Caderno
Jornal da Manhรฃ
UBERABA, domingo, 1ยบ de marรงo DE 2020
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Desafios para os todos por uberaba, próximos 200 anos
Foto/alex pacheco
Daniela Brito
Dentre as apostas do atual prefeito para o futuro está o Parque Tecnológico
A localização geográfica é um dos grandes trunfos de Uberaba
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pede prefeito paulo piau
U+20 traçou as linhas mestras do desenvolvimento urbano de Uberaba para os próximos 20 anos
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O QUE ESPERAR DOS FUTUROS GESTORES? “Primeiro que a coisa pública seja tratada com seriedade. Que o dinheiro público seja respeitado e considerado sagrado, pois dinheiro público é para atender as pessoas que mais precisam, mais pobres. Então, esse para mim é um traço que o próximo governante tem que ter e aí tem tudo a ver com o voto este ano. Não vote em pessoas que têm mancha, que têm um passado de corrupção, isso é um primeiro ponto que a gente recomenda às pessoas para poder fazer um processo seletivo, porque isso é fundamental. Um ambiente que não tem confiança, um ambiente que apodrece e, com isso, o empresário foge desse ambiente de desconfiança, o governo do Estado e Federal fogem também desse tipo de ambiente; a população desconfia dos governantes e, num ambiente de desconfiança, não tem progresso. A confiança começa no topo, no perfil do prefeito, para que ele transmita confiança para a comunidade. O segundo ponto é que o próximo gestor possa fazer gestão. Gestão de pessoas, materiais, patrimônio, financeira, da maneira mais competente possível e nesse sentido estamos deixando Uberaba com avanço. Dou um exemplo: projeto papel zero. Estamos nele desde 2013 e chegamos agora ao papel zero na Secretaria de Meio Ambiente, mas já demos a primeira licença ambiental totalmente online, sem assinatura do
prefeito ou secretário. A entrada do pedido foi online, a tramitação foi também e o certificado tem a assinatura online, ninguém pegou em papel. Isso economiza e traz transparência, agiliza os processos e, assim, estamos avançando nas demais secretarias, como a de Planejamento, Fazenda, Educação, Saúde. Todas as secretarias, de maneira geral, estão avançando na informatização, que traz transparência e evita a corrupção. Ter noção clara de gestão e seriedade com a questão pública. Espero que o próximo gestor tenha bom trânsito junto ao governo do Estado e junto ao governo Federal, pois são parceiros imprescindíveis, e tenha a ambição permanente de contatar a iniciativa privada e investidores, para que Uberaba receba mais investimentos e gere mais empregos e receita. E que tenha sensibilidade com o social, porque a prefeitura existe para atender as pessoas mais pobres, e possa dar o abrigo necessário para quem mais precisa. Então, essa é a visão que eu tenho do próximo gestor, ou dos próximos gestores.” Paulo Piau (prefeito de Uberaba)
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FOI-SE O TEMPO DAS CIRURGIAS EM CASA... saúde tem muitos
Conta o historiador José Soares Bilharinho, na obra “A História da Medicina em Uberaba”, que entre 1859 e 1905 Uberaba e toda a vasta região circunvizinha contaram apenas com a Santa Casa de Misericórdia, fundada pelo benemérito Frei Eugênio Maria de Gênova. “Por muito tempo, apesar da existência da Santa Casa, as intervenções cirúrgicas eram realizadas em domicílio, ou nos hotéis, quando se tratava de enfermos residentes em outros pontos da região. Esse estado de coisas, e por isso mesmo, haveria de tornarse um dia um dos grandes centros médico-hospitalares do país, e sede, com inteira justiça, de uma Faculdade de Medicina. De chegar a possuir número de leitos pouco inferior ao de todo o Estado de Sergipe” – conta Bilharinho. O tempo passou, e hoje Uberaba conta com duas faculdades de Medicina altamente conceituadas, clínicas de saúde especializadas nas mais diversas áreas, laboratórios de análises e patologia, hospitais público e privados, uma rede consolidada de unidades de atendimento à população, serviços de atendimento médico de urgência, dentre outros avanços que colocam Uberaba numa posição de destaque na região e no Brasil central na área de saúde. Ao longo de seus 200 anos, a cidade notabilizouse por prestar serviço médico-hospitalar de qualidade. O historiador José Bilharinho conta, por exemplo, que Uberaba contava com hospi-
desafios a vencer
Ainda sem receber a contrapartida financeira do Estado e repasses de boa parte dos municípios vizinhos, o Hospital Regional contabiliza milhares de atendimentos a pacientes de Uberaba e Região
tais de referência em passado não muito distante, como a Casa de Saúde e Maternidade São Lucas, inaugurada em 1944, na avenida Presidente Vargas nº 27. Na mesma avenida funcionou o Hospital São Luiz, fundado por. Dr. Henrique Kruger. Com a morte do fundador, o hospital fechou suas portas, nascendo no mesmo prédio o Hospital São Paulo. Hospitais como o da Beneficência Portuguesa, Hospital do Pênfigo, Sanató-
rio Espírita são exemplos de como sempre houve grande preocupação com a prestação de serviço na área da saúde, seja de forma generalista ou especializada. “Os anos de 1952 e 1953 constituíram marcos indeléveis na história dos hospitais de Uberaba. Em 1952, a Casa de Saúde São José ganhou um avançado acréscimo. No ano seguinte, foi a vez do Hospital Santa Cecília, dos irmãos Romes e Rene Cecílio. Ain-
A primeira Santa Casa de Misericórdia foi fundada por Frei Eugênio Maria de Gênova, em 1856
da em 1953, o jornal Lavoura e Comércio registrava a primeira alusão ao Hospital do Câncer, na edição do dia 19 de março, e tempos mais tarde ganhou o nome de seu patrono, Dr. Hélio Angotti. Por obra das irmãs Dominicanas, foi inaugurado o mais moderno hospital da região, o Hospital São Domingos, que abriu suas portas em janeiro de 1960. De lá para cá, outros surgiram, como o Hospital São Marcos (1965), o Hospital Mário Palmério, o Hospital de Clínicas da UFTM e, finalmente, o Hospital Regional José Alencar Gomes da Silva. Paralelamente à excelência da rede hospitalar, Uberaba mantém a fama de formar profissionais médicos altamente qualificados, muitos dos quais ganharam projeção nacional e internacional. Não é diferente com profissionais de saúde que atuam em outras áreas, como Odontologia, Fisioterapia, dentre outras.
