Conhecida por ser berço de músicos, escritores, poetas e de muitos outros talentos que exportou, Cachoeiro de Itapemirim novamente está em festa
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A CIDADE E SUA MÍTICA SÃO CELEBRADAS Criação do poeta Newton Braga no fim da década de 1930, é neste período do ano que toda a mítica envolvendo a cidade costuma vir à tona, por conta da comemoração do “Dia de Cachoeiro”, em 29 de junho. Conhecida por ser berço de músicos, escritores, poetas e de muitos outros talentos que exportou, Cachoeiro de Itapemirim
novamente está em festa. Ressaltar as glórias do passado, no entanto, podem incitar uma reflexão, clarear parte do caminho que a leve para tempos melhores... mas que não tem como ser alcançado sem a valorização da cultura e investimento em educação de qualidade. O que impede que a grandeza de outrora não se repita?
Ronaldo Santos
O HOMEM QUE FEZ CACHOEIRO SER CANTADA Tantas emoções... em 1971, Roberto Carlos cai no choro ao interpretar PELO BRASIL “Meu Pequeno Cachoeiro” em sua terra natal e é consolado por Sampaio Divulgação
Considerado por muitos o maior compositor brasileiro vivo, Raul Sampaio (E) está prestes a completar 90 anos de idade
Cachoeirense Ausente Nº 1 de 1969, o músico Raul Sampaio Cocco novamente está em evidência em sua cidade agora. É o tema e o grande homenageado deste ano na Festa de Cachoeiro. Prestes a completar 90 anos de idade (em 06 de julho), Raul Sampaio é considerado por muitos o maior compositor vivo brasileiro. Há cerca de uma década, reside no balneário de Marataízes, após viver longos anos no Rio de Janei-
ro, onde consolidou a carreira. Uma legião de ícones da MPB gravou músicas criadas pelo Cachoeirense, da qual fazem parte ninguém menos do que Vinicius de Moraes, Toquinho, João Bosco, Renato Russo, Elizeth Cardoso, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Clara Nunes, Maysa, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Elza Soares, Maria Bethânia, Erasmo Carlos,
entre outros. Mas em sua terra natal, a canção mais lembrada é “Meu Pequeno Cachoeiro”, que ficou nacionalmente conhecida na voz de Roberto Carlos e foi declarada oficialmente como o hino da cidade em 1966. Até hoje, cantores do Brasil todo procuram Sampaio para pedir autorização para gravar “Meu Pequeno Cachoeiro”, contribuindo para manter viva a fama da cidade.
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FESTA HOMENAGEIA RAUL SAMPAIO Ele é autor de mais de 220 canções, como Meu pequeno Cachoeiro, hino oficial do município
O grande homenageado da Festa de Cachoeiro deste ano, Raul Sampaio Cocco, possui biografia de peso na música popular brasileira. O cantor e compositor cachoeirense fez parte do Trio de Ouro, ao lado de Lourdinha Bittencort e Herivelto Martins, um dos ícones da Era de Ouro do rádio no país. Ele é autor de mais de 220 canções, como “Meu pequeno Cachoeiro”, hino oficial do município; “Aladim”, fruto de parceira com Herivelto e interpretada pela cantora paulistana Isaurinha Garcia; “Meu pranto rolou”, gravada por Vinicius de Moraes e Toquinho; e a recente “Quero mais um samba”, escrita com Rogério Bicudo, que integra o álbum “+100”, do grupo carioca de samba Casuarina, concluído em abril. Esta faixa, aliás, tem como convidado o rapper Criolo. A Festa de Cachoeiro é a segunda ocasião em que Raul, que está prestes a completar 90 anos de idade, recebe homenagem. Também neste semestre, seu nome intitulou o concurso de marchinhas promovido dentro da programação do carnaval da cidade, em fevereiro, pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult). Do balneário de Marataízes, onde vive atualmente, Raul concedeu entrevista – feita via telefone – à prefeitura. Confira: O que representa, para o senhor, ser homenageado no evento mais tradicional da cidade, a Festa de Cachoeiro, justamente às vésperas do teu aniversário? Nunca deixei de estar ligado “Jamais pensei em à cidade. Sempre fui à Festa ter hino em Cachode Cachoeiro. Provavelmente participei de 90%. Sou um eiro, como jamais camarada que tenho raízes pensei em ter uma profundas em Cachoeiro. festa em