Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VII - Nº 213
01 a 07 de agosto/2017 Serra/ES
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fatos & notícias www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br
Ensino de História em Portugal perpetua mito do 'bom colonizador ' e banaliza escravidão PÁG. 10
EDUCAÇÃO
A complexidade da alfabetização e seu contexto PÁG.3
Pesquisadores da Fiocruz desenvolvem nova metodologia para tratamento do câncer PÁG. 8
Novo método retira CO2 da atmosfera e transforma em pedra PÁG. 7
Audiência debate construção de escolas indígenas
MEIO AMBIENTE
Cerrado perdeu o equivalente a mais de três DF para o desmatamento PÁG.2
Pág.4
CIÊNCIA
Chinês encontra fósseis de uma nova espécie de dinossauro PÁG.7
ACERVO ISA
Turma de alfabetização no acompanhamento pedagógico na escola Karib, comunidade Kuikuro, Parque Indígena do Xingu PÁG.4
DENUNCIE A VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE
2 MEIO AMBIENTE fatos & notícias
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Uso desenfreado de plástico Cerrado perdeu o equivalente ameaça oceanos e saúde humana a mais de três DF para o desmatamento Desde 1950, 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo. Cada pessoa utiliza, em média, 60 quilos do material por ano. Parte disso vai parar nos mares e entra na cadeia alimentar
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
REPRODUÇÃO INTERNET
Do ponto de vista histórico, o plástico é um fenômeno muito novo. Em 1950, a produção global total do material foi de pouco mais de 2 toneladas. Em 2015, ou seja, apenas 65 anos depois, a produção foi de 448 milhões de toneladas. Atualmente, utilizamos uma média global de aproximadamente 60 quilos de plástico por ano por pessoa. Nas regiões mais industrializadas – América do Norte, Europa Ocidental e Japão – a média é de mais de 100 quilos per capita. Em um novo estudo, pesquisadores estimaram que cerca de 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram fabricadas a partir de petróleo bruto desde 1950. Desse total, cerca de 30% permanecem em uso – em lares, carros ou fábricas. Outros 10% foram queimados. Isso significa que 60% da quantidade total de plástico produzido até o momento leva a uma exis tência obscura, seja em lixões ou descartado ao acaso. Globalmente, isso significa que existem cerca de 650 quilos de lixo plástico inutilizados.
Frequentemente esse plástico descartado vai parar nos oceanos. A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) estima que 2% da produção total de plásticos acabam nas águas oceânicas. Uma vez nos mares, o plástico permanece ali por anos, já que não é biodegradável ou digerível. Normalmente, ele se fragmenta em pedaços cada vez menores. Alguns deles são engolidos por o rg a n i s m o s m a r i n h o s , entrando em cadeias alimentares – algo prejudicial tanto para ecossistemas marinhos quanto para as pessoas que comem peixe. "Estamos caminhando em direção a um planeta plástico", disse o p e s q u i s a d o r d a Universidade da Califórnia, Roland Geyer, coautor do novo estudo. Ele acrescenta que o crescimento global na produção de plásticos é "extraordinário e não dá sinais de que vá abrandar no curto prazo". Os pesquisadores estimam que, se as tendências atuais
continuarem, até 2050 haverá cerca de 12 bilhões de toneladas de lixo plástico no mundo. A menos que haja uma mudança, dentro das próximas três décadas a massa total de lixo plástico nos oceanos pode ser maior do que a de peixes. Os microplásticos são muito pequenos para serem vistos a olho nu. Mexilhões, vermes marinhos e peixes absorvem alguns desses pequenos fragmentos ao se alimentarem. Uma vez que o plástico não pode ser digerido, ele se acumula nesses pequenos o rg a n i s m o s , e q u a n d o predadores se alimentam deles, também ingerem o plástico. Assim como outros p o l u e n t e s , o s microplásticos ficam mais concentrados no topo da cadeia alimentar. Estudos mostram que a ingestão de microplásticos pode ter efeitos adversos em vários animais marinhos. Esses efeitos incluem: chances reduzidas de reprodução; crescimento e locomoção mais lentos; bem como uma maior tendência à inflamação e maior mortalidade. (Globo.com)
Entre julho de 2013 e agosto de 2015, o Cerrado perdeu 18.962,45 km² de vegetação nativa. São mais de três vezes o tamanho do Distrito Federal devastado em um período de dois anos, segundo os dados recémdisponibilizados no site do Ministério do Meio Ambiente. O desmatamento segue acelerado no bioma e se, esse ritmo for mantido, até 2050, haverá o maior processo de extinção de espécies de plantas já registrado na história, com três vezes mais perdas de flora do que houve desde 1500, segundo a revista Nature Ecology and Evolution. N o C e r r a d o , o desmatamento está concentrado na região que é tida como a nova fronteira agrícola, chamada de Matopiba, e engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Isso porque mais da metade do bioma já foi dizimado e esta é uma das poucas regiões que ainda concentra grande quantidade de vegetação preservada. No período de 2013 a
2015 a taxa média de desmatamento anual foi de 9.481 km², representando um aumento de 33% quando comparado com a análise dos anos anteriores, 2009 a 2011 (7.117 km² em média cada ano). O que significa também que, dos biomas brasileiros, o Cerrado é o que registra o maior ritmo de desmatamento. Apesar do risco de extinção do bioma, o Cerrado ficou de fora do compromisso brasileiro na COP-21. Sem falar que é pouco protegido pelo Código Florestal (apenas 20% da área privada é protegida) e o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) prevê metas de redução acima da média de desmatamento apontado pelo monitoramento contínuo do bioma nos últimos anos, ou seja, sem qualquer ambição real para conter o problema”. “O desmatamento no Cerrado está fora do controle. Não podemos seguir destruindo este bioma que é tão
importante para o Brasil, seja em termos de biodiversidade, água e equilíbrio climático” afirma Maurício Voivodic, diretorexecutivo do WWF-Brasil. “O Brasil precisa enfrentar esta situação de uma forma ampla, envolvendo a sociedade, o governo e o setor privado. Precisamos de um grande pacto contra a destruição do Cerrado, do contrário, em alguns anos, restará muito pouco deste bioma tão precioso. Está na hora de assumir que a agropecuária só pode se expandir sob pastos degradados e não sob ecossistemas naturais. P r o g r a m a s d e monitoramento periódico do desmatamento, a exemplo do ProdesCerrado, são fundamentais para informar a taxa de perda de vegetação anual, ajudando na fiscalização”, conclui Voivodic.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br Representante Comercial: MÁRCIO DE ALMEIDA comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 3080-0159 / 99620-6954 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18
fatos & notícias
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CULTURA 3
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fatos & notícias
ENCHER releitura da história do Cia de Dança Capixaba faz
LINGUIÇA
negro no Brasil
Quem não vai direto ao ponto, acaba “enchendo linguiça” criação caseira dos porcos era uma solução para a carestia de proteínas daquele tempo. Entre outros derivados, a linguiça era uma interessante alternativa em que qualquer tipo de carne e gordura servia para encher as tripas que embalavam o produto. De
REPRODUÇÃO INTERNET
Conforme observado por muitos especialistas em História do Brasil, o acesso à carne nos tempos coloniais era coisa bastante cara e difícil de resolver. Somente os grandes proprietários de terra tinham a oportunidade de consumir uma peça de carne
