar-se. Ao contrário,
wden, não param de provocar desgastes aos
distinto do primeiro. Nada de terminar com
o que parecia impossível no começo do ano,
EUA, até com seus aliados mais próximos,
Guantanamo, as guerras do Iraque e do Afe-
se concretiza: negociações diretas dos EUA
como a Alemanha a França e o México.
ganistão não amainam, não desencalha a
com o Irã. Nos dois casos, Síria e Irã, se está
Muito precocemente Obama parece ter
reforma da saúde e não consegue
esgotado completamente os so-
aprovar a nova lei de imigração. Mui-
nhos com que foi eleito há cinco
to cedo o Obama virou pato manco.
anos e com as esperanças com
É como se seu mandato começasse
que foi reeleito há um ano. Entram
a terminar precocemente.
os EUA em ano de eleições parla-
Até no plano da política inter-
mentares e os cenários presiden-
nacional as coisas estão longe do
ciais começam a ser desenhados,
que Obama planejava. No começo
entre um novo líder republicano e
do ano, tinha em perspectiva um
a nova tentativa de Hilary para ser
ataque à Síria, que debilitasse o
a candidata dos democratas.
governo do Assad, acreditando
que retomaria as negociações de
primeiro presidente norte-ameri-
Genebra, com o suposto da saída
cano, depois do desgaste de Ge-
do presidente atual como condição.
orge Bush, numa bela campanha,
Para quem foi eleito como o
Obama não conseguiu criar as condições
prestes à assinatura de acordos de paz, para
o fim do mandato de Obama é melancólico,
políticas para militarizar o conflito, como os
desespero de Israel, da Arábia Saudita e do
sem nem sequer garantir que poderá eleger
EUA costumam fazer. Perdeu o apoio da Grã
Kuait.
seu sucessor. Mais um sintoma do longo pro-
Bretanha, dos norte-americanos, até mesmo
A projeção da Rússia como agente de ne-
cesso de decadência da hegemonia norte-
dos militares dos EUA. Teve que se somar à
gociações de paz no mundo e a da imagem
-americana no mundo. Também no plano
iniciativa russa de negociações de paz, que
de Putin como líder mais poderoso do que
político – além do econômico – se desenha
se afirmam como a via de solução do conflito
Obama, complementam um quadro interna-
o mundo multipolar do século XXI.
sírio.
cional que teve inflexões importantes nestes
O passo seguinte, que seria o de passar
últimos meses.
* Sociólogo e escritor publicado no Carta Maior - www.cartamaior.com.br
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As lições de Libra Mauro Santayana* A mobilização de várias organizações, e a greve dos petroleiros, com a apresentação de dezenas de ações na justiça, não conseguiu impedir que o Leilão de Libra fosse realizado com a vitória de duas estatais chinesas, duas multinacionais europeias, e participação, em 40%, da Petrobras. Obviamente, do ponto de vista do interesse nacional, o ideal seria que o negócio tivesse ficado totalmente com a Petrobras, ou melhor, com outra empresa, 100% estatal e brasileira (a PPSA não tem estrutura de produção própria) encarregada de operar exclusivamente essas reservas. Não podemos esquecer que a Petrobras – por obra e arte sabe-se muito bem de quem - não é mais uma empresa totalmente nacional. Os manifestantes que enfrentaram a polícia, nas ruas do Rio de Janeiro, ontem, estavam – infelizmente - e muitos nem sabem disso, defendendo não a Petrobras do “petróleo é nosso”, mas uma empresa que pertence, em mais de 40%, a capitais privados nacionais e estrangeiros, que irão lucrar, e muito, com o petróleo de Libra nos próximos anos. De qualquer forma, a lei de partilha, da forma como foi aprovada, praticamente impedia que a Petrobras ficasse com 100% do negócio. Além disso, institucionalmente, a empresa tem sido sistematicamente sabotada, nos últimos anos, pelo lobby internacional do petróleo. E cometeram-se, no Brasil, diversos equívocos que a enfraqueceram empresarialmente, o mais grave deles, o incentivo dado à venda de automóveis, sem