JBG Novembro 2012

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JORNAL DO BAIXO GUADIANA | NOVEMBRO 2012 |

JORNAL DO

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Baixo

Guadiana Director: Carlos Luis Figueira Propriedade da Associação ODIANA Fundado pela Associação Alcance em 2000

NOVEMBRO 2012

Jornal Mensal Ano 12 - Nº150

PREÇO: 0,85 EUROS

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS AUTORIZADO A CIRCULAR EM INVÓLUCRO FECHADO DE PLÁSTICO OU PAPEL PODE ABRIR-SE PARA VERIFICAÇÃO POSTAL DE 01132011 SNS/GSCS

TAXA PAGA

PORTUGAL CEM NORTE

Outrora criada com o objetivo da promoção das pescarias, e realizada frente aos areais do Guadiana, atualmente é pelo centro histórico e avenida frente ao Guadiana, que perdura o certame que traz vida à cidade e impulsiona toda a economia do concelho, com a ajuda dos vizinhos espanhóis. A Feira da Praia é património da cidade de VRSA.

A CPCJ realiza um trabalho invisível, moroso, complexo, por vezes ingrato, mas cuja principal preocupação é assegurar os direitos das Crianças consagrados na Convenção. A CPCJ de VRSA atua no terreno desde 2001 e Sílvia Cardoso preside desde 2010 numa comissão que reúne várias entidades do concelho numa abordagem multidisciplinar para trabalhar a criança como um todo. A conversa foi preenchida com os direitos das crianças e os deveres dos adultos. Em tempos de crise e em que troika é a palavra mais ouvida, a responsável confessa ter receio que quem tome decisões não esteja a ter em consideração documentos como a Declaração dos Direitos da Criança. Passos que demoraram tanto tempo a serem dados podem regredir. P 13 a 15 PUB


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JORNAL DO BAIXO GUADIANA |NOVEMBRO 2012

ABERTURA

JBG

Editorial

* O autor não escreve ao abrigo do acordo ortográfico

Jornal do Baixo Guadiana Diretor: Carlos Luis Figueira Sub-Diretor: Vítor Madeira Chefe de Redação: Susana Helena de Sousa CP 9621 Redação: Antónia-Maria, Carlos Brito, Joana Germano, José Cruz Victoria Cassinello Colaboradores da Edição: Ana Amorim Dias Ana Lúcia Gonçalves Eusébio Costa Fernando Pessanha Humberto Fernandes João Raimundo Martins Guerreiro Pedro Pires Rui Rosa Associação Alcance Associação GUADI Associação Rodactiva DECO Europe Direct Algarve - CCDRAlg e Associação Odiana Departamento Comercial: baixoguadiana@gmail.com e/ou joanagermano@gmail.com Sede e Redação: Rua 25 de Abril, N.º 1 Apartado 21 8950-909 Castro Marim Tel: 281 531 171 Fax: 281 531 080 966 902 856 baixoguadiana@gmail.com Propriedade: Associação Odiana Rua 25 de Abril, N.º 1 Apartado 21, 8950-909 CASTRO MARIM Tel: 281 531 171 Fax: 281 531 080 geral@odiana.pt

O País vive momentos de enormes dificuldades fruto da crise que se arrasta e sobre a qual não se vislumbra saída clara num curto prazo. No próximo Orçamento de Estado está contemplado o maior e mais brutal aumento de impostos da nossa história recente, numa penalização que recai sobre a generalidade dos portugueses. A somar, anunciam-se cortes nas prestações sociais que se traduzirão em maiores dificuldades para quem já tem muito pouco. Aumenta o desemprego fruto da retracção que se regista na economia com o encerramento de centenas de empresas e simultaneamente reduz-se o valor e o tempo de cobertura do respectivo subsídio de 38 para 26 meses. Poucos são os que acreditam neste contexto nas previsões que se avançam sobre crescimento ou retoma da economia do País, a manterem-se as

opções presentes. Até onde tudo isto nos pode levar é a interrogação que a muitos se coloca a justificar inquietações, dúvidas, que alimentam insuportáveis insónias. Ninguém gosta de ser portador de más notícias, mas as coisas são o que são. Acresce que o aumento da pobreza coloca as autarquias na enorme dificuldade de terem, com parcos recursos, porque a crise também conduziu a uma enorme e súbita diminuição das suas receitas, a terem de se substituir ao Estado no auxílio a situações extremas que a cada dia lhes batem à porta na procura de emprego, de habitação ou de perdão de dívidas. Por isso mesmo se saúdam todas as medidas que visam o reforço a que se assiste para consagrar nos respectivos orçamentos verbas que se destinam a manter os apoios sociais às famílias em maiores dificuldades. O protesto que aqui registamos nesta edição da Federação Nacional das Associações de Transportes de Espa-

nha sobre as dificuldades que estão a colocar-se ao exercício da sua actividade pelo pagamento de portagens nas ex- SCUTS, dificuldades que se somam à deficiente informação sobre como pagar, conduz-nos a mais uma vez equacionar a necessidade de ser realizada uma análise objectiva sobre as vantagens obtidas pela introdução de portagens na Via do Infante. Mas nem tudo são más notícias. O Algarve foi premiado como o melhor destino de praia da Europa no Word Travel Awards o que em tempos de crise pode significar ter ganho uma maior atractividade para a região que continua a ter no turismo o motor principal da sua actividade económica. Por sua vez o Presidente da CCDR Algarve anuncia o início para o próximo semestre de obras de desassoreamento do Rio Guadiana com a disponibilização de uma verba de 450.000 €. Não será ainda a tão esperada regularização da barra mas é um princípio que se saúda pelas potenciali-

dades económicas que se reconhecem a este grande rio do Sul. Por último registamos com satisfação o facto de termos ganho como cronista, a juntar a outras personalidades de reconhecido mérito que aqui ocupam espaço, a presença do Almirante Martins Guerreiro, algarvio e personagem incontornável no movimento militar que conduziu ao 25 de Abril. O que também atesta o prestígio deste órgão fundado na sua independência, no pluralismo e na atenção que presta ao território de que imana e justifica a sua existência.

Carlos Luis Figueira cluisfigueira@sapo.pt

Vox Pop Em tempo de crise redobrada onde é que se pode cortar mais no orçamento das famílias?

Pessoa Colectiva: 504 408 755 Direção Executiva: Associação Odiana Design e Paginação: Rui Rosa Impressão: Postal do Algarve, Lda Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C 8800-412 TAVIRA Tel: 281 320 900 Tiragem desta edição: 3.000 exemplares Registo no ICS: 123554 Depósito legal: 150617/00 JBG ONLINE http://issuu.com/jornalbaixoguadiana e Facebook

NIB: 00350 234 0000 586 353 080 Caixa Geral de Depósitos

Nome: Joana Lança

Nome: Hugo Moreira

Nome: Filipe Lopes

Nome: Dina Horta Profissão: Auxiliar de Educação

R: Podem ser cortadas despesas de combustível se as pessoas começarem a partilhar o carro para ir para o emprego, que fica longe, ou a andar de bicicleta em meio pequenos; cortar no vestuário, comprar nos saldos... E depois sim, nas despesas básicas: no consumo de água, luz, gás e alimentação.

R: Onde se pode cortar?!... As famílias já tiveram de responder a essa pergunta há algum tempo! Neste momento não é cortar, trata-se de sacrificar coisas essenciais por outras do mesmo valor.

R: Penso que cada família tem já o seu orçamento muito limitado. Não consigo ver onde se pode cortar mais! Cada caso é um caso.

R: Para quem fuma, talvez deixar de fumar, visto que o tabaco não é um bem essencial. Infelizmente há muita boa gente que pode não ter pão na mesa , mas tabaco é que não pode faltar…!

Profissão: Desempregada

Profissão: Designer Gráfico

Profissão: Empresário de Hotelaria


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CRÓNICAS Vítor Madeira

* O autor não escreve ao abrigo do acordo ortográfico

Caça à multa no IC 27

Enquanto o jornal Expresso parece apostado em enlamear o nome do primeiro-ministro, ao publicar em manchete que, no âmbito do caso ‘Monte Branco’, o PGR enviou uma escuta telefónica em que intervém Pedro Passos Coelho, quando era escutado um determinado indivíduo envolvido no processo de fuga de capitais para ser validada, pelo Supremo Tribunal, indiciando uma clara violação do segredo de justiça, os políticos e os comentadores proclamam a queda do Governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), na quinta avaliação da troika ao programa de ajustamento, observa a hipótese de uma austeridade prolon-

gada, defendendo mais medidas para o crescimento e emprego, gostaria de reflectir sobre a Caça à multa no IC 27 no troço Azinhal / Odeleite. Com uma cadência inusitada, nos últimos tempos, os militares da GNR desenvolvem sem tréguas a Caça à multa no IC 27 entre a 2ª saída (Azinhal/Sentinela) e a 3ª saída (Almada D’Ouro) deste itinerário complementar que liga Castro Marim a Alcoutim. Tudo acontece ao Km 10,5 no Azinhal, no final de uma descida / subida acentuada da via rápida, consoante o sentido em que os condutores estejam a circular Sul/ Norte ou Norte/Sul, em cujas guardas laterais da ponte aí existente são colocados radares de registo de velocidade, para detectar os infractores que excedam o limite de 90 Km/h permitido por lei.

O anedótico desta história, que até poderia ser motivo de graça não fosse a indignação que causa, é constatar que os agentes, de modo despudorado e indecente, se escondem debaixo dos pilares da referida ponte, quais predadores à espreita da peça de caça, que são os condutores, a controlar os ditos radares. Para que não bastasse, algumas vezes, digo eu, em função dos recursos disponíveis, na primeira saída (Monte Francisco/Junqueira) do IC 27, que dista cerca de 7 Km do ponto negro, colocam-se militares para apanhar os infractores, dando origem à formação de filas de carros, com a agravante de estarmos na entrada de uma acesso onde afluem centenas de veículos e os problemas daí advenientes para a segurança de quem circula. Entendo que o combate à sinistrali-

dade no escrupuloso cumprimento do Código da Estrada, definitivamente, não se faz com agentes militares da GNR , que se escondem debaixo de uma ponte numa via rápida como o IC 27, em que o condutor para cumprir o limite de velocidade permitido no local tem obrigatoriamente de travar, sendo que aí não há registo de quaisquer acidentes. Em face desta constatação de facto, há uma questão que não pode deixar de ser colocada ao Coronel José Manuel Lucas Pimenta, Comandante da GNR no distrito de Faro: tem o senhor conhecimento que os militares que dirige fazem Caça à multa no IC 27 escondidos sob a protecção dos pilares de uma ponte? Espero que não, a bem da honorabilidade de uma instituição como a GNR, que é uma referência obrigatória do estado de direito e da

Almirante Martins Guerreiro

O maior problema português, nesta nossa crise, é a mediocridade da nossa classe dirigente; a sua subserviência a interesses externos e ao capital financeiro; a sua falta de responsabilidade, de capacidade própria e de patriotismo. Trata-se, muitas vezes, de pessoas que não fazem outra coisa que parasitar o Estado e os bens públicos, ou serem agentes do capital financeiro; são dirigentes e gestores de fraca qualidade e de reduzida capacidade organizacional, ou gente que não defende o interesse nacional. Podemos exportá-los sem que isso prejudique o país, pelo contrário, seria um grande benefício. Fazem muito mais falta ao país os

apropriado para beneficiar o privado e desarticular, desresponsabilizar e desmotivar o serviço público. Recorrem sistematicamente a empresas, serviços e consultores externos para a elaboração de estudos ou pareceres essenciais ao funcionamento do Estado, como propostas legislativas ou mesmo partes do próprio O.E. O fim não declarado de toda esta orientação ultraliberal é a maior e melhor remuneração do capital financeiro especulativo nacional e internacional. Assim compreende-se melhor porque os funcionários públicos e outros agentes do Estado foram transformados em inimigo a espremer e bode expiatório da crise. As causas da nossa situação, para além da fraqueza e subserviência da nossa classe dirigente, são:

Insubmisso69@gmail.com

- A crise internacional iniciada em 2008, desde então a economia portuguesa perdeu mais de 500.000 postos de trabalho e a nossa dívida quase duplicou; -A transferência de serviços públicos para o setor privado nacional e estrangeiro: nacionalização do BPN, rendas das PPP, venda ao desbarato de património público e E. P.s, concessões, isenções e amnistias fiscais; - Tolerância à fuga de capitais e à evasão fiscal; - Absurda política de austeridade que reduz o PIB e faz crescer a dívida pública, que aparentemente visa reduzir. Hoje são muitas as vozes que proclamam que esta dívida e o seu serviço são insustentáveis. De facto não podemos aceitar que só em juros da

dívida nos sejam exigidos mais de 7.000 milhões de Euros ano, tanto ou mais do que custa o Sistema Nacional de Saúde ou o Sistema de Educação nos vários níveis. É forçoso descer as taxas de juro da dívida para valores semelhantes ao do financiamento das economias do centro da União Europeia, sem isso caminhamos para o afundamento da nossa economia e o colapso do Estado. Além do pagamento dos juros e maturidades, o capital financeiro também está a cobrar, por via da venda ao desbarato das Empresas públicas e da redução drástica do valor do trabalho. Não venham com a conversa de que temos de honrar os compromissos e como somos sérios, temos de pagar tudo. De facto já estamos a pagar por quatro vias e em excesso. Da nossa História temos exemplos claros em que foi preciso distinguir entre legalidade e legitimidade para defender o interesse dos portugueses e garantir a sobrevivência do país independente e soberano.

repleto de ensinamentos. Mas a mais importante aprendizagem foi perceber que a soma das atitudes educativas de um progenitor não tem que ser férreamente imutável. O ato de educar, desde os primeiros dias até bem depois do abandono do ninho, é um arame preso entre duas montanhas, que se vai percorrendo, pé ante pé, sem qualquer rede por baixo. Temos que tatear o arame, sentir os humores do vento, ter uma fé enorme neles e confiar no instinto.

Educar é saber ralhar e conseguir aplaudir. Mas por vezes também é afagar quando era para se ralhar e ralhar quando era suposto aplaudir, se acaso tiverem capacidades para mais. Educar é aprender a deixar o outro ser; é vergar um pouco a crista aos frangos sem nunca lhes tentar domar a raça de puros sangues selvagens. Educar é mostrar a diferença entre bem e mal; verdade e mentira; dinheiro e valor; prazer e suor. É ensinar a acalmar os defeitos e a realçar as virtudes. Educar é confiar e transmitir confiança. Mas, por mais voltas que dê à questão, continuo a dizer que a receita de educar talvez seja, simplesmente, acompanhá-los a aprender a ser quem são.

Crise que crise? Dívida que dívida? jovens qualificados, aqui formados, que estão a emigrar às dezenas de milhar, em parte devido ao comportamento subserviente e à falta de responsabilidade da classe dirigente ou à defesa de interesses que nos são alheios. Foram agentes do desmantelamento do nosso sistema produtivo, alimentaram o fortalecimento e crescimento do polvo que capturou em parte a nossa sociedade e o Aparelho de Estado. Ajudaram a instalar um aparelho paralelo para melhor servir os seus interesses e contornar ou anular os serviços públicos, onde ainda existe a ética e espírito do serviço público e do bem comum. Multiplicaram os gabinetes, encheram-nos de consultores e assessores, criaram institutos, entidades reguladoras, fundações, tudo

segurança dos cidadãos. Contudo, devo salientar que não disponho de dados que me permitam afirmar da legalidade de tal conduta, sei é que no plano da moralidade é absolutamente deplorável que não haja informação da existência de radares numa estrada e que os agentes não dêem a cara aos cidadãos. Por último, gostaria de questionar o Senhor Ministro da Administração Interna, Dr. Miguel Macedo, se sabe que as forças de segurança que estão na dependência do ministério que tutela têm condutas desta natureza? Estou firmemente convencido que não é pela via da repressão primária, pela repulsa de alguns agentes militares ou pela Caça à multa no IC 27, que vamos conseguir reduzir o número de mortes na estrada, mas sim através de atitudes pedagógicas, junto dos condutores para a não realização de manobras perigosas que façam perigar a sua segurança e a segurança dos outros.

Ana Amorim Dias

A receita Não há receita infalível para educar os filhos. Não é justo: não há manual de intruções! É que nem sequer um folhetozinho informativo com algumas dicas básicas. Quando nos tornamos pais não fazemos mesmo a mínima ideia que a verdadeira aventura das nossas vidas acabou de começar. O que é, afinal, educar uma criança para a vida? Como se prepara um menino para ser um adulto feliz, decidido, inteligente e honrado?

Os pais podem ter uma educação esmerada, uma cultura sólida e uma polidez invejável; podem ter um caráter nobre e uma força de vontade imaculada e, ainda assim, não estar preparados para o constante desafio que é acompanhar estas pessoas pequeninas, até se tornarem grandes indivíduos autónomos. Não me faz confusão nenhuma que se eduquem dois (ou mais) filhos, da mesma exata maneira, e eles tomem rumos muito diferentes, mas

não consigo conceber que haja pais que, perante os vários filhos, tenham vários pesos e diferentes medidas. Sou mãe há onze anos e quatro meses e duplamente mãe há sete anos e tal. O que é que aprendi nestes surpreendentes anos? Que não devo esperar que sejam iguais a mim e que não devo tentar moldálos contra a sua essência . Aprendi que cada dia pode ser uma sucessão de canseiras, patifarias e raspanetes ou pode ser simplesmente divino e


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EDUCAÇÃO  Exposição «D. Dinis, entre a História e a Lenda»

Mais novos aprendem vida e obra do Rei D. Dinis O Castelo de Castro Marim recebeu a exposição lúdico-pedagógica «D. Dinis, entre a História e a Lenda». Para além dos painéis históricos a exposição contou com um jogo didático no qual os mais novos descobriram curiosidades sobre a época e vida do monarca. A Igreja da Misericórdia, no Castelo de Castro Marim, acolheu durante o mês de Outubro uma exposição lúdico-pedagógica inédita no Baixo Guadiana. Trata-se de aprender a vida e legado do rei apelidado de «O Lavrador», pela plantação do Pinhal de Leiria; e «Rei Poeta», devido à sua obra literária. Falamos do Rei D. Dinis que é protagonista de uma exposição que anda a percorrer o país em itinerância e que pertence à Liga dos Combatentes. A mostra é constituída por 12 painéis com factos históricos relevantes sobre a vida do monarca, complementados por um trabalho de investigação com fotografias inéditas sobre o legado do rei em Portugal, focando vários aspetos da vida do fundador da primeira universidade lusa e impulsionou o crescimento da língua portuguesa.

Jogo motiva crianças a aprender História A exposição, paralelamente aos painéis descritivos, contou ainda com um jogo didático para crianças (semelhante ao Jogo da Glória) intitulado «Assalto aos Castelos». Aqui os mais novos, em ritmo de jogo, com direito a dado e pinos, descobriram diversas curiosidades sobre a época e vida do Rei. Ao longo do mês de Outubro cerca de oito turmas da Escola E.B 2.3 de Castro Marim, do 2º e 3º ciclos, visitaram a exposição, mas não só, também jogaram o «Assalto ao Castelo». Pedro Pires, técnico de património cultural da empresa municipal de Castro Marim, «NovBaesuris» fez as honras da casa e explicou às crianças um pouco sobre a vida e obra do monarca. “O meu papel aqui é o de anfitrião, portanto receber os

alunos, introduzir o tema da exposição, explicar um pouco mais sobre a História, lendas e estórias que giram em torno do Rei D. Dinis”. Mas não apenas; uma das suas responsabilidades é também introduzir o jogo lúdico-pedagógico que se traduz no mais forte atrativo para os mais jovens. “Ao terminar a introdução, a visita à exposição é finalizada com este jogo onde aprendem a História dos Castelos”, diz o responsável sublinhando que “o jogo funciona sobretudo ao nível de crianças com dificuldade em concentrarem-se na contextualização da exposição e que têm assim uma oportunidade de aprender com o próprio jogo, porque leem, aprendem e todos querem jogar; é portanto um fator motivante nesta exposição”, explicou. Para os mais novos o jogo de facto rendeu imensa participação. Todos quiseram jogar, todos qui-

Crianças mostraram-se muito participativas no jogo «Assalto ao Castelo» seram aprender, passar as casas, e a câmara municipal de Castro jogar o dado e, finalmente, ambas Marim no âmbito do projeto as equipas queriam ganhar. GUADITER – Itinerários do Baixo A sublinhar que esta inicia- Guadiana, do Programa POCTEP, tiva é organizada pela ODIANA 2007-2013.

 Educação continua prioridade em Castro Marim

250 mil euros para apoio social Em época de crise as despesas com a educação são assunto de preocupação das famílias. O executivo municipal castromarinense prevê a continuidade do investimento na educação com 250 mil euros. Já no final do mês a autarquia recebeu um donativo para reforço das bolsas de estudo. À semelhança das restantes autarquias do Baixo Guadiana, o executivo municipal castromarinense fez saber que a educação continua uma prioridade no concelho. “Com um dos melhores parques escolares da região algarvia e um investimento continuado na qualidade e na excelência do ensino no concelho, a câmara municipal de Castro Marim, durante o ano letivo 2012/13, prevê efetuar despesas com a educação na ordem dos 250 mil euros”, refere o município em comunicado. Desde Setembro passado, altura do começo do ano letivo, que a autarquia pretende continuar, e noutros casos aumentar, os subsídios aos alunos carenciados do 1º, 2º e 3º ciclos do Ensino Básico, destinados à aquisição de material escolar. Na alimentação escolar, em conjunto com a empresa municipal NovBaesuris, o município vai fornecer refeições aos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo no valor de 22 mil euros. “No campo das Atividades extra curriculares (AEC’S), desde 2006 que a câmara garante aos alunos do 1º ciclo o ensino da música, do inglês e da atividade

física e desportiva”, confirma. Tendo em conta as dificuldades sentidas pelas famílias, continua a atribuição das bolsas de estudo aos alunos do secundário e ensino superior do concelho, defendendo a autarquia que “a situação de carência das famílias castromarinenses não pode constituir um óbice para que os alunos deixem de prosseguir ou completar com sucesso os seus estudos”, adiantando que “a atribuição dos apoios escolares indicados espelha, de forma clara e inequívoca, as preocupações que o executivo possui face à comunidade escolar local, no sentido de termos alunos mais preparados e um ensino de maior qualidade”.

Autarquia recebe donativo de 7 mil euros Neste mesmo seguimento, no último dia 26 de Outubro, a Seguradora Fidelidade atribuiu um donativo de 7 mil euros ao município de Castro Marim. O donativo concedido pela Seguradora, ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais, destina-se a apoiar a política social

O donativo atribuído é de 7 mil euros e destina-se a bolsas escolares do executivo, na área da educação, em particular na atribuição de bolsas de estudo, sobretudo ao nível do ensino secundário, cujos pedidos têm vindo a aumentar. Francisco Sousa, representante da empresa Fidelidade, referiu que a atribuição destes apoios refletem as preocupações da Seguradora em contribuir para que haja maior justiça social. Já José Estevens, edil

castromarinense congratulou-se pelo apoio, frisando o contributo significativo para a melhoria da ação social escolar no concelho e, particularmente, para os alunos do ensino secundário. “Quanto maior for o investimento e aposta na educação mais facilmente poderemos sair desta crise e menos prováveis serão outras crises”, disse o autarca na ocasião.

