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Safra excelente, vinhos magníficos
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afra excepcional, incremento nas exportações em 23% e aumento na comercialização interna em torno de 6%. O ano de 2013 tem sido muito positivo para o setor vitícola gaúcho, com resultados acima do esperado em vários quesitos. Começou com uma safra de uvas considerada histórica, que teve resultados excelentes em qualidade dos frutos e produtividade. O presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Alceu Dalle Molle, afirma que apesar da queda em termos de produção de uvas, de 700 milhões de quilos em 2012 para 610 milhões em 2013, a qualidade dos frutos se sobressaiu. “Foram resultados animadores, com uvas de boa graduação alcoólica”, destaca. Para os frutos colhidos após a segunda quinzena de fevereiro, o potencial alcoólico foi menor, mas com boa sanidade e com bom Índice de Polifenóis Totais (IPT), permitindo a elaboração de bons vinhos,
Produtividade e qualidade dos frutos em alta
apenas com uma percentagem menor de álcool. O momento é tão propício que nem mesmo a queda produtiva é vista como problema: “Os estoques estavam muito altos, necessitando de escoamento da produção via mecanismos do governo federal”, diz Dalle Molle. O presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Luciano Vian, destacou alguns fatores naturais, como o volume de chuvas e as temperaturas médias, como principais influências na maturação das uvas, o que acelerou o processo de metabolização, antecipando o amadurecimento dos frutos. Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2012, o volume de chuva foi baixo, com índices próximos aos 30 milímetros por mês, volume bem aquém da média histórica, que é de 140 milímetros ao mês, o que, ao contrário do que ocorre em outras culturas, para as uvas é benéfico. A temperatura se manteve acima da
média e não foi registrada ocorrência de geadas extemporâneas, como na safra de 2012. “Esses fatores foram responsáveis por favorecer uma aceleração no processo de maturação, o que provocou uma antecipação de cerca de 15 dias na colheita das uvas precoces”, explica Vian. Segundo ele, nas uvas de maturação intermediária e tardia essa antecipação foi ainda maior. Algumas vinícolas abriram suas portas para o recebimento das uvas ainda no mês de dezembro, mas o maior volume destinado à elaboração de espumantes foi colhido a partir da segunda semana de janeiro, finalizando ainda no mesmo mês. O resultado foram uvas com excelente sanidade e qualidade, com maturação e acidez bem equilibradas, o que já indicava mais uma safra excepcional. O dirigente da ABE diz que no final de janeiro houve mudanças no clima, com precipitações frequentes, temperaturas diurnas elevadas e alta umidade, forçando
os viticultores a antecipar a colheita das uvas, a fim de evitar o desenvolvimento de fungos como o da podridão. Algumas variedades mais tardias não chegaram a expressar todo seu potencial em açúcares, no entanto, apresentaram boa estrutura em polifenóis e taninos. Para o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, as safras têm melhorado a cada ano devido à preocupação dos produtores em incrementar as técnicas de manejo dos parreirais. “Os tratamentos têm sido adequados. Além disso, o clima favorável impediu a ocorrência de doenças.” Segundo o dirigente, a redução no volume de uvas produzidas se deveu à ocorrência de geadas fora de época e também por um movimento de reconversões de muitos parreirais, com a retirada de plantas antigas e a implantação de novas, processo que exige tempo para que vinhedos voltem a produzir a pleno.
EXPEDIENTE Editor-Chefe: Pedro Maciel Editora de Cadernos Especiais: Ana Fritsch Subeditoras: Denise De Rocchi e Sandra Chelmicki Reportagem: Ana Esteves Projeto gráfico e diagramação: Ingrid Müller Editor de Fotografia: João Mattos Revisão: Adriana Grumann, Gustavo Rückert , Juliana Mauch e Mauni Oliveira Capa: a equipe do Caderno Gastronomia & Vinhos foi até um dos restaurantes mais requintados de Porto Alegre, o Chez Philippe, do chef Philippe Remondeau. Lá foi preparado um lombo de cordeiro com pinhão, uva-passa e molho de pimenta verde. Para acompanhar à perfeição, a sugestão é um bom Pinot Noir. Boa leitura!
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Se os números do primeiro quadrimestre perdurarem, 2013 deverá ficar na memória do setor vitícola. Segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), nos primeiros quatro meses do ano, foi registrado aumento de 6% na comercialização de vinhos no Brasil em relação ao mesmo período do ano passado. Nos sucos de uva, o incremento foi ainda maior, chegando a 30% em todo o País. “Essa tendência de alta pode ser reflexo do incremento do consumo de vinhos brancos durante o verão e da conscientização das pessoas de tomar bebidas mais saudáveis, como o suco de uva”, observa o presidente do conselho deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle. O presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Dirceu Scottá, também destaca a importância de iniciativas do setor para diminuir o impacto da concorrência dos vinhos nacionais frente aos estrangeiros, especialmente
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Mercado nacional aquecido
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Scottá destaca a importância de campanhas de incentivo ao consumo
argentinos e chilenos. “Foi fechado um acordo importante com o varejo para que se aumentasse o espaço de gôndola dos vinhos nacionais. Além disso, fizemos campanhas de incentivo ao consumo, como a realizada durante o verão para os vinhos brancos. Ambos deram bons resultados”, aponta. O dirigente também destaca como ponto positivo a tendência cada vez maior dos produtores em
buscar uma maior diversificação produtiva, incluindo em seus parreirais varietais diferenciados, muitas vezes inéditos no Estado. “Os produtores se deram conta de que é preciso fugir um pouco do Merlot e do Cabernet Sauvignon, que são uvas que o mundo todo produz, em especial nossos concorrentes do Mercosul. Por isso, a Tannat e o Cabernet Franc tem se destacado, além dos cortes e da assemblage”, reforça.
Cabernet Franc é uma das grandes apostas de diversificação
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Exportações de vinhos finos brasileiros crescem 23% em 2012
Crescimento de 23% em volume e de 6% em valor são alguns dos índices positivos observados no balanço de resultados das exportações de vinhos finos engarrafados do projeto Wines of Brasil em 2012. As vinícolas participantes do projeto contabilizaram US$ 3,25 milhões em vendas para o exterior no ano passado, ante US$ 3,06 milhões em 2011. Na mesma comparação, o volume exportado passou de 705,6 mil litros para 868,7 mil litros. O resultado obtido pelas empresas do Wines of Brasil representaram 48% do valor total geral de exportações brasileiras de vinho. No geral dos dados de 2012, em virtude de uma operação realizada para a Rússia por meio do Prêmio de Escoamento de Produção (PEP), foram comercializados 2,78 milhões de litros de vinho a granel para este país, com resultado financeiro de US$ 1,39 milhões. Essa operação, realizada excepcionalmente no ano passado, representou 76,24% do volume total exportado e 30% do valor faturado pelo projeto Wines of Brasil. Por se tratar de vinho a granel e de uma operação fomentada por um instrumento de regulação de estoques do Governo Federal, para efeitos de mensuração de resultados esses dados não são considerados como esforço
comercial do projeto de exportação. Realizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover o vinho fino brasileiro no Exterior, o Wines of Brasil comemorou o fato de ter ampliado o número de vinícolas participantes de 35 para 39, sendo que 15 realizaram exportações em 2012, enviando seus rótulos para 33 diferentes países, frente a 31 destinos em 2011. “Temos muito espaço para crescer no mercado internacional. Os resultados das ações realizadas nos últimos anos pelo projeto estão repercutindo agora, e o Brasil tem ganhado atenção em virtude dos eventos esportivos como a Copa e as Olimpíadas. Por isso, acredito que em 2013 teremos dados ainda melhores”, analisa a diretora de promoção do Ibravin, Andreia Gentilini Milan. Dos oito países considerados prioritários pelo projeto, observou-se o crescimento de vendas em sete, sendo que em seis deles – China/Hong Kong, Reino Unido, Polônia, Suécia, Canadá e Alemanha – as exportações das empresas ligadas ao projeto representaram 100% da comercialização de vinhos realizada pelo Brasil.
