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Etanol de cana caminha para nova etapa de descarbonização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 e
Saiba mais sobre o projeto
O projeto
“Otimização de siste− mas de adsorção por modulação de temperatura – Temperature Swing Adsorption (TSA) – para captura de CO2” é desenvolvido no âmbito do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), centro de pes− quisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Shell.
A coordenação do projeto cabe ao engenheiro químico Marcelo Martins Seckler,professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli−USP).
Segundo ele, que trabalhou por mais de duas décadas no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e tam− bém foi professor da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, “ o pro− cesso de adsorção, que utilizamos em nossa pesquisa, é mais econômico em termos energéticos. ”
Ele é mais econômico porque substitui o líquido por um material sólido altamente poroso.
Para se ter ideia, um grama dessa partícula pode abrigar cerca de mil metros quadrados de poros. Graças a essa característica, o material tem grande capacidade de atrair o gás car− bônico, tornando o processo de cap− tura de CO2 mais rápido e eficaz ” .
O projeto está sendo conduzido em duas frentes.
Em uma delas, pesquisadores do departamento de Engenharia Quími− ca da UFC, liderados pela professora Diana Cristina Silva de Azevêdo, es− tudam o processo de adsorção de for− ma experimental em pequena escala.
O motivo é simples:se quer enten− der de que forma se pode fazer a sepa− ração eficiente de CO2 na presença de impurezas típicas deste tipo de gás.
Em outra frente, pesquisadores da USP estudam a viabilidade de se apli− car a proposta em grande escala, como no caso de uma usina de cana−de− açúcar, por exemplo.
Otimização topológica
Para otimizar o desempenho dos equipamentos, o projeto vai lançar mão da otimização topológica, técni− ca criada na década de 1980, nos Es− tados Unidos, pelo matemático dina− marquês Martin Philip Bendsoe e pe− lo engenheiro mecânico japonês No− boru Kikuchi.
Trata−se de uma ferramenta computacional utilizada em projetos de estruturas de alto desempenho, que busca encontrar a distribuição mais adequada de materiais dentro de um espaço específico.
“É uma técnica que nasceu e foi aplicada no campo da engenharia mecânica, mas seu uso vem se expan− dindo ao longo do tempo ” , conta o engenheiro mecatrônico Emílio Car− los Neli Silva, professor da Poli−USP e vice−coordenador do projeto.
“No RCGI, utilizamos a otimiza− ção topológica na área de fluidos e química e, no caso desse projeto em particular, adotamos o modelo em sis− temas de leitos fluidizados, o que é uma novidade no mundo ” , prossegue.
O pesquisador é um dos precur− sores da otimização topológica no Brasil, área em que atua desde os anos 1990, quando voltou do doutorado realizado na Universidade de Michi− gan (EUA), sob orientação de Kiku− chi, hoje presidente do centro de es− tudos da montadora Toyota.
Segundo Silva, para apurar ainda mais a precisão do equipamento a equipe avalia usar também inteligên− cia artificial durante o processo.
“Sistemas de leitos fluidizados são reações químicas extremamente com− plexas. O cérebro humano não con− segue gerenciar sozinho, sem ajuda de máquinas, toda a expertise necessária para se projetar um dispositivo com a finalidade ambicionada pelo nosso projeto, que é melhorar a adsorção de CO2. É uma operação que demanda alta sensibilidade: se mexermos em um pequeno detalhe relativo à tempera− tura, por exemplo, podemos melhorar ou piorar o processo ” , constata o es− pecialista.
Por fim, os pesquisadores sediados em São Paulo e em Fortaleza vão in− terligar os estudos experimentais e de modelagem para desenvolver métodos de projeto para a indústria.
“Os conhecimentos gerados neste projeto vão permitir, por exemplo, que se ofereça subsídios para empresas interessadas em cons− truir equipamentos capazes de cap− turar CO2 de gases provenientes da combustão de biomassa da cana−de− açúcar. No futuro próximo esses equipamentos poderão ser instalados em indústrias do setor sucroalcoo− leiro e contribuir para a produção do etanol verde, sem emissão de CO2” , prevê Seckler.