Pensar na saúde de Uberaba para os próximos 200 anos é um grande desafio, sobretudo considerando a evolução constante observada a partir dos avanços da tecnologia. Opinião é do secretário municipal Iraci Neto, ressaltando a necessidade de fortalecimento da atenção básica para a promoção de saúde e da qualidade de vida das pessoas. O secretário frisa, ainda, a importância da prioridade à medicina preventiva. Paralelamente, defende investimentos constantes na capacitação profissional, para dar condições de avanços na prevenção e no tratamento das doenças e segurança aos pacientes que precisam da rede pública de saúde. Da mesma forma, a melhoria contínua na gestão dos processos é uma necessidade pre-
mente, na avaliação de Iraci Neto, assim como a inclusão na rede pública dos novos medicamentos que chegam ao mercado para combater doenças, agilizando a ação e a reação no cuidado dispensado aos pacientes. De maneira geral, o secretário acredita que os principais desafios a serem vencidos envolvem a melhoria do acesso da população ao sistema de saúde e da qualidade do serviço prestado; redução da burocracia e ampliação de parcerias público-privadas, permitindo assim que a saúde tenha um resultado satisfatório para a população nos próximos anos.
Ampliar o acesso à medicina preventiva é um dos desafios da saúde pública para os próximos anos, segundo o secretário Iraci Neto
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VOCÊ CONHECE OS PATRONOS DAS RUAS DE UBERABA? Renata Gomide
Às margens do córrego das Lajes, na altura onde hoje fica o Calçadão da rua Artur Machado, instalaram-se os primeiros habitantes do então arraial, que deu origem a Uberaba. A cidade, cujo nome significa “águas claras”, começou a ser ocupada após a chegada em 1809 do então Regente dos Sertões, Major Eustáquio, seu fundador. Dez anos depois, como descreveu o francês Saint Hilaire, em passagem por Uberaba, havia no local “trinta casas espalhadas nas duas margens do riacho e todas, sem exceção, haviam sido recém-construídas”. Com o tempo e o desenvolvimento experimentado, os novos moradores foram ocupando áreas de maior altitude, chamadas de colinas no século XIX e princípio do século XX – termo que foi substituído por “Alto” por Hildebrando Pontes, engenheiro agrônomo, jornalista, vereador e agente executivo. Foi ele também quem identificou o sétimo “Alto”, o Fabrício, desmembrado-o do Boa Vista, que se somou aos Estados Unidos, Abadia (Colina da Misericórdia), Leblon (Colina do Barro Preto), São Benedito (Colina da Matriz) e Mercês (Colina Cuiabá). A denominação das vias de Uberaba começou a partir de 1855 com objetivo de conquistar o título de Cidade em 1856. Ruas como Arthur Machado e Major Eustáquio, das primeiras a serem abertas na nova localidade, tiveram outros nomes antes dos atuais. Importantes como elos que unem pessoas e encurtam distâncias, as vias da cidade também contam sua história, através das pessoas que lhes dão nome.
Avenida Leopoldino de Oliveira Filho de Uberaba, nascido em junho de 1893, Leopoldino de Oliveira estudou Direito em Belo Horizonte, onde também exerceu atividade de jornalista, como redator do jornal Estado de Minas. De volta à cidade natal, atuou como professor e assumiu a direção do Colégio Rio Branco. Em 1923, ingressou na vida política e ocupou o cargo de agente executivo (equivalente ao de prefeito) até 1925. Foi Leopoldino quem idealizou a abertura e construção de uma grande avenida central, que hoje leva seu nome, sendo importante artéria de ligação entre vários pontos da cidade. Entre outras ações como prefeito, reformou escolas e a igreja Matriz e abriu concurso público. Permitido à época, Leopolindo disputou, em 1923, e exerceu cargo de deputado federal concomitantemente ao de agende executivo.
Avenida A. Barbosa Uma das vias mais arborizadas de Uberaba e importante ligação entre o Alto das Mercês e o centro da cidade, a avenida Alexandre Barbosa homenageia o engenheiro agrônomo e articulista homônimo, que cultivava 3.000 pés de manga, das mais variadas espécies, na rua Cassu. A presença marcante da fruta nas terras de Alexandre Barbosa fez que com o local ficasse conhecido como Chácara das Mangas. Muitos exemplares que compunham o seu pomar vieram diretamente da Índia, trazidas pelos primeiros importadores do gabo Zebu. Um olhar mais atento pela avenida é possível ver algumas mangueiras de pé. Formado no Instituto Zootécnico de Uberaba em 1898, Alexandre Barbosa é autor de vasto material publicado na imprensa local e de um dicionário da língua Caiapó.
Rua Artur Machado Comerciante, pecuarista e político, Artur Baptista Machado dá nome a uma das mais antigas vias da cidade, que liga a região central ao bairro Boa Vista. A rua foi aberta com o objetivo de diminuir a distância entre a recém-chegada Estação da Mogiana, em 1889, ao centro econômico e social, na praça da Matriz. Antes de homenagear o ilustre uberabense, nascido em 1870, a Artur Machado foi denominada rua Baixa, do Centro, do Comércio e até do Fogo. Considerado um homem generoso, atuou no ramo de secos e molhados, mantendo um armazém na esquina da praça Rui Barbosa com Artur Machado; também foi pecuarista e importou gado da Índia. Na vida política exerceu mandato de vereador no período de 1905 a 1907, pelo Partido Republicano Mineiro “Araras”. Faleceu em 1914. Dois anos depois, deu nome à rua.
Rua Major Eustáquio Ligação entre o Centro e o bairro São Benedito, a rua Major Eustáquio carrega o nome do fundador de Uberaba, que em 1809 se estabeleceu próximo ao Córrego das Lajes, dando origem ali à bicentenária cidade. Uma das mais antigas vias do município, até a denominação atual, recebeu outros nomes, como Padre Antônio, Dona Sebastiana e General de Câmara. A homenagem a Antônio Eustáquio
Avenida Doutor Fidélis Reis Fidélis Gonçalves dos Reis nasceu em Uberaba em 1880. Engenheiro agrônomo, jornalista e líder empresarial, foi ainda deputado federal por três vezes, de 1921 a 1930, deixando a Câmara após ver seu mandato ser interrompido pela revolução que levou Getúlio Vargas ao poder e à consequente extinção dos órgãos legislativos brasileiros. Lei de sua autoria, apresentada em 1922, criou o ensino profissionalizante obrigatório, em tempo integral. Meta era preparar as futuras gerações para a industrialização e tecnologia que já batiam à porta. A lei nunca vigorou, sob a justificativa de falta de recursos, mas foi o pontapé para a criação do Senai. Fidélis Reis faleceu em 1962. Já a avenida que leva seu nome teve a construção autorizada em janeiro de 1945. da Silva Oliveira, natural de Ouro Preto, veio em 1880, através de projeto do tenente-coronel Antônio Borges Sampaio. Chefe político de Uberaba até morrer, em 1832, e dono de grande prestígio, Major Eustáquio atraiu muitos imigrantes para o novo arraial. Assim chegaram a estas terras comerciantes, criadores de gado, mascates, boiadeiros e muitos outros, em busca da segurança oferecida pelo seu fundador e, também, de um futuro promissor.
