Vinhos & espumantes 2014

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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Caderno Especial do Jornal do ComĂŠrcio


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Com ares de festa, bebida ganha mais apreciadores

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Cores, aromas e sabores que conquistam

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Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Em um restaurante, o espumante rosé é a carta na manga do profissional do vinho. “Ninguém vai morrer com uma harmonização incorreta, mas ninguém quer ficar com aquele gosto de prego enferrujado na boca quando um espumante é escolhido de forma errada para acompanhar um prato”, diverte-se o sommelier Junior Maroso, formado pela Federazione Italiana de Sommeliers Albergatori Ristoratori, de Torino, na Itália. Para ele, quando se fala em harmonização, é preciso ter em mente que o espumante nunca pode ser maior ou menor do que o prato. “A palavra é compatibilidade.” Seguindo a teoria, se o prato é mais encorpado, melhor servi-lo acompanhado de um vinho mais robusto. “O espumante, contudo, é nosso maior coringa. Se você está em dúvida entre um vinho tinto e um branco, opte pelo espumante rosé”, indica. É preciso levar em consideração, também, a estação do ano, já que sazonalidade e localização geográfica influenciam.

“Se você está em Santa Catarina e te oferecem ostras frescas, opte por um espumante catarinense. Se você está em Gramado, é novembro, você vai comer um prato de camarão, opte por um bom espumante rosé da Serra gaúcha.” Segundo Maroso, nada melhor para receber o acompanhamento luxuoso de um espumante rosé do que um robalo ou linguado com purê de mandioquinha, ou um peixe a belle meunière – a receita tradicional é aquela do peixe empanado na farinha e frito na manteiga, e esta base de manteiga servirá também para cobrir o peixe, que pode ser servido com alcaparras. A cor é outro fator determinante na harmonização. Portanto, salmão, camarão e lagosta, que têm as mesmas cores do espumante rosé, o acompanham muito bem. “Cor, sazonalidade, regionalidade e peso do prato são os elementos a se levar em conta na hora de escolher um espumante.” O sommelier Maurício Roloff inova na questão harmonização,

JONATHAN HECKLER/JC

Um coringa na harmonização

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indo além. Ele sugere que o espumante rosé pode acompanhar perfeitamente bem uma deliciosa e tradicional feijoada. “A feijoada costuma ser gordurosa, pesada, com gosto marcante. O espumante rosé entra como um refresco, um combate ao calorão que a gente fica quando come uma feijoada de verdade. É um substituto para outras bebidas refrescantes.” Luciano Vian, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), diz que é possível escolher entre um espumante com intenso sabor frutado, frescor e leveza, fácil de beber e opções com mais cremosidade, mais volume, intensos, complexos. Esses últimos harmonizam com pratos mediamente condimentados, com entradas à base de castanhas, nozes, queijos. Já o produto jovem, com mais frescor, funciona bem frutas como morangos, para um drinque à beira da piscina ou na praia. “Mas nada impede que o espumante rosé seja consumido no inverno gaúcho, sobretudo como bebida de entrada.”

Roloff sugere uma combinação gastronômica inusitada para o rosé, a tradicional feijoada

Procura nas gôndolas atesta crescimento do consumo O aumento no consumo do espumante rosé vem sendo percebido diretamente nas gôndolas dos supermercados e nos pedidos de consumidores feitos diretamente às redes. Na Walmart, a linha de espumantes rosé tem tido destaque nas vendas no Sul do País, registrando aumento de 25% até outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

“O ganho de renda da população e um maior acesso a informação e novidades fizeram com que o público passasse a se interessar em consumir esse tipo de espumante, que foge um pouco do tradicional da mesa dos brasileiros”, avalia Danusa Tavares, gerente comercial de bebidas quentes para o varejo da Walmart Brasil. Para o Natal e o Ano-Novo, de acordo com Danusa,

a expectativa é que o aumento se mantenha em toda a região. Na Casa Madeira, delicatessen que integra as atrações da Casa Valduga, em Bento Gonçalves, a alta gastronomia, é acompanhada do espumante rosé. O sucesso levou a própria vinícola Casa Valduga a fazer de um espumante rosé o seu principal lançamento de 2014: o Arte Tradicional Brut Rosé,

elaborado a partir da composição de 60% da variedade Chardonnay e 40% de Pinot Noir. A bebida apresenta coloração rosa salmão, aroma de flores e frutas, lembrando pêssego e damasco maduro, e é proveniente da maturação de 12 meses. “Trabalhando com os rosés desde 2005, pois vislumbrávamos um aumento do mercado no Brasil, visto que na Europa o rosé já

estava em alta”, conta Juciane Casagrande, diretora comercial da Casa Valduga. O crescimento das vendas do espumante rosé na Valduga, em comparação ao ano passado, foi de 21%. Na Domno do Brasil, braço de importação de vinhos e elaboração e exportação de espumantes da Valduga, o aumento da venda do espumante rosé está em 37% em relação ao ano passado.


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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

opinião

Caderno Especial do Jornal do Comércio

por Danilo Ucha ucha@jornaldocomercio.com.br

Assunto entrou na pauta de quem produz, entende e gosta de vinho

Uma tendência no mundo atual dos espumantes são os Nature, quase ou totalmente livres de açúcares. A boa enologia já diz que se deve controlar muito bem o açúcar no espumante, para que não fique doce demais nem enjoativo, e há quem critique a tolerância da legislação brasileira sobre isso, permitindo até 15 gramas ou mais por litro, um verdadeiro exagero. Na legislação brasileira, ainda não há regra para o uso do termo Nature. Mas, segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), as regras do Mercosul permitem que ele seja utilizado e significa que há menos de 3 gramas de açúcar por litro de vinho. O Nature, então, satisfaz quem prefere qualidade ao invés do docinho. Elaborar espumantes amáveis e elegantes com total ausência de açúcares requer cuidados especiais na escolha das uvas, nos tempos de maturação dos vinhos e na perfeita mistura entre eles, explica o enólogo Adolfo Lona, um pioneiro.

A Dal Pizzol Vinhos Finos, que acaba de completar 40 anos, escolheu fazer seu primeiro espumante Nature para comemorar a data. Dal Pizzol Quarenta Anos Nature, fruto de toda a experiência do enólogo Dirceu Scottá e dos irmãos Antonio e Rinaldo Dal Pizzol, mostra na taça a sensibilidade e sabedoria acumuladas ao longo de uma história que reverencia a tradição. As 3.541 garrafas já estão disponíveis no mercado. De coloração amarela com reflexos dourados e de aroma complexo, sobressaindo-se o tostado e levedura, com toques que lembram frutas como pêssego maduro, amêndoas e torradas, o espumante nasceu de uma seleção de uvas Chardonnay (25%) e Pinot Noir (75%) (Blanc de Noir), estas vinificadas em branco. Tem 1,5 gramas de açúcar por litro. Elaborado pelo método champenoise (fermentação na garrafa), tem elegância, corpo estrutura e persistência. O mendocino Adolfo Lona tem importante papel na criação

do atual vinho brasileiro. Ele trabalha com o produto há quase 50 anos, quando veio de Mendoza para a Bacardi Martini e criou os vinhos De Lantier, em Garibaldi. Lona diz que o espumante deve ser elaborado pensando na reação do consumidor e não na dos pseudo-entendidos. “Pensamos que toda pessoa que toma a decisão de abrir uma garrafa de espumante o faz em um estado de espírito diferente, na expectativa de passar um momento especial, alegre, festivo, descontraído. Isto não combina com acidez excessiva, adstringência, agressividade. Por isso, o mais importante é oferecer a esse consumidor produtos amáveis, fáceis de beber e agradáveis, independentemente se o método de elaboração for charmat (em tanques de inox) ou tradicional (fermentação na garrafa)”, diz. Lona considera a legislação brasileira tolerante demais ao permitir taxas de 6 a 15 gramas de açúcares por litro nos espumantes brut. “São brut, ma non troppo”, comenta.

Produto com qualidade no equilíbrio de sabor Para facilitar a compreensão do leitor sobre espumantes, é bom saber que eles são classificados pelo teor de açúcar por litro. O Nature é de zero até 3 gramas por litro; o Extrabrut, até 6 gramas por litro; o Brut, menos de 15 gramas por litro; o Sec, entre 17 e 35 gramas por litro; o Demi-sec, entre 33 e 50 gramas por litro e o Doux, acima de 50 gramas por litro. O Rio Grande do Sul, que, nos últimos anos vem se destacando pela qualidade dos seus espumantes – todos dizem que o clima da Serra gaúcha é melhor para os vinhos brancos do que para os tintos – já produz, também, excelentes Nature. É claro que não tenho condições de citar todos, mas já bebi e recomendo o Nature Pas Dosé, do Adolfo Lona, com zero açúcar e a característica de usar três vinhos básicos (Chardonnay, Pinot Noir e Merlot); o Perini, com 2 gramas/L; o Cave Geisse, com zero açúcar; o Retrato, da Courmayeur, sem açúcar; o Omaggio 2009, da Gran Legado, elaborado pelo enólogo Christian Bernardi naquela boa safra; o Gran Reserva Nature 2009, da Casa Valduga, com 2 g/L; o Estrela do Brasil 2007,

com Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico ISV1 e Viognier, zero açúcar e recorde de 60 meses de maturação; o Valmarino Churchill Extra Brut Nature, com 0,8 g/litro de açúcar; o Nature Salton Gerações Antonio Domenico 750, entre outros. Assim como nos vinhos tranquilos, há os espumantes rosés, tão bons e agradáveis quanto os brancos de qualidade. O gênero rosé vem sendo recuperado, depois de desconsiderado por alguns anos – os mais preconceituosos chegaram a dizer que “vinho tinto é para os homens; o branco, para mulheres e o rosé, para os idiotas” –, nada mais absurdo e idiota, mas que tornou o produto, inclusive o de origem europeia, de excelente qualidade, como o Cuvée Le Garrus, raro no mercado brasileiro. Elaborado pelo Château d’Esclans, na Côte de Provence, França, com uvas Grenache, Cinsault, Syrah, Mouvèdre e Rolle, é, certamente, o vinho rosé mais caro do mundo, custando cerca de 80 euros. É o chamado rosé moderno, com “nariz de grapefruit, morango e rosas, um paladar com ótima acidez e um dulçor bastante expressivo”, segundo o enólogo do castelo.

