Jornal Cidade - Lagoa da Prata - Caderno Especial Dengue - 16/12/2015

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CADERNO ESPECIAL

Quarta-feira, 16/Dezembro/2015 Jornal de Distribuição Gratuita - Venda Proibida

O PERIGO AUMENTOU

AEDES AEGYPTI Além da dengue, mosquito transmite a febre chikungunya e o zika vírus, que pode trazer outras complicações como a microcefalia.


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CADERNO ESPECIAL | 16/DEZ/2015

Aedes aegypti

Ele transmite mais doenças DENGUE - CHIKUNGUNYA - ZIKA VÍRUS - MICROCEFALIA - SÍNDROME DE DE GUILLAIN-BARRÉ

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proliferação do mosquito Aedes aegypti por diversas regiões do Brasil se transformou em um grave problema de saúde a partir do momento em que o mosquito passou a ser apontando como transmissor da febre chikungunya e do zika vírus. Este último está sendo relacionado aos casos de microcefalia - bebês nascem com o cérebro menor do que o normal - e também com a síndrome de Guillain-Barré, doença em que o sistema imunológico passa a atacar por engano o sistema nervoso gerando uma inflamação dos nervos. A principal preocupação do Ministério da Saúde passou a ser o grande número de casos de microcefalia. Já são mais de mil, número muito acima do considerado normal pelas

autoridades da área de saúde e sem comparações com dados estatísticos encontrados em outros países. A explosão no número de casos levou o Governo Federal a lançar um programa especial contra o zika vírus e a microcefalia, onde a principal ação é o combate ao mosquito Aedes aegypti. A população deve reforçar as medidas de prevenção. Qualquer recipiente que acumule água parada pode ser um criadouro do mosquito transmissor. Estar sempre alerta para eliminar possíveis focos dos mosquitos que transmitem a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus é a única forma de conter o avanço das doenças. Assim como na dengue, os principais sinais e sintomas da chikungunya é a febre alta (39°C) acompanhada de dor nas articulações.

O quadro inclui ainda dor muscular, dor de cabeça, fadiga, náuseas e manchas vermelhas na pele. Já o zika vírus apresenta um quadro com sintomas mais leves e em apenas 20% dos infectados. Os 80% restantes não manifestam sintomas, o que torna a doença mais grave para gestantes, podendo provocar a microcefalia. Ao sinal de qualquer sintoma, a pessoa deve procurar ajuda médica, a fim de realizar exames laboratoriais que detectam o vírus. O foco do tratamento para as doenças é no alívio dos sintomas com os remédios ideais. O vírus pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade e do sexo, mas os sinais e sintomas são mais intensos em crianças e idosos. Não há vacina para nenhum dos vírus.

Por que o nome Aedes aegypti? O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Culex significa “mosquito” e aegypti, egípcio, portanto: mosquito egípcio. O gênero Aedes só foi descrito em 1818. Logo verificou- se que a espécie aegypti, descrita anos antes, apresenta características morfológicas e biológicas semelhantes às de espécies do gênero Aedes – e não às do já conhecido gênero Culex. Então, foi estabelecido o nome Aedes aegypti.


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Sintomas aparecem em até 15 dias após picada A dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus (ambos da família dos pernilongos) infectados com o vírus transmissor da doença. O transmissor mais comum é o Aedes aegypti, conforme inúmeros casos já diagnosticados no Brasil nos últimos anos. A transmissão nos mosquitos ocorre quando ele suga o sangue de uma pessoa já infectada com o vírus da dengue. Após um período de incubação, que inicia logo depois do contato do pernilongo com o vírus e dura entre 8 e 12 dias, o mosquito está apto a transmitir a doença. Nos seres humanos, o ví-

rus permanece em incubação durante um período que pode durar de 3 a 15 dias. Só após esta etapa, é que os sintomas da dengue podem ser percebidos. É importante destacar que não há transmissão através do contato direto de um doente ou de suas secreções com uma pessoa sadia. O vírus também não é transmitido através da água ou alimento. Quem estiver com dengue deve se prevenir de picadas do mosquito Aedes aegypti para evitar a transmissão da doença para o mosquito. Assim, é possível cortar mais uma cadeia de transmissão do vírus. Portanto, quem estiver com dengue deve usar repelentes, mosquiteiros e/ou outras formas de evitar picadas.

