enfoco.belojardim Ano X Número 103 - outubro de 2020 - Belo Jardim-PE e Região
Os desafios do novo prefeito O futuro chefe do executivo comandará município que tem PIB bilionário e verbas milionárias, mas repleto de carências básicas para a população Arquivo/Reprodução/BJ1
ESPECIAL: Belo Jardim tem o 16º maior Produto Interno Bruto (PIB) de Per-
Sintesb promove debate com prefeituráveis. Beto de Lulão (PT); Gilvandro Estrela (DEM) e Wilsinho Maciel (PTB) participam da sabatina. Isabelle Mendonça (PSB) não comparece B4
O que é e como o Pix vai mudar a forma das pessoas usarem o dinheiro no país B2 Outubro Rosa: cinco direitos oferecidos para as mulheres em tratamento contra o câncer B5 OPINIÃO A fumaça que asfixia e o silêncio
que destrói a todos nós.
Consumidores e comerciantes sofrem com aumento da cesta básica Internet
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nambuco, o 6º maior do interior do Estado e, também, o 2º PIB per capita mais representativo do interior, além de uma invejável arrecadação em recursos públicos. No entanto, a população ainda carece de serviços básicos nas principais áreas da administração municipal. Encolhimento de leitos, falta de pronto atendimento nos maiores bairros, elevada taxa de mortalidade infantil e Samu reduzido retratam a saúde. Péssimo Ideb e a falta de escolas em tempo integral marcam negativamente a educação municipal. Infraestrutura e a mobilidade urbana causam extremo desconforto e dor de cabeça à população. Ao passo que a cultura e o turismo local agonizam silenciosamente. A2 à A5
Itens como o arroz virou motivo de piada nas redes sociais. Carne e óleo, elevaram os preços nas lanchonetes. Aumento do feijão complicou a feijoada. E todo mundo se pergunta: como vai ser quando o auxílio emergencial acabar? B1
por ANDERSON MORAIS A7
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Especial
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A2: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Próximo prefeito de BJ comandará município rico, mas com grandes problemas de infraestrutura e serviço público ineficiente Da redação, @enfoco.belojardim
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conomia pujante e em constante desenvolvimento. Quando o assunto é o impacto econômico gerado pela iniciativa privada (indústria e comércio), Belo Jardim ocupa uma das melhores posições em Pernambuco. Dono de um dos principais polos industriais, o município movimenta aproximadamente R$ 1,8 bilhão (Produto Interno Bruto – PIB) por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE). Trata-se do 16º maior PIB a preços correntes do Estado, isto é, a soma de tudo o que é que produzido e comercializado no município por ano. No interior, o PIB nominal de Belo Jardim é o 6º maior e somente ca atrás dos municípios de Goiana, Caruaru, Petrolina, Vitória de Santo Antão e Garanhuns. Já no que diz respeito ao PIB per capita, valor que representa a distribuição da riqueza gerada pela quantidade de habitantes existentes, Belo Jardim gura numa posição ainda melhor. É o segundo maior do interior (R$ 23.752,18) e atrás apenas de Goiana. Atualmente, a Terra de Músicos tem população estimada pelo IBGE na ordem de 76.687 habitantes. Com todo esse elevado potencial econômico, difícil seria imaginar que BJ poderia amargar uma das piores posições no Estado quando se trata de infraestrutura e dos principais serviços públicos municipais. Mas eis que esta é a dura realidade. O que signi ca dizer que, embora assuma a condução de um município rico, o próximo prefeito da cidade terá pela frenExpediente: Diretoria Executiva: Silvana Galvão - Diretora Executiva Departamento Comercial: Alcineide Santos
te uma meta bem desa adora: dar um novo e promissor rumo para um município que há anos é punido por administrações ine cientes e falhas nos mais diversos aspectos. Cofres públicos que não cam sem dinheiro É certo que os problemas não são poucos e nem sim-
Apenas em 2019, essa arrecadação com ICMS/IPI foi de quase R$ 30 milhões, a 16ª maior dentre os municípios pernambucanos e a 6ª maior de todo o interior do Estado. Todos os dados são do portal da Secretaria da Fazenda de Pernambuco (Sefaz-PE). E isso sem contabilizar, também, os recursos recebidos do Fundo de
BJ tem PIB de cerca de R$ 1,8 bilhão por ano. Trata-se do 16º maior a preços correntes do Estado Arquivo/Facebook Belo-jardinense
SEM INFRAESTRUTURA Problemas vão desde um simples ordenamento no trânsito, que não existe e terminam em áreas ainda mais delicadas, como saúde e educação
ples de resolver, mas uma certeza também é a de que dinheiro não falta para a administração municipal, já que somente no período entre janeiro de 2006 e setembro de 2020, os cofres da prefeitura receberam um montante de R$ 257 milhões, valor este referente a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e S e r v i ç o s ( IC M S ) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Participação dos Municípios (FPM), que só entre janeiro de 2013 e agosto deste ano somaram R$ 225,5 milhões na conta de Belo Jardim, segundo o Portal da Transparência do Governo Federal. Somado a tudo isso, há ainda os recursos recebidos da União que são destinados para áreas especí cas, como saúde, educação e outras. E falando em setores especí cos da adminis-
De 2006 a set/2020, prefeitura recebeu R$ 257 mi de ICMS e IPI. Já FPM, de 2013 a ago/2020 foram R$ 225,5 milhões
Departamento de Jornalismo Érika Travassos - Jornalista/editora Karina Veríssimo - Jornalista/ Repórter Adenilson Barros - Redator estagiário Diagramação e redes sociais: @etcomunicacao
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tração municipal, saúde e educação são, sem sombra de dúvidas, os que mais apresentam fragilidades e carências.
Embora sejam essas as áreas que mais recebem recursos do governo federal.
Economia que não conta com apoio da gestão municipal Embora saúde e educação apresentem notoriamente os problemas mais delicados para o próximo prefeito de Belo Jardim, outras áreas também sinalizam diversos embaraços que, para um município do porte econômico e populacional como é o caso, já não deveriam mais existir há muito tempo. Na área da economia, por exemplo, a Secretaria de Indústria e Comércio foi desativada há vários anos e nenhuma outra pasta dedicada ao desenvolvimento econômico do município foi criada. No próprio site da prefeitura, inexiste qualquer referência a dados econômicos do município disponíveis para consulta pública.
