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Brasília

Por Chico Sant’Anna

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Cenários para a eleição de outubro

Pesquisas para consumo interno orientam partidos e candidatos na formação de alianças para a campanha

Em período de pré-campanha, pesquisas não registradas na Justiça Eleitoral circulam de mão-em-mão. Elas servem para apresentar prováveis cenários, cacifar candidatos e descredenciar outros. No passado, circulavam em fotocopias. Hoje, estão massivamente nas redes sociais. Registradas ou não, muitas vezes elas revelam cenários reais. Por isso, candidatos de diferentes matizes as consideram em seus cálculos eleitorais.

Semana passada, duas pesquisas viralizaram em grupos de WhatsApp. Uma delas mostra que Reguffe (Podemos) seria o único com cacife para derrotar o governador Ibaneis Rocha (MDB) no segundo turno. A outra demonstra que a vaga no Senado para a deputada Flávia Arruda (PL) não está garantida.

ARQUITETURA ELEITORAL – Para a esposa do ex-governador cassado José Roberto Arruda, uma proliferação de candidatos à sua esquerda a permitiria vencer com cerca de 40% dos votos, ou menos. Entretanto, caso os partidos e candidatos – peguem esses dados como referência e optem por uma arquitetura eleitoral que fortaleça a deputada Erika Kokai, sua candidatura ao Senado estará em condições bem próximas a de Flávia Arruda. A vantagem de Flávia não é tão grande e uma união em torno da petista poderia dar às esquerdas a única vaga em disputa. E Flávia precisa conter o centro-direita para

DIVULGAÇÃO

Erika pode se beneficiar proliferação de candidaturas da direita ao Senado

evitar a proliferação de candidaturas. Se a federação PSDB-Cidadania, o União Brasil, o Novo, o PP e outras legendas desse espectro lançarem candidatos próprios, desidratarão o potencial da deputada do PL.

Incertezas na briga pelo Buriti

De acordo com as mesmas pesquisas, a campanha ao GDF está muito indefinida. Na verdade, só dois candidatos estão efetivamente colocados: Izalci Lucas (PSDB) e Ibaneis Rocha (MDB). Nas demais legendas, Leila Barros se prepara para deixar o Cidadania rumo ao PDT e especula-se que Reguffe deixará o Podemos. Iria para o União Brasil ou para o Solidariedade.

O PSB também já foi cogitado, mas se a federação PT-PSB-PV-PCdoB vingar, esse destino ficaria descartado, pois essa frente apoiará Lula ao Planalto. E Reguffe sempre busca se posicionar nem tão distante, mas também não tão perto, da esquerda. Mas evita se misturar com o PT.

IMAGINÁRIO – Rafael Parente (PSB) e Leandro Grass (PV), vingando a federação petista, terão que cortar um dobrado para serem o protagonista da esquerda. O PT-DF já soltou nota em que diz que não furtará de apresentar um candidato – o ex-deputado Geraldo Magela e a professora Rosilene Corrêa brigam pela vaga.

Criar um imaginário social em que Reguffe seria o único capaz de derrotar o atual inquilino do Buriti. É nesse cenário que a segunda pesquisa que circulou nas redes sociais tenta influir. Se ela surtir efeito, terá por objetivo torná-lo o centro das articulações oposicionistas. Resta saber se os demais irão se convencer, tirar o time de campo e apoiá-lo.

Igreja na Praça dos Três Poderes

A Praça dos Três Poderes por pouco não abrigou uma Catedral Matriz. Oscar Niemeyer chegou a rascunhar um croqui em que situava a igreja onde hoje está o Panteão da Democracia. A revelação é da revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em artigo do pesquisador Diego Viana.

Seguindo a tradição do urbanismo ibérico, as mais antigas cidades brasileiras são construídas em volta de uma praça com uma igreja. Na América espanhola, era chamada de “a praça de armas”. Ali se estabeleciam a coroa, a igreja e o exército.

O Plano Piloto de Lúcio Costa rompeu com essa lógica, mas por pouco ela não prevaleceu. Viana relata que os arquitetos Rafael Urano Frajndlich, da faculdade de Engenharia Civil da Universidade de Campinas (Unicamp), e Alexandre Benoit, da faculdade de Arquitetura Paulistana, localizaram na biblioteca de Niemeyer “discretos esboços”, feitos a lápis, da praça dos Três Poderes.

Os croquis foram rabiscados na folha de rosto de uma edição em francês de Guerra e Paz, do escritor russo Liev Tolstoi (1828-1910). Niemeyer desenha uma semiesfera de boca para cima – parecida com a cúpula da Câmara dos Deputados - com uma cruz ao centro.

“Lúcio Costa é enfático ao afirmar que a igreja deveria estar fora da praça dos Três Poderes, porque no Brasil a religião é separada do Estado”, relata Frajndlich. Assim, a Catedral migrou para a ponta oposta da Esplanada. E ganhou um formato bem diferente do desenhado no livro.

O projeto que prevaleceu, reconheçamos, é bem mais bonito e criativo.

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