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Projeto Wines of Brasil, do qual a Miolo participa, representa 48% das exportações do País
Volume exportado aumentou em 59% entre 2011 e 2012
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China: vendas disparam em dois anos Na análise de desempenho por país, o destaque na exportação de vinhos finos fica com a China que, até 2010, era um destino inexistente para o produto brasileiro. Em apenas dois anos, o país passou a figurar na primeira posição do ranking em valor de exportações de vinho fino engarrafado. Em 2012, a China obteve uma alta de 66% em valor exportado frente a 2011, contabilizando US$ 621,5 mil. Em termos de volume, o crescimento foi de 59% no período, com a comercialização de 73,2 mil litros. O país também apresentou um dos maiores valores médios por litro exportado, de US$ 8,14, contra US$ 6,00 de média registrada entre os oito países-alvo. Outro dado interessante é que as exportações das empresas associadas ao Wines of Brasil representam 93% das exportações gerais de vinhos para este mercado. Em 2012, o Wines of Brasil praticamente dobrou o número de atividades desenvolvidas para a promoção internacional do vinho brasileiro. Foram 81 ações distribuídas em projetos de promoção comercial, posicionamento e imagem, informação, apoio à produção, qualidade e disponibilização de informação, frente a 43 ações realizadas em 2011. Nessa contabilidade entram oito feiras internacionais, oito projetos compradores, 10 edições do projeto imagem com jornalistas e formadores de opinião estrangeiros, oito Master Classes e 32 edições de degustações com público especializado, entre outras atividades. Para 2013, a meta estabelecida pelo projeto é atingir US$ 5,3 milhões em exportações. “Em 2013 queremos participar efetivamente do mercado de Estados Unidos, China, Reino Unido e Alemanha para, daqui a dois anos, nos tornarmos uma opção presente na cabeça dos consumidores desses países”, explica a diretora de promoção do Ibravin, Andreia Gentilini Milan.
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Vinícolas comemoram crescimento em volume e valor exportado
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Produtores celebram a safra As empresas gaúchas comemoram os bons resultados dos parreirais. Apesar da redução na produção, a produtividade foi excelente, ressaltando as características de cada terroir
Uva supera em qualidade os resultados do ano anterior SALTON/DIVULGAÇÃO/JC
O enólogo Gabriel Carissimi, da vinícola Garibaldi, destaca que o índice de maturação fenólica das uvas ficou bem acima do índice da safra anterior, o que indica vinhos de bom teor alcoólico e, consequentemente, bem estruturados, com elegância ao paladar. “As condições climáticas permitiram que as uvas colhidas neste ano apresentassem um alto nível de sanidade, resultando em vinhos e espumantes de aromas intensos e de ótimo equilíbrio ao paladar”, aponta Carissimi ao destacar também que os vinhos brancos deverão ter como característica fundamental a sutileza e a refrescância ao paladar. O inverno mais seco e ameno registrado no ano passado acelerou o processo de maturação das frutas e, por conta disso, a colheita se
encerrou mais cedo para os 327 cooperados da Garibaldi. Além dos vinhos e espumantes, a expectativa é de uma ótima produção de suco de uva, pois este apresentará
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As uvas brancas merecem um destaque à parte, pois originaram vinhos brancos e espumantes de boa acidez e altíssimo nível. Os vinhos da safra 2013 que já foram colocados no mercado (Gamay, Volpi Gewurztraminer e Volpi Sauvignon Blanc) receberam ótima aceitação dos paladares brasileiros e internacionais. “Vale destacar também que recebemos as primeiras uvas provenientes dos 108 hectares próprios já plantados em Santana do Livramento”, explica o dirigente. Nessa primeira safra das terras de Santana do Livramento, foram recebidos 200 mil quilos de uva.
Expectativa positiva também na produção de suco, com o tipo Isabel
uma concentração de compostos fenólicos (antioxidantes) acima da média, o que impulsiona para um estilo de vida mais saudável ao consumidor.
Vinhos 2013 terão bom equilíbrio
Uvas brancas originaram vinhos e espumantes de boa acidez
O diretor-presidente da Salton, Daniel Salton, classifica o ano de 2013 como excepcional em termos de qualidade. “Devido às condições climáticas de 2012, com poucas chuvas e um inverno ameno, a safra deste ano maturou antes e proporcionou uvas de excelente qualidade - extremamente aromáticas, com muita cor e sabor, ideais para a elaboração de vinhos longevos”, afirma o executivo. Foram recebidos 15,5 milhões de quilos de uvas na vinícola. Desse total, 9,7 milhões de quilos foram de uvas brancas (61%) e 6,2 milhões de uvas tintas (39%).
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Aroma, cor e sabor foram excepcionais
Uvas como a Cabernet Sauvignon permitem a produção de vinhos de ótima qualidade
Conforme o enólogo da vinícola Miolo, Miguel Ângelo Vicente Almeida, em geral a vindima de 2013 permitiu que a vinícola pudesse produzir vinhos muito bons, base espumante, de aroma franco e limpo, de sabor fresco e de equilíbrio ácido. “Além de ótimos vinhos brancos, nariz frutado e intenso, de bom equilíbrio ácido”, afirma Almeida. Já os tintos têm características jovens, cor de intensidade média, aroma frutado e limpo, de médio volume de boca e mediana estrutura polifenólica. “São tintos para serem consumidos jovens e sem grandes estágios em madeira, em suma, aquilo que o consumidor atual procura”, completa.
Merlot e Chardonnay alcançam excelência Um dos grandes diferenciais da safra 2013 de uvas no Estado foi a excelente resposta das variedades Merlot, que por serem mais precoces se beneficiaram da
falta de chuvas e das temperaturas na medida certa. “As uvas mais tardias já sofreram com as chuvas, nebulosidade e consequente falta de sol, o que deixa
o grão encharcado e componentes diluídos”, explica o enólogo Adolfo Lona, proprietário da vinícola Adolfo Lona. Entre as brancas, o destaque ficou por
conta das variedades Chardonnay. “Não se pode falar em uma safra excepcional, mas boa, que renderá bons espumantes”, observa.
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Miolo investe na consolidação de seus produtos no mercado A Miolo Wine Group elegeu o ano de 2013 para apresentar ao mercado suas novas safras de vinhos. Após passar um longo período focada em inovar, com lançamentos de novas variedades nos diferentes terroirs, a empresa agora trabalha na consolidação desses produtos, especialmente no que diz respeito ao aprimoramento contínuo de cada variedade e a uma melhor distribuição, para que as novidades cheguem às gôndolas de todo o País. O diretor da empresa, Antônio Miolo, destaca o Testardi Syrah 2011, lançado no ano passado, durante a Expovinis, e eleito o Top 10 da Feira. “Trata‑se de um vinho elaborado com a casta Syrah, variedade que melhor adaptou-se ao terroir da
região do Vale do São Francisco, na Bahia. É elaborado pelo processo artesanal de colheita e desengace, fermentação integral dentro de barricas novas de carvalho, nas quais envelhece por 12 meses”, diz o executivo. Segundo ele, a fermentação integral confere a esse vinho uma característica bastante complexa se comparado aos demais produtos da carta. Ele apresenta um bom corpo, taninos redondos, macios e bem integrados na boca. “Cremos que com esse exemplar vamos provar que o Vale do São Francisco pode elaborar vinhos com estilo diferenciado.” O vinho Tannat Vinhas Velhas 2012, elaborado pela Vinícola Almadén na região da Campanha Gaúcha, é oriundo das videiras em espaldeira mais
antigas do País, com mais de 35 anos. “Este vinho é a prova de que é possível vinificar pequenas e limitadas produções numa empresa de grande escala.” Miolo também destaca os vinhos Lote 43, safra 2011, o Sesmarias, safra 2011, e o Quinta do Seival Alvarinho, 2012. “O ano que passou também foi de abertura de novos mercados. Os produtos destaque foram os da linha Almadén, que tiveram grande sucesso, seguidos pela linha Seleção, espumantes Terranova, e vinhos superpremium do projeto Terroirs do Brasil”, diz. Novas variedades nos vinhedos permitem desenvolver sabores diferenciados, afirma Antônio Miolo
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Pizzato apresenta nova edição do DNA 99
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Adolfo Lona traz versão baby do Brut Rosé “Fizemos um estudo durante alguns anos até lançar esse produto e verificamos que são muitos os clientes de restaurantes que não conseguem beber a garrafa inteira”, diz o enólogo e diretor da vinícola, Adolfo Lona. A garrafa equivale a duas taças médias e terá como diferencial a praticidade da tampa screw cap. A novidade já chegou no mercado e terá, neste primeiro momento, apenas a opção do Brut Rosé. “Vamos fazer o teste com esse espumante que é o que comercializamos em maior volume”, afirma Lona. Outra novidade da vinícola é o lançamento de um lote de 600 garrafas da Orus 2013, um nature rosé com ciclo de 24 meses – 12 meses de leveduras e 12 de envelhecimento na rolha – para ganhar maciez e chegar ao ponto certo. Lona destaca ainda o Brut Rosé produzido pelo método champenoise, com ciclo de 18 meses, mais complexo e mais gastronômico. “Serão uvas Pinot e Merlot vinificadas em rosé”, explica.
