enfoco.belojardim Ano X Número 101 - agosto de 2020 - Belo Jardim-PE e Região
ONG Vovó Dida oferece plataforma de solidariedade para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social Divulgação
Associação Vovó Dida, em Belo Jardim, busca trabalhar o sentimento humanitário através da solidariedade em prol dos mais necessitados no município. De acordo com a ONG, doar é tão importante quanto receber e, nessa troca, há o despertar e a construção de uma rede dinâmica de assistência à saúde e do bem-estar para os belo-jardinenses. Espaço surgiu da gura materna de dona Dida, que deixou o legado de “fazer o bem” para seus familiares e amigos. A2
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Ajuda à Cultura deve chegar, mas de forma tardia e com recursos apenas do governo federal
Intenet
Desde que o coronavírus deu seu sinal no Brasil, com primeira contaminação positiva em fevereiro, várias categorias tiveram seus trabalhos diminuídos e sofridos nanceiramente. O setor cultural, por sua vez, vem sendo posto na culatra da responsabilidade administrativa. A Lei Aldir Blanc, que propõe ajudar monetariamente a classe artística, com um orçamento de R$ 3 bilhões, foi aprovada desde junho, mas até agora, não chegou aos cofres estaduais e municipais, cabendo aos artistas esperarem ainda mais. A prefeitura de BJ, tem apenas um departamento jurídico, o que pode tardar ainda mais a liberação.B1
Saúde B3 Os riscos da automedicação, sobretudo em tempos de pandemia
Agosto Dourado reflete B2 sobre a importância da amamentação B3
Panorama do eleitorado de Belo Jardim e o novo A4 calendário eleitoral 2020
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Cidade
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A2: Belo Jardim - Ano 10 nº 101, agosto de 2020
ONG Vovó Dida: Filhos transformam saudade em entidade filantrópica em prol dos mais necessitados de Belo Jardim Fotos: Arquivo Pessoal Da redação, Karina Veríssimo
“
Acreditamos que só é possível construir uma sociedade mais justa a partir do momento em que as pessoas passam a se importar umas com as outras”. Essa re exiva frase é o texto de abertura da Associação Vovó Dida, uma Organização Não Governamental (ONG) que busca atuar em diversas áreas do desenvolvimento social de Belo Jardim, oferecendo serviços de acomp an hamento, entretenimento para crianças, como contação de histórias; serviços de saúde, como entregas de medicamentos e realização de exames, consultas, terapias, atendimento domiciliar e hospitalar entre outras ações relevantes. Além disso, a missão principal da entidade é desenvolver ações socioeducativas e culturais que estimulem o amor e a solidariedade através de uma rede de assistência à saúde e de cuidado com as pessoas. Um a i n i c i at i v a linda que estimula a construção de uma sólida corrente do bem, unindo as pessoas que podem doar algo com as pessoas necessitadas. Essa rede dinâmica de assistência à saúde e do bem-estar para os belo-
Sebastião Gomes, esposo de dona Dida, representando a ONG, e Dom José Luiz, bispo da Diocese de Pesqueira
jardinenses conecta prossionais de diversos segmentos e categorias, que decidem dedicar um pouco do seu tempo em fazer o bem, com pessoas que necessitam de algum tipo de assistência. Através do site da entidade, é possível de nir o que há para doar com quem precisa de doação. Essa é a Associação Vovó Dida utilizando a tecnologia em benefício da população mais carente. Citemos, como exemplo, um enfermeiro que quer doar um pouco do seu tempo à comunida-
de. Ele realiza o cadastro no site e informa seus dados e área de atuação. Em outro ponto, existe um paciente que precisa de uma troca de curativos diariamente. O sistema, automaticamente, conecta essas pessoas e pronto: o bem está feito. Bacana, não é mesmo? E isso ocorre com qualquer pro ssional que deseje ajudar. São variadas as formas de ajudar. A partir da descrição do que o interessado pode partilhar, a ONG conecta as informações com o banco de dados, onde são cadastra-
Uma das essências e marca registrada de Dona Dida era a discrição e o amor à família
