OJB EDIÇÃO 06 - ANO 2022

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ANO CXXI EDIÇÃO 06 DOMINGO, 06.02.2022

R$ 3.20 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

Convenção Batista Carioca celebra 117 anos de organização

Culto comemorativo aconteceu na Primeira Igreja Batista de Oswaldo Cruz, no dia 25 de janeiro, sob o tema “Unidos, gerando vidas”. De acordo com a CBC, foi um tempo para renovar as forças diante dos desafios para o ano de 2022. Leia a matéria na página 9.

Dicas da Igreja Legal

Missões Nacionais

Notícias do Brasil Batista

Missões Mundiais

O perfil do tesoureiro eclesiástico

Trabalho entre os adolescentes

Parceria da Palavra

Música oficial da campanha

Coluna detalha atribuições e características do tesoureiro

Projeto no Colégio Batista de Carolina (MA) mostra primeiros resultados

pág. 03

pág. 07

Associação no RJ realiza parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil

pág. 08

Alexandre Magnani fala sobre a missão de compor a canção pág. 11


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

EDITORIAL

Dia da Aliança Batista Mundial O calendário denominacional aponta o primeiro domingo de fevereiro como o Dia da Aliança Batista Mundial. Falar nesta importante organização, sem dúvidas, faz nosso pensamento voltar ao ano de 1960, quando a BWA (sigla em inglês para Aliança Batista Mundial) realizou seu 10° Congresso no Brasil, mais especificamente, no Rio de Janeiro, e o estádio do Maracanã ficou lotado para ouvir a mensagem do pastor Billy Graham.

Receberíamos os Batistas de todo o mundo outra vez em 2020, para o congresso “Juntos”. Mas, infelizmente, por conta da pandemia, o encontro presencial precisou ser cancelado. E, pela primeira vez, a organização realizou um congresso totalmente online. Que Deus abençoe a nossa Aliança Batista Mundial, para que seja cada vez mais relevante para o trabalho denominacional em todo o mundo. A seguir, algumas informações históricas e identitárias da BWA.

vivem o Evangelho de Jesus Cristo no poder do Espírito Santo diante de um A Família Batista em Rede para Im- mundo perdido e ferido. pactar o Mundo por Cristo. Histórico | Futuro Estratégico Visão Desde seu início, em 1905, a Aliança A Aliança Batista Mundial é um mo- Batista Mundial tem permanecido comvimento global de Batistas que com- prometida com sua missão de impacpartilham uma confissão comum de fé tar o mundo para Cristo - construindo em Jesus Cristo, unidos pelo amor de sobre mais de um século de trabalho Deus para apoiar, encorajar e fortalecer do reino e forjando o caminho para um uns aos outros enquanto proclamam e futuro estratégico. n Missão

( ) Impresso - 120,00 ( ) Digital - 50,00

O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO Estevão Júlio Cesario Roza (Reg. Profissional - MTB 0040247/RJ) CONSELHO EDITORIAL Francisco Bonato Pereira; Guilherme Gimenez; Othon Ávila; Sandra Natividade

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FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Hilquias da Anunciação Paim DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA


REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

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DICAS DA IGREJA LEGAL

A importância do perfil do tesoureiro Jonatas Nascimento “E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). Que ninguém me acuse por tortura emocional por iniciar este artigo narrando um dos episódios mais funestos que presenciei em minha carreira profissional. Lá se vão muitos anos, mas nunca vou me esquecer do caso de um homem desonesto, que assumiu a tesouraria de uma Igreja, cujo nome não vou citar, por razões óbvias. Atuando sozinho por anos a fio, passou a desviar para si os dízimos e ofertas que eram levados ao altar. Com os recursos desviados passou a ostentar uma vida mais folgada, fora da sua realidade, longe do padrão de vida dos demais membros da Igreja e também da comunidade.

Como sói acontecer, como se diz por aí, um dia “a casa caiu” e a liderança da Igreja, com a autoridade do céu, corajosa e decididamente colocou aquele homem contra a parede. De forma fria, confessou o crime e prometeu restituir aos cofres da Igreja todos os valores desviados, porém mediante uma condição: teria que se organizar financeiramente nos cinco meses seguintes e a partir do sexto mês cumpriria mensalmente o que “solenemente” prometeu. O que aquele homem não sabia era o que viria a acontecer no período de carência por ele requerido: bateu o carro e houve perda total, contraiu uma pneumonia e, em consequência, veio a falecer. Confesso que nunca ousei interpretar esse episódio como sendo um castigo de Deus, antes prefiro que cada um tire as suas conclusões. A lição que ficou para aquela Igreja é a mesma que fica para todas as demais: independentemente do tamanho da Igreja ou do volume de receitas, é

preciso auditar. Uma Igreja sem um conselho fiscal é como um barco furado. Vai afundar. Importante: nunca confie a tesouraria a um tesoureiro, somente. O trabalho em equipe é sempre melhor. Por outro lado, e muito mais importante, a Igreja precisa buscar dentre os seus membros pessoas com um bom perfil profissional, social, ético, moral e espiritual para ocuparem essa tão importante função. Igualmente, os candidatos só devem aceitar o desafio se forem de fato aquilo que a Igreja enxerga deles. Permitam-me uma adaptação da recomendação do apóstolo Paulo a Timóteo para o exercício diaconal: “Da mesma sorte os tesoureiros sejam honestos (...), não cobiçosos de torpe ganância; guardando o mistério da fé numa consciência pura; (...) sirvam, se forem irrepreensíveis. Os tesoureiros governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Por-

que os tesoureiros que servirem bem como guardiões do tesouro, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”. Para legitimar o meu compromisso com a nossa denominação e o desejo de ver as Igrejas bem aparelhadas, oferecerei em forma de sorteio 10 exemplares do meu livro “Cartilha da Igreja Legal” para quem me enviar uma mensagem por WhatsApp, até o dia 28 de fevereiro de 2022, dizendo: “Eu sou leitor d’O Jornal Batista e quero ganhar o livro”. Os contemplados deverão fornecer nome e endereço completos para remessa pelos Correios, sem qualquer despesa. n Empresário contábil, diácono Batista e autor da obra “Cartilha da Igreja Legal” E-mail: jonatasnascimento@hotmail.com WhatsApp: (21) 99247-1227

O maior erro da história Carlos Alberto Martins Manvailer

colaborador de OJB

“Quando viram-no, pois, os principais sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele” (Jo 19.6). Certamente, Pilatos retrata a figura do ser humano que normalmente prima por suas regalias, privilégios e poder, em detrimento aos mais elementares princípios de dignidade, valores e, principalmente, justiça. Ele era a autoridade romana constituída para decidir sobre a crucificação. Decidia qual seria o destino de todo aquele que era conduzido a sua presença para receber a pena capital ou a inocência. É certo que inúmeras pessoas passaram pelo crivo de suas decisões. Assim, como foi também Jesus. Os seus conterrâneos o levaram a presença de Pilatos para que este tomasse a decisão mais pesada contra Ele. Interessante que Herodes, autoridade judaica, até aquele momento estava com a relação estremecida com Pilatos. Então, aquele fato foi motivo para

reatarem a amizade. Com toda certeza, aquelas autoridades judaicas jamais pensaram, especialmente Herodes, que Pilatos cogitaria a possibilidade de inocentar Jesus das acusações contra Ele. Mas Pilatos, diante da responsabilidade que o seu cargo lhe impunha, não tinha outra alternativa, senão decidir. Ali estavam em sua presença dois homens que dependiam de sua decisão. No entanto, diante de Jesus sendo injustamente acusado, e da decisão que estava sendo forçado a tomar, teve um momento de nítido e claro discernimento. Declarou com seus próprios lábios que não via nenhuma culpa que justificasse decidir pela crucificação daquele homem. E, na qualidade de autoridade constituída que era, podia ele decidir pela inocência de Jesus e pela crucificação de Barrabás. Sem dúvida, essa, humanamente falando, seria a mais acertada decisão. Entretanto, caso Pilatos assim decidisse, estaria contrariando o desejo do povo. Sim, dos conterrâneos de Jesus e das autoridades judaicas. E, na qualidade de autoridade politica que era, não poderia desagradar a vontade do povo, mesmo que expressasse a mais injusta, perversa e trágica decisão. Dessa forma, o