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Muitos consumidores costumam, inclusive, beber espumantes sozinhos com o simples intuito de relaxar. Foi pensando nesse público e no aumento do consumo de espumantes no País que a Adolfo Lona lançou a versão baby do Brut Rosé, uma garrafa de 187 ml, voltada para consumidores em geral e restaurantes. JOÃO MATTOS/JC
Foi-se o tempo em que se bebia espumante apenas em grandes festas e comemorações. O consumo da bebida vem sendo desmistificado, e muitas pessoas se acostumaram a abrir uma garrafa sem que necessariamente fosse preciso um motivo especial, além da vontade por si só de degustar a bebida.
Empresa investiu em produtos com maior amadurecimento, destaca Jane
Vinhos rosados são destaque na produção comandada pelo enólogo Adolfo Lona
A Vinícola Aurora lançou, neste ano, seu segundo vinho com Indicação de Procedência (IP), com o terroir de Pinto Bandeira, região de Vinhos de Montanha. O Aurora Pinot Noir Pinto Bandeira 2012 tem a expressão mais legítima da localidade onde foi produzido, considerada a melhor do País para o cultivo desta variedade, além de Chardonnay e Riesling, muito usadas na elaboração de espumantes. “A 730 metros do nível do mar, a região foi escolhida pela Aurora para cultivar uvas destinadas à produção de vinhos de altíssima qualidade”, afirma o diretor-geral da Aurora, Alem Guerra. O primeiro vinho a ganhar IP foi o Aurora Pinto Bandeira Chardonnay Safra 2011. Outra novidade para este ano são a Frisante Saint Germain e a Espumante Aurora Brut. Além disso, a vinícola leva ao mercado a sua linha de sucos de uva integrais em nova garrafa exclusiva, quadrada e na cor verde. A Aurora é líder no segmento
de sucos no mercado nacional. Entre os investimentos para este ano, a vinícola destaca a nova linha de envase tribloco, a prensa contínua e os tanques de inox, totalizando investimento de mais de R$ 5,5 milhões. O crescimento de 15% nas vendas de espumantes e de 25% na linha de sucos no ano que passou é mais uma boa notícia. “Foi excelente frente ao quadro econômico do ano passado. Comemoramos ainda a conquista de 43 medalhas em concursos internacionais de vinhos, mantendonos como a vinícola brasileira mais premiada, acumulando 388 medalhas para nossos vinhos e espumantes”, diz Guerra. O executivo destaca, ainda, que o consumidor brasileiro está mais exigente, buscando entender e aprender sobre vinhos. “Ele exige qualidade, informação e, felizmente, está em pleno descobrimento e valorização da qualidade dos vinhos e espumantes brasileiros”, comenta.
MAJOLA FOTOGRAFIA/DIVULGAÇÃO/JC
Aurora lança Pinot Noir com Indicação de Procedência
Guerra considera excelente o crescimento de 15% nas vendas, registrado em 2012
Desde a vinda do imigrante italiano Antonio Pizzato dos arredores da cidade de Vicenza, Vêneto, para Bento Gonçalves, na década de 1880, o vinho faz parte do DNA da família Pizzato. E para fazer jus a essa tradição, a empresa celebra o relançamento do vinho comemorativo DNA 99 colheita 2008, lançado em 2005 e que será reeditado este ano. “Para a produção desta bebida, usamos apenas uvas Merlot, oriundas de safras ótimas que permitem vinificações excelentes”, diz a sócia e diretora comercial da vinícola, Jane Pizzato. Segundo ela, o DNA é um vinho com mais estrutura, mais tempo de barrica e amadurecimento entre oito e 12 anos. “Já na primeira edição desse vinho, conseguimos um produto vivo, com fruta presente”, comenta. Jane também destacou o lançamento do Alicante Bouschet 2013, bebida estruturada, resultado de um cruzamento de uvas francesas e espanholas. “Trata-se de um vinho de estudo que ainda está em fase de experimentação, mas que tem obtido ótimos resultados”, aponta. Outro destaque fica por conta do Pizzato Chardonnay, vinho límpido e que no olfato apresenta aromas intensos de maçã, pêra, damasco e abacaxi. É leve, tropical, com toque de flores brancas e traços minerais. “É ideal para harmonizar com peixes, massas brancas, pratos leves pouco condimentados, saladas frias e frutos do mar”, sugere Jane. Entre os espumantes, destaque para o Brut Branco e Brut Rosé, que serão lançados neste ano e com Denominação de Origem.
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três anos de pesquisas e estudos ligados ao comportamento do consumidor para se chegar a uma linha de produtos que se apresentam como vinhos fáceis de beber e de relação qualidade/satisfação rapidamente reconhecida pelo apreciador. Além do vinho branco, a vinícola também lança uma versão Merlot e um espumante Garibaldi Acordes ExtraBrut Tradicional, elaborado pelo método champenoise, com 70% Chardonnay e 30% Pinot Noir. Baseado em metodologias francesas, o espumante denota uma coloração amarelo-palha com reflexos dourados e apresenta um ótimo desprendimento de perlage, formando borbulhas finas e numerosas. No olfato, apresenta uma delicada mistura de frutas secas, como damasco e amêndoas, com notas de torrefação. Na boca revela-se cremoso e estruturado, com boa acidez e ótima persistência. Sua cremosidade permite que seja servido em companhia de pratos estruturados e condimentados, carnes de caça, risotos, queijos e massas com os mais variados complementos. Serão apenas 3 mil garrafas de cada rótulo, que usará exclusivamente uvas colhidas em safras de alta qualidade. “A nossa aposta é no segmento on trade, no qual os produtos são vendidos e consumidos no mesmo local, especialmente em restaurantes com vocação gastronômica”, afirma Ló. O rótulo é ilustrado com aves brasileiras que formam acordes musicais. “Há três anos preparamos esse lançamento como a revelação de uma obra‑prima”, comenta.
Ló compara a combinação de sabores à harmonia de uma orquestra JOÃO MATTOS/JC
Uma linha de vinhos e espumantes elaborada com os cuidados de um artesão. Assim é a Acordes, grande novidade da vinícola Garibaldi para o ano de 2013. Entre os destaques, está o Acordes Chardonnay, primeiro vinho branco ícone da Garibaldi. Os vinhedos são cultivados na Região do Vale dos Vinhedos, onde são selecionadas as melhores “parcelas” para serem vinificadas com exclusividade. Conforme o presidente da Garibaldi, Oscar Ló, o vinho apresenta-se límpido, com boa tonalidade de cor - que vai do amarelo-esverdeado ao palha. No aroma lembra abacaxi em calda, fruta cítrica, baunilha e manteiga. Na boca revela média intensidade, boa untuosidade e ótima cremosidade, com ótimo equilíbrio. “Sua boa composição alcoólica permite combinações com aves, peixes condimentados ou grelhados, peixes gordurosos, massas com molhos vermelhos e molhos a base de cogumelos e nozes”, explica. Acompanha, também, queijos duros e maduros, como o grana padano ou gouda maduro. Ló revela que o projeto Acordes trabalha com castas regionais de uvas e que o projeto nasceu de uma demanda antiga da Garibaldi para atender ao consumidor de vinhos tradicionais, frente ao “renascimento de uma camada de consumidores cada vez mais conhecedora de vinhos”, explica o executivo. O nome Acordes traduz um sentimento épico, como o desenrolar de uma orquestra, a revelação de uma obra-prima, ritual muito semelhante ao de beber o vinho. Segundo o presidente, foram
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Garibaldi lança linha Acordes
Empresa está investindo em diferentes castas de uvas para compor seus lançamentos
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Boscato destaca a delicadeza do Sauvignon Blanc
VINÍCOLAS
Lançamentos e novos investimentos marcam o ano da Salton ALBAARTE/DIVULGAÇÃO/JC
Um vinho de personalidade, delicado e elegante. É com esses adjetivos que o proprietário e enólogo da Boscato, Clóvis Boscato, classifica o Sauvignon Blanc safra 2013 da vinícola, cujo lançamento contará com 14 mil garrafas. “Trata-se de um vinho com grande frescor, e por isso pede pratos leves. É um ótimo acompanhamento para peixes grelhados, frutos do mar, saladas de folhas, queijos gouda e emmental, massas com molhos leves e aromáticos”, diz. Segundo Boscato, a vinícola buscava uma uva que tivesse destaque no mundo todo e que ao mesmo tempo fosse pouco difundida no Brasil. “Nossa Sauvignon Blanc vem de Pinheiro Machado, já que é difícil conseguir cultivá-la na Serra”. Outro destaque da vinícola em 2013 será a reedição do vinho Boscato Rosé, com cortes Cabernet
Daniel Salton colhe os frutos de um ano repleto de premiações
te na elaboração de espumantes e vinhos finos. Entre os produtos, muitas novidades podem ser esperadas para este ano. A empresa já lançou a linha Salton Intenso para o mercado interno, além do Salton Gerações Paulo Salton. “Trata-se de uma homenagem ao primogênito da família Paulo Salton, que foi o responsável pela fundação da vinícola, em 1910. Foram elaboradas 13 mil garrafas numeradas do vinho Paulo Salton, safra 2009, com 40% de Cabernet Sauvignon, 40% Mer-
lot e 20% Cabernet Franc”, ressalta. O empresário considera que o ano de 2012 foi “bastante frutífero para nossas parreiras: conquistamos 20 prêmios, somos líderes no mercado de espumantes nacional há seis anos consecutivos, com 33% de participação de mercado. Ao todo, foram produzidas 7,5 milhões de garrafas de espumantes em 2012. No mercado de vinhos, ocupamos 8% do montante vendido no País e, mesmo com um inverno quente, conseguimos manter a expectativa de comercialização”.