GILMAR GOMES/JC

Nature é tendência no mundo dos espumantes

O fim do carvalho nos vinhos Uma questão que atormenta o mundo do vinho envolve uma questão antiga, mas pouco debatida até pouco tempo: a presença da madeira no vinho, ou seja, o uso de barril de carvalho, francês ou não, para envelhecimento do produto. Diante da necessidade urgente de levar as pessoas a consumirem mais vinho, e com isso manter os níveis de produção e de retorno financeiro, o assunto entrou na pauta de quem produz, entende e gosta de vinho. Houve um tempo, quando a madeira estava no auge e o vinho amadeirado era sinal de bom produto, que alguns produtores, os quais não tinham as caras barricas, colocavam chips (pedaços) de carvalho dentro dos tanques de inox. Mas a técnica foi logo execrada. Conheço muitos amantes da madeira no vinho no Rio Grande do Sul. Um deles, um bom enólogo, levou um puxão de orelha de um grande investidor, na minha frente, durante o lançamento de um vinho, quando este disse: “Gosto de vinho, não de barrica”. Parece que a tendência mundial é deixar um pouco de lado as barricas e suas madeiras, especialmente os detestáveis chips. De acordo com especialistas, como Juan Diego Wasilevsky, editor da revista argentina Vinos & Bodegas, é o “fin da era del roble”. Por tendência do consumo e pelos custos, está diminuindo o uso de barricas de carvalho ou sua utilização mais racional. A desmadeirização dos vinhos, que resulta em tintos menos tostados e Chardonnay com menos excesso de aroma de baunilha ou doce de leite, está sendo proposta e feita por enólogos jovens, com menos tempo de envelhecimento, barricas menos tostadas ou mais usadas. Agora, os vinhos de alta qualidade estão passando por barricas de segundo, terceiro e até quarto uso, o que antes só acontecia com vinhos médios. O

enólogo argentino Sebastián Zuccardi, que nunca escondeu sua preferência por cubas de cimento, aumentou o tamanho das barricas usadas, passando de 225 litros para 500 litros, o que diminui o contato do vinho com a madeira. De uma maneira geral, os consumidores mundiais querem menos madeira, mais fruta, expressão do terroir e da uva. Preferem vinhos mais austeros e naturais, frescos, frutados e fáceis de beber, em lugar de vinhos pesados e supermadeirizados. Assim como o mais famoso crítico do mundo, o norte-americano Robert Parker, acusado de parkerizar o vinho mundial, levando a que fossem iguais uns aos outros, a madeirização levou à transformação do vinho em commodities, como soja e outros produtos. Isto é, tudo igual, sem as características de variedade, solo e clima típicos de cada área de produção, sem manifestação do terroir. O custo também começou a pesar, principalmente diante do aumento da concorrência. As vinícolas precisam diminuir os custos fixos para enfrentar o aumento dos custos, a perda de competitividade e as dificuldades de exportação. A desmadeirização beneficia as vinícolas, que não precisam estar comprando as caras barricas, geralmente produzidas na França (ao preço de 700 a mil euros) ou nos Estados Unidos (entre US$ 500,00 e U$ 700,00). E não precisam gastar em estoques amadurecendo o vinho. O consumidor ganha por beber um vinho pura fruta, não mascarado pelo carvalho, embora, segundo pesquisa, ainda prefira os amadeirados, por questão de costume. Os europeus já estão bebendo com menos madeira, enquanto os argentinos tem um vinho tradicional amadeirado elaborado totalmente sem madeira, o alta gama Malbec De Ángeles Sin Roble Malbec 2010.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

SILVIA TONON/IBRAVIN/DIVULGAÇÃO/JC

mercado

Vitivinicultura brasileira apresenta crescimento Um setor que vem crescendo ano a ano, continuamente e de forma modesta, mas sem perder o ritmo, sobretudo em relação à qualidade e ao volume, nos espumantes e no suco de uva. Assim Luciano Vian, da Associação Brasileira de Enologia (ABE), define o crescimento do setor vitivinícola gaúcho e nacional. “Vejo um campo promissor, produzindo uvas de melhor qualidade a cada ano, desbravando novas regiões, novas variedades. As vinícolas estão se adaptando à realidade global, usando sistemas de gestão e de controle, atitudes que demonstram a maturidade do setor”, avalia. Vian revela que as vendas no primeiro semestre não foram mui-

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to boas. “A turbulência causada por alguns eventos, como a Copa do Mundo e até mesmo as eleições presidenciais, geraram incertezas e frearam o mercado. Já para o segundo semestre, os dados preliminares apontam para um crescimento significativo, além do que, tradicionalmente, nos meses de outubro, novembro e dezembro, a venda de vinhos e espumantes atinge o seu maior pico”, informa. Quanto à aceitação do consumidor pelo vinho nacional, Vian percebe uma tímida mudança positiva. “O importado ainda tem a fama de ser melhor, mas o que se vê é cada vez mais consumidores querendo conhecer os vinhos e espumantes nacionais.” E, quan-

do consome, é surpreendido por sua qualidade. “Em 2014, superaremos as quatro mil premiações recebidas em concursos internacionais, muitas delas vindas de países tradicionais como França, Itália e Espanha. O produto brasileiro já tem uma identidade.” Para o presidente da ABE, falta ao setor um sistema amplo e efetivo de distribuição, que envolve também a legislação tributária e o incentivo à produção agrícola. “Precisamos de normas específicas para o Brasil em relação à produção e à comercialização.” Em outubro, novembro e dezembro, venda de vinhos e espumantes atinge maior pico


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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Caderno Especial do Jornal do Comércio

mercado

Referência quando o assunto é vinho e espumante brasileiro, Oscar Ló, presidente da Vinícola Garibaldi, afirma que, de modo geral, o setor vitivinícola vem aperfeiçoando as técnicas de cultivo e vinificação, acompanhando o perfil do novo consumidor e aos poucos, através de concursos, conquistando o mundo, pela jovialidade e tipicidade de seus espumantes. “Da mesma forma, isso se reflete dentro do País, com vinhos de qualidade, sucos de uva incomparáveis e espumantes cada vez mais conceituados” , diz. Ló destaca o surgimento de novas regiões, indicações geográficas, Denominação de Origem e certificações de produtos, como é o caso específico dos espumantes de Garibaldi, através do Consórcio de Produtores de Espumante de Garibaldi (Cpeg). E a exportação de vinhos, que vem ganhando cada vez mais força e estrutura através do trabalho realizado por grandes parceiros do vinho brasileiro, como o Ibravin, através do projeto Wines of Brasil, em conjunto com as vinícolas. Ele ressalta a influência dos fatores climáticos para o desenvolvimento do setor. “Por conta de inúmeras influências, há a tendência de termos um clima cada

CASSIUS ANDRÉ FANTI/DIVULGAÇÃO/JC

Empresários mantêm otimismo com os pés no chão

Safra 2014 da Vinícola Garibaldi

vez mais quente devido ao aquecimento global.” Esse acréscimo de temperatura impacta diretamente sobre cultivo da uva que, de forma geral, exige, no inverno, determinado número de horas de frio para ter uma melhor brotação e,

na época de maturação, no verão, calor moderado durante o dia e noites com temperaturas brandas. “Além disso, o trabalho do viticultor, desde a escolha e o preparo da terra para a implantação do vinhedo, até os tratos culturais das

plantas, são fatores determinantes para um resultado final com qualidade e tipicidade.” Antônio Miolo, sócio-diretor do Miolo Wine Group, avalia positivamente o setor vitivinícola brasileiro. “Apesar do ainda baixo

consumo no País, a perspectiva de aumento é animadora, somando-se à alta qualidade dos vinhos nacionais”, afirma. “O setor vem acompanhando as inovações globais, investindo alto tanto na indústria como na viticultura, para podermos ter cada vez mais uma matéria-prima de alta qualidade.” Miolo ressalta que os gaúchos são os maiores consumidores de vinhos, mantendo a tradição e a cultura e devido às condições climáticas favoráveis. Segundo ele, o consumo vem aumentando gradativamente na região Sudeste, devido ao maior poder aquisitivo da população. “Já no Nordeste está nascendo uma demanda maior, impulsionada, principalmente, pelo turismo.” Conforme o empresário, o Brasil está posicionado no exterior. “Conseguimos conquistar espaços em vários países devido à qualidade do nosso produto, que está cada vez melhor. Só a Miolo, maior exportadora de vinhos do Brasil, comercializa para 32 países.” Ele acredita que, pelo País ainda estar em ascensão, o cenário vem melhorando e crescendo cada vez mais. “Precisamos continuar mostrando a todos os amantes de vinho que nosso produto é de muita qualidade.”

Preparando as malas para uma viagem à China, Roberta Baggio Pedreira, gerente do Wines of Brasil, comemora um recorde nas exportações de vinhos nacionais em 2014. O volume de exportações de janeiro a setembro aumentou 178% em relação ao mesmo período de 2013. Até setembro de 2014, o Brasil já exportou o equivalente a US$ 7,7 milhões em vinhos engarrafados e um total de 1,8 milhão de litros. Para efeito de comparação, em todo o ano passado o resultado obtido com as vendas para o exterior foi de US$ 5,3 milhões com 1,5 milhão de litros. Apenas no primeiro semestre deste ano, o volume de exportações cresceu 257% em relação ao mesmo pe

ríodo do ano passado, com o equivalente a US$ 7,16 milhões em vinhos engarrafados e um total de 1,78 milhão de litros. “Nunca exportamos tanto. A potencialização da marca Brasil no exterior, com a realização da Copa do Mundo, colaborou muito para este marco. Mas o trabalho do projeto Wines of Brasil nestes 10 anos de realização foi determinante para esse sucesso, com o trabalho de aproximação com redes de varejo internacionais, um dos grandes objetivos do projeto”, diz Roberta. O Wines of Brasil, que promove a qualidade dos vinhos no mercado internacional, é mantido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e

Investimentos (Apex-Brasil), com o apoio do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento do Rio Grande do Sul (SDPI). O objetivo é desenvolver um trabalho que começa nas vinícolas, com a orientação dos produtores sobre exportação, e que resulta em ações de divulgação da produção vitivinícola brasileira nos quatro cantos do mundo, como a participação em feiras enológicas e o contato direto com agentes do trade e formadores de opinião de diversos países. Roberta ressalta que o Wines of Brasil está aberto a todas as vinícolas que quei-

ORESTES DE ANDRADE JR/DIVULGAÇÃO/JC

Setor comemora números recentes nas vendas para o exterior

Até setembro, o Brasil exportou 1,8 milhão de litros de vinhos

ram expandir seus negócios para o mercado externo – hoje são 38 participantes. “As empresas que compõem o grupo estão visivel-

mente mais internacionalizadas, buscando maior profissionalização e tecnologia para fomentar seus processos produtivos.”


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Novos campos de atuação

Crescimento é constante há uma década Para o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, é preciso ter em mente o contexto do setor vitivinícola no Rio Grande do Sul e no Brasil. Dividido em sucos de uva, vinhos finos, vinhos de mesa e espumantes, apresenta variações. “Os espumantes e os sucos de uva, por exemplo, vêm em um crescimento constante há 10 anos, devendo fechar 2014 na faixa dos 12% e dos 8% de aumento de vendas, respectivamente”, enumera. Já os vinhos de mesa, vendidos engarrafados da origem ou em carros-tanques para outros engarrafadores, sofrem com a falta de valor agregado e vem enfrentando um decréscimo de consumo. “Os vinhos finos, mesmo com qualificação, detém crescimento limitado, pois concorrem com os importados, que acabam nos roubando fatias preciosas do mercado. Já vencemos grande parte da resistência em relação à qualidade, mas ocupamos apenas 22% do mercado de vinhos finos em relação aos importados.”

em 2013 o setor foi beneficiado com a utilização do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), que faz parte da Política de Garantia de Preços Mínimos do agricultor familiar e suas cooperativas para escoar a produção. “Considerando-se que a uva não pode ser estocada, o produto entregue é o vinho, ou seja, parte do vinho comercializado em 2013 teve uma espécie de ‘subsídio’ do

Ministério do Desenvolvimento Agrário,” diz. Para Loiva, iniciativas como o Modervitis, que aliam esforços do governo federal, do Ibravin, da Embrapa e da ABE às necessidades de produtores e consumidores, prometem fazer o setor vitivinícola gaúcho e brasileiro seguirem sua trilha de crescimento constante, no estilo “devagar e sempre”.