homenaMinha família é de Portugal. gem a mim” Meu avô italiano foi um dos primeiros a abrir hotel em Cachoeiro. Era o hotel Cocco. Cachoeiro é uma cidade especial para mim. Não gostaria de ter nascido em nenhum outro lugar no mundo. O hino “Meu Pequeno Cachoeiro” é carregado de lirismo e nostalgia confessionais, fortemente marcados em suas melodias, seus versos. Conte-nos um pouco, por favor, como foi criá-lo. Fiz uma música sobre a cidade que amo. Tê-la como hino foi uma surpresa grande para mim. Jamais pensei em ter hino em Cachoeiro, como jamais pensei em ter uma festa em homenagem a mim. Além de “Meu Pequeno Cachoeiro”, o senhor também compôs os hinos dos dois principais times de futebol da cidade, o Estrela do Norte e o Cachoeiro. Como é tua relação com o esporte bretão e de que modo este vínculo influenciou no momento da composição de ambas as músicas? Não faço nada para ser hino. Eu vivia dentro da música, dos estúdios. Acompanhava uma gravação. Peguei o pessoal do coro e gravei um disco matriz. O pessoal começou a tocar nos programas esportivos. Até que um dia disseram que transformaram no hino oficial do Estrela, que foi fundado por gente da minha família, o tio Mário Sampaio, um dos fundadores. A coisa mais bacana era a plateia cantando. Eu me sinto feliz, alegre, satisfeito. Há muitas composições tuas gravadas por outros
Fotos: Márcia Leal
grandes nomes da música popular brasileira. Algumas das quais, inclusive, chegam a se pensar que são de autorias desses artistas, como é o caso de “Meu Pranto Rolou”, que Vinicius de Moraes gravou com Toquinho. Como o senhor lida com essa questão? Eu tenho músicas gravadas por mais de 400 pessoas. Aos 90 anos, tive uma música minha inédita gravada. Criolo gravou com o Casuarina. O Casuarina gravou e chamou o rapper Criolo, para gravar uma faixa. O disco já está à disposição. O Criolo é um cara famoso. Além de Roberto Carlos, tem Alcione, Vinícius de Moraes, Toquinho, Nelson Gonçalves, Erasmo Carlos, Renato Russo, Orlando Silva, Altemar Dutra, Miltinho, Anísio Silva, Maysa, Angela Maria. Qualquer discografia vai encontrar um troço meu. Um nome que não posso esquecer é Elizeth Cardoso. Marlene, por aí afora. Não quero ser injusto, porque todos eles me ajudaram, foram importantes para mim. Em que momento da vida o senhor decidiu se tornar compositor? E quem foram as pessoas importantes nesta etapa inicial de tua trajetória artística? Nasce com a gente. Já nasce feito. Já nasci poeta e compositor. Quais fatores motivaram o jovem Raul Sampaio Cocco a tentar a sorte na cidade grande? Fui buscar emprego. Como meu pai não podia me ajudar a estudar, saí para arrumar emprego. Aí as coisas foram acontecendo. Até 1952, arrumei vários trabalhos. Herivelto Martins foi quem me levou para a rádio. Fale um pouco sobre tua passagem no Trio de Ouro e de tua amizade com Herivelto Martins. Ajudei ele a refazer o Trio “Tenho raízes pro- de Ouro, após a separação fundas em Cacho- dele com Dalva de Oliveira. eiro. Não gostaria As pessoas se encontram. Já de ter nascido em está no destino, pode crer. Na música, fiz muita coisa. nenhum outro lu- Fui solista, cantor, produtor. gar no mundo” Depois fui ser secretário executivo em uma associação de compositores, antes da fundação do Ecad. Sou um dos que participaram da criação do Ecad, fundado por associações. Assinei o primeiro estatuto, junto com Mario Rossi, Newton Teixeira e Carlos Galhardo. Dentre os intérpretes da atualidade, quem já gravou tuas composições? E quais destas são mais conhecidas do público? César Menotti e Fabiano, que regravaram “A Carta”. Vamos ver se agora Criolo e Casuarina fazem sucesso com “Quero Mais um Samba”, feito em Marataízes, que gravei com quase 90 anos. Morando hoje em Marataízes, numa vida mais discreta, o que o senhor anda fazendo? Compondo? Escrevendo? Quais são tuas atividades e projetos atuais? Continuo escrevendo, compondo, mas não canto mais. Estou sem condições, porque meu ouvido não aceita mais. Meu violão foi para o Instituto Cultural Cravo Albin, no Rio de Janeiro, e agora está junto dos violões de Herivelto Martins e Cartola.
