Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VII - Nº 224
01 a 07 de novembro/2017 Serra/ES
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fatos & notícias www.facebook.com/jornalfatosenoticias.com.br
Inteligência artificial ONU faz alerta sobre os Leonardo da Vinci, o gênio impactos das mudanças que mudou a história da consegue detectar arte e da ciência PÁG. 10 câncer colorretal PÁG. 6 climáticas PÁG. 2 ECONOMIA
Desemprego ainda deve demorar a cair, aponta Ipea PÁG.12 PRÊMIO
Professora indígena de Rondônia ganha prêmio de educadora do ano PÁG.3
90% dos casos de AVC podem ser prevenidos Pág.4
CIÊNCIA
Bíblia lança luz sobre primeiro eclipse solar PÁG.7 CURIOSIDADES
A cidade perdida dos Incas PÁG.3 GERAL
Desenvolver novas drogas não é tão caro quanto a indústria diz ser PÁG.11
REPRODUÇÃO INTERNET
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a segunda causa de morte e a primeira de incapacidade no Brasil PÁG.8
NOVEMBRO AZUL Mês de combate ao Câncer de Próstata
2 MEIO AMBIENTE fatos & notícias
01 a 07 de novembro de 2017
ONU alerta que mundo não está fazendo o que deve para evitar o pior Compromissos feitos sob o Acordo de Paris representam apenas um terço do que é necessário para evitar os piores impactos das mudanças climáticas
Primeira floresta vertical da França Utilização de áreas verticais é uma forma de reinserir a natureza na área urbana
STEFANO BOERI ARCHITETTI/DIVULGAÇÃO
DAVID MCNEW/GETTY IMAGES
Ondas de calor recordes, secas severas, enchentes diluvianas, declínio de glaciares, tempestades e furacões arrasadores. É impossível ignorar que o mundo vive mudanças climáticas cada vez mais rápidas e intensas. Vários marcadores da “saúde” do clima planetário quebraram recordes no ano passado, em um sinal incontestável de que ele está mudando, e para a pior. Mas será que os esforços globais para mudar esse quadro e poupar as gerações presentes e futuras de uma catástrofe ecológica, humana e econômica estão à altura do desafio? Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a resposta é um frustrante não. Precisamos aumentar urgentemente nossa ambição para garantir que os objetivos do histórico Acordo de Paris ainda possam ser alcançados, diz a entidade em relatório que analisa a lacuna existente entre os esforços mundiais para reduzir as emissões de gases efeito estufa e o que de fato seria necessário para atingir a meta do acordo climático internacional.
No Acordo de Paris, aprovado em dezembro de 2015, quase 200 países se comprometem a empreender esforços para limitar o aumento da temperatura global a, no máximo, 2°C até o final do século e, preferencialmente a 1,5°C, a fim de evitar alguns dos piores impactos de um planeta aquecido. Em sua oitava edição, o relatório Emissions Gap Report, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), c o n c l u i q u e o s compromissos nacionais resultam em apenas um terço da redução das emissões exigida até 2030 para atender as metas climáticas. Para piorar, a ação do setor privado e dos governos estaduais e municipais não está aumentando a uma taxa que ajudaria a preencher esta lacuna preocupante, observa a ONU. Segundo a entidade, até m e s m o a p l e n a implementação das atuais contribuições nacionalmente determinadas, também conhecidas como INDC (documento que contém o
que cada país pretende fazer para reduzir e remover as emissões de gases efeito estufa) não dá conta do desafio, e mais: torna um aumento da temperatura de pelo menos 3°C, em 2100, muito provável. As atuais promessas de Paris fazem com que as emissões de 2030 provavelmente alcancem de 11 a 13,5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) acima do nível necessário para permanecer no caminho de menor custo para atingir o objetivo de 2ºC. Uma g i g a t o n e l a d a é aproximadamente o equivalente a um ano das emissões dos transportes na União Europeia (incluindo a aviação). Isso significa que a conta não fecha, logo os governos precisam fechar compromissos muito mais fortes em 2020, quando os pontos do acordo serão revisados. Porém, se os Estados Unidos seguirem com a intenção declarada de deixar o Acordo de Paris em 2020, o cenário pode tornarse ainda mais grave, pondera a ONU.
Com espaços cada vez mais disputados, cidades em todo o mundo estão apostando em áreas verticais para inserir mais verde na vida cotidiana. Além de dar um toque vibrante à paisagem, prédios cercados de plantas ajudam a filtrar impurezas do ar e melhorar o clima urbano. Em breve, a França ganhará sua primeira floresta vertical, a ser erguida na cidade de Villiers sur Marne, vizinha à Paris. Será uma torre de 54 metros de altura com estruturas inteiramente de madeira e
voltada para residências e escritórios comerciais. Nas fachadas do projeto “Forêt Blanche” (“Floresta branca”, em português), terraços e varandas serão preenchidos por 2000 árvores, arbustos e plantas, garantindo uma superfície verde equivalente a um hectare de floresta, ou 10 vezes a área em que o edifício será erguido. Por trás do projeto, apresentado neste mês, está o renomado escritório de arquitetura italiano Stefano Boeri Architetti, que assina o projeto do famoso
conjunto de prédios Bosco Verticale, em Milão e, mais recentemente, da primeira “floresta vertical” da China e uma cidade inteira florestada no mesmo país. Os projetos do escritório colocam o conceito de verde num pedestal, que extrapola as questões de decoração por si só, trazendo soluções ambientais para as cidades. Estruturas arquitetônicas que incorporam a vegetação enfrentam o desafio de combater a mudança climática e aumentar a biodiversidade em contextos urbanos.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br Representante Comercial: MÁRCIO DE ALMEIDA comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 3080-0159 / 99620-6954 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18
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CULTURA 3
01 a 07 de novembro de 2017
A cidade perdida dos Incas A região de Vilcabamba, no sudeste do Peru, continua a ser um fascinante campo de pesquisa para os estudiosos
sido o gueto de defesa inca. O sítio arqueológico, no alto de uma montanha conhecida como Cerro
Ruínas da antiga cidade inca de Machu Picchu da cultura Inca. No alto das montanhas próximas à antiga capital, Cusco, uma série de cidades estratégicas foram erguidas no período áureo do império. Muitas delas já foram decifradas, como Machu Picchu, descoberta por Hiram Bingham, em 1 9 11 , n u m a e x p e d i ç ã o patrocinada pela National Geographic Society. E também ficava ali, num ponto ainda secreto entre as montanhas e as florestas, a cidade homônima onde o último soberano inca, Tupac Amaru, lutou até a morte contra os conquistadores espanhóis, em 1572. Seu pai, Manco Inca, horrorizado com as atrocidades cometidas pelos invasores, havia fugido de Cusco 36 anos antes para estabelecer em Vilcabamba uma frente de resistência. Tupac Amaru herdou sua valentia mas acabou vencido, e seu nome e sua luta ainda hoje inspiram os ideais libertários de movimentos populares da América Latina. Seu lendário refúgio, contudo, jamais foi encontrado. O mistério pode ter chegado ao fim. Num ponto a cerca de 35 quilômetros de Machu Picchu um grupo de pesquisadores liderado por Peter Frost, fotógrafo e estudioso da cultura inca há 30 anos, e pelo arqueólogo peruano Alfredo Valencia Zegarra, da universidade de Santo Antônio Abad, de Cusco. Conseguiu atingir um conjunto de ruínas que, por causa da localização e da idade de uma série de artefatos, pode realmente ter
Vi c t o r i a , j á h a v i a s i d o avistada por Frost e pelo explorador americano Scott Gorsuch em 1999. Foram precisos dois anos de preparação logística para difícil expedição (também financiada pela National Geographic Society), que aconteceu em junho do ano passado, mas foi divulgada apenas agora. "Esse lugar nos oferece amplas perspectivas: ele guarda resquícios da presença inca desde o início até o último suspiro de sua civilização", avalia Frost. "Se chegaram aqui, os espanhóis entraram apenas na área mais ao sul da cidade". O trecho a ser estudado na montanha é, na verdade, bem maior do que eles haviam imaginado dois anos antes. O sítio se esparrama por 6 quilômetros quadrados a uma altitude de mais de 3,6 mil metros, numa região onde os Andes começam a declinar e dão lugar à Amazônia. Dessa área cercada por florestas úmidas os Incas podiam contemplar picos de até 6 mil metros. "Eu acho que eles escolheram o lugar por duas razões. Uma delas é a prospecção de minas de prata nos arredores", especula Frost. "Mas o Cerra Victoria é ainda um ponto que oferece uma esplêndida visão de cumes nevados ao redor, aos quais os incas provavelmente organizavam cerimônias de adoração. A montanha era um observatório de onde podiam montar seu calendário de a c o r d o c o m a s contemplações de céu e do sol. Nenhuma das cidades já