fresca. Para o restante da população sobravam as carnes de menor valor e procedência. Dessa forma, foi necessário se adaptar ao ambiente hostil aproveitando os produtos de origem animal de toda a forma. Em muitos casos, a
tão recorrente, o hábito de “encher linguiça” deixou de ser apenas uma tarefa doméstica para também se transformar em mais uma de nossas expressões idiomáticas. Geralmente, a expressão é utilizada quando alguém fica estendendo um assunto
com detalhes ou questões sem a menor importância. O “enchedor de linguiça” também pode ser reconhecido naqueles típicos sujeitos que arranjam qualquer assunto desinteressante para impressionar alguém ou matar o tempo. Não se restringindo ao mundo da fala, a habilidade de encher linguiça também serve para os alunos que tentam ganhar pontos em uma avaliação com respostas prolixas e nada objetivas. Nos frigoríficos modernos, a fabricação de linguiças é resultado de um processo bastante criterioso. A qualidade das carnes e o percentual de gordura empregado seguem normas criadas por especialistas. Dessa forma, vemos que a falta de critério para se encher linguiça acabou ficando por conta de quem fala demais, mas não tem nada de interessante a dizer. Rainer Sousa Graduado em História Equipe Brasil Escola
Ministério prorroga inscrições em edital que vai premiar culturas populares MINC/DIVULGAÇÃO
O Ministério da Cultura (MinC) prorrogou até 28 de agosto as inscrições no Prêmio Culturas Populares Leandro Gomes de Barros. A 5ª edição do prêmio vai escolher 500 iniciativas e premiar com R$ 10 mil cada. O Prêmio busca fortalecer
expressões culturais populares brasileiras c o m o o cordel, a quadrilha, o maracatu, o jongo, o cortejo de afoxé, o bumbameu-boi e o boi de mamão, entre outros. É o primeiro edital de cultura popular lançado pelo Ministério da Cultura desde 2012 e é o maior em número de premiações. As inscrições podem ser
feitas pela internet ou por via postal. Quem decidir se inscrever pelo correio deve e n d e r e ç a r a correspondência da seguinte forma: Edital de Seleção Pública n.º 01, de 29/05/2017 Edital Culturas Populares – Edição Leandro Gomes de Barros Setor Hoteleiro Sul – Quadra 02, Bloco B, Ed. TELEX – Térreo Caixa Postal: 8591 Brasília/DF – CEP 70.312970. (Portal Brasil)
Jorge Silva (Salvador/BA) é quem assina a direção de '7', espetáculo inédito da Homem Companhia de Dança, com estreia nos dias 16 e 17 de agosto, no Theatro Carlos Gomes O Edital 018 do Funcultura/Secult foi o que proporcionou à Cia Homem a montagem do novo espetáculo que traz, em sua proposta de criação, uma releitura da história de sofrimento e submissão dos negros ao chegarem no Brasil. '7' será apresentado nos dias 16 e 17 de agosto (quarta e quinta) às 20h30, na casa de espetáculos mais famosa do Espírito Santo, Theatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória. Muitas curiosidades, fatos e especulações giram em torno do número sete, sempre ligado a questões míticas, espirituais e metafísicas, o algarismo divide opiniões entre pessoas que o adotam como seu número de sorte ou de azar, mas, no caso do espetáculo, o nome surgiu ocasionalmente em uma questão cotidiana do grupo e serviu como inspiração e ponto de partida para a montagem do novo trabalho. Os espetáculos: 'Paisagens' e 'Carnaval dos Mortos', foram muito importantes na carreira do coreógrafo soteropolitano, Jorge Silva, e lhe renderam prêmios concedidos pela FUNCEB. Já 'Acúmulo de Desejos' e 'a Inquisição', o tornaram conhecido no cenário internacional ('A Inquisição', coreografia selecionada para a Bienal de Lyon/França em 1999). Mesmo com tanta
CLÉSIO JÚNIOR
experiência, o coreógrafo sentiu-se desafiado ao ser convidado para desenvolver este trabalho com a Cia Homem em Vitória. “A Homem Cia de Dança me reinventou como coreógrafo, possibilitando que eu buscasse outros caminhos que agregassem a minha forma de criação. Dentre outros, meu maior desafio foi o de ter paciência e esperar, bem como buscar no íntimo de cada bailarino o bailarino que lá habitava e eles nem conheciam, buscando outra forma e jeito de se expressar”, contou Jorge Silva, que também é educador, atuando por quatro anos no Liceu de Artes e Ofícios e atualmente no Projeto Axé, ambas instituições de Salvador. Jorge também é coreógrafo de Daniela Mercury, criador das coreografias dos CDs Música de Rua (1994), Elétrica (1998) e de vários shows da cantora. A Homem Cia de dança não abre mão de criações de
espetáculos com qualidade estética e de produções marcantes. São 18 anos de fomento à produção, formação e investigação artística nos espaços onde atua, de forma a ter se tornado fonte de pesquisa para estudiosos em diversos seguimentos, por isso, é reconhecida nacionalmente. “A Homem Cia de Dança r e p r e s e n t a significativamente, junto a outras ações culturais que ocorrem no Estado do Espírito Santo e nas demais regiões do País, a cena cultural brasileira. Dar continuidade à trajetória de espetáculos da companhia, implica também em contribuir para a produção cultural, fomentar a criação artística, promover o diálogo da cultura da capital com as regiões do interior do nosso Estado, difundindo seus valores estéticos e conceituais”, explicou Elídio Neto, bailarino e diretor. Júlio Barros
4 EDUCAÇÃO fatos & notícias
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Definição de alfabetização na cultura brasileira é incompatível com referenciais teóricos de hoje Alfabetização é uma aprendizagem complexa que, para além da aquisição do sistema alfabético de escrita, pressupõe a inserção do sujeito no universo letrado; por isso, é uma ampla meta educativa na constituição cognitiva, social e política
SHUTTERSTOCK
Com base em posturas arraigadas na cultura escolar brasileira, a alfabetização poderia ser compreendida pela seguinte definição: aprendizagem de um sistema linguístico fechado que, baseado em normas e regras, permite a expressão do sujeito. Como responsabilidade da escola, a aquisição da língua escrita diz respeito a um estágio preliminar (os anos iniciais do ensino fundamental) com o objetivo de preparar o aluno para a aprendizagem dos conteúdos curriculares propriamente ditos. Para tanto, os professores devem ensinar pautados por um
planejamento que, seguido passo a passo, seja capaz de controlar o caminho que vai das letras aos textos. Definitivamente, essa é uma definição incompatível com os referenciais teóricos de hoje, com os apelos do nosso mundo e com o projeto de uma sociedade democrática. Partindo do pressuposto de que concepções costumam justificar i n s t â n c i a s d e responsabilidade (à qual cabe a tarefa de ensinar a ler e a escrever) e os objetivos do ensino (por que ensinamos a ler e a escrever), sustentar a
organização de conteúdos escolares (o que ensinamos quando ensinamos a ler e a escrever) e as diretrizes de ensino (como ensinamos a ler e a escrever), consideramos o interesse de repensar a definição dada no início deste texto e, por essa via, discutir possibilidades de mudança nas práticas pedagógicas. Pretendemos, acima de tudo, contribuir para os debates acerca do ensino da língua materna; debates necessários, sobretudo em um cenário em que ainda prevalecem, em pleno século 21, os quadros de fracasso escolar, de altos índices de analfabetismo e de baixo letramento da nossa população. Do ponto de vista formal, a alfabetização é, indiscutivelmente, uma responsabilidade da escola. No entanto, muitos estudos demonstram que as