MARCO QUINTANA/JC
Empresa está investindo em bebidas com maior tempo de leveduras
A demanda crescente por vinhos e espumantes rosé, especialmente pelo público feminino, levou a Peterlongo a apostar em 2013 no espumante Brut Rosé, elaborado com uvas Pinot Noir produzidas em Encruzilhada do Sul. Conforme o enólogo da empresa, Ricardo Morari, a Serra do Sudeste vem despontando como um novo terroir brasileiro, propício ao cultivo de uvas finas. “Este espumante apresenta excelente intensidade de aromas, com paladar fresco e cremoso, representando as características daquela região”, destaca. Além disso, a Peterlongo modernizou a linha de frisantes, com o lançamento da embalagem clean, com impressão do rótulo em serigrafia e tampa com fechamento screw cap. Este produto foi elaborado por fermentação natural, o que o diferencia de grande parte dos frisantes encontrados no mercado. Nas versões branco, produzido com 100% de Moscato Branco, e rosé, com 95% Moscato Branco e 5% Merlot, a bebida tem aromas intensos de moscatéis e paladar suave e fresco,
ótimos para um happy hour. Ao avaliar o ano de 2012, Morari destaca o crescimento de 15% nas vendas de espumantes e também o aumento da comercialização de suco de uva integral (branco e tinto) e da linha sem álcool Must (branco e rosé). O enólogo ressalta ainda o que ele considera uma mudança importante na cultura sobre o consumo de espumantes. “Cada dia mais o consumidor quer entender sobre o que está degustando, quais uvas foram utilizadas, qual a safra, qual o método de elaboração. Isso lhe dá prazer e lhe confere um maior conhecimento para poder falar sobre vinhos e espumantes”, avalia. Morari ressalta ainda o crescimento em vendas e a aceitação pelo consumidor da linha Must, sem álcool, elaborada exclusivamente com suco de uva, sem aromas artificiais ou suco de outras frutas, considerado indispensável em tempos de Lei Seca. “Este produto atinge um público que tem restrições ao consumo de bebidas alcoólicas e também aos que estão dirigindo e não podem beber.”
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Para Morari, o consumidor está mais exigente e quer saber mais sobre o que está degustando
Vinhos da Perini se consagram com títulos pelo mundo afora
Clóvis Boscato: tipo de uva é pouco conhecido no Brasil
Viapiana completa linha Expressões com Merlot premium O inverno pede vinhos tintos, e a primavera, espumantes. Para atender ao gosto dos consumidores, que esperam cada vez mais dos produtos, a Viapiana aproveita o apelo de cada estação para lançar novos produtos: dois vinhos tintos e um espumante. O primeiro deles é o Viapiana Expressões Merlot, da linha Premium, com 12 meses de barrica, mais elaborado e que irá completar a linha Expressões, com foco na interatividade, pois apresenta um caça-palavras no rótulo. “É uma bebida de aroma frutado com predominância de frutas negras, como
Peterlongo aposta em espumante Brut Rosé
ameixa e amoras, toque de chocolate, menta e outras especiarias”, afirma o gerente comercial e de marketing da vinícola, César Curra. O vinho, segundo o gerente, traz o terroir característico de Flores da Cunha, região de Altos Montes. Outra novidade é o vinho jovem Corte V, produzido com uvas Merlot e Cabernet Sauvignon. “Entre os diferenciais desse lançamento, está a presença de obras de arte no rótulo, feitas pela artista plástica Cristiane Marcante, de Caxias do Sul”. O vinho tem como características aroma com boa
intensidade, notas agradáveis de frutas, sem presença de madeira. Em boca, se apresenta leve, média estrutura, taninos jovens, macio e equilibrado”. Para setembro deste ano, está previsto o lançamento do espumante Viapiana 558 dias, um Premium Chardonnay de 18 meses, com lote pequeno e, como o nome já diz, autólise em leveduras por 558 dias. “Hoje contamos com espumantes de no máximo 192 dias. Com mais tempo de leveduras, a bebida ganha mais estruturas, fica mais complexa, aromática e mais cremosa em boca”, diz.
O ano de 2013 está sendo considerado como um marco para a vinícola Perini pelos resultados de crítica e público do Perini Quatro 2009, que recebeu o título de Melhor Vinho Tinto da Serra Gaúcha, no Top Ten da Expovinis. “Recebemos destaque também para o Moscatel Casa Perini no concurso Vinalies Internationales, na França. Sem contar o
destaque do Perini Fração Única Merlot como melhor tinto no Concurso Internacional do Vinho Brasileiro”, comemora o gerente de marketing da Perini, Pablo Perini. Ele lembra que o “vinho nasce no vinhedo, passa a infância brincando em prensas e a adolescência em tanques, a idade adulta em barricas e na garrafa, para que, se for aprovado, fique eternizado no
coração e na memória dos apreciadores”. Entre os diferenciais da Perini, o executivo aponta o primeiro sistema de rastreabilidade completo dentro de uma vinícola brasileira, além de equipamentos de última geração de ponta a ponta do ciclo produtivo. “Atentamos para todos os passos e colocamos paixão na execução, esmerados PERINI/DIVULGAÇÃO/JC
“Outra novidade, nas terras da Salton em Santana do Livramento, é o início da construção da unidade de vinificação que irá atender à produção da vinícola e de seus parceiros daquela região. Ao todo, iremos aplicar em torno de R$ 45 milhões na Fronteira-Oeste nos próximos sete anos, por meio do cultivo de 450 hectares de vinhedos próprios”, destaca o empresário. Atualmente, em um total de 110 hectares de terra, já foram plantadas as variedades Chardonay e Pinot Noir, utilizadas principalmen-
BOSCATO/DIVULGAÇÃO/JC
O ano de 2013 está sendo intenso para a vinícola Salton, tanto em termos de lançamento de produtos como de novos investimentos e ampliações. O diretor-presidente da vinícola, Daniel Salton, destaca as modificações que estão sendo feitas na unidade de Bento Gonçalves com a ampliação das caves para elaboração do espumante pelo método champenoise e a construção de uma nova cave, voltada para o armazenamento de vinhos que descansam em garrafa e que será destaque no turismo local.
Sauvignon e Merlot e que tem tido grande aceitação do público feminino. “No ano passado, o produto foi vendido rapidamente, passamos de outubro a abril sem rosé no mercado. E as mulheres têm apreciado muito, especialmente pela cor avermelhada, que deixa o vinho mais elegante”, avalia. Boscato diz que a edição 2013 do rosé terá “cara nova”, com cores mais próximas dos vinhos franceses, além de maior frescor, sem taninos, o que confere maior suavidade e a sensação de fruta fresca. Harmoniza com pizzas, peixes, carnes brancas, aves, massas com molhos de média intensidade e pratos delicados. Para apreciar as qualidades do Boscato Rosé por inteiro, o enólogo sugere observar a temperatura indicada, entre 10°C e 12°C, mantendo a garrafa no gelo durante o consumo, se necessário.