Automedicação pode piorar quadro de saúde

O tratamento da dengue requer bastante repouso e a ingestão de muito líquido, como água, sucos naturais ou chá. No tratamento, também são usados medicamentos anti-térmicos que devem recomendados por um médico. É importante destacar que a pessoa com dengue NÃO pode tomar remédios à base de ácido acetil salicílico, como AAS, Melhoral, Doril, Sonrisal, Alka-Seltzer, Engov, Cibalena, Doloxene e Buferin. Como eles têm um efeito anticoagulante, podem promover sangramentos. O doente começa a sentir a melhorar cerca de quatro dias após o início dos sintomas da dengue, que podem permanecer por 10 dias.

É preciso ficar alerta para os quadros mais graves da doença. Se aparecerem sintomas, como dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, tonturas ao levantar, alterações na pressão arterial, fígado e baço dolorosos, vômitos hemorrágicos ou presença de sangue nas fezes, extremidades das mãos e dos pés frias e azuladas, pulso rápido e fino, diminuição súbita da temperatura do corpo, agitação, fraqueza e desconforto respiratório, o doente deve ser levado imediatamente ao médico. Em caso de suspeita de dengue, procure a ajuda de médico. Este profissional irá orientá-lo a tomar as providências necessárias do seu caso.

Dengue é doença infecciosa aguda

Existem quatro tipos de dengue e os mais comuns são a dengue clássica e a hemorrágica

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m todo o mundo, existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. No Brasil, já foram encontrados da dengue tipo 1, 2, 3 e 4. A dengue tipo 4 apresenta risco a pessoas já contaminadas com os vírus 1, 2 ou 3, que são vulneráveis à manifestação alternativa da doença. Complicações podem levar pessoas infectadas ao desenvolvimento de dengue hemorrágica. A dengue pode se apresentar – clinicamente – de quatro formas diferentes formas: Infecção Inaparente, Dengue Clássica, Febre Hemorrágica da Dengue e Síndrome de Choque da Dengue. Dentre eles, destacam-se a Dengue Clássica e a Febre Hemorrágica da Dengue. INFECÇÃO INAPARENTE - A pessoa está infectada pelo vírus, mas não apresenta nenhum sintoma da dengue. A grande maioria das infecções da dengue não apresenta sintomas. Acredita-se que de cada dez pessoas infectadas apenas uma ou duas ficam doentes. DENGUE CLÁSSICA - A Dengue Clássica é uma forma mais leve da doença e semelhante à gripe. Geralmente,

inicia de uma hora para outra e dura entre 5 a 7 dias. A pessoa infectada tem febre alta (39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjôos, vômitos, manchas vermelhas na pele, dor abdominal (principalmente em crianças), entre outros sintomas. Eles duram até uma semana. Após este período, a pessoa pode continuar sentindo cansaço e indisposição. DENGUE HEMORRÁGICA - É uma doença grave e se caracteriza por alterações da coagulação sanguínea da pessoa infectada. Inicialmente se assemelha a Dengue Clássica, mas, após o terceiro ou quarto dia de evolução da doença, surgem hemorragias em virtude do sangramento de pequenos vasos na pelo e nos órgãos internos. SÍNDROME DE CHOQUE DA DENGUE - Esta é a mais séria apresentação da dengue e se caracteriza por uma grande queda ou ausência de pressão arterial. Entre as principais manifestações neurológicas, destacam-se: delírio, sonolência, depressão, coma, irritabilidade extrema, psicose, demência, amnésia, paralisias e sinais de meningite. Se a doença não for tratada com rapidez, pode levar à morte.

SINTOMAS Dengue Clássica

 Febre alta com início súbito.  Forte dor de cabeça.  Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos.  Perda do paladar e apetite.  Manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores.  Náuseas e vômitos·  Tonturas.  Extremo cansaço.  Moleza e dor no corpo.  Muitas dores nos ossos e articulações.