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AUSENTE Nº1 PRESTES A CHEGAR José Eduardo Coelho Dias, renomado advogado que reside na Grande Vitória desde a década de 1990, entra para seleto rol de homenageados Mais um renomado advogado é eleito Cachoeirense Ausente Nº 1. O homenageado em 2018 é José Eduardo Coelho Dias. Um dos pontos altos da festa do município, a chegada do Ausente Nº1 à cidade está prevista para a tarde desta segunda-feira (25), no bairro União. O tradicional evento de recepção está marcado para 15h00. Logo após, a partir das 15h30, há a solenidade de entrega das “chaves de Cachoeiro” para o homenageado, no Centro Operário e de Proteção Mútua. TÍTULO Criado no fim da década de 1930 pelo poeta Newton Braga, como forma de reverenciar conterrâneos que não viviam mais no município, mas que mantinham vínculos afetivos com a
terra natal, orgulhosos da imposição do destino, o título engloba um seleto rol de homenageados, nomes de destaque em profissões variadas. Do ramo da advocacia, por exemplo, fazem parte, entre outras personalidades, ninguém menos do que Sérgio Bermudes (Cachoeirense Ausente Nº 1 de 1978) e Demisthóclides Baptista (homenageado em 1984). A honraria é concedida anualmente, como parte das festividades do Dia de Cachoeiro (29 de junho). CARREIRA Atualmente residindo em Vila Velha, José Eduardo mudou-se de Cachoeiro de Itapemirim no início da década de 1990. Ele é especialista em Direito de Família e, além de exercer a advocacia, atua como
Divulgação/PMCI
Um dos pontos altos da festa do município, a chegada do Cachoeirense Ausente à cidade está prevista para a tarde desta segunda-feira (25)
professor universitário e palestrante. É também o criador do site Questões de Família e comentarista da rádio CBN Vitória sobre o tema, além
de presidir a comissão especial da OAB-ES na área de Direito de Família. FAMÍLIA Zedu, como é conhe-
cido, é filho do saudoso José Dias Netto, o ‘Zé da Carneiro’, um dos pioneiros no comércio de instrumentos musicais no Sul do Estado. Ainda
é bisneto de Maurílio Coelho, fundador da centenária fábrica de pios de aves situada na Ilha da Luz, única do tipo na América Latina.
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REGINA MONTEIRO, PRESENTE! Jornalista e servidora pública é reconhecida por se dedicar à cidade, às causas sociais e culturais, divulgando os talentos, a cultura e o potencial local O título de Cachoeirense Presente Nº 1 é concedido desde 1990, pela Câmara de Vereadores, a pessoas que são exemplos de vida e se destacam no dia a dia da cidade com o seu trabalho. A homenageada em 2018 é a jornalista e servidora pública Regina Monteiro, que completou recentemente 60 anos de idade. Há 37 anos é graduJonathan Lessa
ada e pós-graduada em Jornalismo, profissão que exerce com paixão. Regina nasceu no Rio de Janeiro, tem três filhos e uma neta. Sua casa é uma alegria, está sempre de portas abertas para receber os amigos, familiares e os profissionais de imprensa, que lá costumam se reunir para um bom papo, ouvir música e celebrar a vida.
Desde que chegou a Cachoeiro de Itapemirim, em 1997 (ano que recebeu o título de Cidadã Cachoeirense), que ela se dedica à cidade, às causas sociais e culturais, divulgando os talentos, a cultura e o potencial cachoeirense. Seu amor pela cidade já foi declarado inúmeras vezes, e hoje ela fala da emoção em receber a merecida homenagem.