estudadas na região de Vilcabamba mostrou até hoje evidências de ter sido o derradeiro baluarte dos incas, mas o Cerro Victoria é o maior e mais significativo sítio inca descoberto desde que o arqueólogo Gene Savoy atingiu as ruínas da cidade de Vilcabamba La Vieja, perto dali, em 1964. A "disposição urbana" do alto do Victoria apresenta um conjunto de edifícios circulares, além de muros, plataformas cerimoniais, estradas, canais de água, barragem, terraços de cultivo, túmulos repletos de artefatos incaicos e uma pirâmide semidestruída. A chave do enigma está na interpretação de peças de cerâmica de dois períodos muitos distintos: a de cerca de do ano 1200, época da ascensão do império, e a de meados do século 16 (fase final da luta de Tupac Amaru contra a tirania espanhola). "A montanha guarda um enorme conjunto de relíquias arqueológicas", comenta o arqueólogo Zegarra. "O lugar promete fornecer novas e valiosas pistas sobre a ocupação nessa área remota", completa o pesquisador Johan Reinhard, bolsista da National Geographic Society. A expedição foi uma aventura para o grupo. As dificuldades de acesso contribuíram para aumentar a mística sobre o lugar, que fica a quatro dias de caminhada da estrada mais próxima. Os exploradores foram obrigados a vencer o cânion Apurimac, de 3,3 mil metros de profundidade, e tropas de mulas foram usadas para carregar os suprimentos de água e comida montanha acima. Apesar do assombro dos pesquisadores diante das descobertas, o Cerro Victoria não era desconhecido dos nativos da região: duas famílias indígenas viviam no local, chamado por eles de Coryhuayrachina. Até o fim do ano Peter Frost e sua equipe voltarão ao local, numa expedição maior, para realizar novas pesquisas. E então eles terão mais subsídios para elucidar um dos mais importantes e ainda obscuros capítulos da história inca.
fatos & notícias
Professora indígena de Rondônia ganha prêmio de educadora do ano Elisângela Suruí foi a grande vencedora do prêmio Educadora Nota 10 por projeto de alfabetização em Paiter FOTO: RENATO PIZZUTTO/FVC
As crianças da comunidade indígena Paiter, na cidade de Cacoal, a 400 quilômetros de Porto Velho (RO) estavam com dificuldades de aprender a ler e escrever. O povo, que teve o primeiro contato com o homem branco em 1968, mantém preservada boa parte de suas tradições, inclusive a língua, que ainda é a mais falada por lá. O problema é que não existe muito material didático na linguagem dos Paiter, e os escritos em português eram muito difícil de ser assimilado pelas crianças. A professora Elisângela Dell-Armelina Suruí não viu outra alternativa e decidiu preparar o próprio material didático. Nasceu a s s i m o p r o j e t o “MamugKoeIxoTig”. Mas a professora foi além. Trabalhando com uma classe multisseriada de 1ª a 5ª, resolveu incluir as crianças na
elaboração do material. Passou a realizar atividades com membros da comunidade para falar da realidade na aldeia. Os alunos levavam para a classe o que aprenderam e, com base nisso, construíam uma atividade de alfabetização sobre o tema. Por se tratar de séries e idades diferentes, cada um contribui com um pouco de conhecimento, resultando em um material rico. O resultado foi um conteúdo que conecta a língua Paiter ao português, além da Língua Brasileira de Sinais, já que existem muitos indígenas na comunidade com deficiência auditiva. O trabalho deu tão certo que rendeu à Elisângela o prêmio de Educadora do Ano, entregue em cerimônia realizada na noite da última segunda-feira (30). “Como a nossa comunidade é distante aos olhos dos órgãos públicos, esse prêmio ajuda a
mostrar que existimos, que estamos ali”, agradeceu a professora, depois de dizer algumas palavras na língua Paiter. Agora, ela planeja fazer uma enciclopédia em em seu idioma tradicional. Essa foi a 20ª edição do Prêmio Educador Nota 10, que contou com um recorde de 5 mil inscrições. Entre os dez finalistas, os destaques vão para um projeto que aborda o ensino de História Antiga a alunos que cumprem pena em regime fechado; um outro investiga como a sexualidade é expressa através da Geografia. Há, ainda, trabalhos desenvolvidos a partir de textos de Clarice Lispector e Sylvia Orthof para o estímulo à escrita; de pesquisa etnográfica sobre tribos indígenas de Pernambuco e de sensibilização contra o racismo e o preconceito contra imigrantes.
4 EDUCAÇÃO fatos & notícias
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Por que todos deveriam aprender a linguagem de sinais Assim como inglês, linguagem de sinais deve ser disciplina curricular Um simples jogo de par ou ímpar se tornou um desafio para um estudante do 9º ano do Ensino Fundamental. Com deficiência auditiva, o jovem não compreendia que havia um número sendo mostrado, mas tentava interpretar se aquela disposição da mão significava um sinal em Libras. “Quem tem deficiência auditiva e sabe L i b r a s t e m u m reconhecimento visuoespacial, ou seja, quando você faz um movimento com as mãos, ele imediatamente procura o significado daquilo”, afirma Diany Nakamura, estudante de Licenciatura em Matemática do Instituto de Ciência e Matemática da Computação (ICMC), da Universidade de São Paulo (USP). Percebendo a dificuldade da criança, que teve seu ensino prejudicado pela ausência de intérprete na sala de aula, Nakamura começou a estudar formas
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de facilitar o aprendizado. O simples fato de adotar um sinal de Língua Brasileira de Sinais (Libras) que representasse os números no lugar de fazer os números na mão já representou um avanço. O caso é um exemplo da importância da linguagem para o aprendizado, até quando o foco é lidar com números. “O principal desafio para ensinar
qualquer disciplina para o surdo é a língua. Somos uma sociedade majoritariamente ouvinte, e o surdo, inserido nela, tem uma diferença linguística”, afirma a professora Adriana Bellotti, do ICMC. De acordo com a professora, boa parte dessa dificuldade é o atraso com que as crianças têm acesso ao aprendizado da Libras. “A língua de sinais tem de
ser a primeira língua para o aluno surdo, pois é por meio dela que ele forma seus conceitos no ensino de matemática”, conta. “Para ele compreender o conceito, precisa ter uma língua, que o faz compreender tudo, para que o conhecimento dele também evolua. Linguagem e cognição andam sempre juntos”. O ideal é que o ensino da língua de sinais comece
assim que a surdez for diagnosticada. Assim, quando chegar à escola, a criança não demorará para conseguir acompanhar a turma. Mas é fundamental, também, que a escola seja preparada. “Esse aluno está inserido num ambiente ouvinte, mas ele tem um contato mínimo com seus colegas porque muitos não sabem se comunicar com ele. Então, ele fica restrito ao intérprete”, ela afirma. E isso resulta em uma situação onde o intérprete acaba se responsabilizando pelo aluno, quando essa função deveria ser do professor. “Essa relação entre professor e aluno deveria ser mais próxima por meio de um conhecimento básico da língua de sinais. O professor não precisa ter domínio completo da língua, mas, pelo menos, um conhecimento mínimo para incluir o aluno no contexto das explicações”, diz. Desde 2005, um decreto
determina que os cursos de licenciatura no País devem oferecer uma disciplina curricular obrigatória de Libras, enquanto os bacharelados devem tê-la como optativa. Pedagoga e doutora em educação, Adriana é responsável pela disciplina na USP. Ela dedica sua carreira acadêmica à pesquisa e docência na área de educação de surdos. O desafio é grande. Um exemplo é a geometria. Inicialmente, achamos que é mais simples para os alunos surdos aprenderem esse conteúdo, por ser mais visual. Mas, apesar de captar a imagem com mais facilidade, eles ainda precisam compreender o conceito do que é um triângulo, qual seu sinal, o que são ângulos, por e x e m p l o . “ Te m o s q u e proporcionar atividades práticas para que ele compreenda o conceito”.