que se tivesse assegurado, primeiro, fontes alternativas – e, sobretudo nacionais – de combustível. A questão geopolítica é, também, bastante delicada. O Brasil lançou-se, com determinação e talento, à pesquisa de petróleo na zona de projeção de nosso território no Atlântico Sul, antes de estar militarmente preparado para defendê-la. O embate entre certos segmentos da reserva das Forças Armadas - principalmente aqueles que fazem lobby ou estão ligados a empresas de países ocidentais – e militares nacionalistas que propugnam que se busque tecnologia onde ela esteja disponível, como os BRICS, tem atrasado o efetivo rearme do país, que, embora necessário, deve ser conduzido com cautela, para não provocar nem atrair demasiadamente a atenção de nossos adversários. O mundo está mudando, e o Brasil com ele. Seria ideal, se pudéssemos simplesmente virar as costas para os países ocidentais - que sempre exploraram nossas riquezas e tudo fizeram para tolher nosso desenvolvimento - e nos integrarmos, de uma vez por todas, ao projeto BRICS, e a países como a China e a Índia, que estarão entre os maiores mercados do mundo nas próximas décadas. Esse movimento de aproximação com os maiores países emergentes – lógico e inevitável, do ponto de vista histórico – terá que ser feito, no entanto, de forma paulatina e ponderada. Parte da sociedade ainda acredita – por ingenuidade, interesse próprio ou falta de brio, mesmo – que para sermos prósperos e felizes basta integrarmo-nos e sujeitarmo-nos plenamente à Europa e aos Estados Unidos. E que temos que abandonar toda veleidade de assumir um papel de importância
no contexto geopolítico global, mesmo sendo a sexta maior economia e o quinto maior país do mundo em território e população. É essa contradição e esse embate, que vivemos hoje, em vários aspectos da vida nacional, incluindo a defesa e a exploração de petróleo. É preciso explorar o petróleo do pré-sal e nos armar, para, se preciso for, defendê-lo. Mas, nos dois casos, não podemos esperar para fazê-lo nas condições ideais. O resultado do Leilão de Libra reflete, estrategicamente, essa aparente contradição geopolítica. Mesmo que esse quadro não tenha sido ponderado para efeito da negociação, ele sugere que se buscou uma solução feita, na medida, para agradar a gregos e troianos. Sem deixar de mandar um recado aos norte-americanos. Independente da questão de capital e de tecnologia – a da Petrobras é superior à dos outros participantes do consórcio – poderíamos dizer que: Os chineses entraram porque, como membros do BRICS, e parceiros antigos em outros projetos estratégicos, como o CBERS, não poderiam ficar de fora. Os franceses foram contemplados porque são também parceiros estratégicos, no caso, na área bélica, por meio do PROSUB, na construção de nossos submarinos convencionais e atômico. Os anglo-holandeses da Shell – mais os ingleses que os holandeses – entraram não só para reforçar a postura de que o Brasil não estava fechando as portas ao “ocidente”, mas também para tapar a boca de quem, no país e no exterior, dizia que o leilão estaria fadado ao fracasso devido à ausência de capital privado. O lobby internacional do petróleo, no entanto, não descansa. Antes e depois do resultado do leilão, já podia ser lido em dezenas de jornais, do Brasil e do exterior, que o modelo de partilha, do jeito que está, é insustentável e terá que ser mudado. Apesar da declaração do Ministro de Minas e Energia de que o governo não pretende alterar nada – e da defesa dos resultados do leilão feita pela Presidente da República na televisão – já se fala na pele do urso e as favas se dão por contadas. Os argumentos são de que não houve concorrência – interessante, será que o “mercado” pretendia que o governo ficasse com mais petróleo do que ficou? – que a Petrobras não tem escala para assumir os poços que serão licitados no futuro – uma “consultoria” estrangeira disse que a Petrobras já está com “as mãos cheias” com Libra, e as exigências de conteúdo local. Isso tudo quer dizer o seguinte: a guerra pelo petróleo brasileiro não acaba com o leilão de Libra. Ela está apenas começando, e vai ficar cada vez pior. Já que não podemos ter o ideal, fiquemos com o possível. Os desafios para a Petrobras, daqui pra frente, serão tremendos, tanto do ponto de vista institucional, quanto do operacional, na formação e contratação de mão de obra, no gerenciamento de projetos, no endividamento, no conteúdo nacional. É hora de cerrar fileiras em torno daquela que é – com todos os seus problemas - a nossa maior empresa de petróleo. A sorte está lançada. A partir de agora, os adversários do Brasil, e da Petrobras, vão fazer de tudo para que ela se dê mal no pré-sal. *Jornal do Brasil
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Wanderley Monteiro
Entrevista
“O samba é MPB”
Por Ricardo Rabelo
Wanderley Monteiro é um ícone do samba carioca. Ao longo de 30 anos de carreira já compôs mais de 200 letras, sendo inclusive campeão quatro vezes pela Portela e vencedor do enredo do bloco Simpatia em 2000. O curioso é que o artista não abandonou a carreira de bancário no Banco do Brasil, ocupação que exerce simultaneamente. “No banco eu sou um instrumento. No samba uso outro instrumento”, revela. Seu samba de maior sucesso é “Água de Chuva no Mar”, consagrado na voz da eterna Beth Carvalho. A música se tornou uma espécie de hino nas rodas de todo o país: “É água de chuva no mar / Caminha pro mesmo lugar / Sem pressa, sem medo de errar / É tão bonito... / É tão bonito o nosso amor”, diz a letra. Em entrevista ao Bafafá, Wanderley aborda vários temas: início de carreira, arte de compor, fonte de inspiração, política e até sobre a vinda de médicos cubanos ao Brasil. “Acho válido a vinda de médicos diante da carência que temos”, assinala. Sobre a separação do samba com a MPB, ele critica: “O samba é MPB. É popular, muito popular”.
Como e quando decidiu ser A verdade é que sou autodidata no inesgotável, cerca de 90% da múcavaquinho. Não leio partitura, mas As duas coisas me dão muito prazer, sica brasileira tem esse tema. E vai artista? Desde criança eu gostava de música, por influência da família e dos amigos. Meu pai gostava de acordeom. Aos 15 anos ganhei um cavaquinho, comecei a tocar com o grupo Copa 4 em festas, rodas e de repente a coisa ficou séria, já estava engajado na música. Comecei também a compor e nunca mais parei.
Chegou a estudar música? Um pouco. Aprendi primeiro sozinho e depois estudei com o Mauro Diniz que hoje é meu parceiro de música e também com o Vanderson Martins.
principalmente quando me apaixono pela música que fiz. Compor é mais individual, solitário. Já ao cantar tenho o público na minha frente cantando comigo, aplaudindo. Talvez por isso seja mais prazeroso. Você leva alegria para as pessoas, divide É mais fácil trabalhar num ban- emoções. Isso não acontece quando apenas compõe. co ou compor um samba? cifra sim. Como eu tinha (e tenho até hoje) outra atividade decidi não entrar de cabeça na música, preferi só fazê-la por prazer. Até hoje sou um funcionário de carteira assinada (riso).
continuar sendo assim (riso).
O samba é alegre com letras tristes?
Pode ser. Hoje as pessoas são embaladas pelo andamento e pela melodia. Depois é que vão prestar atenção na letra. A melodia faz a pessoa prestar atenção na música. Fazer um samba, né? (riso). Na Qual é a melhor fonte de ins- Você pode ter uma letra triste com verdade no banco eu sou um instru- piração? um samba alegre. mento. No samba uso outro instruEu não sei se tudo dá samba, mas Qual é o segredo para compor mento (riso). quando o compositor quer ele faz um bom samba? Gosta mais de cantar ou qualquer samba. Para mim o carro chefe é o amor (riso). É uma fonte Não tem segredo, nem receita. Se compor?
