Fatos & Notícias Ed. 226

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Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VII - Nº 226 16 a 23 de novembro/2017 Serra/ES

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fatos & notícias www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br

Em uma das mais secas Nascem 113 mil áreas da Terra floresce tartarugas em reserva Rede de escolas da Unesco cresce no Brasil PÁG. 4 um projeto agrícola PÁG. 6 na Amazônia PÁG. 2 ECONOMIA

Negros ou pardos são 63,7% dos desocupados no País PÁG.12 VARIEDADES

Brasília sediará 8º Fórum Mundial da Água PÁG.10 CIÊNCIA

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Igualdade nas diferenças PÁG.10 Pág.4

Cientistas americanos usaram com sucesso uma técnica de edição genética em embriões humanos PÁG.7 SAÚDE

O câncer de ovário ocupa a sétima posição entre os cânceres malignos mais frequentes em mulheres PÁG. 8

REPRODUÇÃO INTERNET


2 MEIO AMBIENTE fatos & notícias

16 a 23 de novembro de 2017

APA Costa dos Nascem 113 mil quelônios na Reserva Biológica do Corais fecha Amazonas

cerco a infratores

Ciclo de reprodução deve chegar a 250 mil filhotes na praia do Abufari no Amazonas FOTO: ACERVO ICMBIO

Operação coíbe ilegalidades no uso público das piscinas naturais, utilização de produtos químicos para a captura de polvo e a criação sem licença de pássaros silvestres FOTO: APACC/ICMBIO

Equipes de fiscalização da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, entre Alagoas e Pernambuco, e do Ibama local, encerraram na semana passada operação para orientar e autuar delitos ambientais dentro da unidade de conservação. Segundo o chefe de fiscalização da APA, Tadeu Oliveira, a operação combateu irregularidades no uso público das piscinas naturais, utilização de produtos químicos para a captura de polvo e a criação ilegal de pássaros silvestres. As equipes apreenderam pássaros em São José da Coroa Grande (PE),

inclusive uma espécie ameaçada de extinção, o pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa). Embarcações foram autuadas em Maragogi (AL) por estarem trabalhando fora do horário permitido no Plano de Manejo da APA. Além disso, os fiscais se depararam com pescadores que estavam utilizando água sanitária para a captura de polvos em São José da Coroa Grande. Duas pessoas foram autuadas. A ação recebeu grande apoio da colônia de pescadores que validou o trabalho de fiscalização, pois o uso de produtos químicos danifica o ambiente e prejudica o

habitat de diversas espécies de animais. A fiscalização em construções irregulares em São José da Coroa Grande atendeu denúncias de invasão no manguezal da Várzea do Una. Em Paripueira foram autuados dois fotógrafos que davam comida para atrair peixes para fotos. A prática cria costumes alimentares prejudiciais a todo o ecossistema envolvido. Ainda em Paripueira, algumas embarcações foram autuadas por estarem realizando atividades sem as devidas autorizações.

O começo de novembro foi marcado pelo início do ciclo reprodutivo de quelônios (podocmemis expansa), conhecidos popularmente como tartaruga-daamazônia. Foram 113 mil filhotes de quelônios que nasceram na praia do Abufari da Reserva Biólogica (Rebio) do Abufari, localizada no município de Tapauá no estado do Amazonas. “Essa é a principal espécie protegida pela unidade de conservação. Estima-se que até o final do ciclo de reprodução dos quelônios, nasçam mais de 250 mil filhotes”, ressalta a chefe da

Reserva, Aldenize Viana da Silva. A s a ç õ e s d e monitoramento e proteção dos quelônios têm se intensificando na Rebio do Abufari, que abriga o mais significativo tabuleiro de desova de tartarugas-daamazônia do estado do Amazonas. Segundo Aldenize, o ciclo de reprodução da população de quelônios teve início no mês de setembro, e deve se prolongar até meados de dezembro. No último final de semana ocorreram os primeiros nascimentos dos filhotes. No sábado (11), nasceram 103 mil e no

domingo (12) mais 10 mil, totalizando 113 mil indíviduos. Os filhotes são protegidos, e depois são soltos nos lagos da Rebio do Abufari. A praia do Abufari representa o maior tabuleiro em preservação para a reprodução de quelônios na Amazônia, além de preservar sítios de reprodução da tartaruga-daamazônia, também mantém estoques genéticos de outras espécies de quelônios como: iaçá (P. sextuberculata), tracajá (Podocnemis unifilis) presentes em rios e lagos da Rebio.

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CULTURA 3

16 a 23 de novembro de 2017

fatos & notícias

Quem matou o homem do gelo? Novas revelações sobre a famosa múmia pré-histórica Ele passou cerca de cinco mil anos congelado em uma geleira nas montanh as da frontei r a entre

a Áustria e a Itália antes de ser encontrad o por

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montanhistas em 1991, estatelado na neve que começava a derreter. Hoje está no aposento refrigerado de um museu na cidade italiana de Bolzano. Nos 11 anos desde sua descoberta, a múmia do Homem do Gelo foi estudada de todos os ângulos possíveis. Contudo, os especialistas que examinaram seu corpo ainda congelado perceberam um

indício que sugere uma drástica revisão de sua história: "Otzi" (seu apelido por ter sido achado nos Alpes Otztal) não mor reu congelado durante uma súbita tempestade d e neve, como alguns especialistas haviam suposto. Na verdade, ele pode ter sido assassinado, vítima de guerra, homicídio ou sacrifício religioso. Um exame com raios-X revelou uma ponta de flecha enterrada no ombro esquerdo do Homem do Gelo, um ferimento que não podia ter sido autoinfligido. A ferida, visível como uma pequena mancha negra sob a pele enrijecida da múmia, passou despercebida em todos os exames anteriores. Embora não reste nenhum pedaço de flecha no ferimento e não haja sinal de sangue, está claro que Otzi foi atingido pelas costas. Mas quem o matou? Por quê? "Ainda não há como saber com precisão", adianta o arqueólogo Johan Reinhard, explorador residente da National Geographic Society. Reinhard está familiarizado com múmias. Entre elas, a Donzela de Gelo Inca, vítima de um sacrifício, encontrada por ele em 1995 nas encostas do monte Nevado Ampato, no Peru. Sua experiência como estudioso de culturas montanhosas, nos Andes, no Himalaia e em outras regiões, o convenceu de que a morte do Homem do Gelo não foi casual. "Basta olhar para o local em que ele foi morto", explica Reinhard. "Fica num desfiladeiro espacial, entre os dois picos mais altos dos Alpes Otztal". "É o tipo de lugar onde os povos de montanha faziam oferendas às suas divindades. Sabemos que esta espécie de culto era importante na Europa préhistórica durante a era do Bronze", prossegue. "E há sinais de que pode ter desempenhado também um papel em épocas

anteriores, na era do Cobre". A interpretação de Reinhard parece solucionar várias questões a respeito dos artefatos achados ao lado da múmia. O rompimento de objetos era uma prática cerimonial na Europa Neolítica (e isso talvez explique as flechas quebradas próximas à múmia). Igualmente notável, a machadinha de cobre. O cobre veio de alguma mina e as montanhas, como fonte de metais valiosos usados na fabricação de ferramentas, "eram cultuadas por mineiros em todo o mundo", diz Reinhard. Para o arqueólogo, no caso de um simples assassinato, um objeto tão útil teria sido levado. Mas, num ritual, seus participantes poderiam ter deixado a machadinha para que o Homem do Gelo a usasse na outra vida ou então como tributo