Criar histórias na Biblioteca Durante o ano letivo corrente, a biblioteca municipal de Castro Marim apela à leitura e imaginação com um conjunto de atividades que promovem o gosto pela leitura e desenvolve as capacidades cognitivas dos alunos do pré-escolar e 1º ciclo. As crianças vão criar, construir e contar histórias aos colegas. Trata-se de uma iniciativa da câmara municipal castromarinense que surge numa ótica de apoio à educação. São três as ações: «Massajar a imaginação», «Histórias no estendal» e «Árvore Livreira». Na primeira os alunos são convidados a estimular a sua imaginação ao criar o argumento da sua própria história. Na segunda atividade «Histórias no estendal» pede-se que as crianças construam e contem histórias de forma lúdica e original. Por último a «Árvore Livreira» é uma árvore mágica, simbolicamente regada com «letras,» onde os frutos são os livros e as folhas são as palavras. A criatividade é o limite tendo como paralelismo da leitura uma planta que precisa de ser regada para sobreviver. “Procura-se que os alunos vejam no livro um incentivo à leitura, fazendo com que ocupem um papel interativo na leitura das histórias pelos contadores”, atesta a biblioteca.


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JUVENTUDE

Educação para a saúde discutida por Jovens Europeus Dia 4 de Outubro o auditório da Câmara Municipal de Alcoutim recebeu a visita de 35 jovens europeus que escolheram a vila para realizar um intercâmbio sob o tema «Educação para a Saúde». A MOJU – Associação Movimento Juvenil em Olhão, foi a responsável pela organização do intercâmbio «Shake your body!» [financiado pelo Programa Juventude em Ação da Comissão Europeia]. Durante uma semana, a Pousada da Juventude de Alcoutim foi a «casa» dos jovens, dos 18 aos 26 anos, e ainda palco de muitas iniciativas de consciencialização para o desporto e saúde. Roménia, Albânia, Sérvia, Lituânia, Bélgica, Bósnia, Chipre e Portugal foram os oito países envolvidos neste intercâmbio que reuniu cerca de quarenta jovens. A ideia consistiu em fomentar o debate relativo à saúde e desporto reunindo jovens, muitos deles a trabalhar precisamente nestas áreas. “Partilhar ideias para chegar a conclusões e para que possamos implementar temáticas dentro do consenso gerado aqui”, apelou João Dias, coordenador do projeto.

“Há 17 anos que não há um surto de gripe em Alcoutim” O intercâmbio apelou ao debate e participação, sendo que no dia 4 de Outubro decorreu a mesa redonda

que focou as estratégias da Educação para a Saúde. A conversa foi informal e juntou os jovens europeus, Francisco Amaral, edil de Alcoutim e médico, o vice-presidente do município de Olhão, António Pina e o recém-nomeado Diretor Regional do Instituto Português do Desporto e Juventude [IPDJ], Luís Romão. “Julgo que um dos fatores que levou a MOJU a escolher Alcoutim prende-se com o facto de ser um dos municípios mais empreendedores ao nível da saúde e ação social”, sublinhou Francisco Amaral, o anfitrião, destacando iniciativas do município que lidera, como o combate ao tabagismo, alcoolismo e toxicodependência. Neste sentido aproveitou a ocasião para dar conta aos jovens que da vila de Alcoutim saem todos os anos campeões nacionais de canoagem; não descurando as modalidades gratuitas que o concelho oferece aos munícipes (voleibol, canoagem, yoga, hidroginástica, etc), isto a título de exemplo desportivo. Mas na saúde existem outros exemplos pioneiros. “Aqui todas as pessoas com mais de 65 anos são vacinadas; há 17 anos que não há um surto de gripe em Alcoutim, medida que o Governo

só agora adotou”, criticou.

«É urgente reformular as políticas de juventude” António Pina, da vereação de Olhão, falou também do problema atual de sedentarismo vincado e consequente obesidade. “Tem que se investir não apenas no desporto e alimentação, mas sobretudo tem que se investir nas famílias e em hábitos saudáveis, e isso leva tempo”, dizia preocupado aproveitando para falar no programa «Craques de Rua», projeto que alia a solidariedade ao desporto nos bairros sociais de Olhão. Luís Romão do IPDJ, assinalou o binómio desporto/saúde como «prioridades a investir» e garantiu que «cada vez mais as sinergias são palavra de ordem». “O período de crise serve para inverter as metodologias e o trabalho em equipa é muito importante para conseguirmos desenvolver projetos de forma mais abrangente”, disse salientando que “a escola é o sítio por excelência para a saúde e desporto, sendo a melhor forma de trabalhar os jovens”. Dando o mote para a unidade móvel

MOJU escolheu Alcoutim para intercâmbio nas áreas de saúde e desporto de saúde do IPDJ, a «Cuida-te», Luís Romão encerrou com uma estrutura que muito interessa à juventude e que os municípios tendem a descurar: os Conselhos Municipais de Juventude.

“É urgente reformular as políticas de juventude e ter conselhos municipais de juventude; isto é algo essencial para fomentar a cidadania e participação ativa dos jovens”, concluiu.

Mais um Campus Desportivo JSD aplaude no Baixo Guadiana

mudanças nos exames nacionais mas quer alterações

Campus reuniu 50 crianças entre os 11 e 12 anos No mês de Setembro jovens entre os 16 e 19 anos do Baixo Guadiana rumaram a Espanha para um campus desportivo, o primeiro de 2012. Em Outubro foi a vez dos mais novos também desfrutarem da oportunidade. Meia centena de crianças, entre os 11 e 12 anos, estiveram em Lepe, num Centro de Atividades na Natureza. O encontro desportivo foi de 19 a 21 de Outubro no Centro Waingunga e

juntou crianças do 5º e 6º anos de escolaridade. Fomentar a cooperação e a prática de atividade física no território transfronteiriço do Baixo Guadiana são os valores base do campus, mas não só. “Trata-se de promover valores como o respeito pelo desporto e natureza fomentando a prática desportiva lúdica, mas também pedagógica”, frisa a organização. No programa pude-

ram contar com gincana, orientação, escalada, batalha campal, canoagem, tiro ao arco, jogos e muita diversão e animação. A salientar que este Campus é da organização da parceria e projeto TAG – Turismo Ativo no Guadiana, uma iniciativa de cooperação entre o Algarve – Alentejo – Andaluzia e financiado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Portugal – Espanha, 2007-2013.

Face ao anunciado pelo Governo, relativamente aos exames nacionais do 12º ano, a Juventude Social-democrata concorda com as alterações de inclusão dos conteúdos abordados nos programas de 10º, 11º e 12º anos das disciplinas de Matemática A, História A, Português e Desenho A. “Acreditamos firmemente que esta medida contribui para a reposição dos níveis de exigência no Ensino Secundário, fundamentais para a formação base de qualquer estudante”, refere em comunicado a coordenadora Nacional do Ensino Básico e Secundário da JSD. No entanto alertam para a existência de dúvidas quanto à sua execução. “Sujeitar alunos que hoje estão no 12º ano a uma alteração de última hora, para a qual não foram preparados, provocará um

desequilíbrio entre a exigência que lhes foi incutida na frequência, e a que lhes é exigida no exame nacional”, explica garantindo que existe indignação de pais e alunos face a esta alteração repentina, que surge quando já passaram dois terços do percurso dos estudantes no ensino secundário. “Alertamos para as consequências graves que poderão surgir para o dia-a-dia das escolas, dos professores e, em especial, dos alunos, que poderão ver os seus resultados retroceder drasticamente”, explica defendendo “uma retificação desta medida no sentido de apenas serem incluídos os alunos que neste ano se matricularam no 10º ano de escolaridade”, diz adiantando que “assim será garantida uma reposição gradual e mais ponderada dos níveis de exigência”.


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LOCA L | EL ANDEVALO SUR-OCCIDENTAL *

ESPANHA por Antónia-Maria

Los Transportistas denuncian el caos en los peajes de Portugal La Federación Nacional de Asociaciones de Transporte de España (Fenadismer) viene denunciado la “situación caótica” a la que se enfrentan los conductores españoles que se ven obligados a utilizar las autovías de Portugal sometidas a peaje electrónico desde el pasado 8 de diciembre, como consecuencia de la falta de puntos donde abonar las tasas y la carencia de información acerca del telepeaje. Según ha explicado Fenadismer, meses después de la implantación del peaje electrónico “persiste el caos” en estas carreteras, ya que al cruzar la frontera “no existe información alguna que indique dónde se puede pagar el telepeaje ni existen cabinas físicas donde se

pueda abonar el importe, por lo que se accede inevitablemente a estas autovías sin haber podido pagar la tasa correspondiente”. A juicio de los transportistas, esta situación está provocando “inseguridad jurídica” entre los conductores particulares y profesionales de España y el resto de Europa, “porque al circular por estas vías sin haber pagado se convierten en la práctica en presuntos delincuentes”. Todas esas carencias se dan también en el paso fronterizo de Fuentes de Oñoro (Salamanca), principal punto de tránsito de los vehículos de transporte entre España y Portugal, con una circulación de más de 18.000 vehículos

La Vía de la Plata

Era la vía o eje fundamental en la red de comunicación antigua La calzada romana conocida por logados 189 miliarios situados en la Vía de la Plata es la mas valiosa el camino para marcar la distancia de la Península por su antigüedad recorrida. Los miliarios son rollos y su importante patrimonio arque- graníticos que indican las millas ológico. recorridas entre las “mansiones”, Parece ser que empezó a cons- que era el lugar de descanso de los truirse en el año 139 a.C, para fines viajeros y el cambio de carros con militares, al igual que el resto de caballos. Un miliario equivale a mil otras calzadas romanas en la Penín- pasos lo que equivalía a una milla sula. romana o 1.480 metros. Esta calzada une la ciudad de Las tropas del caudillo Anibal, Mérida - Augusta Emerita- antigua pasaron por esta vía en el año 220 capital de la provincia Lusitania, a.C. con Astorga, en la provincia de Son numerosos los vestigios León, pasando por las provincias de romanos que podemos encontrar a Cáceres y Salamanca, que hoy, por lo largo de esta vía; antiguas villas reclamos turísticos, está integrada romanas, convertidas hoy en poblaen el camino de Santiago. ciones como las termas romanas de Era la vía o eje fundamental en Baños de Montemayor, Beduina, la red de comunicación antigua, Brigelo (Castro Gonzalo), Salmandel Oeste de la Península y en su tica (Salamanca)… construcción utilizaron el adoquín El termino de la “Plata” asignado como material principal, y nume- a esta ruta, no tiene nada que ver rosos puentes sobre la misma, tan con el precioso metal, actuales sólidos que aún permanecen en investigaciones se inclinan por otro nuestros días. significado como el término latino A lo largo de ella, fueron cata- “platea,” igual a vía pública.

ligeros y pesados al día. Precisamente, el ayuntamiento salmantino de Fuentes de Oñoro ha sido recientemente, el escenario de una multitudinaria reunión a la que han asistido todos los sectores afectados por el peaje en las autovías de Portugal, una cumbre en la que han participado, entre otros, representantes de ambos países de municipios fronterizos, de la Federación Nacional de Asociaciones de Transporte de España, de diversas cámaras de comercio, organizaciones empresariales y sindicatos. Entre otras actuaciones, se instará la eliminación de los peajes en los tramos de autovías próximos a las fronteras y se promoverá la movilización social e institucional

Los peajes estan provocando “inseguridad jurídica” conjunta, recabando para ello el mento europeo, y de los Ministerios apoyo formal a estas reivindicacio- de Fomento y Asuntos Exteriores. nes ante la Comisión y el Parla- Fuente: «El Mundo»

Adios a Septiembre... Septiembre es el noveno mes del calendario gregoriano y tiene 30 días. Su nombre viene de la voz latina “septimo”, ya que es ya que es el sexto mes del calendario romano. Es en este mes que se produce el cambio de estación y ocurre el equinoccio de Otoño, o sea, los días son iguales en las horas solares y en las noches. El Sol sale exactamente por el Este y se pone, de la misma manera, por el Oeste. La piedra de Septiembre es el zafiro. Es el mes de la recolección de los frutos y de la miel. También de la vendimia, son numerosas las regiones que celebran fiestas por esta ocasión. A mediados de este mes, la temperatura vuelve a subir siendo conocido por “el veranillo de San Miguel” Muchos son los viejos y sabios

Septiembre es el mes de la recolección de los frutos y de la miel refranes castellanos referentes este mes, como por ejemplo: -En Septiembre, cosecha y no siembres -Si en Septiembre ves llover, otro Otoño seguro es

-Septiembre o lleva los puentes o seca las fuentes -En Septiembre, en fin de mes el calor llega otra vez. -Septiembre frutero, alegre y fiestero

El Pisto Andaluz El pisto es un sabroso y nutritivo plato muy popular y típico en Andalucía, aunque tiene varios variantes en la región de Castilla -La Mancha, donde es llamado pisto manchego. Sus ingredientes son naturales, baratos y fáciles de conseguir: -1 cebolla -3 pimientos -2 dientes de ajo -1 calabacín -2 berenjenas -1 patata - tomate triturado Picar la cebolla y sofreírla en aceite de oliva, a fuego lento junto a los dientes de ajo, añadir los

El pisto es un sabroso y nutritivo plato muy popular pimientos troceados, el calabacín, las berenjenas, las patatas cortadas. Una vez todo rehogado, añadir el

tomate natural, triturado. Añadir la sal a discreción y una cucharadita de azúcar. Puede servirse con un huevo cuajado en el propio pisto.


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LOCAL  Em VRSA

Desempregados saíram à rua em protesto Dia 5 de Outubro VRSA foi palco de uma manifestação. A marcha foi contra o flagelo do desemprego galopante que assola o país, nomeadamente o Algarve, que já conta com mais de 67 mil desempregados. O Movimento dos Trabalhadores Desempregados, em dia da Implantação da República em Portugal, protestou e fez-se ouvir. O protesto do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) começou no dia 1 de Outubro, logo pela manhã à porta do Centro de Emprego de Vila Real de Santo António. A manifestação «tímida», foi marcada estrategicamente para dar a conhecer a grande iniciativa preparada em todo o país para o dia 5 de Outubro e à qual o MTD aderiu: a «Marcha Contra o Desemprego» convocada pela CGTP-IN. Antes da grande manifestação Filipe Martins do MTD explicou ao JBG o objetivo do movimento. “Queremos tentar organizar as pessoas que no período de desemprego precisam também de ter um espaço onde se possam reunir, estar informados e organizadamente ter mais força nas suas lutas”. A meta é criar um espaço de reunião de onde poderão sair ideias tendo como último objetivo «colocar o país a produzir»; “só apostando na produção nacional é que se consegue contrariar este caminho de desem-

prego e de desmantelação de todo o setor produtivo, que no fundo é o que cria condições para haver emprego”, explica o responsável fundamentando que “a política do Governo está errada e estamos todos a sentir na pele esses erros há muitos anos”. Quanto a protestos Filipe Martins defende que o povo português já não fica em casa. “Todas as famílias estão a ser tocadas pelo desemprego; as circunstâncias estão a mudar e o povo português está a perceber que é na rua que a mudança se poderá fazer”, defendeu.

Marcha e cânticos em coro em VRSA E assim foi no dia 5 de Outubro. O protesto começou em VRSA, na ponta do país. A Marcha saiu à rua logo pela manhã, no feriado alusivo à Implantação da República; começou na Praça Marquês de Pombal e atravessou a cidade. Muitos eram

VRSA recebeu em Dia de Implantação da República marcha de protesto os cartazes e os cânticos entoados numa manhã enevoada: «Trabalho sim, desemprego não»; «É preciso investir para o país produzir»; «É mesmo necessário o aumento do salá-

rio»; «Sempre os mesmos a pagar e o capital a engordar»; «Há que renegociar a dívida»; estas foram algumas das muitas mensagens em cartazes, outras entoadas em coro uníssono. Quase

 Na Biblioteca de Castro Marim

Medida «Passaporte Emprego» apelou à empregabilidade dos jovens Entidades do Baixo Guadiana reuniram-se e deram a conhecer os apoios disponíveis à contratação de desempregados num panorama de elevada taxa de desemprego. A medida «Passaporte Emprego» do IEFP esteve em discussão com sala quase cheia. A Odiana, Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e Câmaras Municipais de Alcoutim e Castro Marim, organizaram no dia 3 de Outubro, na biblioteca municipal de Castro Marim, uma sessão de esclarecimento sobre uma das recentes medidas estatais para contrariar o desemprego da população jovem. Uma taxa de desemprego que atinge níveis alarmantes e a profunda crise não atenua o cada vez maior número de desempregados jovens. Neste sentido o IEFP apresentou medidas que pretendem inserir os jovens no mercado de trabalho através do «Programa Impulso Jovem», nomeadamente: Passaporte Emprego, Passaporte Emprego Economia Social, Passaporte Emprego Agricultura, Passaporte Emprego Associações Federações Juvenis e Desportivas. Estes passaportes consubstanciam-se em estágios de seis meses para desempregados e os encargos do empregador reportam apenas aos subsídios de alimentação e transporte. Saiba mais em: www.iefp.pt

Programa «Formação Algarve» quer abranger 2 mil pessoas Álvaro Araújo, diretor do Centro de Emprego de VRSA, sublinhou o recém Programa «Formação Algarve» [visa combater a sazonalidade do emprego na região podendo as entidades empregadoras beneficiar de um apoio financeiro de 50% a 70% da retribuição mensal do trabalhador]; um programa cujo objetivo “é abranger dois mil trabalhadores”. Relativamente aos cidadãos portadores de deficiência o responsável lançou o apelo à empregabilidade. “O IEFP suporta os 100%, à entidade só compete o pagamento dos seguros com o trabalhador”, anunciou referindo que o montante disponível para contratação de pessoas portadoras de deficiência é de 500.000 euros para ajudas técnicas.

Apelo à empregabilidade jovem José Estevens, edil castroma-

Auditório da Biblioteca reuniu cerca de uma centena de participantes rinense e presidente da Odiana, lançou o repto aos empresários e instituições presentes, para consideraram as medidas «Passaporte Emprego» e «lamentou» o facto de o Algarve não poder candidatar-se ao Programa de Estágios Profissionais da Administração Local [PEPAL]. Relembrou a missão da Odiana no território

mostrando a disponibilidade da associação. “Há um Gabinete de Inserção Profissional (GIP) na Odiana disponível para complementar toda a informação e ajudar na elaboração das candidaturas; estudem a possibilidade de ajudar os jovens deste território porque todos temos a ganhar com isso”.

uma centena de pessoas marcou presença: desempregados, trabalhadores sazonais e precários, trabalhadores com salários em atraso, empresas em perigo de encerramento, jovens à procura do primeiro emprego; todos lá estavam em protesto. A coluna no Algarve, saiu uma de VRSA, e outra de Lagos, passando pelas sedes de concelho até convergirem em Faro. Em simultâneo decorreu também em Braga, onde no dia 13 de Outubro terminaram a marcha frente à Assembleia da República. De recordar que MTD referiu em comunicado que os crescentes números de desemprego na região «são consequência de políticas que sacrificaram o Algarve a um único sector de atividade – o turismo - destruindo a agricultura, as pescas e a indústria», lançando apelos à dinamização dos setores produtivos, à justa redistribuição da riqueza e à recuperação do poder de compra das micro, pequenas e médias empresas.

Seminário «Pró Futuro de Alcoutim» Os amigos Pró Futuro de Alcoutim realizam no dia 3 de Novembro, no Guadiana River Hotel, o seminário «Pró Futuro de Alcoutim». Este seminário, de acordo com a organização, «procura, nas severas condições da política de austeridade atualmente em curso, não só evitar novos recuos que acentuem os atrasos do concelho, mas sobretudo avançar na identificação das suas potencialidades e formas de concretizá-las em termos de desenvolvimento». Em comunicado o grupo refere ainda que «o que tem faltado é investimento com efeitos económicos, tanto público, como privado, e a concretização de projetos criadores de emprego que, para além de outros efeitos dinamizadores, atraiam e fixem população». Este encontro tem como metas identificar as reais potencialidades do território e interessar a iniciativa empresarial. O debate foca temas como: a Microgeoeconomia do «Projeto Alcoutim»; Novas oportunidades para o desenvolvimento do interior: Utilização de espaços agro-silvo-ambientais no Baixo Guadiana; Valor acrescentado dos produtos locais; O rio Guadiana – Pólo de desenvolvimento. Para mais informações contacte: amigosalcoutim@gmail.com


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G RA ND E R EPO R TAGEM

Feira da Praia é património de VRSA A Feira da Praia é um certame secular que remonta ao ano de 1774, data da fundação de Vila Real de Santo António. Outrora criada com o objetivo da promoção das pescarias, e realizada frente aos areais do Guadiana, atualmente é pelo centro histórico e avenida frente ao Guadiana, que perdura o certame que traz vida à cidade e impulsiona toda a economia do concelho, sempre com a ajuda dos vizinhos espanhóis. A Feira da Praia é património da cidade de VRSA. Uma aposta na memória e nas heranças históricas da fundação da cidade pombalina. Joana Germano «Feira da Praia» é atualmente sinónimo de vida, de comércio, de visitantes e de uma revitalização da economia local em pleno início de Outono, final da época estival. Este certame tem lugar todos os anos de 10 a 13 de Outubro, mas desde 2006 que, por iniciativa da autarquia pombalina, se prolonga de 10 a 15; são mais dois dias de comércio, de enchente, de muitos visitantes que aproveitam para fazer as compras em terras de fronteira. Mas não apenas, trata-se de dar aos feirantes e aos comerciantes da cidade, mais uma oportunidade de negócio, mais uma oportunidade para as «últimas compras» feitas em terra lusa. A Feira distribui-se ao longo da Avenida da República, frente ao Guadiana e ao povo vizinho, mas também pelo centro histórico, tendo criado ramificações e encorajadas tradições na Praça Marquês de Pombal. Dia 12 é desde sempre conhecido como o «dia alto» da feira, o «dia dos espanhóis», feriado nacional em Espanha. Neste dia o que mais se ouve é o castelhano por toda a cidade; ecos de quem não perde uma feira em VRSA e que faz jus à tradição e se mantem o mais fiel freguês. Mas, quem conhece a Feira da Praia de hoje, não conheceu a feira secular que surgiu em 1774, coincidente com a data de fundação da cidade pombalina, antiga terra de Arenilha. A verdade é que era frente aos areais do Guadiana que este certame foi criado como meio de alargamento social e económico da vila. O objetivo principal era o alimento do povo e a arte que sempre reinou em tempos antigos em VRSA; as pescarias que desde sempre aproximaram as cidades vizinhas de VRSA e Ayamonte na outra margem do Guadiana. Hoje em dia há algo que nunca muda: a Feira da Praia mantem-se de pedra e cal e é um certame de referência no Algarve, património e parte cultural indissociável de VRSA.