povo viu a atitude de Pilatos, que estava propenso a inocentar Jesus, apresentaram e insistiram com a proposta mais vergonhosa e horrenda perpetrada na história. Sugeriram que optasse pela tradição em inocentar um culpado, por ocasião da festa. Neste caso, o povo indicou e convenceu Pilatos a inocentar Barrabás e a condenar Jesus. Pilatos perdeu a oportunidade de tomar uma decisão revestida da mais pura e cristalina justiça. Resolvendo agradar o povo, não se importou com o seu papel em aplicar verdadeiramente uma decisão justa. Condenou Jesus e inocentou Barrabás. Mas, talvez para tentar minimizar a sua culpa interior, fez uma dramatização pública. Lavou as mãos, dizendo que não era culpado pelo sangue daquele inocente. Mas, na realidade essa foi mais uma atitude de sua parte que configurava a sua total irresponsabilidade e covardia. Sabia que estava agindo de forma equivocada e injusta. Mas, não teve altivez e autoridade para mudar o rumo do desejo equivocado daquele povo. Dessa forma, Pilatos ficou marcado na história como alguém que, tendo autoridade para decidir com justiça, abriu mão dela, e cometeu o maior erro de

sua vida para agradar o desejo injusto do povo. Infelizmente, com raríssimas exceções, essa tem sido ao longo da história a atitude daqueles que estão vestidos de autoridade e poder. Assim, humanamente agiu Pilatos, de forma equivocada e trágica. Porém, no aspecto espiritual, e em conformidade a palavra de Deus, podemos afirmar que ele foi mais um instrumento utilizado pelo Senhor para concretizar o Seu maravilhoso plano. Pois, de igual forma, Deus utilizou outros personagens totalmente reprovados aos nossos olhos, mas que, de certa forma, foram essenciais para que a vontade divina se concretizasse. Há um dito popular que afirma o seguinte: a voz do povo é a voz de Deus. Na realidade, não é bem assim. E vemos nesse emblemático exemplo que a voz do povo pode estar totalmente equivocada. Que tenhamos discernimento, enquanto povo que somos, em fazermos afirmações ou exigirmos certas decisões. Exatamente para não cairmos no mesmo erro que os conterrâneos de Jesus cometeram, condenando um justo e inocentando um criminoso. Que Deus nos abençoe. Amém. n


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

O agir de Deus

Olavo Feijó

pastor & professor de Psicologia

A Grande Comissão

Rogério Araújo (Rofa) colaborador de OJB

O agir de Deus é algo inexplicável aos olhos humanos. Principalmente, para quem tem um déficit de comunhão com o Pai. O ser humano é imediatista, ou seja, gosta das coisas, se possível, para ontem. E não dá espaço para que o Senhor cumpra a Sua vontade na hora certa, no momento dEle. “Senhor, tu me sondaste, e me conheces…”, diz o Salmo 139.1. Mas, mesmo sabendo disso, reclamamos de tudo na vida, em especial pela de-

mora que os fatos se desenrolam no dia a dia. Um dos motivos para que as bênçãos não venham na hora que desejamos, talvez seja a nossa ansiedade. Pedro disse: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pe 5.7). E como é difícil “lançar ao Senhor” e deixar de ser ansioso! A falta de paciência de esperar pela ação de Deus gera pessoas com uma vida atribulada, afastada da graça do Pai. “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o

“Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis quem ficar firme até o fim será salque eu sou?” (Mt 16.15). vo” (Mt 9.22). A ressurreição de Cristo é a proAo pregar o “Sermão do Monte”, va final do poder redentor de Jesus Jesus declarou: “Felizes as pes- Cristo, bem como a garantia de que soas que sofrem perseguições por teremos “um novo céu e uma nova fazerem a vontade de Deus, pois o terra” (Apocalipse 21.1). A história do Reino do Céu é delas” (Mt 5.10). Por Cristianismo tem sido a comprovação razões que estão além do nosso en- divina de que fomos chamados para tendimento, a Bíblia nos afirma que a vida eterna, garantida pela obra poo mundo odeia a Cristo e odeia Seus derosa do Cristo. Nossa tarefa, então, adoradores: “Todos odiarão vocês, é “ir por todo mundo e pregar o Evanpor serem Meus seguidores. Mas gelho a toda criatura” (Marcos 16.15). meu clamor” (Sl 40.1). O clamor colocado para Ele precisa ser algo que nos deixa inquietos, mas com a “liberdade” para ver Sua ação em nossa vida. O agir de Deus pode até ser incrivelmente sobrenatural porque Ele é o Deus do Impossível e com poder ilimitado, porém, precisamos viver ao Seu lado para nos sentir bem mais

tranquilos. A visão de Senhor é ampla, adiante do horizonte, enquanto a nossa é limitada, míope. Você prefere seguir o olhar além do Pai para sua vida ou a sua cegueira espiritual que nada enxerga pela frente? Prefira, sem dúvidas, o agir de Deus que o suprirá de verdade! n

Vão e façam discípulos de todas as nações

Davi Nogueira

pastor, colaborador de OJB

Em Mateus 28.19, Jesus ensina que devemos ir e fazermos discípulos de todas as nações. Devemos evangelizar, ganhar o mundo todo para Jesus Cristo. Um coração sem Cristo é um campo missionário e um coração com Cristo é um missionário. Você deve tes-

temunhar Jesus. Seja um ganhador de almas. Ao longo da minha vida cristã já pude ganhar muitos corações para Jesus. Celebrei muitos batismos, vi muitas vidas serem restauradas, pessoas mudarem de vida pelo agir de Jesus. E desejo que mais e mais pessoas sejam contagiadas pelo amor de Cristo. “Ide”, nos disse Jesus.

Devemos mobilizar as nossas vidas, as nossas famílias, as nossas Igrejas em prol da evangelização. Existem muitas pessoas para serem alcançadas e Deus não usará outras mãos senão as nossas. Fala e não te cales. Seja um discipulador, faça discípulos novos, dê um bom testemunho, seja sal e luz. Que aonde você chegar as pessoas sintam o amor de Cristo em você.

Que nesse ano, você conquiste novos corações para Jesus. Que mais vidas sejam alcançadas pela minha e pela sua evangelização. A obra de Deus vai crescer, vai prosperar na dimensão em que evangelizarmos. Vão e façam discípulos de todas as nações, assim nos ensinou Jesus Cristo. Que possamos seguir a Sua orientação. Essa recomendação é fundamental para o progresso do Evangelho. n


REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

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Colisão ou coalizão, qual deve ser a posição do cristão? Nédia Maria Bizarria dos Santos Galvão

especialista em Ciência da Religião; bacharel em Teologia; membro da Igreja Batista do Centenário Congregação em Areia Branca - SE

Num contexto de subjetividade, relativismo, interpretação pessoal e pluralidade, alguns tentam fazer com que as Escrituras Sagradas sejam adequadas às demandas da atualidade. Também, numa predominância do politicamente correto, a Bíblia passa a ser

um livro não tão benquisto, mas rechaçado, se não em sua totalidade, mas pontualmente. Daí, passa-se a eleger passagens prescritivas como válidas ou obsoletas. E nesse afã de conveniência, Deus e Sua Palavra são redesenhados de acordo com o contexto, conforme o público, segundo o gosto pessoal. Verdade que esse cenário de rejeição, distorção e incredulidade não são inéditos da nossa era, mas potencialmente acentuados. E para “ficar bem na fita” num contexto como esse, é necessário fazer uma

releitura da Palavra de Deus, desprovida de uma exegese e hermenêutica corretas. Num mundo às avessas, onde o mal chamam bem, que faz da escuridade luz, da luz escuridade, do amargo doce e do doce amargo (Isaías 5.20), o genuíno cristão deve estar em rota de colisão. Gosto de um texto que descreve essa situação: “Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios

desejos” (II Tm 4.3). Resta-nos escolher fidelidade a Deus ou ao nosso “bem-estar”. Lembrando que “todos que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (II Tm 3.12). Essa mensagem palatável exigida pela pós-modernidade, é de um sombrio engano e destruição. Portanto, a colisão é necessária, porém, o que muitos tem trilhado é o caminho amigável da coalizão. As palavras se assemelham, mas os significados são de polos bem distintos. n

A síndrome pastoral da vaidade Ricardo José de Medeiros Farias pastor da SIEB em Primavera-PE