aos deuses. Outro indício: o corpo foi achado em uma trincheira natural que atravessa o desfiladeiro. Segundo hipóteses anteriores, ele teria buscado abrigo ali durante uma tempestade. "Mas a trincheira, além de não ser profunda, está num dos trechos mais altos do desfiladeiro. É um péssimo lugar para se proteger de uma tempestade", analisa Reinhard. Em vez disso, talvez Otzi tenha sido enterrado por aqueles que o mataram, o que explicaria o fato de seu corpo estar tão bem preservado. As ideias de Reinhard não foram recebidas com entusiasmo pelos especialistas europeus, entre os quais o responsável pela múmia, o patologista Eduard Egarter Vigl, do museu de arqueologia do sul de Tirol. "Otzi

foi atingido pelas costas por uma flecha", rebate, sugerindo que ele estaria tentando fugir de um ataque. Outros sustentam que as flechas não são instrumento eficiente de matança ritual e que não há indícios conclusivos de outros sacrifícios na era do Cobre. "Eles consideraram a ideia de sacrifícios humanos como algo sensacionalista", diz Reinhard. "Mas não conseguem refutar as minhas colocações, e creio que minha hipótese explica melhor os fatos conhecidos. Sei que ela é polêmica", admite. "Mas chegou a hora de reavaliar todos os indícios de outro ponto de vista. Vamos olhar para esses artefatos não apenas pelas relações que mantêm entre si, mas também em seu contexto social, sagrado e geográfico".


4 EDUCAÇÃO fatos & notícias

16 a 23 de novembro de 2017

Rede de escolas da Unesco cresce no Brasil Entenda como funciona o Programa de Escolas Associadas (PEA), que reúne mais de 10 mil escolas distribuídas em 181 países FOTO: DIVULGAÇÃO

Quando viajou ao Japão com um grupo de gestores escolares, em junho de 2017, o diretor do Colégio Objetivo de Teresina (PI), Francisco Vílton, carregava consigo uma imagem das escolas que encontraria: seriam todas grandes cenários futuristas, em que o s a d e r e ç o s e funcionalidades tecnológicas dariam o tom de seu cotidiano. Ledo engano. Encontrou espaços “extremamente simples”. Mas, longe de se decepcionar, saiu de lá fã da educação japonesa e trazendo ideias para implementar em suas escolas, três delas na capital do Piauí e uma quarta no município de Parnaíba, distante 338 km da capital, as quatro totalizando 2.500 alunos. Vílton ficou bem impressionado com a equidade da educação japonesa, pois, segundo ele, o que existe lá é um projeto governamental sólido, ancorado em uma proposta pedagógica bem definida, com oferta de infraestrutura adequada e professores bem formados. Tudo isso compartilhado por escolas públicas e privadas que atendem a todas as classes sociais, sem distinção. Entusiasmou-se tanto que implantou projeto de

conscientização sobre o lixo em todas as escolas de sua pequena rede. Ao contrário do que pareceria o óbvio, diminuiu as lixeiras disponíveis à metade (“havia muitas”), para fazer com que os alunos procurassem o local certo para jogar o lixo. E instituiu nova mentalidade: “A escola é responsável pela manutenção da limpeza, não pelo lixo de cada um. Se eles conseguiram fazer isso com o país inteiro, por que não conseguiríamos fazer com nossas escolas?”, explica. Dono de uma instituição fundada há pouco tempo – em 2011, com a operação efetiva tendo início em 2012 – Vílton tem buscado práticas que tragam não só excelência, mas pilares sólidos em termos de valores. Foi pensando nisso que ele, assim como outros gestores que muitas vezes se ressentem da ausência de projetos pedagógicos que transcendam os resultados mais concretos de a p r e n d i z a g e m , materializados em resultados de avaliações, tornou, em 2015, sua instituição candidata ao Programa de Escolas Associadas (PEA) à Unesco. Fundado mundialmente em 1953, o PEA é um programa de dimensão

Francisco Vílton em encontro PEA-Unesco de 2017 mundial que hoje reúne mais de 10 mil escolas distribuídas em 181 países. No Brasil, a rede alcançou neste ano o número de 364 instituições associadas, entre escolas públicas e privadas, além de outras 77 que estão na fila de espera para que sua adesão seja aceita. Entre a candidatura e a aceitação final, cuja solenidade de certificação aconteceu no encontro anual do PEA Unesco brasileiro, realizado no final de setembro em Foz do Iguaçu, Paraná, Vílton e sua instituição percorreram um caminho de dois anos, pontuado pela adesão a projetos ligados aos quatro temas estratégicos para a rede: aprendizagem intercultural, cultura da paz,

desenvolvimento sustentável e prioridades do sistema ONU/Unesco. P e l o q u e d i z a coordenadora nacional do projeto, Myriam Tricate, as novas candidatas terão de mostrar serviço por tempo igual ou maior. “Antes, a entrada era quase automática. Agora, não queremos trabalhar com um número muito grande, pois acaba fugindo do nosso alcance. Vamos investir em aprimorar o grupo que tivermos. Depois, mais à frente, quem sabe podemos abrir de novo”, diz ela, hoje a pessoa que virou símbolo do programa no Brasil. Aquelas que conseguirem manter a atuação de acordo com os parâmetros da Unesco deverão ganhar a chancela. Para isso, além de

realizar projetos calcados em temas anuais sugeridos pela coordenação nacional ou ancorados nos grandes vértices internacionais, é preciso documentá-los em relatórios bilíngues e enviar a documentação para a coordenação mundial, em Paris. Dona do Colégio Magno e associada desde os anos 90, Myriam Tricate assumiu a coordenação nacional do PEA Unesco em 2008. Desde então, tem procurado dar mais materialidade às ações da entidade, aproximando as escolas, realizando um grande evento anual, criando balizas para os projetos. Na fase atual, a grande virada de leme é equilibrar mais a proporção de escolas públicas e privadas. As

privadas sempre foram maioria, mas as públicas vêm ganhando cada vez mais espaço. Hoje, representam 32,9% das associadas, contra 63,9% das privadas e 3,2% de organizações sociais. Como vêm de realidades diferentes, seja em relação às privadas, seja em relação a outras escolas públicas, as percepções delas sobre o PEA são diferentes. Para o tradicional Colégio Pedro II, escola federal carioca prestes a completar 180 anos e há 20 na rede PEA, seu papel é de um grande promotor de interlocução. Como explica Ivone de Almeida, diretora de extensão, pelo fato de o próprio Pedro II ser referência, ajuda a divulgar o PEA. “Há uma troca grande. Podemos indicar escolas, trabalhar com escolas municipais, ajudar algumas em suas candidaturas”. A escola também é referência na formação docente. Oferece dois mestrados stricto sensu e cinco especializações, sendo uma delas em história da África, vácuo curricular para muitas instituições que não conseguem seguir a lei que designa que seus conteúdos sejam incorporados.