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A3: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Encolhimento de leitos, falta de pronto atendimento nos maiores bairros, elevada taxa de mortalidade infantil e Samu reduzido retratam a saúde de BJ Reprodução/Blog Se Liga BJ Da redação, @enfoco.belojardim
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e acordo com o portal o cial do DATASUS, do Ministério da Saúde, até o ano de 2009 Belo Jardim contava com 118 leitos públicos hospitalares. Eram 45 do tipo clínico, 34 pediátricos, 24 obstétricos e 15 cirúrgicos. Todos esses leitos estavam distribuídos entre o Hospital Júlio Alves de Lira (HJAL) e a antiga Casa de Saúde Dr. Fernando Abreu. A população do município, segundo o último censo do IBGE era, em 2010, de 72.432 habitantes. Portanto, levando em conta o número total de leitos um ano antes desse censo, em 2009, Belo Jardim teria à disposição da população cerca de 1,6 leitos públicos para cada mil habitantes. Esse patamar já estava longe do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que orienta quantidade mínima de 3 a 5 leitos para cada grupo de mil habitantes. Todavia, a partir de 2010, com o fechamento da Casa de Saúde Dr. Fernando de Abreu, que era um hospital lantrópico conveniado à Secretaria de Saúde de Belo Jardim, o município passou a contar apenas com os leitos disponíveis no HJAL. Ou seja, a oferta de leitos públicos que já estava longe do número recomendado pela OMS declinou ainda mais. Restaram assim 72 leitos hospitalares (aproximadamente 1 leito para cada mil habitantes), sendo 23 clínicos, 21 pediátricos, 19 obstétricos e apenas 9 cirúrgicos. Mas como diz o ditado popular, “não há nada tão ruim que não possa piorar”, a partir de 2013 a oferta de leitos hospitalares em BJ sofreu mais uma queda. O município passou a contar com somente 51 leitos, número este que no ano seguinte, 2014, se consolidou em 59 leitos, sendo 21 clínicos, 10 pediátricos, 19 obstétricos e 9 cirúrgicos. Já no período que
FROTA REDUZIDA No Agreste, dentre os municípios com mais de 55 mil hab., BJ é o único com apenas uma ambulância do Samu. Em Gravatá, (foto abaixo) são 4
compreende de outubro de 2017 até abril de 2019, o portal do DATASUS registra que o número de leitos públicos hospitalares em Belo Jardim sofreu uma leve ampliação. Passou de 59 para 75, sendo 26 clínicos, 10 pediátricos, 25 obstétricos e 14 cirúrgicos. No entanto, a partir de maio do ano passado até agosto deste ano, a cidade voltou a dispor de apenas 59 leitos, segundo o DATASUS. Até mesmo durante o período mais crítico da pandemia de covid-19, os dados do Ministério da Saúde não apontam ampliação de leitos públicos. E como a população atual estimada de BJ, pelo IBGE, está próximo de 77 mil habitantes, é possível constatar que os 59 leitos públicos disponíveis hoje representam menos de 1 leito (aproximadamente 0,78) para cada mil moradores. Quando comparada a de outras localidades pernambucanas, cuja saúde dispõe de hospitais públicos apenas municipais, a nossa realidade é uma das piores e ca atrás até de outros bem menores e com menos recursos, como é o caso de Petrolândia, no Sertão. Com quase 37 mil habitantes, o município s e r t a n e j o, s e g u n d o o DATASUS, dispõe de 112 leitos públicos hospitalares (cerca de 3 leitos para cada mil habitantes), isto é, atinge a média que recomenda a OMS. Por sinal, a taxa de mortalidade infantil por lá é uma das menores: a cada mil nascidos vivos, 7,79 crianças não sobrevivem, conforme dados do IBGE. Já em Belo Jardim, essa taxa
sobre para 10,36 crianças. Além disso, durante a pandemia do novo coronavírus, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Petrolândia, reservou no Hospital Municipal Dr. Francisco Simões de Lima, u m a á r e a c o m r e c e pção/emergência e 28 leitos de retaguarda (sendo 6 somente pediátricos) exclusivamente para receber pacientes suspeitos ou atestados com a doença. E equipou parte das ambulâncias da unidade com respiradores. A Sec. de Saúde de Petrolândia também instalou este ano, o Centro de Atendimento para Enf rent amento à covid-19. E Petrolândia conseguiu chegar a dispor dessa infraestrutura de saúde pública que dispõe hoje com muito menos recursos que Belo Jardim. Segundo o portal do Fundo Nacional de Saúde (FNS), o município sertanejo recebeu do governo federal para a área da saúde, de janeiro de 2006 a setembro deste ano (quase 14 anos), re c urs os na ordem de R$ 69,1 milhões. Enquanto que, nos cofres municipais de Belo Jardim, em igual período, o montante de verbas para a saúde somou R$ 161 milhões. De modo que, com R$ 92 milhões a menos que BJ, recebidos ao longo dos últimos 13 anos e 9 meses, somente no quesito leitos públicos hospit a l ares, Petrolândia consegue ofertar quase que o dobro dos disponíveis atualmente em nossa cidade. Somente em 2019, B e l o Ja r d i m r e c e b e u recursos na ordem de R$ 17 milhões para a saúde, enquanto que Petrolândia, no mesmo período, R$ 7
milhões. Já este ano, apenas para despesas com a covid-19, o Ministério da Saúde transferiu para Belo Jardim montante de pouco mais de R$ 4 milhões, enquanto que para o município sertanejo, R$ 2,8 milhões. Ainda sobre a questão dos leitos do SUS, Belo Ja r d i m n ã o c a at r á s somente de Petrolândia. O cenário se repete (e em alguns casos se re ete ainda pior) quando comparado a diversos outros municípios pernambucanos cujos leitos públicos hospitalares também estão sob a responsabilidade das prefeituras. É o caso de: Surubim, 65 mil habitantes e 175 leitos públicos (198 durante a pandemia, entre maio e agosto); Araripina, 84 mil habitantes e 149 leitos públicos (10 equipados com UTI após a pandemia); Pesqueira, 67 mil habitantes e 125 leitos públicos; Carpina, 84 mil habitantes e 112 leitos públicos; Paudalho, 56 mil habitantes e 98 leitos públicos; São José do Egito, 34 mil habitantes e 82 leitos públicos; Cabrobó, 30 mil habitantes e 64 leitos públicos; Floresta, 33 mil habitantes e 61 leitos públicos; e Brejo da Madre de Deus, 51 mil habitantes e 60 leitos públicos. E se engana quem pensa que os problemas da saúde pública municipal de Belo Jardim se limitam apenas quanto ao número de leitos públicos hospitalares. No Agreste pernambucano, dentre os municípios com mais de 55 mil habitantes, Belo Jardim é o único que dispõe de apenas uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), isso para cobrir uma população de quase 77 mil pessoas. Não é raro, por exemplo, quando o veículo vai para manutenção ou mesmo quando é usado para realizar transferências de pacientes graves do HJAL para outros hospitais fora - já que as ambulâncias da unidade não apresentam
as melhores condições para transferências graves -, o município car com o Samu indisponível. “Precisei do atendimento do Samu, quando liguei me falaram que o carro estava quebrado e não tinha como atender a ocorrência, só quando o prefeito mandar ajeitar. Os impostos que a gente paga não servem de nada”, desabafou nas redes sociais, segundo matéria do portal BJ1, o belo-jardinense Adenilson Deninho. Na região, todos os outros municípios de porte médio estão em uma situação bem diferente quanto a esse serviço. Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe, por exemplo, dispõem cada um desses de 4 ambulâncias (sendo uma das de Gravatá equipada com UTI). Além de B ezerros, Surubim, Limoeiro e Pesqueira que contam, cada um, com duas ambulâncias do Samu. Outro aspecto que acende uma luz vermelha na saúde pública municipal é a c e nt r a l i z a ç ã o d o s atendimentos. O município não dispõe, por exemplo, de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ao menos nos bairros mais populosos e afastados do centro, como é o caso da Cohab I e Santo Antônio. Assim como as três policlínicas instaladas na c i d a d e n ã o of e re c e m , nenhuma delas, serviço de pronto atendimento 24 horas. Cenário este que acaba congestionando os atendimentos no já obsoleto para a dimensão de Belo Jardim, Hospital Júlio Alves de Lira/UPA 24h.