No original grego, a palavra síndrome significa “reunião”, mas é um termo bastante usado em medicina e em psicologia para caracterizar um conjunto de sinais e sintomas que definem uma determinada patologia ou condição. Nós, leitores e oradores bíblicos, conhecemos os perigos da cobiça, riqueza, da inveja, e aprendemos naturalmente, em consequência, a desenvolver altruísmo em nossos relacionamentos. Contudo, não é difícil vermos colegas no dia a dia, com enorme dificuldade na área da assertividade: conquistam notoriedade por serem líderes de uma comunidade, agregam outros cursos que lhes dão maior expressividade, acostumam-se a ouvir centenas de pessoas, respeitarem, acatarem e submeterem-se aos seus pensamentos, planejamentos e

até derrapagens, ao ponto de acreditarem que, por serem pastores, ungidos por Deus numa Igreja, isso os torna uma espécie de semideuses, que podem fazer engenharias para coibir um irmão de assumir um cargo, destratarem desafetos, tornando-os marginalizados no seio da comunidade, acharem que toda crítica ou discordância necessariamente é nociva à Igreja. Temos ouvido falar de colegas que se veem superiores aos irmãos por sua classe social ou cultural e que sua palavra e interpretação não pode ser contrariada ou preterida jamais. Se tem percebido tais características em sua personalidade, cuidado! Você está acometido de uma síndrome de vaidade pastoral: um tipo de enfermidade egocêntrica, que o torna pequeno, egoísta, intransigente, e todas as vezes que exercita suas mimadas birras e é apoiado; isso o torna mais

doente e radical na sua forma de relacionar-se. Sabemos que na sociedade, muitos brigam por interesses pessoais e, também, por fama. Em nosso meio cristão, muitas vezes, as oportunidades de lucro e o destaque são ostentados e perseguidos, independentemente de uma aprovação de Deus às nossas orações, afinal, dinheiro e reconhecimento é algo que engrandece o nosso eu, nos torna personagem ilustre, mas é tudo ilusão, continuamos a ser falíveis, inconstantes, injustos e carentes da misericórdia do Senhor. Salomão foi o rei mais sábio, rico e eloquente de que se tem notícia, e mesmo com toda a sua história de vida, foi engodado por satanás e pecou contra Deus; assim temos visto e ouvido falar de grandes pastores e servos de Deus que nos últimos dias fizeram-se incoerentes ao seu testemunho de fé.

Lembremo-nos da primeira bem-aventurança do Senhor: “Bem-aventurados os humildes de espírito porque deles é o reino dos céus”. Fomos chamados por Cristo para sofrermos pelo Evangelho, seja através das dores e das injustiças, sendo assim, não podemos e nem devemos nos vitimizar pelas crises e incertezas que o ministério nos remete, afinal, faz parte da nossa caminhada. Há muitos que deixaram de ser amados e seguidos pelo rebanho de Cristo, ao contrário, são tolerados e respeitados à revelia do relógio do adeus, mas, muitas vezes, falta ao pastor a confiança no Senhor para entender que seu ministério acabou naquele lugar e ao invés que incitar, odiar e guerrear, que tal ouvir a voz do Mestre e esperar que o Dono da Seara o habilite a um novo rebanho com graciosidade e paz? Que o Eterno Criador nos abençoe, em nome de Jesus. n


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22 VIDA EM FAMÍLIA

O grande desafio das Igrejas hoje! Muitos são os desafios da Igreja nos dias de hoje. Sabemos que a missão precípua da Igreja é a adoração ao bom Deus e pregar o Evangelho. Mas, ao olhar para o mundo ao nosso redor, podemos incluir dentre as três prioridades da Igreja nos nossos dias, o fortalecimento das famílias. Nunca, na história do cristianismo, a família precisou tanto da ajuda da Igreja como nos dias atuais. Mais do que fazer algumas coisas pontuais visando o fortalecimento dos casamentos e das famílias, a Igreja precisa desenvolver um trabalho intencional, sistemático e, acima de tudo, com fundamentação bíblica junto às famílias. Precisamos criar, urgentemente, uma cultura, em nossas Igrejas, que impulsione o trabalho com famílias. Hoje, com preocupação, percebemos que há uma ênfase enorme quando se fala no tema “crescimento da Igreja”. É bíblico sim, abordar esse

tema. Nas Escrituras Sagradas encontramos fundamentação para capacitar pastores e líderes para que suas Igrejas cresçam. Mas, como Igreja, falharemos, se essa preocupação (crescimento da Igreja) não estiver atrelada ao fortalecimento dos casamentos, das famílias, em geral, que estão inseridas em nossas igrejas. Trabalhando, lendo, participando de congressos sobre ministério com famílias, muitos me perguntam qual é o verdadeiro propósito de um ministério voltado para família. Ministrar às famílias, de forma sistemática e, acima de tudo, bíblica, com certeza levará a Igreja a experimentar um crescimento, mas esse não deve ser o propósito de um ministério com famílias. O propósito fundamental de um ministério com famílias é ajudar, capacitar homens e mulheres darem o melhor de si para que tenham casamentos e famílias saudáveis.

Kurt Bruner e Steve Stroope no livro “A fé começa em casa” (Pocket Ouro) afirmam que um ministério com famílias deve ter três grandes propósitos: fazer com que maridos e esposas honrem o casamento; que ajude e capacite os pais na transmissão da fé aos seus filhos e que trabalhe para que todos os membros da Igreja vivam o Evangelho, especialmente em casa, de forma que atraiam a próxima geração e vizinhos para Cristo. A tarefa da Igreja, então, ao ter um ministério com famílias é fornecer, sistemática e intencionalmente, ferramentas práticas para que seus membros as usem no cotidiano da vida familiar. O “pecado” de muitos púlpitos e ministérios é bradar para que maridos e esposas da Igreja honrem o casamento, que os pais transmitam a fé e que as pessoas em geral vivam a fé no lar, mas não oferecem as ferramentas adequadas para que esses propósitos sejam concretizados nas famílias da

comunidade de fé. Um novo ano está começando e com ele muitos propósitos estão povoando a mente e os corações dos pastores. A minha oração é que este item “ministério com famílias” esteja na parte de cima das prioridades dos pastores e Igrejas de nossa denominação. Oro para que as Igrejas invistam recursos financeiros, humanos, físicos e tecnológicos para que as famílias sejam abençoadas pelas ações, intencionais da Igreja através de um ministério efetivo com famílias. n Gilson Bifano Diretor do Ministério OIKOS. Escritor, palestrante na área de casamento, paternidade e de ministério com famílias. Instagram: @gilsonbifano Facebook: Facebook.com/gilson. bifano YouTube: GILSON BIFANO

Cerimônia de casamento: show ou culto? Receber um convite de casamento hoje é algo que nos leva a fazer a seguinte pergunta: “Estou recebendo um convite para participar de um show ou de uma cerimônia religiosa?”. Muitas cerimônias de casamentos, inclusive no meio evangélico, têm-se transformado num verdadeiro show. O jornal “A Folha de São Paulo”, numa de suas edições há anos, trouxe uma reportagem detalhando os sonhos das noivas para a cerimônia de casamento. Uma das entrevistadas sonhava em chegar na Igreja de helicóptero. Outra desejava ser recebida com guitarra. Uma das entrevistadas desejava realizar a cerimônia numa fazenda, onde ela é quem chegaria de cavalo. (Só faltou dizer que seria num cavalo alado!). Numa das revistas evangélicas soube que no casamento de um cantor famoso da música gospel, a noiva chegou no ambiente da cerimônia num elevador subterrâneo em meio

à “fumaça” de gelo seco. Num dia desses li uma reportagem que existe uma empresa que realiza os mais variados sonhos dos seus clientes. Um deles é a possibilidade de realizar a cerimônia de casamento no fundo do mar! Cerimônia de casamento, principalmente de crentes, não é lugar para dar vazão à fantasia. Deve ser um momento em que os noivos realizam um ato instituído por Deus e não deve ser transformado em espetáculo, de show pirotécnico, até diria circense. Isso, sem falar na postura de alguns fotógrafos e cinegrafistas. Muitos deles quase dizem para o pastor o que deve e o que não deve ser feito. Tornam-se os donos do espaço do celebrante. Um absurdo! Numa cerimônia de casamento há de estar presente o espírito de culto, de adoração, de súplica das bênçãos divinas, de honra à instituição sagrada do matrimônio e de evangelização.