POLÍTICA 5

16 a 23 de novembro de 2017

fatos & notícias

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou na quinta-feira (16) a o S u p r e m o Tr i b u n a l Federal (STF) parecer a favor da decisão da Corte que validou a prisão de condenados pela segunda instância da Justiça. No documento, Raquel Dodge afirma que a medida é fundamental para o controle da impunidade e que a antecipação do cumprimento da pena antes do trânsito em julgado, ou seja, o fim de todos os recursos possíveis, não fere o princípio constitucional

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Raquel Dodge defende prisão após condenação em 2ª instância

da presunção de inocência. “Mesmo na pendência de tais recursos que não têm efeito suspensivo, dificilmente se estará levando à prisão alguém que

será absolvido pelos tribunais superiores”, defendeu a procuradora. A data do julgamento ainda não foi definida. Para entrar em pauta, as duas

a ç õ e s d e constitucionalidade que discutem a questão precisam ser liberadas para julgamento pelo relator, ministro Marco Aurélio, e pela presidente do STF, Cármen Lúcia, para ser julgado pelo plenário. No ano passado, o Supremo julgou o caso por duas vezes e manteve o entendimento sobre a possibilidade da decretação de prisão de condenados após julgamento em segunda instância. Por maioria, o plenário da Corte rejeitou as ações

protocoladas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) para que as prisões ocorressem apenas após o fim de todos os recursos, com o trânsito em julgado. No entanto, houve mudanças na composição da Corte em função da morte do ministro Teori Zavascki, e a mudança de posição de Gilmar Mendes. O cenário atual na Corte é de impasse sobre a questão. Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Ricardo

Lewandowski e Celso de Mello são contra a execução imediata ou entendem que a prisão poderia ocorrer após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e a presidente, Cármen Lúcia, são a favor do cumprimento após a segunda instância. O resultado vai depender do entendimento de Alexandre de Moraes, que não participou do julgamento porque tomou posse no Supremo em março na cadeira de Zavascki.

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Gilmar Mendes diz que é Candidaturas 'alternativas' preciso corrigir abusos dão a largada nas delações premiadas

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse na quinta-feira (16) que é preciso corrigir abusos na celebração de acordos de delação premiada formalizados pelo Ministério Público Federal (MPF). O comentário do ministro foi feito após a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que devolveu à Procuradoria-Geral da República (PGR) acordo de colaboração do publicitário Renato Pereira, responsável

por campanhas eleitorais do PMDB do Rio de Janeiro, entre elas as do exgovernador Sérgio Cabral e d o a t u a l governador, Luiz Fernando Pezão. Ao avaliar as colaborações, Mendes disse que o Supremo discute há muito tempo o aperfeiçoamento das delações, no entanto, eventuais erros não podem contaminar o mecanismo de investigação. “É importante que eventuais erros que ocorram não contaminem o próprio instituto, porque daqui a pouco nós passamos a cogitar da sua própria extinção por conta dos abusos. É preciso corrigir os

abusos", afirmou. No dia 14, Lewandowski devolveu à PGR pedido de homologação do acordo de Renato Pereira. Na decisão, Lewandowski pediu que algumas cláusulas sejam revistas pela PGR. A o n e g a r momentaneamente o pedido para homologar a colaboração, o ministro não concordou com cláusulas que foram fechadas pela PGR durante a gestão do então procurador-geral da República Rodrigo Janot, por entender que a maioria dos benefícios não pode ser concedida pelo Ministério Público. Para Lewandowski, o perdão de penas privativas de liberdade e a suspensão do prazo prescricional somente podem ser determinadas por meio de sentença judicial.

Foi aberta a temporada de lançamentos de candidaturas “alternativas” à Presidência. O PCdoB, o Novo e o PSC vão anunciar, oficialmente, neste fim de semana, seus pré-candidatos ao Planalto em 2018. Nem os partidos nem os nomes que serão lançados – respectivamente, Manuela D'Ávila, João Amoêdo e Paulo Rabello de Castro – figuram em posições de destaque nas pesquisas de intenção de voto, mas procuram ganhar musculatura política a tempo da formação dos palanques dos favoritos. Nesta sexta-feira, 17, o evento da filiação do exatacante da seleção brasileira Bebeto ao Podemos servirá também como mais uma agenda para “apresentar” o senador Álvaro Dias (PR), presidenciável do partido. Desde que sua précandidatura foi lançada, em julho, o parlamentar já esteve

em cinco Estados acompanhando os candidatos aos governos locais. Segundo a deputada Renata Abreu (SP), presidente do Podemos, o partido tem conversado com siglas pequenas, como PRP e PTC, e médias, como a Rede. “A gente está procurando fazer uma coligação majoritária. O conceito político do Podemos é muito parecido com o da Rede”, disse a deputada. A Rede, apesar de não ter lançado oficialmente sua chapa, já tem um nome para a Presidência: a ex-ministra Marina Silva, candidata e terceira colocada nas duas últimas eleições. Sobre a possibilidade de entrar na disputa pela vicepresidência, contudo, Renata é categórica. “Nós do Podemos não abrimos mão da candidatura do Álvaro, não vamos ser vice”. Neste sábado, 18, será a vez

d e o P S C l a n ç a r, e m Salvador, o seu nome para a disputa. Com a saída já dada como certa do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para o Patriota, o PSC espera aumentar o passe para 2018 com o lançamento do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, para a presidência. Filiado ao PSC desde outubro, o economista é bem visto pelo mercado e vai estrelar o programa da sigla na TV na próxima semana. Também no sábado, o Novo anuncia sua estreia em eleições majoritárias. Lançado há dois anos, o partido fará um evento em São Paulo, em que será apresentada a candidatura do seu fundador, João Amoêdo. O empresário vem ensaiando o discurso de candidato. No Twitter, afirmou que “o Estado não tem que perder tempo administrando empresa de petróleo”.


6 TECNOLOGIA 16 a 23 de novembro de 2017 fatos & notícias

Deserto produtivo Árvore eletrônica Em uma das mais secas áreas da Terra, no Egito, floresce há décadas um projeto agrícola

Além de uma boa sombra, a eTree fornece tudo o que um típico cidadão conectado do século 21 precisa, de wi-fi grátis a recarga de celulares FOTO: PHILIPPE DESMAZES/AFP

FOTO: NASA

A foto tirada pelo satélite Landsat 8 em fevereiro mostra a paisagem do deserto transformada pelo homem em East Oweinat, no Egito No superárido Deserto Ocidental do Egito – parte do Saara situada entre a margem oeste do rio Nilo e a Líbia –, a precipitação de chuva é de apenas alguns centímetros por ano. Nada mais improvável do que praticar a agricultura ali. Mas a necessidade é a mãe da invenção e, desde os anos 1 9 8 0 , e s t ã o s e desenvolvendo ali alguns projetos de recuperação de terras. As fotos feitas pelo satélite Landsat 8 em 26 de

fevereiro deste ano, flagram uma dessas iniciativas, East Oweinat. Os círculos no solo indicam o método de irrigação: pulverizadores (sprinklers) que giram em torno de um pivô central e borrifam a água retirada do subsolo. A água é extraída do aquífero Arenito Núbia, que se estende por cerca de 2 milhões de km² sob terras de Egito, Líbia, Chade e Sudão. O aquífero tem 150.000 km² de capacidade, mas, sem reposição, sua água

deve se esgotar com o tempo. Enquanto isso não acontece, as safras vão se sucedendo. Segundo pesquisas publicadas em 2010, a operação agrícola em East Oweinat se estendeu por quase 5 mil km². Diz-se que uma empresa de arrendamento de terras teria produzido ali 40 mil toneladas de trigo (alimento tradicional no Egito) em um ano. Um aeroporto situado no lado leste do projeto serve para escoar a produção.