Rua Padre Zeferino Considerada a segunda rua mais extensa de Uberaba, a Padre Zeferino corta os bairros Estados Unidos, onde nasce, até chegar ao alto do Fabrício. Sua denominação atual data de 1880 e homenageia o sacerdote nascido em Paracatu, em 1791. Padre Zeferino Batista do Carmo era um homem culto; compositor e diretor de teatro, autor de poesias, foi introdutor da Arte Dramática no Triângulo Mineiro e, também, o primeiro a fabricar vinho no município. Filiado ao Partido Liberal, foi eleito vereador secretário da Câmara Municipal de Uberaba. Deixou Uberaba após ser perseguido e preso pelos “conservadores” à época. Morreu em Santa Rita do Paraíso, aos 82 anos de idade, no dia 6 de dezembro de 1873.
Avenida Guilherme Ferreira Engenheiro civil e servidor público estadual, Guilherme de Oliveira Ferreira foi indicado para assumir o Governo Municipal pelo então interventor de Minas, Olegário Maciel. Sua principal missão ao assumir, em 11 de dezembro de 1930, foi organizar o segmento militar para impedir o avanço dos paulistas, durante a então Revolução de 1930. Bem sucedido, ficou no posto de prefeito até 26 de janeiro de 1935. Durante sua gestão, criou escolas rurais e urbanas; abriu avenidas e estradas ligando Uberaba a cidades como Uberlândia, Conceição e Delta; asfaltou e calçou ruas com paralelepípedo; fez concurso para professor; criou a Guarda Municipal, entre outras ações. A avenida que leva seu nome começou a ser construída com a canalização do córrego Barro Preto, em 1938, sendo finalizada na década de 70. Atualmente é uma das vias do BRT em Uberaba.
Avenida Elias Cruvinel Principal avenida do Boa Vista, a Elias Cruvinel é uma homenagem ao fazendeiro de mesmo nome que viveu em Uberaba no final do século XIX até seu falecimento, em 1910. Dono de propriedades rurais e imóveis na área urbana, também integrou o corpo de jurados de Uberaba à época. Casado por duas vezes – a segunda após ter enviuvado –, teve nove filhos e era também conhecido por Major Elias Cruvinel. A via da qual é patrono é, atualmente, das mais movimentadas da cidade, repleta de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço, que abriga uma das instituições de ensino mais procuradas de Uberaba, a Escola Pública Municipal Boa Vista, além de templos religiosos e, também, moradores do bairro.
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O comÉrcio de uberaba e seus 200 anos LÍDIA PRATA CIABOTTI
Rua do Commercio se escrevia com dois “m”, na época em que a rua Artur Machado era pura lama e repleta de poças d’água, no período chuvoso, ou levantava poeira vermelha, nos meses de seca. Por muitos e muitos anos foi a principal rua de comércio, rivalizando-se depois com a Tristão de Castro, reduto tradicional dos comerciantes de origem libanesa. Prédio emblemático da Notre Dame de Paris, na Praça Rui Barbosa, não resistiu às transformações do tempo, embora tenha sido um dos ícones da História de Uberaba. Era o marco inicial da rua Artur Machado, bem no “pé” do Calçadão, de onde se originariam outros tantos estabelecimentos comerciais futuramente. Não menos importante foi o armazém Barros & Borges, onde os uberabenses encontravam de tudo e não raro compravam “fiado”. Em matéria de atacado, nada se comparava à variedade do armazém de Nassim Miguel Hueb e Filhos,
Rua do Commercio, atual Artur Machado, repleta de lama
no bairro São Benedito. E a Pan-Mac, com seus eletrodomésticos de última geração, que faziam a alegria dos noivos que os recebiam como presentes de casamento? Lojas tradicionais, como A Brasilar, com seus móveis refinados; A Eletrocentral, dos Irmãos Abrão; Joalherias Mundinho e Cardoso; Sodima, com a venda de máquinas e implementos agrícolas; Somil, com a primeira revenda de tratores Massey Ferguson para
Notre Dame de Paris, na praça Rui Barbosa
Rua Arthur Machado, repleta de buracos
atender os fazendeiros da época; Derenusson S/A, com seus carrões da marca Ford, eram referência no comércio local. Ao longo de décadas, o comércio de Uberaba passou por grandes transformações, até conviver atualmente com o e-commerce e manter incontáveis portas abertas nos mais diversos bairros da cidade, novos e antigos. Na história dos 200 anos, não passaram despercebidas as lojas São Geraldo, na rua Padre Zeferino, assim como a Casa Selma, a “loja da porta larga da Tristão de Castro”. Da mesma forma, quem não se lembra dos tecidos finos maravilhosos da Casa da Sogra, comandada por “Seu” Pedrinho Miziara, hoje sucedida por um de seus filhos? Comprar sapatos em “A Futurista” era sinônimo de luxo, assim como frequentar a moderna “Flamengo Calçados”, na Tristão de Castro. E quem nunca sonhou com um
A Derenusson, revendedora Ford em Uberaba
A Brasilar
sapato olhando as vitrines de “A Mirandinha”, na rua Artur Machado? Ou não se encantou com os brinquedos Estrela, na loja ao lado? No Natal, as vitrines das principais ruas de comércio eram um convite às famílias para descer ao centro da cidade e fazer suas compras de presentes para a família e amigos. Mais tarde, corais desfilavam pela rua, com músicas natalinas que levavam as famílias a se sentarem nas calçadas para ouvi-las. Eram tempos em que não havia a preocupação com assaltos, roubos, violência... Assim como em outras plagas da economia, o comércio também teve de se adaptar às inovações que atropelaram a humanidade. O modelo tradicional de venda a varejo, em que o comerciante espera pelo cliente atrás do balcão, começou a ser paulatinamente substituído por um modelo mais ousado, pautado por televendas, ou produtos expostos em prateleiras como nos supermercados, e lojas reunidas em espaços únicos, chamados de shopping centers. Vale frisar o “case” de sucesso do Shopping Center Uberaba, que hoje atrai consumidores de toda a região para aqui fazer suas compras. Porém, mais recentemente, o fantasma do e-commerce assombra comerciantes, que ainda não encontraram a fórmula ideal da convivência pacífica com o modelo de sucesso que resistiu ao tempo. Esse é um dos grandes desafios que o setor produtivo terá de enfrentar daqui pra frente.