BJ, com pop. de 77 mil hab. conta com 59 leitos públicos, o que representa menos de 1 leito (0,78) para cada mil moradores
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A4: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Péssimo Ideb e falta de escolas em tempo integral marcam negativamente a educação de BJ, que recebeu de 2000 até setembro de 2020, mais de R$55 milhões só do governo federal Arquivo/Reprodução/Site PMBJ Da redação, @enfoco.belojardim
A
ssim como a saúde, a educação no que corresponde ao ensino público municipal necessita de atenção e de uma mudança de desempenho drástica, do tipo da 'água para o vinho'. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), a nota média da rede municipal de Belo Jardim no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) tem gurado dentre as piores posições. Aferido a cada dois anos, o Ideb é um indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino nas escolas públicas. A avaliação é dividida em três faixas: anos iniciais do ensino fundamental (1° ao 5° ano), anos nais do ensino fundamental (6° ao 9° ano) e ensino médio. De acordo com o portal do Inep, os resultados obtidos pela rede de BJ nas duas faixas de medição do ensino fundamental – já que os municípios em geral não dispõem de ensino médio nas suas escolas, apenas nas escolas estaduais –, têm cado muito abaixo das metas projetadas. No h i stór i c o d e notas que compreende a aferição sobre os anos iniciais do ensino fundamental, as notas médias obtidas pela rede municipal de Belo Jardim foram: 3.5 (2005), 3.2 (2007), 2.8 (2009), 3.3 (2011), 4.4 (2013), 4.5 (2015), 4.3 (2017) e 4.7 (2019). Todavia, as metas projetadas, respectivamente, eram: 3.6, 3.9, 4.3, 4.6, 4.9, 5.2, 5.5 e 5.7. Ou seja, a cidade não atingiu nenhuma das metas que tinham sido previstas. Situação semelhante se constatou com as
IDEB BAIXO Nota da rede municipal nos anos iniciais do ensino fundamental deixa BJ na 143ª posição no ranking estadual
notas obtidas na avaliação da faixa dos anos nais do ensino fundamental: 2.8 (2005), 3.7 (2007), 1.9 (2009), 3.1 (2011), 3.0 (2013), 3.2 (2015), 3.7 (2017) e 4.4 (2019). As metas projetadas eram, respectivamente: 2.9, 3.1, 3.4, 3.8, 4.2, 4.5, 4.7 e 5.0. Isto é, apenas no ano de 2007 que a rede de Belo Jardim não cou abaixo da meta. Pelo último Ideb aferido, 2019, a nota 4.7, correspondente à faixa dos anos iniciais do ensino fundamental, deixou Belo Jardim na 143ª posição dentre todos os outros municípios do Estado. A nota foi a mesma obtida em igual período, por exemplo, pela rede municipal de ensino dos municípios pernambucanos de Buenos Aires, Cachoeirinha, Canhotinho, Condado, Floresta, Glória do Goitá, Iati, Itamaracá, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Riacho das Almas e Tupanatinga. Nesta faixa do Ideb, a escola municipal que obteve a melhor avaliação no ano passado foi a Escola Professora Risoleta Cavalcanti (6.4). Já a instituição pior avaliada foi a Escola Tenente João Cordeiro (3.9). Já com relação ao indicador dos anos nais do ensino fundamental, também na avaliação apenas de 2019, a nota 4.4 no Ideb colocou BJ na 93ª colocação no ranking estadual. Esse resultado obtido foi o mesmo do ensino público municipal, também no ano passado, dos municípios de Exu, Iati,
Itaíba, Macaparana, Olinda, Santa Terezinha, São João, São Joaquim do Monte, São José da Coroa Grande e Tacaimbó. Nesta faixa do Ideb, as escolas municipais Centro de Excelência Municipal Professor José Vieira da Costa e a Escola Municipal Luiz Pereira de Amorim foram as que obtiveram a melhor avaliação em 2019 (ambas com média 5.6). Já a instituição pior avaliada foi o Centro Comunitário Castelinho (3.1). Apesar do desempenho claramente negativo na área, recursos não faltaram para a educação municipal ao longo de quase 20 anos. Fora os recursos próprios, os cofres municipais recebe-
ram por meio de repasses federais, segundo dados do portal do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), R$ 55,2 milhões no período de janeiro de 2000 até setembro deste ano. Só em 2019, o município recebeu do governo federal para gastos com educação verbas que somaram R$ 3,6 milhões. No entanto, ao longo de duas décadas o município não foi capaz de implantar nem sequer uma escola municipal em tempo integral. Os valores registrados são superiores aos recebidos, por exemplo, por Bonito para aplicação em educação: R$ 34,9 milhões entre janeiro de 2000 e setembro deste ano, sendo R$ 2,5 milhões somente em 2019. No entanto, o município de 38 mil habitantes foi vice-líder (na faixa dos anos iniciais do ensino fundamental) e líder (na faixa dos anos nais do ensino fundamental) na avaliação do Ideb 2019, em Pernambuco. A média da rede municipal de Bonito na primeira categoria de avaliação
foi 7.1, enquanto que na segunda, atingiu nota 6.8. Por lá, a escola municipal que atingiu a maior nota na faixa dos anos iniciais do ensino fundamental, chegou a 8.5, enquanto que a pior avaliada nessa categoria alcançou nota 6.6. Já na segunda faixa de medição, a instituição municipal de Bonito com melhor reconhecimento c on qu i s t ou n ot a 7 . 5 , enquanto que a que teve desempenho menos favorável, nota 5.0. E a constatação da qualidade da educação pública municipal em relação a de Belo Jardim não se restringe apenas ao Ideb do ano passado. No acumulado, somente nos anos de 2005 e 2007 que a rede municipal de Bonito não conseguiu atingir a meta projetada, no caso da avaliação da faixa dos anos inicias do ensino fundamental. Já com relação a segunda faixa, a dos anos nais do ensino fundamental, Bonito só cou abaixo das metas previstas em 2005, 2007 e 2011.