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muito popular (riso). Obviamente que o samba é o filho mais pobre da MPB. Isso tem a ver também com o sambista, a desunião, falta de postura.
os baderneiros se aproveitaram e atrapalharam bastante. Mas, é um sinal de mudança. As pessoas não estão mais aceitando blá, blá, blá. Isso é bom!
As gravadoras agonizam?
O que achou da vinda de médicos cubanos?
Com o advento da Internet, as gravadoras tiveram uma queda brutal de arrecadação no mundo inteiro. Elas não passam por um bom momento, mas ainda podem recuperar terreno com a venda de aplicativos. vai ficar bom ou não nem é você que vai dizer, é o público. Você pode ter sambas que gosta e ele não acontece. Já outros que você não dá valor, as pessoas pedem para ele ser cantado. É o público que determina se o samba é bom ou não.
passaram a compor, o compositor precisou ir para a rua para se man- O samba foi redescoberto ter. Foi então que começaram a apa- pelos jovens? recer. Foi ótimo porque passamos a O samba nasceu na rua e depois conhecer o outro lado deles (riso). subiu o morro devido à perseguição policial. Com a violência no morro, Quantos discos gravou? voltou para a rua e ficou mais conheO samba é eterno? Consagração (2012) e Vida de Com- cido com grandes artistas cantando, entre eles, Marisa Montes. Assim positor (2004) Não vai morrer nunca. Fiz um show desperta mais interesse dos jovens. em Itaboraí recentemente e vi um Qual é a melhor roda de samgarotinho de 10 anos, Felipe Cauã, ba da cidade? Você acha que ainda pode cantando Cartola, Candeia, Paulo da surgir outro estilo musical? Portela, João Nogueira e Martinho Gosto da roda do Candongueiro e do da Vila. Ai pensei comigo mesmo: é Samba do Trabalhador O Brasil é muito talentoso, é viável por isso que o samba não vai morrer surgir outro estilo. Pode partir ou nunca. Tudo também depende da As rádios tocam samba? não do samba, mas vai partir do referência, enquanto tiver gente cansamba (riso). tando vai ter gente ouvindo (riso). As rádios de frequência AM tocam Hoje o samba está firme e forte, não bastante, mas pouco nas FMs onde A bossa nova estagnou? agoniza. isso é pontual, aos sábados e domingos. Precisamos de mais, até porque Tem muita gente cantando e fazenOs compositores mais velhos tem muita gente nova chegando que do show de bossa nova. Só acho são destaque? que não se compõe mais. Mas, tem precisa ser ouvida. público ainda. Sim, aconteceu um fenômeno inte- Por que o samba não faz parte ressante. Os compositores antiga- da MPB? Como está vendo o momento mente não gravavam, tinham can- Eu não comungo com esse pensa- político no Brasil? tores para isso. Quando os cantores mento. O samba é MPB. É popular, O povo começou a acordar. Com isso
Minha filha está em Cuba estudando medicina. No Brasil, damos educação de graça nas universidades federais e não cobramos dos formados nenhuma contrapartida social. Acho que deviam “pagar um pedágio” e atender os necessitados no país afora, obviamente que assalariados e com moradia. Acho válido a vinda de médicos diante da carência que temos.
Tem alguma utopia? Isso é mais contundente quando temos 20, 30 anos (riso).
Quais são seus projetos? Compor, cantar e fazer shows. E de vez em quando viajar com a minha mulher Michele para descansar, né?