crianças, pelas próprias experiências no mundo letrado, começam a aprender a língua escrita já no período pré-escolar. De fato, ao ouvirem a leitura de histórias, acompanharem a execução de uma receita culinária, compartilharem em família a leitura de convites, cartas ou e-mails, as crianças, desde muito cedo, refletem sobre os papéis da língua escrita (funções sociais), seus modos de apresentação (gêneros textuais) e de circulação (suportes), sua natureza convencional (como o formato das letras e a direção da leitura) e suas formulações típicas (construções diferentes da oralidade). Para além das aprendizagens em si, elas desenvolvem também uma relação de proximidade com o universo da língua, o que faz toda a diferença no processo formal de alfabetização. Uma diferença marcada por oportunidades desiguais, já
que as crianças menos favorecidas costumam ficar à margem das experiências letradas. Como se isso não bastasse, sabemos que muitos jovens e adultos, que até se alfabetizaram, podem involuir para um estado de analfabetismo funcional quando são privados de oportunidades qualitativas de ler e escrever. Essa é uma condição típica das p o p u l a ç õ e s desprivilegiadas, que têm pouco acesso aos bens culturais. Tais constatações têm implicações práticas para o ensino da língua materna. Em primeiro lugar, porque não se pode, na escola, partir de um marco de c o n h e c i m e n t o supostamente zero, desconsiderando os saberes já conquistados pelos alunos ingressantes. Em segundo lugar, porque o esforço realizado pela escola não pode se desvincular da realidade
social e dos contextos que dão sentido ao ler e escrever. Alfabetiza-se melhor quanto mais se promove o acesso à diversidade de materiais escritos, quanto mais se aproxima o ensino das práticas letradas e dos propósitos da língua escrita. Em contrapartida, o poder público não pode investir na construção de um sistema escolar desarticulado de uma política de incentivo e distribuição dos bens culturais. Em síntese, como a aprendizagem da leitura e escrita não começa e não se esgota entre as paredes da sala de aula, a alfabetização é uma reponsabilidade escolar, mas é também um compromisso político. Isso explica por que tantos países vêm investindo em iniciativas de democratização da cultura como coadjuvantes do esforço para a erradicação do analfabetismo e da construção da justiça social. (Revista Educação)
EDUCAÇÃO INDÍGENA
Audiência debate construção de escolas indígenas A construção de estruturas adequadas à educação indígena em 50 escolas que hoje funcionam de maneira precária no Território do Rio Negro, no Amazonas, foi tema de audiência pública realizada no final de julho, na sede do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em Brasília. O evento teve a participação de equipes da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, da Fundação Nacional do Índio (Funai), além de empresas interessadas na execução do projeto e que deverão participar da licitação para construção das escolas. “Assim que chegamos ao
Ministério da Educação, encontramos como uma das áreas mais críticas a situação das escolas indígenas. Levamos isso ao conhecimento do ministro Mendonça Filho, assim como fizeram as lideranças indígenas em várias reuniões”, disse a titular da Secadi, Ivana de Siqueira. A secretária explicou que, somente no território do Rio Negro, mais de 200 escolas funcionam sem prédios próprios e em condições precárias. “O ministro foi até a região, viu a situação e voltou com a decisão – mesmo no cenário econômico que nosso País vive – de que deveríamos dar uma resposta imediata.
REPRODUÇÃO INTERNET
Ficou definido que começaríamos pelo Alto Rio Negro e, desde então, temos discutido novas alternativas de construção que respeitem as condições locais e estejam afinadas no enfrentamento
às dificuldades”, avaliou a secretária. O projeto experimental de construção de escolas indígenas prevê o atendimento a 50 unidades de ensino, localizadas nos
municípios amazonenses de Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira. Elas foram divididas em quatro grupos, abrangendo as regiões no entorno de São Gabriel da Cachoeira; Santa Isabel do Rio Negro; Rio Uaupés, próximo à divisa com a Colômbia; e Rio Içana, nos territórios Yanomami. Segundo o coordenador de Desenvolvimento de Infraestrutura do FNDE, Rudybert Barros Von Eye, as construções se iniciarão pelas duas primeiras regiões, como método de aprendizado, já que estão mais próximas a Manaus. Já as regiões dos rios Uaupés e Içana têm o acesso
dificultado pelos cursos de água mais estreitos, estando mais suscetíveis aos períodos de chuva. “Todos os professores e chefes de comunidades desceram até a cidade de São Gabriel da Cachoeira para participar das diversas oficinas que realizamos. Na última visita, levamos o modelo de projeto que pensamos e eles entenderam que era aquilo mesmo o que queriam. Eles pediram, principalmente, durabilidade e rapidez de construção”, relatou Rudybert. Os principais conceitos do projeto foram apresentados durante a audiência. A proposta ainda está em elaboração.
(Portal MEC)
POLÍTICA 5
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fatos & notícias
Supremo dará destaque a pautas sociais no segundo semestre O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta terça-feira (1º) os trabalhos do segundo semestre com a pauta de julgamentos marcada por temas sociais de grande impacto, como a legalidade da venda de cigarros aromatizados, as demarcações de terras indígenas, além de inquéritos que podem tornar réus o senador Fernando Collor (PTC-AL) e políticos ligados ao PP na Operação Lava Jato. Neste mês, a Segunda Turma do STF pode julgar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo sete parlamentares e exparlamentares do PP investigados na Lava Jato, pelo suposto recebimento de vantagens indevidas no esquema de corrupção da Petrobras. O colegiado é formado pelos ministros Gilmar Mendes, Dias
Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, além de Edson Fachin, relator do inquérito. Foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa os deputados Luiz Fernando Ramos Faria (MG), Roberto Britto (BA), Mário Negromonte Júnior (BA), Arthur Lira (AL) e José Otávio Germano (RS). Os ex-deputados Mário Negromonte (BA) e João Pizzolatti (SC) também foram denunciados. No caso do senador Fernando Collor (PTC-AL), a PGR acusa o parlamentar de receber R$ 29 milhões em propina pela suposta influência na BR Distribuidora. Segundo os procuradores, além de Collor, estão envolvidos no suposto esquema a mulher do senador, Caroline Collor, e outros acusados, que atuavam como “operadores particulares” e “testas de
VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Parecis. Também está na pauta uma ação da Fundação Nacional do Índio (Funai) que pede a anulação de títulos de terra concedidos pelo estado a fazendeiros em terras ocupadas por índios Kaingang no Rio Grande do Sul.
Cigarro Aromatizado
ferro” no recebimento dos valores. De acordo com a denúncia, o senador comprou carros de luxo com o dinheiro da suposta propina. Entre os veículos estão um Lamborghini, avaliado em R$ 3,2 milhões; uma Ferrari (R$ 1,4 milhão), um Bentley e duas Land Rover. Em julho de 2015, os carros de luxo foram apreendidos na residência particular do senador em Brasília, conhecida como Casa da
Dinda.
Terras indígenas No dia 16 de agosto, a questão sobre a demarcação de terras indígenas volta a ser discutida pelo plenário do Supremo. Está previsto o julgamento de ações do estado de Mato Grosso que cobram indenizações pela suposta inclusão ilegal de suas terras dentro dos limites do Parque Nacional do Xingu e nas reservas indígenas Nambikwára e
Na segunda quinzena, a Corte também deverá julgar o mérito de uma liminar concedida pela ministra Rosa Weber em 2012, que suspendeu a resolução da Agência Nacional de Vi g i l â n c i a S a n i t á r i a (Anvisa), proibindo a fabricação e venda de cigarros com sabor artificial. A Anvisa alega que as substâncias que conferem sabor doce potencializam a ação da nicotina no organismo e servem para conquistar novos fumantes, principalmente jovens.