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Marca desenvolvida para o paladar americano também agradará brasileiros, acredita Pablo Perini
no trabalho do início ao fim. Sem saudosismo, mas com devoção à terra e trabalho árduo. Esses fatores nos permitem ter uma proposta de vinhos elegantes, agradáveis e com um algo mais”, diz Perini. Ele destaca outro lançamento importante da vinícola, a linha de vinhos finos Macaw, que chegou primeiramente ao mercado norte-americano, com um apelo jovem e o objetivo de desmistificar o consumo do vinho. “Agora essa marca começa a entrar no Brasil, com uma proposta totalmente inovadora para o universo do vinho brasileiro”, afirma o executivo. O gerente de marketing diz que 2012 foi um ano de crescimento comercial para a Perini, com uma média de incremento de 30% nas vendas em relação ao ano anterior. Foi possível expandir a área geográfica e ampliar a participação com mix de produtos. “A linha de vinhos finos teve boa penetração, com destaque para a linha Arbo, além da ótima receptividade da Perini Fração Única e do vinho ícone Perini Quatro em canais especiais, juntamente com os Sucos Varietais Premium Perini. Além disso, os espumantes permanecem numa crescente constante.”
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VINÍCOLAS
Luiz Argenta oferece o luxo do Gran Reserva O luxo engarrafado na forma de vinho. Assim são os lançamentos da vinícola Luiz Argenta, um desafio aos sentidos para quem degustar o Luiz Argenta Gran Reserva Merlot e o Luiz Argenta Gran Reserva Cabernet Sauvignon, ambos da Safra 2009. “Com nome e sobrenome, esses vinhos representam todo esforço e dedicação da vinícola na elaboração de vinhos nobres a partir de safras excepcionais. São vinhos únicos, estruturados, evoluídos”, diz o proprietário da vinícola, Deunir Argenta. Segundo ele, tratam-se de vinhos elaborados a partir de uma seleção especial de uvas da safra 2009, com produção limitada de um quilo por planta. Depois de colhidas, as uvas e bagas passaram por um processo
de seleção, dando início à vinificação e permanecendo em maceração por aproximadamente 15 dias com temperatura controlada em 26ºC. Após a fermentação, o vinho foi maturado em barricas de carvalho francês por 12 meses para depois ser submetido ao processo de engarrafamento. Sua maturação foi finalizada na cave da vinícola por mais um ano na garrafa com temperatura e umidade controladas. Cada lote chega com 4 mil garrafas apenas, uma partilha extremamente limitada que nasceu do acompanhamento diário do enólogo. A garrafa italiana sofisticada traz como diferencial um design novo, totalmente repaginada, com nova identidade visual. Focada no mercado de luxo, a vinícola promete também para este ano o
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Novos produtos terão lotes limitados, afirma Deunir Argenta
lançamento de outros produtos na mesma linha, todos com lotes limitados que vão de 100 a 4 mil garrafas. “Ainda estão por vir um vinho elaborado pelo método dos amarones italianos, um espumante de 36 meses, um brandy e um passito”, adianta Argenta. Atualmente, a vinícola divide sua produção em três linhas, cada uma
com características únicas: a LA Jovem apresenta design arrojado, esbanjando jovialidade e leveza a partir de vinhos mais descontraídos; a LA traz vinhos de aromas e sabores incomparáveis; e a Luiz Argenta indica os vinhos mais sofisticados, elaborados a partir de safras excepcionais.
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Valduga lança Pinot de alta gama
Além de manter um complexo enoturístico em Bento, a empresa desenvolve produtos diferenciados no terroir de Encruzilhada do Sul
O terroir de Encruzilhada do Sul é a marca registrada do vinho Identidade Premium Pinot Noir, uns dos lançamentos da Casa Valduga para 2013. “Tratase de uma bebida produzida com o varietal Entav 777, só utilizado para vinho de alta gama”, afirma o diretor geral e enólogo da Casa Valduga, João Valduga. O vinho foi produzido numa região que se diferencia por uma maior insolação dos vinhedos, baixa produtividade – que resulta em vinhos mais encorpados e que levou quatro anos para ser produzido. “Passou
por maturação de 8 meses em barricas de carvalho francês e se caracteriza por ser um vinho de coloração intensa e brilhante, vermelho-rubi com reflexos cereja”, ressalta Valduga. Ao olfato o vinho tem bouquet complexo que lembra frutas como cereja e morango, aliados a aromas de marmelo, anis, tabaco e um leve toque mentolado. Em boca é macio e elegante com taninos leves, refrescante, persistente e de retrogosto longo e marcante. Outra novidade para este ano é a ampliação em
10 hectares da área cultivada com Chardonnay, com quatro hectares a mais, e seis hectares de Pinot Noir. “Serão material genético certificado e importado da França. Dos 240 hectares cultivados hoje passaremos para 250. Com o início do cultivo feito agora teremos produção daqui a três anos”, revela Valduga. O empresário informou ainda que a vinícola investiu 2 milhões de euros para a compra de uma nova linha de engarrafadoras de origem francesa e italiana e que trabalha com o método champenoise.
Um lote limitado de seis mil garrafas para que, pelo menos, seis mil felizardos possam degustar um dos vinhos mais tradicionais da Dal Pizzol. Ao completar 28 anos de mercado, o Gamay Beaujolais chega à safra 2013 com um leve aumento do teor alcoólico, passando a 12,5%. “Trata-se de uma bebida jovem, leve e frutada que conquista cada vez mais seu público”, afirma o enólogo da vinícola, Dirceu Scottá. O lote 2012 esgotou-se ainda em janeiro deste ano, demonstrando uma mudança comportamental do consumidor.
“Percebe-se que a procura aumenta por vinhos mais fáceis de beber, mais leves e que envolvam paladares mais jovens”, justifica. A harmonização gastronômica é simples e pode ser feita com pratos leves, como peixes, massas e carnes com molhos pouco condimentados. Scottá destaca ainda o lançamento do vinho Retrato safra 2013 e faz suspense sobre um novo produto que a vinícola lançará ainda neste ano, quando a Dal Pizzol completa 40 anos. “Trata-se de um produto super Premium, bem acima da linha normal, mas que ainda deve
ser mantido em segredo”, diz. A safra 2013 chega ao mercado com um terroir característico de uma safra terroir. As uvas foram colhidas em Guaporé por agricultores parceiros da vinícola, que seguem à risca o controle de qualidade exigido pela Dal Pizzol. Essa parceria também contempla uma tabela de benefícios conforme a qualidade e tratos culturais implementados no vinhedo para cada safra. Scottá afirma que aumenta procura por vinhos mais leves
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Dal Pizzol investe na tradição do Gamay Beaujolais
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Brut Documento marca o Espumante Retrato é ano para a Dom Cândido destaque da Courmayeur
Procura por vinhos com Denominação de Origem deve crescer, projeta Valduga
Cândido, Roberto Valduga, a empresa está investindo em vinhos a partir de variedades novas de uvas, iniciativa cujos detalhes Valduga ainda prefere deixar em segredo. “Estamos investindo em novos produtos, cada vez mais atentos às exigências dos consumidores de vinhos. Eles estão se tornando conhecedores de vinhos e identificando as diferenças entre eles”. Com a Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos, para Valduga, os vinhos Merlot e Chardonnay terão uma procura maior nos próximos anos e também os espumantes por “serem considerados entre os melhores do mundo”. O empresário informa, ainda, que a vinícola contará, em 2013, com novos investimentos em maquinários e ampliação nos parreirais, projetando um crescimento em torno de 20% nas vendas. Em 2012, a empresa atingiu as expectativas de comercialização, registrando incremento de 10% em relação a 2011. O principal destaque foi o vinho 4ª Geração Marselan, que em 2013 foi eleito o Melhor Marselan do Brasil pelo Anuário de Vinhos do Brasil.