Com isso, não quero dizer que não deva existir beleza. Mas o que não posso concordar é com a extravagância do evento. Na última cerimônia de que participei saí louvando a Deus. Louvei a Deus porque vi um pastor pregando um sermão onde parecia um aconselhamento de pai para filho. Havia ternura em suas palavras. No final de sua mensagem procurou ministrar às famílias ali presentes. As músicas foram tocadas de forma que nos enlevava espiritualmente e não para uma cena de filme de Hollywood. Teve recepção? Sim, mas de forma equilibrada e sem exageros. Em vez de sonhar com uma cerimônia de casamento luxuriante, os noivos deveriam sonhar e pedir a Deus um cônjuge que cumprisse com os votos conjugais, que honrasse a instituição do matrimônio, que fosse um marido ou uma esposa segundo os desejos de Deus e cumpridores dos deveres con-

jugais conforme os relatos de Efésios 5.22-33; Colossenses 3.18;19 e de I Pedro 3.1-7 e que encarasse o casamento como uma união indissolúvel. Se a pompa numa cerimônia de casamento ajudasse alguma coisa, o matrimônio da princesa Diana com o príncipe Charles, há muitos anos, teria sido um sucesso. Se queremos honrar o casamento (Hebreus 13.4), devemos fazer da cerimônia, do seu início, um lugar onde Deus esteja presente e não um evento meramente humano. n Gilson Bifano Diretor do Ministério OIKOS. Escritor, palestrante na área de casamento, paternidade e de ministério com famílias. Instagram: @gilsonbifano Facebook: Facebook.com/gilson. bifano YouTube: GILSON BIFANO


MISSÕES NACIONAIS

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

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2021: O ano de florescer no Colégio Batista de Carolina - MA

Ester Alves

missionária Adaptação: Redação de Missões Nacionais

O trabalho que vem sendo realizado entre os adolescentes no Colégio Batista em Carolina (MA) desde o ano de 2018 por meio do Aviva viu florescerem seus primeiros frutos, colhidos no ano de 2021. O Aviva, que surgiu a partir da necessidade de um trabalho mais sólido e constante com os adolescentes, nasceu com a visão de ser uma Igreja liderada por adolescentes para

alcançar outros adolescentes. No mês de maio tivemos a alegria de batizar sete dos nossos adolescentes diante de amigos e familiares. O segundo semestre foi intenso e recheado de atividades e novas experiências. Dentre tantas, gostaria de destacar nossas Salas de Oração, que acontecem duas vezes por semana em reuniões do Google Meet. Realizamos também o primeiro Jantar Aviva em Família. É um momento de suma importância, uma vez que a maioria não tem em suas famílias a base cristã. Muitos deles são os primeiros

convertidos de suas casas. Tivemos também a alegria de comemorar os três anos de trabalho do Aviva, com o tema “Profundidade para Viver Algo Novo”. Em dezembro, celebramos o 4° Jantar de Natal Solidário e tivemos a oportunidade de estar mais uma vez junto com os acolhidos do Abrigo da cidade. Foi uma noite super especial na qual anunciamos o amor que se revelou em Cristo, compartilhamos a mesa e nos alegramos. Vale ressaltar que todos do Colégio (pais, alunos e equipe) se alegraram e contribuíram

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para esta linda noite! Também houve o culto especial do Aviva em gratidão por tudo o que o Senhor nos fez ao longo do ano. Muito louvor, palavra pregada e um momento especial para os testemunhos de transformação que o Senhor tem feito em nosso meio. Para a glória de Deus, chegamos ao fim do ano com 16 adolescentes no grupo de líderes, quatro pré-líderes e uma média de 45 pessoas presentes semanalmente nos cultos, entre adolescentes, jovens e jovens adultos. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

Associação Batista Caxiense, no RJ, realiza evento em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil Mostra recebeu mais de 500 visitas. Carlos Alberto dos Santos

pastor da Segunda Igreja Batista em Pilar, em Duque de Caxias - RJ; presidente da Associação Batista Caxiense

Entre os dias 11 e 20 de janeiro, a Associação Batista Caxiense (ABC), em parceria com a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) realizou a exposição “No Princípio Era o Verbo: O legado da Reforma”, na Biblioteca Municipal Gov. Leonel de Moura Brizola, no centro de Duque de Caxias-RJ. A programação foi um sucesso total, recebendo 557 visitantes. “No Princípio Era o Verbo: O legado da reforma” trouxe exemplares raros do livro sagrado, como por exemplo, a Bíblia traduzida por Martinho Lutero (concluída em 1534) e contou um pouco sobre o legado da Reforma Protestante para o mundo. Entre as raridades em exposição, os visitantes puderam observar uma Bíblia com mais de 500 anos, volumes originais do livro sagrado em vários idiomas, além de uma versão em braile com 43 volumes.

Evento exibiu escrituras com mais de 500 anos O evento, que contou com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, é uma realização da Associação Batista Caxiense (ABC), Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e Secretaria de Cultura e Economia Criativa-RJ. “Quero agradecer à diretoria da operosa Associação Batista Caxiense, pela realização desse grandioso evento; à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, em nome da secretária Danile Barros e André; à Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), na

Exposição reuniu cerca de 557 visitantes

pessoa dos pastores Acyr Gerome e Marcos Batista; à Secretaria de Cultura de Duque de Caxias e Prefeitura Municipal de Duque de Caxias, em nome do prefeito Washington Reis e sua equipe; também não poderia esquecer o senhor Keison, bibliotecário, que nos deu todo suporte e apoio; à Rádio Ativa 98.7FM, Jornal Baixada em Foco, TV Prefeito pelo apoio cultural. Um agradecimento todo especial aos amigos, professor Maurício Eugênio e doutor Daniel Eugênio, secretário-executivo da ABC.

A Deus toda honra e glória!” - pastor Carlos Alberto dos Santos, presidente da ABC. “Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus” (I Ts 5.18). Agradecimento é a expressão ou reconhecimento sincero de alguém que recebe algo dado ou feito por alguém. É o sentimento de quem está agradecido e agradado pelo que lhe fizeram. n

Ordem de Pastores Batistas em Alagoas promove acampamento para pastores e famílias Programação teve série de palestras.

Site da Convenção Batista Alagoana “O Desafio da Família Pastoral Nesses Novos Tempos” foi o tema do encontro que a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil em Alagoas (OPBB/ AL) realizou de 06 a 09 de janeiro, no Acampamento Batista de Paripueira. O evento, que acontece todos os anos, teve como objetivo a comunhão e o encorajamento dos pastores e suas famílias para continuarem firmes e constantes na obra do Senhor. “Escolhemos este tema para o Acampamento da Família Pastoral deste ano porque entendemos e esperamos que diante do que estamos passando, tenhamos as famílias mais unidas, pois, a pandemia teve tanto o papel de aproximar como de afastar. Nosso desejo é ver as famílias mais fortalecidas, mesmo diante da fragilidade humana”, disse o pastor Daniel Tina, presidente da OPBB/AL. Para falar sobre o difícil tema, a OPBB/AL convidou o pastor, escritor e professor Jilton Moraes, que, com sua esposa, a professora Ester Moraes, disse estar radiante de alegria por voltar à

OPBB-AL encorajou pastores e famílias para a obra do Senhor sua terra natal. Ele é alagoano, nascido no bairro Bebedouro. “Tenho andado por terras distantes desde 1966, quando saí para estudar no Recife”, informou o pastor. Depois do Recife, onde concluiu sua formação teológica, o pastor Jilton deu continuidade à sua peregrinação de mais de 50 anos fora de Alagoas indo trabalhar em Fortaleza, Belém e Teresina. Voltou para o Recife e seguiu depois para Brasília, onde morou 20 anos. “Agora, aposentado, estou residindo outra vez no Recife, aqui pertinho dessa terra querida dos Marechais”, contou.