Ensino Religioso No dia 23 de agosto, a sessão deverá ser destinada ao julgamento da ação na qual a PGR pede que a Corte reconheça que o ensino religioso nas escolas públicas deve ser de natureza não confessional, com a proibição de admissão de professores que atuem como “representantes de confissões religiosas”. A ação da PGR foi proposta em 2010 pela então vice-procuradora Débora Duprat. Segundo entendimento da procuradoria, o ensino religioso só pode ser oferecido se o conteúdo programático da disciplina consistir na exposição “das doutrinas, práticas, histórias e dimensão social das diferentes religiões”, sem que o professor tome partido. (Agência Brasil)
Gilmar Medes diz que processo penal se tornou “bagunça completa" e critica Janot O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (1º) esperar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) recupere “um mínimo de decência e normalidade” sob o comando de Raquel Dodge, que assume a chefia da instituição em setembro. No primeiro dia de trabalho após o fim do recesso do Judiciário, Mendes afirmou ainda que o direito processual penal brasileiro se tornou “um baguncismo”, e que o próprio STF é um dos culpados. “Tudo isso que já falei: doutrina de
Curitiba [em referência à Operação Lava Jato], doutrina Janot [Rodrigo Janot, atual procurador-geral da República], isso não tem nada a ver com direito, é uma loucura completa que se estabeleceu. É uma bagunça completa”, disse Mendes antes de entrar para a sessão da Segunda Turma do STF. “Direito penal foi todo reescrito, isso precisa ser arrumado, o Brasil tem que parar para pensar: a gente bagunçou tudo, agora tem que parar para arrumar”. Para Mendes, ao ter decidido, em junho, que não cabe ao plenário
debater os termos dos acordos de delação premiada antes da homologação pelo relator, o STF “ficou a reboque das loucuras do procurador”, disse ele, numa referência ao atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “Certamente o Tribunal vai ter que se reposicionar [neste segundo semestre]”, afirmou. Mais cedo, Mendes já havia criticado Janot por encaminhar ao STF um novo pedido de prisão preventiva do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Eu acho que é bom que atores jurídico-políticos leiam a
Constituição antes de seguir suas vontades”, disse Mendes, em referência à insistência de Janot em pedir a prisão de Aécio. Na segunda (31), a ProcuradoriaGeral da República (PGR) protocolou mais um recurso pela prisão preventiva do senador, após o ministro Marco Aurélio Melo ter negado a medida cautelar no mês passado, alegando que o caso de Aécio não se tratava de flagrante de crime inafiançável, única situação em que a Constituição prevê prisão contra parlamentar em exercício. Neste mês, o STF deve julgar ao
menos dois casos relevantes no campo do direito penal, ambos relacionados à Lava Jato: uma denúncia da PGR por corrupção passiva contra o senador Fernando Collor (PTC-AL), e outra contra sete parlamentares e ex-parlamentares do PP. Temas como a competência da Polícia Federal para negociar acordos de colaboração premiada e a extensão do foro privilegiado também devem ser abordados pelos ministros do Supremo neste semestre. (Agência Brasil)
6 TECNOLOGIA 01 a 07 de agosto de 2017 fatos & notícias
(LNA)
Laboratório Nacional de Astrofísica lança concurso para jovens cientistas Estudantes devem indicar um objeto astronômico e justificar seu registro pelo Telescópio Soar. Devem ser indicadas formações interessantes do ponto de vista científico e visual Já imaginou indicar uma galáxia ou aglomerado de estrelas para ser observado e fotografado por um grande telescópio? Jovens de todo o País terão essa chance no Concurso de Astronomia para Estudantes, promovido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Para participar, alunos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e médio devem pesquisar um objeto astronômico interessante do ponto de vista científico e visual e explicar porque ele deve ser fotografado pelo Te l e s c ó p i o S o a r. A s inscrições vão de 15 de agosto a 15 de outubro.
Soar
O Soar (Southern Astrophysical Research Telescope, em inglês) tem abertura de 4,2 metros e foi projetado para produzir imagens de qualidade melhor que as de qualquer outro observatório do mundo em sua categoria. Situado em Cerro Pachón, uma montanha dos Andes Chilenos com altitude de
Serão premiadas uma proposta do ensino fundamental e uma do ensino médio. Os objetos indicados, que podem ser galáxias, nebulosas ou aglomerados de estrelas, por exemplo, serão registrados digitalmente pelo Soar. Além disso, as escolas dos alunos vencedores receberão a visita de um astrônomo do LNA, que fará uma palestra sobre o laboratório, o telescópio e o objeto astronômico. O trabalho pode ser feito individualmente ou em duplas. Segundo o astrônomo Luciano Fraga, presidente da comissão organizadora do concurso, o objetivo é despertar o interesse dos estudantes pela astronomia
e divulgar a estrutura nacional de telescópios. "Este concurso tem como objetivo instigar a curiosidade dos estudantes por astronomia. Para escrever a justificativa de escolha do objeto, de um modo geral, eles realizam uma pesquisa profunda sobre o objeto e seu contexto na astronomia. O concurso também tem como objetivo divulgar a astronomia brasileira e sua infraestrutura de telescópios e instrumentação astronômica", explica. Em 2016, os estudantes do ensino médio Michael Galindo e Caio Moreira Gomes venceram o concurso do LNA com a indicação da galáxia NGC 1672. Para escrever a
2.700 metros acima do nível do mar, o equipamento foi financiado por um consórcio entre o Brasil (representado pelo MCTIC), o Observatório Nacional de Astronomia Óptica (NOAO, na sigla em inglês), a Universidade da Carolina do Norte (UNC, na sigla em inglês) e a Universidade Estadual de Michigan
(MSU, na sigla em inglês). O Brasil é o parceiro majoritário, com direito a 31% do tempo de observação. O LNA é o escritório brasileiro do Soar, sendo responsável pelo gerenciamento do acesso dos astrônomos nacionais ao equipamento e pelas operações científicas do tempo brasileiro.
O Telescópio Soar está em Cerro Pachón, uma montanha dos Andes Chilenos com altitude de 2.700 metros acima do nível do mar proposta, eles precisaram pesquisar os objetos na internet e filtrar os resultados até escolherem uma galáxia espiral barrada, classe a que pertence a Via Láctea. Hoje, os dois cursam Engenharia da C o m p u t a ç ã o n a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e desenvolvem projetos em conjunto. Como prêmio pelo primeiro lugar, os dois conheceram o
Soar, na Cordilheira dos Andes. Para Michael, a visita serviu de inspiração. "Pretendo seguir a carreira de desenvolvimento de tecnologias. Porém, ver os observatórios de perto me deu um choque em relação à magnitude dos projetos que podemos criar, podendo levar isso para qualquer área além da astronomia", destaca. Caio também tem planos de trabalhar na área da
computação e vê muitas ligações entre esse campo e a astronomia. "Pretendo seguir uma carreira provavelmente na área de processamento de dados. Atualmente trabalho com inteligência artificial e chatbots (programas que respondem à interação como se fossem humanos) e estou entrando na área de Big Data, bem utilizada na área de astronomia e astrofísica", conta.
Experimento de estudantes brasileiros será lançado à Estação Espacial Alunos de escolas públicas brasileiras farão projeto que deve ser lançado no espaço em 2018
NASA
(MCTIC)
Desde que o astronauta Marcos Pontes fez experimentos na Estação Espacial Internacional (ISS) em 2006, não tivemos pesquisas brasileiras em órbita. Mas isso deve mudar: um experimento nacional será elaborado nos próximos meses para ser lançado entre março e junho de 2018.