Mais de metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental têm nível de proficiência insuficiente em leitura e matemática FOTO: SHUTTERSTOCK
Mais da metade dos alunos brasileiros matriculados no 3º ano do ensino fundamental da rede pública
tem nível de proficiência insuficiente em leitura (54,73%) e matemática (54,46%). Em 2014, esses
números eram de 56,17% e 57,07% respectivamente, o q u e m o s t r a q u e praticamente não houve
melhora. Os dados são da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), e foram divulgados no último dia 25 pelo Ministério da Educação (MEC). A ANA avalia os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa e em matemática dos alunos do 3º ano do ensino fundamental das escolas públicas. Nesta edição, aplicada em 2016, participaram estudantes de aproximadamente 48 mil escolas. Cerca de 90% dos alunos tinham 8 anos ou mais na data da prova. Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 66%
dos estudantes avaliados apresentam proficiência considerada suficiente em escrita – o melhor resultado entre as três áreas avaliadas, com 34% com nível
insuficiente. Como houve mudanças na metodologia deste teste, porém, não é possível comparar o resultado com o da edição anterior, de 2014.
POLÍTICA 5
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fatos & notícias
Câmara aprova mais 81 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo na Sudene Em uma sessão tumultuada, o plenário da Câmara aprovou na terça-feira (31), por 294 votos favoráveis, 41 contrários e quatro abstenções, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 76/07, que inclui 81 municípios de Minas Gerais e dois do Espírito Santo na área de a b r a n g ê n c i a d a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Os novos municípios, integrados ao órgão em virtude das condições climáticas semelhantes às do Semiárido, passarão a contar com recursos do Fundo Constitucional do Nordeste
(FNE). A matéria segue para apreciação do Senado. Atualmente, a Sudene abrange totalmente os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e da Bahia. O órgão já atende a 161 municípios de Minas Gerais e 26 do Espírito Santo. Ao órgão, cabe promover o desenvolvimento includente e sustentável do Nordeste e fomentar a integração competitiva da região nos mercados nacional e internacional. Segundo a justificativa do projeto de lei, a medida tem o objetivo de corrigir a lista
FOTO: DIVULGAÇÃO
de municípios incluídos na atuação da Sudene, “de forma a possibilitar que essas localidades tenham acesso a linhas de crédito
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Disputa entre taxistas e motoristas de aplicativos agora vai para a Câmara
Após a aprovação no Senado do projeto que regulamenta o uso dos aplicativos de transporte, representantes das empresas que utilizam o serviço comemoraram as alterações, que ainda precisam ser referendadas pelos deputados. Já os taxistas, que defendiam uma versão anterior da proposta, criticaram as mudanças e pretendem continuar se mobilizando para que os deputados atendam às
reivindicações da classe. Originário da Câmara, o chamado PLC 28/2017 precisará ser analisado novamente pelos deputados para que seja sancionado e vire lei. Isso porque os senadores alteraram trechos do texto aprovado pelos deputados. Caso não fossem feitas, levariam o projeto diretamente para sanção presidencial. As mudanças afetaram os interesses em disputa: foi
retirada a exigência da chamada placa vermelha e a obrigatoriedade de que os motoristas sejam proprietários dos veículos que utilizarem para a prestação do serviço. A n e c e s s i d a d e d e licenciamento com placas vermelhas estava prevista caso os veículos fossem mantidos na categoria “de aluguel”. Apesar das mudanças, foram mantidos critérios como a certidão negativa de antecedentes criminais, a apresentação periódica de documentos às autoridades e uma maior transparência sobre o cálculo utilizado na cobrança das tarifas. A discussão gerou embate dentro e fora do plenário, entre os que acreditam que a regulamentação deve ser mais rígida, a ponto de quase impedir a utilização dos aplicativos, e, do outro lado, os que defendem normas mais flexíveis.
especiais, a incentivos fiscais e aos recursos do FNE, bem como aumentar suas alternativas de financiamento às atividades
produtivas locais, criando oportunidades de emprego e renda”. Apesar da orientação do PSDB dando apoio à aprovação do projeto de lei, o deputado tucano Betinho (PB) argumentou que a ampliação pode agravar a falta de recursos para os municípios nordestinos localizados no Semiárido do País. “Em casa que falta pão, todos brigam e nenhum tem razão. Simplesmente aumentar a área de atuação da Sudene não vai resolver o problema se não tiver algo fundamental, que são recursos para financiar as
políticas públicas na área do Semiárido”, disse. “Se esse projeto for aprovado e não tiver recursos suficientes, somente aumentará o problema”, concluiu. Já o deputado petista Leonardo Monteiro (MG) afirmou que o PL “é para fazer justiça porque, quando da votação anterior [que incluiu cidades de outros estados], os municípios ficaram de fora, e são municípios que têm todas as características da área mineira da Sudene”, argumentou.
'Ele já é grande', diz pai de Luciano Huck Uma possível mudança do apresentador Luciano Huck do Projac – os estúdios da TV Globo, no Rio – para o Palácio do Planalto, em Brasília, a princípio não empolga seu pai, o jurista Hermes Marcelo Huck. Cotado para disputar a presidência da República, Luciano é apontado como “o novo na política” para 2018, mas seu pai faz um alerta: “Ele já é grande o suficiente para saber as consequências do que fizer”, disse Hermes Marcelo à reportagem. “O que ele decidir, vou apoiar, enfim”. Professor titular aposentado de Direito Econômico da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o pai do apresentador evita comentar as escolhas do filho famoso, mas garante que sempre lhe dá suporte. “(A candidatura) É uma decisão muito pessoal do Luciano”, esquivou-se. Na faculdade desde os anos 1960, quando fez graduação, Hermes Marcelo é conhecido no meio jurídico como um homem reservado, que, aos 74 anos, se ocupa de seu escritório de
advocacia. Luciano, de 46, até tentou seguir os caminhos do pai e foi aluno de Direito, mas abandonou o curso e seguiu para a comunicação. “A minha opinião pessoal pouco importa porque o que vai valer é a opinião pessoal dele”, disse o jurista. O apresentador é filho de Hermes Marcelo e da urbanista Marta Dora Grostein Huck, também professora da USP. Seu meio-irmão, filho do segundo casamento de Marta, o cineasta Fernando Grostein Andrade, já disse que não gostaria de ver Luciano na presidência. “Justamente por amá-lo muito é que o quero sempre próximo da família. Não gostaria de vê-lo na política”, afirmou à coluna Direto da Fonte em julho deste ano. Luciano por enquanto nega que seja candidato, mas há rumores de que esteja em negociação com DEM, PPS e Novo. Hermes Marcelo desconversa sobre filiação e candidatura, está mais interessado em outra disputa: participa, como examinador, do concurso de professor titular do
Departamento Econômico, Financeiro e Tributário da Faculdade de Direito da USP. Longe dos holofotes do mundo das celebridades e das colunas de política, o jurista disse acreditar que a próxima eleição não será dos outsiders – como seu filho poderia ser considerado –, um candidato exógeno da política. “Na minha opinião, os candidatos (de 2018) vão ser políticos históricos, profissionais, mas, se não, se algum outsider for candidato, não creio que seja ele”, afirmou. Luciano comanda, há 17 anos, o programa Caldeirão do Huck. Antes disso, ele trabalhou na Band e foi colunista do Jornal da Tarde, editado pelo Grupo Estado, nos anos 1990. Procurado pela reportagem, ele não respondeu. Quanto às pressões de seu pai, Luciano pode ficar tranquilo. “Nunca interferi nas opções dele de vida, de profissão, de casamento, de nada, não vai ser nisso que eu vou interferir”, afirmou. E, por fim: “Não tenho mais nada a declarar além disso”.