Reprodução/Portal Voz da Mata Sul
BONITO Município menor e com menos recursos que BJ se mantém como dono de uma das maiores notas Ideb no Estado
Anos iniciais do ensino fundamental: Notas médias de BJ: 3.5 (2005), 3.2 (2007), 2.8 (2009), 3.3 (2011), 4.4 (2013), 4.5 (2015), 4.3 (2017) e 4.7 (2019). Metas de 2005 a 2019: 3.6, 3.9, 4.3, 4.6, 4.9, 5.2, 5.5 e 5.7. Anos nais do ensino fundamental: Notas médias de BJ: 2.8 (2005), 3.7 (2007), 1.9 (2009), 3.1 (2011), 3.0 (2013), 3.2 (2015), 3.7 (2017) e 4.4 (2019). Metas de 2005 a 2019: 2.9, 3.1, 3.4, 3.8, 4.2, 4.5, 4.7 e 5.0.
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A5: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Infraestrutura e mobilidade urbana causam desconforto e dor de cabeça à população. Além disso, espaços públicos de convivência sofrem com o abandono e descaso Arquivo/Reprodução/Blog Paredão do Povo BJ Da redação, @enfoco.belojardim
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o tocante à infraestrutura, Belo Jardim cresceu de forma acelerada e ganhou inúmeros novos bairros e também maior uxo de veículos. Todavia, sem planejamento urbano. Resultado: no município, praças, parques, ruas e avenidas (muitas delas importantes para a mobilidade) estão esquecidas pelo poder público municipal e sem oferecer o mínimo de estrutura para motoristas, pedestres e a população em geral. Nem mesmo Defesa Civil estruturada a cidade dispõe. Há, por exemplo, diversas vias de intenso uxo e que interligam destinos importantes na cidade que nunca receberam pavimentação asfáltica. É o caso das avenidas Natalício Amaro (paralela ao Pátio da Feira e Eventos Nivaldo Jatobá), no centro; d a Av e n i d a S e b a s t i ã o Rodrigues da Costa (avenida da Delegacia Regional e do campus do IFPE), no São Pedro; também da Avenida Júlia Rodrigues Torres, entre os bairros Floresta e Cohab I; além da Avenida Senador Paulo Guerra, também na Cohab I. Isso sem contar as vias que possuem pavimentação asfáltica mas que há anos não passam por revitalização. É o caso do entorno da Praça da Conceição, no centro; também das vias que passam pelos pórticos de entrada da cidade (Praça dos Músicos e pelo bairro Santo Antônio), entre outras. Somado a isso, as vias sem qualquer pavimentação em bairros residenciais e também na Zona Rural. São inúmeras ruas e estradas simplesmente tomadas pela lama (no inverno) e pela poeira (verão), oferecendo assim total desconforto e má qualidade de vida para os munícipes. E não menos importante, faz-se necessário observar as más condições
DESCASO Espaços públicos, como parques e praças seguem entregues ao abandono
de conservação das praças e parques tanto da cidade como dos Distritos. A Praça da Conceição, por exemplo, que é considerada o coração da cidade, há pelo menos 16 anos não passa por um profundo serviço de revitalização. Em situação bem parecida encontram-se outras praças da cidade, como a Desembargador João Paes (da Estação) e a Praça Amélia Soares Paes (Praça do Cassiano), fora as praças da Zona Rural. Fora tudo isso, a parte urbana, em pleno 2020, não dispõe nem sequer de uma ciclofaixa ou ciclovia. E não é por falta de espaço, vide a área paralela à antiga linha ferroviária, que corta praticamente todo o centro e até mesmo parte de outros bairros da cidade, e que oferece espaço su ciente para eventual implementação desse tipo de equipamento voltado para a mobilidade. E em se tratando de mobilidade, outro transtorno é o transporte público de BJ. É pouca ou quase nenhuma a scalização e até mesmo o incentivo (por meio de parcerias) para um transporte de qualidade e e ciente. Diferente de municípios de mesmo porte que Belo Jardim, como Gravatá e Arcoverde, por aqui as linhas de ônibus urbanos são precárias e extremamente reduzidas e sem organização. Fatores esses que di cultam e até podem encarecer o deslocamento dos cidadãos que residem nos bairros e loteamentos mais afastados do centro. Isso sem falar nos serviços de mototáxi e táxi, que também sobrevivem
sem qualquer apoio e o mínimo de ordenamento por parte da Autarquia Municipal de Segurança, Trânsito e Transportes de Belo Jardim (Belotran). Realidade esta que é bem distinta a de municípios como São Caetano, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Bezerros, Gravatá, Pesqueira, Arcoverde, entre outros. Todos esses possuem os seus veículos de táxis, por exemplo, padronizados e devidamente adesivados com identi cações de suas respectivas praças de táxi. Ainda no tocante à mobilidade, o trânsito da
cidade con gura outra grande dor de cabeça. Nele faltam scalização, sinalização (horizontal, vertical e também de orientação de destinos) e sobretudo organização. Cruzamentos como os situados ao lado da Caixa Econômica; em frente à portaria da fábrica Moura; também no entroncamento da Praça Padre Cícero com a Rua Pedro Firmino; entre a Praça dos Motoristas e Rua São Pedro; na rotatória em frente à Rádio Itacaité; e por m, na Avenida Santo Antônio; são todos só alguns exemplos de pontos com intenso uxo de veículos que já deveriam contar com semáforos para disciplinar o trânsito. E não ap enas. O município já deveria dispor, inclusive, de semáforos c om t e mp or i z a d or a o menos nas vias de trânsito rápido. Já que municípios que dispõem de menos recursos públicos, como é o
caso de Arcoverde, Salgueiro, entre outros, já contam com alguns desses equipamentos modernos. Os semáforos com temporizador auxiliam a reduzir as colisões provocadas por paradas bruscas de motoristas, quando da mudança do sinal verde para o amarelo. Por m, a instalação de câmeras de monitoramento em pontos estratégicos é outra demanda que, se concretizada, seria muito bem-vinda para ajudar no trabalho de scalização no trânsito. E não somente. Mas que poderia auxiliar também a Polícia Militar na garantia da segurança do município.
