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Maria Bento de Jesus “Maria do Sinal”

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Autárquicas 2021

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Maria Bento de Jesus (“Maria do Sinal”) “Parteira do povo” foi homenageada

Muitos golpilheirenses, sobretudo os nascidos depois dos anos 60 do século passado, desconhecerão quem foi Maria Bento de Jesus. Mas os mais velhos recordam, com certeza, essa mulher que se destacou pelo altruísmo e pelo cuidado que prestava aos seus conterrâneos, e não só, sobretudo no momento do parto. Daí ser também conhecida como a “parteira do povo”, como saberão muitos ainda vivos que nasceram com a sua ajuda. Outra alcunha que até hoje ainda vamos ouvindo referida por quem a recorda é a de “Maria do Sinal”, graças a uma marca que a distinguia no rosto.

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Mulher simples do povo, não deixou de marcar a diferença no meio em que vivia, usando os seus talentos naturais e o seu bom coração para servir os que mais precisavam. Por isso, os familiares pensaram em fazer-lhe a devida homenagem, sobretudo o neto Joaquim Manuel Monteiro, que tem movido mundos e fundos para que tal acontecesse. Desde o contacto com a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal, até à mobilização de familiares, amigos e população em geral, há alguns anos que trabalha para isso e só a pandemia impediu que mais cedo se realizasse. Um livro até estava escrito e muitos exemplares já vendidos, com esse mesmo nome de “A parteira do povo”, uma biografia poética da sua avó, que viveu entre os anos de 1908 e 1972, e que inclui alguns textos de outros netos, uma bisneta, um sobrinho e um filho.

Tardou, mas fez-se a homenagem, no passado dia 25 de Julho, com a inauguração de um monumento no largo “Rancho Folclórico As Lavadeiras do Vale do Lena”, junto ao Centro Recreativo da Golpilheira, com a presença dos presidentes da Câmara da Batalha, da Junta e da Assembleia de Freguesia da Golpilheira, do pároco da Batalha e outros convidados, entre os quais os nove filhos ainda vivos dos doze que teve e muitos netos, bisnetos e outros familiares e amigos. Não tantos como os que viriam se não houvesse limitação para cumprimento das regras sanitárias a que esta pandemia obriga.

Além dos testemunhos de outros familiares, coube a Joaquim Monteiro fazer o resumo dos motivos para a homenagem à sua avó, sobretudo por ter “praticado a caridade no seu sentido pleno”. Nascida em plena mudança da Monarquia para a República e com a infância marcada pelas contingências políticas e sociais da I Guerra Mundial e da pneumónica de 1918-1920, apanhou ainda os ambientes da ditadura, da II Grande Guerra e das guerras coloniais, “acontecimentos dramáticos que percorreram toda a sua vida e que fizeram dela uma mulher extraordinária”, um “exemplo de bem fazer na sua época, uma autodidacta em que uma boa parte da sua vida foi dedicada aos outros”, lembrou o neto. Com o lema «mais eu dou, mais Deus me dá; Deus nunca me faltou», “ela alimentava quem tinha fome, dava tecto temporário a quem estava de passagem, curava os males que apareciam nas pessoas e nos animais, furava as orelhas às meninas, curava do buxo virado, enfim, fazia de tudo o que estava ao seu alcance para ajudar o próximo”. E distinguiu-se, de facto, pela ajuda às grávidas no momento do parto, “sem distinguir o pobre do rico” e “reconhecida como parteira de excelência pelos médicos do seu tempo”, que até quiseram dar-lhe um “certificado de excelência”, o que ela sempre recusou.

Esta humildade, simplicidade e dedicação aos outros foram também sublinhadas pelo presidente do Município, Paulo Batista Santos, frisando “a importância de as comunidades homenagearem estes seus membros que, mesmo sem grandes títulos ou cargos, foram exemplo de vida, de altruísmo e dádiva de si mesmos pelo bem comum, sendo um orgulho para a freguesia e um estímulo para todos nós”.

Depois de uma oração presidida pelo pároco, apontando a vivência da caridade como o primeiro dos motivos por que alguém merece ser reconhecido, foi descerrada a lápide e distribuídas pelas entidades presentes e os irmãos da benemérita algumas lembranças a ela alusivas.

Houve ainda tempo para a entrega simbólica de 1.050 euros à associação “Casa do Mimo”, fruto da venda do livro de Joaquim Monteiro, que poderá ainda ser adquirido junto do autor ou na Junta de Freguesia.

A sessão culminou com a partilha de algumas das memórias que os filhos de Maria Bento de Jesus tinham da sua vida familiar e, sobretudo, da sua profícua acção social. E, por fim, os familiares presentes ladearam o monumento para a foto que acima reproduzimos.

LMF

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