Como foi para você ser eleita Cachoeirense Presente de 2018? REGINA MONTEIRO - Foi uma das maiores emoções de minha vida! Passei dias fora do ar, me perguntando se realmente merecia tamanha homenagem. Até que finalmente entendi a minha representatividade. Compreendi que a Cachoeirense Presente de 2018 são todas as mulheres. São todos os profissionais de imprensa e da área de comunicação social. São todos os servidores públicos que trabalham para servir a população da melhor maneira possível – que é o que o povo merece. São todos os que não nasceram em Cachoeiro, mas decidiram fazer dessa terra o seu verdadeiro lar. São todos os que amam Cachoeiro e que entendem a alma dessa cidade única, enigmática, mágica, peculiar em suas tradições. Enfim, são todos os que eu tenho a honra de representar. Todos eles foram eleitos Cachoeirense Presente de 2018. Em sua opinião, qual a importância do título? Desde que cheguei a Cachoeiro acompanho de perto a eleição do Cachoeirense Ausente e do Cachoeirense Presente. São os grandes homenageados que
dão o tom da festa da cidade. O Cachoeirense Presente representa os moradores de Cachoeiro, os que fazem a cidade acontecer em todos os níveis e aspectos. Para mim, o Cachoeirense Presente deve ter a alma cachoeirense e carregar a energia da cidade. Por isso é tão importante o título, já que a pessoa eleita no ano representa toda a população do município. É um título muito importante e uma responsabilidade imensa. Qual a sua expectativa para esta edição do evento? A minha expectativa é a melhor possível. Tenho recebido muitas homenagens, apoio dos amigos, da população cachoeirense, e dos companheiros de imprensa. Todos se mostram muito animados e querem participar dos eventos programados nessa semana de festividades. É esse o espírito da festa da cidade, o encontro dos amigos, os abraços fraternos. Em sua opinião, qual o momento alto da Festa de Cachoeiro? Todos os momentos são muito importantes. A chegada do Cachoeirense Ausente é sempre uma grande alegria. A entrega das chaves da cidade, no Centro
Operário, é um evento simbólico de muita importância. A Sessão Solene da Câmara é um momento sublime para os homenageados. O desfile escolar, onde percebemos o esforço dos professores e alunos do município. O almoço solidário, cuja renda será destinada à APAE. O baile de gala, que é o baile oficial da cidade e uma tradição que já tem mais de meio século. E, finalmente, o Encontro dos Amigos da Praça Vermelha, que é repleto de muitas emoções. Qual a mensagem que você deixa para o povo cachoeirense? A minha mensagem é de otimismo e comprometimento com a cidade que eu tanto amo. Escolhi Cachoeiro para viver, construí aqui o meu lar, e fiz de Cachoeiro o meu lugar no mundo! Agradeço ao povo de Cachoeiro por tudo que recebo diariamente: carinho, reconhecimento, afeto e gratidão. Agradeço à Câmara Municipal de Cachoeiro a minha eleição. Agradeço aos amigos que tanto me apoiaram nessa jornada. Hoje, mais do que nunca, o meu compromisso é com a prosperidade da cidade e a felicidade de seu povo. Amo Cachoeiro e sua gente!
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QUASE OITO DÉCADAS DE GLAMOUR Baile de gala oficial é realizado desde 1942 no Caçadores Carnavalescos Clube Fotos: Wallace Hull
Palco de concorridos bailes de carnaval, de debutantes, recepções de casamento, e de constantes e variadas atividades culturais até o princípio da segunda metade do século 20, o centenário Caçadores Fotos: Divulgação
Carnavalescos Clube sedia desde 1942 o baile a rigor oficial da Festa de Cachoeiro. O único evento “black tie” promovido atualmente no Espírito Santo chega à 76ª edição, na próxima sexta-feira
(29). Neste ano, a animação fica por conta da renomada Big Band Tupy Orquestra e Coral, regida pelo maestro Bruno Rodrigues. Os grandes homenageados da noite são o advogado José Eduardo
Coelho Dias (Cachoeirense Ausente Nº 1 de 2018) e a jornalista Regina Monteiro (Cachoeirense Presente Nº 1).
serviu para reforçar toda a mítica que envolve Cachoeiro de Itapemirim, sendo prestigiado por alguns dos principais astros locais. PRESTÍGIO O salão do Caçadores Em seus 76 anos de já foi frequentado por história, o baile de gala Roberto Carlos (Ca-
choeirense Ausente de 1967), o compositor Raul Sampaio (Ausente de 1969), os atores Jece Valadão (1971) e Carlos Imperial (1973), o cantor José Lopes (1999), além do “cronista-mor” Rubem Braga (1951).