Cultura e turismo que agonizam Quanto ao aspecto cultural de Belo Jardim, talvez nem seja preciso muito esforço para evidenciar que este é outro setor praticamente largado ao abandono. Algumas festas e eventos tradicionais, como por exemplo o Festival Jardim Cultural e o Natal Luz e Música, mesmo antes da pandemia já não existiam mais. Isso sem esquecer da baixa valorização e inserção dos artistas e bandas locais nos eventos do calendário cultural belo-jardinense ao longo dos últimos anos. E sobre o aspecto turístico, é inegável que Belo Jardim tem um rico potencial para o ecoturismo. Todavia, a falta de planejamento e de investimento do poder público municipal faz com que, há décadas, toda essa predisposição cami-
nhe pela trilha do desconhecimento. Até mesmo sinalização sobre os pontos turísticos e como chegar até eles inexistem em Belo Jardim. No próprio site da prefeitura, o máximo que é possível encontrar sobre o turismo belojardinense são breves descrições e algumas fotos que foram extraídas das redes sociais de internautas. E só. Quando para um município chamado de Belo Jardim e com belezas naturais como a Cachoeira do Bitury,
Espalhadeira, Cachoeira da Boa Sorte, Cachoeira da Palmeira, Pedra do Caboclo, Serra do Mocó e tantas outras, caberia a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo disponibilizar e manter, ao menos, um portal na internet com todo um conteúdo quali cado e bem produzido, contendo fotos e também informações e orientações, como por exemplo contatos de transportes e guias para esses destinos turísticos.
Arquivo/Reprodução/Site Revista Algomais
NATUREZA BJ tem elevado potencial para o ecoturismo, mas há pouca ou nenhuma ação para explorar essa atividade
Opinião
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A7: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Aquilo se paga, para aqui, paga acolá
S
ilêncio. Nas pesquisas entre os dicionários encontramos várias de nições, entre elas duas me chamaram atenção: a primeira, estado de quem se cala ou se abstém de falar. A segunda, é a ausência total ou relativa de sons audíveis. De tão interligadas que estão com os fenômenos climáticos provocados pelo homem que ca até difícil expressar nesse artigo o desassossego com o meio ambiente. A imagem que o “Agro é pop”, “Agro é tudo”, “Agro Queima” é tão politicamente correto que uma centelha lançada por um alguém tem provocado um desastre enorme na terra e no céu. Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal (INPP) trouxe os dados que 23 mil km² já foram consumidos pelas chamas o que representa as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas por 10 vezes. Você acha pouco? Nada, em média a recuperação da fauna e da ora levará cerca de cinco a sete anos sem nenhuma queimada novamente. Já ouvi e li por aí... “É a natureza se
Foto: Greenpeace
encarrega de se recuperar”. Concordo plenamente! Antes, você não inter ra nesse processo. Esse ecossistema que foi vítima de queimada lá no Centro Oeste, e que se alastra cada vez, aguarda dos céus a chuva para assim interromper esse desastre. Enquanto isso, “aquela nuvem que passa lá cima” chega em outros lugares do Brasil causando um desconforto respiratório. Ei, não estou falando da emissão do dióxido de carbono dos carros não, viu! Estou falando de um Brasil encoberto. De quê? A fumaça que sobrevoa tão longe e causa mudanças no céu e nas casas, e nas vidas. É bem verdade sim, porém, vamos fazer a seguinte comparação: você leitor (a) aceitaria o desa o de retirar um de seus órgãos, que tal um de seus pulmões por cinco a sete anos. Será que você faria as mesmas atividades, teria as mesmas condições físicas, respiratórias para um dia “normal” como hoje? Alguns metros do chão, e a todo o processo de umidi cação do ar que acontece na região Ama-
Alguns metros do chão, e a todo o processo de umidi cação do ar que acontece na região Amazônica está sendo bloqueado.
zônica está sendo bloqueado. Chamem os responsáveis, vamos fazer a assembleia dos pássaros! Chamem o vento, gritem, pela chuva, ela pode ajudar também! “Atenção, atenção: 'zim onw, zim onw' chamando todos os bichos do ar para uma reunião. Precisamos bater asas para mudar a rota das nuvens de fumaça. As nuvens carregadas de água estão tomando outra direção, não terá irrigação, umidade e nem aquela onda marota para o solo da gaivota no lado do atlântico. Senhor vento, você nos ouve? Aparece aqui também, e nos dá essa forcinha” – informa o papagaio já cansado de voar por não ter mais uma árvore para se abrigar.
E por essas bandas de cá, ninguém ouviu falar que tem queimada? Inda bem! Oxi, você que pensa! De acordo com pesquisas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de outubro a janeiro o “agro dinheiro” iniciará sem “querer querendo” o lançamento de uma “bituca de cigarro aqui , outra acolá” e nas manchetes a notícia: “ Sob sol e fogo, caatin-
ga desaparece.” “O tempo não para e nem curva para nós”, apontou meu amigo e veterinário Edson Flávio. Não é preciso ir a esses lugares distante para sentir esses impactos que foram ditos. Em alguns dias, minutos ou segundos você que está lendo sentirá na pele, na respiração, na água, nos alimentos, na saúde. É o paradoxo do lho abandonado: a felicidade de ter um nome ou a duras penas a luta pela própria sorte. Especial, por Anderson Morais. Jornalista e Professor apaixonado pelas letras. Busca encontrar nas palavras, formas e meios para um mundo mais re exivo e uma educação com excelência.