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Vitrola
Alexandre Nadai E a “Vitrola” vem tocando no ritmo de Cartola e, Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, na suave interpre-
tação de Márcio Thadeu em seu “Negro Canto II”. O CD prima pela simplicidade nos arranjos, deixando sobressair a bela voz do cantor, clara, brincando com sucessos com um estilo muito próprio. “Acontece” abre o trabalho e depois caminhamos com “Falsa Baiana”, “Que Samba Bom”, “Pisei num Despacho”, “Cordas de Aço”, Sem Compromis-
so”, “Escurinho”, “Escurinha”,”Você está Sumido” , “Autonomia”, “Corra e Olhe o Céu” e “Tive Sim”. Uma boa releitura. O show ao vivo ainda guarda pérolas como releituras de Simonal e Emílio Santiago. Dudu Viana responde pelos arranjos. Por falar nisso, o time de músicos é bom gravado e ao vivo, vale conferir. Meu amigo Victor Alvim Lobisomem lançou o seu primeiro clipe, onde divide a música “Cinco Salomão” com a maravilhosa Glória Bonfim. Como ele diz: para trazer luz, axé e energia positiva. Muito legal ver o trabalho do Lobinho, capoeirista, cordelista
de primeira, um defensor da cultura, com quem aprendo muito sobre a arte popular. O clipe traz um pouco do que a gente vive nos encontros no Quintal do Lobisomem, na Zona Norte, onde o samba, a capoeira, o jongo, cordel, poesia, quem é de batuque e quem é só curioso pode sentar participar ou não, mas ficar à vontade, aprendendo o que preza o bom malandro, o respeito ao terreiro. O “Cinco Salomão” conseguiu trazer tudo isso na “Feirinha da Glória”, com um roteiro simples, claro, sem “invencionices” e convenções. Papo reto e direto. E eu sigo aqui com o meu patuá. O “Meu Defeito”, de Leo Russo, que a gente já havia comentado, quando as músicas estavam sendo produzidas, virou clipe. E que clipe! A direção musical é do maestro Rildo Hora. O garoto Leo Russo, além de bonitão, tem um vozeirão que vou lhe dizer. Canta demais. Além de tudo tem moral. No time de participantes do clipe, tinha uma legião de botafoguenses ilustres e alguns furões ilustres que não eram torce-
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dores do time da estrela solitária. Stephan Nercessian foi o fio condu-
tor do clipe, o casseta Hélio de La Peña também bateu ponto pra tomar uma cerva. Carlinhos de Jesus riscou o chão. E Zeca Pagodinho também estava na área. Zé Luiz do Império, Tia Surica, Alex Ribeiro e muita gente bonita. Bela produção. Como ator não levo fé não, mas cantando o moleque arrebenta. Ah!!! E também tenho esse defeito: gostar de beber…. http://www.leorusso.com.br/ É isso, a “Vitrola” vai rolando por aqui, fim de ano chegando e dezembro já vem preparando a galera para 2014. Fui. alexandre.nadai@gmail.com
O grande Monsueto Luis Pimentel*
Alma do samba e do espírito carioca, o homenageado dessa crônica é o cantor, compositor, instrumentista e “figuraça” Monsueto Campos de Menezes (1924-1973). Contam que autor dos clássicos Mora na filosofia (“Eu vou lhe dar a decisão:/Botei na balança, você não pesou/Botei na peneira, você não passou”) e A fonte secou (“Eu não sou água, para me tratares assim/Só na hora da sede é que procuras por mim”) foi procurar o humorista, comediante e escritor Chico Anysio, que sempre teve fama de não medir esforços para ajudar os amigos em dificuldades.
– Chico, preciso de ajuda. Estou há um tempão sem gravar nem fazer shows. Numa dureza de dar dó. Veja aí o que você pode fazer por mim. Logo, logo Chico Anysio criou um personagem para ser interpretado por Monsueto, em seu programa humorístico de televisão. Conseguiu aprovar o personagem junto à direção da emissora e o procurou: – Agora é só ir lá, Negão, e negociar o salário para a gente começar a gravar. Monsueto ficou eufórico: – E quanto eu peço, Chico? Quanto eu peço de grana? Chico Anysio disse que não interferia nas negociações salariais entre os artistas e a Globo, que ele fosse lá e visse o quanto poderia conseguir.