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ESCOLAS SE PREPARAM PARA O DESFILE Alunos aprendem mais sobre fusos horários e o planeta, em projetos com conteúdos relacionados ao tema do desfile Cinco escolas municipais estão se preparando para fazer bonito no desfile cívico escolar do dia 29 de junho, em que se comemora o Dia de Cachoeiro. Neste ano, elas levam para a Linha Vermelha uma apresentação com o tema “Todos juntos na mesma emoção”, inspirada na Copa do Mundo 2018, em que cada unidade representará uma região do mundo. A “Aurora Estellita Herkenhoff”, no bairro Aquidaban, vai mostrar um pouco da cultura e da sociedade asiáticas; a “Dr. Pedro Nolasco Teixeira Rezende”, do Paraíso, elementos presentes na Europa Oriental; a “Professor Pedro Estellita Herkenhoff”, no BNH, a Europa Ocidental; a “Professora Gércia Ferreira Guimarães”, no bairro Rubem Braga, a África; e a “Julieta Deps Tallon”, do
Zumbi, a América. O evento vai contar, também, com a participação do Centro Integrado de Atividades Educacionais “Newton Braga” e sua banda, representando o Brasil. Para animar a festa, foi escalada a banda da escola “Domingos Ubaldo Ribeiro”, de Conduru, e foram convidados o Tiro de Guerra, o Corpo de Bombeiros, o grupo Vem Dançar, a Apae, Escoteiros, Demolay, Desperta Débora, a Defesa Civil e a Guarda Civil Municipal, com os projetos Guarda Mirim, Ronda Prevenção Escolar (Rope) e Ronda Apoio a Família (Rafa). O encerramento será com a tradicional Fanfarra Wilson Rezende, mais conhecida como a Banda do Liceu, que é uma das atrações mais aguardadas do desfile, principalmente pelos alunos egressos da instituição,
pela qual passaram alguns dos mais reconhecidos profissionais da cidade. “A ideia é fazer um desfile bem alegre e significativo, no clima do evento que está mobilizando o Brasil, começando com um passeio pela cultura dos povos participantes, uma viagem do macro ao micro. Depois, vamos apresentar o Brasil, o Espírito Santo e focar em Cachoeiro, fazendo uma homenagem ao nosso compositor Raul Sampaio Cocco”, conta a gerente de Arte, Cultura e Diversidade, Simone Machado de Athayde. Ao contrário da maior parte dos municípios, em Cachoeiro a festa da cidade não ocorre na data da emancipação política, mas no dia do padroeiro, São Pedro, festejado em 29 de junho, que se tornou o Dia de Cachoeiro, criação de Newton Braga (1911-1962), escri-
Arquivo FATO
tor, jornalista, advogado e um dos maiores agitadores culturais da história local. “Para a educação, o desfile cívico escolar é um dos maiores eventos do ano. Quando se finaliza um desfile, já começamos a dese-
nhar o do próximo ano, até porque não se trata de um evento isolado, mas sempre com uma temática que desenvolvemos em todas as unidades, independente delas desfilarem ou não. Nossa intenção é sempre
apresentar à sociedade cachoeirense algo que a leve à reflexão, aliada à emoção do momento. Assim, entregaremos mais um belíssimo desfile neste ano”, avalia a secretária de Educação de Cachoeiro, Cristina Lens.
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PRAÇA VERMELHA: 32 ANOS DE TRADIÇÃO Evento em icônico ponto cachoeirense acontece desde 1986 durante os festejos da cidade Reza a lenda que se tratava de um espaço superdemocrático: todos eram bem chegados, desde pessoas simples a políticos, todos eram bem tratados. Não havia distinção de classe, de religião, de orientação política... os frequentadores conviviam na maior harmonia possível. Com o objetivo de celebrar toda a história de contestação ao sistema envolvendo o local, relembrar os bons momentos – mantendo a tradição de liberdade e irreverência -, desde 1986 é promovido, por iniciativa do célebre líder ferroviário Demisthóclides Baptista, o Encontro dos Amigos da Praça Vermelha, que sempre acontece durante o período da Festa de Cachoeiro. A 32ª edição do evento está marcada para o próximo sábado (30), a partir das 19h30. Também são escolhidos os cachoeirenses Ausente e Presente da Praça Vermelha, entre os próprios frequentadores.