Economia
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B1: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Alimentos básicos encareceram durante a pandemia. Comerciantes veem reflexo desse aumento no preço dos produtos, e consumidores, no bolso Fotos: divulgação/Geraldo Magela Da redação, Adenilson Barros
S
e espalhou nas redes sociais memes e piadas com a alta nos preços dos alimentos, principalmente sobre o arroz, que em alguns estabelecimentos, o pacote de cinco quilos, geralmente vendido a cerca de R$15, chegou a custar R$40. Mas, não é só ele que cou mais caro, os outros itens de primeira necessidade, como o feijão, carnes, óleo, etc., tiveram uma alta considerável. O estudo “Efeitos da Pandemia nos Preços de Itens Básicos”, da Horus – plataforma de inteligência de mercado, que gera informações a partir dos dados de notas scais coletadas, relacionou os preços de produtos alimentícios antes e durante a pandemia. Foram comparados os preços entre os períodos de janeiro a fevereiro e junho a julho. Os resultados mostram um aumento de 34% no preço do feijão, o quilo do arroz também encareceu em 23% e derivados da carne, como a linguiça, subiu quase 70% em relação ao seu valor inicial. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) a alta do preço se justi ca pelo crescimento das exportações de produtos, alta do dólar e maior demanda interna, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Dólar alto No início desse mês, o dólar chegou a R$5,53 do real brasileiro, fazendo com que diversos produtores optem por exportar (vender para outros países) seus produtos, em vez de oferecer o item ao mercado nacional. Ao exportar, eles receb em em moeda americana. Para que as empresas brasileiras mantenham os ali-
“
Aumentos do feijão, óleo e outros são responsáveis por reajuste de até 50% no valor de produtos, em BJ
Você vai no mercado e toma dois sustos, o primeiro pelas coisas estarem todas caras e o outro, por gastar tanto e sair com quase nada.’’ Maria de Lourdes Batista, dona de casa
mentos aqui, é necessário pagar mais e este valor acaba re etindo no bolso do consumidor. Aumento do consumo interno Aproximadamente 65 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial de R$600 do governo federal, e isso, impulsionou o consumo interno. Vale destacar que, a maioria dos bene ciários faz parte da população de baixa renda, que usa o dinheiro para comprar produtos básicos para o dia a dia, como alimentação. Com o aumento da procura, os preços acabaram subindo e com o auxílio estendido somente até dezembro, pode continuar in uenciando o preço dos produtos até lá. Comerciantes locais são afetados pelo aumento dos alimentos e seus produtos têm preços revistos De um lado, o feijão mais caro e do outro, aumento da linguiça relacionado a alta da carne. Arthur Dionísio, um dos administradores do restaurante Dona Carolina, em Belo Jardim, que tem a feijoada como carro chefe da casa, se viu em maus bocados com o aumento do feijão, da carne e seus derivados que compõem o típico prato. “Com o aumento do preço, esquentamos muito a cabeça pensando numa solução que não afetasse
tanto o preço do prato e os dias oferecidos”. Ele conta, que a feijoada é servida 3 vezes na semana, mas não teve jeito: “Tivemos que diminuir para 2 dias e aumentamos o valor em 10%”. Indagado sobre como os clientes reagiram: “Claro que no começo teve aquela indiferença, mas para minha surpresa, parece que as pessoas estavam preparadas, devem estar sentindo a diferença em casa também, né, porque as reclamações caram abaixo do que temíamos”, revela. O preço de outro item básico que chamou a atenção foi o óleo de cozinha. Derivado da soja, produto que o Brasil mais exporta, até o momento, só nesse ano, já foi negociado com o exterior a venda de mais de 75 milhões de toneladas do grão, gerando uma espécie de “disputa” pela mercadoria entre exportadores e indústrias brasileiras e re ete nos preços dos produtos daqui. “Tivemos que aumentar o valor dos nossos salgados. Isso porque, a carne para o recheio já estava mais cara, depois o óleo que usamos para fritar, subiu também”, quem conta é Aniclécia Santos, 34, atendendo de uma das tradicionais lanchonetes de lanche de R$1,00 da cidade, que teve v a l or c or r i g i d o p ar a R$1,50. Alguns memes nas redes sociais colocaram o
Arroz de 5kg, geralmente vendido em alguns estabelecimentos em média por R$15, chegou a custar R$40
arroz como artigo de luxo, a apresentadora de TV Ana Maria Braga, por exemplo, apareceu nas redes com um colar feito de arroz, como forma de protesto pelo aumento do preço. Outros criaram a “promoção” de ´espetinho de arroz`, nada mais do que grãos postos em um palito de churrasco, oferecido por R$5,00. A d ona d e c as a Maria de Lourdes Batista, 48 anos, fala como cou mais caro abastecer a casa: “Você vai no mercado e toma dois sustos, o primeiro pelas coisas estarem todas caras e o outro, por gastar tanto e sair com quase nada. O feijão, por sorte compro em uma boa quantidade e não preciso repor agora, mas o arroz, já estou trocando por outras coisas, como macarrão e cuscuz”. Desa o municipal pós auxilio emergencial Na pandemia, em que muitos perderam empregos e sobrevivem com ajuda do auxílio emergencial, os produtos da cesta básica dispararam e os efeitos já são sentidos nos super-
mercados e no bolso dos consumidores. Grande parte desse benefício, auxilia pessoas de baixa renda, que destina um bom percentual desse valor para compra de comida. O que se questiona, é como que essas famílias se manterão a partir de janeiro, sem o auxílio e os preços elevados? Os próximos representantes políticos que se elegerem em Belo Jardim, terão grandes desa os em 2021. A cidade, que minimamente agiu na pandemia, seja para conter a propagação do vírus ou para dá assistência as pessoas, principalmente, as mais necessitadas, precisará se reinventar e incluir os belo-jardinenses em políticas públicas efetivas e ter responsabilidade social, s e m d i st i n ç ã o e s e m palanque político. Fonte: Nubank