“O desafio da Família Pastoral Nesses Novos Tempos” foi o tema do Acampamento TEMPO DE CONFUSÃO

Em sua primeira mensagem, na quinta-feira à noite, o pastor falou sobre “Realização em Tempo de Confusão”. Este foi o primeiro tema do acampamento. Na sexta pela manhã falou sobre o “Resgate da Realização”. “Este segredo consiste em deixar que o Senhor dirija a nossa casa, nossa família e planos, pois a Palavra nos diz que, se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. Na noite de sexta-feira falou para pastores e líderes sobre o “Tempero e Temperança”, mostrando como é importante que a família tenha significação e que haja tam-

bém temperança, paciência e equilíbrio. Ainda na sexta-feira, pela manhã, o pastor e esposa falaram nas oficinas do retiro. Ele, sobre o tema “Marido, Pai e Pastor”; e ela, sobre “Esposa e Mãe: mais que Pastora”. Na manhã de sábado, o assunto abordado pelo pastor foi “Quando o perdão é completo”, uma reflexão falando sobre a completude do perdão. O outro tema que ele e a esposa apresentaram foi “Não deixe o leite derramar”. No encerramento, no domingo pela manhã, a mensagem de despedida para os pastores e líderes foi “Não deixe a Bíblia de lado, mostrando que, para ministrar bem, é preciso ler a Palavra de Deus. n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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Batistas cariocas comemoram 117 anos de unidade e avanço missionário Unidade e cooperação nortearam a temática do culto. Tiago Monteiro

coordenador de Comunicação da Convenção Batista Carioca

Em clima de contemplação e boas recordações, a Convenção Batista Carioca (CBC) reuniu, no último dia 23 de janeiro, na Primeira Igreja Batista de Oswaldo Cruz, irmãos de várias regiões da cidade do Rio de Janeiro para um culto de celebração em comemoração aos seus 117 anos de existência. Foi uma programação temática com foco em unidade e cooperação, dois assuntos representados no tema anual de 2022: “Unidos, Gerando Vidas”. Tal proposta surgiu sob inspiração do verso bíblico de Atos 4.32 - “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns”. A expectativa da liderança é de integração com ênfase missionária, marcas constantes na obra Batista. O 117º aniversário da CBC foi conduzido por Ramon Oliveira, segundo vice-presidente dos Batistas cariocas e ministro de jovens da PIB do Rio de Janeiro. Sua participação não foi por acaso, pois mostra o desejo de que as novas gerações estejam cada vez mais conectadas ao contexto denominacional. Dentre os elementos que abrilhantaram a noite de celebração, destacam-se a condução de louvores pelo ministério de adoração da PIB de

Pastor Joel (esq) recebe da CBC placa comemorativa ao centenário da PIB de Oswaldo Cruz Oswaldo Cruz, os momentos inspirativos proporcionados pelo Coro Jovem da PIB de Irajá e a mensagem especial da oradora Marlene Baltazar da Nóbrega Gomes, que, entre suas muitas contribuições à denominação, soma-se a presidência da União Feminina Batista da América Latina. “Hoje é um dia singular”, iniciou irmã Marlene. “Os irmãos estão como aqueles soldados que, voltando para a casa depois de terminada a guerra, trazem os louros da vitória. Os dias hoje não são fáceis, mas Deus tem dado vitórias a esta convenção. Quantas lutas enfrentadas, quantas vidas geradas para Cristo e seu Reino! Como os israelitas, os irmãos chegaram do outro lado do Mar Vermelho, mas não ficaram estacionados. Prosseguiram e sempre prosseguirão.”, completou. Relembrando com saudades os momentos vividos com muitos líderes cariocas, a oradora

Participação do Coro Jovem da PIB de Irajá no 117º aniversário da CBC

afirmou que foram muitos os irmãos que deram suas vidas para que a CBC chegasse aonde chegou. Um trabalho realizado por pessoas consagradas ao Senhor, que pregavam o que podia ser visto em suas vidas. Irmã Marlene pautou sua palavra na divisa anual da CBC, apresentando as características da Igreja primitiva e o aprendizado dos crentes daquela época, tendo tudo em comum, compartilhando não apenas bens, mas vida. “Muitos vivem como se a obra fosse feita apenas pela liderança, quando a bíblia ensina que todos devem ser cooperadores, trabalhando pelo avanço do Evangelho. Se a necessidade chegou à sua porta, é seu dever compartilhar o que tem”, incentivou a líder, destacando que a cooperação fortalece o propósito da existência da Igreja, que é a geração de vidas. A programação não poderia deixar de prestigiar a PIB de Oswaldo Cruz,

que além de ter fornecido toda a estrutura para a realização da festividade, comemora este ano o seu centenário. Em virtude disso, recebeu, na pessoa do pastor Joel da Silva Siqueira, uma placa pelo jubileu de jequitibá. A Igreja foi fundada em 19 de agosto de 1922, pela PIB de Madureira, e soma grandes realizações ao longo de sua história, tais como um sólido trabalho de evangelização, discipulados em células e a organização de quatro igrejas, sendo elas: IB do Tauá, IB em Engenho Novo, PIB de Cascadura e IB Campo dos Afonsos. Ciente de que ainda há muitas vitórias a serem conquistadas, a Convenção Batista Carioca registra sua gratidão a Deus e às Igrejas que contribuem para a permanência de projetos transformadores, que geram vidas e fortalecem ministérios relevantes. n

Seminário do Sul reúne ex-alunos durante 4° encontro na Semana Batista Evento aconteceu no intervalo da OPBB, em Vitória - ES.

Redes sociais do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (adaptado) No dia 11 de janeiro, no intervalo do Congresso e Assembleia da Ordem de Pastores Batistas do Brasil (OPBB), o Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil (STBSB) promoveu o 4° Encontro de ex-alunos. A programação ocorreu na Igreja Evangélica Batista de Vitória-ES, com o tema “Sola Scriptura: única regra de fé e prática”, tema que será abordado no Congresso da Faculdade Batista do Rio de Janeiro | Seminário do Sul, que acontecerá em Março. Celebração teve as palavras do pastor João Emílio, da Primeira Igreja

Participantes do encontro de exalunos do Seminário do Sul Batista de Irajá-RJ; pastor Luiz Roberto, da Igreja Batista Memorial da Tijuca-RJ; e o momento de louvor com Débora Medeiros, Débora Cádimo e Joyce Leão, ex-alunas da instituição e

Celebração contou com participação musical

professoras no projeto Sons da Missão, da Junta de Missões Nacionais (JMN). As inscrições para a Conferência Teológica “Sola Scriptura: única regra

de fé e prática” devem ser feitas no site www.seminariodosul.com.br. O investimento é de 50 reais. Alunos do STBSB devem se inscrever pelo portal do aluno e ficam isentos do valor. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22 ARTE & CULTURA

Pickleball chega ao Estado do Maranhão Quero agradecer, de coração, ao nosso povo maranhense, por nos permitir compartilhar o Pickleball, esporte que conheci durante uma conferência de capelania esportiva, em San Diego, California, EUA, há mais ou menos 18 anos. Foi amor à primeira vista! Na ocasião, sonhei em trazer esse esporte para o Brasil, porém, não era meu foco naquele momento. Mas, fiquei feliz em saber que há três anos, Belo Horizonte e Governador Valadares deram início a esse esporte, do qual atualmente sou o Capelão da Associação Brasileira de Pickleball, com a missão de promover a modalidade em todo o país. Nossa Associação Maranhense de Pickleball teve início com três demonstrações. Duas em São Luís e uma em Pinheiro. A primeira foi em um condomínio, em Panaquatira. A segunda, no Acampamento Batista no Araçagi, (ABA) e a terceira, em Pinheiro, cidade localizada na baixada maranhense. E, assim, demos a “raquetada oficial” na formação da nossa associação maranhense de Pickleball. Quero agradecer o apoio da Associação Mineira de Pickleball, na pessoa do presidente Rafael, e da Associação Brasileira de Pickleball, cujo o presidente é o “Toninho”, por nos possibilitar ajudar futuros atletas maranhenses. Sou grato, também, aos amados irmãos da Primeira Igreja Batista em Pinheiro; em especial, ao meu bom amigo Jovane Melo Amorim, secretário de Turismo de Pinheiro, pela parceria na divulgação do novo esporte, que vem somar com a proposta de promover as Boas Novas, do amor de Deus, através das ferramentas esportivas. Segue a matéria publicada pelo Departamento de comunicação de Pinheiro, sobre a divulgação do Pickleball no Maranhão.

Pickleball: modalidade esportiva que tem ganhado novos adeptos no Brasil, agora chega ao Maranhão Esse fim de semana, Roberto Maranhão, capelão da Associação Brasileira de Pickleball, fez demonstrações da nova prática esportiva, o Pickleball, em alguns lugares do Maranhão. Roberto esteve no Araçagi, localizado na capital São Luís, e no município de Pinheiro, para apresentar o Pickleball aos amantes dos esportes, e conquistar ainda mais praticantes para essa modalidade. O Pickleball, criado nos Estados Unidos, é um dos esportes de rede que mais cresce no mundo e foi desenvolvido através de três modalidades esportivas: tênis, tênis de mesa e badminton, embora possua regras bem diferentes. Nesse esporte, as partidas podem ser solo ou em duplas e devem ter um set de 11 pontos.