das pessoas ou instituições necessitadas da solidariedade e, então, direcionadas as ações ou doações. Por falar em doações, de acordo com Paulo Henrique Gomes, um dos lhos fundadores da Associação, 350 pessoas foram bene ciadas com o projeto e há uma média de 1000 doações. “Esse cálculo é feito porque cada pessoa quando recebe o medicamento di cilmente é só um”. Logo mais, dia 01 de setembro, a ONG vai completar quatro anos de fundação e o lho de dona Dida, aproveitou a oportunidade para re etir sobre o trabalho e importância da mãe. “Nesses quatro anos, vimos, principalmente, o trabalho que minha mãe fazia não se acabar. Ela se dedicava ao próximo de uma forma brilhante e absorvemos isso. Hoje, tenho certeza que, através da ajuda ao próximo, mantivemos ela viva. A sua obra está viva e isso nos orgulha muito, além de contribuirmos para uma sociedade mais humana”, revelou. Para que isso possa acontecer, é preciso o empenho e ajuda de muita gente, além, claro, de auxílio nanceiro. “As doações em dinheiro são destinadas para pessoas necessitadas em forma de medi-
camentos, realização de exames, translados para outras cidades ou compra de material que não esteja disponível em nosso banco de dados. Temos convênios com farmácias, clínicas e laboratórios que dão descontos para Associação. As despesas operacionais da Associação também são custeadas pelas doações”, revelou Paulo Henrique. Comprometidos com a transparência, a cada 90 dias os administradores disponibilizam o extrato da Associação. A entidade sem ns lucrativos é mantida através de doações, desde alimentos à medicações; de brinquedos à roupas; produtos de higiene pessoal aos produtos de limpeza, entre outros... Tudo pode ser doado à Associação Vovó Dida. Para quem quiser ajudar com qualquer valor, é só depositar no Banco do Brasil (Agência: 0721-8 e Conta Corrente: 39269-3. Quem quiser conhecer um pouco mais d a A s s o c i a ç ã o, p o d e entrar em contato com os volu nt ár i o s p e l o s ite http://www.vovodida.org. br ou ainda pelas redes sociais no @avovodida.
Dona Dida: Uma história pautada no amor ao próximo No dia 13 de janeiro de 1956, em Belo Jardim, nascia a “dedicação em pessoa”. Maria Margarida Costa e Silva é o nome dela, que dedicou a vida a ajudar pessoas necessitadas. C ar in hos amente chamada de Dida, ela foi uma mulher generosa, amável e sorridente. Durante os seus 60 EXPEDIENTE: Diretoria Executiva: Silvana Galvão - Diretora Executiva Departamento Comercial: Alcineide Santos
anos de vida, dona Margarida esteve à disposição para ajudar a todos de diferentes maneiras. Com formação na “escola da vida”, pôde auxiliar quem enfrentava di culdades familiares, nanceiras e pro ssionais. Com a bondade interiorizada, Dida conseguiu repassar valores para os três lhos que teve com Departamento de Jornalismo Érika Travassos - Jornalista/editora Karina Veríssimo - Jornalista/ Repórter Adenilson Barros - Redator estagiário Diagramação e redes sociais: @etcomunicacao
seu esposo, Sebastião Gomes. Sidney Costa (in memorian), Paulo Henrique e Ana Flávia passaram a seguir os passos da mãe e não deixaram morrer o desejo da matriarca, de mudar a vida das pessoas, após a partida da mesma para os “jardins celestiais”, em 18 de agosto de 2016. Assim, lhos, esposo, demais familiares e amiFALE CONOSCO: 81 99539.7171 jornalenfocobj@gmail.com Facebook/Instagram: enfoco.belojardim
gos próximos de Margarida se uniram com o propósito de manter vivo o ideal de solidariedade que sempre testemunharam. Então, no dia 1º de setembro de 2016, surgiu a Associação Bene cente e Cultural Vovó Dida, a qual visa perpetuar as boas ações praticadas por dona Maria Margarida.
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Eleição
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A4: Belo Jardim - Ano 10 nº 101, agosto de 2020
Perfil do eleitor belo-jardinense exige políticas públicas voltadas aos jovens adultos e melhorias no ensino básico. Veja também o novo calendário eleitoral Da redação, Karina Veríssimo
A
c r i s e ge r a d a pelo novo coronavírus afetou, inclusive, o cronograma das eleições 2020, onde os brasileiros vão eleger novos prefeitos e vereadores em 5.569 municípios espalhados pelo país. Com as alterações no calendário eleitoral, o primeiro turno das eleições irá acontecer no dia 15 de novembro e o segundo pleito, 14 dias após, no dia 29. O Distrito Federal e Fernando de Noronha não participarão das eleições municipais nem os brasileiros que moram no exterior e estão autorizados para votar no país de residência, tendo em vista que o voto em trânsito só ocorre nas eleições gerais. Muitos brasileiros geram expectativas positivas com a possibilidade de escolherem políticos comprometidos com a mudança e melhoria para seus municípios. Belo Jardim, por exemplo, é uma dessas cidades que está em busca de melhores oportunidades para sua população.