Em grupos mistos com 300 alunos do Dante, eles serão treinados por pesquisadores e, até o fim do ano, uma das mais de 60 propostas de experimento de microgravidade será escolhida. É preciso captar US$ 24 mil da iniciativa privada. “Batemos à porta e Estação Espacial Internacional perguntamos se não querem adotar uma criança do ensino O mais interessante é que a c o n c e p ç ã o s e r á d e público”, diz o diretor Lucas adolescentes de 15 anos. Fonseca, que pensa até em Parceria entre o projeto dar viagens à Nasa e tem Garatéa, organizador da planos ousados para o ano missão lunar brasileira, e o q u e v e m . “ E s t a m o s colégio Dante Alighieri, a costurando uma parceria participação no Programa com a Olimpíada Brasileira de Experimentos Espaciais d e A s t r o n o m i a e para Estudantes (SSEP) Astronáutica para chegar a mobilizará 150 alunos da um milhão de alunos”. rede pública de São Paulo. (Revista Galileu)
CIÊNCIA 7
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fatos & notícias
Fazendeiro chinês encontra Novo método retira fósseis de uma nova espécie CO2 da atmosfera e de dinossauro transforma em pedra REPRODUÇÃO ZHAO CHUANG
Corythoraptor jacobsi Um fazendeiro chinês encontrou os restos de uma nova espécie de dinossauro, que ganhou o nome de Corythoraptor jacobsi. O fóssil provavelmente pertenceu a um ancestral da avestruz ou do casuar, possuía uma crista de 15 centímetros e tinha coxas fortes. A descoberta foi relatada em pesquisa publicada no periódico Nature. Os fósseis foram encontrados em condições notáveis, com o corpo preservado quase
inteiramente — incluindo o crânio e o maxilar — que ajudou os especialistas a chegarem na estimativa de que o animal devia ter oito anos quando faleceu. A espécie, segundo eles, viveu entre 100 e 66 milhões de anos atrás e possuía garras que possibilitavam a caça de lagartos e até mesmo de outros dinossauros. As criaturas tinham cerca de 1,6 metro e, possivelmente, hábitos parecidos com o do casuar, ave nativa da Austrália e da Nova Guiné.
A crista do animal tinha muitas utilidades, como ostentação, comunicação e até a indicação da saúde do indivíduo durante o período de acasalamento. “É bacana ver que as comparações detalhadas com a espécie moderna, foram feitas, neste estudo, para ajudar na compreensão da função da crista em um animal extinto”, afirma Darla Zelenitsky, da Universidade de Calgary, no Canadá, para a Live Scientist. Além disso, descobertas como essa são interessantes para a hipótese de que essa região da China foi um importante ponto de desenvolvimento de dinossauros oviraptores. O esqueleto se encontra no Museu Palentológico de Jinzhou, na China.
(Revista Galileu)
REPRODUÇÃO/CIENCIAETECNOLOGIAS
Usina geotérmica de Hellisheidi que pertence a empresa Reykjavik Energy. Lugar que serviu de laboratório para a pesquisa
Essa talvez seja uma descoberta que poderá salvar o mundo em que vivemos, uma equipe internacional de cientistas encontrou uma maneira potencialmente viável de remover o CO2 (dióxido de carbono), que nós, seres humanos, despejamos na atmosfera, e transformá-lo em pedra. O estudo, publicado na revista Science, demonstrou, pela primeira vez, que o dióxido de carbono (CO2) pode ser permanente e retirado da atmosfera de uma maneira rápida, o processo consiste em injetar o gás no leito de rocha vulcânica, depois disso o CO2 reage com a rocha circundante, formando minerais ambientalmente benignos. Medidas para combater o problema do aumento das emissões de gases com efeito de estufa e as alterações climáticas resultantes são numerosas. Mas este estudo, liderado pela Universidade de Columbia, Universidade da Islândia e Universidade de
Toulouse, demonstrou ser possível fazer isso em aproximadamente dois anos com uma abordagem corretiva. O autor principal da pesquisa, Dr. Juerg Matter, professor associado em Geoengenharia da Universidade de Southampton, afirma: “Nossos resultados mostram que entre 95 e 98 por cento do CO2 injetado na rocha foi mineralizado ao longo do período de menos de dois anos, o que é incrivelmente rápido”. O gás foi injetado em um poço profundo no local de estudo que fica na Islândia. Em contato com as rochas de armazenamento, a 400800 metros da superfície do solo, a solução reage rapidamente com a rocha basáltica circundante, formando minerais de carbonato. “Minerais de carbonato não vazam para fora da terra, assim, nossos resultados do método recentemente desenvolvido para remediar as emissões de CO2, são permanentes e
ambientalmente a m i g á v e i s ” , d i z o D r. Matter, que também é membro do cientista Southampton Marinha e Instituto Marítimo e Adjunto Sênior da Universidade de Terra Observatório da Universidade de LamontDoherty Columbia. “Por outro lado, basalto é um dos tipos de rocha mais comum n a Te r r a , f o r n e c e n d o potencialmente uma das maiores capacidades de armazenamento de CO2”. Para monitorar o que estava acontecendo no subsolo, a equipe também injetou “marcadores”, compostos químicos que, literalmente, rastreiam o caminho e reatividade do CO2. Os cientistas descobriram que pelo tempo que a água subterrânea tinha migrado para os poços de controle, a concentração dos marcadores – e, por conseguinte, do CO2 – tinha diminuído, indicando que tinha ocorrido a mineralização. (Cienciaetecnologias.com)
8 SAÚDE
fatos & notícias
01 a 07 de agosto de 2017
TALITA CAVALCANTE SOARES DE MOURA
Pesquisadores da Fiocruz desenvolvem nova metodologia para tratamento do câncer
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveu uma nova metodologia, inédita no mundo, para o t r a t a m e n t o d o c â n c e r. Análises feitas pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS), responsável pela aceleração de processos de inovação na área,
permitiram traçar o perfil molecular do tumor e do tecido saudável de cada indivíduo. Segundo a instituição, com base no estudo, a escolha de medicamentos relevantes para cada paciente será favorecida, minimizando-se os efeitos colaterais e facilitando o
tratamento personalizado da doença. A iniciativa teve seu potencial reconhecido pelo edital Apoio ao Empreendedorismo e Formação de Startups em Saúde Humana do Estado do Rio de Janeiro, da Federação de Apoio à Pesquisa (Faperj), e ganhou
o investimento inicial para que chegue à população. O projeto é inovador, e não há concorrente no mercado para esse tipo específico de diagnóstico, diz a instituição. “A proposta da Fiocruz permite a indicação de uma terapia mais precisa, o que significa, em termos de benefícios diretos, mais chance de cura, menos efeitos colaterais e melhor sobrevida para os pacientes", diz Nicolas Carels, especialista em bioinformática da fundação, ao citar benefícios da nova metodologia. Carels ressaltou que as terapias atuais são muito agressivas. "Além disso, a economia representada pela escolha adequada do medicamento pode ser revertida para ampliar o acesso da população ao tratamento”, acrescentou. O m é t o d o f o i desenvolvido para ser aplicado a pacientes com qualquer tipo de câncer e testado em linhagens
celulares tumorais e não tumorais, com resultados de máxima eficiência para o câncer de mama, informou Tatiana Tilli, especialista do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, que divide o desenvolvimento da metodologia em bioinformática. “Indiretamente, representa uma economia financeira substancial para o gestor hospitalar em termos de despesas com efeitos colaterais, novas internações e ciclos longos de tratamento. Isso é parte da inovação em saúde que estamos propondo”, disse Tatiana. O novo tratamento não beneficia apenas os p a c i e n t e s c o m medicamentos mais específicos para cada caso, mas também os médicos, a equipe médica, os gestores e os laboratórios farmacêuticos, destacou o coordenador-geral do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz, Carlos Medicis