Roberto Maranhão, que também é fundador e presidente da Associação Maranhense de Pickleball, veio ao município de Pinheiro, com apoio de diversas entidades, bem como a Liga Pinheirense de Desportos, e da Prefeitura municipal de Pinheiro, através do secretário de Turismo, Jovane Melo Amorim e fez uma excelente partida

de demonstração do Pickleball, fascinando a todos os presentes. A modalidade esportiva, que já tem muitos adeptos aqui no Brasil e agora no Maranhão, é indicada para todas as faixas etárias, não sendo necessário muito esforço para sua prática, além de ser ideal para relaxar e sair do sedentarismo. A partida de demonstração do Pickleball em Pinheiro, contou com um público diverso, que achou o esporte fantástico! “Pickleball é nota 10, descobri que tenho talento, agora é só praticar”, afirmou Regina Santiago, que participou da partida de demonstração. “Além de fazer com que mais pessoas conheçam esse excelente esporte, o nosso intuito é ajudar na fundação da Associação de Pickleball em Pinheiro e na Baixada”, pontuou o secretário de Turismo de Pinheiro, Jovane Melo Amorim. Escreva para a nossa coluna e compartilhe sobre o bom uso dos seus dons e talentos, na promoção do amor de Deus. n Arte e Cultura CBB Roberto Maranhão Ministro de Arte Cultura, Esporte e Recreação, Capelão da Associação Brasileira de Pickleball. marapuppet@hotmail.com WhatsApp: +55 (31) 9730-5875


MISSÕES MUNDIAIS

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Magnani fala sobre a música da campanha Jamile Barros

Redação de Missões Mundiais

Convidado pela quarta vez para criar a música tema da campanha de Missões Mundiais, o cantor e compositor Alexandre Magnani, em entrevista conta como foi a inspiração e o processo criativo para escrever e compor “Viva a Compaixão (Teu Reino Vem)”, a música oficial da Campanha de 2022. Iniciando a conversa, pergunto se após tantos convites ele já se acostumou com a parceria de compor a música de tema da campanha de Missões Mundiais, mesmo após o sucesso de lançamento da música “Até que Ele Venha” (2017)? Alexandre Magnani: Nunca. Não dá para me acostumar com um convite da Junta porque é de muita responsabilidade. Toda vez que vocês entram em contato eu recebo o convite com muito tremor e temor. Ainda mais depois de “Até que Ele Venha” porque, graças a Deus, a música foi muito bem aceita pelas Igrejas. Elas a colocam no seu repertório, no momento de louvor e isso para mim é motivo de muita alegria, de gratidão ao Senhor por ter me permitido participar disso. E aí, toda vez que a Junta entra em contato, eu falo: “Meu Deus. Nossa. E agora?”. E aí em todos os anos, os temas foram desafiadores e convidativos também. Então eu sempre aceito o desafio. E participar disso é muito maior. (...) Fazer parte de missões é contribuir com a minha vocação, então tem a ver com esse privilégio, porque para mim, através da música, é poder somar um pouquinho dentro dessa campanha enorme que Missões Mundiais faz. Além de comentar um pouco sobre as outras músicas que compôs, “Eu Sou” e “Alegria e Transformação”, disse que a Viva a Compaixão teve algo de muito especial. Portanto, pedi que contasse um pouco do processo e o motivo pelo qual ela foi diferente das outras no momento de compor. Alexandre Magnani: Foi especial porque quando me foi passado o tema e o pastor João Marcos (diretor executivo de Missões Mundiais) me falou que seria sobre compaixão… Quer dizer, a gente ainda está vivendo uma pandemia, vivendo um tempo no qual muitas pessoas estão sofrendo… E eu não queria ser apático em relação a isso. Acho que nós, como cristãos, devemos sim sentir a dor do outro. E “amar o próximo como a ti mesmo” é se colocar no lugar do próximo. E eu não queria fazer desse sentimento uma música por si só. Queria, além disso, trazer algo resultante do sentimento de compaixão. E então, bem na semana em que eu fui começar a compor a música, o Talibã tomou conta do Afeganistão e aí teve aquela cena fortíssima de algumas pessoas tentando subir no avião e começaram

a cair… Aquilo me marcou muito. Magnani relata que no momento em que viu as notícias orou ao Senhor pedindo para sentir compaixão e perguntando qual seria o resultado desse sentimento. Como seguidor de Jesus, ele realmente queria viver a compaixão? Tentando entender melhor esse sentimento, ele conversou com um amigo que é missionário na Albânia. Perguntando-lhe o que o motivou a deixar o país e fazer missões em um lugar desconhecido, com um idioma desconhecido… E continuou perguntando para outros amigos próximos e de ministério. Foi quando começou a reunir as respostas e fazer recortes e colagem em um caderno de composição. Alexandre Magnani: E na primeira página eu já coloquei a arte (da campanha) e nela já tem algo resultante do sentimento: que é o partilhar do pão, saciar a fome de quem sente fome, de cuidar daquele que está sofrendo. Eu colei e comecei a escrever algumas coisas e fui além. Comecei a fazer colagens com situações no Brasil também (...) Escrevi: “compaixão é quando você sofre a dor do próximo. É quando você realmente está junto lá”. Tem a colagem do caso do Afeganistão, da fome no Brasil e várias outras coisas… O caderno se tornou um espaço não só de inspiração, mas de conexão com Deus, com o que o Senhor tinha para dizer ao compositor. Magnani também escreveu orações nas páginas e muitas reflexões, antes mesmo de começar a compor. Ao colocar no papel as palavras amontoadas de seus pensamentos e sentimentos sobre os acontecimentos do dia a dia, ele começou a perceber o resultado, aquilo que perguntara no início. E que compreendia como cristão, à luz da Palavra de Deus, sobre o que é sentir compaixão por aquele que sofre. E lembrou-se de momentos em que Jesus não só sentiu a compaixão, mas agiu também.

Alexandre Magnani: A compaixão nos leva a ter atitudes, ações. (...) Então, se há compaixão no meu coração e eu vejo que diante do sofrimento e da dor eu posso fazer alguma coisa, então eu estou sinalizando o Reino de Deus aqui. Eu estou indo. Eu estou fazendo. E missões fala sobre isso. Enquanto eu vou, enquanto eu vivo a minha vida e eu vejo pessoas que precisam de ajuda, auxílio, cuidado, atenção, de tempo, de resolução de problemas, então eu tenho que fazê-lo. Há o sentimento de compaixão no meu coração e por causa dele eu vou ter uma atitude. Eu ajo na vida da pessoa e eu sinalizo o Reino de Jesus. Tanto que a música (o título) ficou: Viva a Compaixão (Teu Reino Vem). Tem o sentimento, mas a manifestação pós sentimento é trazer o Reino de Jesus para esse mundo corrompido, esse mundo que sofre. Quando comento sobre algum trecho da música que mais lhe marcou, Magnani diz que toda a música é especial. Contudo, diz que já na primeira estrofe, escreveu o que considera ser o principal ato de compaixão: O próprio Cristo, o nosso Senhor e Rei, se colocar no lugar do homem. Um lugar que o homem merecia estar por conta dos pecados. E que não há como falar de amor e compaixão sem mencionar o ato do próprio Deus entregando o seu filho para morrer pela humanidade. Seguindo mais além e falando um pouco mais sobre seu ministério na Igreja Batista em Morumbi, São Paulo, Magnani também descreve a importância do líder de Louvor diante da congregação, em relação a adoração comunitária e como ele espera que a música da campanha ajude a Igreja a se conectar com Deus, com o sentimento de compaixão e com missões. Alexandre Magnani: É um papel prazeroso, que dá muito trabalho, mas que dá muita alegria também. Porque você (líder de louvor) está tendo o privilégio de direcionar a adoração comunitária. E ela tem no seu papel fundamental a adoração vertical. Bendizer a Deus.