Ficar sem conexão com a internet ou com o smartphone descarregado são pesadelos indescritíveis para milhões e milhões de pessoas no mundo, e pensando em contornar esses obstáculos a empresa franco-israelense Sologic – Renewable Energy Systems criou uma “árvore” sintonizada com tais necessidades. Inspirada no formato de uma acácia, árvore típica de Israel, a eTree está equipada com

“folhas” fotovoltaicas e aparelhos que possibilitam recarga de telefones celulares, tablets, laptops e bicicletas elétricas, wi-fi gratuita, iluminação de LED à noite, tela de cristal líquido destinada à exibição de informações para os usuários (entre elas a quantidade de eletricidade produzida ali), dispositivo com água gelada e bebedouro para animais – além de oferecer uma boa sombra, como sua similar da

natureza. A peça tem altura de 4,5 metros e peso total de 1.250 quilos. A eTree foi “plantada” pela primeira vez em Paris, durante a Conferência do Clima (COP 21) de 2015, mas demorou a retornar à Europa. Antes disso, exemplares dela foram instalados em Israel, nos Estados Unidos e no Caribe. Em 29 de maio, a árvore elétrica voltou ao solo europeu, agora em Nevers, no norte da França.

Luneta Cósmica Se tudo der certo, em outubro de 2018 o telescópio de última geração James Webb chegará ao espaço para investigar as origens da formação do universo e das galáxias. Uma tecnologia inovadora REPRODUÇÃO vai permitir captar e a n a l i s a r a r a d i a ç ã o condições favoráveis à vida infravermelha emitida pela d a T e r r a . O n o m e explosão do Big Bang e de homenageia James Webb, diretor da Nasa entre 1961 e nebulosas. Os pesquisadores da Nasa 1968. Para pôr na órbita do Sol acreditam que, além de esse equipamento de seis compreender melhor os toneladas de peso e área fenômenos da infância do equivalente a uma quadra de cosmos, poderão ser esclarecidas velhas questões tênis, a agência norteda astronomia, como a a m e r i c a n a e s t á formação de buracos d e s e n v o l v e n d o u m a n e g r o s . C o m o We b b logística ousada. Por ser t a m b é m s e r á p o s s í v e l grande demais, não há identificar planetas com f o g u e t e s c a p a z e s d e

transportar a máquina na forma final. A solução encontrada foi projetar o objeto com estruturas dobráveis para caber num ônibus espacial. Assim, os seis pedaços do espelho e o vasto escudo solar que protege o aparelho da radiação da estrela irão se desdobrar no espaço, fora do módulo de lançamento. A máquina deverá entrar em operação seis meses após o lançamento. Uma vez apontada para o infinito, a superluneta equipada com um espelho seis vezes maior do que o do Hubble operará durante cinco anos registrando luz, radiação infravermelha e imagens longínquas do cosmos. Um espetáculo e tanto vem aí.


CIÊNCIA 7

16 a 23 de novembro de 2017

fatos & notícias

Depuração genética e polêmica Cientistas americanos usaram com sucesso uma técnica de edição genética em embriões humanos, o que torna mais próxima a correção de defeitos congênitos antes do nascimento O casal é apaixonado, jovem e saudável e, claro, quer ter um filho. Como o deseja? Física e mentalmente perfeito, loiro de olhos azuis, ou moreno escuro alto e musculoso, ou talvez uma linda garota descendente de italianos, porém com os olhos amendoados de chinesa? Pois bem, dentro em breve, escolhas desse tipo serão perfeitamente possíveis e, com o inevitável desenvolvimento da tecnologia da engenharia genética, até corriqueiras. A mais recente, bemsucedida e promissora pesquisa de edição genética de embriões humanos – que levou ao seu mais alto estágio a chamada técnica CRISPR (sigla em inglês para Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) – foi liderada por Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon (noroeste dos EUA) e fartamente noticiada no início de agosto. A equipe de

Mitalipov seria a primeira a ter conseguido modificar um número elevado de embriões humanos sem introduzir falhas no genoma que os tornassem inviáveis. O CRISPR permite eliminar do genoma determinadas sequências de DNA indesejadas, como genes que predispõem a algumas doenças. Essa possibilidade de editar ou modificar uma sequência do código genético de um o r g a n i s m o , especialmente um embrião humano, é ao m e s m o t e m p o “revolucionária” e “perturbadora”. Se por um lado já é tecnicamente possível editar a linha genética do embrião para evitar que determinadas doenças sejam repassadas às gerações futuras, por outro lado, mutações offtarget (fora do alvo), durante a edição, poderiam introduzir novas doenças, talvez passíveis de serem descobertas apenas após o

por exemplo, quem terá acesso à edição genômica. Se apenas as pessoas muito ricas tiverem a c e s s o a o procedimento, isso não poderia contribuir para agravar ainda mais as desigualdades sociais já existentes?”. As preocupações desse cientista têm, sem dúvida, suas razões de ser. Por enquanto, o uso de edição de código g e n é t i c o p a r a aprimoramento humano, ou seja, para a seleção de características específicas como inteligência mais elevada, ainda não é permitido. Mas, como explica Araújo, à medida que o conhecimento nessa área for aumentando, a possibilidade de se recorrer à edição genômica para fins de aprimoramento (e não apenas para fins de tratamento de doenças congênitas) terá de ser

iSTOCKPHOTOS

FOTO: PIXABAY

início da vida reprodutiva da pessoa. Isso poderia comprometer a saúde de todos os seus descendentes. Se isso acontecesse, as consequências seriam catastróficas não apenas para o indivíduo cujo genoma foi editado, mas para todos os seus descendentes. Exatamente por causa de riscos como o das mutações off-target é que foram descartadas até agora as intenções de se implantar o embrião modificado em um útero

onde poderia se desenvolver normalmente. Vários pensadores da ciência manifestaram-se preocupados com os aspectos éticos da questão. Entre eles está o filósofo brasileiro Marcelo de Araújo, que, em recente entrevista ao site IHU Online, questiona a “segurança desse procedimento para as gerações futuras”. Araújo, por outro lado, abre ainda mais o leque das contestações ao indagar: “Podemos nos perguntar,

levada a sério. Isso exigirá um amplo debate ético no âmbito da sociedade civil e da comunidade científica internacional. Por que esse debate? A resposta é simples: a aplicação dessa técnica em embriões humanos é muito mais polêmica, pois poderia ser usada para criar humanos com capacidades superiores. Ao modificar a chamada linha germinal – que compreende espermatozoides e óvulos –, as mudanças introduzidas com o CRISPR num indivíduo se transmitiriam de geração em geração. Por tudo isso, em fevereiro deste ano, um painel de especialistas reunidos pela Academia Nacional de Ciências dos EUA concluiu que o uso do CRISPR em embriões humanos é aceitável, mas não sem que antes se façam muito mais pesquisas sobre os riscos envolvidos. A edição do genoma deveria ser aplicada apenas como último recurso.