6 TECNOLOGIA 01 a 07 de novembro de 2017 fatos & notícias
Carros autônomos da Waymo não Inteligência artificial consegue precisam mais da atenção do usuário detectar câncer colorretal com Os carros autônomos desenvolvidos pela Waymo, empresa-irmã do Google, não possuem mais um sistema que permite que o usuário assuma o controle do veículo em c a s o d e situações perigosas. Conforme FOTO : DIV ULG AÇÃ relata a Reuters, O a decisão foi tomada após experimentos mostrarem exigia a atenção do usuário. "O que encontramos foi que os usuários podiam se distrair enquanto o carro bastante assustador", disse andava por até 90 km/h. Krafcik sobre vídeo de teste Além disso, o presidente da realizado com funcionários. empresa, John Krafcik, "É difícil assumir o controle afirma que os pesquisadores p o r q u e e l e s p e r d e m a perceberam que não era consciência contextual". Basicamente, quando a seguro um sistema que
86% de precisão REPRODUÇÃO
pessoa está distraída, ela não está prestando atenção no trajeto do carro autônomo e quando o sistema exige atenção do usuário, acaba assustando a pessoa, que não sabe o que precisa ser feito.
PlayStation dá lucro para a Sony, enquanto smartphones registram prejuízo A Sony divulgou o resultado trimestral referente aos meses de julho a setembro, e a única área da empresa que ainda registra prejuízos é a divisão de smartphones. Enquanto isso, a divisão de games e a de sensores de imagem para smartphones seguem garantindo grandes lucros para a empresa. Ao todo, a empresa teve receita de US$ 18,25 bilhões no período, com lucro de US$ 1,15 bilhão. A Sony vendeu 4,2 milhões de PlayStation 4 no
mercado, teve lucro de US$ 436 milhões. Se a Sony tem presença forte nas câmeras de smartphones como um todo, a divisão responsável pelos aparelhos Xperia segue sangrando dinheiro: as baixas vendas de smartphones da empresa no período fizeram com que a divisão mobile da japonesa tivesse prejuízo de US$ 22,1 milhões.
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período, e a divisão de games teve lucro de US$ 484 bilhões. Já a área de semicondutores, responsável por sensores de imagens usados nos principais smartphones do
Pesquisadores japoneses usaram inteligência artificial para detectar câncer colorretal antes dos tumores se tornarem malignos. O estudo é um bom indicativo de como a inteligência de máquinas pode colaborar no desenvolvimento de novas tecnologias na saúde. Os cientistas da Universidade Showa, no Japão, compilaram um banco de dados de mais de 30.000 imagens de células
cancerígenas e précancerígenas e mostraram para uma inteligência artificial identificar as diferenças entre elas. Depois de aprender o processo que leva ao desenvolvimento dos tumores, eles conseguiram criar um programa capaz de identificar em menos de um segundo se as células se tornariam cancerígenas com 86% de precisão. Não é a primeira aplicação de inteligência artificial no
campo da medicina: cientistas já usaram, no passado, máquinas para ajudar na prevenção de ataques cardíacos e também na detecção de Alzheimer. Para o tratamento de câncer colorretal, o estudo pode ser bastante importante: a doença é altamente tratável nos estágios iniciais, e detectá-la com precisão antes mesmo dela se desenvolver é algo que pode salvar muitas vidas.
Poluição por carbono bateu recorde de 800 mil anos Os níveis de dióxido de carbono atingiram o maior nível em pelo menos 800 mil anos devido à poluição causada por humanos e a um El Niño forte, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). As concentrações de gases causadores do efeito estufa aumentaram a uma velocidade recorde em 2016 e atingiram média de 403,3 partes por milhão, contra 400 partes por milhão um ano antes, anunciou a OMM em comunicado alertando sobre “graves distúrbios ecológicos e econômicos”. A OMM afirma que, na última vez em que a Terra teve uma concentração comparável de CO2, a temperatura do planeta era 2 graus a 3 graus Celsius mais
KEVIN FRAYER/GETTY IMAGES
elevada e os níveis do mar, 10 metros a 20 metros mais altos do que os de agora. “Sem reduções rápidas no CO2 e em outras emissões de gases causadores do efeito estufa caminharemos para aumentos de temperatura perigosos até o fim do século”, disse o secretáriogeral da OMM, Petteri Taalas, no comunicado. O aumento recorde de 3,3 partes por milhão de CO2 se deve em parte a um forte El Niño em 2015 e 2016, que
gerou secas em regiões tropicais e limitou a capacidade das florestas de absorver o gás, segundo a OMM. O CO2 provém também da queima de combustíveis fósseis para energia e do desmatamento para agricultura e construção. As concentrações de CO2 foram inferiores a 280 partes por milhão nos últimos 800 mil anos e aumentaram desde a revolução industrial, segundo dados geológicos coletados por meio de amostras de gelo da Groenlândia e da Antártida. O relatório alimentará os debates da conferência anual sobre aquecimento global patrocinada pela Organização das Nações Unidas, em Bonn, em 6 de novembro.
CIÊNCIA 7
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fatos & notícias
Bíblia lança luz sobre primeiro eclipse solar Os cientistas revelaram a data do primeiro eclipse solar documentado. Ele ocorreu em 30 de outubro de 1207 a.C., foi mencionado na Bíblia e pode ser usado para clarificar a cronologia dos eventos do mundo antigo. Este fato ajudou os cientistas a determinar o período de reinado de alguns faraós egípcios. Por exemplo, usando os textos bíblicos e do Antigo Egito eles conseguiram verificar o período de governo de Ramsés II, o Grande. Os resultados foram publicados na revista Astronomy & Geophysics. Trata-se do Livro de Josué do Antigo Testamento, a história da invasão de Canaã pelos hebreus sob a chefia
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FOTO: PIXABAY
d o s e u l í d e r, J o s u é , a conquista da Palestina Ocidental e a distribuição dos seus territórios entre as tribos dos descendentes dos
12 filhos de Jacó. "No dia em que o Senhor entregou os amorreus aos israelitas, Josué exclamou ao Senhor, na presença de
Israel: 'Sol, pare sobre Gibeom! E você, ó Lua, sobre o vale de Aijalom!'". "O sol parou, e a lua se deteve, até a nação vingar-se
dos seus inimigos", lê-se no livro. "Se essas palavras descrevem uma observação real, teve lugar um evento astronômico muito importante. O nosso objetivo é entender o que significa esse texto", disse um dos autores do estudo, o professor da Universidade de Cambridge (Reino Unido), Colin Humphreys. As traduções modernas dessas palavras se baseiam na Bíblia do Rei Jaime, publicada em 1611. Segundo a sua versão, o Sol e a Lua pararam seu movimento. No entanto, de acordo com Humphreys, essas palavras podem ter um significado alternativo: o Sol e a Lua pararam de
brilhar, ou seja, teve lugar um eclipse solar. Os hebreus entraram em Canaã entre 1500 e 1050 a.C., durante o período de governo do faraó Merneptá, filho de Ramsés II. De acordo com os cálculos dos cientistas, o eclipse solar em Canaã, que teria sido observado durante a entrada de Josué em Canaã, ocorreu em 30 de outubro de 1207 a.C. Se os cálculos estão certos, esse é o primeiro eclipse solar documentado e, com base nesse dado, pode ser estabelecido o período exato do reinado de Ramsés II, o Grande, e do seu filho Merneptá.
