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JÚLIO MIRAGAYA – Mitos e mentiras: o Agro é Pop? – Pág
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Mitos e mentiras: o Agro é Pop?
AGÊNCIA BRASIL
Júlio Miragaya (*)
Parece que o desgoverno Bolsonaro entrou definitivamente em “modo corrupção”. Mal explodiu o caso Covaxin/Precisa - envolvendo Bolsonaro e diversos coronéis levados ao Ministério da Saúde pelo general Pançuello – surge a denúncia de Andrea Valle, sua ex-cunhada, de que o obscuro deputado Bolsonaro já praticava a “rachadinha” dos salários de seus assessores muito antes de seu filho Flávio. O deputado “Mamãe Falei”, do Patriota-SP, ironizou, dizendo que o dinheiro arrecadado por Bolsonaro era para “combater o comunismo”.
Mas deixarei de lado, por ora, a corrupção bolsonarista, e abordarei nas próximas edições temas que recebem destaque da grande mídia e são apresentados como mitos, mas que não passam de descaradas mentiras. Começo com o agronegócio. E qual é o mito? O de que, além de alimentar o brasileiro, o Agro nacional é responsável pela alimentação de grande parte da população mundial.
A primeira mentira é de que alimentam os brasileiros. No artigo “O Agro não tem pátria”, publicado neste Brasília Capital em janeiro deste ano, mostrei que os latifundiários brasileiros se dedicaram nos últimos anos a expandir o cultivo de produtos destinados à exportação (soja, milho, açúcar, além de carne bovina e frango), deixando de lado os principais produtos que tradicionalmente vão pra mesa do povo, como feijão, arroz, mandioca e banana.
De 1980 a 2020, a área cultivada com soja, milho e cana de açúcar cresceu 187,4% - de 22,37 para 64,3 milhões de hectares (85% do total da área cultivada no Brasil), enquanto a área cultivada com feijão, arroz e mandioca caiu 56,1% - de 12,86 para 5,65 milhões de hectares. Não obstante o aumento da produtividade, ele foi insuficiente para que a produção acompanhasse o aumento populacional, resultando em escassez dos produtos e escalada dos preços em 2020: arroz (76%); feijão (45%); banana (40%); e mandioca (22%).
A outra mentira, sustentada por especialistas graduados, como Celso Moretti, presidente da Embrapa, é de que produtos exportados pelo Brasil alimentam 1,5 bilhão de pessoas. Mentira aumentada por Ladislau Martin Neto, doutor da Embrapa, que diz que é 1,6 bilhão. Outro doutor da Embrapa, Evaristo Miranda, é mais comedido, falando em 1 bilhão, mas que logo atingirá 2 bilhões.
Vejamos os números: no caso de cereais, a produção e o consumo mundial em 2019, segundo a FAO, foi de 3,1 bilhões de toneladas, o que resulta num consumo médio per capita de 397 kg/hab. A produção brasileira foi de 242 milhões de toneladas, sendo 120 milhões absorvidas pelo mercado interno e 122 milhões exportadas.
Ora, considerando 397 Kg/hab, 122 milhões seriam suficientes para alimentar 307 milhões de pessoas, e não 1,5 bilhão. No caso das carnes (bovina, suína, de frangos e outras), a produção e o consumo mundial em 2019 foi de 315 milhões de toneladas (consumo per capita de 40,5 kg/hab). Da produção brasileira, de 29 milhões de toneladas, 21,5 milhões foram para o consumo interno e 7,5 milhões exportadas, suficientes para alimentar 180 milhões de pessoas, muito aquém do 1,5 bilhão.
É inacreditável que técnicos qualificados divulguem tais mentiras e que a grande mídia os repercuta. É óbvio que ambos não desconhecem os números verdadeiros, mas o objetivo é laurear a reacionária burguesia agrária brasileira, marcada pela degradação ambiental, calotes no Banco do Brasil, uso de trabalho escravo etc, setor cujos males causados ao país só cessarão quando por aqui for realizada uma verdadeira Reforma Agrária.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia
Zélio Maia reitera combate à corrupção no Detran
Vai ao ar neste sábado (9), às 9h, uma entrevista que o diretor-geral do Detran gravou no início da semana para o programa Estúdio Livre, da TV Bandeirantes. Zélio Maia aprofunda as explicações sobre seus projetos anticorrupção na autarquia, dos quais tratou, em primeira mão, em entrevista ao Brasília Capital (edição 520) publicada no dia 26 de junho.
O diretor do Detran reitera que não se curvará aos ataques (velados ou não) que tem recebido de grupos que passaram a ter seus interesses contrariados dentro do Detran desde o início de sua gestão, em março do ano passado. São pessoas que, segundo ele, participavam de esquemas de superfaturamento de contratos para os mais diversos serviços no órgão, desde a manutenção da frota até a vistoria veicular.
Zélio Maia também ressalta a boa relação que mantém com o governador Ibaneis Rocha, com quem convive desde a época que participaram da direção da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal. E lembra de sua carreira profissional em Brasília, como advogado, professor e procurador. Vale conferir.
Diretor-geral do Detran-DF, Zélio Maia da Rocha