(...) Porque nada substitui a adoração diretamente a Deus e em uma só voz. E o papel do ministro de música é ter também uma sensibilidade para escolher canções que sejam acessíveis, bonitas e teológicas para que a sua Igreja cante. E eu posso dizer que a “Viva a Compaixão (Teu Reino Vem)” é uma dessas canções. (...) E tenho certeza de que vai ser bênção na comunidade de fé porque é sobre Jesus que a gente está cantando, é sobre o nosso Deus. Para encerrar, Magnani diz que através da parceria com Missões Mundiais, ele entende que também está atuando como missionário. E convida a todos para que cantem a música, ouçam, toquem e incentivem sua Igreja a se envolver com missões. E completa que a música da campanha pode ser essa ferramenta que vai ajudar o corpo de cristo a se engajar com a obra do Senhor no mundo. Junte-se ao Alexandre Magnani e a Missões Mundiais no louvor ao Senhor através da música Viva a Compaixão. Para que assim, juntos, todo o corpo de Deus possa tomar para si o sentimento de compaixão de forma a sinalizar o Reino de Jesus entre todos os povos e nações da Terra. Bônus A entrevista com o Alexandre Magnani, foi feita antes da música ser lançada nas plataformas musicais no dia 14/01. Cerca de cinco dias depois, ela já havia entrado em “Novidades Religiosas”, a maior playlist editorial do Spotify Brasil, que conta com mais de 180 mil inscritos. O que surgiu por meio da inspiração plantada por Deus nas páginas de um caderno de composições, tornou-se uma canção que hoje é usada para louvar, adorar e transmitir o Reino de Jesus através da simples decisão: viver a compaixão Você pode conferir a música nas principais plataformas digitais e o clipe no Canal JMM. n


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O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22


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PONTO DE VISTA

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Elementos que podem estar presentes na depressão e suicídio na liderança cristã Genevaldo Bertune

pastor, colaborador de OJB

Estamos, sempre, como pastores e líderes, de alguma forma pensando, refletindo sobre a complexidade do mundo interior humano. No entanto, quando acontece algo como o suicídio do nosso querido irmão Andre Paganelli, não deixa de provocar uma necessidade de maior reflexão sobre esse tema, especialmente pensando se, de alguma forma, não podemos contribuir para ajudar tantos obreiros envolvidos nesse contexto, bem como outras pessoas, como tão bem fez nosso querido e amado irmão Lourenço Stelio Rega, escrevendo sobre “Pastorado, uma atividade insalubre?!”. Mas quero abordar outros aspectos, chamando nossa atenção para alguns mais complexos da liderança cristã, seus desdobramentos, consequências, bem como precisamos estar vigilantes para não negligenciar aspectos envolvidos nessa complexidade do mundo interior humano, e que ficam mais latentes no exercício da liderança - sem a pretensão de achar que o assunto não é ainda mais complexo -. Se olharmos para a Bíblia, encontraremos esses elementos e/ou aspectos envolvidos e presentes na vida de muitos líderes; que, por uma ou mais razões, acabaram negligenciando-os; e, assim, doentes. Vamos vê-los? Depressão por não concordar com Deus. “Jonas, porém, ficou profundamente descontente com isso e enfureceu-se. Ele orou ao Senhor: “Senhor, não foi isso que eu disse quando ainda estava em casa? Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso e compassivo, muito paciente, cheio de amor e que prometes castigar, mas depois te ar-

rependes. Agora, Senhor, tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver” (Jn 4.13). Jonas entrou em depressão porque não podia concordar com a graça e a misericórdia divinas! Muitos acabam com seu mundo interior em conflito, em desordem, com doenças emocionais, espirituais porque discordam da doutrina bíblica da graça, tanto para consigo mesmos como para com aqueles que lideram, querendo sustentar sua vida espiritual, seu ministério, seu relacionamento com Deus a partir de suas obras, méritos, “produtividade”; e, nesse caso, sabemos onde isso vai parar: jamais estão satisfeitos consigo mesmos, com seus “resultados” - esse foi o caso de Jonas -; estão sempre em busca de algo mais. Aqueles que não conseguem aceitar a graça de Deus, Sua bondade, misericórdia para consigo mesmos e até para com o mais terrível pecador, estão sempre com seu mundo interior em conflito, pois não alcançam aquela paz e gozo interior - tão necessários para o líder cristão -, por saber que é aceito e amado por Deus, independentemente de seus méritos, produtividade, se libertando da famosa “síndrome do desempenho”. Muitos estão doentes porque estão presos à síndrome do desempenho. Depressão por estar em conflito com os padrões de Deus para a liderança. “No dia seguinte, um espírito maligno mandado por Deus apoderou-se de Saul, e ele entrou em transe em sua casa, enquanto Davi tocava harpa, como costumava fazer. Saul estava com uma lança na mão e a atirou, dizendo: “Encravarei Davi na parede”. Mas Davi desviou-se duas vezes” (I Sm 18.10-11). Todos sabem como Saul foi escolhido por Deus, ungido e abençoado para ser rei de Israel. No entanto, todos sabem, também, como em sua

biografia há inúmeras referências a um comportamento completamente fora dos padrões do Senhor, especialmente para a liderança. Inveja, ciúmes, idolatria pelo poder, violência, falta de caráter e integridade; enfim, uma somatória de atitudes e comportamentos que, a longo prazo, só poderia terminar com essas expressões: “atormentado”, “transtornado”, “fora de controle”, “emocionalmente perturbado”. Data vênia, o que observamos, hoje, é que muitos líderes acabam doentes porque entram por um caminho de quebra, negligência de princípios e padrões de valores do coração de Deus para a liderança: nos relacionamentos; na idolatria do “poder”, da “influência”; ciúmes, inveja, disputas, competição; talvez como Saul e Joabe: Se manter no poder ou liderança a qualquer preço. São impressionantes as diferenças de atitudes de Saul e de Davi nesse contexto. Depressão por esgotamento físico-emocional. “Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte: “Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados”. Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu” (I Rs 19.3-5a). Todos conhecem esse momento que o profeta Elias viveu. Como tão bem comentou o pastor Lourenço em seu artigo, falando do excesso de trabalho do líder cristão, Elias foi além de seus limites físicos e emocionais, acabando numa depressão. Muitos líderes, hoje, estão doentes por excesso de trabalho e pre (ocupações). Já abordei essa questão num outro artigo, quando falei do ministério pastoral no Novo Testamento; que, para mim, independentemente da

questão financeira, era um ministério colegiado, por uma questão de dons. Nós é que inventamos essa eclesiologia de um único pastor cuidando de toda uma Igreja. Não bastasse isso, ainda há a cultura da “centralização das decisões” em nosso exercício da liderança. Muitos pastores estão fazendo coisas que não precisavam fazer; que, com certeza, outros poderiam realizar de maneira bem melhor; e outros, quando delegam, delegam “atividades”, mas não “autoridade”, acabando com o peso, com o fardo nas mãos. Depressão por não se libertar da culpa pela falta de confissão. “Quando guardei tudo para mim, meus ossos se transformaram em pó, minhas palavras eram gemidos intermináveis. A pressão nunca cessava, a ponto de todo o líquido do meu corpo secar” (Salmo 32.3-4, versão A MENSAGEM). Quero terminar com a experiência de Davi antes da libertação de seu pecado (ou pecados) pela confissão. Quem terminar de ler este salmo ou o 51, saberá com mais exatidão do que estou falando. Muitos estão doentes porque não se aproximam do trono da graça através da confissão, e insistem em caminhar com pecados encobertos, motivações impróprias jamais confessadas ou reveladas; “segundas intenções” em tantas decisões, escolhas. Uma liderança não pautada pela integridade, pela coerência e harmonia entre o público e o particular; entre o interior e o exterior; entre a forma e o conteúdo; acaba produzindo trincas, brechas; que, por sua vez, em continuidade, produzirão doenças pelos conflitos interiores vividos dia após dia. É claro que há muitos outros aspectos e elementos envolvidos. É claro que esse é um tema muito mais complexo; mas que, com toda certeza, meditar nesses quatro, já pode nos ajudar. n


PONTO DE VISTA

Alana da Silva Lima Silva

O JORNAL BATISTA Domingo, 06/02/22

Conversa de gente grande

(extraído do site da Associação de Educadores Cristãos Batistas do Brasil)

Vamos dar início a mais um “papo cabeça”, de educador para educador. O assunto deste artigo será sobre “a segurança das crianças nos ambientes digitais”. Toda atenção está direcionada aos pequeninos, mas, a principal mensagem é para “gente grande”. É isso mesmo, professores, pais, familiares, amigos, escola e Igreja, precisam estar alinhados cuidando da segurança das nossas crianças em meio às interfaces do mundo digital. Para fazer a alegria da criançada, brincadeiras e muitos jogos são um importante atrativo para os dias atuais. Elas não precisam estar alfabetizadas para conseguir realizar a leitura de símbolos como os do Facebook, Instagram, Youtube, WhatsApp, Twitter, Snapchat, Tik Tok, Google, Netflix, dentre tantos outros espaços onde a suposta interação rola solta. Pensando neste contexto onde a palavra de ordem é estar conectado, não podemos esquecer que enquanto pais, professores, familiares e amigos, somos os guardiões da inocência e pureza de nossas crianças. Alguns estudiosos neste contexto classificam esta gênese como Geração Alpha, “a geração atual de crianças que nasceram imersas na tecnologia e estão acostumadas com a realidade da Web 3.0 (Internet semântica), ou seja, a difusão do conhecimento com base de dados como o Google e aplicativos de celulares”. É neste contexto que surgem novas referências educativas para as crianças, os ídolos do Youtube ditam o pensar, o falar e o andar, substituindo assim os que orientam as Sagradas Escrituras em rela-