Em 2018, os homenageados são Juarez Rodrigues e Almir Forte dos Santos, respectivamente. Ainda Sérgio Neves receberá a Comenda Sebastião Magalhães “Aúa”. O fato de a Praça Vermelha, no passado, ter sido frequentada por ilustres escritores, jornalistas, políticos, ferroviários e estudantes, todos boêmios e ligados (ou simpatizantes) a partidos de esquerda, contribuiu para a sua mitificação. Orgulho dos intelectuais locais, esse local da cidade, que nem é uma praça realmente, situa-se a poucos metros do início da Ponte de Ferro, um dos cartões-postais da região central de Cachoeiro de Itapemirim. O seu principal ponto de encontro era o bar CDM, famoso território de livre expressão. Nas imediações ainda funcionava o então maior cinema capixaba, o Cine Teatro Broadway, com
capacidade para mais de mil expectadores. “O Encontro dos Amigos da Praça começou como uma celebração da amizade e é isso que o move até hoje, 32 anos depois. Para muitos, tornou-se também um espaço onde se vive a saudade de todas as formas: dos amigos que já se foram; das festas de rua antigas, sem tecnologia e sofisticação; da seresta e bandas de música; do CDM, que fechou; do trem que passava por ali; da cerveja e churrasquinho na calçada”, diz a jornalista Célia Ferreira. Ela, que faz parte da comissão organizadora do evento e foi homenageada com o título de “Cachoeirense Presente da Praça Vermelha” em 2015, conclui: “E o melhor é que é uma saudade alegre, sem melancolia ou saudosismo. Porque o sentimento que sempre imperou na Praça Vermelha é este: alegria de viver e conviver, sempre”.
Fotos: Divulgação
Juarez Rodrigues
NA PRAÇA VERMELHA A VIDA É ETERNA Almir Forte
Está chegando o dia mais esperado do ano, que aconteceu pela primeira vez há 32 anos numa reunião de amigos em torno de uma mesa no bar CDM. Esses amigos resolveram fazer uma festa e escolher o Cachoeirense Presente e o Ausente número 1 da Praça Vermelha. Daquela data em diante, em todos os anos acontece uma reunião preparatória. O CDM não existe mais. Seu
dono, o Doca, se aposentou, mas a reunião ainda acontece em algum canto da cidade, em um outro bar, com membros antigos e novos. Entre os últimos destaco a Mirela, filha do Doca, Paulão, Pacheco, Marlene, Paulinha Garruth. Da velha guarda ainda comparecem Cafunga, Doca, Braulino, Dr. Fernando Neto, Marli, Célia, Caldarinha, Dr. Zé Henrique e outros que sempre aparecem na festa.
Eu me recordo de ter faltado a apenas uma festa, por motivo de saúde. Fora isso nunca deixei de comparecer desde a primeira. Aconteceram muitos fatos importantes para serem relembrados, mas não me aterei a eles, pois exigiria muito tempo para descrevê-los, deixarei para outra oportunidade ou outro participante com melhor e maior capacidade de contar aquelas histórias. Este ano o homenageado como Cachoeirense
Presente da Praça Vermelha serei eu, Almir Forte. Não sei se estarei à altura da homenagem, mas a questão é que já estou muito honrado e feliz. O Ausente Número 1 da Praça Vermelha será o ferroviário aposentado, craque de futebol do Leopoldina, Juarez Rodrigues, hoje residente na cidade de Muqui. O jornalista Sérgio Neves receberá a comenda Sebastião Magalhães “Aúa” e se tornará o mais novo comendador vermelho de Cachoeiro.
Assim, estamos todos nos preparando para o dia mais importante de Cachoeiro, que será o dia 30 de junho a partir das 19 horas, onde reuniremos mais uma vez os cachoeirenses que moram em outras cidades, em outros países, os que moram aqui, os comunistas, os integralistas, os capitalistas, os socialistas, os flamenguistas, os tricolores, os botafoguenses, os vascaínos, os americanos, os estrelenses, os leopoldinenses e os fidalgos.
Essa é a XXXII Festa dos Amigos da Praça Vermelha, o grande encontro de todas as idades, para ouvir a banda 26 de julho, os seresteiros, os sambistas e os cantores e cantoras de MPB. Na Praça Vermelha não existe preconceito de cor, raça, sexo, religião, nacionalidade ou qualquer tipo de discriminação. Na Praça Vermelha tudo se transforma e se renova, a vida nunca termina. A vida é eterna.