Cientistas descobrem espécie de grama que tem gosto de salgadinho Pesquisadores australianos encontram gramínea sabor "sal e vinagre" FOTO: DIVULGAÇÃO

Gramíneas são as plantassímbolo da região chamada de "outback australiano". Pelo menos 30% de toda a árida região são dominados por elas — 64 das espécies já eram conhecidas, mas um grupo de cientistas da Universidade da Austrália

Ocidental resolveu aprofundar as buscas. Comandados pelo biólogo Benjamin M. Anderson, e l e s adentraram o interior do país para refazer a taxonomia dessas plantas. A incursão deu certo. Depois de muito trabalho, catalogaram oito novas espécies, algumas muito raras. “Nós descobrimos diversas espécies escondidas em bolsões em

cantos que ninguém nunca olhou antes”, afirma o pesquisador Matthew D. Barrett, que participou do estudo, em entrevista à rede local ABC. “Nós gastamos bastante tempo fazendo um detalhado trabalho genético para provar que existem diferenças entre as várias espécies”. Mas foi em uma noite, quando manuseavam espécies encontradas próximas à cidade de Perth, que fizeram a descoberta mais curiosa. “Alguém lambeu a mão e sentiu o sabor”, conta Barrett. Era gosto de salgadinho sabor sal e vinagre. “É quase imperceptível à primeira

vista, mas quando se olha de perto há gotículas em seu tronco”. Não é raro que gramíneas, que incluem o capim, milho e o bambu, secretem

proteínas ou açúcares por meio dos minúsculos pelos que cobrem suas folhas, mas somente a espécie batizada de Triodia scintillans tem gosto de

salgadinho. Mas, diante de tanta variedade de espécies na região, Barrett deixa um alerta. “Eu não recomendaria alguém sair por aí lambendo capim”.


8 SAÚDE

fatos & notícias

16 a 23 de novembro de 2017

Câncer de ovário, um inimigo silencioso O câncer de ovário ocupa a sétima posição entre os cânceres malignos mais frequentes em mulheres e a terceira posição entre os cânceres ginecológicos no Brasil. Trata-se de uma doença silenciosa com sintomas que aparecem em fases avançadas levando ao atraso do início do tratamento. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 6.150 novos casos em 2016 e é a quinta maior causa de morte por câncer entre as mulheres. Essa elevada mortalidade está diretamente relacionada ao diagnóstico tardio. “Atualmente 80% dos tumores são diagnosticados em fase avançada, reduzindo a sobrevida da paciente. Entender o comportamento e os fatores desencadeantes desse tipo de câncer é o primeiro passo”, aponta o oncologista clínico David Pinheiro Cunha do Grupo Sasse Oncologia e

Hematologia de Campinas (SOnHe). O câncer de ovário é o tumor ginecológico mais difícil de ser diagnosticado e, por esse motivo, é o que menos tem chance de cura, “Na fase inicial, a grande maioria das pacientes são assintomáticas ou apresentam sintomas

sintomas tornam-se intensos, podendo cursar com aumento do volume do abdômen pela formação de líquido (ascite) ou obstrução do intestino causando dificuldade para evacuar, a doença já está avançada e a chance de cura é menor”, explica o oncologista clínico. REPRODUÇÃO

inespecíficos como dores abdominais, náuseas e alteração do hábito intestinal, não levando a paciente a procurar seu médico. Quando os

O médico conta que o câncer de ovário pode ser dividido em três principais tipos: tumores epiteliais, que se iniciam nas células que recobrem a superfície

externa no ovário, responsáveis por 95% dos casos; tumores de células germinativas, que originam os espermatozoides e os ovócitos, responsáveis por 2-3% dos casos e tumores estromais, constituídos a partir do cordão sexual da gônada, responsáveis por 5% dos casos. “É importante saber que todas as mulheres podem ter câncer de ovário, mas as que apresentam maior risco são: as com histórico familiar de câncer de ovário ou mama; idade avançada (acima dos 60 anos); nunca ter ficado grávida; menarca precoce; menopausa tardia; endometriose; reposição hormonal na pósmenopausa e tabagismo. As síndromes hereditárias também aumentam significativamente esse

risco, predispondo a doença em idades mais jovens. As mutações de maior importância são BRCA 1, BRCA 2 e a síndrome de Lynch (alteração genética em genes do DNA)”, afirma. Para o diagnóstico o médico necessita de uma avaliação clínica, exame físico e ginecológico, exames de sangue com marcador tumoral (Ca 125) e exames de imagem (ultrassom transvaginal, t o m o g r a f i a computadorizada e ressonância magnética). “Quando o tumor está em fase inicial, os exames de imagem identificam uma lesão nodular ou uma massa restrita aos ovários. Na doença avançada pode ocorrer disseminação dos nódulos para o peritônio (camada que reveste o intestino), formação de líquido no abdômen e metástase para outros ó rg ã o s c o m o f í g a d o e pulmão. Importante

ressaltar que, para o diagnóstico definitivo, é necessária uma biópsia da tumoração apontada no exame de imagem”, explica o médico.

Tratamento O tratamento depende do es tág io d a d o en ça. A s opções principais são: cirurgia seguida de quimioterapia ou, quando o tumor apresenta-se mais avançado, iniciar quimioterapia e posterior avaliação cirúrgica. “Infelizmente os métodos de rastreamento para câncer de ovário não se mostraram efetivos para a população geral como é o caso do Papanicolau no câncer de colo de útero. A realização de exames de ultrassom transvaginal e marcador tumoral (Ca 125) apenas resultou em maior número de procedimentos e gastos para a saúde sem benefício significativo em reduzir a mortalidade, portanto, não sendo indicado de rotina”, aponta o especialista.

Com taxa de letalidade de 55,7%, sepse é a doença que mais mata em UTIs O Brasil tem uma taxa extremamente alta de morte por sepse em UTIs, superando até mortes por acidente vascular cerebral e infarto nessas unidades. Segundo levantamento o r g a n i z a d o p o r pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas), a cada ano morrem mais de 230 mil pacientes adultos nas UTIs em decorrência da doença. A estimativa é sombria, 55,7% dos pacientes internados com sepse vão a óbito. Os dados são do primeiro estudo nacional de pacientes com sepse atendidos em UTIs, que teve os resultados publicados na revista Lancet Infection Diseases. O trabalho é resultado de um Projeto Temático apoiado pela Fapesp. A sepse é desencadeada por uma resposta

desregulada do organismo na presença de um agente infeccioso. O sistema de defesa passa a combater não só esse agente, mas, também, o próprio organismo, gerando disfunção dos órgãos. Tanto as infecções de origem comunitária (40% dos casos) como aquelas associadas à assistência à saúde (60%) podem evoluir para sepse. “A prevalência de 30% de sepse não é considerada tão alta. Ela já havia sido identificada em estudos anteriores. Já a mortalidade por sepse no Brasil é altíssima, principalmente pelo fato de ser uma doença passível de prevenção em grande parte dos casos”, disse Flávia Machado, professora do Departamento de Anestesiologia, Dor e Medicina Intensiva da Unifesp e coordenadora da pesquisa. “A vacinação pode