Imediatamente Monsueto fez uma pesquisa junto a vários colegas, ouvindo de todas a “informação” de que a TV Globo pagava rios de dinheiro. Já foi falar com o responsável pela
parte financeira imbuído desse espírito, quando se deu o seguinte diálogo: – O senhor está pensando em pedir quanto de salário? – perguntou o executivo. – Oitocentos! – respondeu Monsueto, na bucha.
Depois de folhear alguns papéis e fazer alguns cálculos, usando uma maquininha, o representante da grana e da empresa informou: – O máximo a que podemos chegar é a 20. E o grande Monsueto, sem pestanejar: – Topo! O primeiro sucesso de Monsueto como compositor foi Me deixa em paz, gravado por Linda Batista. Foi ainda ator de cinema, show-man, cômico de televisão e diretor de bateria e harmonia de várias escolas de samba. Compôs umas 150 músicas e foi gravado por grandes intérpretes da MPB. Viveu e morou na filosofia, na melhor delas. *Jornalista e escritor
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ONU A Assembleia Geral das Nações Unidas recebeu no início de novembro uma proposta de resolução criada pelo Brasil e pela Alemanha sobre o direito à privacidade na era digital. O texto será considerado pela Terceira Comissão do órgão, voltada a assuntos Sociais, Humanitários e Culturais. Em uma outra fase, o documento será avaliado pelo plenário da Assembleia. A proposta observa que o desenvolvimento tecnológico aumentou “a capacidade de governos, empresas e indivíduos de vigiar, interceptar e coletar dados”. O texto nota que essas ações podem violar os direitos humanos, em especial o direito à privacidade, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Segundo a proposta de resolução, a “vigilância ilegal das comunicações e a coleta ilegal de dados pessoais” são atos “altamente intrusivos, que violam a liberdade de expressão”. O documento proposto pelo Brasil e Alemanha também destaca que as medidas para combater o terrorismo devem estar de acordo com os direitos humanos. Se for aprovada, a resolução pede aos 193 países que integram a ONU a adotarem medidas que previnam as violações mencionadas e revisem suas práticas sobre vigilância e coleta de dados pessoais para assegurar o direito à privacidade. No texto da proposta, é dedicado um parágrafo à Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, pedindo para que ela apresente um relatório sobre a proteção da privacidade na vigilância das comunicações. A iniciativa do Brasil e da Alemanha sugere ainda que o tema seja prioridade na próxima sessão da Assembleia Geral, que terá início em setembro de 2014. Fonte: ONU
Greenpeace Vinte e oito ativistas do Greenpeace Internacional e dois jornalistas continuam presos na Rússia suspeitos de vandalismo e pirataria. Entre eles está a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, de 31 anos. O grupo foi preso no dia 19 de outubro após um protesto pacífico contra a exploração de petróleo no Ártico, em uma plataforma da Gazprom, no mar Pechora. Eles podem ser condenados a alguns anos de prisão. Precisamos de sua ajuda para levar Ana Paula, os ativistas e jornalistas de volta para casa. Envie uma carta à presidente Dilma e ao embaixador da Rússia no Brasil Sergey Pogóssovitch pedindo a intervenção deles junto às autoridades russas. Você também pode ligar para a Embaixada ou para os Consulados do Rio de Janeiro e São Paulo para pedir a libertação da nossa ativista Ana Paula. Embaixada da Rússia: (61) 3223-3094/4094 Consulado Geral da Rússia em São Paulo: (11) 3814-4100 Consulado Geral da Rússia no Rio de Janeiro: (21) 2274-0097 Fonte: Greenpeace
Millor na FLIP 2014 Dramaturgo, editor, tradutor, artista gráfico, uma das figuras mais marcantes da imprensa brasileira, Millôr Fernandes será o autor homenageado da 12ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. Morto em março de 2012, aos 88 anos, Millôr deixou uma inesgotável obra literária e intelectual, incluindo peças de teatro, livros de prosa e poesia, romances, desenhos, exposições de pintura, traduções, roteiros de cinema e textos na imprensa. Irreverente, participou de todos os movimentos de renovação cultural da segunda metade do século XX. Lançou sua própria revista, a Pif-Paf, um mês após o golpe militar, transformando seu estúdio em redação. Quinzenal, a publicação reuniu alguns dos maiores nomes do humor de então, como Ziraldo e Jaguar. Apesar de não ter uma proposta política ou ideológica definida, a revista foi perseguida, considerada pelo serviço de informações do exército como o início da imprensa alternativa no Brasil. Pif-Paf durou apenas oito números. Millôr teve papel relevante também na dramaturgia brasileira, e sua produção como tradutor foi considerada a mais importante do teatro no país, com destaque para as traduções das obras de Shakespeare.
