ANO X - Nº 372 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 16 A 23 DE SETEMBRO/2020 SERRA/ES
Distribuição Gratuita
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
Adoção de pets é tendência no Brasil, diz pesquisa
8 Quibe bom é quibe com recheio soltinho — nada de tijolão! Pode servir quente, frio e até congelar Pág. 8
JORGE PACHECO
8 Governo tira verbas da Educação, Cidadania e Agricultura para turbinar o Plano Pró-Brasil Pág. 5
HAROLDO CORDEIRO FILHO
MANUEL MEZA/UNSPLASH
8 Mulheres na política, a coluna Olhar de uma Lente ouviu mulheres que querem fazer diferença Pág. 12
Botsuana diz ter desvendado misteriosa morte de elefantes
Autoridades do país africano armam que centenas de animais encontrados mortos no primeiro semestre consumiram água contaminada por toxinas produzidas por cianobactérias
Pág. 14
FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC
O Ins t itut o H 2 R , a p e d i d o d a Comissão de Animais de Companhia (Comac), realizou uma pesquisa em todo o Brasil com o objetivo de identi car a presença de cães e gatos nas casas e analisar o comportamento de
seus tutores. Os resultados revelam o per l daqueles que têm um animal de estimação. A primeira etapa focou em dados quantitativos e envolveu 2.002 pessoas de todas as regiões do Brasil. Nessa parte,
Doenças com alta prevalência no Brasil, mas que pouca gente conhece Doenças comuns, com tratamentos conhecidos, podem apresentar altas taxas de incidência e prevalência. Isso acontece principalmente em locais e comunidades pobres, onde as condições de saneamento e o acesso à saúde são precários
o estudo mostrou que mais da metade dos domicílios (53%) possui cães e/ou gatos. Desses lares, 44% dos entrevistados escolheram os cachorros como companheiros e 21% optaram pelos gatos.
De acordo com estudo, 33% dos cães e 59% dos gatos que moram nos lares brasileiros foram adotados, o que se deve à mudança de comportamento da população. Pág. 11
Airbus apresenta conceito de três aviões movidos a No futuro, pode haver pandemia da saúde mental hidrogênio Pág. 2
©AIRBUS
REPRODUÇÃO/PIXABAY
Pág. 9
Masculinidade tóxica afeta a saúde e o bem-estar dos homens, indica estudo Pág. 11
Araucária deve ser extinta em 2070, diz estudo
Empresa espera colocar ao menos uma aeronave comercial com impacto zero sobre nosso clima em operação até 2035 Pág. 6
Uma pesquisa divulgada este mês pela consultoria Conversion mostrou que 73% dos 400 brasileiros entrevistados foram emocionalmente impactados pelo isolamento social. O estresse foi o mais indicado por eles (42,5%), seguido por tédio (41,5%) e crise de ansiedade (33%). Pág. 14
2 MEIO AMBIENTE
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Araucária deve ser Pesquisadores extinta em 2070, descobrem nova diz estudo população de
Artigo publicado pela Universidade de Reading, no Reino Unido, revela que a espécie pode deixar de existir nos próximos anos devido à intensa exploração e às mudanças climáticas MARCOS MARK/PIXABAY
Dos 20 milhões de hectares da extensão original da Floresta com Araucárias, hoje restam apenas de 1 a 3%. Para o futuro, a expectativa de cientistas da Universidade de Reading, no R e i n o Un i d o, n ã o é n a d a positiva. Segundo estudo publicado no ano passado na W i l e y O n l i n e L i b r a r y, a araucária (Araucaria angustifolia) deve ser totalmente extinta até 2070, como resultado da intensa e predatória exploração madeireira e do manejo inadequado das sementes. O cenário é agravado pelas mudanças climáticas, que interferem nesse e em outros ecossistemas. Para os cientistas, apenas intervenções direcionadas podem ajudar a garantir a sobrevivência da espécie na natureza. Componente importante da Mata Atlântica, a araucária ocorre predominantemente nos estados do Sul do Brasil e em algumas regiões serranas do Su d e ste. C on h e c i d a c om o símbolo do Paraná, a árvore de grande porte pode atingir 50 metros de altura. Atualmente, os p o u c o s re m a n e s c e nt e s d a espécie estão localizados em
pequenas e médias propriedades rurais, que asseguram aos agricultores uma importante fatia de renda por meio da extração do pinhão (semente da Araucária) e das folhas de ervamate, que fazem p ar te do ecossistema da Floresta com Araucárias. Nesse contexto, o projeto Conexão Araucária, executado junto aos agricultores familiares do Paraná, está em ação para restaurar áreas de oresta onde originalmente se desenvolviam as araucárias, visando à preservação desta e de outras e sp é c i e s e à prote ç ã o d a s nascentes de rios. A iniciativa é desenvolvida pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), com nanciamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da empresa Japan Tobacco Inter nat iona l ( JTI), que é também uma parceira operacional no desenvolvimento das atividades. O projeto vai recuperar cerca de 330 hectares em pequenas propriedades rurais distribuídas nos municípios de São Mateus do Sul, São João do Triunfo,