Reino de aromas e de sabores De 10 a 15 de Outubro a edição de 2012 foi memorável. Com imagem renovada, e esteticamente mais atraente, a feira viu-se mais bonita e mais arrumada. A Praça Marquês de Pombal, usualmente reservada

aos produtos e bens alimentares, transbordava gente pelas costuras. Pedia-se licença para poder passar, para poder ver os stands, fazer contas e escolher o que comprar. Na fruta os mais vendidos (assim garantiu quem estava na banca), foram os frutos secos; desde o figo cheio, figo maduro, as estrelas de

tando que «não é o negócio de antigamente, mas faz-se e vale sempre a pena» mencionava, ressalvando que «os espanhóis procuram e compram mais; acho que ainda não sentiram a crise como nós portugueses». Ao olhar para o seu stand cartazes em espanhol, com menus específicos para o povo castelhano, com os

de figo, pastéis de nata, bolos de alfarroba, de amêndoa, de mel, de gila, suspiros. Mas também os licores, os vinhos, produtos gourmet, produtos salgados... Grande sucesso fez a «Família Fidalgo» mestres exímios das farturas, churros e derivados. Travar conversa foi difícil pois a fila não

figo, a amêndoa, a noz, o pinhão, as tradicionais castanhas assadas; o cheiro sentia-se ao longe e já ecoava ao S. Martinho. Na zona dos enchidos os chouriços de todas as espécies, os queijos de cabra, de ovelha, amanteigados, secos, curados, frescos, queijos de todos os cantos do país estando a região da Covilhã e Serra da Estrela com lugar cativo na Praça e já com fila para os fregueses assíduos. Rui Moita, do stand dos queijos, já vem para a «Feira da Praia há muitos anos; o meu pai já anda nisto há 15 anos e eu comecei há 9», dizia con-

tradicionais «bocadillos» faziam as delícias dos que chegavam. O bacalhau, detentor da maior diversidade de pratos gastronómicos em Portugal, foi novamente rei e senhor, e desde o começo até ao fim da Feira da Praia, que quem ali trabalhava teve pouco descanso; mas a qualidade, garantiam os clientes, compensava estar tanto tempo na fila. Os doces também não se fizeram rogados. Doces tradicionais do Baixo Guadiana, doces do Alentejo, do centro e do norte; não interessava de onde eram, o aspeto falava mais alto. Morgados

«desandava», por mais que atendessem era a perder de vista. Na fila os clientes diziam «são as melhores farturas da feira». Ao chegar a vez do JBG ouvimos que «o negócio corre bem; como vê não nos podemos queixar». Tudo constituía um misto de sabores e de cheiros que não deixavam ninguém indiferente.

Avenida abaixo, avenida acima Toda a avenida, de uma ponta à outra, enchia-se de barraquinhas, de sons, de feirantes que aprego-

avam preços, promoções, e que convidavam o freguês a experimentar e a comprar. Tudo vale, desde promoções de «calcetines», (meias e peúgos) a cinco euros 10 pares, houve outros até que levaram ao extremo pedindo cinco euros, por nada mais, nada menos que 18 pares. E o freguês comprava e partia à descoberta de mais artigos. Roupa, calçado, acessórios, bijutaria, quadros, mantas, pijamas, lençóis, toalhas, artigos de decoração, fragâncias, as tão tradicionais paraguas (sombrinhas), que este ano sofreram um decréscimo nas vendas. No campo da louçaria foram carrinhas e carrinhas que descarregavam pratos rasos, pratos fundos, canecas, chávenas; toda uma panóplia da mesma família de produto que mais uma vez fez «sucesso». As promoções eram muitas, não paravam. Os preços eram acessíveis e os visitantes ali paravam e abasteciam-se de louça «bonita, boa e barata» diziam muitos. O negócio para estes feirantes não parou um só minuto. Havia pessoas cuja tarefa consistia apenas em descarregar e abastecer o stand com mais produto e maior diversidade. Já outros são mais queixosos. Mayo é cabo-verdiano e já tem vindo outros anos para a feira de Vila Real de Santo António, «já é da praxe», como diz, mas queixa-se do negócio de bugigangas. «O negócio está muito mal; as pessoas vêm e mexem, mas levam muito pouco», frisando que «as pessoas têm pouco, reclamam muito, acham tudo caro», diz reconhecendo que «antes era mais o espanhol, agora é o português, mas que leva sempre pouco». Também lamentos se ouviam de uma barraquinha de farturas em plena Avenida. A família Silva estava desgostosa. «O negócio já não é o que era», dizia Eulália Silva, farense de 53 anos que vem à Feira da Praia desde que se lembra. Agora a filha, Liliana, vem consigo. «Este ano está pior, as pessoas não têm dinheiro para gastar», lembrando que «a nossa vida é esta, são as feiras, o que é que vamos fazer?». A filha abanava a cabeça e dizia «não compensar o gasto». No extremo oposto estava um stand bastante apreciado pelos mais pequenos; o dos doces. Aqui não chegava a crise apregoada por outros feirantes. «Já venho há vários


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GR AN D E R EP O R TAGEM anos e nunca deixo de voltar, a coisa corre bem» dizia Fernando Alves. De Ancião, em Pombal, todos os anos retorna a terras de Arenilha e a explicação é fácil. «Os miúdos adoram e é claro que ajuda porque os pais acabam por comprar e isto é uma vantagem». A outra é o preço. «Os doces não são muito caros, por isso as pessoas compram sempre um pouquinho mais».

Nuestros hermanos não faltam à chamada E porque dia 12 de Outubro é «fiesta» espanhola, e este ano o feriado antecedeu o fim-de-semana, Espanha não faltou à chamada e fez jus à assiduidade de que goza na Feira da Praia. Entre visitantes e fregueses foi sem dúvida o espanhol que mais entoou e que mais sacos levou no final do dia. Juan Luís, ayamontino, não faltou à Feira da Praia. Na verdade é já para si, e para os seus, mais que uma tradição, um hábito. «Tenho 58 anos, portanto desde criança que venho a esta feira» E porquê? «Porque vivo em Ayamonte e porque gosto muito desta feira, é distinta das feiras de Espanha; venho todos

os anos e nunca falhei» acrescenta. Quanto a compras não nega a crise global, mas também não é por isso que se faz de rogado. «Compramos o mesmo de sempre, apesar da crise», atesta garantindo que «a roupa é mais barata aqui». Mas do que gosta mesmo, e o que não perde, são os manjares portugueses, mas não só. «O que mais gosto são as farturas e churros que são maravilhosos aqui em Portugal» afiança Juan Luis que se fazia acompanhar pela esposa, filhos, neto e amigos. Já José Maria está nos sessentas, não quis precisar a idade, mas garantiu adorar Portugal. «Adoro a feira de VRSA e de forma geral adoro Portugal, é um

país encantador». Todos os anos vêm à Feira da Praia. «Gostamos muito desta feira, somos de Huelva, portanto estamos muito próximos e todos os anos por esta data já é tradição vir cá», confirma. Quanto à carteira é perentório. «Se gostamos de algo compramos e sempre gastamos algo, talvez menos este ano, mas não vamos daqui sem comprar algo ou sem comer por aqui». E a verdade é que muitos enchiam a restauração local e as tascas tradicionais com comes e bebes. Mas se houve quem não dispensou a comida, também outros havia, embora em menor parte que trouxeram a merenda e farnel de casa e em qualquer canto se sentavam e comiam; imperativos da crise. De resto, de um ao outro lado da avenida, miúdos e graúdos enchiam as ruas, espreitavam as montras, faziam contas às promoções e apesar de se comprar menos que em outros anos, ao final do dia já se viam sacos e sacolas a passear. No extremo da avenida residia a grande atração dos pequenos e dos jovens: os carroceis. Tendo como pano de fundo um misto de cores e sons, que ecoavam de uma atração para outra, os jovens lá foram ver

que com queixas dos comerciantes locais. “Falei com alguns colegas e não há dúvida que os comerciantes queixam-se sempre, isto já é normal”, considera José Guedes representante dos comerciantes. “Vimos gente na feira, mais do que no ano passado; também vimos pessoas da parte espanhola com falta de dinheiro, mas já não era novidade para nós”, atesta. “Segundo o que ouvi dos feirantes a feira de Tavira foi fraquíssima e daqui foram satisfeitos. Por parte do comércio todos ganhamos; ganhou a restauração, toda a gente movimentou, não aquilo que pensávamos, até porque os tempos são diferentes”, explicou relembrando que “há uns 20 anos atrás abria-se a loja às 5h da manhã e agora não se vende tanto quanto antigamente; já não são feiras à anos 90”, diz. De acordo com a ACRAL “a feira é sempre muito bem-vinda e é benéfica para todos; a avenida Teófilo de Braga tinha imenso movimento; a Rua 5 de Outubro, que era sempre uma rua pobre, já era difícil passar, por isso é de louvar a feira”. Mas face ao poder de compra e porque há quem venda mais, outros menos, José Guedes é objetivo e defende um repensar dos

A visão da autarquia foi a de «sucesso». “Estamos muito satisfeitos pela forma como decorreu a feira”, atesta o vereador do pelouro, João Rodrigues. “Posso inclusive dizer que a câmara foi várias vezes informada da qualidade da feira deste ano, da sua organização, noutro tipo de stands, com nova visibilidade”, afiança. “Este ano criámos condições para os próprios feirantes, no sentido de colocar um contentor com água quente para poderem tomar banho e o aumento do número de wc´s”, explica referindo que o certame decorreu sem incidentes, por vezes possíveis num espaço onde se concentram milhares de pessoas ,e tendo em conta a própria natureza da crise vivida. Quanto a números, são difíceis de calcular de forma rigorosa, mas atesta que “passaram pela feira de

sários; dá-lhes uma folga também para fazerem face às dificuldades que têm e em termos de negócio”. E a nova estética não passou despercebida a quem vendeu e a quem visitou. A feira detinha nova estética, demonstrando uma notória melhoria. “É o evoluir na melhoria das condições, mas é também acabar com um ciclo e essa opção teve um impacto muito positivo”, conta João Rodrigues que atestou que melhorar as condições da organização e funcionamento da feira é uma “preocupação permanente e os resultados têm sido positivos”. A nova roupagem e estética, ao contrário do que se poderia pensar, não carretou mais custos, de facto “esteve ligeiramente abaixo do preço do ano passado”. Quanto ao investimento, este ano a previsão de custos para a feira rondou, segundo o responsável, 105 mil euros. E havendo investimento também há o retorno com as receitas dos alugueres de stands. “A câmara não pode ter prejuízo, tem que haver equilíbrio. As receitas têm que ser iguais, se possível melhores”, assegura. Quanto a feirantes que diziam que os custos dos stands tinham acrescido João Rodrigues

a «volta» do carrocel e compraram «não muitas, mas algumas fichas». O facto é que desde a tarde, até ao encerrar da feira, os carrinhos de choque, o comboio fantasma, a lagarta, o kanguru, o crazy dance e outros, com nomes de danceteria, deixaram um sorriso na cara dos mais jovens; a outros o susto e o misto de adrenalina.

produtos. “Está na hora de começar a definir que tipo de produto queremos para a feira e os comerciantes também já começaram a pensar, pois o cliente já não é o mesmo que vinha comprar os atoalhados e levava em grande quantidade”, considera o responsável que lamenta que o mercado vilarealense não seja dirigido ao português. “É pena que o nosso mercado não esteja virado para o mercado nacional, pois é muito mais barato comprar um jogo de lençóis em VRSA do que em Tavira, que fica a 27 km”. Em reação à nova roupagem da feira, o responsável considerou-a «uma feira bonita». “Estes pavilhões

VRSA durante sexta-feira e fim-desemana, dezenas de milhar de pessoas” adiantando que “no feriado e no sábado parecia que estávamos numa vila espanhola, tal era o número de visitantes espanhóis”, refere não deixando de sublinhar que se trata de um certame com imensa projeção, sobretudo em Andaluzia. A satisfação não se prende unicamente com o bom ambiente vivido e com os visitantes, mas sobretudo com a forte injeção de capital “de alguns milhões de euros” que foi feita no concelho e na economia local, uma injeção que caracteriza como “extremamente importante para os nossos empre-

foi taxativo. “Nem para mais caro nem para mais barato, é exatamente o mesmo preço do ano passado”, adiantando que os preços estão tablados e não podem ser alterados pontualmente. Face ao cancelamento este ano da feira de Olhão o responsável confessou ter sido abordado por quem temia que a Feira da Praia não se realizasse. A resposta foi pronta. “Esta feira não pode deixar de ser feita, é um evento único secular que já faz parte da história de VRSA e arranjaremos sempre forma de promover e realizar a Feira da Praia porque ela também faz parte do nosso património”, rematou.

«Vimos mais gente que no ano passado» Para já o balanço da delegação da Associação de Comerciantes da Região do Algarve (ACRAL), delegação de VRSA, é positivo, ainda

deram-lhe outro colorido e muita gente, acima de tudo. Acho que já merecíamos um tipo de pavilhão diferente e a câmara acertou”, congratula.

Feira da Praia é património secular de VRSA


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LOCA L

Almada D’ Ouro Club vai abrir parque de auto caravanismo O clube de caçadores de Almada de Ouro, em Odeleite, está prestes a inaugurar uma área de serviço e parqueamento de autocaravanas. O espaço fica junto à sede social do clube e ficou pronto num tempo recorde de pouco mais de um ano. Investimento foi da coletividade. É com regozijo que o clube cinegético de Almada de Ouro está prestes a inaugurar a obra que permite a autocaravanistas dispor de uma área de serviço e parqueamento em plena serra castromarinense. “Esta ideia surgiu por observação de autocaravanistas que paravam em qualquer monte e faziam despejos sem as devidas condições”, refere António Baltazar, presidente do clube, que conta que foi através de uma reunião com a Odiana e a CCDR que houve interesse notório num parque de autocaravanismo. E assim foi. “Sem projeto e sem nada, só pela carolice dos trinta sócios que somos, criámos um projeto”, que foi submetido à câmara para avaliação e depois de recebida a aprovação “metemos mão à obra e aqui está concretizada”, diz orgulhoso.

Ano e meio e obra feita Passou um ano e meio e o processo foi extremamente célere. “Já tínha-

Parque alberga até 12 lugares de estacionamento para autocaravanas mos tudo previamente preparado desde a construção da nossa sede social: tínhamos o espaço, as ligações ao saneamento já feitas, a água, a eletricidade; foi só fazermos o projeto”. Assim, e a partir do momento da tão aguardada inauguração, qualquer auto caravanista poderá ter acesso a estas valências e não só. “Também um bar aberto durante o dia, receção, casa de banho e estamos a prever

uma loja de conveniência com mostra de produtos da região. Além disso estamos a pensar dispor de consumíveis para as caravanas e, quem sabe, um dia, restauração”, revela.

Investimento de 15 mil euros do clube Para concretizar a obra o investimento foi de 15 mil euros sem apoios

Pescadores de Manta Rota têm novo trator A aspiração já não era nova e no dia 29 de Outubro concretizou-se um sonho da comunidade piscatória de Manta Rota. Protocolo entre o município de VRSA e associação de pescadores entregou um trator aos pescadores. Está prevista ainda uma casa de apoio em madeira, máquina de gelo e uma câmara frigorífica. Ao abrigo da candidatura realizada pela câmara municipal de Vila Real de Santo António ao Programa Operacional de Pescas do Continente (PROMAR) torna-se agora real o novo trator. Já a casa de apoio em madeira, a máquina de gelo e a câmara frigorífica constituem o próximo passo que a autarquia calcula que possa tomar forma no prazo de poucos meses. O investimento foi de cerca de 64 mil euros, com uma comparticipação de 75%, cabendo ao município um investimento de aproximadamente 13 mil euros. Luís Gomes disse ao JBG o quão importante é a candidatura e os equipamentos, em especial o trator. “Trata-se de uma candidatura que a câmara municipal fez em consonância com a associação de pescadores de Manta Rota no sentido de melhorarmos alguns aspetos e necessidades deles”, explicou salientando que “estavam a necessitar mesmo de um trator pois estavam a ter dificuldades em ir ao mar e viemos hoje aqui colocar o trator para poder começar já a funcionar” explicou atestando que “também vamos colocar uma arca frigorífica e vamos para isso

Praia da Lota em Manta Rota recebeu no dia 29 de Outubro o novo trator construir um espaço próprio para falta porque o que tínhamos estava guardar os seus artefactos e outros muito velho”, contou um dos pesequipamentos no sentido de valo- cadores ao JBG garantindo que “já rizarmos e darmos condições de estávamos há muito tempo parados trabalho”, disse relembrando que sem ganhar nada”, diz assegurando “é uma comunidade pequena mas que este, e os equipamentos restanque merece o nosso respeito”. Este tes, trazem agora novas condições apoio é concedido pela primeira às lides piscatórias. E o trator traz vez aos pescadores de Manta Rota, novo alento a uma comunidade que comunidade mais próxima da Ria referiu que “já fomos muitos, quase Formosa. 40, mas tem decrescido porque não A entrega do equipamento esbo- havia trator e os pescadores têm ido çou desde logo um sorriso aos para a Fábrica e VRSA. Agora esperapescadores que não perderam a mos que alguns voltem para cá para oportunidade de experimentar o não deixar acabar isto aqui”, contou novo trator. “O trator já fazia muita um dos pescadores presente.

financeiros de qualquer ordem. “Este investimento foi da associação e dos sócios”, diz assegurando que “estamos a falar do projeto e material de construção, pois o terreno já era propriedade do clube”. “O espaço está bonito e tem uma paisagem extraordinária” refere António Baltazar que garante que “as pessoas que aqui quiserem passar a noite não saem defraudadas”. E feito um investimento o retorno é agora a prioridade. “Os custos são uma forma de ajudar a associação”, explica o responsável adiantando que “uma diária com eletricidade, abastecimento/ despejo de águas e pernoita fica em 7 euros/dia”, um valor que refere como «simbólico», tendo em conta que no parque se encontram todas as condições. Consoante aumentam os dias de estadia o preço diminui, oferecendo condições atrativas aos utilizadores que pelo período de um mês pagam 75 euros.

Inauguração em breve

A inauguração está prevista para 10 de Novembro numa noite de fados com Raquel Peters. A novidade para os autocaravanistas é que em noite de inauguração a pernoita é grátis. Para já o responsável admite que para funcionar em pleno há também que apostar na promoção e a esse nível estão a preparar divulgação na internet e guias específicos. No que toca a apoios António Baltazar deixa desde já uma ressalva. “Grande parte das associações vivem a pensar nos subsídios das entidades e, nas associações de caçadores, na generalidade, isto não existe”, admite explicando que as “associações viradas para a cinegética vivem da quotização dos sócios e de eventos em que possam arrecadar dinheiro”, aludindo a título de exemplo aos «Dias Medievais», no qual participam com tasca típica. Ficam as coordenadas do novo parque de autocaravanas: GPS: 37º 19’54 N 7º 28’05 W

Falcoaria e animais exóticos na Feira da Perdiz «Paraíso Cinegético» é assim que é caracterizado pela autarquia o concelho de Alcoutim que voltou a realizar em Martinlongo a VI edição do certame.

Francisco Amaral, edil local, inaugurou a VI edição do certame O evento reservou dois dias, 14 e 15 cinegética. Mas não só, também as de Outubro, para promover a caça demonstrações de falcoaria rendecom muita gastronomia e albergou ram a atenção dos visitantes e ainda perto de duas centenas de animais a demonstração cinotécnica do Desexóticos e falcoaria que captaram tacamento de Intervenção de Faro a atenção dos visitantes. A expo- e o Concurso de cães de Alcoutim. sição «Micro Safari», uma mostra Para além dos vários expositores ligacom cerca de 200 animais exóticos, dos à caça, a feira contou também constituíu grande curiosidade dos com tasquinhas de produtos gastrovisitantes em pleno ano internacional nómicos locais e afamados pratos da biodiversidade. Desde formigas de caça, que constituíram também gigantes, répteis, anfíbios, insetos, um motivo de atração dos visitanaracnídeos provenientes de todos os tes. Entre os pratos a tão famosa cantos do mundo. A caracterização «canja de perdiz», juntamente com e ambiente vividos no certame eram o «javali e/ou veado estufado» e o notórios com uma decoração 100% «coelho frito»; os doces e o pão típico dedicada à caça e artigos destinados também tiveram enchente. aos caçadores que procuram o conceCom cerca de 45 zonas de caça, o lho de Alcoutim. Também dedicada concelho de Alcoutim possui tantas à caça foi o seminário «A Susten- zonas de caça turísticas como todo o tabilidade da Caça no Concelho de Algarve, sendo cada vez mais visitada Alcoutim» que juntou cerca de 60 por caçadores e áreas profissionais participantes em discussão sobre a ligadas à cinegética.


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LO CAL  Nova coletividade no concelho de Castro Marim

«Amendoeiras em Flor» quer recuperar tradições etnográficas A associação cultural «Amendoeiras em Flor» é recente e constituída por uma equipa jovem e com muita vontade de trabalhar. A meta é a cultura e com apenas dois meses de criação já trabalham na compilação de tradições perdidas. Para a Associação Amendoeiras em Flor (ACAF), a data de 9 de Agosto é sinónimo de alegria e de um culminar de esforços que resultaram numa associação que pretende recuperar tradições. “A fundação da associação é um motivo de orgulho, pois foi difícil reunir muita papelada e o dinheiro para a sua criação”, confessa Humberto Paulos garantindo que o recurso financeiro acaba por ser determinante. “Fizemos eventos para angariar fundos e com isso conseguimos pagar todas as dívidas e já temos algum fundo de maneio para eventos que vamos tendo”, explica. O nascimento da nova coletividade deu-se por meio de uma grande amizade. Reuniram-se assim pessoas e vontades e através de 20 sócios fundadores surgiu uma nova associação cujos objetivos são culturais.

Recolha de tradições E antes que muitas das riquezas etnográficas desapareçam esta associação já meteu mãos à obra e está a trabalhar na recolha. “Temos andado a recolher pelos montes

memórias junto da população mais envelhecida”, refere enumerando a preservação da etnografia, recolha de tradições, jogos, mezinhas e provérbios populares, como as grandes bases do trabalho. Feita esta recolha segue nova fase. “O que pretendemos é compilar material para podermos desenvolver atividades, ou seja, aliar o lúdico ao pedagógico e mais tarde uma coletânea”, menciona referindo que todo este trabalho vem no seguimento dos estatutos da associação que patenteiam a «recolha, preservação e divulgação da cultura na região». O trabalho é complexo e requer muita dedicação. “Hoje em dia há pouca gente jovem a querer recuperar tradições e neste grupo todos temos os mesmos objetivos e para haver credibilidade temos que mostrar trabalho”, conta Soraia Conceição, uma das sócias fundadoras.

Coro Litúrgico Para além da recolha a ACAF já criou um grupo: um coro litúrgico. “Através de toda a pesquisa de músi-

VRSA é pela quarta vez «Autarquia + Familiarmente Responsável» DR

VRSA é detentora de boas práticas na qualidade de vida das famílias A distinção já não é nova, mas congratula o município de VRSA pela ação feita em prol das famílias do concelho. O distintivo, atribuído pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), permite que a autarquia se junte aos 35 municípios, a nível nacional, que adotaram «medidas facilitadoras da vida familiar dos seus residentes», atesta a APFN. No Algarve VRSA é uma das galardoadas, tal como Faro, com uma bandeira verde da iniciativa. “Hoje, mais do que nunca, as políticas de apoio à família são essenciais e as mais eficazes são as de proximidade», afirma Margarida Neto, membro do Observatório das Autarquias Familiarmente Responsáveis, promotor do prémio. Já o edil

vila-realense, Luís Gomes atesta que “esta distinção dá ainda mais visibilidade às práticas de proximidade e às medidas sociais em vigor destinadas a melhorar a qualidade de vida das famílias do concelho”, assegura fundamentando que “mesmo num cenário de contenção económica, soubemos ser criteriosos e manter os apoios sociais para quem mais precisa”. Este reconhecimento resulta do apoio à maternidade e paternidade; apoio às famílias com necessidades especiais; serviços básicos; educação e formação; habitação e urbanismo; transportes, saúde, cultura, desporto, lazer e tempo livre; cooperação, relações institucionais e participação social. Saiba mais em: www.observatorioafr.org

Associação trabalha na recolha de tradições da região cas criámos um coro e queremos ir mais longe, recolhendo até músicas que se cantavam nas igrejas e na altura dos reis”. A primeira aparição do coro já aconteceu no Monte Francisco no âmbito da procissão de S. Francisco de Assis. “Queremos começar devagar e o próximo objetivo, de futuro, será montarmos um grupo de músicas e cantares algarvios”. Quanto ao canto dizem humildemente não serem profissionais da arte, querendo apenas “recriar o tradicional da nossa terra e das nossas

gentes”.