Astrônomos podem ter achado uma exolua oceânica do tamanho de Saturno Caso seja comprovada, lua de sistema solar distante deve reformular as teorias de formações lunares e impactar diretamente a busca por vida no Universo FOTO: NASA/JPL-CALTECH
Descobertas de planetas em outros sistemas solares já viraram rotina entre os astrônomos. Agora, o próximo passo é descobrir se esses mundos distantes também possuem suas próprias luas. E eles devem ter: não faria o menor sentido se elas só existissem por aqui, em nossa vizinhança cósmica. Em julho, saíram os primeiros resultados de uma pesquisa que o astrônomo David Kipping, da Universidade de Columbia, desenvolve desde 2012: ele utiliza dados do telescópio espacial Kepler para caçar exoluas. Na época, ele veio a público com as primeiras evidências que indicavam haver uma lua do tamanho de Netuno orbitando um
gigante gasoso grande como Júpiter em uma estrela a 4 mil anos-luz daqui. Não conhecemos nenhum satélite natural com essas proporções no Sistema Solar. Mesmo que por ora não passe de um mundo hipotético, cuja existência ainda precisa ser comprovada com mais dados científicos, a potencial exolua vem atraindo a atenção dos pesquisadores. O astrofísico René Heller, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema S o l a r, l o c a l i z a d o n a Alemanha, publicou recentemente resultados sugerindo que ela pode ser mais estranha do que se pensava — e talvez seja ainda maior. Pode até
mesmo ter um oceano. Heller analisou os mesmos dados do Kepler e estimou que as reais dimensões e natureza da possível exolua estejam no meio do caminho entre um mundo gasoso do tamanho da Terra ou algo muito maior, rochoso e oceânico, comparável a Saturno. Sendo assim, não se encaixa nas três teorias conhecidas da formação de luas: impactos violentos com protoplanetas (como n o c a s o d a Te r r a ) ; a aglutinação do gás e poeira que permeavam o Sistema Solar primitivo (a exemplo das luas de Júpiter); ou a captura de um pequeno mundo errante pela gravidade do planeta (foi o que ocorreu com Netuno). “Não está claro para mim,
a partir dos dados do Kepler e do que sabemos do Sistema Solar, através de qual dos canais ela teria se formado”, disse Heller à New Scientist. Ele considera que, caso exis ta de fato, o objeto será um quebra-cabeça formidável aos teóricos da área. Apesar de terem achado os resultados d e H e l l e r interessantes, Kipping e seu colega na pesquisa, o estudante de graduação Alex Teachey, desencorajam a realização de estudos do gênero em uma etapa tão precoce. “Bem, nos sentiríamos mal pelas outras pessoas se
gastarem tempo estudando um fantasma”, disse Teachey. Para sanar de vez a dúvida, a dupla conduzirá observações com o telescópio Hubble. Caso seja comprovada, a primeira
das exoluas deve reformular não apenas as teorias de f o r m a ç ã o l u n a r, c o m o também a busca por vida no Universo — muitas delas e dos gigantes gasosos que orbitam ficam na zona habitável de suas estrelas.
8 SAÚDE
fatos & notícias
01 a 07 de novembro de 2017
AVC, 90% dos casos decorrem de fatores que podem ser prevenidos Apenas em 2015, 100.520 pessoas morreram em decorrência da doença. Do total, 4.592 mortes foram de pessoas com menos de 45 anos
HUMAN BRAIN PROJECT/DIVULGAÇÃO
O A c i d e n t e Va s c u l a r Cerebral (AVC) é a segunda causa de morte e a primeira de incapacidade no Brasil. Apenas em 2015, 100.520 pessoas morreram em decorrência da doença. Deste total, 4.592 mortes foram de pessoas com menos de 45 anos, de acordo com os últimos dados catalogados pelo Ministério da Saúde, que registrou no mesmo ano 212.047 internações relacionadas ao AVC, que pode ser provocado por
obstrução de artéria ou mesmo rompimento de vasos sanguíneos. O total de casos e os problemas gerados por eles podem ser menores se forem adotadas medidas preventivas. “Trata-se de uma doença grave, autoimune e incapacitante, mas que tem uma grande capacidade de prevenção”, afirma o diretor científico da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Rubens Gagliardi.
Segundo a ABN, 90% dos AVCs estão ligados a fatores que podem ser modificados, por isso, a organização no dia 29 de outubro, para chamar atenção da sociedade com a campanha “Qual o seu motivo para prevenir um AVC?”. Por meio de vídeos, panfletos e diversas atividades que ocorreram ao longo da semana, as organizações apontam que é possível prevenir o AVC por meio das seguintes ações:
controlar a pressão alta; fazer exercícios físicos moderados cinco vezes na semana; ter uma dieta saudável e balanceada com mais frutas e verduras e menos sal; reduzir o colesterol; manter peso adequado; não fumar e evitar exposição passiva ao tabaco; reduzir a ingestão de álcool; identificar e tratar a fibrilação atrial; evitar diabetes, adotando acompanhamento médico; e conhecendo mais sobre o AVC.
“Essa campanha faz parte de uma iniciativa mundial que tem sido realizada desde que a Associação Mundial do AVC determinou o 29 de outubro como o Dia Mundial de Combate ao AVC. Em várias cidades do País, fazemos a campanha para a população. Os médicos saem às ruas e informam sobre o que é a doença, como se c a r a c t e r i z a o AV C , o s principais sintomas, o que fazer em caso de ocorrência”, explica Gagliardi, que avalia que é perceptível a melhora no conhecimento da população sobre o problema e, com isso, a diminuição das ocorrências. Para contribuir com a efetivação de medidas protetivas, a ABN sugere que profissionais de saúde tenham mais atenção e ofereçam tratamento preventivo aos pacientes com história prévia de doenças cardiovasculares. Isto porque um terço dos AVCs ocorre em pacientes c o m AV C o u A c i d e n t e Isquêmico Transitório (AIT) prévios. Medidas para controlar a pressão arterial e a fibrilação atrial são algumas das que podem dificultar a ocorrência do problema. A população em geral também pode fazer a sua parte. Além de adotar as medidas sugeridas, é possível conhecer o risco de sofrer um AVC, o que pode
AVC cresce entre quem tem menos de 45 anos Rubens Gagliardi detalha que o AVC já chegou a ser a principal causa de morte no Brasil. Agora, apesar da diminuição dos casos, o que tem chamado a atenção é o crescimento da ocorrência entre pessoas mais jovens, com menos de 45 anos. Questionado quanto a uma possível tendência, ele ponderou: “É uma
evidência. O estilo de vida das pessoas tem mudado. Hoje, o jovem fica mais exposto ao estresse, há muito uso de drogas ilícitas entre os jovens, encontramos muitos deles obesos. Esses fatores todos podem favorecer o AVC”, indica. No caso dos mais jovens, o AVC também pode estar
relacionado à ocorrência de lesão na parede do vaso que leva sangue para o cérebro, por exemplo, em caso de acidente de carro. No caso de crianças, os fatores mais comuns são as doenças genéticas, segundo o Ministério da Saúde.
ser feito em diálogo com médicos e também usando a tecnologia, como o aplicativo gratuito “Riscômetro de AVC”, que ensina a reconhecer os sinais de AVC e os hospitais que são Centros de AVC em todas as regiões, além de oferecer mais dicas de prevenção. O Ministério da Saúde espera reduzir em 15% os óbitos por AVC e 10% por infarto como resultado das ações do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados, que tem a meta de tirar 28.562 toneladas de sódio dos alimentos processados até 2020. Até o momento, segundo o ministério, mais de 7 mil toneladas de alimentos já foram retiradas das gôndolas dos supermercados. Além disso, para reduzir o número de internações e óbitos no País por doenças crônicas, foi lançado o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças C r ô n i c a s N ã o Transmissíveis (DCNT), que tem a expansão da atenção básica como uma das principais ações de enfrentamento. Para concretizar a expansão, o Ministério da Saúde anunciou investimentos de R$ 1,7 bilhão para custear novos serviços oferecidos na atenção básica.