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SHOWS TERÃO ENTRADA SOLIDÁRIA Michel Teló vai gravar, para as redes sociais, vídeo em que incentiva os fãs ao ato solidário Quem for conferir os shows gratuitos da Festa de Cachoeiro no Parque de Exposições, entre os dias 28 de junho e 1º de julho, poderá doar, como “entrada solidária”, um quilo de alimento não-perecível, para contribuir com o abastecimento de lares de idosos, hospitais filantrópicos e outras instituições de assistência social. Arroz, feijão, açúcar, óleo, leite e pó de café estão entre os itens que poderão ser entregues tanto no portão principal, por onde vão passar os pedestres,
como na entrada do estacionamento do local, para quem chegar de automóvel. Em ambos os pontos, o recolhimento será feito por equipes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes). Todo o montante arrecadado vai ser encaminhado, primeiro, ao Banco de Alimentos da prefeitura, que é responsável, atualmente, pela complementação da alimentação de famílias em situação de vulnerabilidade social e nutricional e do
abastecimento de 18 entidades socioassistenciais do município. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social de Cachoeiro, Márcia Bezerra, o objetivo é aproveitar a ocasião para estimular na população a solidariedade. “Além disso, nosso intuito é dar maior visibilidade ao trabalho realizado pelo Banco de Alimentos, cujo principal foco é prestar esse auxílio a todo seu público atendido”, esclarece. A prefeitura contará com o
apoio dos artistas que se apresentarão na festa, como o cantor sertanejo Michel Teló. Eles vão gravar, para as redes sociais, vídeos em que incentivam os fãs ao ato solidário. “Essa é mais uma oportunidade de Cachoeiro mostrar a sua solidariedade. Vamos curtir bons momentos de festa e contribuir com as instituições que precisam. Convido a todos que participem desta campanha e façam a doação”, convoca o prefeito Victor Coelho.
Confira a programação da Festa de Cachoeiro 2018! 23 de junho, sábado - Pavilhão da Ilha da Luz - 40ª Corrida de São Pedro 16h30 - Corrida Kids 19h00 - Corrida Adulto - Catedral de São Pedro 19h00 - 24º Encontro Cachoeirense de Corais 25 de junho, segunda-feira Homenagens ao Cachoeirense Ausente Nº 1 2018 15h00 - Chegada do Cachoeirense Ausente José Eduardo Coelho Dias - Horto União 16h30 - Solenidade de entrega chave da cidade ao Cachoeirense Ausente 2018 - Centro Operário e de Proteção Mútua 26 de junho, terça-feira - Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI) 19h00 - Sessão Solene da Festa de
Cachoeiro com entrega de comendas e homenagens 28 de junho, quinta-feira - City Tour “Doce terra onde nasci” 9h00 - Passeio com o Cachoeirense Ausente, autoridades e convidados - com saída do Museu Ferroviário, passando pelos principais pontos de visitação da cidade. - Parque de Exposições do Aeroporto 19h00 - Abertura Oficial da Festa de Cachoeiro 19h30 - Show com Ministério Hebrom 20h30 - Show com André e Felipe 21h30 - Show com Gabriela Rocha 23h00 - Rodeio 29 de junho, sexta-feira - Linha Vermelha 9h00 - Desfile Cívico Escolar - Bom Gosto Sport Bar
13h00 - Almoço Beneficente Apae - Catedral de São Pedro 16h00 - Procissão saindo da Catedral em direção ao Pavilhão da Ilha da Luz - Pavilhão da Ilha da Luz 17h00 - Missa de São Pedro presidida por Dom Dario Campos 19h00 - Show com a Banda Adoração e Vida - Caçadores Carnavalescos Clube 20h00 - Baile de Gala da Festa de Cachoeiro - Parque de Exposições do Aeroporto 20h00 - Show com Grupo Pele Morena 22h00 - Rodeio 0h00 - Show com Alemão do Forró
porto 20h00 - Show com Banda All Night 22h00 - Rodeio 0h00 - Show com Michel Teló
30 de junho, sábado -Ponte de Ferro 19h00 - Festa dos Amigos da Praça Vermelha - Parque de Exposições do Aero-
Parque de diversões todos os dias no Parque de Exposição. Entrada dos shows: 1kg alimento não perecível, que será doado ao Banco de Alimentos de Cachoeiro.