Associados dos 3 até aos 73 anos Aqui os associados formam um grupo heterogéneo, vão desde os 3 anos, o rebento mais novo, até aos 73 anos, à «avó de todos». “No coro tentamos fundir a população mais jovem com a mais idosa e este tem sido um trabalho de fundo”. Para já um dos sonhos é uma sede, algo mais complexo nos dias que correm, mas

enquanto portas não se abrem, existem janelas. Para já a junta de freguesia de Castro Marim já lhes colocou uma sala à disposição, também em Odeleite foi-lhes cedido um espaço promocional e no que diz respeito ao coro podem ensaiar na Escola primária do Monte Francisco, que funciona como capela dedicada a S. Francisco de Assis. Em tempo de crise o recurso financeiro é importante, até porque pretendem uma «associação autossuficiente», mas para já sinergia é a palavra de ordem. Este grupo de amigos, que se apelida como «família», dá já provas de maturidade alcançada noutros caminhos do associativismo. “Todos nós pertencemos a outras associações e estamos habituados a trabalhar sem receber nada em troca, muito na base do voluntariado”, refere o responsável salientando “que se trabalha por amor à camisola”. A ACAF tem-se dado a conhecer a empresas e entidades do território e a quotização é bem modesta; são 0,50 cêntimos mensais. Para mais informação contacte: acaf.algarvemail.com

 Investimento de 31.500 euros

Castro Marim recupera casas a idosos O investimento é de 31.500 euros e abrange a requalificação de 10 habitações degradadas de idosos no concelho. Trata-se de uma iniciativa resultante do protocolo celebrado entre a Câmara Municipal e o Instituto de Segurança Social, IP, cabendo ao Município os custos com a mão-de-obra das intervenções a realizar. Esta iniciativa de recuperação de casas a seniores do concelho pretende “garantir condições dignas de habitabilidade a dezenas de famílias castromarinenses”, explica a câmara local. Ainda a par da recuperação de casas degradadas, a câmara municipal, ao abrigo do Programa de Conforto Habitacional para Pessoas Idosas (PCHI), vai melhorar habitações a pessoas idosas que beneficiem de apoio domiciliário. De acordo com a edilidade “esta medida é de grande alcance social para uma faixa da população que tem necessidade de ser devidamente apoiada e acompanhada”, refere subli-

Município vai recuperar 10 casas de seniores do concelho nhando outras políticas sociais, como o Cartão do Idoso, que permite a um número cada vez maior de castromarinenses ter benefícios

na obtenção de medicamentos, no transporte para consultas médicas e na rede de transportes coletivos «Castro Marim Mais Perto».


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LOCA L  Autarquia inicia plano de ajustamento financeiro

VRSA pede 25 milhões para saldar dívidas de curto prazo A Câmara Municipal de VRSA apresentou o seu Plano de Ajustamento Financeiro e anunciou o pedido de 25 milhões de euros ao abrigo do Plano de Apoio à Economia Local (PAEL). No dia 25 de Outubro o Salão Nobre do município pombalino foi palco do anúncio do Plano de Ajustamento Financeiro, um instrumento que visa a estabilidade económica da autarquia e dar seguimento às metas de contenção, em vigor há precisamente um ano. Esta medida pressupõe o recurso ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), visando o saldo das dívidas vencidas há mais de 90 dias e registadas a 31 de Março. Através do PAEL, a autarquia candidata-se a uma verba de 25,6 milhões de euros, dos quais 30% se destinam a liquidar faturas a fornecedores do concelho. Além desta verba, o plano de consolidação contempla um programa de reequilíbrio financeiro, com um prazo de 20 anos, o que vai permitir a estabilização das contas e o alívio da tesouraria. “Porque se tratam de

dois instrumentos de consolidação equivalentes nas metas a que se propõem, a autarquia reuniu o PAEL e o programa de reequilíbrio num único plano de ajustamento, com objetivos e prazo idênticos, o que se traduz numa proposta mais consistente e com repercussões positivas no desenvolvimento local”, ressalva o edil vila-realense Luís Gomes que explicou que a autarquia recorreu voluntariamente a estas medidas fundamentando que se trata da «forma mais rápida de assegurar o seu reequilíbrio financeiro e a estabilidade da tesouraria». Recorde-se que VRSA enquadrava-se no Programa II, menos exigente no cumprimento de metas.

Contenção poupou 4 milhões No balanço do primeiro ano de

Assembleia Municipal de Castro Marim contra a «fusão» de municípios Depois de Alcoutim foi a vez de Castro Marim aprovar uma moção de indignação contra a proposta «estapafúrdia» do PS de VRSA à fusão dos municípios do Baixo Guadiana. Em Agosto a bancada socialista da Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António aprovou por larga maioria uma moção que recomendava ao Governo a fusão dos três Municípios do Baixo Guadiana: VRSA, Castro Marim e Alcoutim. A resposta de desagrado dos municípios envolvidos não tardou e o executivo de Alcoutim apresentou em Setembro uma manifestação de repúdio, pelo teor da moção, exigindo o documento que “a classe política assuma de um modo responsável e sério os compromissos com os eleitores” e considerando a mesma como “uma profunda falta de respeito para com as populações destes três concelhos”. O coro de protestos não cessou por aqui. No final de Setembro os membros eleitos do Partido Social Democrata na Assembleia Municipal de Castro Marim consideraram a proposta do partido rosa vila-realense como «estapafúrdia e despida de qualquer sentido». Os membros referem que a Assembleia Municipal de VRSA foi “longe de mais” ao ter votado a proposta do PS, denominada «documento de reflexão dos três concelhos do Baixo Guadiana». “Que se saiba, os eleitos nas autarquias dos dois concelhos visados,

muito menos os castromarinenses ou os alcoutenejos, não atribuíram qualquer mandato ao PS e à Assembleia Municipal de VRSA, para decidirem sobre o futuro do seu território”, referem em comunicado acrescentando que “não se funde a identidade e a história de dois concelhos com 500 anos de diferença do concelho de VRSA, num qualquer caldeirão político, com a justificação estafada, que é para combater a crise económica existente nos mesmos ou por causa dos laços familiares, das tradições e do grande rio do Sul, que banha o Baixo Guadiana”. A moção mostra repúdio pela ideia de fusão garantindo a indignação da proposta “que mais não pretende do que abocanhar a identidade e a História dos concelhos de Castro Marim e Alcoutim”. A sublinhar que após a apresentação da proposta socialista vilarealense em Agosto, Luís Gomes, edil de VRSA afirmou que se “tratou de uma moção apresentada pelo PS que mereceu o apoio de deputados municipais do PSD”, mas para ser concretizada terá de ser aprovada em referendo e merecer a concordância dos outros concelhos.

execução do Plano de Contenção Financeira do município, perfazendo em Outubro um ano preciso, foram exatamente 4 milhões de euros o montante poupança resultante da aplicação de uma centena de medidas transversais a todas as divisões e setores da atividade. Os cortes mais visíveis deram-se no Fornecimento de Serviços Externos, com destaque para reduções com a iluminação pública, combustíveis, gás e comunicações; nas horas extraordinárias e nos stocks de aprovisionamento e consumíveis.

Mais 50 medidas: 90% no corte de despesa Foi ainda apresentado um conjunto de 50 medidas adicionais, passando o Plano de Contenção Financeira a integrar agora 150 objetivos; 10% centram-se no aumento de receitas

uma vez mais manter todos os apoios sociais em vigor na autarquia”, explica considerando que “prova disso é que, em pleno cenário de contenção autárquica, voltámos a ser distinguidos com o prémio «Autarquia + Familiarmente Responsável», remata. [ver notícia página 11]

Nove municípios algarvios recorrem ao PAEL Luís Gomes garante que o PAEL vai permitir a estabilização das contas e a grande fatia, os 90%, incide no corte da despesa. A meta quer a correção de alguns indicadores, bem como a manutenção da poupança anual nos setores-chave. As medidas são ambiciosas, mas Luís Gomes admite desde já não descurar os apoios essenciais. “Apesar desta ambiciosa revisão de metas, iremos

Para além de VRSA também outros 9, dos 16 municípios do Algarve, vão candidatar-se ao PAEL. Portimão pede 100 milhões de euros, Lagos 10,8 milhões de euros, Albufeira 30,2 milhões, Faro 24 milhões, Loulé 15 milhões, Olhão 6,3 milhões, Lagoa 5,1 milhões e Tavira 1,8 milhões. Apenas Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Vila do Bispo, Monchique, S. Brás e Vila do Bispo ficam de fora.

Alcoutim melhora iluminação e reduz custos À semelhança do que tem vindo a acontecer noutras povoações do concelho, ao abrigo do contrato entre a câmara municipal de Alcoutim e a EDP, em Penteadeiros, Diogo Dias e Azinhal, as lâmpadas de mercúrios (brancas) vão ser substituídas pelas de vapor de sódio (amarelas), com uma maior eficiência energética. Uma empreitada que representa um investimento na ordem dos 7 mil euros. No campo da redução de custos com a iluminação pública vão ser instalados reguladores de fluxo [cofinanciados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER)] nas sedes de freguesia do concelho. Estes reguladores permitem a redução dos níveis

São 13 mil euros o que Alcoutim vai poupar na iluminação de luminância em períodos de menor uma redução de cerca de 35% no conatividade, sem qualquer risco para os sumo. Feitas as contas a poupança munícipes. Em média isto representa ronda os 13 mil euros.

Cais de Laranjeiras já está requalificado A localidade das Laranjeiras, concelho de Alcoutim, está mais atrativa. É que a obra de requalificação do cais já está concluída e dispõe agora de um espaço amplo, mais moderno e atrativo. A empreitada custou à câmara cerca de 100 mil euros e contemplou a criação de mais zonas de sombra, um percurso pedonal, uma zona de campo de jogos e a instalação de um quiosque, com sanitários, esplanada e parque de merendas com fogareiros. Laranjeiras tem agora nova cara e imagem, com um cais preparado para receber visitantes turistas e iatistas. “Trata-se de uma clara aposta da autarquia no desenvolvimento local e turístico”, refere a edilidade em comunicado.

Obras de requalificação custaram cerca de 100 mil euros


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o ã n s a ç n a i r C s a d s o t i m e s Dire o d i c e u q s e r e s m e pod e s i r c e d o p tem

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A CPCJ realiza um trabalho invisível, moroso, complexo, por vezes ingrato, mas cuja principal preocupação é assegurar os direitos das Crianças consagrados na Convenção. A CPCJ de VRSA atua no terreno desde 2001 e Sílvia Cardoso preside desde 2010 numa comissão que reúne várias entidades do concelho numa abordagem multidisciplinar, para trabalhar a criança como um todo. A conversa foi preenchida com os direitos das crianças e os deveres dos adultos. Em tempos de crise, e em que troika é a palavra mais ouvida, a responsável confessa ter receio que quem tome decisões não esteja a ter em consideração documentos como a Declaração dos Direitos da Criança. Passos que demoraram tanto tempo a serem dados podem regredir. Dorisa Peres, também técnica da CPCJ, juntou-se à conversa para falar de violência no namoro. Joana Germano

JBG - O que é e como funciona, em linhas mestras, uma CPCJ? Sílvia Cardoso - Uma Comissão de Proteção a Crianças e Jovens atua no sentido de avaliar e acompanhar os casos de crianças que estão em situação de perigo real, ou seja, crianças que são mal tratadas, negligenciadas, com problemas de abusos sexuais, abandono escolar, enfim, tudo aquilo que constitui um ataque aos direitos das crianças, consagrados na Convenção. Depois também tem uma função preventiva, ou seja, no risco, em vez de fazer uma intervenção direta nos casos, o objetivo é fazer também ações de sensibilização e prevenção, de promoção dos direitos das crianças para evitar que situações que podem vir a agravar-se não cheguem de facto a acontecer. No fundo é salvaguardar e proteger os direitos das crianças. JBG – A CPCJ representa um conjunto de instituições que trabalha em interligação. Como é que isto se processa? S.C. - É uma representação da sociedade civil. Engloba representantes do município, do ministério da saúde e educação, das forças policiais, segurança social; no fundo uma representação das entidades que fazem parte da comunidade, que trabalham no terreno e têm conhecimento das várias facetas da infância e juventude. Nesse sentido atuam em conjunto e decidem concretamente sobre os casos. A educação, a saúde, a segurança social e o município são representantes obrigatórios; a Comissão não pode funcionar sem eles. Acaba por revestir o conhecimento que uma determinada comunidade tem sobre as crianças através de uma abordagem multidisciplinar. JBG – Mas há uma comissão

restrita e uma comissão alargada... S.C. – Sim. A comissão restrita é aquela que funciona com os casos concretos, é aquela com número menor de elementos e por técnicos, nomeadamente psicólogos, professores, enfermeiros e assistentes sociais. O caso concreto é sinalizado e depois a comissão restrita acompanha o processo e faz as diligências necessárias para verificar se a criança está a ser mal tratada, se vai à escola, etc. Por último, o grupo delibera sobre o mais adequado para a situação. Já a comissão alargada integra mais representantes, desde elementos da assembleia municipal, representantes das forças policiais, das entidades, ONG e IPSS’s. Aqui todo o trabalho é feito no âmbito da prevenção para evitar que a situação chegue a um ponto de sinalizações de casos concretos.

nomeadamente os vizinhos, sinalizam situações de negligência que observam; até os próprios pais sinalizam. JBG – Os pais também sinalizam?! S.C. - Sim, os pais sinalizam quando perdem o controlo da situação; quando os jovens não querem ir à escola, quando cometem pequenos delitos, consumos de substâncias... No fundo vêm pedir apoio para intervir naquela situação, porque muitas vezes esgotaram as suas intervenções. Outras vezes sinalizam em caso de

resolver as situações normalmente, se não conseguirem o caso vem para a CPCJ, que só pode intervir com o consentimento dos representantes legais da criança. Se decidem não dar o consentimento então o caso é automaticamente remetido ao Tribunal de Famílias e Menores de Faro que atua numa instância superior. Mas o frequente é que os pais deem o seu consentimento para que a situação seja resolvida, para comprovar que a denúncia não tinha fundamento, ou ainda porque reconhecem elas próprias que há um trabalho a fazer. JBG – Como é que a CPCJ atua na prevenção destas situações? S.C. - Criámos dois grupos exatamente para tentar combater prevenindo aquilo que são os grandes polos de sinalização. Um dos grupos de trabalho é coordenado pela Dorisa Peres [também psicóloga clínica e técnica da CPCJ], e está diretamente ligado ao combate à violência doméstica, ao tentar encontrar formas de uma melhor interligação entre técnicos e mais sensibilização dos jovens e comunidade para estas questões. Por outro lado, também foi criado o grupo de educação para o combate ao absentismo e abandono escolar. Aqui têm sido desenvolvidas ações nas escolas para evitar aqueles casos que sabemos que resultam em abandono escolar e começam com insucesso, falta de acompanhamento no estudo e desmotivação. Neste âmbito, o ano passado, numa primeira fase, o grupo fez um questionário escolar aos professores e alunos. Fruto dessa recolha informal constituiu-se um grupo de voluntários, em articulação com o Banco de Voluntariado da câmara, em que maior parte são professoras reformadas que disponibilizam algum do seu tempo semanal para dar apoio extra

“Não são miúdos maduros, são miúdos vividos; mas por outro lado são carentes de afeto, precisam de um colo”

JBG – Qual é a média de sinalizações no concelho de Vila Real de Santo António? S.C. - Nos últimos anos tem andado à volta de 170 processos sinalizados por ano; trata-se de uma média que está em linha, por exemplo, com Tavira e com os números do panorama nacional. É claro que é sempre alarmante termos 170 processos trabalhados, mas repare-se que cada criança tem um processo e se tivermos uma família com cinco filhos já falamos de mais cinco processos... JBG – Quais são os principais grupos de sinalização? S.C. - O abandono e absentismo escolar e a exposição a modelos de comportamentos desviantes, neste caso a violência doméstica. As duas entidades que mais sinalizam são as autoridades policiais e a escola. Também a própria comunidade,

divórcio, ou seja, um dos pais questiona a educação que o outro progenitor está a dar aos filhos; acusam de negligência e de sujeição a comportamentos desviantes. Outras vezes sinalizam-se uns aos outros, em forma de ataque, às vezes sem qualquer fundo de razão, no entanto a criança não deixa de estar em perigo ao assistir a este comportamento dos pais. JBG - Como é que a Comissão atua ao receber uma sinalização? S.C. -São efetuadas algumas diligências sumárias no sentido de perceber se aquela situação de perigo se confirma, se sim abre-se então o processo e pede-se o consentimento da família, que é um passo essencial na comissão e uma forma de desburocratização dos tribunais. Se a família não consentir, a intervenção não arranca. Repare que a CPCJ está num nível intermédio entre as entidades de primeira linha normais (escola e centro saúde, por exemplo); essas tentam

e melhorar o rendimento escolar. dos jovens em risco. Por outro lado este grupo fez várias sessões de sensibilização junto de turmas mais problemáticas e falou com os alunos sobre estas questões onde os mais jovens encontram espaço para se expressar e acabam por participar. JBG – A institucionalização de crianças e jovens é sempre um último recurso…?! S.C. – Sim, sempre. Se a criança está em perigo tem que se aplicar uma medida, sendo que estas sucedem-se por degraus A primeira medida é o apoio junto dos pais, uma medida de acompanhamento até 18 meses e a criança mantem-se em casa; o próximo degrau é a entrega a outro familiar que reúna condições de estabilidade; a terceira é confiança a pessoa idónea: uma pessoa que não tem laço de parentesco, mas é uma pessoa com ligação afetiva à criança, alguém a quem a CPCJ e a família confiem. Se nenhuma destas hipóteses for válida aí partimos para uma medida de acolhimento familiar ou institucional. Existem poucas famílias de acolhimento em Portugal... Como tal têm que ir para uma instituição o mais próxima possível para reabilitar a família a curto prazo. A última das medidas é a adoção, quando determinada pelo tribunal, e só quando não há outra hipótese. Há ainda a medida de autonomia de vida que se aplica a jovens acolhidos em instituições e que já não vão voltar para a família; já não têm condições de serem adotados e chegam a uma determinada idade em que a CPCJ pode aplicar esta medida para que se autonomizem, ainda que com um apoio económico atribuído. Neste momento temos duas jovens abrangidas nesta medida. JBG - Isso não é um desgaste psicológico muito forte para os jovens? S.C. – É, mas muitas vezes eles já têm uma história de vida muito


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marcada desde pequenos. Algumas jovens que temos aqui foram postas na rua porque já não as queriam em casa ou porque eram problemáticas… Há pessoas que dizem que já não os querem mais, que não querem saber... Mas são muitas vezes os próprios jovens a pedir para sair da família que já não lhes dá o afeto, a segurança e apoio que precisam. Não são miúdos maduros, são miúdos vividos; já têm experiência de muitos golpes e de abandono, mas por outro lado são carentes de afeto, precisam de um colo; é claro que contam com o acompanhamento da CPCJ, mas nós não somos exatamente uma família... JBG – Recentemente organizaram uma sessão de esclarecimento sobre «Violência no namoro». É cada vez mais recorrente este fenómeno ou estava apenas encapotado? Dorisa Peres - Não sei se está a aumentar ou se agora é que se ouve falar mais. A nossa sociedade sempre foi um bocadinho machista; nunca se falou em violência no namoro, não havia esse conceito nem essa preocupação. À medida que a violência doméstica começou a ser mais falada começámos a perguntar-nos de onde é que isto surgiu e reparámos que nas escolas havia alguns casos de namoro possessivo. Há quem pense que o controlo e possessividade são demonstrações de amor…! É uma ideia enraizada na mente de muitos jovens. A título de exemplo, há quem diga que o ciúme é sinal de amor e que não há amor sem ciúme. Isto não está provado e o ciúme está sempre ligado ao sentimento de possessão. Mas isto vem da nossa tradição; já quando a mulher casa fica com o nome do marido... Ao longo do tempo as mentalidades têm vindo a mudar, mas há muitas tradições enraizadas. Há dificuldade em pensarmos sobre aquilo que estamos a fazer; as pessoas não se questionam sobre o que está correto. A agressão verbal e psicoló-

gica ainda é muito preocupante e a questão dos amigos e redes sociais são uma bomba na mão dos agressores. Para já o nosso trabalho está focado numa parte preventiva. O que queremos é por as pessoas a pensar e a falar. O resto da comunidade tem que começar a pensar, pois é frequente esta agressão ser mútua e não exclusiva do homem. JBG – O cyberbullying começa cada vez mais a mostrar as garras, tendo ficado marcado pelo recente suicídio de uma jovem canadiana vítima do fenómeno. A CPCJ pode atuar neste sentido? S.C. - Temos recebido sinalizações, mas numa primeira fase a responsabilidade é da escola, que pode pedir ajuda às instituições e fazer ações nesse sentido e por outro lado conseguir sancionar os agressores. Se quem perpetua é realmente agressor e demonstra comportamentos, a primeira análise é saber se em casa é dada uma educação de respeito pelos outros. Aqui a escola tem que ter a primeira responsabilidade e pedir ajuda às intervenções no terreno onde se inclui a CPCJ. Neste sentido também o Estatuto do Aluno já integrou algumas medidas, no sentido da vítima poder ser transferida de turma, poder mudar de escola, etc. Mas de facto há necessidade de intervir junto daqueles que são sistematicamente agressores dentro da escola e são muitas vezes esses jovens que são sinalizados à comissão para que se possa fazer uma abordagem, pois a violência a que estão frequentemente sujeitos em casa é o exemplo e modelo que vinga. Já o facebook é muito bom para quem já tem características de sociabilidade, agora para quem não tem vem a agravar estes problemas

contribuindo muito para o isolamento dos jovens que caem facilmente em esparrelas. JBG – O superior interesse da criança chegou ao público com a mediatização do caso «Esmeralda». O que é afinal o superior interesse da criança? S.C. - É um dos princípios da legislação que pauta a intervenção das comissões e tribunais. A perspetiva é que aquilo que tem que ser salvaguardado é o mais importante para a criança. Mas o que acontece

ralda» creio que o que predominou foram mais os direitos dos adultos envolvidos no caso, pois não creio que a criança estivesse em perigo. Mas é uma questão muita vaga… JBG – Atualmente a grande polémica prende-se com o facto de uma criança ter sido «apadrinhada», à guarda, de um casal homossexual. Pode ser motivo para sinalização? S.C. - A verdade é que sabemos que as pessoas têm uma tentação para achar que as pessoas que são diferentes não hão de ter capacidade, seja no ponto de vista de orientação diferente, mas também no caso de pessoas estrangeiras. É muito mais fácil uma pessoa denunciar um vizinho imigrante do que denunciar o vizinho que é português; é quase um distanciamento emocional. De qualquer forma a orientação para um caso desses, caso nos nos surgisse seria exatamente a mesma que para qualquer outro. Se a criança está bem tratada e não está a ser negligenciada não há caso; é um não assunto e cumpre os requisitos exigidos a uma outra família qualquer.