TRADIÇÃO REVISITADA NA HISTÓRIA Aos 77 anos e praticamente uma vida inteira dedicada ao trabalho, o comerciante Luiz José Coelho não pensou duas vezes para contar o segredo da longevidade da Loja São Geraldo, em Uberaba. A receita é simples, segundo ele: basta ser honesto, perseverante, atender bem e não se descuidar da gestão. Desde 2012 “seu” Luiz é o proprietário do quase centenário estabelecimento comercial, cuja história começou em 1926, na rua Padre Zeferino, pelas mãos da família Dib. “Lá se vendia de tudo, da agulha aos mais nobres tecidos, como a seda pura e o linho”, lembra o comerciante, que começou a trabalhar na loja aos 12 anos, em 1954. Lá permaneceu por 33 anos até montar seu próprio negócio, também no ramo de cama, mesa, banho e tecidos. Após cerca de 20 anos, veio a oportunidade de ser o proprietário da Loja São Geraldo, que a esta altura havia se mudado para a rua São Benedito e tinha outro nome, além
de ser administrada pelos filhos dos fundadores. “Foi a realização de um sonho!”, confessa o comerciante, que resgatou o antigo nome do estabelecimento e, desde então, vem promovendo melhorias no espaço e no mix de produtos, “sempre pensando em atender bem o cliente, para ele voltar”. A prova de que voltam mesmo é que “seu” Luiz tem clientes desde os tempos da rua Padre Zeferino; muitos vêm com seus filhos e netos, que também se tornaram assíduos na loja. “Já estou [atendendo] na terceira geração”, diz entre sorrisos. Agradecido aos ex-patrões e então donos da loja, Miguel Jorge Dib e Jamil Jorge Dib, o comerciante assegura: “Tudo que tenho devo a eles. Vim da roça, não sabia nada. Eles me ensinaram tudo. Trabalhei e formei meus filhos, mas quero fazer meu sucessor aqui na loja”, revela, com a esperança de ser bem sucedido, porque já tem um deles aprendendo o ofício. (RG)
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AROMAS E SABORES DE UMA HISTÓRIA INESQUECÍVEL Renata Gomide
A história de Uberaba também é feita de aromas e sabores, fruto da mistura das influências indígenas, portuguesa e africana, e da contribuição de outros imigrantes, como os árabes e italianos. À rica e diversificada culinária soma-se o prazer do encontro, do bate-papo, exercitado em diversos bares e restaurantes que marcaram época nesses dois séculos de existência da cidade. Quem experimentou não se esquece da deliciosa, e por isso mesmo famosa, pizza do Bar da Viúva, que também servia o tradicional chope da Antarctica, vindo diretamente de Ribeirão Preto. Fundado em 1938 por Felipe Vasques, com o nome de Confeitaria Vasques, foi rebatizado como “Bar da Viúva” após sua morte, nos anos 1950. A viúva, dona Maria Vasques, tocou o estabelecimento com os filhos Gilberto e Felipe, até falecer, em 1989. O bar, que sempre funcionou na rua Artur Machado, fechou as portas em meados de 1994. Não menos conhecido e muito frequentado, seja pela boa comida ou pelo atendimento acolhedor, o Restaurante 3 Coroas marcou época na cidade. A fama feita no boca a boca transformou uma improvisada venda na porta de casa, na esquina entre as ruas Boa Esperança com Tenente Joaquim Rosa, na Vila Maria Helena, num espaço frequentado por gente de toda cidade. As pessoas vinham saborear quibe assado ou frito, mafufo, ariche, mijadra e tantas outras delícias preparadas pelas irmãs Zaíra, Síria e Abadia, as “3 Coroas”. Mas, se a pedida era um prato à base de frango, o caminho levava à rua Padre Zeferino, na esquina com a João Pinheiro, no Restaurante do “seu Pulenta”. O italiano servia uma das mais tradicionais comidas do seu país: a polenta, acompanhada de frango caipira, abatido pouco antes do preparo.
Reduto da boemia, o Bar do Dica ganhou fama por sua galinhada
O bar Yassu foi referência em salgadinhos, na esquina da Tristão de Castro, ao lado da Casa Selma
abriga a loja Têxtil Abril) foi instalado um boliche, famoso pela sofisticação – embora tenha durado apenas cerca de dois anos. Em seu lugar, em 1966, foi instalado o Bilhar do Manogra, com 12 mesas. Famoso no Triângulo Mineiro, o salão recebia gente de todo canto e muitos estudantes universitários que moravam em repúblicas na região. O centro de Uberaba abrigou ainda os restaurantes Tip-Top e Galo de Ouro, do Grande Hotel – considerado o mais refinado da cidade –, ambos na avenida Leopoldino de Oliveira. O prédio do Grande Hotel já era uma atração em si. Construído em 1941 em
estilo Art déco, foi o primeiro arranha-céu da região. Na Tristão de Castro havia o bar do Yassu e seus famosos (e não menos deliciosos) salgados, enquanto apreciadores de carne suína tinham endereço certo: o Geraldo Pé de Porco, no Parque das Américas, que servia um torresmo e uma costelinha inesquecíveis para quem pôde prová-los. O Restaurante Tabu e a Choperia Archimedes têm histórias longevas e de superação: conseguiram reabrir após um período de portas fechadas e se manter ativos. Ambos se reinventaram ao longo dos mais de meio século
Quem não sente saudade da pizza de calabresa do Bar da Viúva e da incomparável cerveja gelada que era servida lá?
O Archimedes sobreviveu às crises e transformações da sociedade
O estabelecimento manteve as portas abertas até fins dos anos 1990. A rua Coronel Manoel Borges também abrigou estabelecimentos muito frequentados nas décadas de 1950 e 1960, como o Bar do Mosquito, entre a praça Rui Barbosa e a Major Eustáquio. Ele ficou conhecido por ter as portas abertas a quem quer que fosse e, talvez por isso, como reduto boêmio na cidade. Aliás, em se tratando de boemia, os bares do Dica e Nakamura competiam. O primeiro ainda servia uma galinhada que deixa muita gente com água na boca até hoje. Ainda na Manoel Borges, nos fundos da Padaria Brasil (hoje o prédio
de existência, porém, preservando suas essências. O Tabu, inaugurado em 1942 por Omar Andrade Rodrigues, alcançou fama além das fronteiras de Uberaba como um dos melhores restaurantes noturnos do interior. Todos queriam provar o suculento filé e o sanduíche de pernil, entre outros pratos servidos à época. O Tabu era destino certo de muitos artistas que se apresentavam em Uberaba. Num painel afixado logo na entrada do estabelecimento estão os recados deixados por músicos, atores, atrizes, cantores, dançarinos e tantos outros que, em palavras, deixaram sua gratidão pela boa comida servida. O restaurante teve vários donos, ficou fechado de 1981 a 1988, quando
foi reaberto pelos filhos do último proprietário, Shin Ichiro Kikuichi. Desde 2000 o Tabu é administrado pela ex-nora e os netos de Shin: Jussara, Adriano e Leandro. Sinônimo de boa música, lugar de bate-papo e paquera, além do chope e da cerveja gelados acompanhados de variados tira-gostos, o Archimedes tem sua origem ligada ao futebol. O bar surgiu em 1952, após a conquista, pelo Esporte Clube Fabrício, do disputado Campeonato Amador de Uberaba daquele ano. O nome veio de um dos fundadores, Archimedes Geraldo de Almeida, sócio de Zé do Quelé. Muitos donos depois e seis décadas após sua inauguração, a Choperia ocupa o mesmo imóvel do início, um casarão colonial centenário e cheio de janelões que dão para a rua, localizado na rua Padre Zeferino com Tiradentes.