Iniciativas como o Modervitis aliam esforços às necessidades de produtores e consumidores LOIVA MARIA RIBEIRO DE MELLO/DIVULGAÇÃO/JC

Pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, Loiva Maria Ribeiro de Mello lembra que a crise econômica mundial, associada ao ingresso de outros países no mercado, tem influenciando fortemente o desempenho da vitivinicultura brasileira, e que iniciativas como a do Programa de Modernização da Vitivinicultura (Modervitis) fortalecem o setor e proporcionam novos campos de atuação para as vinícolas, sobretudo as mais modestas. “Empresas, associações de produtores e instituições ligadas ao setor estão se ajustando ao mercado, buscando novas opções, informações atualizadas sobre o desempenho do setor para suas avaliações, análise críticas e planejamentos e tecnologia para acompanhar o desenvolvimento do mercado mundial.” Fatores climáticos e fisiológicos influenciam, e muito, para os resultados da colheita e, consequentemente, na produção de sucos, vinhos e derivados. Por isso é preciso estar bem informado e em dia com as variações climáticas e as novas tecnologias que podem ser usadas para amenizar qualquer imprevisto. Conforme a pesquisadora,

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utensílios

JONATHAN HECKLER/JC

riza a cor, o aroma e o sabor fino e refrescante das bebidas nacionais. Confeccionada artesanalmente em cristal, a taça apresenta linhas finas, bojo sinuoso que valoriza a formação de borbulhas e boca estreita que concentra a liberação do aroma. A criação da taça começou com a avaliação, por profissionais, do aspecto visual de 26 modelos, considerando originalidade, estética e funcionalidade. Na segunda etapa, em laboratório, fez-se a avaliação técnica das seis taças melhor pontuadas. Ajustes nas dimensões da altura e no diâmetro do bojo ocorreram na sequência, na Cristallerie Strauss. A última etapa foi o teste final pela diretoria da ABE, que conferiu adequação técnica para a valorização das características do espumante brasileiro.

Taça do Espumante Brasileiro, elaborada especialmente para a bebida nacional

JONATHAN HECKLER/JC

um bom vinho de forma mais demorada e costuma utilizá-los para potencializar a experiência”, diz Roloff. Há desde saca-rolha elétrico, saca-rolha de mesa, termômetro digital e gelador de garrafa automático até identificador de taças nos mais variados formatos e cores. “Um dos utensílios mais utilizados é o aerador, um tipo de acessório que teoricamente substitui o decanter, pois força o vinho a um contato tão intenso com o ar na saída da garrafa que faz a bebida respirar muito rápido. Para mim, é quase comparável a colocar o vinho no liquidificador.” Em 2013, a Embrapa Uva e Vinho, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) e a Cristallerie Strauss desenvolveram uma taça especial para desfrutar a bebida nacional. A Taça do Espumante Brasileiro valo-

JONATHAN HECKLER/JC

De olho nos admiradores de espumantes e vinhos, o mercado lança os mais variados utensílios para quem quer apreciar o melhor das bebidas. Abridores, saca-rolhas, termômetro, corta-cápsula, espiral avulso, tampas e removedores de cera fazem parte do ritual de quem conhece a arte de saborear um bom vinho. Entre as prateleiras da Casa dos Vinhos, em Porto Alegre, o sommelier Maurício Roloff enumera os utensílios clássicos e disponíveis no mercado para tornar a experiência de beber um vinho ou espumante ainda mais prazerosa. Para o saca-rolhas tradicional, quanto mais simples, melhor. Há o cortador de lacre, para não tirar o envólucro da garrafa com a mão e deixá-lo mal cortado. O decanter é essencial para fazer o descanso do vinho. Um termômetro simples, para mergulhar na bebida e verificar se a temperatura é a ideal para o consumo. Integram a lista taças específicas para cada tipo de vinho; tampas de contenção para usar depois que o produto está aberto; a tampa clássica que sela o espumante e preserva a pressão do produto por determinado tempo; o aerador, que oxigena o vinho para abrir seu aroma e sabor sem precisar abrir o vinho com antecedência; uma bomba a vácuo para tampa de vinho, que extrai o ar ambiente de dentro da garrafa já aberta. “São os utensílios básicos para quem aprecia

GIOVANI NUNES/DIVULGAÇÃO/JC

Apetrechos são atração para os aficionados

Aerador (acima), abridores (à esquerda) e tampas (à direita) são alguns dos objetos mais procurados

JONATHAN HECKLER/JC

Do saca-rolhas à adega em casa

Marques está sempre atento às novidades

A paixão por vinhos surgiu nos idos de 1987, quando começou a frequentar os cursos promovidos pelo mestre Adolfo Lona. De lá para cá, Renato Luca Marques, administrador e consultor comercial, acumulou garrafas e utensílios, o “periférico do vinho”, como chama. Pelo menos uma vez por semana, visita sua amiga Angela Vendrame na Casa dos Vinhos, em Porto Alegre, onde busca as novidades para melhor apreciar sua bebida preferida. Para Marques, o bom bebedor de vinho gosta de tomá-lo na taça certa e tem uma para o vinho branco, outra para o cabernet, ou-

tra para o malbec. “Quem gosta e entende um pouco de vinhos vai querer abrir a garrafa com um abridor que não danifique a rolha. É preciso, também, ter um termômetro para verificar se o vinho está na temperatura certa. Quem curte e entende um pouco da bebida precisa desses e de outros vários utensílios para garantir uma experiência diferenciada”, acredita. Marques também gosta de presentear os amigos com itens como coolers, saca-rolhas diferentes e taças especiais, jogos de tampas ou de servidores. “É uma boa dica para presentear no Natal, principalmente os homens que gostam de

vinhos.” Trata-se de um universo particular, em que, para mergulhar, basta admirar o vinho e ser curioso. Para quem já gosta de vinho e quer começar sua coleção de apetrechos úteis, Marques indica que um bom começo é pelo abridor, que deve ser o mais simples possível, em formato de canivete. Se for querer sofisticar um pouco, um corta-cápsulas é uma boa pedida. “Depois, evoluir para um decanter, para uma taça de cristal, para as taças adequadas para cada bebida.” Marques evoluiu tanto que construiu uma adega em sua nova casa, na zona Sul de Porto Alegre, aproveitando o terreno em declive.


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avaliação nacional de vinhos

havia 90 garrafas, totalizando 1,4 mil unidades. A oitava amostra foi degustada às cegas, com os participantes de olhos vendados. “Nossa ideia era levar os especialistas e o público a explorarem as diferentes sensações proporcionadas pela degustação do vinho, tocando no íntimo das pessoas. Creio que conseguimos alcançar esse objetivo”, comemorou o presidente da ABE, o enólogo Luciano Vian. O evento contou com a presença de grandes nomes do mundo vitivinícola, como a argentina Claudia Quini, presidente da Organização Internacional da Uva e do Vinho (OIV); o francês Serge Dubois, presidente da União Internacional de Enólogos (UIOE); e os presidentes do Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguai (Inavi), José Lez, e da União Espanhola de Degustadores, Fernando Gurucharri.

Entre as personalidades, o empresário e narrador esportivo Galvão Bueno e o ator Selton Mello, além de consultores internacionais, médicos, sommeliers, jornalistas especializados e enólogo. O 16º comentarista, sorteado entre o público, foi o analista de sistemas Eduardo André Rambo. Mais do que um concurso, a avaliação traça um panorama da produção nacional, integrando 120 enólogos que degustam e avaliam as amostras seguindo normas internacionais. O resultado é um grande espetáculo, que reúne público e comentaristas para, juntos, celebrarem a qualidade do vinho brasileiro. “A avaliação antecipa o que vai estar no mercado. A minuciosidade dos critérios em cada etapa conquistou uma credibilidade que se renova e arrecada novos apreciadores a cada safra”, comemora o presidente da ABE.

Participaram 850 apreciadores de 11 estados brasileiros e 10 países

JEFERSON SOLDI/DIVULGAÇÃO/JC

Visão, olfato, paladar, tato. E silêncio, muito silêncio. Por quase cinco horas, a 22ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2014, realizada em setembro no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, despertou os sentidos dos mais de 850 apreciadores de vinhos oriundos de 11 estados brasileiros e 10 países, reunidos pela Associação Brasileira de Enologia (ABE). Vindas de todo o País, 58 vinícolas inscreveram 290 vinhos na competição. Destes, 30% foram classificados como mais representativos. Deste percentual saiu uma lista de 90 vinhos melhor classificados, dos quais foram selecionadas 16 amostras, que foram compartilhadas com o público. A degustação começou com o desfile dos 90 alunos dos cursos de Viticultura e Enologia, Enoturismo e Sommelier, que cumpriram o serviço do vinho. Para cada amostra

JEFERSON SOLDI/DIVULGAÇÃO/JC

Sentidos postos à prova

A oitava amostra foi degustada às cegas pelos participantes


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O Rio Grande do Sul e a vocação para o espumante Técnico em enologia, formado em viticultura e enologia e pós-graduado em vitivinicultura, Delto Garibaldi foi eleito Enólogo do Ano 2014 pela Associação Brasileira de Enologia (ABE). Ele passou pelas vinícolas Cereser e Mioranza até dar início, em 2007, a seu próprio negócio. No Laboratório Lavin, atua como responsável técnico de diversas empresas espalhadas pelo Brasil e trabalha com assessoria enológica e de análises laboratoriais, envolvendo-se com toda a cadeia produtiva vitivinícola. Para ele, é preciso definir o quanto antes a vocação do Rio Grande do Sul em relação à produção. “Temos que trabalhar ao máximo o que a nossa região propicia, ou seja, podemos elaborar excelentes espumantes, com capacidade de atender aos mais variados paladares.” Jornal do Comércio - Quando se fala em qualidade, composição e sabor, como você avalia os espumantes e vinhos produzidos no Rio Grande do Sul? Delto Garibaldi - Os vinhos e espumantes estão em um nível de qualidade crescente, mas acredito que necessitamos definir o quanto antes a nossa vocação. Temos que trabalhar ao máximo o que a nossa região propicia. Podemos elaborar excelentes espumantes, com capacidade de atender aos mais variados paladares. Os vinhos brancos tranquilos são também muito bons e estão em crescente ampliação de mercado devido à revitalização dos vinhedos, com novos clones, novas técnicas de elaboração e o grande investimento em tecnologia da indústria local. Temos muitos vinhos tintos jovens de muito boa qualidade, e tintos de guarda que vêm conquistando espaço, como o Merlot, que se adaptou muito bem à nossa região e vem recebendo muito destaque nas avaliações internacionais. E como está a produção em outras regiões do Brasil? Garibaldi - Além do Rio