Palmeira, Rio Azul, Mallet, Rebouças e Paulo Frontin, no Sudoeste do Estado paranaense. Dessa forma, também pretende que as áreas atendam ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e estejam em conformidade com o Código Florestal. Por meio de té cnic as de restauração, a iniciativa visa recompor Áreas de Preservação Permanente (APP) — matas ciliares, topos de morro e encostas — além de Unidades de Conservação, tais como parques nacionais, com espécies nativas da Floresta com Araucárias do bioma Mata Atlântica. Ela se diferencia de outros projetos de restauração por buscar recuperar a diversidade de espécies, incluindo as raras e ameaçadas, dando início a um processo que, ao longo dos anos, trará de volta a vegetação. “As ações de restauração ecológica realizadas pelo projeto contribuem para aumentar a conexão entre os remanescentes de Floresta com Araucária, hoje e mp obre cid os d e e sp é ci e s nativas, formando pequenos corredores por meio das APP. O empobrecimento dos fragmentos agrava a variabilidade dos exemplares, incluindo a da araucária, porque impede que populações de plantas com caraterísticas genéticas distintas se c o m u n i q u e m ”, a r m a Alessandra Xavier, técnica da SPVS, destacando que, dessa forma, o projeto contribui para a manutenção das espécies ao longo do tempo.
muriquis-do-sul Maior primata das Américas, o muriqui-do sul realiza a dispersão de sementes na floresta, e está ameaçado de extinção ROBSON HACK/LACTEC
Pesquisadores do Instituto de Te c n o l o g i a p a r a o Desenvolvimento (L actec) registraram uma nova população de muriquis-do-sul (Brachyteles arachnoides) em julho na região do Vale do Ribeira, no Paraná, onde ainda há partes de Mata Atlântica. Também conhecido como mono-carvoeiro, o macaco é o maior primata das Américas, e contribui para a preservação das orestas ao realizar a dispersão de sementes. Mas ele corre risco de extinção: estima-se que sua população atual seja de apenas 1.300 indivíduos, segundo a Lista de Espécies Ameaçadas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza). Isso porque, além de serem caçados, os muriquis-dosul também têm perdido seu habitat: eles vivem exclusivamente na Mata Atlântica, que vem passando pelo desmatamento há décadas. “No Paraná, são conhecidos atualmente menos de 50 indivíduos em vida livre e desde junho de 2016 não se tinha conhecimento, pela ciência, de uma nova lo calidade com ocorrência documentada da espécie”, conta o biólogo Robson Odeli Espíndola Hack, coordenador do projeto, em comunicado. “Entretanto, a preservação dessa população depende de condições adequadas ao seu habitat”. A descoberta é resultado do Projeto de Conservação dos Monos no Paraná, desenvolvido pelo Lactec com apoio da Fundação Grupo Boticário e c o m a p a rc e r i a d a C o p e l Geração e Transmissão. A concessionária instituiu um Programa de Monitoramento Demográ co e Genético do Muriqui-do-Sul e os estudos são realizados pelos pesquisadores
da área de Meio Ambiente do Lactec. “Resultados como este mostram com clareza como valem a pena esforços integrados para a conservação da natureza. A população do mu r i q u i n e c e s s i t a d e u m ambiente apropriado para acolher indivíduos desse porte, capaz de oferecer alimento e abrigo adequados. Por isso, se queremos que esta e outras populações da fauna da Mata Atlântica sejam preservadas, é i mpre s c i nd ível qu e s e j am mantidas e ampliadas as ações de restauração dos seus habitats”, a rma o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz. Agora, a nova população de muriquis-do-sul passará por um monitoramento demográ co, e moradores da região em que eles foram encontrados deverão participar de atividades de educação ambiental. Hack explica: “Para que as áreas de oresta nativa sejam mantidas e as pressões antrópicas sobre a espécie sejam minimizadas, é importante que os moradores locais reconheçam o valor destes animais raros para a natureza e para a região em que vivem. Assim, haverá um maior
engajamento com o projeto nas ações futuras, que poderão ser desenvolvidas em conjunto com a população”. O biólogo adiciona que a conservação da espécie também é importante para o desenvolvimento econômico. “Essa descoberta pode abrir oportunidades de negócios sustentáveis para os produtores rurais da região, pois, por meio do desenvolvimento de projetos de agricultura familiar e da criação de um selo de boas práticas de manejo da terra e de conservação da espécie, seus p r o d u t o s g a n h a m reconhecimento e valor agregado”, aponta. A área em que a nova população de muriquis-do-sul foi encontrada também pode se bene ciar economicamente com atividades de ecoturismo, para observação dos primatas, e com projetos de pagamentos por serviços ambientais, que, ao promoverem a restauração de habit ats ess enciais para a espécie, geram uma nova fonte de renda para os moradores locais. “Esses são apenas alguns dos vários exemplos de como a conservação de uma raridade biológica pode favorecer a realização de negócios e auxiliar o desenvolvimento sustentável da região”, conclui Hack.