9 01 a 07 de novembro de 2017
fatos & notícias
O brasileiro e a crise Silvana Gaspar Do fim de 2015 para 2017 o Brasil sofreu uma mudança bastante radical em sua política afetando diretamente sua economia. Estabeleceuse um declínio profundo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, uma série de fatos sequenciais fizeram com que o Brasil mergulhasse numa imensa crise econômica. E essa mudança veio como uma avalanche, escândalos políticos e a insegurança gerada por eles, colocaram em queda livre o crescimento do País, houve um grande retrocesso e sobre essas mudanças que quero
Tivemos que reaprender a gerar ideias que nos dessem condições de extrair da crise soluções para sobrevivência enfatizar. Brasil em crise econômica, 13 milhões de desempregados,
Muitas famílias se viram sem chão, muitos profissionais demitidos e, sim, tivemos que nos
Alguns dizem que a crise é totalmente ruim, eu discordo, é ruim sim, mas aguça nossa
demissões em massa ou voluntárias, e agora?
moldar a essa nova realidade.
criatividade por nos tirar da nossa zona de
conforto. Tivemos que reaprender a gerar ideias que nos dessem condições de extrair da crise soluções para sobrevivência. E como somos c r i a t i v o s ! Profissionais de todas as áreas saíram da zona de conforto e apostaram em outras áreas, alguns viraram empreendedores, outros enfrentaram ruas para vender algo, alguns realizaram sonho de apostar no que gostam de fazer. Mas não
abaixaram a cabeça diante da crise. Outro ponto que observei nesse período foi as migrações de cidades, famílias se mudaram para outras cidades e até apostaram ir para fora do País. Sim, o Brasil mudou, sofreu, chorou, saiu dos trilhos. Mas seus filhos continuaram a lutar e aprenderam a se virar diante dos obstáculos da crise. E ainda continuamos a caminhada contra a crise.
Silvana Gaspar Graduada em Ciências Sociais
Etanol da cana pode ajudar Trem batizado de Anne Frank gera polêmica na Alemanha a atingir meta do clima Estudo mostra que a expansão do cultivo é uma saída para reduzir danos à natureza GETTY IMAGES
Um estudo publicado na revista “Nature Climate Change” mostrou que a expansão da produção de cana-deaçúcar entre 37,5 e 116 milhões de hectares, com fins na conversão em etanol, poderia reduzir em até 5,6% as emissões globais de dióxido de carbono, basicamente com a substituição do uso da gasolina. O estudo aponta ainda que a expansão do uso do etanol pode ser uma solução a curto prazo para que a meta ratificada no último acordo climático em Paris seja atingida. Assinado por 195 nações em dezembro de 2017, o documento tenta limitar o aumento da temperatura global do planeta em menos de 2ºC. Coordenada por Stephen P. Long, da Universidade de
Illinois, nos Estados Unidos, e alguns cientistas da Universidade de São Paulo, a análise apontou que a produção de etanol à base de cana no Brasil é muito mais eficiente que a do etanol de milho, além de gerar apenas 14% das emissões de dióxido de carbono causadas pelo petróleo. Esse processo de substituição já apresentaria resultados a níveis globais num prazo de 2 a 8 anos desde o começo da produção. S e g u n d o o s pesquisadores, o Brasil está
preparado para levar o projeto adiante. Isso porque o País é um dos únicos a possuir o território necessário e a expertise na produção de cana. Por aqui, se usa toda a planta, seja para produção de açúcar, ou para produção de etanol, e até para alimentar moinhos e gerar eletricidade. Os pesquisadores evidenciam também as práticas sustentáveis de produção usadas no Brasil. Em São Paulo, por exemplo, é proibida a queima de cana antes da colheita para redução da quantidade de material transportado para o moinho. A prática da queima, causadora de grande poluição da atmosfera, ainda é empregada em países como os Estados Unidos.
A empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn se tornou alvo de duras críticas após ter batizado um trem-bala de Anne Frank, o nome da adolescente judia cujo diário escrito durante a Segunda Guerra se tornou um bestseller mundial. A iniciativa da estatal faz parte da campanha que vai dar o nome de alemães famosos, escolhidos em pesquisa, a 25 novos trens-bala. No entanto, a polêmica se deu porque Anne foi levada de Amsterdã para o campo de concentração nazista, onde morreu, em um trem. Em nota, a Fundação Anne Frank disse que a “homenagem” é “um tema que leva a controvérsias” e faz lembrar as deportações. “Essa relação é dolorosa para pessoas que conviveram com as deportações e causa novas dores naqueles que precisam conviver com as consequências. Mas entendemos que iniciativas como essa costuma ter boas intenções”, ponderou a fundação. Segundo a porta-voz da
Deutsche Bahn, Antje Neubauer, Anne Frank é “um símbolo da tolerância e representa a pacífica coexistência de diferentes culturas, o que é muito importante em tempo como os atuais”. Nas redes sociais, a ideia foi classificada como insensível e de mau gosto já que muitos judeus foram enviados para o extermínio em campos de concentração em trens da Deutsche Reichsbahn, antecessora da Deutsche Bahn. O “Diário de Anne Frank” foi publicado em 1947, sendo traduzido para 50 idiomas. A
jovem alemã morreu em 1944 no campo de concentração de Elsen, quando tinha 15 anos. Recentemente, o ex-agente do FBI Vincent Pankoke, que formou uma equipe com 20 especialistas para tentar responder algumas dúvidas sobre a morte de Anne Frank, anunciou que a investigação será retomada. Na última sexta-feira (27), a empresa estatal anunciou que os trens ainda terão nomes de personalidades como Albert Einstein, a atriz e cantora Marlene Dietrich, o casal Hans e Sophie Scholl, dissidentes que lutaram contra o nazismo, o teólogo D i e t r i c h B o n h o e ff e r, a filósofa Hannah Arendt. Além deles, serão homenageados o compositor Ludwing van Beethoven, o escritor Thomas Mann e o filósofo e sociólogo Karl Marx, que também foi alvo de polêmica. Entre as piadas feitas pelos internautas está a pergunta se vai haver divisões por classes no trem que leva o nome do principal teórico do comunismo.
10 GERAL fatos & notícias
01 a 07 de novembro de 2017
Da Vinci, o maior inovador da História Biografia de Leonardo da Vinci explica como o artista italiano uniu ciência, tecnologia, arte, filosofia e imaginação para criar um legado que continua a transformar o mundo HERITAGE IMAGES
É difícil explicar o artista toscano Leonardo da Vinci (1452-1519). Esta foi a missão do jornalista e historiador americano Walter Isaacson, de 65 anos, ao escrever a biografia “ L e o n a r d o d a Vi n c i ” , lançada no Brasil pela editora Intrínseca. Isaacson redimensiona o legado de Leonardo para afiná-lo ao tom do século 21. Segundo ele, Leonardo foi um precursor da ciência experimental atual e um inovador que ainda inspira as mentes brilhantes e os influenciadores do século 21. Valoriza o caráter criativo, fantasioso, sociável e disfuncional deste “gênio criativo”, comparável aos de Benjamin Franklin, Albert Einstein e Steve Jobs, personalidades biografadas por Isaacson que alteraram a história da humanidade. “Leonardo é o exemplo do tema central de minhas biografias: como a habilidade de conectar
disciplinas – artes e ciências, humanidades e tecnologia — é a chave da inovação, imaginação e genialidade”, diz o autor. Leonardo inovou, mas a razão de ter realizado tantas façanhas é um mistério. Brilhou no campo das artes, da ciência, das humanidades e da tecnologia. Criou as técnicas do “chiaroscuro” e do “sfumato”, pintou a tela mais famosa, a “Mona Lisa”. Produziu novelas fantásticas e dirigiu eventos teatrais, para os quais criou projetos de máquinas voadoras que só foram testadas no século 20. Ele encarna o espírito livre da Renascença, mas isso não esgota o assunto. Hoje ele é chamado de polímata, um especialista em v á r i a s á r e a s d o conhecimento. Artesão, pintor, engenheiro, observador de pássaros, geômetra, anatomista — ele foi tudo isso, mas, sobretudo, um homem levado pela
curiosidade que encheu 7.200 páginas de cadernos de anotações, com listas, esboços, desenhos, hoje espalhados em várias cidades. Na mesma folha, desenhava, comentava, fazia listas e deixava os discípulos anotarem piadas.