Um dos poucos espumantes safrados do mercado. Assim é o Courmayeur Retrato, um dos grandes destaques da vinícola para 2013, elaborado com uvas Chardonnay da safra de 2011, provenientes de um único vinhedo. O DANIEL SHÜÜR/DIVULGAÇÃO/JC
JOÃO MATTOS/JC
As notas de especiarias delicadas como amêndoas e flores secas são alguns dos diferenciais da grande novidade da vinícola Dom Cândido para o ano de 2013, o espumante Brut Documento. Produzido com uvas Chardonnay, através do método tradicional, a bebida tem aspecto límpido, coloração amarelo‑palha, perlage fina e persistente. Segundo o diretor da Dom
diretor da empresa, Mário Verzeletti, diz que muitos dos investimentos realizados pela Courmayeur estão voltados para a modernização de suas instalações, com foco nos espumantes, cuja linha conta com sete tipos diferentes. Na linha de vinhos, a empresa optou por comercializar produtos com rótulos modernos que levam a marca Acclamé. Esta linha é composta pelos varietais Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e um corte de Cabernet/Merlot demi-sec. Todos levam o fechamento screw-cap, considerado como tendência mundial em vedação de vinhos. “Possuímos também uma linha de frisantes, com destaque para o legítimo Lambrusco, elaborado pelo método charmat com uvas tintas Lambrusco originárias da Itália”, explica. O executivo destaca que, quanto ao mercado futuro, existe um quadro preocupante para o setor, motivado pelas dificuldades de concorrer com vinhos importados. Empresa concentra investimentos na modernização de instalações
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Terroir garante sucesso de novos produtos
OPINIÃO
A Campanha em busca dos seus vinhos ícones SALTON/DIVULGAÇÃO/JC
A centenária Salton, de Tuiuty, em Bento Gonçalves, está investindo R$ 45 milhões na área de 700 hectares que possui em Livramento para produzir Chardonnay, Sauvignon Blanc e Pinot Grigio, mas também muitos tintos, como Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Tannat, Gamay, Teroldego e Marselan. O presidente, Daniel Salton, exalta as qualidades da região: “O terroir da Campanha possui solos bem drenados e derivados de arenito e granito – pobres em matéria orgânica e classificados entre novos e intermediários, de grande qualidade para o desenvolvimento dos vinhedos. É a região mais seca entre as regiões produtoras de uva, o que favorece a maturação da fruta e propicia a elaboração de vinhos tranquilos, com baixa acidez e menor necessidade de tratamentos. As uvas produzidas nessa zona caracterizam-se por uma graduação alcoólica maior, em função da grande amplitude térmica – dias quentes e noites frias, originadas pelo fator continentalidade.” Já o enólogo português Miguel Ângelo Vicente Almeida, do Grupo Miolo, diz que a Campanha gaúcha é a expressão máxima da natureza adaptada a produzir vinhos de qualidade. Além das características do solo, o relevo em planície, com suaves coxilhas, permite grande uniformidade de estados fenológicos e de maturação; o clima quente de noites temperadas e subúmido, verões quentes e secos (40°C) e invernos bastante rigorosos (-4°C), com geadas agrestes, permite vinhos frutados e equilibrados. As chuvas são ideais, com precipitação de 1.100 mm/ano e 200 mm no verão, que permite vinhos concentrados.
A Danilo Ucha
região vitivinícola da Campanha, no Rio Grande do Sul, é relativamente nova se exceptuarmos a Almadén, pioneira nos tempos modernos, com 36 anos. A grande maioria das 18 vinícolas que constituem o novo universo do vinho gaúcho nasceu nos últimos 10 anos, ainda faz experiências com varietais, mas já produziu vinhos de excelência, inclusive premiados internacionalmente. Como se vive um período de infância, é difícil definir se os diferentes terroirs (uns a mais de 300km dos outros) serão usados para vinhos tintos, brancos ou espumantes. Há quem diga que o ideal seria produzir só tintos, outros garantem que há brancos excepcionais, e algumas empresas estrangeiras estudam a região para produzir espumantes. Experientes enólogos, como Adriano Miolo, do Miolo Wine Group, apostam em uvas tintas como Touriga Nacional e Tannat. Daniel Salton, da centenária Salton, de Bento Gonçalves, já produz vinho base de espumante em Santana
do Livramento. O enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, da Guatambu, produz espumantes, inclusive rosé, em Dom Pedrito. Jovens e pequenos empreendedores, como Paulo Roberto Ribeiro Menezes, da Rio Velho, em Rosário do Sul, que passou a se dedicar à vitivinicultura em 2002, não teme opinar “entre os mais velhos”. Acha que a Tannat - apesar do Uruguai se considerar seu dono - “é a uva”. Diz que, em breve, a Campanha vai desbancar os vinhos Tannat uruguaios, menos os da Carrau, que veio produzi-los também na região e que tem vinícolas em Rivera, Uruguai e Santana do Livramento, no Brasil, uma diante da outra sobre a linha divisória. A maioria dos Tannat uruguaios vêm do sul do país, bons, mas muito rascantes, que precisam de anos em barrica ou garrafa para amaciar. O Tannat Vinhas Velhas 2012, da Almaden, é perfeitamente bebível com um ano só de vinificação, assim como os da Rio Velho e da Guatambu. Outros tintos, como Cabernet Sauvignon e Merlot, embora exijam cortes, podem ser ícones na Campanha. O Cabernet Franc ainda não se
apresentou muito bom na fronteira e creio que só a Dunamis, de Dom Pedrito, apresenta um. Uma uva relativamente nova no País, a Arinarnoa, pode ter futuro na região, pois tem tudo que a Tannat tem, principalmente cor e grau. A Pinot Noir está sendo cultivada mais para base de espumante, mas a Santa Colina (hoje da Aliança), em Livramento, tem um 2011 muito interessante. A Pinotage produz muito bem, segundo a vinícola Rigo, de Dom Pedrito. Em Itaqui, a Campos de Cima faz um excelente Rubi Cabernet. A Campanha, segundo Paulo Roberto Menezes, “tem uvas de grande qualidade e excelentes graus Brix, o que precisamos é de mais enólogos livres para criarem cortes e sairmos da mesmice só dos varietais.” Entre os novos cortes, defende audácias como a de Alejandro Cardozo, que fez um espumante rosé para a Guatambu com uva Gewurztraminer, e a de Galvão Bueno, da Bellavista Estate, em Candiota, que elaborou um Bordeaux e largou o Cabernet Franc. “Vamos fazer grandes assamblages, fugir um pouco dos varietais. Quem sabe o grande vinho da Campanha ainda vai surgir”, afirma Menezes.
JOÃO MATTOS/JC
Propriedade da Salton em Santana do Livramento produz matéria prima para espumantes e tintos
Entre as variedades introduzidas na região está a Teroldego
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TENDÊNCIA
As mil faces da gastronomia Já faz algum tempo que a gastronomia transcendeu o espaço da cozinha, dos temperos e das panelas. Hoje ela aparece vinculada à arte, ao cinema, à literatura, e ganha grande mobilidade graças às redes sociais. Os chefs agora vão às casas das pessoas para ensiná-las a cozinhar. A gastronomia também se faz com design, com muita criatividade e, de preferência, conhecendo profundamente o gosto dos gourmands.
FOTOS MESA DE CINEMA/DIVULGAÇÃO/JC
Das telas para as panelas
Pratos do cardápio A festa de Babette, o mais clássico do Mesa de Cinema
Da literatura regada a vinhos e petiscos pitorescos ao cinema num projeto onde a proposta é “comer o filme”. O Mesa de Cinema é um espaço criado para valorizar a gastronomia e o cinema como arte, tratando-os como objetos de arte devem ser tratados”, diz a idealizadora do projeto, Rejane Martins. A cada edição, os espectadores assistem a um filme e logo após fazem uma refeição baseada no que foi visto na tela. “Os pratos são selecionados por mim e pelos chefs de acordo com a trama. Só trabalhamos com filmes que explicitem a gastronomia, ela não é um acidente de percurso, mas um elemento fundamental da trama”, explica. O cardápio mais clássico do Mesa de Cinema é o de A festa de Babette, pois o filme inteiro gira em torno de um único banquete e, na vida real, ele é reproduzido tal e qual: sopa da tartaruga, adaptada para ser ecologicamente correta, blinis a demidoff, caille au sarcoffage, salada de endívias e nozes, tábuas de queijos, frutas e babá ao rum. Alguns filmes são repetidos de acordo com a demanda do público. São mais de 50 títulos no repertório. O mais lembrado pelo público é A festa de Babette, inspiração inicial do Mesa de Cinema. Mas os filmes são inúmeros: Simplesmente Martha, Uma receita para a máfia, A grande noite, Vatel, Ratatouille, Um bom ano, Soul food, Chocolate,
Como água para chocolate, Estômago, Cuisine Americaine, Tempero da vida, Simplesmente complicado, Um sonho de amor, Comer beber viver, Dieta mediterrânea, Tapas, Fuera de Carta. Rejane diz que o projeto também é uma forma de protestar contra as verdadeiras orgias gastronômicas, os barulhos, as conversas que imperam nas salas de cinema. “Hoje em dia, ir ao cinema é doloroso para os amantes da sétima arte. As pessoas conversam como se estivessem num bar, comem, levantam, atendem celular, mandam mensagens como se aquela luzinha não perturbasse a concentração dos demais”, diz. Segundo ela, no Mesa de Cinema, cada ação tem seu tempo para que o prazer de cada uma seja respeitado. Na hora do filme, nada é servido, nem bebidas, nem comidas. É hora de absorver a obra com todos os sentidos ativados. Por outro lado, quando o almoço é servido, é hora de degustar, de absorver sabores, de curtir a harmonização e “comer o filme”, completa Rejane. O evento tem oito anos e realiza cerca de 10 edições anuais. Atualmente são realizadas edições no Sheraton Porto Alegre, mas o evento é itinerante e pode ir para o interior e para outros estados. Houve duas edições na França, além de Rio de Janeiro e São Paulo.