1º de julho, domingo - Parque de Exposições do Aeroporto 17h30 - Show com atração infantil Macakids 19h00 - Rodeio 4 de julho, quarta-feira Teatro Municipal Rubem Braga 19h00 - Lançamento de selo postal em homenagem a Raul Sampaio Cocco e apresentações musicais de amigos do compositor. Entrada franca.
Divulgação
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HIFA: QUASE 5 DÉCADAS EM DEFESA DA SAÚDE DAS CRIANÇAS Fotos: Divulgação
Dirigentes da pioneira instituição e toda a equipe de funcionários comemoram conquistas, finanças equilibradas e se concentram em novos projetos Marcos Leão
Atender com carinho e abnegação as crianças enfermas da região. Eis o propósito do Hospital Infantil “Francisco de Assis” (Hifa), que está completando, com êxito, 47 anos de funcionamento. O aniversário é em 29 de junho, Dia de Cachoeiro. Mas a história do Hifa, na verdade, teve início bem antes, em meados da década de 1950, com a ideia de ampliação do trabalho da Mocidade Espírita “Jerônimo Ribeiro” em benefício da população cachoeirense menos favorecida. Um dos membros da Mocidade, oriundo de tradicional família local, atuou para que sua família doasse ao Centro Espírita “Jerônimo Ribeiro” um terreno para este fim. E por mobilização do então jovem médico Gilson Carone, que prestava atendimento gratuito aos pobres pequeninos enfermos, os dirigentes do Jerônimo Ribeiro resolve-
ram construir um hospital pediátrico, pois não havia instituição do tipo na região. Foram 16 anos de luta por recursos para concluir as obras até a inauguração, em 1971. A direção do Hifa e toda a equipe de funcionários comemoram agora as conquistas, as finanças equilibradas e se concentram em novos projetos. Hoje, o hospital conta com a maior estrutura de UTI infantil do Estado, com 30 leitos, segundo o seu presidente, Winston Roberto Vieira Machado. Por conta disso, atende pacientes de todas as regiões do Espírito Santo. Ainda conta com filial em Guarapari (uma unidade materno-infantil), e pronto-socorro em Vargem Alta. O Hifa chega perto de meio século de vida de olho no futuro. A administração do hospital agora foca no projeto que vai permitir ganho de espaço em torno de 1,5 mil m² em sua sede na Rua
Coronel Guardia, no coração da cidade, possibilitando o oferecimento de mais especialidades médicas. O acesso será todo por elevador e a expectativa é de que tudo seja concluído no prazo de um a dois anos, informa Machado. “Só temos a comemorar. O hospital está todo reformado por dentro, moderno... nem unidades particulares contam com a infraestrutura do Hifa”, diz. A qualidade do atendimento é reconhecida pela população. E o presidente a credita ao esforço e à competência de toda a equipe. “É como se fosse uma orquestra, não pode desafinar. Do pessoal da limpeza aos médicos, todo mundo dá o máximo de si, para o resultado final ser o melhor”, avalia. Machado lembra, porém, que o maior projeto do Hifa no momento é o aguardado hospital materno-infantil do bairro Aquidaban. Para o início dos trabalhos de adequação da estrutura existente, aguarda a libera-
ção dos recursos anunciados: R$ 18 milhões do Ministério da Saúde e mais R$ 9 milhões do governo do Estado para a construção de prédio administrativo. O objetivo é de que a unidade realize 800 partos por mês, contemplando todo o Sul capixaba.
Foram 16 anos de luta por recursos para concluir as obras até a inauguração, em 1971 Winston Roberto Vieira Machado, presidente
Cultura Com o objeito de levar cultura aos pacientes e acompanhantes, oferecendo livros para passar o tempo de forma proveitosa, o Hifa desenvolve programa que teve apoio, por enquanto, do Banco Itaú, da contadora de histórias Maria Elvira Tavares Costa, e do Cachoeirense Ausente Nº1 de 2017, Acácio Frauches, através de doações. Frauches, que tem firma especializada em cenários infantis e brinquedotecas, construiu suporte personalizado para os livros.
Hospital Infantil conta com a maior estrutura de UTI pediátrica do Estado, com 30 leitos
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