Grande do Sul, as uvas são produzidas e muitos produtos são elaborados em diversas regiões espalhadas pelo Brasil. Vários estados brasileiros têm vinhedos, para consumo in natura ou para elaboração de vinhos, sucos e espumantes. Temos que aproveitar o máximo o que cada região pode proporcionar e termos o conhecimento e a inteligência de elaborar os produtos corretos para cada região e de cada lugar extrair o que é possível. É muito importante conhecer o potencial vitícola de cada região para elaborarmos os produtos com aptidão de acordo a sua estrutura. Cada lugar deve explorar o seu microclima e lançar os produtos típicos dele, sempre respeitando o que a natureza pode produzir. E em relação ao mercado internacional, como estão os vinhos e espumantes brasileiros? Garibaldi - Os vinhos e espumantes vêm ganhando e conquistando prestígio em todo o mundo. O Brasil já não é um país desconhecido no mercado mundial de vinhos. Aqui temos bons vinhos tintos e excelentes vinhos brancos e espumantes. Precisa-

RAQUEL PIEGAS/CONCEITOCOM BRASIL/DIVULGAÇÃO/JC

enólogo do ano

Para Garibaldi, é preciso aproveitar o potencial de cada região produtora

mos, primeiro, conquistar a confiança do consumidor brasileiro, pois ele é quem vai nos ajudar a vender mais no mercado externo. Com muito investimento, trabalho sério e aprimoramento tecnológico e técnico, os vinicultores estão ganhando destaque nos mais importantes mercados mundiais com produtos jovens, frutados, elegantes e de fácil apreciação. O brasileiro hoje dá mais atenção ao produto nacional? Garibaldi – A qualidade dos vinhos e espumantes brasileiros melhorou muito. E essa qualidade é percebida pelo mercado internacional. O brasileiro também está percebendo isso e consumindo mais, basta vermos o crescimento das vendas do nosso espumante. Mas ainda sofremos muito com a cultura do ‘o que é importado é melhor’. Outro fator importante é que o vinho brasileiro tem uma das maiores taxas de impostos do mundo, elevando seu preço frente aos importados, que pagam bem menos impostos. Ainda temos muito trabalho de promoção, divulgação e de aprendizado sobre o vinho nacional para aumentar o seu consumo. O que é preciso fazer para o produto gaúcho ganhar mais espaço no Brasil e lá fora? Garibaldi - Necessitamos trabalhar fortemente a divulgação e a promoção do vinho brasileiro. Mostrar ao nosso consumidor que nós também temos bons produtos. Precisamos trabalhar mais o marketing em conjunto, regional e brasileiro. Temos que unir esforços para crescermos juntos, fortalecermos o setor e aumentarmos o consumo consciente, correto, adequado e com respeito. É

preciso mudar a carga tributária, que está muito elevada, melhorar a logística e a distribuição, pois muitas áreas deste imenso Brasil estão descobertas. Mas quero frisar que o principal problema do baixo consumo de vinhos e espumantes no Brasil é cultural. Se faz urgente um forte trabalho de promoção, de educação de consumo correto, harmonizado com pratos, para tornar o vinho um hábito diário, presente nas famílias. E aí toda a cadeia produtiva precisa se envolver. Como você começou a se interessar em trabalhar com vinhos, em ser enólogo? Garibaldi - Faço parte da quarta geração de uma família de origem italiana e o cultivo da videira sempre esteve presente na vida dos meus pais e avós. Flores da Cunha é um grande produtor de vinhos e meu pai, Volmar Garibaldi, quando eu estava finalizando o primeiro grau na escola, comentou sobre o curso de enologia em Bento Gonçalves. Com 14 anos iniciei o curso técnico em viticultura e enologia e aos 17 já era técnico. A partir daí, a paixão pela enologia somente aumentou e hoje amo minha profissão. Iniciando o curso superior de enologia, em 1995, a ficha caiu e pude realmente perceber que este seria o meu trabalho, esse era o meu futuro. Como é para você ser distinguido como Enólogo do Ano de 2014? Garibaldi - É emocionante, pois em meio a tantos bons profissionais receber tamanha distinção é muito bom. Significa ver o trabalho de praticamente 20 anos em prol do nosso setor, do vinho brasileiro e da nossa

profissão ser reconhecido. Trata-se de um momento muito especial, estou muito feliz e honrado pela homenagem. Cada dia de trabalho intenso, de dedicação extrema, de ausência familiar foi reconhecido. E essa homenagem me faz trabalhar ainda mais para que todos os enólogos e os vinhos brasileiros recebam a devida valorização. E trabalhar para que a cultura do vinho se espalhe por todo o Brasil e que possamos, em cada canto deste País, consumir vinhos brasileiros de qualidade. E para quem quer se aventurar na profissão de enólogo, quais os passos a seguie? Garibaldi - É preciso ter muita disciplina, humildade, força de vontade, coragem, estar sempre estudando e se aprimorando, conhecer regiões produtoras, trocar informações com colegas de profissão e, principalmente, gostar da enologia, gostar de vinho, deve ser um apaixonado pelo que faz, deve amar a sua profissão e o seu trabalho. O enólogo é um profissional habilitado, com formação específica em viticultura e enologia, que possui conhecimento técnico e habilidades para trabalhar com a videira e todos os processos produtivos até o momento do consumo. Ele é o responsável pelos processos enológicos de elaboração, cortes, afinamento e engarrafamento dos vinhos. Enfim, o enólogo é o responsável por conduzir todos os processos de trabalho para que o vinho atenda às necessidades do consumidor. Para mim, o mais importante é ser humilde para poder aprender com os colegas de profissão. Com vinho fazemos vários amigos, e o próprio vinho é um grande amigo.


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ibravin

O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) tem sido o instrumento de organização do setor vitivinícola no Brasil. “Trabalhamos ações institucionais e promocionais com o objetivo de desenvolver a área, unindo forças e orientando para um melhor desempenho de toda a cadeia produtiva vitivinícola”, afirma Carlos Paviani, presidente da entidade. Ele destaca, além do Wines of Brasil (dedicado às exportações), o projeto 100% Suco de Uva do Brasil. O programa, firmado entre o Ibravin, o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil), abarca os estabelecimentos que elaboram sucos de uva 100% naturais e prontos para beber. Também visa a realizar

ações de promoção, divulgação e integração do setor no mercado interno e externo, capacitando produtores e adequando processo e produtos. As empresas associadas contam com uma série de vantagens na promoção e na comercialização de produtos para o Brasil e o exterior. O apoio institucional contempla desde subsídio financeiro para a exposição da empresa em eventos nacionais e internacionais até participação em treinamentos e workshops. Também oferece acesso aos convênios mantidos com prestadores de serviço, como descontos para envio de amostras, desembaraço aduaneiro, passagens aéreas e traduções. Nascido em janeiro de 1998 para representar a cadeia produtiva de uva e vinho no Brasil, desenvolvendo e fiscalizando o se-

tor e incentivando o consumo dos derivados de uva, o Ibravin reúne as principais entidades do segmento no País em seu conselho de administração e é reconhecido pela Organização Internacional do Vinho (OIV) como responsável por conduzir as demandas do segmento vitivinícola brasileiro no ambiente internacional. “O Ibravin é um espaço de diálogo que concilia as opiniões de agricultores, empresas do ramo, cooperativas e membros do governo na busca do desenvolvimento da cadeia vitivinícola brasileira”, diz Paviani. O Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Fundovitis) abastece de recursos o Ibravin com capital formado pelo recolhimento de taxa junto às vinícolas, conforme o volume de uva industrializado,

GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC

Trabalhando pela vitivinicultura no Brasil e no Exterior

Paviani diz que conciliar opiniões da cadeia produtiva é o objetivo

e creditada no pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O fundo é gerenciado pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio e regido pela Lei nº 10.989, de 13 de agosto de 1997. O Ibravin ainda executa projetos

em parceria com o governo federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Apex-Brasil, além de contar com a parceria de vinícolas em ações específicas.

tiva”, afirma Carlos Paviani, diretor executivo do Ibravin. O programa, lançado neste ano, deve tomar impulso a partir de 2015. A intenção é fomentar a prestação de assistência técnica aos produtores e abrir crédito para compra de máquinas e equipamentos. O

foco está nas propriedades tradicionais, especialmente aquelas que produzem uva destinada ao vinho de mesa e ao suco de uva, com objetivo de diminuir sua defasagem técnica e tecnológica em comparação com o mercado mundial.

Desenvolvimento tecnológico O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) trabalha para promover a competitividade do setor vitivinícola com a renovação dos vinhedos e da estrutura física das empresas nos tradicionais polos de produção de uva. Proposto pela entidade e desenvolvido em

parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o governo federal, no âmbito do Plano Brasil Maior, o Programa de Modernização da Vitivinicultura (Modervitis) foi criado para combater a defasagem tecnológica na produção da

uva e no processamento por parte de empresas vinícolas. “Precisamos do desenvolvimento tecnológico para que a produção e a comercialização de mais vinícolas e produtos sejam ampliadas, dando acesso ao crescimento a toda cadeia produ-


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eventos

Festa Nacional da Vindima

Dia do Vinho tem data marcada para 2015

GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC

A 13ª FenaVindima – Festa Nacional da Vindima, está marcada para o período de 19 de fevereiro a 8 de março de 2015, em Flores da Cunha. O evento já tem sua soberana, a representante da Sociedade Esportiva e Recreativa Duque de Caxias Janaína Massarotto. Como princesas, foram eleitas Camila Baggio, representante da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi) e da União de Vinhos do Rio Grande, e Mayara Zamboni, do Clube Esportivo e Recreativo Cruzeiro e da Sociedade Beneficente de São Gotardo. Sob o tema “Vinho para brincar, Festa para Celebrar”, a 13ª FenaVindima promete levar para Flores da Cunha uma programação recheada de shows, gastronomia típica e muito vinho. O Parque da Vindima Eloy Kunz já está sendo preparado para a festa, com embelezamento de jardins, plantas, flores e parreirais. A primeira edição da Festa Nacional da Vindima foi realizada em 1967, em alusão ato de vindimar, de colher a uva. Trata-se da maior oportunidade do ano para Flores da Cunha promover seus produtos agrícolas, artesanato, agroindústrias, indústrias, comércio, serviços e, claro, o setor vitivinícola da região.

Jantar dos Melhores Vinhos valoriza e premia produtos O Jantar dos Melhores Vinhos de Flores da Cunha está marcado para o dia 21 de novembro. No cardápio, o Menarosto, assado típico feito com carnes de frango, coelho, leitão e codorna, temperadas com toucinho, manjerona, sálvia, cebola, alho, sal e vinho. Tudo é assado em grandes espetos, em forma de roleta. Mas a principal atração do jantar não está na cozinha, mas na lista dos Melhores Vinhos do Ano produzidos na região. Nas últimas semanas, a Secretaria de Turismo, Indústria Comércio e Serviços e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento estiveram envolvidas na seleção dos vinhos. O evento busca valorizar

Programação acontece entre 22 de maio e 7 de junho na região Uva e Vinho e Campanha, além de Porto Alegre

A próxima edição do Dia do Vinho, em 2015, já está marcada. Será entre os dias 22 de maio e 7 de junho. “A novidade é que, desta vez, serão 15 dias de programação especial na região Uva e Vinho e Campanha gaúcha, além de Porto Alegre”, afirma Marcia Ferronato, diretora executiva do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Shrbs) da região Uva e Vinho. O evento é promovido pelo Ibravin e pela Shrbs região Uva e

Vinho, em parceria com as Secretarias de Turismo das cidades de Antônio Prado, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira, além de municípios da Campanha Gaúcha. Porto Alegre vai aderir à programação com a realização da Feira do Vinho, no mesmo período. Os varejos e vinícolas que participam do Dia do Vinho comercializarão vinhos com preços

com descontos de 10% a 50% durante o evento, bem como alguns dos restaurantes e hotéis parceiros estarão oferecendo taças de vinhos e sucos e pacotes promocionais. A programação inclui dezenas de festividades nas cidades participantes, cursos e palestras. Apoiam a festividade Sindivinho-RS, Afavin, Asprovinho, Bento Convention Bureau, Caxias do Sul Convention & Visitors Bureau, Shrbs de Garibaldi e Atuaserra.