O bar do Mil Réis fazia referência à moeda da época em que abriu as portas
A esquina das ruas João Pinheiro e Padre Zeferino abrigou um dos mais tradicionais restaurantes de Uberaba em todos os tempos: O Polenta
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A religiosidade do uberabense Renata Gomide
A religiosidade do uberabense está representada por meio de imponentes igrejas, inúmeros centros espíritas, templos evangélicos entre outros espaços de fé erguidos ao longo dos 200 anos da história de Uberaba. Segundo pesquisa do Instituto Percent, de fevereiro de 2020, católicos são maioria em Uberaba, representando 56% daqueles que têm uma religião. Também bicentenária, a hoje Catedral Metropolitana do Sagrado Coração de Jesus foi fundada em 2 de Março de 1820, com o nome de paróquia de Santo Antônio e São Sebastião, à época vinculada à então Diocese de Goiás. A igreja passou por muitas transformações físicas a partir de 1827, mas manteve o estilo gótico, que lhe confere beleza externa e interna. Hoje Museu de Arte Sacra, a igreja de Santa Rita, construída entre 1854 e 1877, no alto da Praça Manoel Terra, preserva um rico acervo de peças barrocas dos séculos XVIII e XIX. Primeiro templo dominicano construído no Brasil, a igreja São Domingos, de estilo neogótico, foi inaugurada em 1904, mas sem as torres, concluídas somente em 1914, assim como as abóbadas centrais, de 1939. O corpo da igreja, a capela-mor e a sacristia foram construídos em pedra tapiocanga, muito comum nos rios da região. Templo que abriga a padroeira da cidade, o Santuário de Nossa Senhora d’Abadia recebeu do Vaticano, em janeiro deste ano, o título de “Basílica Menor”. “A elevação representa muito para o povo da cidade, principalmente neste ano de 2020, quando se celebram os 200 anos da criação da cidade de Uberaba e da Paróquia da Catedral”, destaca o arcebispo dom Paulo Mendes Peixoto. Há 85 anos sob os cuidados pastorais da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus
Construída com pedras tapiocangas, a igreja de São Domingos data de 1904
Cristo, mais conhecida como Missionários Estigmatinos, a Basílica Menor teve sua construção iniciada em 1881, no Alto da Misericórdia, atualmente bairro da Abadia. A Virgem Maria, do alto da única torre do templo, abençoa toda a cidade. Não menos impotente, a Igreja Metodista do Brasil, localizada no bairro Fabrício, começou a ser construída em 1921, sendo inaugurada em 1924. A presença dos metodistas em Uberaba, contudo, remonta ao ano de 1896, com a chegada dos primeiros missionários, que inicialmente celebravam seus cultos, batismos e pregavam o evangelho nas casas dos fiéis. Em 1959, quando chegou a Uberaba vindo de Pedro Leopoldo, sua terra natal, Chico Xavier fundou o centro Comunhão Espírita Cristã, ainda em atividade, assim como a Casa da Prece, no Parque das Américas. Mais importante expoente do espiritismo no Brasil, o médium
aqui viveu até desencarnar, em 2002, e deixou um legado de amor, esperança, generosidade, altruísmo e empatia. A doutrina espírita em Uberaba, porém, surgiu em torno dos anos 1890, num tempo em que havia muita hostilidade contra seus adeptos, o que lhes exigia muita firmeza na fé. O Centro Espírita Uberabense foi o primeiro da cidade, inaugurado em janeiro de 1911 pelo professor João Augusto Chaves, mantendose também ativo. Atualmente, são mais de 100 centros na cidade e, de acordo com o levantamento do Instituto Percent, 17% dos uberabenses são espíritas. Ainda segundo a pesquisa, 15% dos uberabenses são evangélicos e 1%, umbandista. O Instituto entrevistou 400 pessoas e concluiu que para cada 600 católicos brasileiros, um reside em Uberaba, enquanto há um espírita para cada 100 e um evangélico por grupo de 1.400 no Brasil.
Igreja de Santa Rita, hoje Museu de Arte Sacra, é um dos pontos turísticos mais visitados em Uberaba
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Luz, câmera, ação... As artes cênicas estão presentes na vida do uberabense desde meados do século XIX. Grupos de teatro amador apresentavamse em palcos improvisados pela cidade já em 1835, mas apenas em 1864 foi inaugurado um prédio destinado às apresentações teatrais, localizado ao lado direito da igreja da Matriz. Nascia o Teatro São Luís, assim batizado anos depois em homenagem a Luís Soares Pinheiro, benemérito que colaborou com a diretoria da Companhia Dramática Uberabense para reerguer o espaço. Após altos e baixos, de se transformar em cinema, inaugurado em 25 de maio de 1931, configurando uma grande revolução no segmento do entretenimento em Uberaba, o São Luís fechou suas portas definitivamente em 2008. Atualmente, em seu lugar funciona uma loja de produtos de festa. Outro cinema que fez história em Uberaba, o Polyteama, foi inaugurado no ano de 1917. Contíguo à requintada Confeitaria Central, ocupava um prédio em estilo Art nouveau, localizado na rua Coronel Manoel Borges. Em outubro de 1928, surgiu o Cine Alhambra, na rua Artur Machado, levando o Polyteama ao fim. O elegante Cine Metrópole foi inaugurado em 1941, juntamente com o imponente Grande Hotel. Anúncios à época da abertura do cinema destacavam a qualidade da projeção através do sistema Western Electric, Super Wide Range, último modelo naquele ano. Antes e depois das sessões do Metrópole, a juventude à época fazia o footing onde é hoje o Calçadão da rua Artur Machado. A paquera de então, o flerte, era sinônimo de caminhar. Ao Metrópole e São Luís, e também ao Royal, pertencentes à Companhia Cinematográfica São Luís, somou-se em 19 de junho de 1948 o Cine Vera Cruz, no bairro São Benedito. O prédio em estilo Art déco, projetado pelo arquiteto Taddeu Guizi, é um marco cultural de Uberaba com seu famoso “topete”. O filme Festa Brava, estrelado por Ricardo Montalban e Esther Willians, foi exibido na inau-
Repare na elegância dos uberabenses, incluindo o vendedor de picolé, e a imponência do prédio do Cine São Luís, antigamente
guração. Nos anos 1950, tornou-se pioneiro na utilização do recurso Cinemascope. Outros sucessos ocuparam a tela do cinema, como O Campeão, de Franco Zeffirelli, em 1979. Na década seguinte, foi transformado em Cine Teatro
Vera Cruz, sendo palco de apresentações que marcaram época. Desde 2007 pertence ao município. (RG) Fontes: Arquivo Público de Uberaba / Fundação Cultural de Uberaba / Antônio Fernando Rossi (servidor público municipal aposentado) / Miguel Jacob Neto (servidor público, ator, diretor de teatro)
O Cine Royal, na praça do Grupo Brasil, foi um marco em Uberaba
A arquitetura do Cine Vera Cruz marcou época na cidade
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SER A MELHOR DO BRASIL É O
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Os desafios da
DESAFIO DA EDUCAÇÃO EM UBERABA universidade Daniela Brito
Avançar em educação sempre é o grande desafio, em todos os lugares do mundo. Em Uberaba não é diferente. A cidade é apontada como a melhor na educação pública municipal de Minas Gerais. O maior desafio para os próximos anos será, sem dúvida, ocupar o primeiro lugar no ranking nacional, hoje ocupado por Piracicaba (SP). De acordo com a secretária de Educação, professora Silvana Elias, a conscientização da melhoria da infraestrutura da escola pública é a grande perspectiva para os próximos anos para a cidade atingir esse objetivo. Silvana lembra que “desde o Século XIX, a Educação, responsável pelos grandes avanços científicos, culturais, comunicacionais e tecnológicos, está diretamente ligada ao progresso e ao desenvolvimento de uma nação. Por isso, exerce um papel decisivo na formação da cidadania, edificando as bases para uma sociedade democrática.” No cenário brasileiro, Uberaba sempre ocupou posição privilegiada, seja no setor público, seja no ensino particular, onde se destacam escolas de incomparável qualidade e unidades de rede de ensino bem posicionadas. Não menos importante é o papel exercido pelo ensino
Em 1954 foi fundada a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, hoje UFTM A rede municipal de ensino conta com quase 60 escolas em tempo integral, segundo números da Prefeitura de Uberaba
universitário, com destaque especial para os cursos presenciais e a distância oferecidos pela Universidade de Uberaba (Uniube), Facthus, Unipac, Cesube, IFTM, dentre outras. Os investimentos realizados nas últimas décadas
no ensino público municipal traduziram-se não apenas na expansão da rede física até os novos bairros que surgiram na paisagem urbana, como também na reforma e ampliação de unidades escolares já existentes para atender à demanda crescen-
Em 1909 foi inaugurado o Grupo Escolar Brasil, o primeiro da cidade
te de alunos. Hoje a rede pública municipal conta com 25 Escolas de Ensino Fundamental e 34 Centros Municipais de Educação Infantil (Cemeis), totalizando 59 escolas em tempo integral, segundo números da Prefeitura de Uberaba.