Dengue hemorrágica

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:  Dores abdominais fortes e contínuas.  Vômitos persistentes.  Pele pálida, fria e úmida.  Sangramento pelo nariz, boca e gengivas.  Manchas vermelhas na pele.  Sonolência, agitação e confusão mental.  Sede excessiva e boca seca.  Pulso rápido e fraco.  Dificuldade respiratória.  Perda de consciência.

Chikungunya causa dores mais intensas

Febre também é transmitida pelo Aedes e sintomas são parecidos com os da Dengue

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febre Chikungunya é muito parecida com a Dengue. Ela é causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae. Ela é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado e, menos frequente, pelo mosquito Aedes albopictus. Para o vírus ser transmitido é necessário que a fêmea esteja contaminada depois de picar uma pessoa infectada. Os sintomas da doença são febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O Ministério da Saúde definiu que devem ser consideradas como casos suspeitos todas as pessoas que apresentarem febre de início súbito maior de 38,5ºC e artralgia (dor articular) ou artrite intensa com início agudo e que tenham histórico recente de viagem às áreas nas quais o vírus circula de forma contínua. Após a picada do mosquito, os sintomas aparecem de dois a dez dias, podendo chegar a 12 dias. Esse

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é o chamado período de incubação. Na comparação com a Dengue, a intensidade das dores nas articulações é bem maior. Em se tratando de Chikungunya, a dor articular, presente em 70% a 100% dos casos, é intensa e afeta principalmente pés e mãos (geralmente tornozelos e pulsos). Há casos em que as dores, apesar de a pessoa ter se curados, permanecem por meses e até anos. O vírus pode afetar pessoas de qualquer idade ou sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crianças e idosos. Além disso, pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da doença. Até o momento não existe um tratamento específico para Chikungunya, como no caso da dengue. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares (antiinflamatórios). Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. Recomenda-se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância. Como a doença é transmitida por mosquitos, a única medida de prevenção é a eliminação dos criadouros do inseto, especialmente vasilhas que acumulam água.

SAIBA MAIS

O período de incubação da febre chikungunya varia de dois a 12 dias. Muitas pessoas infectadas com CHIKV não apresentarão sintomas. O quadro clínico é muito semelhante ao da dengue, e os sintomas de febre chikungunya são:  Febre  Dor nas articulações  Dor nas costas  Dor de cabeça Outros sintomas incluem:  Erupções cutâneas  Fadiga  Náuseas  Vômitos  Mialgias Os sintomas comuns de chikungunya são graves e muitas vezes debilitantes, sendo as mãos e pés mais afetados. No entanto, pernas e costas inferiores frequentemente podem estar envolvidas.

Diagnóstico

O diagnóstico deverá ser feito por meio de análise clínica e exame de sangue. A partir da amostra de sangue, os médicos buscam a presença de anticorpos específicos para combater o CHIKV no sangue. Isso indicará que o vírus está circulando pelo corpo e que o organismo está tentando combatê-lo.

Quantas pessoas o Aedes pode infectar? Os mosquitos fêmea sugam sangue para produzir ovos. Se o mosquito Aedes Aegypti estiver infectado, poderá transmitir o vírus da Dengue, Chikungunya ou o Zika neste processo. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem. O mosquito tem uma peculiaridade que se chama “discordância gonotrófica”, que significa que é capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos que produz. Há relato de que um só mosquito infectivo transmitiu vírus para cinco pessoas de uma mesma família, no mesmo dia.

Por que somente a fêmea pica as pessoas? A fêmea precisa de sangue para a produção de ovos. Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de substâncias que contêm açúcar (néctar, seiva, entre outros), mas como o macho não produz ovos, não necessita de sangue. Embora possam ocasionalmente se alimentar com sangue antes da cópula, as fêmeas intensificam a voracidade pela hematofagia após a fecundação, quando precisam ingerir sangue para realizar o desenvolvimento completo dos ovos e maturação nos ovários. Normalmente, três dias após a ingestão de sangue as fêmeas já estão aptas para a postura, passando então a procurar local para desovar.