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TENDÊNCIA
A gastronomia pode ser um prato cheio para quem deseja empreender e buscar novas oportunidades de negócios. Esse foi justamente o tema de uma das edições 2013 do Jogo de Damas, encontro entre mulheres para falar de empreendedorismo, negócios e mercado de trabalho. O encontro, com o título Quando a Gula não é Pecado: Negócios em Gastronomia, reuniu cinco mulheres que têm a cozinha como foco de suas empresas: duas chefs, uma designer, uma jornalista e uma empresária. A sócia-fundadora do Destemperados, Lela Zaniol, deu uma aula sobre planejamento e identidade do público. “Nossa marca é de pessoas apaixonadas por experiências gastronômicas e sempre nos propomos a falar de consumidor para consumidor, conhecer nosso público, saber que tipo de fome ele vai ter”, diz. Lela diz que foram criados mandamentos para que os três sócios se mantenham nos trilhos, como pagarás a conta, abrirás as portas, não manipularás, serás legítimo, não avaliarás e não farás dieta. Para que o
negócio dê certo, é preciso ainda planejar - marketing, estratégia, branding, modelo de negócios antes de começar. “Claro que os planos se adaptam àquilo que acontece ao longo da trajetória do negócio, mas o planejamento prévio é fundamental para dar rumo”, afirma. Para negócios como o Destemperados, que produz conteúdo, Lela apontou as três características essenciais: diferenciação, legitimidade e relevância. “Hoje, com a internet, é fácil fazer um site e produzir conteúdo. O que vai fazer com que seu produto se destaque é o que conta”, ensina. O Destemperados possui uma fanpage com 35 mil fãs, na qual trocam ideias sobre experiências gastronômicas. A sócia da Barbarella Bakery - padaria conceito premiada de Porto Alegre - Ana Zita destaca que entre os segredos do sucesso está a qualidade do produto como quesito número um, seguido por toques de ousadia e criatividade. “Além disso, trabalhar com liberdade. É um privilégio poder ter meus
LISA ROOS FOTOGRAFIA/DIVULGAÇÃO/JC
A cozinha como escritório
Para Juliana, Lela, Ana, Andrea e Fabi, o paladar é paixão e trabalho ao mesmo tempo
horários e os meus desafios com mobilidade”, destaca. A chef e proprietária da Cookery Escola de Culinária Criativa, Andrea Schein, diz que quem faz o que gosta não precisa trabalhar. “Sempre fiz coisas misturadas no meu negócio e uma das que mais gosto é poder conhecer pessoas diferentes”, afirma.
Na área da comunicação visual e escrita foram apresentadas as experiências do quadro Arte na Cozinha, apresentado pela designer Fabi Penz, e da Agência Gastronomia RS, especializada em comunicação para empresas do ramo alimentício, dirigida pela jornalista Juliana Machado.
Para Fabi, a satisfação do cliente é muito importante, assim como criar a história do cardápio e outros detalhes. Já Juliana destaca a criatividade como ponto-chave para uma comunicação de efeito.
do autor – um baguette com gergelim, frango, cream cheese, picles de berinjela, tomate e molho curry. As referências à poesia do escritor também fazem parte da carta, com o Cows In Art Class, assim como aos
romances, como Pulp, ambos nomes de sanduíches, um com carne de panela e o outro com proteína de soja, quinua, cogumelos e ricota temperada. Todos chegam à mesa bem decorados e super apetitosos, aliando alguns dos grandes prazeres da vida: a boa gastronomia, acompanhada de um bom vinho e da boa literatura. A proposta do bar, inaugurado em 2011 pelos sócios Lourenço Gregianin Testa e Leônidas Rübenich, é oferecer comidinhas gostosas, regadas a drinks, chopps e vinhos, além de uma vasta biblioteca com os mais variados títulos. “Temos obras de Bukowski – claro – passando por vários clássicos da literatura Beat, poetas maldidos, Edgar Allan Poe, Dostoievski, obras que podem - e devem - ser lidas no local. Com certeza você não vai encontrar 50 Tons de Cinza ali”, disse Testa. A ideia é emprestar os livros para os frequentadores para que o bar seja um local onde se fale, se discuta, se “coma literatura.
“Tem muita gente que começou a ler e gostar de Bukowski depois de conhecer o bar. Outros perguntam quem é o senhor que aparece nos quadros das paredes, se interessam e pedem os livros pra ler”, diz Rübenich. A ideia de criar um bar temático focado no escritor germânico de nascimento e norte-americano de criação - foi inspirada no filme Barfly, cujo roteiro foi escrito por Bukowski. “O Barfly tem muito aquela coisa de ter o bar como se fosse uma segunda casa e foi nisso que pensamos, até porque somos boêmios natos e queríamos um lugar que gostássemos de ir todo dia, mas informal, ter uma relação direta com quem te atende, onde não se sentisse na mesmice”, afirmou Rübenich. No cardápio, sanduíches, um prato do dia e pratos para compartilhar, simples e específicos para pubs, os quais podem “ser comidos com as mãos, como o Bukowski comia, esquecendo a formalidade excessiva”, explica Testa.
À mesa com Bukowski
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Citações da vida e obra do escritor Charles Bukowski ocupam as páginas e páginas do cardápio do pub portoalegrense Dirty Old Man, dando nomes a diversos pratos que podem ser apreciados no local. Nomes
Petiscos, livros e retrato do autor atraem os clientes ao bar
como Buk’s Table – ou a mesa de Bukowski – um prato para aperitivar com queijos gorgonzola, gouda, paleta defumada, azeitonas verdes e pão tostado, Black Sparrow – nome da editora dos livros
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Que tal ter um chef de cuisine, na sua cozinha, ensinando vários segredos culinários? Se a ideia parece atraente, basta entregar suas panelas e temperos para o chef gaúcho Felippe Sica. Ele costuma levar toda sua experiência como gourmet para dentro da casa de seus clientes e ali, como um verdadeiro maestro, realiza os chamados jantares-aula, uma tendência cada vez mais difundida entre gourmands mundo afora. Sica explica que a ideia é deixar que as pessoas sugiram o cardápio que gostariam de aprender a fazer, que vão desde o bife com arroz e feijão, até pratos requintados, como nos jantares completos, desde a entrada até a sobremesa. O primeiro passo é um bate-papo com os alunos, para conhecer seus gostos, suas preferências. “Depois de escolhido o menu, vou às compras, pois gosto de trabalhar com os ingredientes fresquinhos, e sigo para a cozinha, onde ensino truques e alguns pulos do gato”, disse. Segundo Sica, entre os pratos preferidos estão comidas práticas, que possam ser preparadas rapidamente, nunca deixando de lado a preocupação com a saúde. “As pessoas querem aprender a fazer um filé com molho em 10 minutos e mais do que isso, querem perder o medo de ir para o fogão, desmistificar a cozinha e perder a timidez com as panelas”, diz o chef. Sica conta que usa muito as redes sociais – Facebook, Twitter, Instagram - para divulgar os jantares-aula e que, muitas vezes, é através delas que se formam os grupos. “Dou as aulas, mostro os pratos na web, os alunos mesmos postam e comentam e tenho um retorno muito bom. As redes permitem uma propagação sem fim e são uma ferramenta essencial para este trabalho com culinária”, diz Sica.