Uberaba abriga instituições de Ensino Superior de comprovada qualidade, responsáveis por entregar periodicamente ao mercado centenas de profissionais graduados em diversas áreas do conhecimento. A posição credencia a cidade como referência no Ensino Superior para todo o país. É uma cidade universitária que recebe milhares de estudantes de várias outras cidades e estados, somando-se aos estudantes locais, que ajudam a movimentar a economia através da locação de imóveis e do consumo de bens e serviços em supermercados, bares, restaurantes, postos de combustíveis, comércio em geral. A única universidade federal em Uberaba, a UFTM, conta com cerca de oito mil alunos matriculados nos diversos cursos oferecidos pela instituição, tais como técnicos, de graduação e pós-graduação.
Para o reitor Luiz Fernando dos Santos Anjo, o grande desafio para os próximos anos é continuar formando profissionais para enfrentar a grande concorrência do mercado de trabalho, oferecendo aos alunos a capacidade crítica e reflexiva, além de fortalecer as ações no campo do ensino, pesquisa e extensão, gerando retorno para a comunidade e mostrando o que é desenvolvido pela universidade. Em meio às comemorações de 200 anos de Uberaba, a UFTM busca finalizar obras de infraestrutura e apresentar ao mercado de trabalho e sociedade o que produz. Nesse contexto, ele destaca que a UFTM está se firmando no campo da formação docente e na geração de conhecimento atrelado a produtos de base tecnológica, inovação, patentes e pesquisas em geral. (DB)
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Uberaba encara desafios para ser grande no esporte Tiago Mendonça
Com história marcada por altos e baixos no esporte, Uberaba guarda grande expectativa pelas conquistas no futuro. Hoje, longe dos holofotes, a cidade relembra suas glórias. A história passa por nomes como Rivelino, que marcou o gol inaugural do estádio Uberabão pela Seleção Brasileira, em 1972, e Pelé, o Rei do Futebol, com seu esquadrão santista, arrastando uma multidão em Uberaba em 1974. Além disso, a cidade conta com história dos grandes times de Uberaba Sport e Nacional, munidos por craques uberabenses como Toinzinho, no Colorado, e Tinoco, no Alvinegro. Capítulos mais recentes, com eventos das seleções brasileiras de handebol, futsal e voleibol no Centro Olímpico, também têm seu valor, bem como as vitórias individuais, como o título
Toinzinho, com a camisa do USC
pan-americano do tenista João Menezes. O desafio agora é se estabelecer no cenário esportivo. Segundo o presidente da Fundação Municipal de Esporte e Lazer, Luiz Medina, Uberaba será grande no esporte quando a cidade tiver formado seus próprios atletas, trabalho esse que já vem sendo desenvolvido nos últimos anos. “Nós incentivamos o esporte com grandes eventos, tudo planejado. Difundiu, divulgou e isso aumentou o número de praticantes. Abrimos o leque, formamos alguns talentos e, agora, o próximo passo é formar equipes com atletas locais. Posteriormente, para Uberaba ter grandes equipes, será preciso grandes investimentos”, explicou Medina. No futebol, o desafio é
árduo, uma vez que os clubes estão fora de atividade e aguardam a Terceira Divisão do Estadual. Colunista do Jornal da Manhã, Carlos Ticha, que acompanha USC e Naça há mais de 60 anos, acredita que os clubes preci-
fissional e deixar a vaidade de lado. Com trabalho sério e profissionais competentes, acredito que os clubes vão se reerguer. Mas é um trabalho de longo prazo. Os clubes têm que revelar atletas. Os melhores momentos foram com pratas da casa”, afirmou Ticha. No paradesporto, a cidade tem grandes atletas, como Poliana Sousa e José Carlos Chagas, da Associação dos Deficientes Físicos de Uberaba (Adefu). Segundo o presidente, Renato Delfino, a Adefu deve seguir se desenvolvendo. “Estamos crescendo e cada sam de gestão profissional. vez mais nos destacando. “O futebol não aceita mais Temos atletas de nível incurioso. Tem que ser pro- ternacional. Estamos sa-
João Menezes, campeão de tênis do Pan-Americano de Lima 2019
Poliana Sousa, bronze no Para-Pan de Lima 2019
tisfeitos com o trabalho dos nossos profissionais e com as várias parcerias. O principal desafio é seguir encontrando mão de obra para nossas atividades”, afirmou Delfino.