Para promover os espumantes produzidos pelas vinícolas associadas, a Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes) realizou, no dia 8 de novembro, a 7ª edição do Baile do Espumante. Com direito a baile de máscaras, a cada ano o evento inspira-se em temas diferentes. Em 2014, o Egito deu o tom no salão. Pioneiro em registrar o processo de vinificação em pinturas, com obras datadas de 3.000 a.C., o país das pirâmides inspirou roupas, maquiagens e máscaras do público no Clube Independente. Espumante à vontade, gastronomia diversificada e música fizeram os cerca de 400 participantes dançarem até a madrugada, além de ser uma oportunidade de saborear e atestar a qualidade dos espumantes produzidos na região.

Os bailes temáticos passaram a ser realizados em Flores da Cunha em 2009, tendo como tema naquele ano o Carnaval de Veneza. Na terceira edição, Paris foi homenageada, seguida, nos anos posteriores, por Espanha, Japão e Brasil. A festa integra as ações promovidas pela Associação de Produtores de Vinhos dos Altos Montes (Apromontes). Fundada em 2002, a Apromontes reúne 11 vinícolas localizadas nos municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua. A associação promove a organização da área geográfica determinada para a produção de vinhos finos, visando a sua certificação de origem, divulgação e comercialização. Em função disso, incentiva a pesquisa vitivinícola, bem como a qualificação dos vinhos e de seus derivados, trabalhando para desenvolver o potencial turístico da região.

AIRTON NERY/DIVULGAÇÃO/JC

Baile do Espumante de Flores da Cunha

e promover os vinhos florenses e premia os produtos que obtiverem 85 pontos ou mais na avaliação às cegas. Os melhores vinhos serão incluídos no Guia dos Melhores Vinhos de Flores da Cunha, material de divulgação que procura demonstrar a qualidade do vinho produzido na região. Vinhos brancos de mesa, sucos integrais branco e sucos integrais tintos; espumantes e moscatéis; vinhos tintos finos, tintos de mesa e brancos finos não aromáticos; e vinhos tintos finos, vinhos brancos finos aromáticos e Cabernet Sauvignon estão na lista de tipos de bebida avaliada, entre as 153 amostras provenientes de 23 vinícolas.

Atrações acontecem dia 21 de novembro na cidade


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Congresso Latino-Americano de Enoturismo Natal Bento Neste ano, o Natal Bento ocorre de 28 de novembro a 6 de janeiro, com eventos ligados ao enoturismo, gastronomia e cultura locais, além de desfiles temáticos que pretendem resgatar o clima festivo natalino. “Para o dia 18 de dezembro já está confirmada a apresentação do Grupo Tholl em Bento”, adianta Fabiane Capellaro, secretária adjunta de turismo de Bento Gonçalves. “Jantares gastronômicos harmonizados e outros programas especiais serão divulgados na próxima semana.” Pontos turísticos como a Pipa Pórtico, Via Del Vino, Praça Walter Galassi e Praça Bartholomeu Tacchini serão enfeitados especialmente para o evento.

O quarto Congresso Latino-Americano de Enoturismo ocorreu no hotel Villa Michelon, em outubro. Promovido pelo Ibravin e prefeituras de Bento Gonçalves, Garibaldi, Farroupilha, Flores da Cunha e Caxias do Sul, reuniu cerca de 100 pessoas para a discussão de temas que permeiam toda a cadeia do enoturismo. Profissionais da Argentina, Uruguai, Portugal e Espanha, além de nomes da vitivinicultura nacional, estiveram entre os palestrantes. De caráter itinerante,

DEISE CHAGAS/DIVULGAÇÃO/JC

Encontro reuniu cerca de 100 pessoas para a discussão de temas que permeiam toda a cadeia

a próxima edição será em setembro de 2015 no Uruguai. No próximo ano, o mesmo grupo promoverá a primeira edição do Congresso Ibero-Americano de Enoturismo, que ocorrerá em julho, em Portugal e Espanha. Trata-se de um reflexo do envolvimento entre os países produtores de vinho, como a adesão de nove cidades e entidades latino-americanas à Associação Internacional de Enoturismo (Aenotur), que ocorreu durante o congresso realizado em Bento Gonçalves.

Bento em Vindima Em 15 de janeiro, Bento Gonçalves entra no clima do Bento em Vindima, que vai até o dia 15 de março. A festa movimenta o verão em Bento com atrações que valorizam a cultura e a tradição vitivinícola da região. Os parreirais estão carregados de uvas, e a colheita é celebrada com apresentações culturais, jogos italianos, gastronomia típica e a colheita simbólica, com direito à pisa das uvas. No mesmo período, a programação estende-se pelos hotéis, vinícolas e restaurantes da cidade, que costumam oferecer pacotes promocionais e descontos especiais. No Vale do Rio das Antas há raftings, trilhas e tirolesas. A programação será divulgada no começo de janeiro.


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turismo

RAFAEL DELAZZERI/DIVULGAÇÃO/JC

Getúlio Vargas colocou Garibaldi no mapa

Passeio de Maria Fumaça percorre, além de Garibaldi, as cidades de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa

A fama de cidade do espumante nasceu quase que por acaso para Garibaldi. A produção do espumante foi introduzida na cidade pela família Peterlongo, vinda da região do Tirol, na Itália. Em 1913, os Peterlongo criaram o chamado “primeiro champanhe brasileiro”. A bebida só conquistou o mercado nacional em 1930, impulsionada por uma atitude do então presidente Getúlio Vargas, que resolveu servi-la à Rainha Elizabeth e seus convidados quando em visita ao Brasil. Pronto, todo mundo queria conhecer o que a rainha da Inglaterra estava bebendo – e gostando. De lá para cá, muita coisa mudou em Garibaldi, naturalmente. Mas os roteiros e atrativos relacionados à bebida borbulhante só crescem, se atualizam e atraem cada vez mais turistas, despertando a atenção, também, do público interno, que redescobre sua cidade a cada novidade. A mais tradicional rota de passeio pela cidade de Garibaldi é a Rota dos Espumantes. O roteiro leva o visitante a descobrir as grandes empresas e as cantinas familiares, conhecendo sua história e acompanhando as técnicas de elaboração charmat e champenoise dos espumantes, participando do processo de engarrafamento e aprendendo a degustar corretamente a bebida. As 20 vinícolas visitadas que integram o roteiro demonstram a alta tecnologia empregada na produção da bebida, aliada à tradição cultural. Porém há outras rotas à disposição do visitante que for até Garibaldi. A Estrada do Sabor oferece a oportunidade de caminhar pelos vinhedos, degustar vinhos, provar pães cozidos no forno à lenha, geleias, garapas e licores caseiros,

em um panorama da agricultura familiar local. O passeio de Maria Fumaça percorre, além de Garibaldi, as cidades de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, em um delicioso tour pela Serra gaúcha. Construído às margens da barragem de Garibaldi, o Passeio da Barragem leva o turista a contemplar a ponte de pedra, a pinguela em madeira e os trilhos do trem. Pelo roteiro da rua Buarque de Macedo e adjacências, é possível ver os detalhes de 35 construções em que os traços das colonizações italiana, francesa, síria e tropeira se destacam. Já na Rota Religiosa, o visitante pode descobrir os encantos da Igreja Matriz de São Pedro, da Ermida Nossa Senhora de Fátima e dos conventos das Irmãs de São José e dos Capuchinhos. Para terminar, que tal a Rota das Compras, que oferece produtos e ambientes pensados para os turistas. A festa mais tradicional da cidade, a Fenachamp, já está marcada para o período de 1 a 25 de outubro de 2015. Bem antes disso, é possível curtir a mais nova festividade da cidade, a Garibaldi Vintage, que começa no próximo dia 21 de novembro. O tom vintage e retrô são o apelo do evento, que costuma atrair grupos como colecionadores de carros antigos. A comida de rua, com os food-trucks, também chegou a Garibaldi e estará na Garibaldi Vintage. Os restaurantes da região são representados. Todos poderão provar espumantes em taça e assistir a shows. Em sua terceira edição, a Garibaldi Vintage já virou coqueluche também entre os moradores da cidade, que se vestem a caráter, com modelos antigos, para participar de tudo, unindo-se aos turistas.

Localizada a 105 quilômetros da Capital, Porto Alegre, Garibaldi destaca-se no cenário gaúcho e nacional com o título de Capital Nacional do Espumante. Colonizada por imigrantes italianos, teve também forte influência francesa e sírio-libanesa, variedade de povos que contribuiu para a diversidade econômica e cultural encontrada hoje na cidade. Ivane Fávero, secretária de Turismo e Cultura de Garibaldi, deu início ao trabalho de modernização do turismo na cidade no ano passado. “Criamos a marca Garibaldi Capital do Espumante e desenvolvemos uma série de materiais e atividades para divulgá-la.” A intenção, segundo ela, é modernizar e tornar mais atraentes os roteiros e festas que já existiam na cidade, além de criar outros, mais dinâmicos, trazendo também a população mais para perto.

Assim, a Rota do Espumante, que contava com cinco vinícolas participantes, ganhou mais 15 pontos para visitação. A tradicional Fenachamp consagra-se como a Festa do Espumante Brasileiro, calcando sua programação na diversidade e na descontração. “Fenachamp é festa, é para o público se divertir e experimentar os espumantes da região, assistir a shows e provar do melhor de nossa gastronomia”, diz a secretária. A inovação fica por conta da Garibaldi Vintage, encontro que, além de destacar a famosa bebida da região, coloca luz no belo casario do início dos anos de 1900. “Garibaldi manteve muito de suas características originais, e resolvemos valorizar isto neste evento”, explica Ivane. O que para muitos poderia ser um problema, para Garibaldi virou solução. “Somos uma cidade pequena que mudou muito pouco,

preservou seus casarios e tem um plano diretor que só possibilita a construção de edifícios com até quatro andares. E esse é o nosso triunfo, aliado à alta gastronomia e ao espumante, nossa marca registrada.” O público de turismo que frequenta Garibaldi é 80% particular, ou seja, não visita a cidade por meio de agência de turismo. Para informar e bem receber, a prefeitura aposta em um sistema integrado de informações turísticas, com site, fanpage e aplicativo gratuito para baixar no celular e não se perder, o Turismo Garibaldi. Para integrar ainda mais moradores e visitantes, a secretaria criou a Confraria do Espumante de Garibaldi. Encontros itinerantes mensais são promovidos para reunir o público em torno da bebida símbolo da cidade, sempre com uma palestra relacionada ao espumante. É uma confraria de-

VICENTE SILVEIRA/DIVULGAÇÃO/JC

Cidade é a capital nacional do espumante

Rota do Espumante possui 20 pontos de visitação

mocrática. Qualquer pessoa com mais de 18 anos pode participar, a entrada para cada encontro custa R$ 10,00, e a participação se dá por ordem de inscrição. Depois de um ano, os mais assíduos ganham uma taça personalizada. “Em Garibaldi, é assim. Agora,

estamos vivendo a Primavera em Arte, em seguida teremos o Veraneio da Vindima, o Outono das Cores e os Sabores de Inverno. A cada estação, procuramos atrair o turista com novidades e com atrações todos os fins de semana”, diz Ivane.