FREDY VIEIRA/JC
Um chef para chamar de seu
Nas aulas-jantar, Sica ensina truques valiosos que desmistificam a gastronomia
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GASTRONOMIA
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m algum lugar bucólico do planeta, em meio à natureza e ao aroma delicioso do forno e do fogão, agricultores, chefs e gourmands se reúnem para celebrar o alimento, desde a sua concepção, passando pela sua transformação, até sua degustação. Em mais uma edição do projeto Gastronômade, o que ocorre é uma ode à natureza, à cozinha e a todos que apreciam a boa gastronomia. “Queremos, acima de tudo, reconectar as pessoas com a origem dos seus alimentos”, afirma a fundadora do projeto no Brasil, Renata Runge. O projeto vem do conceito americano do Outstanding in the Field, criado em 1999 pelo chef e artista Jim Denevan. A proposta do Gastronômade é de ser um “restaurante sem paredes”, com banquetes a céu aberto, servindo comida sofisticada em grandes mesas coletivas e proporcionando aos comensais uma viagem de sabores. Outras facetas do evento incluem a oportunidade de sair da agitação dos centros urbanos, curtir paisagens deslumbrantes, conhecer produtos locais e alimentar as economias rurais. Renata afirma que os agricultores/produtores são peça fundamental nos eventos. “Nós queremos
valorizar esses produtores, mostrar aos gourmands brasileiros o valor do produto nacional. Existem produtos espetaculares sendo produzidos no Brasil e muita gente não os conhece”. No País, o conceito começou a ser difundido em março de 2012, quando foi realizada a primeira edição do evento, no Mosteiro Vila Fátima, em Florianópolis. Renata conta que o evento passa anualmente por mais de 80 pontos nos Estados Unidos e Canadá. Em 2011, foi feita uma turnê que passou por seis países europeus, incluindo Espanha, Dinamarca e Holanda. O Brasil é o primeiro país da América Latina a receber os eventos. O clima dos eventos, realizados em locais de beleza natural extravagante, é elegante e descontraído. Os participantes têm a oportunidade de conhecer a história do local onde o evento está sendo realizado antes de sentar à mesa para saborear o banquete. “A gastronomia itinerante chegou de vez ao Brasil. O público do Gastronômade gosta de viajar, de conhecer lugares novos e de viver experiências inusitadas. Querem comer bem, mas também aprender de onde vem aquilo que estão comendo e como podem fazer a diferença no planeta”, declara Renata.
CRIS BERGER/DIVULGAÇÃO/JC
Gastronômade, uma celebração de sentidos e sabores
Renata organiza banquetes em locais de grande beleza natural
Um cardápio para cada cenário seguindo uma formatação: três canapés, uma entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa. “O desafio é fazer esse cardápio especial e com o
máximo de ingredientes da região possível”, diz a fundadora do projeto no Brasil, Renata Runge. Sobre os critérios para a escolha dos locais para os banquetes, JULIA RAMOS/DIVULGAÇÃO/JC
A busca pelas “histórias e alma nos lugares” é prioridade no Gastronômade. Por isso, os chefs têm total liberdade para criarem os cardápios, sempre
Pratos valorizam ingredientes regionais
ela conta que os quesitos beleza natural, estrutura disponível e alinhamento com o conceito são determinantes. “Nosso país vive um momento de extrema valorização da gastronomia de terroir. Nas 12 edições anteriores, o evento destacou excepcionais produtores de insumos locais, cujos alimentos produzidos por eles foram transformados em obras de arte pelos top chefs”, afirma Renata. Só no primeiro semestre de 2013 foram realizados seis encontros, e serão outros seis no segundo semestre, com passagem por várias capitais, incluindo o Rio Grande do Sul. “Temos um carinho e uma admiração especial pelos gaúchos. Esta será a quarta edição do evento no Estado, sendo a localidade que mais vezes recebeu o Gastronômade, junto
com São Paulo.” A próxima etapa a ser realizada no Estado está marcada para 29 de setembro na La Hacienda, em Gramado, sob o comando do chef Floriano Spiess. “Estamos com o apoio de três maravilhosos produtores locais: Prawer, com seus chocolates artesanais gourmets e uma história de pioneirismo na produção de chocolates no Brasil, a Cave Geisse, com suas borbulhas espetaculares, e a Doces Carmem, que vem contar uma história de gerações envolvidas na produção de chutneys, doces e compotas”, diz Renata. Para a edição gaúcha, o primeiro lote de ingressos a R$ 239,00 por pessoa já está sendo vendido pelo site www. gastronomadebrasil.com. Serão três lotes disponíveis.
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Gastronomia Vinhos
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, sexta-feira, 28 de junho de 2013
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INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
A
Serra Gaúcha comemora importante conquista para o turismo e a economia local: a região de Altos Montes, que inclui os municípios de Flores da Cunha e de Nova Pádua, recebeu Indicação Geográfica (IG) para vinhos finos tranquilos e espumantes e se tornou a terceira localidade com esse diferencial no Brasil, depois do Vale dos Vinhedos e de Pinto Bandeira. O presidente da Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes), Deunir Argenta, sintetiza a importância da conquista e da possível obtenção, até o final de 2014, de mais duas IGs por Monte Belo e Farroupilha. “Significa
tornar-se mais competitivo frente aos concorrentes. Através das IGs valorizaremos mais os produtos e estimularemos o turismo e a cultura local”, diz Argenta. A vitivinicultura é pioneira em relação às IGs: a primeira brasileira reconhecida pelo INPI foi o Vale dos Vinhedos, em 2002. A Indicação de Procedência Altos Montes abrange 173,84 quilômetros quadrados (66,6% em Flores da Cunha e 33,4% em Nova Pádua), em áreas de uso vitícola que chegam a 885 metros de altura. A Apromontes, titular da Indicação de Procedência, é formada por 13 vinícolas: Boscato, Casa Venturini, Cooperativa Nova Aliança, Fabian, Fante, Luiz Argenta, Mioranza, Panizzon, Salvador, Terrasul, União de Vinhos, Valdemiz e Viapiana.
GILMAR GOMES/APROMONTES/DIVULGAÇÃO/JC
Dos Altos Montes, uma nova conquista para o Brasil
Distinção, reconhecida pelo INPI, é atribuída a apenas três localidades em todo o País
TURISMO
Villa Michelon de olho na Copa MICHELON/DIVULGAÇÃO/JC
Farina tem extensa programação o ano todo
hotel para 2013, ele destacou a realização de um grande passeio ciclístico pelo Vale dos Vinhedos, em setembro. Serão 4,5 km com dois pit stops, inclusive para degustação de uvas colhidas direto dos parreirais. Para o segundo semestre, estão programados vários pacotes para férias de inverno, Dia dos Pais, Independência, Dia das Crianças, Semana Farroupilha e os tradicionais pacotes de lua de mel. “Para o Natal e o Ano Novo também temos pacotes, os
Hotel só precisou de um investimento mínimo em pessoal para se adequar
quais já têm grande procura.” O Villa Michelon também preparou um espaço infantil, a Piazza Dei Bambini, com brinquedos como cama elástica e piscina de bolinhas. No final de janeiro, já é tradição a Festa de Abertura da Vindima, com a colheita das uvas dos parreirais do hotel e pisa das frutas, seguidos por um espetáculo de filó.
Na primavera, a programação também é intensa: de 6 de setembro a 17 de novembro haverá degustação de produtos e sessão de cinema, debate e jantar inspirados no filme Anahy de las Misiones no Arte in Tavola. “De domingo a quinta-feira, em outubro e novembro, vamos oferecer 25% de desconto nas diárias”, diz o diretor adjunto do hotel, Eduardo Farina.
FARINA PARK HOTEL/DIVULGAÇÃO/JC
O hotel Villa Michelon, de Bento Gonçalves, foi o primeiro a ser credenciado pela Fifa entre os hotéis para a Copa do Mundo de 2014. Conforme o proprietário Moysés Luiz Michelon, as exigências da federação foram mínimas, uma vez que o hotel já se encontrava dentro dos padrões. “Apenas intensificamos os treinamentos de mensageiros, recepcionistas, camareiras, além de contratarmos um novo chef de cozinha”, conta o empresário. Entre a programação do
A região serrana é um prato cheio para curtir paisagens deslumbrantes, degustar bons vinhos e provar de uma das melhores gastronomias do Estado. Uma das alternativas é o Farina Parque Hotel, localizado em Farroupilha e que oferece ampla programação durante todo o ano. Entre as novidades está o período Bento Sensação, com atrações até o dia 11 de agosto, com uma série de cursos, jantares e descontos.
Restaurante Arte in Tavola oferece sessões de cinema especiais
20 Porto Alegre, sexta-feira, 28 de junho de 2013
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