Morel. Para Morel, a mudança de paradigma com o primeiro edital da Faperj para investimento em inovação e startups é motivo de comemoração. Startups são empresas, geralmente de tecnologia, que começam a operar no mercado. "A tecnologia é objeto de empreendedorismo, de investimentos e parcerias públicas e privadas, e a missão do CDTS/Fiocruz é levar o novo conhecimento gerado pela pesquisa e desenvolvimento tecnológico até a população”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que os casos de câncer no mundo poderão chegar a 27 milhões até o ano de 2030. O câncer de mama, o mais comum em mulheres, representa cerca de 25% do total de casos da doença. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por 70% do tratamento realizado para todos os tipos de câncer. (Agência Brasil)
Ministério da Saúde vai oferecer novo tratamento para hepatite C Todos os pacientes diagnosticados serão incluídos na nova cobertura, independentemente do grau de avanço da doença O Ministério da Saúde vai oferecer um novo tratamento para todas as pessoas diagnosticadas com hepatite C, independentemente do grau de comprometimento do fígado. Os medicamentos sofosbuvir, daclatasvir ou simeprevir, que apresentam cura de cerca de 90%, estarão disponíveis nas unidades básicas de saúde, conforme solicitado pelos estados. Há 135 mil pessoas diagnosticados com hepatite C no País. O atendimento será feito conforme a gravidade da doença. O comprometimento do fígado varia de F0 a F4. A fila dos casos diagnosticados F3 e F4 acabará neste semestre. Até o primeiro semestre de 2018, os
diagnosticados com F2 serão plenamente atendidos. Os demais serão contemplados integralmente no período de dois anos. O anúncio foi feito no dia 27 de julho, véspera do Dia Mundial de Luta contra as H e p a t i t e s Vi r a i s . A ampliação da oferta de tratamento para todos será possível devido à mudança na modalidade de compra do Ministério da Saúde. A pasta condicionará o pagamento à indústria farmacêutica do tratamento à comprovação da cura do paciente. O novo modelo tem como referência experiências de compras adotadas, por exemplo, na Austrália e em Portugal. A negociação é que, como ocorreu em outros países, o valor por tratamento
caia de U$ 6,9 mil para U$ 3 mil, possibilitando a inclusão de até três vezes mais pessoas do que as atendidas atualmente no SUS. O Ministério da Saúde anunciou ainda a incorporação de mais medicamentos: a combinação 3D (Ombitasvir, Paritaprevir, Ritonavir e Dasabuvir). As novas inclusões oferecem mais possibilidades para o tratamento e possibilitam a cura superior a 90%. Em 2016, o Brasil registrou 42.830 casos de hepatites virais. Os dados fazem parte do novo Boletim Epidemiológico de Hepatites, que pode ser acessado no site. Na plataforma, é possível, pela primeira vez, acompanhar
dados das hepatites de cada município do Brasil, com recortes de raça, cor, sexo, idade. Em 2016, foram notificados 14.199 casos de hepatite B no Brasil, o que equivale a uma taxa de detecção de 6,9 casos por 100 mil habitantes. A transmissão da hepatite B se dá por sexo desprotegido e sangue contaminado. A vacina disponível no SUS teve sua cobertura ampliada no ano passado e é a melhor estratégia de prevenção contra a doença. Com relação à hepatite C,
foram registrados no ano passado 27.358 casos, o que representa 13,3 casos por 100 mil habitantes. O mesmo patamar de 2015, quando foram notificados 27.441 casos (13,4 casos por 100 mil habitantes). A doença pode ser transmitida pelo contato com sangue contaminado (transfusão de sangue e hemoderivados, sexo d e s p r o t e g i d o e compartilhamento de objetos de uso pessoal como agulhas de tatuagem, alicates e tesouras). Não existe vacina contra a hepatite C, mas o tratamento é eficaz e
disponível no SUS. Nos últimos dois anos, foram disponibilizados pelo SUS 57 mil tratamentos para hepatite C. Em um ano de nova gestão, foram entregues 42.366 tratamentos para a doença. Uma das frentes para o combate às hepatites é a oferta de testes rápidos no SUS. Em 2016, foram distribuídos 8,6 milhões de testes de hepatite B e C. Para este ano, a expectativa é que sejam encaminhados aos estados 12 milhões de testes. (Portal Brasil)
01 a 07 de agosto de 2017
Novo portal monitora terras indígenas na Amazônia Legal
GERAL 9
fatos & notícias
Projeto de lei de criminalização do funk repete história do samba, da capoeira e do rap JARDIEL CARVALHO/R.U.A FOTO COLETIVO
Central de informações utiliza imagens de satélite para gerar informações diárias de 97,9% das terras indígenas do Brasil EDSON BUENO/FUNAI
A Fundação Nacional do Índio (Funai) anuncia a criação do Centro de Monitoramento Remoto (CMR), um portal desenvolvido para monitorar o desmatamento e a degradação das terras indígenas, além de acompanhar as mudanças de uso e ocupação do solo. O CMR utiliza imagens de satélite (Landsat-8) para informar sobre a Amazônia Legal, que representa 97,9% da área total de terras indígenas do País. Pelo site é possível direcionar a atuação da fundação nas ações de comando, controle e prevenção de ilícitos, reduzindo custos das atividades de campo. Na
funcionalidade "Mapa Interativo", ferramentas permitem obter, de forma rápida e fácil, a visualização espacial das terras, incluindo a disponibilização de informações como jurisdição, nomenclatura oficial, município e UF. O C e n t r o d e Monitoramento Remoto é aberto a toda a sociedade e p o d e a t e n d e r indistintamente gestores, governos, indígenas e sociedade civil, por apresentar somente dados públicos, de fontes oficiais. "Nosso desafio foi construir um instrumento de trabalho que possibilite ao usuário conectar-se às terras indígenas de forma fácil e intuitiva", explica o
presidente da Funai, Franklimberg de Freitas. A criação do CMR baseou-se nas seguintes premissas: menor tempo entre a ocorrência do ilícito e o alerta à Funai, com informações geradas diariamente; informações precisas, inclusive com coordenadas geográficas pelas imagens de satélite; menor custo, tendo em vista que essas imagens são gratuitas, o programa é de código aberto e as ações de campo utilizam menos recursos; e maior abrangência territorial, com foco nas terras indígenas localizadas na Amazônia Legal. (Portal Brasil)
O sambista João da Baiana tinha problemas com a polícia quando andava com seu pandeiro pelas ruas do Rio de Janeiro. No início do século 20, ele foi preso várias vezes com o instrumento musical na mão. Na época, sambista era sinônimo de criminoso. Quase cem anos depois, o Senado analisa uma proposta que pode criminalizar outro ritmo musical brasileiro, o funk. A proposta foi enviada em janeiro por Marcelo Alonso, um web designer de 47 anos, morador de um bairro da zona norte de São Paulo. Teve 21.985 assinaturas de apoio. A relatoria da proposta ficou com o senador Romário Faria (PSB-RJ) - o Congresso permite que ideias de cidadãos possam virar projeto de lei se conseguirem 20 mil assinaturas de apoio em quatro meses. Agora, audiências públicas para debater o tema devem ocorrer no Senado. Por enquanto, o projeto não detalha o que exatamente seria proibido, quem seria punido ou como seria a punição. A proposta diz apenas: "É fato e de conhecimento dos brasileiros, difundido inclusive por diversos veículos de comunicação de mídia e internet com
conteúdos podre (sic) alertando a população o poder público do crime contra a criança, o menor adolescente e a família. Crime de saúde pública desta 'falsa cultura' denominada funk". Depois do parecer de Romário, o texto deve passar por comissões no Congresso e pode ir à votação na Câmara e em seguida no Senado. A possível criminalização do funk vem causando polêmica. Adeptos da música dizem que, apesar de o ritmo ser um dos mais tocados no País, ainda sofre repressão e preconceito. Especialistas afirmam que a proposta legislativa lembra perseguições sofridas por ritmos e manifestações surgidas dentro da comunidade negra, como o samba, a capoeira e o rap. "Esse retrato do funk como coisa de vagabundo e criminoso não é arbitrário", explica Danilo Cymrot, doutor em criminologia pela U S P. " E x i s t e m o u t r a s manifestações que foram perseguidas por serem