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As conquistas e desafios
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DE OLHO NA tecnologia
para economia em Uberaba Daniela Brito
Uberaba segue a passos largos para grandes conquistas e muitos desafios. O secretário de Desenvolvimento Econômico, José Renato Gomes, pontua as recentes conquistas e revela os desafios para os próximos anos. Uberaba “descobriu” nestes últimos sete anos que é uma “cidade logística”. Recentemente, dois megaprojetos estruturantes foram conquistados: a VLI, que faz a logística de grãos e açúcar, levando para o Porto de Santos grande parte da nossa produção de soja, farelo de milho e açúcar. A outra conquista é a Logum, que transporta por dutos, a partir de Uberaba até Paulínia, todo o álcool consumido nos grandes centros do Brasil. Outra grande conquista é a do Grupo Petrópolis. A água foi importante, os incentivos municipais, idem, mas a logística foi um grande diferencial. “O nosso desafio é explorar cada vez mais este segmento. É o que estamos fazendo”, diz o secretário. José Renato revela, ainda, que outro grande desafio é conseguir viabilizar a chegada do gás a Uberaba. Sem ele, o secretário diz que é preciso fazer “mágica” para conseguir novas indústrias. “A falta do gás tira de Uberaba diversas oportunidades de investimentos”, afirma. Também é necessário viabilizar novos distritos industriais, pois os que já existem estão ficando saturados. Segundo José Renato, “em sete anos incentivamos mais de 200 empresas, mesmo com
Maquete da futura sede do Parque Tecnológico na Univerdecidade
Fábrica da Petrópolis deve ser inaugurada neste semestre
a economia em recessão. Temos que estar preparados para sairmos na frente”. Outra carta na manga é o projeto Intervales, que dará chance para viabilizar um aeroporto internacional de cargas e passageiros e a implantação de um complexo de empresas naquela região. CSC da Mosaic foi conquistado com trabalho conjunto da comunidade
MOSAIC GARANTE NOVOS INVESTIMENTOS
Polo Industrial – Uberaba tem-se fortalecido no polo industrial. Aqui, a Mosaic Fertilizantes abriga o maior complexo produtivo da América
Latina. O diretor do Centro de Soluções Compartilhadas (CSC) da Mosaic Fertilizantes, Carlos Janibelli, diz que a cidade representa a agilidade, modernidade e excelência que guiam o negócio e, por isso, foi também escolhida para receber o Centro de Soluções Compartilhadas (CSC), unidade que, desde
agosto de 2019, centraliza diversos processos administrativos para todo o Brasil e Paraguai, com foco em otimização, automação e melhoria contínua. “A empresa continuará investindo nesta parceria por acreditar no grande potencial do município e, claro, da comunidade uberabense”, afirma.
Uberaba demonstra a preocupação com a tecnologia. É uma das três cidades mineiras que abrigam um dos três parques tecnológicos em operação em Minas Gerais. Um dos poucos municípios com legislação específica para fomento à tecnologia e à inovação. Uberaba também possui três incubadoras de empresas, o primeiro hub de inovação e conexão para o agronegócio de Minas Gerais. Há espaços de coworking públicos e gratuitos para startups (ParqueLABs). É a sexta cidade brasileira, incluindo as capitais na produção de startup. Inclusive, há microempresários uberabenses de startup dentro do Vale do Silício, nos EUA. A executiva de Inovação e gestora do Parque Tecnológico, Raquel Resende, confirma que tecnologia é fundamental em todos os segmentos de uma cidade, seja no meio empresarial/industrial, acadêmico, governamental, etc. “A pergunta que fazemos sempre é se a tecnologia existente no mundo conseguiria resolver os problemas urbanos e no campo. Alguns ficarão surpresos, mas a resposta é ‘sim’, conseguiriam”, diz. Segundo ela, os maiores desafios tecnológicos estão em como usar adequadamente as tecnologias já existentes. “Pensemos no uso de sistemas inteligentes que poderão auxiliar na integração e melhor organização dos recursos – água, lixo, energia, mobilidade, transportes, segurança e
a transparência, além dos necessários a melhorias no campo, como o incremento da conectividade”. Raquel Resende diz que todas essas questões já possuem muitas soluções tecnológicas. Uberaba, como cidade universitária, produz muito conhecimento e está conectada aos grandes desafios de sustentabilidade mundiais. Portanto, no que tange à tecnologia, o maior desafio para a cidade, para ela, será agir com um ecossistema equilibrado, que não fica míope em relação às mudanças globais, relacionado à logística, ao agronegócio, ambiente... “Nosso trabalho será o de criar ambientes favoráveis ao acesso dessas soluções tecnológicas, planejarmos e implementarmos seu uso”, diz. Novos desafios sempre surgem. Raquel Resende diz que, por aqui, os enfrentamentos estão relacionados ao estímulo à criação, à atração de mais empresas de base tecnológica e ao incentivo ainda maior do diálogo na chamada “tríplice hélice” – empresas, governo e academia. “Pois só assim teremos acesso mais fácil ao que o mundo e a nossa própria Universidade estão trazendo de inovação e tecnologia para a nossa cidade. E distribuir tecnologia, este é o nosso desafio maior, pois o futuro já foi criado, só não está distribuído”, finaliza. (DB)
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O desafio é coletivo, diz O sucesso do agronegócio
presidente da Codau Daniela Brito
Luiz Guaritá Neto comemora os avanços da cidade e reconhece a necessidade de se avançar ainda mais. O presidente da Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas de Uberaba (Codau) orgulha-se de ter planejado e executado a ampliação da infraestrutura de água e esgoto da cidade. Ao longo dos anos, foram investidos recursos em obras de abastecimento e distribuição de água. Os 30 quilômetros de novas adutoras e quatro novos reservatórios deram garantias para não faltar água em Uberaba. Além disso, a cidade alcançou praticamente 100% de tratamento de esgotos, “um salto gigantesco na qualidade de vida em Uberaba” – ressalta Luiz Neto. E mais, Uberaba é uma das sete melhores do país em tratamento de esgotos, uma classificação da Agência Nacional de Águas. A Codau fez dezenas de novas intervenções em microdrenagens, para melhorar a captação de água de chuva no entorno das avenidas centrais, e capitaneou as obras de macrodrenagem nas avenidas Guilherme Ferreira e Santos Dumont. E ainda existem mais de 70 obras para implantar novas redes e bocas de lobo para resolver o problema das inundações nos bairros. “Ações necessárias para reduzir o impacto das enchentes”, ressalta o presidente da Codau. E para garantir o abastecimento de água no presente e no futuro próximo, Luiz Neto destaca a construção da Barragem da Prainha, que deverá atender às demandas de água no futuro. “Onde tem água tem desenvolvimento e atração de investimentos. Isso é garantia de crescimento para Uberaba”, diz.