Internet
Fazendo um balanço desse eleitorado, o Jornal Enfoco apresenta ao seu leitor um levantamento detalhado dos eleitores disponibilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 62.104 eleitores aptos a votarem no pleito 2020, onde sua maioria (52,07%), que equivale a 32.706, é do gênero feminino. Eleitores masculinos correspondem a um público de 29.384 (47,03%) e menos de 1% (14 eleitores) preferiram não informar o sexo. Quem almeja a vaga do Executivo ou do Legislativo municipal deveria se empenhar em desenvolver e promove r p ol ít i c as públicas voltadas aos jovens adultos, tendo em vista que a maior parte do eleitorado está compreendida na faixa etária entre 25 e 29 anos, seguido de adultos de 30 a 34 anos. C om b a s e ne ste público jovem, mais da metade do eleitor belojardinense (52,09%) está solteiro e apenas 36,7% declarou estar casado. Um índice importante e que deve ser levado em consideração por postulantes aos cargos públicos é o
Covid-19 muda calendário eleitoral 2020. Pleito que geralmente ocorre em outubro, este ano será em novembro
nível de escolaridade dessas pessoas, nos quais 28,37% (17.622), são de eleitores que nem chegaram a completar o ensino fundamental. Eleitores analfabetos correspondem a 6.046 pessoas. Na tabela disponibilidade pelo TSE, eleitores com um nível educacional maior, os que completaram o ensino superior, equivalem a 4.476. Já em relação às condições de saúde, 115 eleitores declararam ter algum tipo de de ciência, como locomoção, visual, auditiva ou de ciência para o exercício do voto. Embora o TSE determine que “por conta da pandemia da covid-19,
não haverá identi cação biométrica do eleitor nas Eleições 2020”, em Belo Jardim, 86,03% dos eleitores realizaram o cadastramento da biometria. O Órgão informa ainda que “alguns processamentos de Atualização de Situação do Eleitor (ASE) ainda estão sendo feitos, o que pode implicar em alterações no quantitativo de eleitores com de ciência e por tipo de de ciência”. Após apresentação desses dados e cientes que o mundo todo, em todos os aspectos, mudou em virtude da pandemia, prefeituráveis e candidatos a vereador enfrentarão uma campanha sem precedentes na história das eleições,
considerando que a tradicional forma de fazer política precisa ser reinventada nestas eleições, assim como seu cronograma. Todas as mudanças buscaram protelar o processo eleitoral na tentativa de evitar o período de maior pico da contaminação de coronavírus. Ao mesmo tempo, os congressistas procuraram preservação, na alteração de datas das eleições, a posse dos eleitos para as prefeituras em 1º de janeiro de 2021, garantindo, assim, que não ocorra a prorrogação dos atuais mandatos.