ligadas a negros, pobres e moradores do subúrbio. Sambistas eram associados à vadiagem, eram chamados de vagabundos. Muitos foram presos". A respeito da polêmica, a cantora Anitta, que começou sua carreira nos bailes funk, afirmou à BBC Brasil: "Acho que primeiro as pessoas precisam buscar entender o País onde vivem para depois criticar o funk". Para ela, proibir o funk é como punir o mensageiro pelo teor da mensagem. "Se você quer mudar o funk ou o que está sendo falado ou a forma que ele entra na sociedade, você então deve mudar a raiz, as questões educacionais, as questões que fazem a criação do funk". Reinaldo Santos de Almeida, professor de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem opinião parecida. "A criminalização do funk é a forma pósmoderna de repressão penal da cultura popular marginal nos morros cariocas", diz. (BBC Brasil)
10 ESPECIAL fatos & notícias
01 a 07 de agosto de 2017
Ensino de História em Portugal perpetua mito do 'bom colonizador' e banaliza escravidão "De igual modo, em virtude dos descobrimentos, movimentaram-se povos para outros continentes (sobretudo europeus e escravos africanos)"
JEAN-BAPTISTE DEBRET
Pintura do francês Jean-Baptiste Debret de 1826 retrata escravos no Brasil É dessa forma - "como se os negros tivessem optado por emigrar em vez de terem sido levados à força" - que o colonialismo ainda é ensinado em Portugal. Quem critica é a portuguesa Marta Araújo, investigadora principal do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. De setembro de 2008 a fevereiro de 2012, ela coordenou uma minuciosa pesquisa ao fim da qual concluiu que os livros didáticos do país "escondem o racismo no colonialismo português e naturalizam a escravatura". Além disso, segundo Araújo, "persiste até hoje a visão romântica de que cumprimos uma missão civilizatória, ou seja, de que fomos bons colonizadores,
mais benevolentes do que outros povos europeus". "A escravatura não ocupa mais de duas ou três páginas nesses livros, sendo tratada de forma vaga e superficial. Também propagam ideias tortuosas. Por exemplo, quando falam sobre as consequências da escravatura, o único país a ganhar maior destaque é o Brasil e mesmo assim para falar sobre a miscigenação", explica. "Por trás disso, está o propósito de destacar a suposta multirracialidade da nossa maior colônia que, neste sentido, seria um exemplo do sucesso das políticas de miscigenação. Na prática, porém, sabemos que isso não ocorreu da forma como é tratada", questiona. Araújo diz que "nada
mudou" desde 2012 e argumenta que a falta de compreensão sobre o assunto traz prejuízos. "Essa narrativa gera uma série de consequências, desde a menor coleta de dados sobre a discriminação étnico-racial até a própria não admissão de que temos um problema de racismo", afirma. Para realizar a pesquisa, Araújo contou com a ajuda de outros pesquisadores. O foco principal foi a análise dos cinco livros didáticos de História mais vendidos no país para alunos do chamado 3º Ciclo do Ensino Básico (12 a 14 anos), que compreende do 7º ao 9º ano. Além disso, a equipe também examinou políticas públicas, entrevistou historiadores e educadores, assistiu a aulas e conduziu
workshops com estudantes. Em um deles, as pesquisadoras presenciaram uma cena que chamou a atenção, lembra Araújo. Na ocasião, os alunos ficaram surpresos ao saber de revoltas das próprias populações escravizadas. E também sobre o verdadeiro significado dos quilombos ─ destino dos escravos que fugiam, normalmente locais escondidos e fortificados no meio das matas. "Em outros países, há uma abertura muito maior para discutir como essas populações lutavam contra a opressão. Mas, no caso português, os alunos nem sequer poderiam imaginar que eles se libertavam sozinhos e continuavam a acreditar que todos eram vítimas passivas da situação. É uma ideia muito resignada", diz. Araújo destaca que nos livros analisados "não há nenhuma alusão à Revolução do Haiti (conflito sangrento que culminou na abolição da escravidão e na independência do país, que JEAN-BAPTISTE DEBRET
passou a ser a primeira república governada por pessoas de ascendência africana)". Já os quilombos são representados, acrescenta a pesquisadora, como "locais onde os negros dançavam em um dia de festa". "Como resultado, essas versões acabam sendo consensualizadas e não levantam as polêmicas necessárias para problematizarmos o ensino da História da África". Ironicamente, contudo, outras potências colonizadoras daquele tempo não são retratadas de igual forma, observa ela. "Quando falamos da descoberta das Américas, os espanhóis são descritos como extremamente violentos sempre em contraste com a suposta benevolência do colonialismo português. Já os impérios francês, britânico e belga são tachados de racistas", assinala. "Por outro lado, nunca se fala da questão racial em
relação ao colonialismo português. Há despolitização crescente. Os livros didáticos holandeses, por exemplo, atribuem a escravatura aos portugueses", acrescenta. Segundo ela, essa ideia da "benevolência do colonizador português" acabou encontrando eco no luso-tropicalismo, tese desenvolvida pelo cientista social brasileiro Gilberto Freire sobre a relação de Portugal com os trópicos. Em linhas gerais, Freire defendia que a capacidade do português de se relacionar com os trópicos ─ não por interesse político ou econômico, mas por suposta empatia inata ─ resultaria de sua própria origem ética h í b r i d a , d a s u a bicontinentalidade e do longo contato com mouros e judeus na Península Ibérica. Apesar de rejeitado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas (1930-1945), por causa da importância que conferia à miscigenação e à interpenetração de culturas, o luso-tropicalismo ganhou força como peça de propaganda durante a ditadura do português António de Oliveira Salazar (1932-1968). Uma versão simplificada e nacionalista da tese acabou guiando a política externa do regime. "Ocorre que a questão racial nunca foi debatida em Portugal", ressalta Araújo. (BBC Brasil)
ECONOMIA 11
01 a 07 de agosto de 2017
fatos & notícias
Indústria cresce no 1º semestre e tem melhor resultado desde 2013 AGÊNCIA BRASIL
A p ro d u çã o i n d u st r i a l brasileira encerrou o primeiro semestre com crescimento de 0,5%, o melhor resultado para os seis primeiros meses desde a ex p a n s ã o d e 3 % n o mesmo período de 2013. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIMPF) divulgada nesta terçafeira (1º), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do crescimento no primeiro semestre do ano, na série livre de influências sazonais, a indústria fechou junho com variação nula (0,0%) frente a maio, após dois meses consecutivos de crescimento, período em que acumulou expansão de 2,5%. Na série sem ajuste sazonal, no confronto com igual mês do ano anterior, o resultado da indústria apontou expansão de 0,5% em junho de 2017, segundo resultado positivo consecutivo, mas menos intenso do que os 4,1% do mês anterior, na mesma base de comparação. Já a taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, fechou junho com queda de 1,9%, dando prosseguindo a
redução no ritmo de queda na taxa anualizada, que vem se verificando desde junho de 2016, quando a retração da indústria foi de 9,7%. A estagnação verificada de maio para junho reflete queda em duas das quatro grandes categorias econômicas e em 12 dos 24 ramos industriais pesquisados.