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B2: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
O que é e como o Pix vai mudar a forma das pessoas usarem o dinheiro no Brasil
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Pix, novo sistema d e p a g am e nt o s instantâneos idealizado pelo Banco Central do Brasil (Bacen), tem previsão de chegada o cial ao mercado no próximo dia 16 de novembro. A nova ferramenta poderá ser utilizada por qualquer instituição de pagamento, mesmo aquelas que não possuem vínculos diretos com o Bacen. Bancos, ntechs e outras instituições nanceiras terão novas formas de realizar e receber pagamento em todo país. Mas a nal, o que é Pix? A grande mudança proposta pelo Pix é que as transações serão realizadas em até 10 segundos, 24 horas por dia e todos os dias do ano, incluindo nais de semana e feriados. Para o especialista em tecnologia e Product Manager da Juno, Gust avo Schmidt, o Pix nada mais é do que uma nova forma de transferir dinheiro entre
duas contas bancárias. “O grande benefício é que qualquer movimentação será muito mais moderna, ágil e barata. O Bacen se inspirou em modelos internacionais para criar o equivalente digital ao dinheiro de papel e a ideia é que ele seja bem simples”, detalha Schmidt. Até o momento, as transferências entre contas bancárias sempre foram feitas por meio de TEDs, que são as Transferências Eletrônicas Disponíveis, e DOCs, que são os Documentos de Ordem de Crédito. E os pagamentos de contas são realizados via boleto bancário, cartões, transações físicas ou até mesmo com dinheiro vivo. “Algumas dessas operações bancárias podem levar dias para serem realizadas e ainda podem acarretar custos para os clientes. Em bancos tradicionais, por exemplo, uma TED pode custar entre R$ 8 e R$ 16. E é justamente nesses fatores que
o Pix veio para fazer toda a diferença”, destaca o especialista. O novo sistema de pagamentos do Banco Central foi criado com o objetivo de facilitar a transferência de valores entre contas bancárias, o pagamento de boletos e contas e muito mais. Para realizar as transações do sistema Pix, vai ser preciso que tanto quem envia o dinheiro quanto quem recebe tenha uma conta, não necessariamente corrente, em um banco, uma instituição de pagamento ou em uma ntech. “O mais legal do Pix é que ele vai nos possibilitar novas formas para fazer pagamentos e transferências, agilizando muito mais o nosso dia a dia. Hoje para fazermos uma transferência para alguém, é preciso digitar todos os dados da pessoa (CPF, banco, agência e conta), um processo que muitas vezes pode ser até complicado, com o Pix isso será igual,
mas para agilizar o processo o Bacen criou duas funcionalidades, as Chaves Pix e o QR Code Pix”, explica Schmidt. As novas funcionalidades As Chaves Pix são a nova forma de identi car endereços bancários. Por meio dessas chaves, o Bacen reconhece sua conta no banco e valida suas transações bancárias. As chaves de endereçamento Pix são dados como telefone, e-mail ou CPF/CNPJ, que cam vinculados aos seus dados bancários. As transações via Pix acontecem por meio de QR Codes Estáticos e Dinâmicos. O QR Code estático poderá ser utilizado em diversas transações, como transferências entre duas pessoas, por exemplo. Já o QR Code dinâmico por sua vez, desempenha a função de uma cobrança mais formal, de um modo geral associada a um boleto. É o tipo de código que vai ser muito utilizado para realizar
pagamentos ou cobranças em e-commerces, por exemplo. “Com todos esses diferenciais, o Pix chegou para facilitar muito a vida de quem depende de pagamentos ágeis e e cientes, além de ser extremamente seguro”, completa o especialista. O cadastro dessas chaves estará disponível a partir do dia 05 de outubro em todas as instituições, a primeira Chave Pix para clientes Juno poderá ser cadastrada direto pelo app, em suas versões para iOs e Android. O Pix em si, tem previsão de entrar em funcionamento no próximo mês de novembro. Mais informações no site o cial do Banco Central: www.bcb.gov.br. Da assessoria P+G Comunicação Integrada
Rua Raimundo de Moraes, 42 - Centro - EdifĂcio J & D - salas 14 e 15 - CEP 55.150-110 - Belo Jardim - PE Fone-Fax: (81) 3726-2573 - E-mail: assetabile@hotmail.com
Eleição
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B4: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Sintesb realiza debate com os candidatos a prefeito de Belo Jardim. Participaram Beto de Lulão (PT), Gilvandro Estrela (DEM) e Wilsinho Maciel (PTB). Isabelle Mendonça (PSB) não compareceu Jornal Enfoco Da redação, @enfoco.belojardim
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rês dos quatro candidatos a prefeito da cidade de Belo Jardim participaram de um debate, na noite do dia 21 desse mês, no Hotel Lacazzona, promovido pelo Sintesb (Sindicato dos Trabalhadores de Ensino Superior de Belo Jardim). Estiveram presentes o candidato Beto de Lulão (PT), Gilvandro Estrela (DEM) e Wilsinho (PTB), já a candidata Isabelle Mendonça (PSB), não compareceu e nem prestou justi cativa. O debate durou cerca de três horas. O primeiro a se apresentar por ordem de sorteio foi o postulante do DEM, Gilvandro Estrela, que destacou a educação como prioridade. Sobre a saúde, relembrou 2017, quando interinamente assumiu a prefeitura e e nc ont rou o ho spit a l fechado, sem comida e médicos demitidos e prometeu a reestruturação, c ons t r u i r u m n ovo e ampliar a quantidade de UBS dos bairros, dos distritos e periferias, adquirir equipamentos como mamógrafo, de ressonân-
Mesmo moderado, troca de farpas e cobranças às gestões anteriores deram o tom do debate. Educação, indústria e comércio predominaram. Cultura, turismo e a causa animal foram esquecidos. E ausência de candidata comprometeu o debate.