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ção ao papel dos pais como Educadores “[…] e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6.7). Esta geração está diretamente em contato com a Web 4.0, webs imersiva ou simbiótica, inteligente e personalizada. Mas, o que tudo isso tem a ver com o nosso papel de “Gente Grande” no universo da criança? Bem, estamos vivenciando uma realidade até bem pouco tempo considerada futurista, no entanto, esse futuro chegou. E o que fazer com um futuro bem presente, onde as influências e ideologias assumem o papel de educar da família? O que fazer quando a Igreja não se prepara para orientar a criança e a família e ao invés disso propaga o discurso de que tudo é pecado? O que fazer quando falta tempo e preparo para proteger e acompanhar nossas crianças neste percurso digital tão natural neste tempo? Como estimular, orientar e acompanhar a criança nos novos espaços interativos que estão à sua disposição? A Bíblia nos assegura, “Mas a quem fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim seria melhor se lhe pendurassem no pescoço uma pedra de moinho e afundasse nas profundezas do mar” (Mt 18.6). Por isso, para que possamos garantir nosso papel de “gente grande” na vida de cada pequenino sugerimos que: • Oriente a criança acerca dos conteúdos adequados para sua faixa etária disponíveis em mídia; • Procure escutar com atenção as opiniões que estão sendo formadas a respeito dos conteúdos acessados pela criança; • Promova momentos onde você, papai, mamãe e ou responsável possa

participar com a criança destes acessos a mídias; • Tenha sempre um diálogo orientador e esclarecedor acerca dos conteúdos à luz da Palavra de Deus. É importante gerar reflexões e fazer questionamentos acerca dos valores destes conteúdos; • Para garantir a segurança de acesso a alguns conteúdos utilize aplicativos de controle parental para monitorar as crianças. (Para saber mais sobre o assunto visite: www.cocospy.com/blog/pt-br/ controle-parental-monitorar-criancas. html). • Seja um adulto coerente, não adianta proibir e acessar conteúdos inadequados para quem deseja uma vida reta e direcionada pela Palavra de Deus.

1. Screen Time - Novo aplicativo para controle das atividades dos filhos em dispositivos com a tecnologia iOS. Prometido para chegar ao mercado em setembro, permitirá escolher horários para uso do aparelho e ainda selecionar quais funções podem ser habilitadas ou não. Além disso, ele deve gerar relatórios sobre o comportamento virtual das crianças. 2. Custodio - Entre suas funções estão o bloqueio de conteúdo impróprio e a possibilidade de limitar o tempo de uso do aparelho. Além disso, permite visualizar chamadas ou textos enviados por mensagem e bloquear alguns contatos. Já a versão gratuita tem funções restritas. 3. Kaspersky Safe Kids - O software bloqueia o acesso a sites e aplicativos inadequados (selecionados pelo próprio programa ou pelos adultos) e permite configurações específicas para diferen-

Fonte: revistacrescer.globo.com/Familia/ Rotina/noticia/2018/08/7-aplicativos-que-garantem-seguranca-das-criancas-na-internet.html>Acesso em 17.10. 2021 CARDOSO, Ana Paula. Geração alpha: entenda o perfil da geração que já nasce à frente dos pais. Revista da Mulher. 11 de setembro de 2017. Disponível em: arevistadamulher. com.br/familia/content/2452193-geracao-alpha-entenda-o-perfil-da-geracaoque-ja-nasce-a-frente-dos-pais> Acesso em 10.01.2019. n

escuta constroem melhores alunos e melhoram em seus trabalhos. Parrish compara uma discussão quando os participantes fazem perguntas e, em seguida, ouve as respostas para “uma janela aberta, aberta para o que quer que apareça”. Isso abre todos os participantes para novas ideias e os ajuda a realmente entendê-los. “Ouvir é a zona na qual a investigação acontece, na qual perguntas surgem e nos puxam e as sementes das ideias germinam”, disse Parrish. “Há uma consciência crescente de que, como educadores no mundo polarizado e encolhido de hoje, abrir espaços em nós mesmos e em nossas salas de aula é uma maneira de modelar o diálogo, a colaboração, a curiosidade, a criatividade e a compaixão”. 2. Ser ouvido aprofunda o aprendizado dos alunos - Quando os alunos sentem que realmente fazem parte da conversa, é mais provável que eles real-

mente entendam o que estão aprendendo e se lembrem disso. “O efeito de um bom ouvinte no aprendizado dos alunos é eletrizante”, disse Parrish. “Quando os alunos são ouvidos, quando suas ideias atingem o ouvinte, quando as perguntas abrem discussões, quando as ideias são retomadas e exploradas com sinceridade, elas florescem”. Esse tipo de conversa aberta pode levar os alunos a se tornarem consumidores passivos de informações para mais alunos autodirigidos. 2. Ouvir bem ajuda o professor a aprender também - Nem toda lição se presta a uma conversa entre os alunos e o professor. Mas quando os professores envolvem os alunos em uma discussão sobre o significado do que aprenderam – as causas da Revolução Francesa, por exemplo, ou as implicações de uma descoberta científica recente – a conversa será mais gratificante para o professor

e os alunos se as pessoas estiverem ouvindo. Isso significa mais do que simplesmente fazer uma pausa para deixar a outra pessoa falar. “Pense nos professores que realmente se preocuparam com o que você tinha a dizer, que ouviram suas palavras e foram despertados por eles, que realmente entenderam suas perguntas e refletiram sobre si mesmos, mesmo que sejam perguntas antigas nesse campo”, Parrish disse. “Esse tipo de escuta transforma nossas salas de aula em comunidades vibrantes de aprendizado”. Nossa cultura costuma ser mais fácil para extrovertidos do que para introvertidos, o que significa que “tende a ter medo do silêncio”, disse Parrish. É por isso que é tão importante dizer aos alunos o que a boa audição pode alcançar e modelá-la para eles. A pausa após uma pergunta não precisa ser um silêncio constrangedor: pode ser o espaço em que as ideias mais profundas se enraízam. Pense nisso! n

CONHEÇA 7 APLICATIVOS QUE GARANTEM A SEGURANÇA DAS CRIANÇAS NA INTERNET

tes idades. Está disponível na versão gratuita. 4. Youtube Kids - A plataforma dispõe de um app (para Android e iOS) que seleciona, por algoritmo, o conteúdo indicado para o perfil de cada criança. Nas configurações, os pais podem definir um limite de tempo para que os filhos acessem o aplicativo e, se desejarem, também podem desligar a pesquisa. 5. Chrome - O navegador do Google dispõe de uma função de controle de pesquisas para crianças, que filtra conteúdo adulto. Para ativá-la, entre na página de “Configurações de Pesquisa” e marque “Ativar o SafeSearch”. 6. Nos celulares Android - Em aparelhos com esse sistema operacional, é possível restringir os aplicativos, filmes e músicas que podem ser baixados. Para isso, basta entrar na Play Store, ir em “Configurações” e, então, em “Controle dos pais”. Aqui você pode determinar a faixa etária dos apps e filmes que estão liberados para as crianças e ainda bloquear músicas com letras impróprias. 7. Netflix - Permite cadastrar diferentes usuários e libera o conteúdo de acordo com o perfil de atividade de cada um deles. A versão Kids filtra os vídeos e séries contraindicados para crianças.

Quando os professores se tornam melhores ouvintes, os alunos se tornam melhores aprendizes - eis o porquê

Jane Esther Monteiro de Souza de Paula Rosa

(extraído do site da Associação de Educadores Cristãos Batistas do Brasil)

Os professores passam muito tempo conversando: explicando, liderando conversas, dando demonstrações. Mas ouvir pode ser igualmente poderoso - e é uma habilidade que nem todo mundo domina, geralmente porque as pessoas não percebem sua importância. Gillian Parrish, especialista em pesquisa e comunicação do Centro de Ensino da Universidade de Washington em St. Louis, diz que os educadores estão cada vez mais reconhecendo a importância de ouvir e falar. Ela oferece três razões pelas quais ouvir é crucial para criar uma boa cultura em sala de aula: 1. Quando as pessoas se escutam, novas ideias tomam forma - Professores que fortalecem suas habilidades de



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