Veja algumas das alterações no calendário eleitoral 2020 31/08 – INÍCIO DAS CONVENÇÕES - Até 16 de setembro de 2020, é permitida a realização de convenções destinadas a deliberar sobre coligações e a escolher candidatos a prefeito, viceprefeito e vereador, inclusive por meio virtual, independentemente de qualquer disposição estatutária e observadas as instruções do Tribunal Superior Eleitoral. 27/09 – INÍCIO DA CAMPANHA - Início da Propaganda Eleitoral, inclusive na internet. 9/10 – RÁDIO E TV - Início do horário eleitoral gratuito em rádio e tevê. 15/11 – DIA DO VOTO - 1º turno das eleições. 29/11 – DIA DO VOTO - 2º turno das eleições, onde houver necessidade. 15/12 – CONTAS - Data nal para apresentação das contas de campanha dos candidatos e partidos. 18/12 – DIA DO DIPLOMA - Diplomação dos candidatos eleitos. 1/01/2021 – DIA DA POSSE
Cultura
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B1: Belo Jardim - Ano 10 nº 101, agosto de 2020
Lei Aldir Blanc prevê ajudar artistas e organizações culturais afetados financeiramente pela pandemia, mas demora em liberação do recurso revolta categoria Fotos: arquivo pessoais/ redes sociais Da redação, Adenilson Barros
Blanc que morreu em maio, vítima da covid-19, a Lei 14.017 de caráter emerropondo ajudar os gencial, tem deixado artispro ssionais e tas incomodados com a organizações cultardança de liberação do turais que tiveram suas montante, uma vez que, rendas afetadas pela crise até o momento, nem edital sanitária do coronavírus, a para concorrer a partilha Lei Aldir Blanc foi sanciodos bilhões, os artistas nada pelo presidente da têm. República Jair Bolsonaro “A c h o q u e e s t á (sem partido), no dia 29 de demorando demais, muita junho, com saldo de R$3 burocracia e longo prazos bilhões, a serem transferipara começarem a pagar, dos da União para estados até parece que estão nos e municípios, para gestão fazendo um favor”, aponta de espaços culturais e pagaClaúdio Zebarsy,45 anos, mento de auxílio de três de Belo Jardim, produtor e parcelas de R$ 600 mensaprofessor de música. Jaciis, para artistas informais. ende de Lima, conhecida Em homenagem ao como Jacy Lima, 23, belomúsico e compositor Aldir jardinense, artista na músi-
P
ca, na moda e das artes cênicas, indaga: “ camos impossibilitados de manter nossa única renda, ca difícil não se incomodar com a demora do auxílio, que começou já pela sanção da Lei”. Fazendo uma cronologia, em fevereiro, o Brasil con rmou a primeira contaminação pelo vírus. Em abril, o “coronavoucher” (nome popular da ajuda nanceira do governo federal) idealizado pelo deputado federal Eduardo Barbosa (PSDBMG) é validado para trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados,
‘‘Acho que está demorando demais, muita burocracia’’, Claúdio Zebarsy.
tendo por objetivo fornecer proteção emergencial no período de pandemia. Estamos em agosto, e os artistas desolados estão com a paciência em “análi-
se”. E nessa batalha, quem sai vencido, é os boletos.
BJ só destina recursos por causa da pandemia e por obrigação com o governo federal O certo é que, o descrédito na potencialidade destruidora do coronavírus, inicialmente pelo chefe do Poder Executivo do Brasil e outras instâncias, se materializou na tardança de ações sociais reparadoras aos que se viram com suas rendas comprometidas. E como só não bastasse a falta de proposta federal, a lei de autoria de Benedita da Silva (PT-RJ) e de outros 23 deputados, foi aprovada, mas com vetos. Como a parte do texto, em que, Bolsonaro não aceitou a garantia de que os recursos seriam repassados a prefeitos e governadores num prazo máximo de 15 dias, o que também justi ca a delonga para liberação da quantia. “Mal sabem os desavisados que o setor da arte é responsável por uma participação considerada do PIB da economia brasileira. Artistas precisam de oportunidades e respeito, mas nesses dois aspectos, esse atual governo federal está sendo muito omisso e cruel com nossa classe”, acusa Claúdio Zebarsy. Com o anúncio do esperado repasse da verba federal, a secretaria de cultura da cidade tem feito
‘‘Ficamos impossibilitados de manter nossa única renda’’, Jacy Lima.
um cadastro online para saber quantos artistas local existem; criou um grupo no WhatsApp com os da categoria que se propõem a participar, funcionando como um espaço para tirar dúvidas e atualização de questões relacionadas à Lei Aldir Blanc, e eventualmente, realiza webconferências para esclarecimentos mais precisos. Famosa pelo descaso administrativo e por deixar vários setores desprovidos de recursos e gestão, como o da cultura, BJ está tendo a oportunidade de reverter esse cenário, que de ´terra de músicos´ só tem músicos/artistas sem terra e órfãos governamentalmente. E pelo retardo histórico em lidar
com assistencialismo, a artista Jacy Lima, teme que na prática, a lei “se torne mais uma fatia do bolo da corrupção”. Como não bastasse a espera pelo encaminha-
mento do recurso ao município, que assim feito, é necessário a confecção de edital para que os artistas idealizem como usarão o auxílio em promoção do seu trabalho, a cidade tem apenas um departamento jurídico para toda a prefeitura, o que demora para construir um processo mais simpli cado, de atendimento nanceiro a categoria. Artista e produtor cultural David Birigui fala sobre a necessidade de ser levado a Câmara dos Vereadores o assunto da arte e exigir que seja aprovada uma lei que encaminhe uma verba anual para o setor, pois a cidade “não
destina nenhum centavo do seu grande orçamento para a classe”, mas tem condição de fazer, e “é a primeira vez que está fazendo, por obrigação federal”. Os repasses previstos pela Lei Aldir Blanc começam até o próximo dia 10, a rmou o secretário da Economia Criativa, Aldo Valentim. O Enfoco entrou em contato com a Sec. de Cultura, para mais informações sobre como os artistas poderão receber o auxílio, mas não obteve retorno.