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Zika pode causar 2 doenças graves

Zika pode estar relacionado a casos de microcefalia e também a síndrome Guillan-Barré

Gestantes devem redobrar cuidados As mulheres grávidas devem redobrar a atenção para evitar o contato com o mosquito Aedes aegypti. Especialistas pouco sabem até o momento sobre como a infecção chega ao feto durante a gestação. A Fundação Oswaldo Cruz, instituição de pesquisa do governo federal, isolou o vírus Zika no líquido do útero de algumas mulheres grávidas cujas crianças estão com a malformação, o que leva a crer que esse vírus é o que está causando a doença. O cuidado maior deve ser entre 3 e 4 meses de gestação, período durante o qual o cérebro está em fase final de desenvolvimento. É necessário eliminar locais que podem favorecer o desenvolvimento de mosquitos, usar roupas longas, repelentes, mosquiteiros e telas em janelas para evitar o mosquito. Os bebês afetados pela microcefalia nascem com

perímetro cefálico menor que o normal, que habitualmente é superior a 33cm, medida usada inicialmente pelo Ministério da Saúde para investigar casos. Agora ela foi reduzida para 32 cm, medida usada em países desenvolvidos. O cérebro menor é normalmente detectada pelo médico logo após o nascimento. Os pais são orientados a realizar terapias para melhorar as habilidades da criança, que podem ser prejudicadas – como fisioterapia, fonoaudiologia ou terapia ocupacional. São observados problemas como retardo mental, atraso nas funções motoras e de fala, distorções faciais, nanismo ou baixa estatura, hiperatividade, epilepsia, dificuldades de coordenação e equilíbrio e alterações neurológicas, mas algumas crianças com microcefalia podem, inclusive, ter desenvolvimento e inteligência normais.

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febre por vírus Zika é descrita como uma doença febril aguda que provoca ainda dor nas articulações e músculos, além de conjuntivite e manchas vermelhas na pele. Além destes sintomas, também pode-se observar, com menos frequência, problemas digestivos, como dor no abdômen, náuseas, vômitos, diarreia ou prisão de ventre, aftas e coceira pelo corpo. A doença tem duração de 3 a 7 dias, geralmente sem complicações graves e não há registro de mortes. A taxa de hospitalização é potencialmente baixa. Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Apesar de normalmente o Zika vírus ser mais brando que a dengue, em algumas pessoas podem surgir complicações como microcefalia nos bebês de mulheres infectadas durante a gravidez e síndrome de Guillain-Barré, por exemplo. Já foi observada uma possível correlação entre a infecção ZIKAV e a ocorrência de síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com circulação simultânea do vírus da dengue. No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou que

um bebê com microcefalia no Ceará estava contaminado com o vírus. Segundo especialistas do Ministério da Saúde, uma grande dificuldade para saber se o grande número de casos de microcefalia detectado nos últimos meses é em decorrência do vírus Zika é que o vírus só circula no sangue por no máximo 7 dias. As pesquisas apontam que quem teve Zika fica imune ao vírus, porém, não há exames que detectem quem está imune. Pesquisadores estão investigando se houve uma mutação no vírus, já que efeitos como a microcefalia nunca haviam sido relatados em quase 70 anos de pesquisas. O tratamento dos casos sintomáticos recomendado é baseado no uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias em função do devido ao risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica como ocorre com outros flavivírus.

SINTOMAS  Febre baixa.  Olhos vermelhos.  Manchas vermelhas com coceira.  Dores no corpo. Somente 20% das pessoas iénfectadas desenvolvem sintomas da doença. O fato de 80% dos portadores do vírus desconhecerem que estão infectados representa alto risco para gestantes, pois elas podem ser contaminhadas e isto acarretar a malformação do cérebro de bebês, impedindo seu desenvolvimento normal. O Ministério da Saúde confirmou em 28/11/2015 que existe relação entre o vírus Zika e os casos de microcefalia na Região Nordeste do país. Segundo nota divulgada, exames feitos em um bebê nascido no Ceará com microcefalia e outras malformações congênitas revelaram a presença do vírus em amostras de sangue e tecidos.