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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quanto mais a economia e os negócios se modificam, mais as pessoas procuram pela informação de qualidade e credibilidade para as suas tomadas de decisões. E para atender essa demanda por conteúdo especializado, a decisão mais acertada é ter em mãos o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul.

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DALL’ONDER HOTEL /DIVULGAÇÃO/JC

turismo

Dall’Onder inova com conceito de hotel bike O Dall’Onder traz uma novidade para o Vale dos Vinhedos, promovendo roteiros de cicloturismo. Criados em parceria com a empresa Caminhos do Sertão Cicloturismo, os passeios são conduzidos por guias qualificados para orientar o turista interessado em pedalar pela região. Há oito opções de passeios em quatro roteiros, desde uma pedalada leve pelos Caminhos de Pedra até uma travessia de um dia pelo Vale do Rio das Antas. Ao final do roteiro, os cicloturistas encerram a programação com uma visita a uma vinícola, com direito a degustação. O retorno é feito de van, para o hotel. Para se transformar em hotel bike, o Dall’Onder investiu em equipamentos, incluindo

a compra de bicicletas apropriadas para a prática do cicloturismo, e em pessoal, capacitando uma turma de 12 colaboradores para atenderem e guiarem os clientes com segurança e conforto pelos roteiros pré-estabelecidos. Os roteiros prometem o deleite dos bikers. O Caminhos de Pedra, com passeios com duração de três, seis e oito horas, destacam a importância cultural de Bento Gonçalves, com visitas à Casa do Tomate, Salumeria, Casa da Ovelha, da Tecelagem, da Erva-Mate e a vinícolas da região. O roteiro Vale dos Vinhedos contempla passeios de quatro e oito horas, que mistura visitas a estabelecimentos vitivinícolas e a atrativos turísticos. Já a Estrada do Sabor leva o turista até Garibaldi.

Empreendimento investiu em equipamentos, incluindo a compra de bicicletas para o cicloturismo

No Farina Park Hotel, destaque para a autêntica gastronomia italiana

Villa Michelon oferece atrações para toda a família

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Em Farroupilha, na divisa com Bento Gonçalves, o Farina Park Hotel chama a atenção com o Arte In Tavola, restaurante concebido pelo chef italiano Mauro Cingolani. Seu principal diferencial é justamente a gastronomia, que foge das porções exageradas e das receitas pesadas da culinária italiana trazida pelos imigrantes – e tão comum nos estabelecimentos da Serra gaúcha. Aberto também ao público, no Arte In Tavola, os hóspedes do Farina Park Hotel costumam se deliciar com pratos como lasanha de coelho, ossobuco com risoto milanês, ravióli de bacalhau e semifredo de café e chocolate.

De janeiro a março, o hotel integra a programação do Bento em Vindima, promovendo eventos diferenciados como o projeto Ciclo de Cinema, com exibição de filme seguido de jantar no Arte In Tavola. Para o próximo mês, ceias especiais de Natal e Reveillon estão sendo programadas, com quatro ilhas variadas de receitas especialmente separadas para a ocasião. “Uma boa piscina em área aberta, coisa rara nos hotéis da região, costuma alegrar os turistas que querem fugir da aglomeração no Litoral no verão”, indica Eduardo Vasselai Farina, diretor adjunto.

Entre as atrações do Vale dos Vinhedos, o Hotel Villa Michelon destaca-se pela estrutura direcionada a atender, sobretudo, as famílias. A criançada pode se deliciar com um parque infantil, localizado no entorno do hotel, com uma vasta área cercada de paisagens, brinquedos e segurança. A Mini Fazenda coloca o turista em contato com a fauna e a flora da região, além de criações de galinhas, patos, marrecos, perus, ovelhas, cabritos e coelhos, que costumam divertir a garotada. Os adultos podem suar nas Quadras Poliesportivas, de Tênis e Paddle ou correr na pista de cooper no entorno do lago. “O Memorial do Vinho conta, em painéis, a história da vitivini-

cultura no Estado. Na visita ao Parreiral Modelo, é possível conhecer as particularidades sobre o cultivo da uva e, durante a colheita, nos meses de janeiro e fevereiro, provar da fruta do pé”, conta o proprietário, Moysés Luiz Michelon. Tradicionalmente, o Villa Michelon promove dois passeios ciclísticos por ano no Vale dos Vinhedos, um na Primavera, outro no Outono. No último sábado do mês de janeiro, ocorre a Festa de Abertura da Vindima. No 1º sábado de junho, o Filó Italiano comemora o Dia Estadual do Vinho. Para o Natal e Réveillon, a promoção especial está sendo montada, com direito a ceias especiais.

FARINA/DIVULGAÇÃO/JC

Memorial do Vinho conta, em painéis, a história da vitivinicultura no Estado

Arte In Tavola foge das porções exageradas e das receitas pesadas da culinária italiana trazida pelos imigrantes


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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ênfase na valorização da matéria-prima Em 2014, a vinícola ampliou seu complexo turístico, com investimento de R$ 1 milhão. O espaço ganhou uma melhor estrutura de atendimento, ampliação da área do varejo, novos ambientes e salas de degustações, adega para venda de vinhos finos e um espaço multiuso que será usado como auditório e restaurante. A Cave Acordes, instalada dentro de uma grande pipa de vinho de 100 mil litros, está totalmente integrada ao projeto enoturístico. “Temos um moderno e amplo Complexo Turístico, apto a atrair um número ainda maior de visitantes na Serra gaúcha”, afirma Ló. No ano passado, 70 mil pessoas estiveram na vinícola, resultando

em um faturamento no varejo de R$ 2,3 milhões. Desde o início do ano, a empresa contabiliza 40 premiações nacionais e internacionais. A última conquista foi em Berlim, na Alemanha, onde arrematou duas medalhas de ouro com os espumantes Garibaldi Moscatel e Garibaldi Prosecco, além da prata com seu espumante tipo exportação Amaze Brut. Seu multipremiado espumante Garibaldi Moscatel figura na lista dos 100 melhores vinhos do mundo pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores. O rótulo já contabiliza 66 distinções nacionais e internacionais. Entre os destaques, está a recente

MARCIEL AGOSTINI /DIVULGAÇÃO/JC

vinícolas

garibaldi

A Vinícola Garibaldi trabalha próximo ao produtor de uva, valorizando ao máximo a importância da matéria-prima para o resultado final dos seus produtos. Segundo o presidente, Oscar Ló, 2014 foi um ano bom para a Garibaldi. “Tivemos um safra de boa qualidade e teremos um crescimento de 15% no faturamento, atingindo os R$ 80 milhões, impulsionados pelo suco de uva e espumantes.” A linha de espumantes deverá fechar com crescimento total de 15%, sendo que o Moscatel ultrapassará os 20% de crescimento, além dos vinhos finos, com crescimento superior a 15 %, e a linha de sucos naturais e integrais, com crescimento acima de 30%.

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Ló ressalta o crescimento impulsionado pelos espumantes e suco de uva

conquista das medalhas de ouro no Sélections Mondiales des Vins em Quebec, no Canadá, e no 11º Concurso Internacional de Vinhos e Licores Vinus 2014, na Argentina. Além disso, por três edições, o Garibaldi Moscatel conquistou o prêmio máximo no Effervecents du Monde, realizado na França. Situada em Garibaldi, a 120 quilômetros de Porto Alegre, no coração da Serra gaúcha, a cooperativa apresenta índices de crescimento superiores aos da média

nacional. Resultado de uma história de investimentos, profissionalização e união, com uma trajetória que carrega em sua bagagem o trabalho e a vida de milhares de pessoas. Com um quadro de 370 associados, a empresa de Garibaldi investe na manutenção e na melhoria dos processos produtivos e na qualidade dos produtos. Tudo isso em uma área de 32 mil metros quadrados de construção e com capacidade de estocagem que ultrapassa os 20 milhões de litros.


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vinícolas

fante

A Fante Bebidas, de Flores da Cunha, projeta um crescimento de 21% neste ano, com faturamento de R$ 160 milhões. O aumento de R$ 28 milhões sobre o resultado de 2013 é comemorado, sobretudo, porque 2014 é considerado um ano de estagnação econômica no País pela empresa. “Seguimos nosso planejamento estratégico e, assim, conseguimos manter o nível de evolução projetado mesmo com um cenário difícil”, diz o diretor Júlio Fante. O resultado foi alcançado pela ampliação nas vendas, além de outras bebidas da Fante, do suco Quinta do Morgado, elaborado com uva 100% integral e natural, e os vinhos finos da marca Cordelier, adquirida em 2010 com o objetivo de desenvolver uma linha de vinhos finos de alta gama na empresa. Vem da nova marca um dos destaques do ano para a Fante, a eleição do rótulo Cordelier Brut como o segundo espumante charmat preferido no Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul, promovido pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em

São Paulo. O Cordelier Brut é um assemblage das uvas Chardonnay (70%), Pinot Noir (20%) e Riesling Itálico (10%), apresenta uma coloração amarelo palha e borbulhas finas, intensas e persistentes. No aroma, tem notas de pão torrado e frutas tropicais, como o abacaxi. O concurso foi conduzido por Steven Spurrier, crítico britânico responsável pelo “Julgamento de Paris”, realizado em 1976 e que mudou os parâmetros da indústria vitivinícola mundial, quebrando a supremacia francesa. Na degustação às cegas de 11 espumantes elaborados pelo método de cinco países – Argentina, África do Sul, Austrália, Brasil e Chile –, o Cordelier Brut foi o 2º rótulo mais votado por Spurrier, atualmente editor da revista inglesa Decanter, e outros 10 degustadores técnicos. “Ficamos muito contentes com o resultado, que refletiu positivamente junto ao mercado e ao consumidor”, afirma o dirigente. “Sentimos menos os efeitos da crise, porque temos uma distribuição espalhada por todo o Brasil e um

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Previsão de crescimento de 21% em 2014

Conforme Júlio Fante, resultado é possibilitado pela ampliação nas vendas

trabalho consistente de 25 anos na elaboração de produtos inovadores.” Assim, a marca consolidou-se em novos mercados, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-

-Oeste, auxiliando no progresso da empresa mesmo em tempos de crise. Hoje, a exportação é a responsável por 4% do faturamento

da Fante, com 100 mil caixas de produtos enviadas ao exterior. Os principais compradores são a República Dominicana, o Haiti, o Uruguai e o Paraguai.

panizzon

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Fortalecimento do produto nacional

Espumantes em evidência na linha de produção

Na Panizzon Vinhos, Sucos e Espumantes, a safra de 2014 foi avaliada como muito semelhante à de 2013. “A qualidade da uva foi boa, e vinificamos números parecidos com os do ano passado”, diz o diretor-geral, Benito Panizzon. Já economicamente, o ano de 2014 seguiu a máxima da economia brasileira. “Vamos ter um crescimento, mas não muito significativo.” O executivo identifica dois fatores como determinantes do pequeno crescimento do ano, a Copa do Mundo, “que para nós travou o mercado durante um mês e meio”, e as eleições, “que acabaram criando dúvidas e incertezas quanto ao futuro econômico que o País iria tomar.” Já as perspectivas para o final de ano, quando cresce muito o consumo de vinhos e espumantes, são alentadoras. “O setor vitivinícola brasileiro caminha, há alguns

anos, com números estáveis quando analisamos os vinhos, e em crescimento quando verificamos as vendas dos espumantes e dos sucos”, diz o diretor-geral. “O setor, através das entidades coordenadas pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), está avançando nas conquistas de nossas reivindicações. Se não na velocidade necessária, na velocidade possível. Devemos continuar trabalhando unidos num objetivo comum, que é o fortalecimento da imagem e a melhoria contínua da qualidade dos vinhos, sucos e espumantes brasileiros, fazendo com que os consumidores se sintam satisfeitos e atendidos nas suas aspirações no momento que consomem um produto nacional.” Com sede em Flores da Cunha, a Panizzon foi fundada em 1960 por Ricardo Panizzon e seus filhos.