prevenir sepse comunitária. As estratégias de controle de infecção hospitalar podem prevenir parte da sepse hospitalar. São medidas simples e a falta delas mostra que o sistema de atendimento à saúde não está bom”, disse. O levantamento identificou que, embora a qualidade de atendimento varie muito de uma instituição a outra, não foi encontrada diferença significativa entre a taxa de mortalidade no sistema público (56%) e privado (55%). No geral, dos 420 mil casos tratados por ano, 230 mil terminam em morte. Para chegar a esses dados, os pesquisadores dividiram as UTIs do País em 40 estratos, de acordo com fatores como região geoeconômica, tamanho das cidades e se as instituições eram públicas ou privadas. O resultado foi a coleta de

dados de 227 instituições, ou 15% de todas as UTIs brasileiras. “Fizemos uma mostra randômica das UTIs brasileiras. Isso foi válido, pois toda vez que se fazia pesquisa em sepse no Brasil – e não conheço nenhum outro estudo brasileiro que tenha feito a amostragem dessa forma – perguntava-se se a instituição queria participar da pesquisa, o que gerava uma amostra enviesada, provavelmente com as melhores instituições apenas. A taxa de letalidade

resultava em 40% e não de os 55,7% que encontramos”, disse Machado. Uma série de fatores leva ao resultado sombrio do tratamento da sepse nas UTIs brasileiras, como falta de acesso às UTIs, diagnóstico tardio, demora do paciente na busca por serviço de saúde, tratamento inadequado, problemas de processo e falta de recursos. Vale ressaltar que a doença, quando detectada precocemente, é relativamente simples de ser tratada, necessitando

b a s i c a m e n t e d a administração de antibióticos, fluidos e do monitoramento do paciente na UTI e da análise de cultura bacteriana. “O acesso à UTI é um definidor de letalidade”, disse Machado. Ela explica que estudos baseados apenas em pacientes internados em UTIs apresentam taxas de letalidade que podem variar bastante de um país para outro conforme o número de leitos disponíveis em relação à população do País.


VARIEDADES 9

16 a 23 de novembro de 2017

fatos & notícias

Fórum Mundial da Água deve atrair 40 mil pessoas para Brasília Brasília será a capital mundial da água em março do próximo ano. Na cidade, milhares de pessoas – a u t o r i d a d e s o u representantes da sociedade civil – estarão reunidas para discutirem o tema água sob a perspectiva da sustentabilidade. São esperadas 40 mil pessoas no Estádio Nacional Mané Garrincha e no Centro de Convenções Ulysses Guimarães entre os dias 17 e 23 de março, quando se realizará o 8º Fórum Mundial da Água. O diretor executivo do fórum e diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Ricardo Medeiros de Andrade, afirmou que a expectativa é que a temática

transcenda o período de realização do grande evento. Andrade explicou que para sediar o fórum, o Brasil iniciou a candidatura com bastante antecedência e, há três anos, quando ocorreu a sétima edição do evento, na Coreia do Sul, o p a í s r e c e b e u o credenciamento para promover a edição seguinte. “Esse processo vem sendo arregimentado faz um bom tempo. Hoje contamos com o respaldo muito forte dos governos federal e de Brasília”, disse Andrade. A geografia foi um dos fatores que levou a mobilização para a conquista do Brasil como sede do fórum mundial. Como as edições anteriores

se concentraram em países localizados no Hemisfério Norte, as autoridades brasileiras deram ênfase ao fato de que o Brasil, sendo escolhido para receber o grande evento, iria atrair o fórum para o Hemisfério Sul. Atualmente, mais de 70 instituições estão engajadas na realização do fórum. Quando se deu a partida para a conquista, em 2010, eram 14 instituições em apoio ao evento internacional. Até o momento, 17 países confirmaram participação no evento. No Centro de Convenções Ulysses Guimarães, local das cerimônias de abertura e encerramento, haverá

Arqueólogos encontram múmia greco-romana no Egito AFP/ARQUIVO

AFP/ARQUIVO

Uma equipe de arqueólogos russos encontrou uma múmia bem preservada da era greco-romana em um sarcófago de madeira ao sul do Cairo, informou o ministério egípcio de Antiguidades. A descoberta ocorreu perto de um mosteiro da localidade de Qalamshah, 80 km ao sul da capital egípcia, indicou o

comunicado. A equipe “encontrou, dentro do sarcófago, uma múmia bem conservada, envolta em linho, com o rosto coberto com uma máscara de feições humanas com desenhos em azul e dourado”, afirmou. Embora normalmente se associe a mumificação ao Egito antigo, esta prática foi mantida na era greco-

romana. “A expedição f e z u m a restauração inicial do sarcófago da múmia, visto que foi encontrado em más condições”, destacou o ministério, citando o adjunto do ministro, Mohamed Abdel Lateef. O comunicado não detalhou q u a n d o a descoberta foi feita. “A cobertura está quebrada e a base tem várias brechas, e não tem nenhuma inscrição”, acrescentou o informe, citando Abdel Lateef. A missão russa trabalha há sete anos na região, que conta com monumentos islâmicos e coptas e outros do período greco-romano (de 330 a.C. a 670 d.C.).

espaço para que cada país apresente ao público as melhores práticas sobre o tema. Nas imediações do Estádio Nacional Mané Garrincha será montada a Vila Cidadã, com espaço para a participação mais ampla do fórum. O local contará também com diversos debates e, à noite, se transformará em centro gastronômico. O dia 8 de dezembro será um dos marcos na divulgação do fórum mundial. A data marcará os 100 dias para a realização do evento. O diretor executivo explicou que haverá uma reunião no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com a participação de juízes

e promotores nacionais e internacionais. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, vem articulando a participação de magistrados também. Para participar do fórum mundial, basta preencher o formulário no site do evento. Lá existem três

faixas: estudante, país integrante da OCDE e país que não faz parte da OCDE. É possível se inscrever para o todo o período do fórum ou alguns dias. As inscrições têm custo. As inscrições para a Vila Cidadã somente estarão disponíveis alguns dias antes do evento.

Antártida verde Musgos estão ocupando áreas cada vez maiores na Península Antártica, mais uma indicação do aquecimento acelerado que está ocorrendo no sul da Terra Quando se pensa na Antártida, o que vem à mente de quase todo mundo é uma vastidão gelada e branca, um continente distante e deserto – a não ser pelos pinguins e outros raros animais que lá vivem. Mas essa paisagem conhecida está mudando, tingindo-se de verde em alguns pontos. Um estudo realizado pela Universidade de Exeter, na Inglaterra, e publicado em maio no periódico científico americano Current Biology, mostra que, por causa do aquecimento global, os musgos estão se expandindo de maneira preocupante nas regiões antárticas mais ao norte. Isso vem ocorrendo, principalmente no verão, nas ilhas Elefante, Ardley e Green, a oeste da Península Antártica, onde está localizada a Estação Comandante Ferraz, do Brasil. O continente mais ao sul do planeta nem sempre foi a imensidão branca que se vê atualmente. Nos períodos geológicos do Cretáceo (de

indica é que essa situação pode mudar num futuro não muito distante. Eles começaram a realizar pesquisas na região há quatro anos. Na época, constataram um a u m e n t o d o crescimento dos musgos no sul da Península Antártica (onde se localiza a camada mais grossa e antiga dessas plantas). Depois, eles estenderam os estudos para as três ilhas mais ao norte, analisando amostras de solo coberto por cinco espécies de musgos, recolhidas numa e x t e n s ã o d e aproximadamente 640 quilômetros. Os cientistas verificaram que duas delas estão crescendo num ritmo entre quatro e cinco vezes mais rápido do que nas décadas passadas. “Concluímos que o fenômeno está ocorrendo em toda a península”, disse, durante a apresentação do levantamento, seu autor principal, o paleoclimatologista britânico Matt Amesbury.