“É a primeira vez que está fazendo, por obrigação federal”, David Birigui.
Saúde
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B3: Belo Jardim - Ano 10 nº 101, agosto de 2020
Agosto Dourado: amamentação protege bebê e diminui as chances de diabetes tipo 2 e obesidade em crianças; mães lactantes têm menor risco de desenvolver câncer de ovário e de mama Especial, André Ráguine, UniFavip
A
amamentação exclusiva da criança até os seis meses de idade promove o desenvolvimento saudável do cérebro em bebês e crianças pequenas, protege as crianças contra infecções e diminui o risco de obesidade e de outras doenças. A prática também reduz custos de assistência médica no futuro e protege as mães lactantes contra o câncer de ovário e de mama. No entanto, apenas quatro em cada dez bebês no mundo são alimentados exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses de vida, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados são do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que aponta ainda o índice de 39% das mães que utilizam o leite materno como alimentação exclusiva para os bebês até os seis meses de idade, no Brasil. A enfermeira Andressa Oliveira, especialista em ginecologia e obstetrícia e professora do curso de Enfermagem da UniFavip, a rma que a amamentação é um dos momentos cruciais para aumentar o víncu-
lo entre o binômio mãebebê, com grandes vantagens para ambos. Além de apresentar diversos benefícios voltados a criança como proteção contra doenças, prevenção na formação incorreta dos dentes, evitar problemas na fala e proporcionar melhor desenvolvimento e crescimento para o bebê, o aleitamento materno contribui também com a saúde da mãe, através da redução das chances de câncer de mama, ovários e endométrio, auxiliando na redução do p eso adquirido durante a gestação, e contribuindo com a retração uterina após o parto. “Vale ressaltar ainda que é um recurso natural onde não haverá custos para a família” Uma pesquisa publicada em 2016 no periódico e Lancet apontava que a universalização do aleitamento exclusivo — ou seja, ter todas as crianças do mundo se alimentando somente com o leite materno no início da vida — poderia prevenir 823 mil mortes por ano entre meninos e
meninas com menos de cinco anos de idade, além de evitar 20 mil mortes por câncer de mama anualmente. Para o bebê, o aleitamento exclusivo até os seis meses de idade contribui para a imunidade reduzindo os riscos de infecções. Sendo constituído de anticorpos, proteínas, lipídios, vitaminas A, B12, C, D, E e K, água, cálcio, potássio, sódio, cloro, ferro, zinco, fósforo, ribo avina, tiamina, dentre outros. “O leite materno possui os nutrientes fundamentais para o bebê desde o seu nascimento até os seis meses de idade, não sendo necessária a complementação por meio de fórmulas ou mesmo a adição de água. Dessa forma a ideia difundida erroneamente de que o leite materno pode não suprir as necessidades do bebê, cai por terra”. Diversos estudos relacionam o aleitamento materno exclusivo (AME) até os 6 meses do bebê com a diminuição do risco de morte, quando comparado ao aleitamento materno predo-
minante e às crianças em aleitamento materno parcial. Além disso, a amamentação diminuiu as chances de diabetes tipo 2 e, com base em estudos de alta qualidade, diminuiu em 13% as c h a n c e s d e s o b r e p eso/obesidade, de acordo com o artigo cientí co “Consequências a longo prazo da amamentação no colesterol, obesidade, pressão arterial sistólica e diabetes tipo 2: revisão sistemática e metanálise”, e publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). É de extrema importância orientar as mulheres, desde os pré-natais, a se preparem para vivenciar a amamentação. Muitas delas apresentam di culdades no processo justamente pela falta de informação. Apoiálas e ajudá-las a entender que amamentar é algo possível e principalmente essencial, é um papel desa ador para os pro ssionais que estão comprometidos com a saúde materno-infantil. O tempo e a maneira que uma criança é amamentada irá interferir no resto da sua vida. A importância do ato para o desenvolvimento saudável do ser humano deu origem à campanha Agosto Dourado, dedicado à intensi cação das ações de pro-
moção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Sobre o Agosto Dourado A campanha Agosto Dourado originou de um encontro, em Nova Iorque, entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 1991. A reunião tinha como meta acompanhar o nascimento da Declaração de Innocenti (documento voltado para a amamentação) e elaborar ações em nível mundial para conscientizar sobre a causa. A Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que ocorre de 1 a 7 de agosto em vários países, é coordenada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA), que de ne um tema a cada ano e promove ações globais mostrando a i mp or t ân c i a d a amamentação para crianças e mães. No Brasil, a Semana de Aleitamento Materno é comemorada desde 1999 com a coordenação do Ministério da Saúde. Em 2017, foi sancionada a Lei nº 13.435, que institui o mês de agosto como o “Mês do Aleitamento Materno”.