A novidade de Isaacson foi ter se debruçado sobre os cadernos. “Os c a d e r n o s e desenhos são como uma janela para sua mente febril, criativa, maníaca e, às vezes, eufórica”, diz. “Se Leonardo tivesse sido estudante no início do século 21, talvez fosse posto em um r e g i m e medicamentoso para amenizar as alterações de humor e o transtorno de déficit de atenção”. Quis abraçar o m u n d o e s e dispersou. Não finalizou a maior parte de suas telas. Como era hábito, não as assinava. Até hoje, 15 obras lhe são atribuídas, e dezenas sumiram, como “Leda e o Cisne”, única obra erótica do artista, da qual resta uma
cópia pelo discípulo Francesco Melzi. Foi considerada indecente e destruída por madame de Maintenon, amante de Luís XIV, como diz a lenda. Algumas foram recémdescobertas, como “Salvator Mundi” em 2011. Também abandonava projetos. “Ele cometeu erros”, afirma o biógrafo. “Saiu por várias tangentes, enquanto tentava resolver problemas matemáticos que se transformaram em distrações”. Leonardo dizia que se orgulhava de ser “um homem iletrado”, um “discípulo da experiência”, como escreveu eu um discurso em 1490, ao criticar aqueles que preferiam se basear em citações de autores clássicos a fazer suas experiências. “Aquele que pode ir à nascente de um rio não vai até um jarro de água”, dizia. Esta pode ser a chave de sua c o n t r i b u i ç ã o : a experimentação em todos os
c a m p o s d o s a b e r, s e m distinguir ciência, humanidades e artes. Leonardo era filho bastardo de um notário e uma camponesa. Não teve educação formal e compensou a lacuna formando uma biblioteca (no fim da vida tinha 120 volumes quantidade enorme para a época) e conversando com os especialistas sobre temas pelos quais se interessava. Em 1490, em Milão, começou estudar latim por conta própria. Transcreveu várias páginas de palavras e conjugações, com base em gramáticas. Uma página de seus cadernos traz 130 palavras, decoradas com uma carranca, como a manifestar sua dificuldade para aprender o idioma dos cientistas e pensadores. Talvez este tenha sido o motivo pelo qual não ousou estudar filosofia. Como autodidata, dedicava-se a tarefas mais práticas que especulativas.
Índios produzem carvão e alimentos
de babaçu com selo verde O povo indígena suruípaíter, que mora em um território em Cacoal, a 480
quilômetros de Porto Velho, Rondônia, encontrou na comercialização de
produtos derivados do babaçu (tipo de palmeira) uma alternativa econômica
sustentável. Reforçando a conexão com as tradições e a terra, os suruís já produzem óleo de babaçu, farinha de mesocarpo, carvão de babaçu e castanha-do-Brasil in natura, também conhecida como castanha-do-pará, com a certificação de manejo florestal responsável do Conselho de Manejo Florestal (FSC na sigla em inglês). Comunidades indígenas, por lei, não podem explorar
a madeira dentro de suas reservas. Sendo assim, a extração de produtos florestais não madeireiros, como o babaçu e a castanhado-Brasil, tornou-se a alternativa mais viável. O manejo é realizado com base em conhecimentos tradicionais por uma das tribos do povo suruí-paíter. A produção envolve 18 homens e oito mulheres. O cacique da tribo e presidente da Associação Soenama do Povo Indígena
Paiter Suruí, Isaque Mopilô Tavá Suruí, conta que o plano é expandir o trabalho para outras tribos, investir em tecnologia, maquinário e continuar fortalecendo o vínculo da comunidade com a floresta. “Para produzir o carvão, por exemplo, nós recolhemos apenas as palmeiras de babaçu que já completaram o ciclo e não estão mais vivas, preservando, assim, a mata”, explicou.
01 a 07 de novembro de 2017
GERAL 11 fatos & notícias
Desenvolver novas drogas não é tão caro quanto a indústria diz THINKSTOCK/GETTY IMAGES
Um novo estudo estimou os gastos para chegar a tratamentos contra o câncer. Encontrou lucros dez vezes maiores do que o custo
Quanto custa desenvolver um novo medicamento é uma conta mantida sob sigilo pela indústria farmacêutica tanto quanto a fórmula de drogas inovadoras. Saber os custos do desenvolvimento e da pesquisa de novas moléculas é crucial em uma discussão que tem mobilizado governos ao redor do mundo e sistemas de saúde: como chegar a preços justos para as novas drogas? A indústria diz que as novas tecnologias levaram os tratamentos a um patamar inédito de preço. Um exemplo recente é a primeira droga a usar terapia gênica para combater leucemia, aprovada no final de agosto
nos Estados Unidos. Custa US$ 475 mil, algo como R$ 1,5 milhão por paciente. Bancar esse tipo de tratamento se tornou inviável para os sistemas de saúde, inclusive dos países mais ricos. Um novo estudo, em setembro por pesquisadores americanos, estimou os gastos para desenvolver novas drogas contra o câncer. E chegou a números bem menores do que os que costumam ser estimados pela indústria na hora de defender os preços de seus tratamentos. Enquanto se anuncia, por definição, custos na casa dos bilhões de dólares para lançar
uma nova droga, o estudo chegou a números mais modestos (para esse padrão, claro): US$ 720 milhões. Se for levado em consideração quanto o dinheiro teria rendido se tivesse sido aplicado no mercado financeiro (a uma taxa de 7% de retorno) e não no desenvolvimento da droga, o preço fica um pouco maior: US$ 905 milhões. Ainda assim, o montante gasto na pesquisa é bem menor do que o tamanho do lucro obtido com as vendas. No levantamento, as dez empresas analisadas investiram, no total, US$ 7,2 bilhões com pesquisa e desenvolvimento para lançar dez novas drogas. Já lucraram, em média, durante quatro anos, US$ 67 bilhões, quase dez vezes mais. “Em um curto período, o custo do desenvolvimento é recuperado e algumas empresas conseguem um lucro dez vezes maior do que o custo, um montante que não
é visto em outros setores da economia”, escrevem os autores do artigo, divulgado em uma das publicações científicas da Associação Médica Americana, o Jama Internal Medicine. Outro estudo, anterior à nova análise, já havia estimado o custo de desenvolvimento e chegado a valores mais altos: até US$ 2,7 bilhões. Mas, como os pesquisadores tinham usado dados privados, que não estavam abertos para verificação pública, a validade do resultado foi posta em dúvida pelos oncologistas Vinay Prasad, da Universidade de Ciências Médicas do Oregon, e Sham Mailankody, do Centro de Câncer Sloan Kettering, os autores da nova pesquisa. Desta vez, eles usaram um método diferente: analisaram moléculas novas aprovadas nos Estados Unidos entre janeiro de 2006 e dezembro de 2015, apenas de empresas que não tinham nenhum outro
medicamento já à venda (era uma maneira de isolar o custo de aprovação de uma única droga). Para chegar aos gastos, consultaram um órgão do governo americano para o qual as empresas têm de prestar contas. Nesses relatórios, encontraram os valores declarados como gastos de pesquisa e desenvolvimento. Eles também levaram em consideração o valor de aquisição de moléculas que haviam sido compradas de outras empresas. O trabalho despertou críticas. A principal delas é que, como eles só levaram em consideração empresas com uma única droga aprovada, acabaram analisando apenas organizações pequenas, que não pesquisam uma grande variedade de novas moléculas e, por isso, têm custos menores. A estimativa não corresponderia à realidade da maior parte das empresas. Os autores se defendem ao afirmar que
analisar apenas empresas que só tinham uma droga no mercado foi um recurso para conseguir isolar o custo de desenvolvimento de um único medicamento. O valor também leva em conta o gasto com outras moléculas que não dão certo e não ganham aprovação (o argumento de que o lucro feito com uma única droga precisa ser grande o suficiente para bancar os custos com a grande maioria que não dá certo é um dos principais argumentos da indústria para os preços altos). As dez empresas analisadas estavam trabalhando cada uma, em média, com 3,5 novas drogas. “Se você acha que nosso trabalho tem limitações e que pesquisa e desenvolvimento importam – a indústria farmacêutica usa isso para justificar o preço das drogas –, está na hora de transparência”, afirmou Prasad em sua conta no Twitter, em resposta aos críticos.