Setor automobilístico Segundo o IBGE, a desaceleração da indústria de maio para junho, com resultados negativos em metade das atividades do parque fabril, se deve a quedas na fabricação de veículos automotores (3,9%); derivados de petróleo (-1,7%) e produtos farmacêuticos (recuo de 9,2%). Na análise de longo prazo, a indústria automotiva, diz o I B G E , v e m p u xa n d o resultados positivos, tanto na comparação com 2016, quanto no índice acumulado no primeiro semestre de 2017. “A p ro d u ç ã o d e automóveis, caminhões e carrocerias sofreu retração na demanda doméstica, mas tem ocorrido uma
busca bem-sucedida pelos mercados internacionais, o que ajuda a reduzir estoques”, disse o gerente da pesquisa, André Macêdo. Ele explicou que as exportações ajudaram a sustentar a produção nos últimos meses. Macêdo fez uma ressalva: “É importante lembrar que o patamar de 2016 foi marcado por perdas significativas no setor, o que gera uma base de comparação mais baixa e, consequentemente, uma variação positiva”. Entre as duas das quatro grandes categorias econômicas que ajudaram a estagnação da atividade econômica de maio para junho, o principal destaque ficou com o setor de bens de consumo duráveis, que, ao recuar 6%, fechou com a maior queda no mês, eliminando parte do avanço de 9,5% de abril e maio. O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis também apontou taxa negativa nesse mês, com retração de 0,5% após crescer 0,9% em maio. Situação inversa viveu as categorias de bens de capital, com crescimento de 0,3%, e de bens
intermediários, que, ao expandir 0,1%, ficou praticamente estável em relação a maio. Ainda na mesma base de comparação (maio para junho), entre os doze dos 24 ramos que acusaram queda, as principais influências negativas foram registradas por por veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,2%) e coque, produtos derivados d o p e t r ó l e o e biocombustíveis (-1,7%). Outras contribuições negativas relevantes vieram de equipamentos de i n fo r m át i c a , p ro d u to s eletrônicos e ópticos (4 , 9 % ) , o u t r o s equipamentos de transporte (-6,8%) e produtos de metal (-2,0%). Já na outra ponta, entre os nove ramos com crescimento, o IBGE destacou o desempenho de p ro d u to s a l i m e nt í c i o s (expansão de 4,5%). Outros destaques
positivos: indústrias extrativas (1,3%), de máquinas e equipamentos (2%) e de bebidas (1,7%). Essas atividades também mostraram taxas positivas em maio: 0,3%, 2,0% e 1,3%. O crescimento de 0,5% da i n d ú s t r i a n o p r i m e i ro semestre do ano, frente a igual período de 2016, reflete resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 13 dos 26 ramos, 41 dos 79 grupos e 51,1% dos 805 produtos pesquisados. A maior influência positiva foi dada por atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias, com crescimento de 11,7%. Outras contribuições positivas sobre o total nacional vieram de equipamentos de i n fo r m át i c a , p ro d u to s eletrônicos e ópticos ( ex p a n s ã o d e 1 8 , 6 % ) ; metalurgia (3,6%); confecção de artigos do vestuário e acessórios
(5,1%) e de máquinas e equipamentos (2,4%). Entre as grandes categorias econômicas, o perfil dos resultados para os seis primeiros meses de 2017 mostrou maior dinamismo para bens de consumo duráveis, com alta de 10% e bens de capital (2,9%). Os setores produtores de bens de consumo semi e não duráveis (-1,2%) e de bens intermediários (-0,1%) assinalaram taxas negativas no índice acumulado nos primeiros seis meses do ano. Quando o IBGE analisa isoladamente, o comportamento do parque fabril na comparação junho 2016/junho 2017, ao fechar com expansão de 0,5%, reflete resultados positivos em três das quatro grandes categorias econômicas, 13 dos 26 ramos, 38 dos 79 grupos e 46,1% dos 805 produtos pesquisados. (Agência Brasil)
ECONOMIA 12 fatos & notícias
01 a 07 de agosto de 2017
Mapa admite possibilidade de restringir cultivo de soja sobre soja Ampliação do vazio sanitário é uma das medidas estudadas, mas outras podem ser adotadas O Ministério da Agricultura admite a possibilidade de impor restrições a práticas como o plantio de soja safrinha no Brasil. Foi o que afirmou o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Luís Eduardo Rangel, em resposta à reportagem da Globo Rural. Rangel reconhece que, atualmente, não há ferramentas legais que possam inibir a prática, não recomendada do ponto de vista agronômico. E avalia que uma proibição “intervém de maneira muito contundente” na atividade
ERNESTO DE SOUZA/ED. GLOBO
agropecuária. No entanto, considerando os riscos para a sanidade vegetal, o Ministério considera a adoção de medidas. “O Mapa vem estudando as possíveis ferramentas para diminuir os seguidos cultivos de culturas como a soja e uma das alternativas é a ferramenta ampliada do vazio sanitário”, informou. O d i r e t o r d o Departamento de Sanidade Vegetal reiterou a posição do Ministério de que o “cultivo de culturas similares de maneira repetida”, como é o caso de soja sobre soja, “infringe” o
Manejo Integrado de Pragas e pode refletir na manutenção delas nas áreas de produção. “Visando o equilíbrio sanitário e a sustentabilidade das culturas em função das ocorrências de pragas resistentes é possível haver restrições e aplicação de políticas de manejo regional com incentivos fiscais, financiamentos, zoneamento agrícola ou mesmo, em último caso, restrição de cultivos com proibição em função de lei”, alertou Rangel. (Revista Globo Rural)
Consultoria aumenta em um milhão de toneladas previsão de safrinha ERNESTO DE SOUZA/ED. GLOBO
Clima tem colaborado com os trabalhos de colheita do grão em todo o País no último mês
A consultoria INTL FCStone elevou a sua projeção de produção de milho em segunda safra em 2016/17 para 67 milhões de toneladas, ante a previsão de 66 milhões de toneladas em julho. O aumento ocorreu em virtude de um ajuste para cima na área plantada em Mato Grosso, incentivado pelos preços elevados do cereal observados no ano passado. A previsão de produção
total de milho passou a 98,68 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas acima do volume projetado no mês passado. A FCStone não alterou as estimativas da primeira safra. "A colheita da safrinha está avançando sem problemas, em meio ao clima seco que predomina no País há mais de um mês e vai consolidando a produção recorde", destacou a analista de mercado da FCStone, Ana
Luiza Lodi. Os estoques finais foram estimados pela FCStone em 23 milhões de toneladas. "Pelo lado do consumo, as exportações estão ganhando força, mas destaca-se que a competição no mercado exportador está bastante acirrada, com a entrada de uma safra recorde também na Argentina", disse Ana Luiza. (Revista Globo Rural)