Acervo Passado Musical A música brasileira é parte forte de nossa identidade nacional e um cartão de visitas de nosso país no exterior. Desde os primeiros discos de 78 RPM, nossa música tem sido registrada, proporcionando às novas gerações uma memória rica de nosso passado. A Biblioteca Nacional possui um acervo sonoro de milhares de itens, nacionais e estrangeiros, em discos e fitas de várias tecnologias. Os mais antigos são os de 78 RPM, datando o primeiro identificado da discografia brasileira de 1900. Viaje ao Passado Musical através deste projeto. As ações foram divididas em dois grandes segmentos – as ações que aconteceram sobre o suporte tradicional, tendo em vista a sua preservação a longo prazo, e aquelas que usavam a tecnologia de informação e comunicação. Mais informações: http://www.bn.br/site/pages/bibliotecaDigital/passadomusical/script/index.asp
Prêmio Arte e Patrimônio O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) lançou o Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio 2013. A proposta é premiar artistas para desenvolverem projetos inéditos relacionando os conceitos de arte e patrimônio. Nesta terceira edição, o Prêmio terá algumas diferenças das edições anteriores, realizadas em 2007 e 2009. O número de premiados foi ampliado e, desta vez,
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serão escolhidos 40 artistas brasileiros que vão desenvolver trabalhos inéditos. As obras serão expostas em uma mostra coletiva. No Prêmio Arte e Patrimônio 2013, os vencedores vão realizar projetos relacionados aos temas arte e patrimônio que deverão seguir um dos quatro eixos curatoriais: patrimônio cultural como arte, patrimônio cultural como tradição, patrimônio cultural como civilização ou patrimônio cultural como cosmologia. Cada vencedor vai receber R$ 50 mil. A seleção vai priorizar os artistas que, no conjunto de sua obra, estabeleçam o melhor diálogo entre as artes visuais contemporâneas e o patrimônio histórico e artístico nacional. Serão levadas em conta as múltiplas interações entre os trabalhos artísticos e os acervos, as tradições, as culturas e os sítios que estabeleçam a memória do País. Inscrições. Os interessados têm até 25 de novembro de 2013 para se inscreverem. As inscrições são gratuitas e é possível concorrer com mais de um projeto, desde que sejam inéditos. A documentação deverá ser enviada por sedex (para o Centro Cultural Paço Imperial / Iphan / MinC – Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20010-010) ou no site http://portal.iphan.gov.br
Rio tem novo Rei Momo A nova realeza do Carnaval Carioca foi eleita hoje, dia 8 de novembro, na Cidade do Samba. O Rei Momo Wilson Dias da Costa Neto comandará a corte, ao lado da rainha Letícia Guimarães e das princesas Clara Cristina Paixão (1ª princesa) e Graciele Souza Ferreira, (2ª princesa). Os vencedores receberam o prêmio de R$ 20 mil (Rei e Rainha). O novo Rei Momo desbancou o então monarca da folia Milton Rodrigues da Silva Jr, 34, que ficou durante cinco anos consecutivos na Corte. O sambista e bancário desfila desde os oito anos de idade na Vila Isabel e disputou pela segunda vez o reinado. Fonte: Riotur