Síndrome de Guillain-Barré

Além de causar microcefalia, já está registrado na literatura médica que o Zika também pode desencadear a síndrome de Guillain-Barré, que é uma reação autoimune do organismo, geralmente relacionada a infecção por alguns vírus ou bactéria. O sistema imunológico do corpo passa a atacar parte do próprio sistema nervoso por engano. Isso leva à inflamação dos nervos, que provoca fraqueza muscular.


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Lagoa da Prata

Agentes de combate à dengue trabalham para prevenir a proliferação do mosquito E Levantamento aponta que Lagoa da Prata está com risco médio de infestação. Novos agentes deverão ser contratados.

m tempos de chuva, a população deve ficar alerta contra a dengue. O último Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) realizado entre 19 e 23 de outubro apontou que Lagoa da Prata encontra-se em uma situação de risco médio, fato que não expressa uma tranquilidade. Segundo o secretário de saúde, Geraldo de Almeida, no ano passado o país passou por uma epidemia e Lagoa da Prata não ficou de fora, porém, algumas medidas estão sendo tomadas para que não aconteça novamente. “Mesmo mantendo risco médio estamos tomando providências para que a gente diminua esse índice e evite um número grande de casos da doença. Esse índice, embora seja considerado moderado, é preocupante. E nos preocupa mais, porque a maioria desses focos está dentro das residências”, afirmou. •Jornal Cidade: Onde ocorre a maioria dos focos de dengue? •Geraldo de Almeida: Muitas vezes as pessoas ficam preocupadas com lotes vagos e áreas com vegetação, mas 80% dos focos da larva do mosquito aedes aegypti estão dentro das residências. São encontrados em caixas de passagem (usada para eliminar a água da chuva), vasos de plantas, calhas e em recipientes que possam acumular água deixados no lote ou entorno da casa. Isso nos preocupa porque se não tivermos uma participação efetiva da população, se cada proprietário de casa não tirar 10 minutos da semana para cuidar de sua residência e fazer essa prevenção, corremos o risco de ter um número maior de casos. •Jornal Cidade: Quais os bairro que têm maior incidência de focos? •Geraldo de Almeida: Os bairros com maior número de focos são o Marília e o Centro. Nós temos elaborado e protocolado junto à Secretaria Estadual de Saúde, no setor do combate de endemias, um plano de contingência para o caso de haver

Geraldo de Almeida - Secretário Municipal de Saúde

uma epidemia. Temos um plano de contingência, mas nosso objetivo é não deixar que ocorra uma epidemia. Desde o início de agosto estamos realizando mutirões de limpeza, palestras nas escola, mobilização da sociedade, foi criado um comitê municipal de combate à dengue, nos antecipamos ao período de maior transmissibilidade para que a gente possa evitar um número grande de casos. A iniciativa do poder público é necessária, estamos efetuando-a, mas preciso que haja a participação efetiva do cidadão.