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vinícolas

courmayeur

O nome faz referência a uma comuna italiana da região do Valle d’Aosta, na fronteira com o território francês. Mas a Courmayeur do Brasil Vinhos está localizada mesmo em Garibaldi, onde foi fundada, em 1976. De olho nas características peculiares de clima e solo da região, a empresa iniciou, nos anos 1990, a elaboração de espumantes, sua especialidade atual. A intenção da Courmayeur é desmistificar o consumo da bebida, tornando-a mais próxima do público sem perder a qualidade. “Celebre o novo: uma nova conquista, um novo momento, um novo dia, uma nova experiência” é o slogan da Courmayeur.

A empresa utiliza os processos asti, charmat e charmat longo para obter seus espumantes e acompanha todo o processo dos produtores parceiros, desde o parreiral, com acompanhamento durante todo o ano para a condução do trabalho até o cultivo das uvas. No processo de recebimento de uvas, os cachos são selecionados para que somente os melhores frutos originem os espumantes. O processo de elaboração é conduzido em pequenos tanques para o melhor controle de qualidade. Com degustações e análises, os enólogos definem os melhores cortes para elaboração dos espumantes. No engarrafamento,

cada garrafa é analisada esteticamente e, só então, aprovada para comercialização. O destaque na produção é o espumante Retrato Courmayeur Nature, que revela a intensidade da uva Chardonnay e do terroir da Serra gaúcha. Reconhecido com premiações internacionais, dentre elas no tradicional concurso Chardonnay du Monde, realizado na França, o espumante é elaborado somente em safras excepcionas, e as uvas utilizadas em sua fabricação provêm exclusivamente do vinhedo Colina Verde C1, localizado em Garibaldi. De aroma frutado, apresenta perlage intenso, fino e persistente. O diretor da Courmayeur,

terragnolo

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Vinhos, bem-estar e saúde

Shana e o marido, Sandro Valduga, administram a vinícola

Integrante da quarta geração de uma família de vitivinicultores, Sandro Valduga administra com a esposa, Shana Laurentis Valduga, a Vinícola Terragnolo. Aos poucos, a empresa conquista espaço com seus vinhos, sucos e geleias. Neste ano, lançou os primeiros rótulos de vinhos pinot noir e chardonnay. Para além dos vinhos, a Terragnolo aposta no turismo. A pousada vem crescendo. Em breve, mais quartos serão inaugurados, com banheiras de hidromassagem e sacadas para a bela vista do Vale dos Vinhedos. Sandro entra com os conhecimen-

tos na área vinícola. Shana, que é fisioterapeuta, coordena as atividades de saúde e bem-estar do spa. “Estamos diversificando, pegando esse nicho de mercado que une os vinhos e espumantes a atividades que proporcionam bem-estar e melhor qualidade de vida”, conta. A vinícola utiliza mudas certificadas com uma reduzida produtividade por unidade de área. Atualmente, todos os vinhedos de uvas viníferas são no sistema de condução espaldeira simples, com acompanhamento técnico desde a poda seca até a vindima.

COURMAYEUR/DIVULGAÇÃO/JC

Foco nos espumantes de alta qualidade Empresa utiliza os processos asti, charmat e charmat longo para obter a bebida

Mario Verzeletti, comemora a qualidade da safra de 2014, que, segundo ele, rendeu ótimos produtos para a vinícola, mas teme a safra de 2015. “A expectativa é de excesso de chuva, que tem atingido nossa região nesta época do ano”, justifica. “Nosso forte

é a produção de espumantes de alta qualidade, mas a incerteza do mercado desestimula nosso avanço para outro tipo de produção. O setor vitivinícola precisa de mais apoio governamental, redução na carga tributária e diminuição das importações.”


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vinícolas

salton

No ano em que completou 104 anos, a Vinícola Salton apresentou novos produtos, como o vinho tinto Salton Septimum, composto por sete castas e que faz analogia aos sete irmãos, fundadores da empresa, filhos de Antonio Domenico Salton. O frescor do espumante rosé da Salton, o Poética, chegou ao mercado mais elegante e com nova identidade visual. O Salton Reserva Ouro, espumante premium da vinícola, recebeu um sabor mais aprimorado e marcante. Foi o primeiro produto a ser lançado sob a assessoria do diretor-técnico do Institut Oenologique de Champagne (IOC) – um dos mais respeitados do mundo –, o francês Jean Pierre Valade. Outra novidade é o lançamento da linha Salton Paradoxo, elaborada com uvas provenientes de seletos vinhedos da região da Campanha gaúcha. Cleber Slaifer, diretor de Vendas, comenta que o primeiro semestre, devido à Copa do Mundo, foi bastante conservador. “Houve uma

retração no consumo de vinhos, com o público preferindo a cerveja. O clima, mais quente do que o habitual para o período, e a economia influenciaram negativamente.”. No segundo semestre, contudo, Slaifer vê uma reviravolta. “O espumante segue seu crescente contínuo. A Salton vem apostando neste nicho e investindo na parte produtiva e na tecnológica para produzir mais e melhores produtos.” Desta forma, a perspectiva da vinícola é fechar o ano com um crescimento de 15%. Apostando na tríade vinhos-espumantes-turismo, a unidade-sede, localizada em Bento Gonçalves, deve fechar 2014 contabilizando 90 mil visitantes. Neste ano, foi aberta a Cave da Evolução, ambiente a oito metros de profundidade que proporciona uma experiência singular, com degustação de espumantes e vinhos ao final de um labirinto místico. O visitante conhece os vinhedos, os laboratórios, o engarrafamento, a Ala Histórica, a Cave das Bordalesas, a Cave da Evolução e a Galeria dos 100 Anos.

ALBAARTE /DIVULGAÇÃO/JC

Aposta nos paladares refinados

Diretoria da Salton, da esquerda para a direita, Daniel Salton, Maurício Salton, Cléber Slaifer, Lucindo Copat e Luciana Salton

cave de pedra

Partidas pequenas e garrafas numeradas

Farenzena, um dos sócios da empresa, orgulha-se dos vinhos produzidos na Linha Leopoldina

nhedos próprios, grande experiência profissional, sensibilidade e máxima dedicação. A especialidade da vinícola é a elaboração da bebida pelo processo Champenoise, de fermentação na garrafa,

utilizado na França, que resulta em um produto de qualidade superior. Ivo Farenzena, um dos sócios da empresa, orgulha-se dos vinhos produzidos na Linha Le-

MARCELO G. RIBEIRO/JC

A Cave de Pedra Winery especializou-se em produzir um volume reduzido de vinhos e espumantes, mantendo a tipicidade do terroir do Vale dos Vinhedos. Uma empresa boutique, com vi-

opoldina, no Vale dos Vinhedos. “Nosso mais recente lançamento foi um espumante brut com 13 anos de maturação.” O executivo lamenta o desempenho do ano de 2014, atropelado pela Copa do Mundo. “Não houve o fluxo de turistas que se imaginava. Não estamos conseguindo atingir nossas metas em função da fraca procura nos meses de junho e julho. Todo o setor vinícola, que lida também com o turismo no Vale dos Vinhedos, foi afetado. Agora, esperamos ações da Aprovale para trazermos mais turistas para cá”, diz, referindo-se à Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. Fundada em 1997, a Cave de Pedra está instalada em um empreendimento que remete a um castelo medieval, construído em pedra basalto, aproveitando o material abundante na região. O tipo de construção favorece a manu-

tenção de temperaturas amenas, ideiais para o amadurecimento e envelhecimento dos vinhos. Em termos arquitetônicos, o lugar chama a atenção pela grandiosidade, destacando-o como centro para a realização de eventos. Neste período do ano, para a Cave de Pedra, é tempo de casamentos. Além do charme e do clima proporcionado pelo prédio em formato de castelo, há um ambiente climatizado, com capacidade para até 300 pessoas. Na área externa, jardins em meio a parreirais conduzem a um salão de festas menor, utilizado, geralmente, para almoços de negócios. Para manter a harmonização com os vinhos produzidos pela Cave de Pedra, a empresa mantém parceria com o Buffet Dalla Costa, referência na área gastronômica e de eventos na Serra, para providenciar a parte de alimentação das festividades.


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Aumento das linhas elaboradas em método tradicional direito à utilização e divulgação do nome na apresentação de seus produtos. Atualmente, é a única empresa brasileira detentora deste direito. Nada mais justo para uma vinícola cujo rótulo mais antigo de espumante data de 1920. O principal destaque da Peterlongo é o aumento gradativo dos artigos elaborados pelo método tradicional, presente nas linhas Presence e Elegance. “Retomar o conceito em produtos premium, cuja qualidade é refletida em cada garrafa que sai da vinícola, independentemente da faixa de preço

ou público, é uma das metas da empresa”, diz Sella. Para 2015, a aposta é a introdução dos rótulos vintage, que resgatarão os designs antigos das garrafas. “Trabalhamos com união, foco e posicionamento. A Peterlongo sabe de sua importância histórica, foi aqui que começou a essência do que hoje é vendido para o mundo como a imagem do Brasil, os vinhos espumantes. Buscamos permanentemente o aperfeiçoamento, ouvindo o consumidor e estando mais próximos dele.”

