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esPaÇo JoRNaLIsta MaRtINs de VasCoNCeLos MEU BATISMO LITERÁRIO*

F L áVI a aRRuda

Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência flaviarruda71@gmail.com

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Tudo começou com um convite enviado por uma amiga virtual, pelo Facebook, que dizia assim: “Um café. Ou vários. Livros. Amigos. Esta é a proposta do nosso Café & Poesia. Esperamos vocês”.

Data: 11/04/2015

Hora: A partir das 10h

Local: Delícia Café

Endereço: Rua Idalino de Oliveira, 157

No sábado pela manhã, dia do referido convite para o encontro mensal dos poetas e escritores da nossa cidade, fiz contato com dois amigos escritores, Mário Gerson, o Tom Cruiser no sertão nordestino, escritor premiado, roqueiro de plantão e meu padrinho literário e Zilma, colega de trabalho e poetisa de mão cheia. Marquei com Zilma de ir apanhá-la, em sua residência, às 09h50min, para irmos juntas. Saí meia hora antes do horário marcado. Busquei minha filha no colégio, para acompanharme no evento. Fomos, primeiro, ao centro da cidade, comprar um presente para minha amiga virtual Ângela Rodrigues Gurgel - a lady das poetisas, como é carinhosamente chamada pelos colegas das letras. Afinal, quem não gosta de um mimo, não é mesmo?

Ao chegarmos ao Delícia Café, Ângela veio ao nosso encontro para nos receber, como fazem os verdadeiros anfitriões. Cumprimentamo-nos e nos apresentamos. Entre abraços e frases delicadas, entreguei-lhe meu mimo, como simbologia da minha sa- tisfação em conhecê-la pessoalmente. O ambiente já estava recheado de gente bacana, cheio de escritores de alto nível, só a nata – e eu lá de metida. Logo vi Clauder Arcanjo, Padre Guimarães, Dulce Cavalcante, Francisco Rodrigues (hoje já morando no andar de cima) e mais um bocado de gente que, até então, eu não conhecia. Saudamos os presentes e nos acomodamos próximos ao demais. Logo começaram as declamações. Cada um levantava-se entre prosas e graças, recitava poesias, crônicas, pensamentos... Tudo nos estimulava e nos deleitava, ao passo que mudavam as vozes e apreciávamos cada palavra proferida, cada eloquente recitador.

Aos poucos foi chegando mais gente bacana, como o jornalista, historiador, poeta e descobridor de escritores, Raimundo Antônio (o maior culpado por eu acreditar que dou para o gasto nas letras). Mário Gerson, meu padrinho roqueiro, chegou logo em seguida, já me presenteou com um livro – olhem aí a lei do retorno: faze um mimo que receberás um mimo. Mais um

Organização: CL aude R a RC a NJ o pouco e eu tive a honra de conhecer Fátima Feitosa, que, como ela mesma se intitula, a desvairada de nascença.

O time estava completo. Entre apresentações e declamações, eis que surge o inusitado, um carro de som, com o som às alturas, diga-se de passagem, parou à porta do Delícia Café – é mole ou quer mais? Divulgando a festa dos alunos concluintes de um colégio da cidade. Juro que tentamos vencer o importuno Rei da Cacimbinha, fazendo de conta que tínhamos mais decibéis na voz que os super tweeters e cornetas instalados no som ambulante, que insistia no zumbindo e ensurdecedor refrão:

E a muriçoca çoca çoca çoca çoca çoca çoca

E a muriçoca pica pica pica pica pica pica

E a muriçoca çoca çoca çoca çoca çoca çoca

E a muriçoca pica pica pica pica pica pica

Só o Rei da Cacimbinha para conseguir fazer uma música tão caçamba. A música picava o juí- zo, coçava os nervos. Os nobres colegas, com muita elegância, em alguns instantes, pausavam o recitar dos belos poemas, na esperança de que o som diminuísse e pudessem dar continuidade à nossa manhã literária. Só mesmo a graça e beleza de um pombo camarada, que pousou faceiro na janela, próximo às nossas mesas, fazendo pose para as fotos, para nos aliviar daquela tormenta. Por instantes, o pombo foi a estrela da manhã, fazendo caras e bocas a cada flash dIreçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereNte adMINIStratIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos www.defato.com

Depois dos registros, do inusitado encontro literário, entre selfies e fotos, chegou a hora de nos despedirmos, com promessas de um novo encontro, nem tanto inusitado, espero eu. E foi assim que conheci o Café & Poesia, que este ano completa dez anos de existência literária, entre cafés, poesias e gargalhadas. E saudades também...

*Crônica retirada da antologia Café & Poesia: volume 7 (Mossoró: Sarau das Letras, 2023), organização: Ângela Gurgel, Raí Lopes e Socorro Gurgel.

: redacao@defato.com

Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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