•Jornal Cidade: Como deve ser o cuidado para evitar a proliferação do mosquito? •Geraldo de Almeida: É preciso entender como o mosquito se prolifera. Vale lembrar que um ovo que o mosquito coloca fica viável a se transformar em mosquito por até um ano, isso depois de 7 a 10 dias que esse ovo teve em contato com a água. Tem que ter esse cuidado. Não deixar nenhum recipiente com água, tampar as caixas d’água, colocar telas nos locais onde não é possível eliminar água, tratar esses locais com cloro, com sal grosso, porque ambos ajudam a combater as larvas. Ter esse cuidado semanal e orientar o vizinhos, parentes e amigos para que façam o mesmo. Na verdade, todos sabem o que tem que ser feito, falta é tornar esse conhecimento em prática. •Jornal Cidade: A pessoa que pegou dengue uma vez pode pegar de novo? •Geraldo de Almeida: A pessoa que já teve dengue uma vez pode voltar a contrair a doença. Temos hoje, na região, 5 vírus circulando. Então, se a pessoa pegou a dengue por um tipo de vírus ela pode contrair a doença novamente pelos outros tipos de vírus. Além das outras doenças, até mais graves que a dengue, como é o caso da chikungunya e do zika vírus. •Jornal Cidade: Existe algum produto que deve ser usado na limpeza de um local onde existem focos do mosquito da dengue? •Geraldo de Almeida: A quantidade de água sanitária ou cloro depende muito da quantidade de água e de larva. Se a pessoa identifica larvas em um local, ela deve colocar o produto em torno de 2%, mas é preciso colocar e depois observar se elas morreram. •Jornal Cidade: O que pode acontecer quando o responsável pela residência não permite a vistoria dos agentes da dengue? •Geraldo de Almeida: Tivemos uma alteração da legislação aprovada pela Câmara Municipal, no código de postura do município. A partir deste mês o agente faz a vistoria na casa, encontrando larvas do mosquito ou recipientes que possam ser foco de proliferação do mesmo, o morador será notificado a eliminar isso, três dias após o agente voltará ao local. Caso não tenha sido eliminado, o município emitirá uma multa para esse morador. Os proprietários de casas onde houver resistência em

Agente de combate à dengue encontra larvas em caixinha de gordura durante visita domiciliar.

deixar o agente fazer a vistoria serão encaminhado à Justiça. Estamos contando com o apoio do judiciário para que seja determinada a entrada nesse imóvel através de ordem judicial. •Jornal Cidade: Como deve proceder a pessoa que desejar uma vistoria fora do horário de trabalho dos agentes? •Geraldo de Almeida: Quem precisar de uma vistoria em horário diferente do horário de trabalho dos agentes de combates a endemias poderá solicitar na Vigilância Epidemiológica por meio do telefone 32617591, e será agendada essa visita em horário que a família puder atender. •Jornal Cidade: Além de residências, o que mais é vistoriado? •Geraldo de Almeida: As pessoas que deixam automóveis expostos e esses acumulam água e em consequência podem se tornar um criadouro do aedes aegytpti respondem a mesma legislação que donos de residência onde são encontrados focos de dengue. Independente se é em casa, carro ou lote, será aplicada a nova legislação do código de postura do município. Tem os depósitos de veículos, ferros-velhos, que são chamados de pontos estratégicos. São cadastrados na vigilância epidemiológica, e a cada 15 dias é feito o tratamento do local com inseticida. •Jornal Cidade: Quais ações a vigilância epidemiológica está desenvolvendo no combate à dengue? •Geraldo de Almeida: Estamos implementando a contratação de mais agentes de endemias, que ocorrerá por meio de processo seletivo, e deve ocorrer no início do mês de janeiro, por determinação do prefeito. Também estaremos inserindo no processo de verificação dos imóveis os agentes comunitários de saúde. Tudo para que possamos ter uma abrangência maior no combate ao mosquito nas

casas dos moradores de Lagoa da Prata. •Jornal Cidade: E em relação ao zika vírus, a vigilância já pensou em alguma estratégia de combate? •Geraldo de Almeida: Acho importantíssimo nesse momento a gente tratar o Zika vírus, porque é um caso onde devemos dispensar uma atenção maior às grávidas. Já fizemos reuniões com a equipe de saúde no município, para passar o novo protocolo do Ministério da Saúde em atenção ao Zika vírus. E orientação às grávidas para que usem repelente nas áreas descobertas, sempre que possível, use calçado fechado, calça comprida, meia, para se proteger.

Os repelentes devem ter o selo de comercialização da Anvisa, isso é importante. Evite repelentes caseiros, e sempre com orientação do médico que está acompanhando a gestação. Os casos de infecção pelo Zika vírus são novos e ainda não temos noção do que vai acontecer, não há nada definido. É um momento grave e de muita atenção na saúde pública no país. O importante é que qualquer pessoa que tenha algum sintoma, seja da Zika, dengue ou chikungunya, procure, imediatamente, o serviço médico para que seja diagnosticado. Nesse momento a única ação efetiva que a gente pode executar é combater o mosquito. Nós não podemos perder a guerra para o mosquito.



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