Novo estudo permite identificar pessoas com pensamentos suicidas Uma equipe de pesquisadores desenvolveu um método inovador que permite identificar pessoas com pensamentos suicidas, analisando alterações produzidas no cérebro quando elas representam certos conceitos, informou a revista “Nature”. A pesquisa foi liderada pelos especialistas Marcel Just, da Universidade Carnegie Mellon, e David Brent, da Universidade de Pittsburgh, ambos nos Estados Unidos, que estudaram como o cérebro representava conceitos como a morte, a crueldade e os problemas. A “Nature” alerta que o suicídio é a segunda causa de morte entre os adultos jovens nos Estados Unidos e que o estudo oferece um novo foco para poder avaliar a desordem psiquiátrica. “Nosso último trabalho é único, pois identifica as alterações de conceitos que estão associados ao suicídio e ao comportamento, empregando algoritmos com os quais podemos avaliar as
representações neurais de conceitos específicos relacionados com o suicídio”, explicou Just. “Obtivemos uma janela para o cérebro e para a mente, jogando luz sobre como as pessoas com pensamentos suicidas pensam sobre conceitos relacionados com o suicídio e as emoções”, completou. “O que é central nesse novo estudo é que podemos dizer se alguém está pensando em se suicidar pela maneira como pensa sobre esses assuntos relacionados com a morte”, explicou Just. Para chegar à descoberta, os pesquisadores apresentaram uma lista de dez palavras relacionadas com a morte, outras dez com conceitos positivos e outras com ideias negativas a dois grupos. Um deles com 17 pessoas com conhecidas tendências suicidas e outro formado por 17 pessoas sem essa tendência. Eles explicaram o algoritmo a seis conceitos que discriminavam os dois grupos. Além disso, os participantes
pensavam sobre cada uma delas enquanto estavam conectados a um scanner cerebral. O programa pode identificar com 91% de precisão se um participante pertencia ao grupo de indivíduos com tendências suicidas. Os especialistas também fizeram um experimento similar para determinar se o algoritmo poderia detectar, separar aqueles que tinham tentado suicídio. O programa teve 94% de precisão. “Mais exames sobre essa abordagem com uma maior representação determinarão a habilidade (do algoritmo) de prever um futuro comportamento suicida”, indicou Brent. “Isso poderia dar aos médicos, no futuro, uma m a n e i r a d e i d e n t i f i c a r, supervisionar e, talvez, intervir nesse pensamento alterado e distorcido que caracteriza as pessoas suicidas”, completou o cientista.
ECONOMIA 12 fatos & notícias
01 a 07 de novembro de 2017
Desemprego ainda deve Salários crescem R$ 7 bi demorar a cair, aponta e comércio prevê melhor Ipea Natal em três anos Apesar da retomada do nível de atividade econômica no País, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avalia que ainda é prematuro falar em tendência à queda da taxa de desemprego. A informação consta da 63ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, divulgado na terça-feira (31) pelo instituto. No trimestre encerrado em setembro, a desocupação atingiu o índice mais baixo do ano, de 12,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o que representa
um recuo de 0,6 ponto percentual em comparação com o segundo trimestre, finalizado em junho. De acordo com os técnicos do Ipea, a efetiva redução do desemprego é prejudicada por ao menos dois motivos. Primeiro, porque a maior oferta de vagas de trabalho está concentrada no setor informal. Segundo, porque é normal que os efeitos da recuperação econômica demorem a se refletir no mercado de trabalho. Com base na taxa média de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, o boletim do Ipea aponta que a taxa de desemprego aumentou 2,3 pontos percentuais no primeiro semestre de 2017, em comparação ao mesmo período de 2016, passando de uma média de 11,1% para 13,4%. Enquanto o primeiro semestre do ano registrou uma média de 89,6 milhões de pessoas ocupadas, no mesmo período de 2016 a taxa era de 90,7 milhões de trabalhadores ocupados. Conforme já registrado nas duas últimas edições do boletim, os jovens entre 14 e 24 anos são as principais vítimas do desemprego. A taxa de desocupação nesse grupo, atingiu 30,4% no primeiro semestre deste ano, um aumento de 3,8 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2016. Entre os adultos de 25 a 59 anos e entre os idosos (acima de 60 anos), também foi constatada elevação no valor médio das taxas de desemprego entre os primeiros semestres de 2016 e de 2017. Para o primeiro grupo, a variação média entre os dois períodos foi de 2 pontos percentuais. Já para a população acima dos 60 anos, a taxa de desemprego aumentou, em média, 1 ponto percentual.
O mercado de trabalho brasileiro movimentou R$ 188,1 bilhões em salários no terceiro trimestre do ano. O resultado representa quase R$ 7 bilhões a mais em circulação na economia no período de um ano, impulsionando a expectativa de venda para o próximo Natal. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados na terça-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Depois de atingir o auge de R$ 191,5 bilhões no quarto trimestre de 2014, a massa de salários começou uma derrocada até atingir R$ 181,1 bilhões no terceiro trimestre de 2016. De lá para cá, cresceu 3,9% – o que representa uma recuperação de R$ 7 bilhões. “Nós sabemos que a remuneração do trabalho é o combustível do consumo tanto de bens quanto de serviços. A tendência é que a gente revise para cima as projeções das vendas para o Natal deste ano”, reconheceu Fábio Bentes, chefe da Divisão E c o n ô m i c a d a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A CNC estima que o varejo movimente R$ 34,3
bilhões em vendas no Natal de 2017, um crescimento de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado, após dois anos seguidos de perdas. “O mercado de trabalho sempre dá o lastro para o consumo. Fatores temporários, como redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ou liberação de saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dão um empurrão, mas não sustentam”, completou Bentes. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Va l e , c o n c o r d a q u e o desempenho da massa salarial dá uma perspectiva melhor para as vendas de Natal. Além disso, com o aumento da população ocupada, muitas pessoas deixam de temer o desemprego, o que pode elevar o consumo. “Os sinais do mercado de trabalho são muito positivos, e são melhores do que o imaginado”, disse Vale. Em apenas um trimestre, a massa de salários em circulação na economia cresceu R$ 2,6 bilhões. “A massa de salários cresce porque aumenta o total de pessoas ocupadas e o rendimento delas também”, declarou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo Azeredo, o aumento na renda propicia o início de um círculo virtuoso, em que o crescimento da renda disponível gera mais demanda por bens e s e r v i ç o s e , consequentemente, impulsiona a produção e a geração de novos empregos. Em um ano, houve criação de 1,462 milhão de novos postos de trabalho em todo o País. A renda média também ficou maior, com alta de 2,4%, para R$ 2.115. Em relação ao trimestre anterior, houve elevação de 0,3% no rendimento médio. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) lembra que o arrefecimento da inflação tem sido fundamental para a evolução da massa de renda no País, uma vez que deixa de corroer o poder de compra dos trabalhadores. “O crescimento da massa abre possibilidades de ter um maior dinamismo do mercado doméstico no fim do ano. Isso inclusive se expressa nos indicadores de confiança dos empresários. Mas ninguém está esperando nenhuma reviravolta. Tudo com muita calma, mas na direção favorável”, ponderou Rafael Cagnin, economistachefe do Iedi.