Kelly assina marchinha do Prata Preta O embaixador das marchinhas, João Roberto Kelly, assina a marchinha do Cordão do Prata Preta. O nome da agremiação faz alusão a Horácio José da Silva (Prata Preta) líder da Revolta da Vacina, ocorrida em 1904. O Cordão, da Região Portuária, desfila no sábado de carnaval e terá como tema “Golpe Militar de 64, Nunca Mais”. Confira a marchinha: Ê, Ê, Ê, Ê, Á, Á O Prata Preta (bis) Voltou a circular Voltou a circular num Cordão Cheio de alegria Nas ruas da Gamboa Na Praça da Harmonia A ele a homenagem principal Do nosso carnaval (bis)
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Armazém São Thiago: Botequim carioca dos anos 20 O Armazém São Thiago em Santa Teresa, mais conhecido como Bar do Gomez, transpira história. Localizado há mais de 90 anos na esquina das ruas Áurea e Monte Alegre, permanece com a decoração original e disputa o título de mais antigo bar da cidade. A história do bar começa em 1907, quando o espanhol Jesus Pose Garcia trabalha como balconista na Mercearia Secos & Molhados pertencente a um português. Em 1919, Jesus arrenda a loja e a batiza de Armazém São Thiago, homenageando à sua cidade natal, Santiago de Compostela. O Armazém São Thiago passa a ser um armazém sofisticado, com grande variedade de vinhos, azeites, grãos, cervejas, frutas em lata, biscoitos ingleses e inúmeros outros produtos importados. Na década de 70, a onda dos supermercados
chega no Rio, tirando o espaço das mercearias e armazéns. Para atrair novos fregueses, Seu Gomez, sobrinho-neto de Sr. Garcia, transforma o local em bar e acaba sem querer emprestando seu nome ao estabelecimento. Em 2003 o bar sofre uma grande reforma, recuperando as características originais do armazém, mantendo o estilo dos anos 20, com mesas que se espalham pelo salão. É um daqueles bares que quando a gente entra, parece que foi transportado para outra época com sua mobília do início do século passado. O interessante é que a casa não serve refeições. No entanto, tem um cardápio variado de tira-gostos, sanduíches, vinhos, cervejas e mais de 120 tipos de cachaça. Para completar tem um garçom que é uma verdadeira figura. O Wenderson, conhecido como
Caneta, atende o público com dezenas de canetas, de todos os tipos e cores no seu avental. Ele garante ter mais de 2 mil canetas em sua coleção e não se incomoda com novas doações: “Qualquer uma serve, de Bic a Mont Blanc”, brinca.
Armazém São Thiago Rua Áurea, 26 - Santa Teresa - Rio de Janeiro De segunda a sábado de 12h às 01h Domingos de 12h às 22h - (21) 2232-0822 Aceita cartões de crédito e débito Fonte: Armazém São Thiago e Ricardo Rabelo
adras s, piscinas e qu pistas, campo s na r lo va apoio. u ção, técnica e mostrando se iplina, supera asileiros vêm sc br di s a, co rr pi ga lím : s coisas Os atletas para ANDEF parte soma de muita alto nível é a paralímpica da se pe es ui E . eq do a un ra m rtendo pa do Brasil e do l de levar a história, reve tem potencia zer parte dess fa de o lh , ajudar quem gu RJ or TE m te LO a RJ ra TE A LO téricos. Pa de bilhetes lo gulho mesmo. com a venda o tid ob o cr lu privilégio. É or um só do seu é o nã dio ais alto do pó asil ao lugar m o nome do Br
RIA COM A PARCE DEF, LOTERJ E AN HAM ALGUNS GAN PRÊMIOS. HAM OUTROS, GAN OURO.