Automedicação: saiba os riscos de tomar remédios por conta própria e sem prescrição Especial, André Ráguine, UniFavip
U
ma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum em 77% dos brasileiros. A mesma pesquisa apontou que 32% dos pacientes têm o hábito de aumentar as doses prescritas por médicos para potencializar os efeitos terapêuticos. De acordo com o mestre em ciências farmacêuticas e professor do UniFavip, José Edson de Souza Silva, essa prática pode ter consequências graves, que podem levar a óbito. “A automedicação consiste em fazer uso de medicamento sem a orientação de um pro ssional de
saúde. As consequências vão desde reações adversas leves, interações com outros medicamentos e em uma situação mais extrema pode levar à morte”, explica o docente. Ainda segundo o professor, durante o inverno a procura pela automedicação aumenta. Com as infecções respiratórias em alta nessa época, a busca por medicamentos para tosse, coriza, febre, dor de garganta e ouvido por conta própria atinge níveis extremamente elevados. Paralelamente, aumenta-se, com isso, o risco de diagnósticos tardios de pneumonias, otites, meningites, sinusites, entre outros. “As mudanças de temperatura podem fragilizar o organismo humano, como consequência surgem as doenças e a busca por medicamentos. É importante sem-
pre buscar a orientação de um pro ssional competente antes de fazer uso de medicamentos, e nós farmacêuticos somos capacitados para fazer essa orientação”, destaca Silva. Riscos iminentes à saúde Medicamentos são substâncias químicas estranhas ao organismo com potencial de causar intoxicações. Um outro problema é a interação. Um medicamento pode reagir com outro e provocar um dano ao organismo ou até mesmo interferir no efeito, fazendo com que o medicamento que ine caz. Reitero aqui a importância da orientação farmacêutica para evitar possíveis danos a saúde da população. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18%
das mortes por envenenamento no Brasil podem ser atribuídas à automedicação, e 23% dos casos de intoxicação infantil estão ligados a ingestão acidental de medicamentos armazenados em casa de forma incorreta. Os analgésicos, antitérmicos e anti-in amatórios estão entre os que mais intoxicam. Automedicação em tempos de covid-19 Em tempos de pandemia, há uma busca desenfreada por medicamentos contra a covid-19, alimentada por uma avalanche de “fake news” nas redes sociais que geram no paciente um estímulo para a prática da automedicação e uso abusivo e irracional de medicamentos. Mesmo antes de sólidas comprovações cientí cas de drogas e cazes contra tal
enfermidade, remédios como ivermectina e hidroxicloroquina desapareceram das prateleiras das farmácias, prejudicando pacientes com indicações precisas para tais medicamentos, como doenças reumáticas graves e verminoses. “A covid-19 é algo muito recente e a comunidade cientí ca ainda está buscando muitas respostas. Muitas são as informações passadas em todos os meios de comunicação, principalmente na internet. É muito importante que as pessoas tenham muito cuidado e não façam uso de nenhum medicamento ou terapia sem a orientação pro ssional”, alerta e naliza o professor.