“Temos que decidir em

primeiro lugar salvaguardando aquilo que é o interesse da criança e o que é melhor para ela” muitas vezes é que no direito colidem os direitos e deveres. Num processo destes, e no da «Esmeralda», falamos de um caso de alta complexidade onde coincidem uma série de direitos que colidem por vezes com os direitos dos pais. O que tem que ser salvaguardado em primeiro lugar é o direito das crianças, no sentido de perspetivar aquilo que é mais importante para elas no futuro. Temos que decidir em primeiro lugar aquilo que é o interesse da criança e o que é melhor para ela, sendo que as crianças não o são capazes de fazer e podem ser facilmente manipuladas pelos pais. Há pouco falávamos como uma das últimas medidas o acolhimento em instituição, não é porque isso seja penalizador para os pais, é porque é muito penalizador para uma criança... E não se faz mais vezes porque retirar uma criança da família é muito mais difícil para aquela criança do que para os pais, cujo direito nessa altura fica em segundo lugar. No caso «Esme-

JBG – Os tempos de crise e escassez que se vivem podem estar de alguma forma ligados a mais sinalizações? S.C. –A Comissão não tem que intervir porque a família é pobre ou porque tem poucos rendimentos. Tem que intervir se nesta condição a família não estiver a recorrer aos apoios e não estiver a fazer aquilo que pode ser feito para ajudar os filhos. Tem sim que apoiar ou reforçar algum tipo de ajuda que esteja a ser feito, mas não tem que intervir quando não há negligência ou maus tratos. No caso dos pais que têm pouco dinheiro: se passam fome e optam por comprar um maço

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de tabaco em vez de comprarem comida para as crianças, aí sim, temos que atuar. A escola e município conseguem resolver por si próprias a grande maioria das situações; felizmente a maior parte dos pais está consciente e coloca os filhos em primeiro lugar. Agora maior dos pais com características de negligência grave já o eram quando não havia crise... JBG – O que deve ser feito ao nível do Direito das Crianças, sendo que a Declaração data de 1959, portanto há mais de 50 anos? S.C. - Acho que há muita coisa para ser feita e acho que estamos a talvez a descurar. A minha grande preocupação é que no meio de todas estas políticas e decisões que estão a ser tomadas com o memorando da troika, quem de direito não esteja a olhar para este tipo de documentos quando tomam as decisões. Portugal de um modo geral tem as instituições e tem aquilo que é necessário para proteger os direitos das crianças, mas as coisas vão-se deteriorar nesse sentido. Quando começa a ficar em casa o direito à educação ou o direito à saúde das crianças, acho que vai haver muita coisa que precisa de ser feita por aí. Por exemplo, o ensino é obrigatório, mas os livros são pagos; não é o pior dos mundos, mas há muita coisa que se podia fazer com um pouco mais de vontade e não é feita. O sistema de proteção em Portugal pode ser considerado avançado, e está referenciado na Europa como um bom sistema que salvaguarda os direitos das crianças, mas tem falhas e limitações, como é óbvio, sobretudo fazem falta mais ações de prevenção. Muitos passos têm sido dados ao nível da educação e saúde, mas temo que estes passos, que demoram tanto tempo a serem dados, agora possam começar a regredir.


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LOCAL

Algarve é o «melhor destino de praia da Europa» O Algarve foi galardoado com os «óscares» do Turismo. A região foi eleita como «o melhor destino de praia europeu», consolidando a primazia e qualidade das praias do sul. Portugal foi considerado «o melhor destino de golfe».

Agentes do turismo europeu votaram no Algarve como região detentora das melhores praias da Europa Com mais de três dezenas de nomeações, Portugal saiu dos World Travel Awards (WTA) Europe com seis prémios globais, a que se junta ainda um extra conquistado a nível mediterrânico e mais sete a nível nacional. No total, há mais cinco prémios para Portugal do que na edição anterior. A cerimónia decorreu no dia 6 de Outubro no novo Hotel Conrad Algarve e patenteou duas grandes conquistas, para o país e região, nos dois nichos de mercado fundamentais para o setor do turismo. O país conquistou o «óscar» para destino líder no golfe e o Algarve ostenta o galardão de «melhor destino de praia da Europa».

Hotéis do Algarve galardoados Entre os vencedores portugueses, encontram-se o Martinhal Beach de Sagres como melhor villa resort; o Dunas Douradas Beach Club (entre Quinta do Lago e Vale do Lobo), como melhor complexo villa e apartamentos; o Vila Joya (Albufeira) voltou a ser considerado o melhor boutique resort; e o anfitrião da gala, o Conrad Algarve, hotel de luxo do universo Hilton, como melhor novo resort. O Algarve ganhou também sete dos oito galardões no que diz respeito às categorias disputadas apenas entre unidades portuguesas: Ria Park, Sheraton Algarve - Pine Cliffs, Le Méridien Penina (duas distinções), Hilton Vilamoura, Blue&Green Vilalara Thalassa e, uma vez mais, ao Conrad Algarve. O único hotel fora do Algarve distinguido pelos WTA foi o Bairro Alto Hotel, em Lisboa, considerado o melhor boutique hotel português. Na cerimónia, foram também atribuídos prémios a nível nacio-

nal/regional dentro do continente europeu, sendo que o Hotel Quinta do Lago foi distinguido como o melhor da área do Mediterrâneo.

«Destino de primeira classe» A gala no Algarve serviu também para “promover a região como um destino de primeira classe, com facilidades excecionais e um invejável clima, como nenhum outro país na Europa”, disse António Pina do Turismo do Algarve. Já Graham E. Cooke, presidente e fundador dos WTA, referiu em comunicado que a cerimónia cumpre o propósito de “destacar condignamente o Algarve, refletindo o papel vital do turismo na região e o seu contributo geral para a economia portuguesa” diz rematando com um elogio à região. “O Algarve é também uma das mais belas linhas costeiras do mundo”, destaca. Cristopher Frost, vice presidente dos WTA, disse na ocasião que os prémios são a prova de que o Algarve é um «excelente mercado» e de que os turistas continuam a visitar a região, sobretudo os clientes de resorts de luxo, «que não estão a ser tão afetados pela crise».

Cerimónia final em Dezembro A salientar que os World Travel Awards (WTA) decorreram na região do Algarve em parceria com a Publituris e com o Turismo do Algarve. Estes prémios acontecem desde 1993 e dividem-se por dez regiões mundiais com as galas de cada divisão a decorrer ao longo do ano culminando numa cerimónia final que este ano se realiza em Nova Deli, Índia, a 12 de Dezembro.

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LO CAL  Requalificação do Centro Histórico de VRSA em marcha

«Centro Comercial a Céu Aberto» mais próximo da realidade No Dia Mundial do Turismo, 27 de Setembro, deu-se também a assinatura do primeiro contrato de financiamento do programa JESSICA no município de VRSA. Um contrato que vem permitir potenciar a requalificação do centro histórico da cidade e ampliar a sua apetência comercial. VRSA é o terceiro município do país a avançar com obras. Os problemas inerentes aos centros históricos são desde já sobejamente conhecidos; a degradação, mau estado de conservação, desertificação e a ruína; enfim uma morte lenta de edifícios e espaços comerciais que em outros tempos representaram um forte atrativo populacional e comercial. Este é um problema usual por todo o país e cuja visibilidade e espelho da degradação levaram ao lançamento do programa JESSICA. A iniciativa pretende estimular o apoio para a reabilitação urbana e colocar assim em marcha a revitalização tão esperada das zonas e centros históricos das cidades. E foi assim que 27 de Setembro, Dia Mundial do Turismo, ficou marcado como um dia de grande regozijo para o município pombalino ao assinalar o início de uma nova etapa na reabilitação e dinamização do centro histórico e comercial da cidade.

VRSA é o primeiro município do Algarve a avançar com reabilitação urbana A assinatura do primeiro contrato de financiamento JESSICA, pela empresa municipal Sociedade de Gestão Urbana (SGU) de Vila Real de Santo António, foi a primeira a ter lugar na região do Algarve e a terceira do país, após Lisboa e Évora. Uma cerimónia que contou com a presença do presidente do conselho diretivo do Turismo de

também porque prova que Vila Real de Santo António está a saber reinventar-se como destino turístico”, afirmou na ocasião Frederico Costa, Presidente do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal. Já o edil vila-realense, Luís Gomes referiu que os espaços históricos “devem ser entendidos como uma oportunidade para ampliar a qualidade de vida e o desenvolvimento económico”. Destacou todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos pela autarquia, dando especial enfoque à criação do Plano de Salvaguarda

da aposta no turismo desportivo, o que nos tem garantido as taxas de ocupação hoteleira mais elevadas do Algarve, estamos a trabalhar para dar novas dinâmicas ao centro histórico, provando que é possível sermos pró-ativos mesmo em tempos de crise”.

Investimento ascende aos 1,5 milhões O volume de investimento deste fundo de desenvolvimento urbano ascende aos 1,5 milhões de euros,

JESSICA apoia a reabilitação Atualmente a degradação dos centros urbanos é um problema estruturante nos vários municípios do país, em Vila Real de Santo António, capital do iluminismo, portanto detentora de muitos edifícios históricos e emblemáticos, o problema também persiste. Neste sentido já foram algumas as medidas implementadas pelo executivo vilarealense, liderado por Luís Gomes, para incentivar a reabilitação, entre elas, e a destacar, a publicação do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino; o processo de classificação como imóvel de interesse municipal do Hotel Guadiana e a candidatura do município ao programa JESSICA (Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas). Falamos de um instrumento financeiro promovido pela Comissão Europeia e desenvolvido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) com o apoio do Council of Europe Development Bank. Trata-se de uma forma inovadora de aplicar os fundos estruturais comunitários, postos à disposição dos estados membros a favor de projetos inseridos em intervenções integradas de desenvolvimento urbano, em que a tradicional forma de apoio a projetos isolados, através de comparticipações a fundo perdido, é substituída pela mobilização de fundos estruturais comunitários, numa ótica de financiamento reembolsável.

VRSA é o primeiro município do Algarve a avançar com obras no centro histórico Portugal, Frederico Costa; do pre- do Núcleo Pombalino de VRSA, o enquanto o financiamento será sidente da Câmara Municipal de qual considerou “um passo funda- de 976 mil euros, correspondente VRSA, Luís Gomes; do presidente mental para a formalização deste a 70% das despesas elegíveis. A da CCDR Algarve, David Santos; e contrato”. Acrescentou satisfeito autarquia aponta desde já o final do administrador-delegado da SGU, que “é para nós um motivo de orgu- do primeiro semestre de 2014 para Pedro Alves. Dá-se então segui- lho termos aprovado, em 2008, um a concretização das várias intervenmento ao projeto de reabilitação e instrumento de defesa do patrimó- ções previstas. O financiamento corresponde a dinamização económica do centro nio cuja execução se arrastava há histórico pombalino de VRSA e à mais de 20 anos e agora, depois de 50% por recurso a fundos próprios iniciativa «centro comercial a céu Lisboa e Évora, termos sido o ter- do Turismo de Portugal e os resaberto», uma das grandes aspira- ceiro município a assinar um con- tantes 50% por recurso à tranche ções do executivo vila-realense. trato de financiamento JESSICA”. JESSICA. A sublinhar que este “A assinatura deste contrato O autarca salientou ainda as dinâ- conjunto de medidas “tem como reveste-se de especial importância, micas que surgem em tempos de objetivo potenciar a requalificanão só por ter sido concretizada acentuada crise financeira no país ção do núcleo histórico da cidade, no Dia Mundial do Turismo, mas e nos municípios. “À semelhança tirando partido da sua crescente

atratividade turística”, refere a autarquia frisando que se trata “de um dos mais bem preservados exemplos de arquitetura iluminista a nível europeu, já protegido por um Plano de Pormenor de Salvaguarda, por um Programa Estratégico de Reabilitação Urbana e sobre o qual foi criada uma Área de Reabilitação Urbana”.

Mais comércio, mais turismo Mas não se trata apenas da reabilitação e preservação de edifícios. O município é ambicioso e pretende desenvolver atrativamente o comércio da cidade, desde já uma bandeira deste executivo. “A iniciativa visa também ampliar a apetência comercial e económica do centro histórico desenvolvendo novas abordagens, como é o caso do conceito «Centro Comercial a Céu Aberto»”, recorda o município. Com esta medida, a SGU e a autarquia de VRSA pretendem aumentar a atratividade das áreas comerciais já existentes no centro histórico, complementando-as com novas abordagens que contribuam ainda mais para a diversificação da oferta junto dos consumidores e visitantes. Para já o objetivo é que este conjunto de planos seja um motor de investimento que potencie o surgimento de novos nichos de mercado e crie um ambiente atrativo ao investimento imobiliário. “A expectável conversão de imóveis históricos – localizados no núcleo pombalino da cidade - em pequenas unidades hoteleiras de charme, bem como a reabilitação progressiva do espaço público”, perfazem alguns dos exemplos dos nichos de mercado. Para além da já assente vertente económica do projeto, mais metas estão em carteira; desde já “impulsionar a coesão social e territorial, permitindo a criação de novos postos de trabalho – durante e após a sua execução –, bem como a consequente fixação de população jovem no caso histórico de VRSA”. Recorde que no âmbito da Iniciativa JESSICA os recursos públicos mobilizados permitem alavancar recursos privados, criando soluções de engenharia financeira, sob a forma de parcerias públicoprivadas ou outras, viabilizando operações de regeneração urbana de maior risco ou de rentabilidade menos atrativa para o mercado.


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MED IA PA R TNER

Profissionais ibéricos de Museus reuniram em Alcoutim O auditório do Castelo de Alcoutim recebeu, durante os dias 19 e 20 outubro, cerca de meia centena de profissionais num ambiente de partilha de conhecimentos, experiências profissionais e pessoais, de estreitamento de laços de proximidade e amizade entre os participantes de Portugal e Espanha. Estiveram presentes profissionais das mais variadas instituições públicas e privadas, e de localizações geográficas, nomeadamente do Algarve, Alentejo e Andaluzia, assim como de várias cidades, como Porto, Lisboa, Madrid, Granada e Sevilha. O I Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus organizado pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), a Associação de Museólogos e Museógrafos da Andaluzia (AMMA) e coorganização pela Associação Transfronteiriça Alcoutim Sanlúcar (ATAS) e Direção Regional de Cultura do Algarve procurou promover um encontro entre profissionais de Museologia de ambos os lados da fronteira com o objetivo de trocar opiniões, apresentar projetos e dialogar sobre a problemática das acessibilidades na sociedade atual. E foi o que aconteceu durante dois dias distribuídos por duas conferências especializadas e três mesas redondas, muito participadas e com excelente nível de debate por parte de um público altamente especializado. Os oradores foram escolhidos entre alguns dos melhores especialistas nas temáticas da acessibilidade física, acessibilidade virtual e acessibilidade de conteúdos e comunicação pública nos Museus de Portugal e Espanha. As comunicações apresentadas foram todas apoiadas por projeção de imagens o que valorizou e enfatizou uma temática que tem vertentes muito práticas. A conferência inaugural procurou refletir e problematizar os programas de acessibilidades nos museus, partilhando experiências realizadas com grupos de trabalho em vários locais

da Andaluzia. Seguiram-se as mesas redondas, nomeadamente sobre a temática de legislação europeia e conceitos chave sobre acessibilidade física nos museus; a temática de acessibilidade virtual nos museus onde se debateram projetos de guias virtuais, as redes sociais e o acesso online às coleções dos museus; e por último, a temática das acessibilidades de conteúdos e comunicação pública nos museus, cuja apresentação de projetos e filosofias sobre a problemática de acesso à informação, de pessoas com diferentes tipos de incapacidades, gerou um debate interessante sobre troca de experiências e conhecimento de questões sobre desenho Comunicação de Pedro Homem de Gouveia, arquiteto da Câmara Municipal de Lisboa de exposições, mensagens acessíveis a todos e das dificuldades que os próprios profissionais enfrentam no diaa-dia. A conferência de encerramento problematizou sobre os desafios de trabalhar num ambiente em constante transformação e para museus que procuram ser acessíveis a todos os públicos e autossustentáveis. Mas o I Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus não tratou só de conferências e debates, havendo visitas a vários espaços museológicos onde se puderam constatar algumas das soluções encontradas para alguns desafios, mas também, muitas das questões que ainda precisam ser trabalhadas para melhorar as acessibilidades aos vários níveis para alcançar Interação com a mesa digital promovida pela M&A Digital

Foto do Grupo participante (não estão todas as pessoas)

todos os públicos. Visitou-se o Núcleo de Museológico do Castelo de Alcoutim e Núcleo Museológico Islâmico e Palácio da Galeria de Tavira. Durante os dias 19 e 20 outubro, os profissionais de Portugal e Espanha discutiram sobre uma problemática que é idêntica em ambos os países, mas que muitas vezes parece tão distante e diferente. Debatidos os problemas e dificuldades, abriram-se novas perspetivas e novas vias de comunicação entre os museólogos de ambos os países, estes procuram agora novos projetos e colaborações sobre as acessibilidades nos museus. A organização e coorganização consideram que o objetivo foi concretizado, sendo que ficou em aberto a possibilidade de realizar o II Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus. O I Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus contou com o apoio da Câmara Municipal de Alcoutim, da Junta da Andaluzia, com o patrocínio exclusivo da empresa M&A Digital (www.digital.grupoma. eu), a colaboração da Rede Museus do Algarve, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, da Escola de Hotelaria e Turismo de Vila Real de Santo António e da Segafredo, tendo como parceiros de comunicação o Jornal do Baixo Guadiana e RUA FM - Rádio Universitária.


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D ESEN VO LVIMEN TO

Desassoreamento do Guadiana pode começar em 2013 Entraves institucionais, ambientais e de ordem financeira têm constituído constrangimento à dragagem do rio ibérico. David Santos, presidente da CCDR Algarve e presidente da EURORREGIÃO Alentejo-Algarve-Andaluzia até 2014, já assumiu que o Guadiana é prioridade e avança que a obra poderá ter início num prazo máximo de seis meses. Joana Germano O assoreamento do Guadiana, rio partilhado por Portugal e Espanha, não é novidade. Na verdade falamos de décadas de assoreamento que inviabilizam a navegabilidade do rio e constituem um sério constrangimento ao desenvolvimento das potencialidades dos concelhos raianos. Agora, David Santos, Presidente da CCDR Algarve, vem dar novo alento à questão da navegabilidade. Empossado no dia 28 de Setembro em Sevilha como Presidente da EURORREGIÃO AlentejoAlgarve-Andaluzia (EURO-AAA), até 2014, o responsável garante que na ordem de agenda está o rio, propondo desde logo a realização de uma reunião com os responsáveis do governo de Portugal e de Espanha, com competência nesta matéria. A reunião terá como objetivo «facilitar

o diálogo e o ultrapassar de algumas barreiras institucionais ainda existentes». Para já fica a novidade que o desassoreamento pode ter início já em 2013. “Acredito que num prazo curto e máximo de seis meses poder-se-á dar início à obra, no entanto, como também já referi, há aqui fatores internacionais, ou seja existem características especiais, pois é um rio internacional e não é possível dragar o rio sem Espanha concordar”, explicou o responsável referindo que de momento aguardam ainda algumas avaliações que diz serem tratadas de «diferente modo em cada país». Questionado pelo JBG quanto à possível ausência de vontade política para o Guadiana, David Santos nega. “Não acredito que haja falta de vontade política, penso é que as pessoas estão mais focadas no imediato face ao período de emergência em que nos encon-

integrados na segunda convocatória do programa POCTEP.

Degradação da navegabilidade desde os anos 60

Atualmente o Guadiana é navegável de forma muito condicionada tramos”, defendeu assegurando que “nós, CCDR, estamos empenhados em conciliar os esforços de ambos os países para que isso aconteça”. Quanto a valores o presidente assegurou que o valor candidatado para este efeito corresponde «exatamente ao aprovado», ou seja, 450 mil euros

CCDR une atores regionais…mas não todos A CCDR Algarve assinou no dia 12 de Outubro um protocolo inédito no Algarve que quer realizar um diagnóstico da região, identificação de prioridades e apresentação de propostas no próximo quadro de apoio comunitário 2014-2020. Tendo em conta a discussão para os próximos fundos comunitários a CCDR convidou os principais parceiros institucionais, neste caso a Associação de Municípios do Algarve (AMAL), Universidade do Algarve e «as associações empresariais da região mais representativas dos setores da economia regional [ACRAL, AECOPS, AIHSA, ANJE, CEAL, NERA] para em conjunto, procederem à elaboração de um Estudo de Enquadramento Estratégico, tendo já em vista o novo ciclo de fundos comunitários.

CCDR diz que protocolo não limita os agentes locais A este nível David Santos disse ao JBG que a ideia inicial destes protocolos “foi trazer a universidade e a AMAL, como os beneficiários dos próximos debates comunitários” juntamente com as associações já protocolizadas, adiantando que o próximo passo são reuniões com os vários setores de atividade. Questionado pelo JBG sobre a ausência das associações de desenvolvimento local no protocolo, o líder da CCDR Algarve garantiu que todos vão ser ouvidos. “O facto de termos assinado protocolo com estas entidades

Protocolo deixou de fora associações de desenvolvimento local e sindicatos, no entanto a CCDR admite que serão incluídos na discussão não inviabiliza ouvir todos os agentes, e eventualmente até sindicatos; não está aqui em causa o limitar, o que está aqui em causa é que pela primeira vez conseguiu-se fazer uma assinatura simultânea, e com estes três setores de atividade”, explicou adiantando que “temos entidades públicas, temos a universidade e temos associações empresariais que representam os setores produtivos no Algarve”.

Estratégia 2020 aberta a debate Após a assinatura do protocolo foi debatida a Estratégia 2020 no âmbito regional. Uma sessão que contou com a presença de inúmeras

entidades e com as eurodeputadas Ana Gomes e Marisa Matias. Ana Gomes assegurou «não estar otimista» garantindo que “a Europa está a esvaziar-se e a desqualificar-se e a Estratégia 2020 não existe se não existirem pessoas capazes de o levar por diante”. Relativamente ao orçamento comunitário realçou as dificuldades na sua elaboração e na definição dos termos em que os contribuintes estão dispostos a manter os seus esforços financeiros em prol da coesão. Já quanto a perspetivas para o futuro Marisa Matias garante serem «piores com um orçamento comunitário reduzido em 40%». “Sou uma europeísta convicta, mas com 0,6% do PIB o que podemos fazer é brincar à Europa”, disse.

As condições de navegabilidade do Guadiana começaram a degradar-se nos anos 60 do século XX, após o fim da exploração das Minas de São Domingos, em Mértola. Atualmente o Guadiana é navegável, entre a foz e o Pomarão, embora de forma condicionada. Recorde que a navegabilidade do rio ibérico tem sido uma das grandes lutas dos concelhos raianos lusos, nomeadamente VRSA, Castro Marim, Alcoutim e Mértola, tendo sido considerado como «estratégico para o desenvolvimento do território do Baixo Guadiana» e uma forma de desenvolver as potencialidades marítimo-turísticas.

Produtos Locais debatidos em S. Tomé e Príncipe A Associação Terras do Baixo Guadiana, em parceria com as associações portuguesas IN LOCO; Terras Dentro; Associação de Defesa do Património de Mértola e as Associações de S. Tomé e Príncipe: ROÇAMUNDO; Quá Téla; ADAPA e FONG, levaram a cabo o II Encontro Internacional do Desenvolvimento Local em S. Tomé e Príncipe. O encontro, revestido de debate para o desenvolvimento local, aconteceu de 16 a 19 de Outubro e realizou-se no âmbito do projeto de cooperação «Promoção dos Produtos Locais», aprovado ao abrigo da ação 3.4.2 do PRODER (abordagem LEADER). Durante os quatro dias as temáticas foram diversas, com especial atenção para os produtos locais; empreendedorismo local e turismo; governação e participação e ainda realização de workshops relacionados com a higiene e segurança no trabalho e cidadania e ambiente. A sublinhar que este fórum de discussão contou na cerimónia de inauguração com o Presidente da República de S. Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa.