cia magnética ou tomograa, ultrassom, endoscopia e ambulâncias. Também deve priorizar a agricultura e segurança. Pontuou, a falta de pagamento aos funcionários públicos, chamando o atual prefeito de “caloteiro”. Wilsinho, apresentou seu plano de trabalho que prioriza a educação, saúde e mobilidade urbana. Propôs aumentar as vagas nas creches, com cinco novos estabelecimentos, atendendo a cidade e Zona Rural. Citou, construir um segundo centro de educação infantil e novas escolas nos bairros Viana e Moura e da Facul-
dade. Na saúde, a partir de aporte do governo federal, pretende construir um novo hospital as margens da BR-232 e transformar o antigo, em um centro administrativo, zerando os prédios alugados. Propôs melhoria da qualidade das UBS e do SAMU. Na mobilidade urbana, se comprometeu com a reorganização do trânsito, estacionamentos, alargamento de avenidas e etc. Já Beto de Lulão, iniciou sua fala criticando o atraso salarial dos professores, falou que até os banheiros da AEB (Autarquia Educacional de Belo Jardim) estão “abandona-
dos”. Na saúde, destacou as demissões dos pro ssionais da área e salários atrasados. Defendeu uma gestão democrática, para que as escolas e faculdade parem de ser “cabide de emprego”. Em seu plano de governo, citou a construção de ciclovia, uma pista de cooper e limpeza do canal do Rio Bitury. Frisou o “anonimato” que vive o município e é de sua intenção deixá-la popular. Critérios do debate e ausência de candidata: O debate foi dividido em blocos, o 1°: Apresentação de propostas e plano de governo; 2°: Perguntas
entre candidatos sobre temas sorteados ao vivo; 3° e 4°: Perguntas centradas em educação de ensino s u p e r i o r, f e i t a s p e l a imprensa, assessores e organizadores do evento. O Sintesb convidou os candidatos com os maiores percentuais de intenção de votos. A candidata Isabelle ignorou o convite e não compareceu, nem se justi cou. Sua falta, repercutiu nas redes sociais, memes circularam rapidamente questionando a capacidade de governança. Apesar do debate ter seguido de forma respeitosa por parte dos candidatos, houve pouco foco nas propostas reais. Os três postulantes usaram grande parte dos seus tempos tro cando acusaçõ es e pedindo esclarecimentos sobre gestões anteriores. Temas como cultura, turismo e a causa animal nem chegaram a ser debatidos. Todo o debate pode ser conferido no facebook @enfoco.belojardim.
Saúde
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B5: Belo Jardim - Ano 10 nº 103, outubro de 2020
Outubro Rosa: 5 direitos oferecidos para mulheres com câncer que todos deveriam conhecer
O
utubro é marcado como o mês de prevenção e combate ao câncer em mulheres. Intitulado como “Outubro Rosa”, o movimento de conscientização têm como propósito informar a população sobre uma das doenças que mais matam mulheres no mundo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), neste ano já foram diagnosticadas cerca de 66.280 novos casos de pacientes com câncer de mama. Ou seja, a cada 100 mil mulheres, 62 podem ter câncer. Apesar dos números cada vez mais altos, a boa notícia é que muitas técnicas estão surgindo junto com a possibilidade de novos tratamentos e também de cura em casos de diagnóstico precoce, segundo o INCA a taxa de sucesso está em 95%. Após o diagnóstico, poucas são as mulheres que sabem sobre os direitos sociais oferecidos para
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pacientes com neoplasia mamária (câncer de mama) que contribuíram com o INSS, inclusive com a condição de contribuinte individual para empresários e pro ssionais liberais. Para esclarecer dúvidas e proporcionar informação para as mulheres que não conhecem esses direitos, Átila Abella advogado previdenciário e fundador da plataforma Previdenciarista, listou abaixo direitos e dicas para as pacientes diagnosticadas com câncer. Solicitação do pedido de benefício Para solicitar o benefício, à trabalhadora precisará passar por um exame médico pericial no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O processo é burocrático e deve-se levar em consideração a situação como um todo, por isso, é indicado que exista o acompanhamento de um pro ssional da área. Com
PE registra diminuição na transmissão da sífilis da mãe para o bebê A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) divulgou o consolidado dos casos de 2019, no público geral, entre as gestantes e por transmissão vertical da sí lis (da mãe para o bebê durante a gestação, denominada sí lis congênita). Juntando os três tipos, foram 13.401 infecções diagnosticadas, um aumento de 3,5% em relação a 2018 (12.947). Entre os dados epidemiológicos, chama a atenção a redução de
12,8% nos registros de sí lis congênita (1.652 em 2019 e 1.895 em 2018), apesar do aumento de 3,9% entre as gestantes (3.375 em 2019 e 3.248 em 2018), o que pode demonstrar que a descoberta durante a gravidez e o tratamento correto, feito com antibiótico (penicilina), podem evitar o adoecimento e sequelas irreversíveis na criança. De acordo com a Gerência de Atenção à Saúde da Mulher da SES-
o uso dos serviços da Previdenciarista - plataforma de direito previdenciário – é possível encontrar uma lista de advogados especializados que podem ajudar os procedimentos. Auxílio-doença (Auxílio por incapacidade temporária) Para ter acesso a este benefício, a paciente precisa estar impossibilitada de trabalhar temporariamente e receberá o benefício assegurado. Neste caso, é preciso pagar o benefício previdenciário, independente do pagamento das 12 (doze) contribuições de carência, basta ter vínculo ativo com o INSS FGTS E PIS “Pacientes diagnosticadas com tumor maligno na mama, ou que tenham uma doença dependente podem resgatar a quantia disponível no FGTS e nas quotas do PIS.
PE, a pessoa grávida deve fazer o teste para a sí lis no primeiro trimestre da gravidez ou na primeira consulta de pré-natal. Nos casos negativos, deve ser repetido no terceiro trimestre da gestação. Nos positivos, além do tratamento, é preciso que a equipe de saúde que acompanha a gestação faça o monitoramento mensal. Rati ca-se que, se não tratada, a doença pode provocar aborto, feto morto ou alterações irreversíveis na criança (óssea, oalmológica, neurológica).
Poucas as mulheres sabem sobre os direitos sociais oferecidos para pacientes com neoplasia mamária
Aposentadoria por incapacidade permanente Em casos de pacientes que já passaram pela cirurgia de retirada das mamas ou que cam impossibilitadas de trabalhar sem possibilidade de reabilitação, é possível realizar a solicitação de aposentadoria por invalidez. Nestes casos, a beneciada precisa ter iniciado as contribuições antes do diagnóstico da doença, conseguindo solicitar a aposentadoria por invalidez independentemente
Na população em geral, em 2019, foram diagnosticados 8.374 casos de doença (sí lis adquirida), o que corresponde a um aumento de 7,3% em relação a 2018 (7.804). Quando analisado o período de 2015 a 2019, nota-se que a maior parte das ocorrências, tanto da sí lis adquirida quanto da em gestante, são na população entre 20 e 29 anos. O que é Sí lis – A IST é causada pela bactéria Treponema pallidum. Apresenta diversas manifestações clínicas e dife-
de ter feito as 12 contribuições. Auxílio acompanhante A paciente precisa comprovar que necessita de assistência permanente de outra pessoa. No caso, trata-se de majoração de 25% do valor da aposentadoria por invalidez, onde será concedido em caso de morte da segurada. Da assessoria, Agência No Ar
rentes estágios (sí lis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A transmissão é por meio da relação sexual desprotegida, d a m ã e p ar a o b e b ê durante a gestação ou por transfusão de sangue contaminado. Para diagnosticar a doença, é possível fazer um teste rápido, que são ofertados gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).