PETERLONGO/DIVULGAÇÃO/JC

vinícolas

peterlongo

Há mais de 100 anos, a vinícola Peterlongo, de Garibaldi, entrega na mesa dos brasileiros o espumante. “Somos uma empresa que carrega um enorme legado de tradição e história, porém está atualizada, de olho no futuro e na inovação”, afirma o diretor, Luiz Carlos Sella. Contrapondo-se à proposição de que o termo Champanhe somente possa ser usado na região de Champagne, na França, a Vinícola Peterlongo obteve, através de Recurso Extraordinário do Supremo Tribunal Federal, no ano de 1974,

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Desde sua fundação, empresa mantém método champenoise de elaboração, utilizado pelos franceses

Profissionalizar as equipes, tanto no segmento comercial quanto comunicação, é outro foco da empresa. “Devemos transmitir mais do que produto, mas o conceito, a história, o imaginário por trás de cada garrafa.” Localizada em Garibaldi, desde sua fundação, a Peterlongo preocupou-se em manter o mesmo método de elaboração utilizado

pelos franceses, o champenoise, mas também se atentou para os cuidados com a produção e armazenagem da bebida. O prédio da vinícola segue os padrões da região de Champagne, na França, incluindo uma residência em forma de castelo e uma cave subterrânea toda feita em pedra basalto, ela mantém a temperatura das garrafas constante o ano todo.


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vinícolas

gran legado

Em busca da consolidação de mercado A vinícola Gran Legado é uma marca nova, que entra no oitavo ano de atuação. Ainda em fase de expansão, busca se consolidar em novos mercados. “Talvez, as dificuldades advindas da macroeconomia brasileira tenham feito de 2014 um ano difícil. A movimentação no varejo caiu bastante, mas, dentro desta realidade, tivemos um bom desempenho”, afirma o enólogo Christian Bernardi. Segundo ele, o objetivo da empresa era vender um pouco mais do que foi comercializado, mas o desempenho foi bom. Localizada no Vale dos Vinhedos, a Gran Legado produz espumantes, vinhos e sucos. Depois de ajustar o foco em 2013 nos produtos, em 2014, a empresa deu atenção maior a seus rótulos e embalagens. “Queríamos deixar mais claros para o consumidor nossos

propósitos”, diz Bernardi. Em abril, foi lançada a minigarrafa do Espumante Moscatel, com 187 ml, correspondendo a uma taça da bebida. Prática e versátil, a garrafinha mantém as mesmas características do espumante moscatel vendido em 750 ml. Hoje, cerca de 80% do volume produzido pela Gran Legado é de espumantes. “Tivemos necessidade de diferenciar nossos produtos dentro da linha de espumantes com novos rótulos, que passaram a refletir de forma mais clara o conteúdo da garrafa, seja ele mais fino, mais tradicional, ou mais ousado e moderno.” Há três anos, a empresa começou a trabalhar com o espumante rosé e obteve, neste período, crescimento gradual e constante nas vendas. “Vemos a aceitação do espumante rosé sobretudo para

eventos, casamentos, formaturas e momentos festivos.” Mesmo assim, o enólogo vislumbra um espaço para o crescimento do espumante nacional. “Projetamos trabalhar com variedades diferentes de uvas e ampliar nossa linha de espumantes, trazendo diversidade para o mercado e novas possiblidades de escolha para o público consumidor. Queremos ampliar o mix de produtos da base da pirâmide, levando uma garrafa a cerca de R$ 25 na gôndola para que mais e mais pessoas experimentem os nossos espumantes. Estamos buscando nosso desenvolvimento nesse sentido”, diz. Conforme Bernardi, 80% do volume produzido pela empresa é de espumantes

GILMAR GOMES/DIVULGAÇÃO/JC

aurora

WAGNER MENEGUZZI/DIVULGAÇÃO/JC

Única brasileira no ranking das 100 melhores do mundo

Empresa recebeu, neste ano, 57 milhões de quilos de uvas

A Vinícola Aurora representa o Brasil no ranking das 100 melhores vinícolas do mundo, em levantamento realizado pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores, divulgado em outubro. E dois vinhos da Aurora apareceram entre os Top 100: o espumante Aurora Moscatel (o melhor colocado no ranking, exceto os champagnes) e o Aurora Reserva Merlot, o Merlot melhor colocado na lista. A premiação fecha um ano positivo para a Aurora, segundo a gerente de marketing, Lourdes Conci da Silva. “Em 2014, recebemos 57 milhões de quilos de uvas, e a expectativa para 2015 é que tenhamos uma safra de volume equivalente.” A Aurora é uma cooperativa formada por famílias produtoras de uvas, com gestão profissional de sua produção. “Somos uma empresa sustentável e compromissada com a sustentabilidade em todos os aspectos. Cresce-

mos 26% em 2013 em volume físico e esperamos crescer 10% em 2014. O faturamento, de R$ 300 milhões no ano passado, deverá chegar a R$ 320 milhões neste ano”, afirma. Conforme a executiva, o forte da vinícola é o variado portfólio, que atende ao paladar de diferentes segmentos de consumo com uma positiva relação custo-benefício, incluindo vinhos, espumantes, sucos, coolers, brandy, ice, licoroso, grappa e frisantes. Com matriz em Bento Gonçalves, a Aurora é a maior cooperativa vinícola do Brasil. As 1,1 mil famílias associadas estão instaladas em propriedades localizadas em distritos e municípios da região, que cultivam as variedades viníferas e americanas, responsáveis pela produção média anual de 55 milhões de quilos de uvas e pela elaboração de 42 milhões de litros de vinhos, espumantes e sucos de uva. Toda a produção dos agri-

cultores é feita sob orientação direta dos técnicos da vinícola, que, diariamente, estão em contato com o produtor, fornecendo toda a assistência técnica necessária. O sucesso internacional da Aurora vem acompanhado de crescimento nas exportações. Segundo a direção da empresa, a Aurora é líder em exportações de vinhos do Brasil. Participa com 39% do vinho exportado pelo País. No primeiro semestre de 2014, a maior participação nas vendas foi da Aurora: 58% no total de vinhos brasileiros exportados para os Estados Unidos, 64% do volume que segue para a Alemanha, 49% das exportações para o Reino Unido, e 44% para a Bélgica. Mais de 20 países compram vinhos da Aurora, entre eles França (onde o espumante Brazilian Soul Moscato, marca de exportação da vinícola, é o único do Brasil na rede Monoprix), Japão, Suécia e Dinamarca.


Caderno Especial do Jornal do Comércio

Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

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vinícolas

miolo

No Rio Wine & Food Festival, realizado em setembro, o Miolo Wine Group recebeu o troféu Produtor do Ano. O prêmio é oferecido a vinícolas pioneiras, que desenvolvem um modelo de trabalho consistente no setor vitivinícola brasileiro. Atuando em quatro regiões diferentes do País, o Miolo Wine Group destaca-se principalmente por ter 1.200 hectares próprios de uvas viníferas, conduzidas por sistema vertical (espaldeira), conseguindo, com isto, elaborar todos os seus vinhos ícones. “Esse fator, aliado à moderna tecnologia mundial presente nas nossas unidades, desde maquinários a excelentes profissionais, faz com que conquistemos cada vez mais espaço no cenário mundial com a nossa marca”, afirma Antônio

Miolo, sócio-diretor do grupo. A safra de 2014, no Sul, de acordo com o executivo, ocorreu dentro das expectativas, com uma pequena queda de produtividade. “Quanto ao Nordeste, continuamos com duas safras anuais, mantendo a qualidade e sem perda na produtividade, produzindo praticamente em todas as estações do ano.” Para 2015, a expectativa de Antônio Miolo é de uma safra de qualidade superior, o que trará grandes novidades e vinhos para o ano. “Por ainda estarmos em ascensão, o cenário da vitivinicultura brasileira vem melhorando e crescendo cada vez mais. O que precisamos é continuar mostrando a todos os amantes de vinho que nosso produto é de muita qualidade.”

MIOLO/DIVULGAÇÃO/JC

Para 2015, a projeção de uma safra superior

Conforme Antônio Miolo, safra de 2014, no Sul, ocorreu dentro das expectativas, com uma pequena queda de produtividade

Hoje, o Miolo Wine Group elabora mais de 100 rótulos produzidos em seis projetos vitivinícolas no Brasil — Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos, RS), Seival Estate (Campanha, RS), Vinícola Almadén (Campanha, RS), RAR (Campos de Cima da Serra, RS) e Vinícola Ouro Ver-

de (Vale do São Francisco, BA). E há as parcerias internacionais, com seis acordos de joint ventures: Costa Pacífico (Chile), Osborne (Espanha), Los Nevados (Argentina), além das vinícolas Podere San Cristoforo e Giovanni Rosso (Itália). As empresas do grupo ela-

boram 12 milhões de litros de vinhos finos e possuem a maior área de vinhedos próprios do País. Na última década, o Miolo Wine Group investiu R$ 120 milhões em expansão de produção, tecnologia de ponta, mudas importadas, instalações e equipamentos de última geração.

adolfo lona

DANILO UCHA/JN/ESPECIAL/JC

Crescimento acima do previsto Adolfo Lona não para, viajando pelos quatro cantos do País divulgando seus vinhos finos espumantes. O suor na camiseta deu certo. Ele sorri de orelha a orelha quando fala de 2014. “Do ponto de vista qualitativo, a safra deste ano foi muito boa para vinhos brancos. As uvas tintas foram prejudicadas devido à falta de chuva. Mas nada que colocasse em risco a qualidade dos produtos. Em termos comerciais, realmente estamos crescendo acima do que tínhamos planejado. Se, nos últimos anos, tivemos um crescimento, em média, de 15%; em 2014, devemos chegar aos 25%.” O tempo é o melhor aliado para a qualidade superior – pelo menos em relação à produção de espumantes, segundo Adolfo Lona. Por isso, o ciclo de produção Conforme Lona, tempo é o melhor aliado para a qualidade superior na produção de espumantes

da bebida na vinícola localizada em Garibaldi é de 180 dias para o método charmat e 18 meses para o método tradicional. Com larga experiência como diretor técnico na indústria vitivinícola, Lona iniciou sua própria produção de espumantes em uma adega especial, preparada para elaborar pequenas quantidades, de forma artesanal, sem grandes equipamentos sofisticados. “Somente pequenos volumes de produção permitem garantir o nível de qualidade que o consumidor espera da marca Adolfo Lona”, afirma. Naturalmente, vieram os investimentos em salas totalmente abrigadas da luz externa, que mantêm a temperatura constante e baixa. Pelo método charmat, Adolfo Lona produz os espumantes mais frescos e ligeiros, como o Brut Branco, Brut Rosé e Demi Aromático. Devido ao volume limitado de produção, o investimento em equipamentos específicos não seria uma boa alternativa para a vinícola, por isso

são utilizadas instalações de terceiros, para onde Lona leva seu vinho-base e acompanha rigorosamente a elaboração. Já pelo método tradicional, são fabricados os espumantes mais maduros e complexos, como o Nature e Brut. Aqui, a tomada de espuma e maturação é realizada na própria garrafa de comercialização, processo que ocorre nas salas climatizadas, onde os espumantes são conservados durante todo o ciclo de produção, que é de 18 meses. Se 2015 vai ser tão bom como 2014 para Adolfo Lona? “Deus vai dizer. Há um certo nervosismo no mercado, vamos esperar para ver o que esse novo governo vai fazer – e se o brasileiro vai seguir bebendo um espumante ou vai precisar de um destilado mais forte”, brinca. “Mas, de forma geral, o brasileiro está descobrindo o espumante, então mantenho o otimismo de que o mercado continuará crescendo para esta bebida.”


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Porto Alegre, segunda-feira, 17 de novembro de 2014

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