«Perto

da

Europa» Fundos para empresas, cidades, regiões e cientistas europeus: acesso mais rápido e simples Na sequência da recente entrada em vigor do novo Regulamento Financeiro, a Comissão adotou as respetivas regras de execução. Graças à simplificação dos procedimentos, a partir de 1 de janeiro de 2013, as empresas, as ONG, os investigadores, os estudantes, os municípios e outros beneficiários de fundos da UE passarão a ter um acesso mais rápido e simplificado a esses fundos. A nova legislação vem também reforçar a transparência e a responsabilização de todas as pessoas que se ocupam das finanças da UE, prevendo novas possibilidades de utilizar montantes fixos ou financiamentos a taxa fixa para montantes mais reduzidos, eliminando a necessidade de preencher os mesmos dados cada vez que se solicita fundos da UE e introduzindo as candidaturas on line, assim como várias outras novidades Ambiente: UE celebra 20 anos do LIFE e de proteção da Natureza Uma dupla comemoração em Genk, na Bélgica, marcou o 20.º aniversário de duas pedras basilares da política ambiental da União Europeia. Passaram-se vinte anos desde que a UE adotou a Diretiva Habitats, um dos dois alicerces da Natura 2000, a rede europeia de zonas protegidas. O LIFE, o instrumento da UE de financiamento para o ambiente, está também a celebrar 20 anos. Discursando numa cerimónia comemorativa do evento, o Comissário responsável pela pasta do Ambiente, Janez Potočnik, declarou: «Abarcando mais de 26 000 sítios e quase um quinto do nosso território terrestre, com zonas marinhas significativas, a Natura 2000 é a maior rede coordenada de zonas protegidas do mundo. Este feito extraordinário, devemo-lo à Diretiva Habitats. Também o programa LIFE se revelou um grande sucesso. Ao longo dos últimos 20 anos, dedicou-se a cerca de 400 espécies, muitas das quais alcançaram já um estado de conservação favorável. Todos os Europeus podem sentir orgulho nestes resultados.» A Diretiva Habitats representa a mais ambiciosa iniciativa jamais lançada a favor da conservação da biodiversidade da Europa. Os governos da União Europeia adotaram este ato legislativo em 1992, em meio a uma inquietação crescente perante a perda acelerada da biodiversidade. Juntamente com a Diretiva Aves, define o quadro da conservação da Natureza em toda a União, a uma escala verdadeiramente europeia. Protege mais de 1000 espécies animais e vegetais e mais de 200 tipos de habitat, incluindo florestas, prados e zonas húmidas, com importância europeia em termos de conservação. Um resultado direto da legislação é a Natura 2000, uma rede ecológica pan-europeia de sítios protegidos destinada a proteger espécies e habitats no seu ambiente natural em toda a União. A rede, que está já quase completa, abrange uma área equivalente ao conjunto da Alemanha, da Polónia e da República Checa. Os sítios Natura 2000 não se limitam a reservas naturais, antes se baseiam num conceito muito mais amplo de conservação e utilização sustentável – zonas onde o homem trabalha lado a lado com a Natureza. O LIFE, o fundo da UE para o ambiente, contribuiu já com mais de 1,2 mil milhões de euros para a gestão e a restauração de mais de 2000 sítios Natura 2000 em toda a UE. Ao longo dos últimos 20 anos, as duas secções do fundo – LIFE Natureza e LIFE Política e Governação Ambiental – cofinanciaram 3 685 projetos no montante de 2,8 mil milhões de euros do orçamento da União. Por sua vez, a sua confiança naquelas iniciativas e o apoio que lhes concedeu potenciaram 3,8 mil milhões de euros para uma miríade de programas destinados a beneficiar o ambiente e a comunicar aqueles feitos a uma audiência mais numerosa.

Centro de Informação Europe Direct do Algarve Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional - CCDR Algarve

Rua do Lethes nº 32, 8000-387 Faro tel: (+351) 289 895 272 fax: (+351) 289 895 279 europedirect@ccdr-alg.pt

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D ESENVOLVI ME NTO

Requalificação da Nacional 125 prossegue mas… exclui variantes A Estradas de Portugal (EP) e a Rotas do Algarve Litoral, responsável pela requalificação da EN 125, acordaram na segunda semana de Outubro a redução de 155 milhões de euros da empreitada. Resultado: obras continuam por fazer e quatro variantes caem por terra. A EP anunciou o recomeço da tão aguardada requalificação da EN 125 no Algarve, notícia que há muito esperavam residentes e automobilistas daquela estrada que, desde o início da implementação das portagens, viu subir em mais de 60% a sua utilização. As obras da requalificação estavam «prometidas» desde Março de 2008, altura em que o então Primeiro-ministro, José Sócrates, lançou o concurso para a concessão«Algarve Litoral» (requalificação da EN 125) referindo que a obra seria adjudicada até ao final desse ano e requalificação concluída no final de 2010. Segundo dados recentes da EP, a requalificação tem um prazo de quatro anos (até 2013). Ora em meados de Outubro de 2012, mês passado, a EP e a Rotas do Algarve Litoral finalmente chegaram a acordo e anunciaram a redução para 155 milhões. Em contrapartida esta renegociação implica a queda por terra de quatro varian-

tes previamente previstas: Luz de Tavira, Olhão, São Brás de Alportel e Odiáxere, facto que não agradou os autarcas em questão.

Redução de 155 milhões de euros O acordo, alvo de renegociação, atesta que a EP a partir de 1 de Janeiro de 2014, vai assumir a responsabilidade de manutenção e conservação de 93 quilómetros da EN 125, que faziam parte da subconcessão. “A concessionária, após um período de suspensão dos trabalhos de quatro meses, retomará os trabalhos de modernização em toda a sua extensão, bem como a construção das variantes a esta estrada em Lagos, Almancil/Troto, Faro e a ligação entre Guia e Albufeira”, assegura a EP em comunicado adiantando ainda que a poupança de custos com a aquela Parceria Público Privada (PPP) traduz-se em menos 110 milhões de euros

Estrada Nacional 125 aguarda desde 2008 a requalificação que agora está agendada para 2013 de investimento em capital fixo e menos 45 milhões de euros em O PSD/Algarve já aplaudiu o CUVI pede suspensão despesas operacionais. A subcon- acordo que permite o recomeço das das portagens cessionária apresenta no prazo de obras, mas considerou a exclusão do Já a Comissão de Utentes da Via um mês novo plano para retomar lanço de Olhão como «uma falha do Infante (CUVI) continua a luta os trabalhos. grave deste processo, pois é uma pela suspensão imediata das portaobra estruturante para a circulação gens na Via do Infante e entregou PSD pede a EP que na EN 125», lançando desta forma na Assembleia da República, no dia reequacione a variante o apelo à EP para que “reequacione 10 de outubro, uma nova Petição de Olhão esta questão específica”. contendo 13 mil assinaturas.

Helicóptero do INEM sai do Algarve Autarcas algarvios contestam retirada do helicóptero do Algarve alegando «desconsideração pela região». O helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com anterior base em Loulé, passou a ter base em Beja desde dia 1 de Outubro. A Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) manifesta «indignação» referindo demonstrar-se de uma «desconsideração pelo Algarve e constitui mais um atentado à já difícil situação dos algarvios», pode ler-se no comunicado enviado às redações. Esta decisão, apresentada como geradora de poupança, refere a AMAL que no caso do Algarve “vai em sentido contrário”, enumerando o aumento dos custos operativos, dado que o helicóptero baseado em Loulé regista 87% da sua atividade na região e apenas 11% no Baixo Alentejo. Macário Correia, Presidente da AMAL assegura tratar-se uma «transferência que não tem qualquer fundamento científico ou operacional», enumerando como contras o aumento significativo do aumento de resposta, maiores gastos de combustível, mais horas de voo e “fará com que o helicóptero fique deslocado face aos locais com maior índice de ocorrências.

Helicóptero passou a ter base em Beja desde 1 de Outubro Vai mais longe assegurando que “o Algarve estará desprovido de um rápido e eficaz sistema de socorro”, medida que garante prejudicar a população residente e turística. “Tudo isto repercute-se negativamente na imagem da principal região turística do país” e “acentua a débil situação de cuidados de saúde no Algarve”. Ao semanário Expresso, fonte do INEM explicou que esta decisão, ligada à partilha de recursos entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Administração Interna, implicará

a utilização de um outro helicóptero, até aqui usado no combate a incêndios e também ele estacionado em Loulé; o helicóptero pesado russo Kamov Ka 32. A AMAL não recua e já fez saber que solicitou uma reunião com carácter de urgência ao Ministro da Saúde. Também o PSD Algarve já fez saber que «recusa a retirada do helicóptero» do Algarve», defendendo que «prejudica a população do Algarve» e «é um mau sinal» para o turismo, principal atividade económica da região.

JBG foi à Comissão Europeia De 23 a 25 de Outubro o JBG foi até à capital da União Europeia, Bruxelas. O convite foi formalizado pela Comissão Europeia e organizado em conjunto pelo Centro Europe Direct do Algarve, sedeado na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. Estas visitas à Comissão Europeia têm lugar de dois em dois anos e este ano partiu do Algarve um grupo

degraus e intervenientes da discussão da Europa, incluindo a apresentação da iniciativa «Europe By Satellite», um instrumento virtual que entre outras valências, permite aos jornalistas assistirem virtualmente em direto às conferências, bem como colocar questões aos oradores e toda uma panóplia de ferramentas cujo fim é aproximar a Europa de qualquer cidadão.

Grupo de 24 participantes do Algarve visitou o centro de decisões da UE de 24 elementos com representaA Política Comum de Pescas foi ção da CCDR, empresas algarvias e abordada pela Direção Geral das jornalistas. O objetivo desta visita Empresas que identificou Portugal, destinada aos multiplicadores de nomeadamente o Algarve como informação, foi apresentar algum tendo o «melhor e mais saudável» do trabalho feito em Bruxelas pelos pescado da Europa, ressalvando no 27 países e sobretudo aproximar entanto que o setor das pescas se os cidadãos da União Europeia, encontra atualmente a necessitar numa altura em que a crise não só de uma revitalização. No campo da impera pela Europa, mas à escala internacionalização das empresas, planetária. a DG Empresas e Indústria, traçou Entre as temáticas abordadas o panorama atual da indústria e constaram a «Arquitetura Insti- empresas da EU, não deixando de tucional e o Processo de Decisão revelar dados estatísticos que conPolítica», no qual a Direção Geral firmam a forte vaga de imigração de Comunicação explicou aos parti- qualificada europeia. O programa cipantes toda a estrutura e os vários Europa 2020 esteve em debate.


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Damião António de Lemos Faria e Castro – um fidalgo algarvio refugiado em Ayamonte

COLUNA CULTURAL

C ULTUR A

Damião António de Lemos Faria e Castro, figura excêntrica e singular no contexto do Algarve setecentista, viveu entre 1715 e 1789 em Vila Nova de Portimão, terra que reivindica a memória da púnica Portus Hannibalis, e Faro, a Ossonoba da antiguidade. Em Vila Nova de Portimão, Faria e Castro cursou até cerca dos vinte anos a instrução elementar com os jesuítas, no Colégio de São Francisco Xavier. Mudou-se posteriormente para Faro, cidade mais propícia às necessidades culturais e “espirituais” do fidalgo algarvio e, onde efectivamente, instalou faustosa residência para viver “à lei da nobreza”. Foi autor de “Aula da Nobreza Lusitana”, e de “História Geral de Portugal e suas Conquistas”, obras essas que recorrem frequentemente a autores espanhóis e que bem atestam as relações de Faria e Castro com o país vizinho. Não será, portanto, de estranhar que, quando perseguido pela justiça portuguesa, o nobre algarvio se tenha refugiado em Ayamonte durante cerca de dois anos, entre 1749 e 1750. A verdade é que Faria e Castro escrevia correntemente em castelhano, tendo mesmo sido autor de alguns opúsculos que mandou imprimir em Sevilha, o centro impressor mais próximo do Algarve. A dedicatória de Epifonema Epicédico, o primeiro opúsculo redigido em Ayamonte, data de 16 de Julho de 1749, e nele está presente uma homenagem à Rainha D. Maria Bárbara e um elogio ao Duque de Cadaval, falecido aquando da jornada que levou Faria e Castro ao exílio. Contudo, não ficou por aqui a produção literária deste pretenso educador da nobreza lusitana, durante os anos do seu exílio em Ayamonte. Redigiu inúmeras obras em língua portuguesa, mas também em língua castelhana, como o “Oraculo de si mismo, el Catholico, Grande, Augusto, y Invicto Monarca Don Fernando el VI. Rey de España…”, para além de outras obras que chegaram até nós manuscritas, como a “Relación Geográfico-Historica de algunos terrenos de la Frontera de Portugal, Y España, desde Ayamonte hasta Badajoz”. A sorte de Damião António de Lemos Faria e Castro acabou por mudar após o falecimento do rei D. João V. Em 12 de Agosto de 1750 escreveu uma dedicatória ao novo rei português, D. José I e, uma vez perdoado, pôde finalmente regressar a Faro, no final desse mesmo ano. De salientar que, anos mais tarde, em 1776, o próprio Faria e Castro esteve presente nas festas da inauguração de Vila Real de Santo António, tendo mesmo descrito as festividades nos capítulos I e II do Livro III do derradeiro tomo de “História Geral de Portugal e suas Conquistas”, (recusado pela censura em 1787). Descrição onde não deixa de manifestar a sua hostilidade em relação à decisão do Marquês de Pombal em proceder à “nova fundação da notável Vila Real nos areais do Guadiana para fazer frente a Ayamonte”, a sua acarinhada cidade dos tempos do “degredo”… Para a História fica o exílio deste nobre algarvio em Ayamonte, e para eventuais interessados na biografia desta interessante figura do séc. XVIII português, recomenda-se ainda a leitura de “Cultura e Política no Algarve Setecentista – Damião Faria e Castro, (1715-1789), aturada obra da autoria do Prof. Doutor António Rosa Mendes, e publicada pela editora Gente Singular. Fernando Pessanha Formador de História do Algarve * O autor não escreve ao abrigo do acordo ortográfico

Deram-me o Nobel e agora?

LIVROS

por Carlos Brito

«COMO SE DESENHA UMA CASA» de Manuel António Pina Pilar del Río ofereceu à Biblioteca de VRSA edição rubricada do livro «A Viagem do Elefante»

Dia 8 de Outubro perfez exatamente 16 anos da atribuição do Nobel da Literatura a José Saramago. Nas comemorações do 90.º aniversário do nascimento do Nobel arrancou em VRSA o curso «Aula José Saramago» que contou com a presença da viúva do autor, Pilar del Río. «Tímido», foi assim que Pilar del Río caracterizou o seu marido, como alguém genial que incute emoção aos livros e que reside nas suas próprias obras. Também «simples e humilde»; alguém que segundo Pilar “não escrevia sobre quem está à frente do placo, mas sim sobre quem está por trás”. Os seus romances ora amados, ora odiados, maioria envoltos em polémica, receberam um sem fim de críticas pela genialidade e consciência crítica. A sua meta era a escrita e para ela vivia, e não pelo sucesso ou reconhecimento; “isso pouco lhe interessava», garantiu Pilar del Río.

impedir o embarque e dar a boa nova. No fim de contas quem acabaria por dar a novidade foi uma hospedeira de bordo. Saramago não levantou voo para Espanha nesse dia. Percorreu a manga do avião e face a todo o alvoroço em seu redor disse: «Deram-me o Prémio Nobel e quê?».

Curso Aula Saramago na Biblioteca de VRSA

Foi precisamente para a inauguração do curso sobre vida e obra de José Saramago que Pílar del Río se deslocou a VRSA à Biblioteca Municipal Vicente Campinas. «Deram-me o Prémio Nobel e A formação iniciou-se no dia exato da quê?» atribuição do Nobel há 16 anos atrás. A viúva e presidente da Fundação José Volvidos 16 anos da atribuição do Nobel, Saramago, Pilar del Río, por este motivo Pilar não quis deixar de contar o episódio anunciou que a sessão, marcaria, de igual irresistível que envolveu a notícia do forma, o início das comemorações do 90º prémio a Saramago. A 7 de Outubro, aniversário do nascimento do autor. dia anterior ao anúncio da atribuição, O curso «Aula José Saramago» vai Pilar contou ter recebido uma chamada dedicar-se ao estudo de nove obras de um amigo, professor Sueco, que após de Saramago, uma vez por mês, entre insistência acabou por lhe confidenciar Outubro e Maio, e decorre em simultâneo que o Nobel seria de Saramago. na Biblioteca Provincial de Huelva, «Pediram-me para tentar saber onde é sendo dinamizado por Diego J. González que ele está porque lhe vão telefonar Martín. Para assinalar a ocasião, Pilar amanhã, mas por favor não contes a ofereceu à Biblioteca pombalina uma ninguém, nem a ele, mas faz com que edição rubricada do livro «A Viagem do não saia do hotel», pedia o interlocutor Elefante», «uma referência no percurso a Pilar. Saramago estava na Feira do do escritor», bem como uma edição Livro de Frankfurt, e Pilar nada poderia especial do filme «José e Pilar», de dizer. A trama adensa-se. Tinha que Miguel Gonçalves Mendes. convencer o romancista a não embarcar Ensaio sobre a cegueira é no voo do dia seguinte. “Telefonei-lhe uma das melhores obras de e disse-lhe que era melhor não sair do literatura mundial hotel porque ia ser revelado o nome do Nobel da Literatura e talvez o seu nome No final da sessão a presidente da fosse escolhido; mas a sua resposta Fundação José Saramago não deixou deixou-me de rastos. «O quê? Nem penses nisso! Fico aqui e perco o Nobel e de partilhar o orgulho na mais recente o avião!». E assim foi, o nome do prémio atribuição à obra de Saramago. O Nobel foi anunciado sem que a academia jornal britânico The Guardian elegeu recentemente as 100 melhores obras da sueca conseguisse contactar Saramago literatura mundial de sempre. Para a que embarcava no avião de regresso a Espanha. A novidade chegou de imediato Península Ibérica vieram dois galardões, à comitiva portuguesa que se encontrava D. Quixote de Miguel de Cervantes na Feira do Livro, que parte também ela e «Ensaio sobre a Cegueira» de José em direção ao aeroporto na tentativa de Saramago. Palavras para quê…

A morte acaba de levar o grande poeta Manuel António Pina. A melhor forma de o manter entre nós é falar dos seus livros. Escolhi o penúltimo que publicou, intitulado «COMO SE DESENHA UMA CASA». É um texto fascinante. Não sei se apreendo o significado de cada poema e se acompanho o voo metafórico do poeta. Mas «sinto que são verdade», como ele próprio dizia dos seus poemas mais obscuros, que não sabia explicar. O livro desenvolve-se em torno do símbolo maternal que a palavra casa representa e é a procura incansável de um abrigo, de «uma casa guardando-te do mundo», onde «como quem vindo de países distantes» se deita «pela primeira vez na sua cama». Mas não é fácil consegui-lo, pois «com nenhuma palavra abrirás a porta». Talvez por isso, o poeta anuncia: «Em breve partirei de novo/ e caminharei por desertos e por desastres». Quase tudo se passa num universo onírico, mas de «sonhos desfigurados», entre escombros e ruínas. Na segunda parte do livro, é a palavra amigo o escudo protector. Aqui acontece qualquer coisa de especial: «Como o clarão da noite única/ e vazia abraçando pela cintura/ a jovem luz do dia». Mas nada fica resolvido e novas interrogações se adiantam, nestes termos: «Agora que os deuses partiram/ e estamos, se possível, ainda mais sós/ sem formas e vazios, inocentes de nós,/ como diremos ainda margens e como diremos rios?» O que mais fascina neste livro é o filão do dorido humanismo que o percorre, as imagens e metáforas originalíssimas e sobretudo a reinvenção da palavra, que rejuvenesce na malha destes poemas. Manuel António Pina, deixa-nos uma vasta obra literária, especialmente, nas áreas da poesia e da literatura infantil e as famosas crónicas publicadas no «Jornal de Notícias». Recebeu o grande prémio de poesia da APE e foi o escritor de língua portuguesa distinguido com o prémio Camões, em 2011. ( «COMO SE DESENHA UMA CASA» é editado pela «Assírio e Alvim» e está à venda nas livrarias) * O autor não escreve ao abrigo do acordo ortográfico


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JORNAL DO BAIXO GUADIANA |NOVEMBRO 2012

CULTURA

IN TENTO trio no 10º aniversário da RUA FM

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o dia 14 de Outubro a banda vilaperformance musical onde elementos realense IN TENTO trio apresentou-se étnico-arabizantes se fundiram com o na FNAC do Algarve Shopping, na Guia, jazz de fusão minimalista; houve ainda para um concerto/entrevista em direto, espaço para a projeção de um conjunto enquadrado nas comemorações do de imagens que acabaram por lançar o 10º aniversário da RUA FM – Rádio espetador numa experiência de caráter Universitária do Algarve. Foi uma hora cinematográfico. Durante o espetáculo inteira de conversa com o pianista o pianista Fernando Pessanha, em nome Fernando Pessanha, o baixista Pedro Reis e da banda, deu os parabéns à equipa da o baterista João Melro, e onde os músicos biblioteca Vicente Campinas pelo trabalho algarvios interpretaram os temas «Intro desenvolvido ao longo dos últimos três Espectante», «O Pianista e a Cantora», anos. «A Nova», «Intentos» e «Contrariedades». Acresce ainda que um destes temas integrará a edição especial comemorativa dos 10 anos da RUA FM. Esta edição, apesar de não ser comercializada, será distribuída para a comunicação social regional e nacional, pelo que o grupo vila-realense terá uma das suas músicas a tocar pelas rádios do país. Ainda no passado dia 15 de Setembro a Biblioteca Vicente Campinas recebeu o concerto de um outro formato dos IN TENTO, o IN TENTO Ensemble, integrado no 3º aniversário da biblioteca municipal. Tratou-se de um espetáculo onde a banda brindou os presentes com uma viagem instrumental onde sonoridades aparentemente distantes se fundiram de In Tento Trio esteve nas comemorações da RUA FM e maneira natural e harmoniosa. Numa Biblioteca vila-realense

Casa Grande de Ayamonte acolheu Poetas do Guadiana

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oz do Guadiana é um livro de poesia lançado na Casa Grande, de Ayamonte no passado dia 5 de Outubro. A edição é bilingue. Em espanhol o livro tem por título «Desembocadura del Guadiana». Reúne poesia de autores das duas margens do grande rio Ibérico, de dois países que as águas unem. O livro foi editado pelas Ediciones Moreno Mejias e reúne poesias de José Carlos Barros, Heladio Orta, António Cabrita, Jose Luis Rua, Pedro Tavares, Antonio Cañada, José Estêvão Cruz, Marcos Gualda, Ana Dias, Carmen Herrera, Manuel Gomez, Joaquina Vasquez, João Viegas, Mario Maria, Florbela Cavaleiro e António Machado. Este livro nasceu de uma breve apresentação de poesia em Monte Francisco, Castro Marim, no salão do Clube Campesino e começa a “ganhar desejos de autonomia

AGENDA Alcoutim Noite de Fados 03 Novembro Farelos (Giões)

Exposição Bonecas Flor d’Agulha Até Dezembro Centro de Artes e Ofícios – Alcoutim

Castro Marim

Exposição «Madeiras, Artes e Ofícios», por José Farinha De 06 a 30 Novembro Casa dos Condes

Tertúlia «A Palavra Sexta à Noite» Apresentação do livro «Romance depois dos 50» de Isabel Vila Peri 09 Novembro, 21h Casa dos Condes

I Encontro de Acordeonistas 10 Novembro Giões Comemorações de São Martinho 10 Novembro – Centro Náutico de Alcoutim 11 Novembro – Aldeia do Pereiro 11 Novembro – Aldeia de Vaqueiros

Concurso de Árvores de Natal em material reciclado Até Dezembro Vaqueiros Campeonato Municipal de Sueca Até Dezembro

e crescimento, criar raízes e deixar rasto”, nas palavras do vila-realense António Cabrita que, no prefácio, acrescenta: “Não se trata de só escrever e pensar o rio e as suas margens, é também o ato e a vontade de o fazer”, considerando o Guadiana como a fonte de inspiração desta obra. É um trabalho de conjunto que os autores querem que perdure por muitos anos e tenha continuadores. “Poetas do Guadiana” é um projecto aberto a outras participações de poetas que queiram navegar a poesia como estes primeiros o fazem. António Miravent, ayamontino, outro dos prefaciadores, que não é poeta, diz que, a ele, um rio só lhe coloca interrogações, onde nascerá, que cidades percorrerá, por sob que pontes passará, separará ou unirá as margens, se será sempre o mesmo rio. Propõe que se abram bem os olhos e os corações, como metáfora, para ler os «Poetas do Guadiana», das duas margens, que se uniram nesta aventura editorial. Talvez entre as palavras se possa ouvir o rumor das águas do rio, sugere.