Captação de água do Rio Uberaba ganhará reforço da barragem da Prainha, garantindo o abastecimento
Mas os avanços são necessários, para que a cidade continue em pleno desenvolvimento. Luiz Neto salienta que, em termos de planejamento, os desafios já estão traçados. “Não tenho dúvida que continuaremos investindo na ampliação contínua dos sistemas de água e esgoto. Hoje já somos uma das cinco melhores empresas de saneamento do país. Evoluir sempre é não perder o status de ser uma das melhores cidades em saneamento do país”, comemora. Ele t a m b é m destaca a imp o rtância da sociedade neste p r o cesso de evolução para Uberaba. “Para o futuro temos um desafio coletivo”, diz. Neste sentido, ele defende a educação ambiental com a necessidade de uma evolução cultural das pessoas. “A mudança de posturas em relação ao que cada um faz com o lixo
doméstico ainda é um grande dilema para a sociedade”. A conscientização deve ser trabalhada com as pessoas, pois garante o futuro das próximas gerações. A população deve saber o que é feito com o lixo gerado, de que forma ele impacta na cidade e o que isso representa para o futuro das próximas gerações. Esta conscientização tem como objetivo buscar uma cidade mais limpa, onde cada um coloca o lixo para fora na hora certa, descarta os restos de materiais e produtos velhos de casa nos ecopontos ou caçambas, limpa a calçada, retira entulhos e matinhos. “Cada um fazendo a sua parte é um presente para o futuro de Uberaba, sem dúvida. Trabalho em parceira com a sociedade: esse é o grande desafio”, conclui. (DB)
Uberaba é capital brasileira do agronegócio. Dos mais de 454 mil hectares do município, quase 156 mil destinam-se à produção de grãos e 104 mil, à pecuária. A cidade está entre os dez maiores PIBs brasileiros e se tornou uma potência na produção de soja e milho, com aproximadamente 683 mil toneladas. Números que surpreendem. Além disso, Uberaba é berço da pecuária. É aqui que acontece a maior feira zebuína do mundo. Uma festa importante para pecuaristas e, em especial, para a população, com seus tradicionais shows, que retornaram à programação com força total. E, consequentemente, a feira projeta a cidade na política brasileira. É na ExpoZebu que são feitas as tratativas que podem mudar os rumos do país, dada a importância do evento, que atrai grandes lideranças políticas e chefes de Estado. O presidente da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), Rivaldo Machado Borges, reconhece que a história de Uberaba está diretamente relacionada com o sucesso do agronegócio brasileiro nas mais diversas áreas e, claro, em especial,
Ao lado da pecuária, a cana, a soja, o milho projetam o agronegócio de Uberaba para o mundo
com o da pecuária. Ele destaca que foi aqui que o zebu se desenvolveu, rompeu as porteiras, conquistou Brasil afora e, hoje, representa mais de 80% do rebanho nacional. E mais: como cidade sede da ABCZ, Uberaba transformou-se em capital mundial do zebu e atraiu uma série de investimentos na área, referenciando-se como polo moderno e tecnológico em genética bovina em uma região estratégica. Anualmente, a ExpoZebu evidencia ainda mais essa vocação de Uberaba, exibindo o que há de melhor nas raças zebuínas e atraindo a atenção do mundo.
O zebu atrai as atenções do mundo para a qualidade do gado brasileiro
Rivaldo ressalta que a exposição foi além das fronteiras do agro e se transformou em fonte de diversão para a comunidade de Uberaba, além é, claro, de grande oportunidade econômica para a população local, sendo o maior evento do calendário da cidade, atraindo milhares de turistas. (DB)
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Um olhar para a infraestrutura Daniela Brito
A área da construção civil, principalmente no que tange a infraestrutura, deve receber um olhar atento para os próximos anos em Uberaba. Há muitos desafios a vencer, conforme análise de profissionais da engenharia civil. Empresário da construção civil, Roberto Veludo, reconhece a cidade como “vencedora”, por ter passado, ao longo destes duzentos anos, por grandes desafios e ser reconhecida e respeitada em todo o Brasil. O engenheiro cita a necessidade de investir na ocupação dos vazios urbanos para trazer o trabalhador para mais perto do seu serviço. Como ex-presidente do Sinduscon (Sindicato da Construção Civil de Uberaba) e da Codau (Companhia Operacional de Desenvolvimento, Saneamento e Ações Urbanas de Uberaba), Roberto Veludo defende a revitalização do centro da cidade, para voltar a ter vida e, consequentemente, melhorar o comércio local. Outro desafio é preservar o patrimônio histórico com a construção de novos empreendimentos. A melhoria no transporte com os gargalos existentes no trânsito também são considerados obstáculos a serem superados. Ainda como desafio são
Apesar de ainda contar com problemas, Uberaba já venceu vários desafios na sua infraestrutura ao longo dos 200 anos
as constantes enchentes. Roberto Veludo cita que investimentos em drenagens são a fórmula para a superação. “Com o crescimento da cidade, vários bairros estão sofrendo com inundações, trazendo transtornos à população”, afirma. Secretário de Planejamento, Nagib Facury, orgulha-se de ter contribuído com o crescimento da cidade que faz história para as futuras gerações. Ele reconhece,
porém, que entre os maiores desafios está a mobilidade urbana, tendo em vista que
Lidar com fenômenos naturais cada vez mais severos é outro desafio das cidades atualmente
a cidade não foi planejada. Estudos avançam em relação ao assunto. “Estamos contratando o Plano de Mobilidade Urbana, que é um estudo sobre o nosso transporte coletivo de cargas, transporte de veículos, motos e ciclismo. O estudo também inclui pessoas com mobilidade reduzida e outros temas relacionados”, revela. Outra questão citada pelo secretário é quanto aos fenômenos naturais, cada vez mais severos. Segundo ele, este não é apenas um desafio de Uberaba. “Lidar com os fenômenos naturais cada vez mais severos, como chuvas torrenciais e índices pluviométricos cada vez maiores, é um desafio que a engenharia nacional terá que enfrentar”, afirma. Para Nagib Facury, é fundamental a revisão de dados para projetos, além de obras estruturantes com dimensões maiores. Somente a partir daí ele acredita que os investimentos serão cada vez menores. (DB)
Uberaba deve corrigir falhas para avançar na infraestrutura. Esta é a opinião do engenheiro José Elias Miziara. Embora tenha ocorrido grandes investimentos com o Projeto Água Viva, feito no coração da cidade, há dois estrangulamentos de canais que favorecem as enchentes: o primeiro na avenida Leopoldino de Oliveira, entre o Mercado Municipal e a rua Barão de Ituberaba. Outro estrangulamento está localizado na avenida Odilon Fernandes com a rua Arthur Machado. O engenheiro analisou as imagens das últimas chuvas e acredita que, se houver investimento nesses pontos específicos, com alargamento dos canais, os problemas podem ser minimizados. Nesses pontos, a água é represada e culmina nas enchentes. “Estas obras não são de alto custo”, diz. Utilizar técnicas para diminuir a altura do asfaltamento também podem solucionar a situação, principalmente no Centro. José Elias Miziara aponta que os recapeamentos constantes estão fazendo com que as ruas se tornem mais elevadas que o meio-fio das calçadas e, em consequ-
ência, que a água não escorra pela sarjeta, favorecendo as inundações nos imóveis. Em alguns locais, como por exemplo na esquina da Santos Dumont com a rua Coronel Manoel Borges, próximo a uma rede de farmácia, a rua está em torno de 10 a 15 centímetros mais elevada do que o nível da calçada. A técnica para corrigir tais falhas, conforme esclarece, é de baixo custo para os cofres públicos. “Basta utilizar uma máquina que desbasta o asfalto. Esta ação se chama fresar o asfalto e é utilizada nas rodovias”, informa. Outro desafio, para ele, é minimizar o número de cabos – de fibra ótica, telefonia, televisão entre outros –, que passam por postes, que além de não ser estético, gera risco à população. “Este serviço está precário. É preciso haver fiscalização, pois todos os dias, nos deparamos com cabos soltos e não sabemos se há risco ou não”, diz. (DB)
Um dos gargalos, segundo Elias, está na Leopoldino com Barão de Ituberaba
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