FOTO: MATT AMESBURY/UNIVERSIDADE DE EXETER

145 a 66 milhões de anos atrás) e do Eoceno (de 55 milhões a 36 milhões de anos atrás), por exemplo, a Antártida chegou a abrigar florestas em algumas regiões do seu território. Com 14 milhões de quilômetros quadrados de terra (uma vez e meia a área do Brasil) quase totalmente cobertos com uma camada de gelo de 2,1 quilômetros de espessura em média (mas que em alguns pontos pode chegar a quase 5 quilômetros), e mais 20 milhões de quilômetros quadrados de mar congelado no inverno (1,6 milhão de km² no verão), atualmente ela t e m v e g e t a ç ã o , principalmente musgos, em apenas 0,3% de sua área. O que o trabalho dos pesquisadores britânicos


10 GERAL fatos & notícias

16 a 23 de novembro de 2017

O dia 20 de novembro faz menção à consciência negra, a fim de ressaltar as dificuldades que os negros passam há séculos. A escolha da data foi em homenagem a Zumbi, o último líder do Quilombo dos Palmares, em consequência de sua morte. Zumbi foi morto ao ser traído por Antônio Soares, um de seus capitães. A localização do quilombo ficava onde é hoje o estado de Alagoas, na Serra da Barriga. O Quilombo dos Palmares foi levantado para abrigar escravos fugitivos, pois muitos não suportavam viver tendo que aguentar maustratos e castigos de seus f e i t o r e s , c o m o permanecerem amarrados aos troncos sob sol ou chuva, sem água e sofrendo com açoites e chicotadas. O local abrigou uma população de mais de vinte mil habitantes. Ao longo da história, os negros não foram tratados com respeito, passando por grandes sofrimentos. Pelo

FOTO: REPRODUÇÃO INTERNET

Dia Nacional da Consciência Negra

Zumbi e Princesa Isabel, liberdade aos negros contrário, foram escravizados para prestar serviços pesados aos homens brancos, tendo que viver em condições desumanas, amontoados dentro de senzalas. Muitas vezes suas mulheres e filhas serviam de

escravas sexuais para os patrões e seus filhos, feitores e capitães do mato, que depois as abandonavam. As casas dos escravos eram de chão batido, não tinham móveis nem utensílios para cozinhar. As esposas dos barões é quem lhes concedia

alguns objetos, para diminuir as dificuldades de suas vidas. Nem mesmo estando doentes eram tratados de forma diferente, com respeito e dignidade. Ficavam sem remédios e sem atendimento médico, motivo pelo qual inventaram medicamentos

com ervas naturais, ações aprendidas com os índios durante o período de colonização. Algumas leis foram criadas para defender os direitos dos negros, pois muitas pessoas não concordavam com a escravização. A Lei do Ventre Livre foi a primeira delas, criada em 1871, concedendo liberdade aos filhos dos escravos nascidos após a lei. No ano de 1885, criaram a Lei dos Sexagenários, dando liberdade aos escravos com mais de sessenta anos de idade. Porém, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, foi que os escravos c o n q u i s t a r a m definitivamente sua liberdade. O grande problema dessa libertação foi que os escravos não sabiam realizar outro tipo de trabalho, continuando nas casas de seus patrões, mesmo estando libertos. Com isso, a tão esperada liberdade não

chegou por completo. As oportunidades de vida que tiveram eram limitadas apenas aos trabalhos pesados, como não haviam estudado e não aprenderam outros ofícios além dos braçais, porém, alguns conseguiram emprego no comércio. O dia da consciência negra surgiu para lembrar o quanto os negros sofreram, desde a colonização do Brasil, suas lutas, suas conquistas. Mas também serve para homenagear àqueles que lutaram pelos direitos da raça e seus principais feitos. Na data são realizados congressos e reuniões discutindo-se a história de preconceito racial que sofreram, a inferioridade da classe no meio social, as dificuldades encontradas no mercado de trabalho, a marginalização e discriminação, tratando-se também de temas como beleza negra, moda, conquistas, etc.

Idealizador de Inhotim é condenado

A 4ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, condenou o idealizador do Instituto Inhotim, Bernardo de Mello Paz, a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro. Na decisão, divulgada nesta quinta-feira, 16, a juíza Camila Velano condena também a irmã dele, Virgínia Paz, a cinco anos e três meses de prisão, em regime semiaberto, pelo mesmo crime. A defesa de ambos já entrou com recurso. L o c a l i z a d o e m Brumadinho, na região

metropolita na da capital mineira, o Inhotim é u m d o s maiores museus a céu aberto do mundo e m u i t o conceituado sobretudo no exterior. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), entre 2007 e 2008, o fundo de investimentos Flamingo, sediado no exterior, repassou US$ 98,5 milhões para a empresa Horizonte, criada por Paz, para manter o Inhotim. O dinheiro, segundo a investigação, teria sido usado para pagamentos de compromissos de empresas de Paz. A defesa de Paz e sua irmã afirma que todas as operações financeiras são

regulares e que a decisão deve ser revista na apreciação dos recursos pelo Tribunal Regional Federal em Brasília. Criado em 2004 pelo empresário Bernardo Paz, o Instituto Cultural Inhotim, em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, é, de fato, o mais exuberante centro de arte contemporânea em todo o País, incluindo em seu acervo obras de importantes artistas brasileiros, entre eles Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Tunga, e estrangeiros como Matthew Barney, Chris Burden e Yoyoi Kusama. Essa exuberância começa agora a ser investigada por seu lado mais sórdido: o uso de dinheiro público como fachada para negócios ilícitos e promoção social por meio da arte. Colecionador de arte contemporânea desde a

década de 1980, o empresário Bernardo Paz tomou do banqueiro Edemar Cid Ferreira, ex-presidente do Banco Santos e da Bienal de São Paulo, hoje destituído de seu acervo, o título de maior investidor em arte do País. Ainda que Inhotim seja um lugar paradisíaco para quem gosta de arte, com gigantescos pavilhões que rivalizam em tamanho com os maiores museus do Brasil, certo é que alguns acordos foram feitos entre o governo

mineiro pelo Instituto Cultural para a realização de projetos de seu centro cultural. Em 2009, o empresário Bernardo Paz foi acusado de participar de um esquema de fraudes que teria resultado num prejuízo de R$ 74,7 milhões ao governo mineiro. O Ministério Público excluiu posteriormente a imputação do crime de formação de quadrilha, mas as investigações seguiram até a sentença judicial desta

quinta-feira. Nesse mesmo ano, o governo mineiro construiu uma estrada entre Barreiras e Brumadinho para facilitar o acesso a Inhotim, erguendo ainda uma ponte sobre o Rio Manso que custou, em 2009, R$ 2,5 milhões. Empresas estatais como a Petrobras contribuíram com as atividades do centro cultural. Bernardo Paz é irmão de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério (operador do mensalão).