POR CÁ ACONTECE

FORMAÇÃO

VRSA Mostra de Artesanato 1 Novembro, 9h às 17h Praça Marquês de Pombal

Exposição de desenho «DESENHA’12» 19 Novembro a 15 Dezembro Biblioteca Municipal Vicente Campinas Exposição de fotografia de Agostinho Neto Até 22 Novembro Arquivo Histórico Municipal

Excursão «Uma noite em Casa de Amália» Espetáculo de Filipe La Feria 4 e 11 Novembro Freguesias Azinhal, Altura, Odeleite e Castro Marim

Mercado de Castro Marim 1O Novembro Castro Marim

Grande Noite de Fado Com Raquel Peters 10 Novembro, 20h Almada D’Ouro Club Magusto de Alta Mora 11 Novembro Alta Mora – sede da ARCDAA

Exposição Fotográfica «Caminhos da Fé» Mês Novembro Igreja do Castelo

Apresentação do livro «Óscar da Silva – Universo açoriano» de Cunha e Silva 22 de Novembro, 17h30 Biblioteca Municipal Vicente Campinas Espetáculo de Fado Isa de Brito apresenta o «Sorriso da Alma» 3 Novembro, 21h30 Centro Cultural António Aleixo «Cantar de Amigos» – Espetáculo de Solidariedade 4 Novembro, 16h30 Centro Cultural António Aleixo Exposição de fotografia «Síria» de Pedro Barros 9 Novembro até 30 Dezembro CIIPC, Santa Rita

Feira de Velharias - 10 Novembro, 10h às 18h Praça Marquês de Pombal - 24 Novembro, 10h às 18h Monte Gordo – Junto ao Posto de Turismo

Lançamento do livro «Eu sou o Nico…» Obra de Maria do Rosário Proença, Dora Pereira e Luís Pires 24 de Novembro, 16h30 Biblioteca Municipal Vicente Campinas Clube de Leitura «Livros Mexidos» Tema: «O marido ausente» de Norberto Ávila 29 de Novembro, 18h Biblioteca Municipal Vicente Campinas Hora do Conto «Conta lá» 1 a 30 de Novembro, 11h 3ª a 6ª feira Biblioteca Municipal Vicente Campinas

Estão abertas as inscrições para as Ações de Formação de Pesca Profissional levadas a cabo pela Associação de Pescadores Santo António de Arenilha – VRSA. Ações de Formação de Pesca Profissional (Pós-laboral) Cursos disponíveis: - Cédula Marítima - Arraiais de pesca local e costeira - Higiene, segurança e manuseamento do pescado - Tráfico local - Motorista Inscrições na sede da Associação de Pescadores Santo António de Arenilha, de 2ª a 6ª feira das 14h às 21h, sábados e domingos das 9h às 21h


JORNAL DO BAIXO GUADIANA | NOVEMBRO 2012 |

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PAT R IMÓ N IO E C O LABO R AD O R ES

Os Postos da Guarda Fiscal no Baixo Guadiana

Rubrica de pATRIMÓNIO

demasiado entusiasmo para não serem descobertos, atravessavam o Guadiana em direção à outra margem, onde eram recebidos

“Onde há fronteiras, fatal, pulula o contrabando” João Francisco Marques

Desde a formação da fronteira luso-castelhana no século XIII, o contrabando foi sempre uma atividade comercial importante em ambos os lados da raia. Apesar dos riscos, as gentes do Baixo Guadiana – uma região de agricultura pobre – viram no contrabando um meio de ganhar algum dinheiro para aumentar o magro orçamento familiar. Pelo rio passavam café, açúcar, bombazina, calçado, conhaque, miolo de amêndoa e perfumes, em carregamentos de 30 ou 40 Kg. A mercadoria clandestina era passada a nado de uma margem para a outra dentro de oleados ou de botes a remos, encobertos pela escuridão da noite. Com mil cuidados, evitando até remar com

Principio Ético Como Filosofia de Vida Com a criação da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) como organismo regulador da profissão de psicólogo em Portugal, torna-se indiscutível a necessidade de existirem normas de conduta profissional e que essa mesma necessidade é hoje fundamental na ordenação do pensamento sobre as questões éticas e deontológicas essenciais ao exercício dessa profissão. Como princípios importantes e imutáveis devemos salientar que o psicólogo deve estar sempre ao serviço do Homem e da sua saúde e bem-estar, sendo que as relações terapêuticas com os clientes devem assentar na confiança e na aceitação incondicional do carácter e escolhas pessoais dos mesmos, desde que estas sejam enquadradas num exercício de racionalidade e de respeito pelo outro. Através do Código Deontológico (CD) da Ordem dos Psicólogos Portugueses, temos acesso aos princípios orientadores e às regras de comportamento ideais que devem estar presentes em todas as circunstâncias nesta profissão. Contudo, existem casos reais extremamente delicados, para os quais nenhum C.D. consagra normas e orientações suficientes, sendo assim a consciência do psicólogo (bem

por “gente amiga”, que recebia e arrecadava a mercadoria. Nos finais do século XIX, as autoridades portuguesas criaram em cada curva do rio um posto de guarda que permitia a vigilância das rotas do contrabando. Os postos pertenciam à Guarda Fiscal, criada pelo Ministério das Finanças em 1885, que tinha como missão a luta contra a fraude fiscal e aduaneira e o controlo de passageiros nas fronteiras do país. Entre Mértola e Vila Real de Santo António chegaram a existir 26 postos da Guarda Fiscal, onde havia sempre um guarda de serviço. A construção, de obra simples, tinha um gabinete para o cabo que comandava o posto; uma caserna, onde dormiam até

formado eticamente) que encontra a solução mais adequada. Quanto mais científica e mais defensora da dignidade e do respeito pela identidade do ser humano, mais ética se tornará essa solução. O psicólogo, “possuidor” do poder interventivo terapêutico, deve tornar imperativo o objetivo de pautar as suas ações, não por uma ideologia teórica político-social, mas sim por uma pratica que efetive o Homem na essência do seu todo e da sua nobreza idiossincrática. O poder seja de que origem for, deve intervir em favor da ética, sendo que o poder para servir ideologias ou satisfazer clientes está, na maioria das vezes, contra a

“Não darei veneno a ninguém ainda que me o peça, nem lhe sugerirei tal possibilidade”

seis guardas; uma arrecadação; e a cozinha, que geralmente estava localizada num edifício separado. Nalguns casos possuíam cavalariças, para percorrer distâncias mais longas. A assinatura do Acordo Schengen, em 1996, permitiu a livre circulação de pessoas e mercadorias no espaço europeu, e tornou desnecessárias as medidas de controlo do Guadiana. Os postos que restavam no Baixo Guadiana foram abandonados. Nos dias de hoje, muitos deles desapareceram, outros estão em ruína, e alguns foram vendidos a privados e reaproveitados para turismo habitacional. Em Alcoutim, no miradouro junto ao Rio Guadiana, está a estátua ao Guarda Fiscal, em constante vigia ao rio. A estátua homenageia uma profissão em que muitos serranos viram um escape ao trabalho no campo, e um meio de alcançar uma estabilidade que a vida rural não permitia. Pedro Pires Técnico de Património Cultural. Centro de Estudos de Património e História do Algarve da Universidade do Algarve CEPHA/UAlg

ficar comprometida sempre que o profissional se deixar influenciar pelas suas próprias motivações ou crenças, preconceitos e juízos morais, nos casos em que surjam conflitos de interesse pessoal, profissional e institucional, dilemas centrados nas hierarquias, ou mesmo a partir de pedidos não razoáveis dos clientes. Quando confrontado com alguma destas situações, o psicólogo deverá promover a reflexão das diferentes perspetivas em equação com o objetivo de alcançar situações de compromisso que respeitem os princípios gerais, específicos e linhas de orientação da prática da Psicologia. De facto, os psicólogos devem sentir o peso da responsabilidade ética da sua profissão, tanto dentro como fora das consultas, das escolas, dos tribunais, das empresas, dos hospitais... Tornando-se assim não penas uma mera profissão mas toda uma filosofia de vida para quem, com mérito, a escolheu exercer.

Hipócrates

ética. Quando tal realidade se apresenta ao psicólogo, este deve fazer uso do seu dever de integridade e inteireza moral. Nesta classe profissional, torna-se necessário que à coerência de personalidade se adicione uma fidelidade aos princípios de atuação da profissão e sentindo, todos os que dela fazem parte, como missão permanente a defesa dos mesmos quando ameaçados. Tal como está referido no C.D. da O.P.P., a integridade poderá

www.neip-vrsa.blogspot.com www.facebook.com/NEIP.VRSA psivrsa@gmail.com

NEIP (Núcleo de Estudos e Investigação Psicológica) – Ana Ximenes, Catarina Clemente, Dorisa Peres, Fabrícia Gonçalves, Patrícia Santos, Pedro Costa, Sílvia Cardoso, Sofia Ferreira

Recordações da minha Infância (Uma quarta de café) Ao romper da Estrela-d’alva a minha aldeia acordou; a dormir, ninguém se salva, ninguém na cama ficou. Novo dia nos vem ver e, na cozinha a cafeteira, já com a água a ferver, cavalga a trempe, à lareira. Oiço à porta do meu quarto minha mãe por mim chamar; saio da cama num salto e os bons dias lhe vou dar. Minha mãe põe tanta graça nas palavras que me diz; quanto mais o tempo passa, tanto mais eu sou feliz. Vai num pé e vem no outro a fazer este recado, mas de sorriso no rosto, quero-te bem humorado. Desanda, alarga a passada, corre à venda do “Ti Zé”, e compra, bem aviada, uma quarta de café. Aqui tens este dinheiro, uma moedinha, é pouco, crestei-a ao mealheiro, mas ainda tens que trazer troco. Confere bem os tostões quando receberes a volta; não se trata de feijões que crescem ali na horta. E lá vou eu, rua abaixo, na manhã fria, a pé; sereno, aguardo o despacho de uma quarta de café. Estes pedaços de mim, que deixei pelo caminho, recolho-os agora, por fim, cansado e já tão velhinho! Manuel Palma

Mítico Os teus olhos, quentes como brasas E escuros como noites outonais Têm brilhos de estrelas cinzeladas Esculpidas por cinzéis intemporais. Neles, presumo imagens variadas Brilhos de sol e rendas de vitrais Todo o calor das quentes madrugadas Em ascensões de astros irreais. Não creias meu amor, quando te vejo Em sonhos de magia e de desejo No meu olhar de mítica pagã… Não creias que te entendo! Eu não sei nada Desse mistério que é a alvorada Que a noite desse olhar torna manhã!... Maria Felicidade Viegas


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JORNAL DO BAIXO GUADIANA |NOVEMBRO 2012

PASSATEMPO S & L AZER

Autor: João Raimundo

Quadratim - n.º101

Jogo da Paciência n.º 107

Não é vergonha renegociar uma dívida dilatando os prazos de forma a obter pagamentos mais suaves, compatíveis com o PIB nacional, sem ser necessário provocar miséria, fome, desemprego, falência de empresas, emigração, aumentar impostos e criar outros impostos, bem como usurpar direitos, como cortes nos salários, reformas e pensões. Baixar o IVA para 6% na restauração e similares, assim como baixar o IRS e o IRC, e devolver os subsídios e salários que cortaram aos cidadãos e aumentar o salário nacional.

1. 2. 3. 4. 5. 6.

“CORPO HUMANO ”

Mãos Pés Dedos Cotovelos Joelhos Ombros

7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

Estômago Boca Olhos Nariz Ouvidos Pescoço Cabeça

14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.

Bexiga Dentes Unhas Cara Cabelo Pelos Pele

Soluções Jogo da Paciência - n.º106

Pelo caminho correto do Quadratim vá ao encontro de – NÃO AO OE 2013 =Orçamento do Estado».

umas

SABIA QUE

?

Ser destro pode não ser unicamente uma opção, mas pode estar relacionado com questões hereditárias?! Esse enigma intriga os cientistas que pesquisam as reações neurológicas. Pode-se dizer que ser canhoto ou destro é uma opção de cada ser humano. Basta que ele desenvolva as habilidades motoras do melhor lado que lhe convier. Porém, essa explicação não é suficiente para deixar claro por que cerca de 70% a 90% das pessoas no mundo usam mais a mão direita para as funções específicas. Em análise de comportamento, psicólogos podem dizer que os destros são maioria por questão de imitação. Uma criança desenvolve as suas habilidades motoras imitando as pessoas que são a sua referência. Assim, os destros aumentaram. Porém, como explicar quando há um canhoto cercado por uma família inteiramente destra? Alguns pesquisadores acreditam que uma série de fatores genéticos combinados, questões hereditárias e culturais definem a opção. Foi percebido que em alguns animais, como gatos e chimpanzés, a média é de 50%. Ou seja, as habilidades estão divididas. O mais importante é salientar que definir-se como destro ou canhoto é muito importante para o quotidiano da pessoa em desenvolvimento, independentemente do motivo da escolha. Se tentássemos sempre praticar todas as atividades em igual perfeição com as duas partes, perderíamos muito tempo para desenvolver essa habilidade.

Ouvi falar num aumento das tarifas da eletricidade para 2013, mas diferidas, o que significa isto?” A proposta da ERSE de um aumento de 2,8% na tarifa da eletricidade a partir de Janeiro de 2013 revela um inaceitável agravamento dos CIEG, os custos extra que favorecem os produtores à custa dos consumidores, e que por isso são combatidos pela DECO. Estes custos são diferidos, isto é, adiados para o futuro, e contribuem para agravar o défice tarifário, que passa assim de 2,8 milhões de euros em 2012 para 3,6 milhões em 2013. A verdade é que só o adiamento de custos permite manter o aumento da fatura em 2,8% em 2013. Tal poupa ao consumidor uma sobrecarga suplementar num contexto de aumento de impostos sem precedentes. Contudo, o agravado défice tarifário será mais tarde ou mais cedo imputado ao consumidor (via fatura) ou ao contribuinte (via IRS). A DECO continuará atenta aos impactos dos CIEG na fatura, presente ou futura, da eletricidade que os consumidores pagam. Isto porque o Governo, de acordo com a própria ERSE, ainda não produziu os diplomas que permitem reduzir todas as parcelas desses custos extra. Neste momento, o Governo só legislou sobre a Cogeração e a Garantia de Potência, faltando os diplomas relativos aos cortes nos Renováveis e nos CMEC (Contratos de Manutenção do Equilíbrio Contratual, celebrados com a EDP) sobre os quais terão sido firmados com as empresas produtoras acordos que não foram divulgados. É legítimo duvidar da eficácia desses acordos quando se assiste a uma subida, em vez da anunciada redução, dos CIEG no seu conjunto em 2013. Por isso mesmo, e com o apoio de 170 mil peticionários, a DECO reforça as suas reivindicações no sentido de diminuir os CIEG. Em 2010, propôs a sua redução gradual ao ritmo de 10% ao ano, o que já teria tido um impacto considerável na fatura do consumidor. A DECO não desistirá de reduzir os CIEG e, por maioria de razão, não aceitará o seu eventual agravamento.

Susana Correia jurista

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CAR TA AO D IR ETO R Carta ao Diretor Esta carta tem como objectivo apelar à responsabilidade, que se subentende na pessoa do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, enquanto Autarca e cidadão, dentro dos seus deveres e respectivas competências. No cumprimento do meu dever de cidadão com raízes locais, entendo que é meu papel dar publicamente conhecimento à Câmara Municipal, do resultado da sua obra de requalificação local da Foz de Odeleite junto da sua população. Das várias áreas de interven-

ção contempladas, saliento como de principal destaque o estado do pavimento, alvo de uma obra profunda, mas que não considerou as necessidades dos habitantes locais, e que resultou num pavimento alquebrado, diria quase intransitável e de exigente manutenção, quer seja para pessoas, viaturas, ou mesmo animais, o que não respeita em nada aquilo que terá sido a expectativa dos cidadãos que pagando as suas contribuições esperariam maior respeito pela utilização de verbas do estado para benefício local. Este resultado é claramente insa-

tisfatório, porque se trata de um trabalho incompleto e aparentemente abandonado, e porque foi mal executado, não garantindo qualquer qualidade de vida aos seus locais e respectivos visitantes. Quero lembrar que a Foz de Odeleite é uma localidade com forte componente turística, alvo de visitas diárias ou quase diárias de turistas das mais variadas nacionalidades, e que também por essa razão deveria ter sido contemplada por uma mais rigorosa análise técnica aquando da elaboração dos estudos contidos na base deste projecto quando, para

infortúnio, beneficiou de um tratamento desigual quando comparada com outras localidades em circunstâncias similares. É uma zona de grande potencial, numa fase em que o interior, por via do contexto nacional actual, terá maior probabilidade de procura para o desenvolvimento de actividades relacionadas quer com a agropecuária, quer mesmo com a expansão da componente turística utilizando recursos naturais e culturais da zona, tal como sucede com as localidades do Concelho de Alcoutim, que se verifica desde o Álamo até Alcoutim,

num trabalho feito com cuidadoso empenho e evidente dedicação. Pergunto, Senhor Presidente, o que podemos esperar de V. Exa., claramente conhecedor das condições de vida desta gente humilde e trabalhadora, para remediar um trabalho que nos moldes em que decorreu nunca deveria ter acontecido, sob pena de mais uma vez desiludir este povo tristemente castigado. Foz de Odeleite, 21 de Agosto de 2012 João Ferreirinho

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Convite aos cidadãos para participarem no Torneio «Corfebol Intercultural» O «Corfebol Intercultural» como atividade lúdico-desportiva, na qual homens e mulheres jogam em pé de igualdade, diferencia-se das demais modalidades desportivas precisamente pelo facto das equipas serem mistas e compostas pelo mesmo número de mulheres e homens, obrigatoriamente. Neste âmbito, esta modalidade visa promover a integração social, a participação cívica e a interação entre cidadãos/ãs imigrantes e autóctones, sem perder de vista a promoção da igualdade de oportunidades, combate aos preconceitos e aos comportamentos e atitudes discriminatórios, através do desporto. Pretende-se mobilizar um grupo de cidadãos/ãs (imigrantes e nacionais) para a prática continuada do Corfebol no município e criar uma equipa a nível local, representativa do concelho, para

representação no Torneio Intercultural. A participação neste Torneio pressupõe a constituição de uma equipa composta por dez elementos - cinco homens e cinco mulheres-, dos quais dois serão suplentes. Constituem critérios, ainda: - Inclusão de pelo menos 3 cidadãos/ ãs autóctones e de nacionalidade portuguesa - Inclusão de pelo menos 3 cidadãos/ ãs estrangeiros a residir há menos de seis anos em Portugal; - A soma das idades dos três elementos mais jovens da equipa não poderá ser inferior a 60 anos. Será disponibilizado o material necessário à prática do Corfebol - cestos, postes e bolas – que permanecerão no concelho, para que esta modalidade desportiva possa continuar a ser praticada. As despesas com deslocação, alojamento e alimentação serão asse-

guradas pela Federação Portuguesa de Corfebol. A organização deste evento, a nível nacional, está a cargo das seguintes instituições: -Fed. Portuguesa de Corfebol; -Governo de Portugal; -FEINPT – Fundo Europeu para a Integração dos Nacionais de Países Terceiros; -ACIDI – Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural; -Cruz Vermelha Portuguesa; -Associação Juvenil Ponte; -CLAII – Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes (de VRSA); -Delegação da Cruz Vermelha de VRSA – a nível concelhio. As inscrições estão abertas até 23 de novembro na Delegação da CVP de VRSA. Poderá solicitar informações pelo telefone 281541827 ou dvrsantoantonio@gmail.com PUB

NOTARIADO PORTUGUÊS JOAQUIM AUGUSTO LUCAS DA SILVA NOTÁRIO em TAVIRA Nos termos do Artº. 100, nº.1, do Código do Notariado, na redacção que lhe foi dada pelo Dec-Lei nº. 207/95, de 14 de Agosto, faço saber que no dia vinte e seis de Setembro de dois mil e doze, de folhas cinquenta e seis a folhas cinquenta e oito, do livro de notas para escrituras diversas número cento e sessenta – A, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, na qual: JOSÉ ANTÓNIO REVÉS, NIF 118.859.986 e mulher ALMERINDA DIONISIA MADEIRA REVÉS, NIF 118.859.994, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia e concelho de Alcoutim, residentes na Rua Irene Rolo, número 12, 1.º Esq.º, Tavira, declararam: Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes prédios, todos sitos no concelho de Alcoutim e não descritos na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, a saber: a) Prédio urbano, composto por edifício com diversos compartimentos e dois vãos, ramada, palheiro e curral, destinado a habitação, a confrontar do sul, nascente e poente com o próprio e do norte com a via pública, no sitio da Palmeira, freguesia de Alcoutim, com a área total de cento e cinquenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 1.215, com o valor patrimonial tributário de 6.290,00 €; b) Prédio rústico, composto por alfarrobeiras, amendoeiras e cultura arvense, a confrontar do norte com Manuel Cavaco Rodrigues, do sul e poente com António Custódio Francisco e do nascente com Mariana Gonçalves Afonso, sito em Palmeira, freguesia de Alcoutim, com a área de mil e seiscentos metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 201 da secção 108, com o valor patrimonial tributário de 403,83 €; c) Prédio rústico, composto por amendoeiras, cultura arvense, mato e leito e curso de água, a confrontar do norte e poente com José Silvestre, do sul com Maria Martinho e linha de água e do nascente com Henrique M. R. Palma, sito em Colmeiro, freguesia de Alcoutim, com a área de sete mil setecentos e vinte metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 39 da secção 121, com o valor patrimonial tributário de 137,37 €; d) Prédio rústico, composto por alfarrobeiras, amendoeiras, cultura arvense, figueiras e mato, a confrontar do norte com João Manuel Dias da Palma, do sul com Manuel Gonçalves Francisco, do nascente com Augusto Costa Madeira e do poente com Custódio Afonso, sito em Portela do Moinho, freguesia de Alcoutim, com a área de vinte e sete mil novecentos e vinte metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 19 da secção 120, com o valor patrimonial tributário de 876,70 €; e) Prédio rústico, composto por cultura arvense, a confrontar do norte com José Silvestre, do sul com António Joaquim Pereira Revés, do nascente com linha de água e do poente com Manuel Belchior, sito em Eira do Marco, freguesia de Alcoutim, com a área de dezanove mil trezentos e trinta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 60 da secção 110, com o valor patrimonial tributário de 1.429,89 €; f) Prédio rústico, composto por cultura arvense e mato, a confrontar do norte e sul com Alberto Serina, do nascente com Henrique Francisco Pereira e do poente com José Silvestre, sito em Rocha da Amorosa, freguesia de Pereiro, com a área de dois mil seiscentos e quarenta metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 18 da secção 089, com o valor patrimonial tributário de 29,13 €. Que adquiriram os prédios acima identificados, por lhes terem sido adjudicados em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta e sete, por partilha amigável e verbal, nunca reduzida a escritura pública, feita com os demais interessados, na herança aberta por óbito do pai do justificante marido, Joaquim Revés, falecido no estado de casado com Joaquina Balbina, sob o regime da comunhão geral de bens, residente que foi no sitio da Palmeira, freguesia e concelho de Alcoutim. Que desde esse ano possuem os prédios em nome próprio, usufruindo dos mesmos, cuidando e cultivando a terra, fazendo as respectivas sementeiras, colhendo os frutos, fazendo as obras de beneficiação, conservação e reparação necessárias no prédio urbano; sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu inicio, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua e pública, pelo que adquiriram os prédios por usucapião. Que estes bens têm a natureza de bens comuns do casal. Vai conforme o original. Tavira, aos 26 de Setembro de 2012 A funcionária por delegação de poderes; (Ana Margarida Silvestre Francisco – Inscrita na O.N. sob o n.º 87/1) Conta registada sob o nº.PAO1174 Factura nº.01191

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CARTÓRIO NOTARIAL DE OLHÃO Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, Notário Lic: António Jorge Miquelino da Silva

Certifico narrativamente para efeitos de publicação que por escritura de 18 de Outubro de 2012, exarada a folhas 97 do livro de notas deste Cartório número 92 – A, Florinda Maria Rita, solteira, maior, natural da freguesia de Vaqueiros, concelho de Alcoutim, residente na Rua do Pinheiro, n.º 16, em Olhão, contribuinte fiscal número 101 261 829, declara-se dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrém, dos seguintes imóveis, sitos na freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim: Um – Rústico, sito em Azinheira, composto por cultura arvense, figueiras, oliveiras e amendoeiras, com a área de mil duzentos e quarenta metros quadrados, que confronta do Norte com ribeiro, do Sul com António Joaquim Guerreiro, do Nascente com José Vicente e do Poente com José Francisco Rita – Cabeça de casal da herança, inscrito na matriz sob o artigo número 14, secção 081, com o valor patrimonial tributável de cento e cinquenta e sete euros e cinquenta e um cêntimos, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim; Dois – Rústico, sito no Caminho do Poço Velho, composto por cultura arvense, com a área de quatrocentos metros quadrados, que confronta do Norte, do Nascente e do Poente com António Joaquim Guerreiro e do Sul com António Joaquim Guerreiro e outros, inscrito na matriz sob o artigo número 87, secção 081, com o valor patrimonial tributável de quinze euros e trinta e seis cêntimos, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim; Três – Urbano, sito em Pêro Dias, térreo com uma divisão, destinado a arrecadação e arrumos, com a área de vinte metros quadrados, que confronta do Norte com Cesário Madeira e outros, do Sul com via pública, do Nascente com José Martins e do Poente com Maria Ludovina, inscrito na matriz sob o artigo 850, com o valor patrimonial tributável de seiscentos e oitenta euros, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim; e Quatro – Urbano, sito em Pêro Dias, térreo com uma divisão, destinado a arrecadação, com a área de vinte metros quadrados, que confronta do Norte com Maria Ludovina, do Sul e do Poente com Manuel Madeira e do Nascente com via pública, inscrito na matriz sob o artigo 845, com o valor patrimonial tributável de cento e quarenta e cinco euros e três cêntimos, igual ao atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim. Que o prédio identificado na verba um encontra-se inscrito na matriz em nome da justificante, que o prédio identificado em dois se encontra inscrito em nome do antepossuidor António Afonso e que os prédios das verbas três e quatro em nome do antepossuidor Manuel Mestre – Cabeça de Casal de Herança. Que entrou na posse dos prédios das verbas um, três e quatro, por partilha verbal e nunca reduzida a escrito, feita com os demais interessados, em data incerta do ano de mil novecentos e sessenta e cinco, por óbito de seu avô Manuel Mestre, viúvo, então residente que foi em Pêro Dias; e na posse do prédio da verba dois por doação meramente verbal e nunca reduzida a escrito que em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e um, lhe foi feita por António Afonso e mulher Custódia Madeira, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram em Pêro Dias, já falecidos. E que sem qualquer interrupção no tempo desde então, portanto há mais de vinte anos, têm estado, ela, justificante, na posse dos referidos prédios, cuidando da sua manutenção, amanhando as terras e colhendo os frutos dos prédios rústicos, e utilizando para arrecadação os urbanos, enfim, usufruindo-os no gozo pleno de todas as utilidades por eles proporcionadas, sempre com ânimo de quem exerce direito próprio, posse essa exercida de boa-fé por ignorar lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pacífica, porque sem violência, e contínua, pelo que, adquiriu os prédios por usucapião, não tendo todavia dado o modo de aquisição, título extrajudicial normal capaz de provar o seu direito. Está conforme: Cartório Notarial de Olhão, sito na Rua Patrão Joaquim Casaca, lote 1, r/c, aos 18 de Outubro de 2012. Por delegação do Notário, art. 8/2 DL 26/2004, de 04/02, O Colaborador autorizada aos 01.02.2011 Carlos Eduardo Mendonça Viegas – ON n.º 222/4. Conta registada sob o n.º 1970 / 2012.

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CELSO DOS SANTOS Notário com Cartório em Sintra Celso dos Santos, notário deste Cartório. CERTIFICO, para efeitos de publicação, que por escritura de 27/09/2012, exarada a folhas 100, do livro de notas nº 311, deste Cartório os srs. AURÉLIO GRAÇA, e mulher MARIA LOPES GONÇALVES GRAÇA, residentes na Rua João Pestana, Vivª Lopes Graça, em Trajouce, S. Domingos de Rana, Cascais, declararam ser, com exclusão de outrem, donos e legítimos possuidores do prédio rústico composto de terreno de pomar de amendoeiras, cultura arvense e oliveiras, com 8400 m2, sito em Cerro da Rocha, freguesia de Vaqueiros, concelho de Alcoutim, e inscrito na matriz em nome do marido sob o artigo 236 da secção 030, e não descrito na respectiva Conservatória do Registo Predial. Que invocaram como causa da aquisição daquele imóvel a USUCAPIÃO, dado estarem na sua posse em nome próprio, contínua, pública e pacífica desde 1991. ESTÁ CONFORME. Sintra, 27 de Setembro de 2012. O Notário Celso dos Santos

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DESPOR T O

Futebolândia

Olá! Sejam bem-vindos à edição de Novembro do «Futebolândia»! Este mês vou debruçar-me sobre o Sporting, sobre as táticas de Jorge Jesus e no Cristiano Ronaldo. O Sporting foi eliminado da Taça de Portugal pelo Moreirense, está praticamente afastado da corrida pelo título de campeão nacional e precisa rapidamente de um novo presidente, treinador, SAD, roupeiro, porteiro, azulejos novos no Estádio (isto porque aqueles que tem são demasiado feios), ou seja, precisa de ser urgentemente remodelado. Uma equipa que tem como opção para treinador o Oceano, só podia meter «água», «muita água», não sabemos qual é o oceano, mas cá para mim é o Oceano Pacífico, o maior. O problema do Sporting não é o futebol, mas sim de quem manda. É só ver as entrevistas do presidente e sem dúvida que há que mudar a política de contratações; existem ali jogadores que nem tinham lugar no Sacavenense. Jorge Jesus, treinador do Benfica, além de ter eliminado algumas rugas da face, também retirou alguns neurónios... Passo a explicar. Primeiro vendeu Javi Garcia e Witsel, depois coloca o Melgarejo a lateral, Jardel a central e Matic no coração do meiocampo… Isto só pode ser estratégia para não ser campeão. Mas este país com a «Troika» e o «Pedro passadas de coelho», está todo maluquinho? É o Paulo Campos, ex-secretário de Estado, a dizer que tem que recorrer aos pais para sobreviver, quando ganhava oito mil euros quando estava no Governo; o Paulo Portas a fazer os “mind games” do Mourinho na coligação do governo (não tem nada a ver com o “Paulinho dos aventais”); o Presidente da República em sono profundo... O Jorge Jesus também está a ser afetado só pode! Além de tudo isto, o Cristiano Ronaldo faz birra e fica triste porque queria ganhar mais. Os milhares que ganha são pouco e vai daí é notícia a nível mundial. Todos preocupados com a tristeza do Ronaldo, seria da Irina, seria de ouvir a música da irmã, seria de ser da terra do Alberto João Jardim, enfim todas situações que levariam qualquer pessoa à tristeza, mas não… ao que parece era de ganhar pouco. Mas enquanto ele fica triste com milhares, famílias portuguesas passam grandes dificuldades, é caso para dizer que os deuses devem estar loucos!

Eusébio Costa, radialista e licenciado em ciências da comunicação eusebiocosta@live.com.pt

Abriu época desportiva do Centro de Marcha e Corrida de VRSA Foi a 1 de Outubro que o Centro de Marcha e Corrida (CMC) de Vila Real de Santo António iniciou a sua época desportiva 2012/2013. De acordo com o CMC o principal objetivo é “apoiar todos os munícipes que regularmente praticam a marcha ou corrida não orientada, e que pretendam ser aconselhados, de modo a tirar mais proveito do seu treino”, sendo que este centro se encontra aberto a toda a comunidade. O centro presta acompanhamento técnico às segundas, quartas e sextas-

feiras, entre as 18h30 e as 19h30. O ponto de encontro é a entrada da Nave Desportiva, no Complexo Desportivo de VRSA, sendo que os treinos são coordenados pela professora Marlene Cortez e seguem a filosofia do Programa Nacional de Marcha Corrida. O CMC é orientado pela Divisão de Desporto e Saúde da autarquia de VRSA que assegura que “o apoio é feito em função de uma avaliação inicial, que permitirá direcionar o plano de treino de acordo com as características de cada praticante”, refere a autarquia.

A marcha ganha cada vez mais adeptos em VRSA

Leões do Sul marcam nova presença no Triatlo A equipa de triatlo do Clube Leões do Sul de S. Bartolomeu, em Castro Marim, não pára e voltou a marcar presença no Triatlo. Após a participação no Triatlo de Punta de Umbria no mês de Setembro, no dia 7 de Outubro contou com duas provas, uma em território luso, outra em terras espanholas. Em Lisboa, e disputando pela primeira vez a 3ª e última etapa do Campeonato Nacional de Triatlo na distância olímpica (1500m natação, 40 kms ciclismo, 10 kms

No espaço de um mês o clube «Leões do Sul» esteve em três provas de Triatlo

corrida), estiveram os atletas Nelson Mestre 25º, David Costa 94º e Fernando Cardoso 104º no escalão sénior. No mesmo dia, em Espanha, no Triatlo de Sevilha [750m natação, 30 kms ciclismo, 5 kms corrida], Luís Viegas alcançou o 223º, Lopo Faísca 282º, e Amândio Norberto 481º na geral. Nos escalões de idade Luís Viegas e Lopo Faísca obtiveram o 37º e 49º. O Atleta Amândio Norberto foi 3º no seu escalão.

Petanca em Castro Marim Alcoutim apoia canoagem e futebol No dia 30 de Setembro foi disputado no Castelo da vila de Castro Marim a final do Campeonato Nacional de Petanca. A prova foi disputada por 48 jogadores de um total de mil inscritos que integraram o universo das dezasseis equipas vindas de vários pontos do país. O vencedor veio do concelho de Tavira: o Clube Caça e Pesca de Santa Margarida na categoria de Triplete Masculino

Seniores. O 2º e 3º lugares foram para o Clube de Petanca de S.Pedro do Estoril e Associação de Pescadores de Alvor, respetivamente. A final do Campeonato Nacional de Petanca, na Categoria de Triplete Masculino Seniores, foi organizada pela Associação de Petanca do Algarve e Federação Portuguesa da Petanca, com o apoio da câmara municipal de Castro Marim.

A câmara municipal de Alcoutim celebrou contratos-programa com três associações do concelho. O objetivo é apoiar cerca de uma centena de atletas e promover o desporto. No total o apoio foi de 36.600 euros abrangendo modalidades como a canoagem (Grupo Desportivo de Alcoutim),

Baixo Guadiana sobre rodas Humberto Fernandes crónicas

Ricardo Mestre eleva o nome do concelho de Castro Marim até ao mais alto nível do ciclismo mundial. 2013 vai ser o ano em que o natural da Cortelha e vencedor da Volta a Portugal em Bicicleta 2011, irá envergar as cores de uma das mais importantes equipas do ciclismo mundial. Se isto fosse futebol poderíamos estar a falar em ir para uma equipa como o Chelsea ou o Milan, mas não, isto é ciclismo e o valor como atleta é tão grande ou maior do que se falássemos de futebol, pois este é um desporto de menos milhões, mas de muito mais esforço e sacrifício. A mítica Euskaltel-Euskadi abre as

O menino de ouro do Baixo Guadiana vai vestir de laranja na mítica equipa World Tour Euskatel-Euskadi suas portas a ciclistas não Bascos; ao fim de 19 anos na estrada um ciclista não Basco, de nascença ou formação, poderá envergar a mítica camisola laranja, envergada entre muitos pelo antigo campeão olímpico Samuel Sanches. Um dos primeiros a ter esse orgulho será Ricardo Mestre, ex Carmin-Prio, com contrato válido por um ano. É mais um dos bons valores lusitanos a ingressar na alta roda do ciclismo mundial e a ter oportunidade de correr as maiores provas mundiais, por isso não será de estranhar ligarmos

a televisão e vermos Ricardo Mestre a disputar um Giro de Itália, um Tour de França ou uma Vuelta a Espanha. Mestre confessou estar bastante entusiasmado com esta nova etapa da sua carreira. “Posso dizer que estou a concretizar um sonho! Este era um objetivo que passava por experimentar o mais alto escalão do ciclismo e esta é uma equipa histórica, o que torna ainda mais especial poder estar no ciclismo mais competitivo do mundo, na Euskaltel. Quanto a expetativas são enormes, isto porque é tudo novo para mim. Ainda

o futsal (Associação Inter-Vivos) e o futebol 11 (Clube Desportivo de Vaqueiros). A autarquia refere que «o apoio à área do desporto tem sido um dos pilares da política da câmara municipal de Alcoutim», que recentemente lançou a campanha «Mais atividade, mais qualidade», uma ação de sensibilização e informação sobre a prática desportiva no concelho.

não sei quais os objetivos que vou ter,mas a verdade é que estou bastante motivado para este novo desafio”. Depois de uma fase da carreira menos boa, onde teve várias quedas que o levaram a abandonar a Volta a Portugal 2012, na qual era um dos principais favoritos, esta abordagem por parte da Euskaltel veio trazer uma lufada de ar fresco ao ciclista. “A Volta a Portugal correu tudo menos como eu e a minha equipa a tínhamos preparado, mas a nível pessoal isso não me fechou portas e surge a oportunidade deste contrato que me ajudou a ultrapassar a desilusão da Volta”. Ricardo Mestre ruma à Euskaltel-Euskadi após uma época em que foi vencedor do GP Internacional Torres Vedras-Joaquim Agostinho e o GP Liberty Seguros. O menino de ouro de Castro Marim entra na alta roda do ciclismo e junta-se a emigrantes de luxo, como Rui Costa (Movistar Team), Tiago Machado e Nelson Oliveira (RadioShack), Sergio Paulinho e Bruno Pires (Saxo BankTinkoff Bank)- os outros portugueses que já correm no WorldTour.


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D ESP O R TO  Depois do 8º lugar nos Paralímpicos 2012

Nelson Gonçalves já prepara o Campeonato do Mundo O Campeonato do Mundo em Lyon, França, é o próximo objetivo do atleta Nelson Gonçalves que alcançou o 8º lugar na prova de lançamento de Disco nos Jogos Paralímpicos de Londres. O atleta do Clube Pic Nic de VRSA, cego total, cumpriu um sonho, mas outros há ainda por alcançar. Em entrevista ao JBG o atleta pede mais apoio e condições para o desporto adaptado. JBG - Alcançou o 8 º lugar nos Paralímpicos de Londres. Foi o concretizar de um sonho? Nelson Gonçalves - Sim, sem dúvida. Foi um sonho de 13 anos, um sonho que foi adiado para Londres 2012, pois em 2004 tinha já os requisitos todos para participar em Atenas, mas só tive a possibilidade de participação agora. JBG - Foram cumpridos todos os objetivos? NG - Todos não. Ficou a faltar um recorde nacional, como também no caso do lançamento do peso ficou a faltar entrar na final (como no lançamento do disco). Eu e o meu treinador, Hélder Silva, considerámos que foi uma prestação muito positiva com a maioria dos objetivos cumpridos, principalmente porque o meu nível competitivo não baixou, como foi o caso de alguns atletas. Sem o trabalho, dedicação e experiência do treinador nunca seria possível alcançar tão bons resultados.

JBG - Quais os sacrifícios para conseguir chegar a uma prova deste nível? NG - Os sacrifícios são inúmeros, desde termos de ser nós mesmos a adiantar sempre o dinheiro e só mais tarde recebermos; e também a ausência de condições para treino. Considero que o ponto fulcral das dificuldades é não termos uma equipa técnica profissional e eficaz (com médico, fisioterapeuta, massagista, psicólogo, nutricionista) a acompanhar-nos, como têm, por exemplo, os atletas olímpicos. JBG - O que é preciso fazer pelo desporto adaptado? NG - Os outros países apostam no desporto adaptado como em todos os outros desportos regulares, enquanto Portugal e os portugueses, não dão o mesmo valor a este tipo de desporto, considerando-o com pouca importância. O principal é tempo e abertura da população e sobretudo que as entidades responsáveis pelo desporto

adaptado defendam mais os atletas e procurar estar perto de toda a equipa técnica de treinadores e atletas, e tal não é o caso. JBG - Qual é o ritmo de treino? NG - O ritmo é elevado, dentro do possível. Mas podia ser muito mais elevado se nós, em Portugal, tivéssemos as condições que existem no estrangeiro onde os atletas se dedicam por completo ao desporto, enquanto nós aqui temos de trabalhar e treinar. Era muito bom se nos pudéssemos dedicar totalmente ao desporto, tal como os nossos adversários internacionais JBG - E agora, que se segue? Que outros desafios estão em carteira? NG - Segue-se um novo início de época desportiva, como também a preparação para o campeonato do mundo que se irá realizar em 2013 em Lyon, França; este é o nosso próximo objetivo.

Reabriram piscinas de VRSA As Piscinas Municipais de VRSA, encerradas devido a danos estruturais, reabriram no início de Outubro com novas modalidades e maior eficiência energética.

Piscinas reabrem com novas modalidades As piscinas do município de Vila Real de Santo António, nomeadamente os tanques de 25 e 50 metros, reabriram ao público dia 8 de Outubro, após diversas intervenções de conservação e remodelação que a autarquia garantiu serem “fundamentais para a segurança e bemestar de todos os utentes”. Mas não apenas. A autarquia assegurou que as obras levadas a cabo resultam

ainda numa “considerável redução de custos, sendo que os equipamentos encontram-se novamente em perfeitas condições de funcionamento”. A funcionar desde a segunda semana de Outubro, as piscinas funcionam nos dias úteis, das 08h às 13h e das 16h às 21h. Também nas piscinas teve início a Escola de Atividades Aquáticas do Clube Náu-

tico do Guadiana. Para a próxima temporada, as piscinas municipais anunciaram aulas de hidroginástica, hidrosénior, hidroryder, hidroterapia, adaptação ao meio aquático, formação técnica elementar e classe de competição. Os interessados em frequentar e saber mais sobre as aulas devem contactar através do telefone: 281 530 130.

Nelson Gonçalves é cego total e alcançou o 8º lugar no lançamento de peso nos Paralímpicos de Londres

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JORNAL DO BAIXO GUADIANA |NOVEMBRO 2012

VRSA tem dia especial na «Isla Mágica» O município de Vila Real de Santo António e a «Isla Mágica», em Sevilha, assinaram dia 19 de Outubro um protocolo que permite ao concelho apresentar-se na «Isla», mas que permite também aos vila-realenses beneficiar de descontos no parque temático. Dia 1 de Novembro é este ano marcado como o «Dia de VRSA» na Isla Mágica. No dia em que o parque temático celebra o Halloween [Dia das Bruxas], VRSA vai mostrar-se aos visitantes daquele parque de atrações através de vídeos e imagens promocionais nos múltiplos ecrãs do parque, e ainda com um stand para promoção da oferta turística e cultural, estando em agenda, no futuro, a mostra de produtos de artesanato e coletividades locais. Para a celebração do Halloween esperam-se «cerca de 50 mil pessoas», refere o diretor do parque temático Antonio Peláez Toré que garante que “cerca de 30% dos visitantes na época estival são portugueses”. Com programas para todas as idades é a primeira vez que a «Isla» assina protocolo com a autarquia pombalina, juntando-se a mais de uma centena de autarquias e entidades com protocolo, entre elas a Associação de Municípios do Algarve (AMAL). José Carlos Barros, vice-presidente da Câmara Municipal, atesta que o protocolo «não envolve quaisquer custos» e é uma oportunidade para «divulgar o município». «Será uma iniciativa para repetir nos próximos anos, sempre num dia à nossa escolha», explica o autarca adiantando que “em tempos de crise é por via deste tipo de colaborações e sinergias que se podem criar outros caminhos”. Para o diretor da «Isla Mágica» o acordo «segue a política de proximidade que o parque tem desenvolvido com as autarquias lusas e espanholas», permitindo a sua promoção na capital da Andaluzia e dando a possibilidade aos residentes vila-realenses de bilhetes a preços mais reduzidos. O acordo permite aos locais beneficiarem no dia 1 de Novembro de uma redução de 40% e de um desconto permanente de 15% nas viagens de grupo. Refira-se que a «Isla Mágica» é sedeada nas antigas instalações da Expo 92, na Ilha de Cartuja em Sevilha. Os bilhetes para o dia de VRSA na «Isla Mágica» podem ser adquiridos no Centro Cultural António Aleixo, de segunda a sextafeira, das 10h às 13h e das 15h às 19h.

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sotavento algarvio

ECOdica Corte nas idas ao supermercado para comprar um só produto. Para além de acabar por gastar mais tempo e combustível, é quase inevitável que acabe por comprar mais do que um produto. Se for à loja com uma lista conseguirá reduzir drasticamente o número de idas ao supermercado para comprar um número reduzido de coisas. Compre mais quantidade das coisas pelas quais tem de sair frequentemente.


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