16 a 23 de novembro de 2017

GERAL 11 fatos & notícias

Vinho surgiu há oito mil anos no Cáucaso, aponta estudo A descoberta de peças de cerâmica com restos da bebida é o registro de vinicultura mais antigo já encontrado As origens do vinho remontam há mais de oito mil anos, revelaram resíduos encontrados em cerâmicas neolíticas que foram desenterradas por arqueólogos na Geórgia, no sul do Cáucaso. A descoberta, publicada na última segunda-feira (13) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere que a invenção da bebida ocorreu quase mil anos antes do que se acreditava. Os indícios químicos mais antigos da produção de vinho até então datavam de 5.400 a 5.000 anos antes da era cristã (7.000 anos atrás), nas montanhas de Zagros, no Irã. Agora, cientistas sabem

que a atividade é ainda mais antiga. “Nosso estudo sugere que a viticultura foi o principal elemento do modo de vida neolítico, que viu nascer a agricultura e se estendeu pelo Cáucaso” e além, para o sul, no Iraque, Síria e Turquia, afirmou o arqueólogo Stephen Batiuk, do Centro de Arqueologia da Universidade de Toronto, no Canadá. As escavações se concentraram em Gadachrili Gora e Shulaveris Gora, sítios arqueológicos ricos em cerâmicas do início do Neolítico, entre 8.100 e 6.600 anos atrás e ficam situados a 50 quilômetros de Tbilisi, capital da Geórgia. A análise dos resíduos encontrados em oito jarros

com milênios de antiguidade revelou a presença de ácido tartárico, a assinatura química das uvas e do vinho. Também foram detectados outros três ácidos – málico, succínico e cítrico – relacionados com a viticultura. “Isto sugere que a Geórgia provavelmente era o centro da domesticação das videiras e da viticultura”, resume Patrice This, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (Inra) da França. “Acreditamos estar na presença dos vestígios da mais antiga domesticação de videiras silvestres na Eurásia com o único propósito de produzir vinho”, completou Batiuk. “A versão

iSTOCK/GETTY IMAGES

domesticada de uvas para a produção de vinho de mesa atualmente tem mais de 10.000 variedades no mundo todo”, 500 delas só na Geórgia, acrescentou. Segundo os cientistas, isso sugere que as uvas foram objeto de cruzamentos para

criar diferentes cepas há muito tempo nessa região da Eurásia. A combinação de dados arqueológicos, químicos, botânicos, climáticos e de datação mostra que a variedade de videira Vitis vinifera era abundante nos dois sítios de

escavação na Geórgia. A maioria das uvas clássicas pertence a essa espécie, como cabernet sauvignon, chardonnay, syrah, merlot, garnacha, mourvèdre e riesling. Os pesquisadores explicaram que, nessas sociedades antigas, beber e oferecer vinho fazia parte de quase todos os aspectos da vida. “O vinho [era usado] como um remédio, uma substância que altera o espírito e inclusive como uma mercadoria de grande v a l o r, t o r n a n d o - s e u m componente essencial dos cultos religiosos, da farmacopeia, da cozinha, da economia e da vida social em todo o Oriente Médio”, afirmou Batiuk.

Arte em 3D como os da foto acima, que são vendidos a lojas de museus e colecionadores

FOTO: AFP

Reproduções em 3D de peças antigas: nova tendência na China

Os chineses estão investindo firmemente na impressão em três dimensões, e um bom exemplo disso é um

pequeno estúdio e fábrica de Xian, capital da província de Shaanxi que ficou famosa por abrigar o famoso exército de

guerreiros de terracota. A empresa utiliza a tecnologia 3D para reproduzir objetos artísticos da antiguidade,

particulares. A impressão 3D se tornou, na China, um negócio em franca

expansão que, inclusive, já foi incorporado à política industrial do país.


ECONOMIA 12 fatos & notícias

16 a 23 de novembro de 2017

Negros ou pardos são 63,7% dos desocupados no País Entre os 13 milhões de desocupados no País no terceiro trimestre, 63,7% eram negros ou pardos. Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na sexta-feira (17) e equivalem a 8,3 milhões de negros ou pardos sem ocupação. A taxa de desocupação dessa parcela da população ficou em 14,6%, enquanto a de trabalhadores brancos totalizou 9,9%. Comportamento semelhante foi registrado na taxa de subutilização, indicador que agrega a taxa de desocupação, de subocupação por insuficiência de horas (menos de 40 horas semanais) e a força de trabalho potencial. Para o total de trabalhadores brasileiros, o índice fechou o terceiro trimestre em 23,9%. Entre a população de negros ou pardos, a taxa saltou para 28,3%, enquanto entre os brancos ela ficou em 18,5%. Do total de 26,8 milhões de subutilizados, 65,8%, eram pessoas negras ou pardas. No terceiro trimestre de 2017, as pessoas negras ou pardas representavam 54,9% do total da população brasileira de 14 anos ou mais e eram 53% dos trabalhadores ocupados. No recorte racial, 52,3% dos negros ou pardos estavam ocupados, enquanto

ARQUIVO/ABR

56,5% dos brancos se encontravam na mesma situação. O rendimento dos trabalhadores brancos foi de R$ 2.757 no período e o de trabalhadores pretos e pardos, de R$1.531. Em relação ao percentual de empregados do setor privado com carteira assinada, no fechamento do terceiro trimestre do ano o dado de negros ou pardos chegava a 71,3%, mais baixo do que o observado para o total do setor (75,3%). Dos 23,2 milhões de empregados pretos ou pardos do setor

privado, somente 16,6 milhões tinham carteira de trabalho assinada.

Trabalho doméstico e informal Na distribuição da população ocupada por grupo de atividades, a participação dos negros e pardos era superior à dos brancos na agropecuária, na construção, em alojamento e alimentação e, principalmente, nos serviços domésticos, categoria em que eles

representam 66% do contingente total. A Pnad Contínua mostrou, ainda, que, no Brasil, somente 33% dos empregadores eram negros ou pardos. Já entre os trabalhadores por conta própria, essa população representava 55,1% do total. Mais de um milhão de trabalhadores negros ou pardos atuavam como ambulantes, totalizando 66,7% dos trabalhadores deste tipo de ocupação. Em três anos o contingente de ambulantes pretos e pardos

chegou a crescer 5,8 pontos percentuais, passando de 19,4% em 2014 para 25,2% no terceiro trimestre deste ano.

Análise Na avaliação do coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, indicadores como esses revelam o tamanho da desigual do mercado de trabalho no País. “Entre os diversos fatores [que determinam esta desigualdade] estão a falta de

experiência, de escolarização e de formação de grande parte da população de cor negra ou parda”. Para ele, esses números são resultados de um processo histórico, que vem desde a época da colonização. “Claro que se avançou muito, mais ainda tem que se avançar bastante, no sentido de dar a população de cor negra ou parda igualdade em relação ao que temos hoje na população de cor branca”, destaca.


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