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CULTURA 3
16 A 23 DE SETEMBRO DE 2020
Filme brasileiro rodado Descubra a curiosa em Cuba é selecionado origem da expressão para Festival Argentino
"Maria vai com as outras"
BARACOA FILMES/DIVULGAÇÃO
Afinal de contas, quem foi a primeira sonsa? WIKIMEDIA COMMONS
FOTO: REPRODUÇÃO
O Festival Internacional de Documentários de Buenos Aires (FIDBA), maior evento dedicado a títulos de não ficção da Ibero-América, selecionou a produção carioca “Os Dias que Virão”, que marca a estreia de Felipe Bibian e Gabriel Medeiros na direção, para participar da mostra competitiva de sua 8ª edição, que acontece até 30 de setembro. Em 2020, o FIDBA, primeiro festival internacional de documentários da Argentina, é 100% digital, devido à pandemia do novo coronavírus. A mostra
competitiva ibero-americana reúne 11 filmes, entre eles três brasileiros. O vencedor será anunciado no fim do mês. “ O s D i a s q u e V i r ã o ”, produzido pela Baracoa Filmes, ficará disponível para ser assistido on-line em todo o território argentino por 72h, entre 23 e 25 de setembro. Essa é a estreia mundial do documentário. “É emocionante estrear o filme em um festival deste tamanho e, principalmente, em Buenos Aires. Nós somos brasileiros, rodamos em Havana, nossa
equipe tem integrantes da Costa Rica, do Peru, do Paraguai e de Cuba. É um filme 100% latinoamericano”, celebra Bibian. “Acompanhamos a virada de um ano com grandes expectativas no País, principalmente pelo que prometia a votação da nova Constituição. Mas escolhemos observar esse momento através do ponto de vista dos moradores de um prédio que, com seus diferentes olhares e vivências, nos ajudaram a construir um retrato do que é viver em Cuba hoje”, completa Medeiros.
Maria I, a Louca, em pintura o icial
M
aria vai com as outras é uma expressão popular usada para se referir a uma pessoa que demonstra não ter opinião ou vontade própria, com dificuldades em tomar decisões. Por norma, uma Maria que vai com as outras tem pouca personalidade, pois se deixa
convencer com facilidade, concordando sempre com as outas pessoas, sem ter um posicionamento crítico. Pode ser uma pessoa que prefere não ter seus próprios posicionamentos e opiniões. Mas, afinal de contas, quem foi essa primeira pessoa? De acordo com o pesquisador Brasil Gerson, autor de História das Ruas do
Rio, a expressão tem origem no início do século 19, com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. A mãe do rei João VI, a rainha Maria I, costumava passear às margens do rio Carioca, no antigo bairro de Águas Férreas. Acontece que Maria I era conhecida por sua insanidade mental (manifestada após a morte do filho e da Revolução Francesa), tanto que era tratada como “A Louca”. Como ela ia passear levada pelas mãos de suas damas de companhia, o povo dizia: “Maria vai com as outras”. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)
EDIVALDO MACHADO LIMA/ESPÍRITO SANTO MEMÓRIA (BR)/FACEBOOK
Foto Antiga do ES
LINHA NOVA VENÉCIA X SÃO MATEUS, ANOS 40
Composição musical mais lenta do mundo será tocada até 2640 LUCIANO DANIEL
WIKIMEDIA COMMONS
Já i m a g i n o u u m a mú s i c a programada para tocar durante 6 3 9 a n o s ? A c o mp o s i ç ã o Organ2/ASLSP ("o mais lentamente possível", na tradução livre da sigla) nasceu para sobreviver a gerações de seres humanos. Criada pelo já falecido compositor John Cage, a composição musical está sendo tocada na igreja St. Burchardi, na cidade de Halberstadt, Alemanha, desde setembro de 2001. A ideia para a empreitada aconteceu em 1997, quando um grupo de musicistas e filósofos debateu sobre a lentidão da composição em virtude das possibilidades que o órgão oferece. Pensando nisso, um instrumento especial foi construído para tocar a peça de John Cage e foi instalado na igreja de Halberstadt para continuar a performance por anos. Seguindo a instrução de ser tocada da forma mais lenta possível, a peça musical está prevista para ser encerrada no ano de 2640. Para se ter ideia, a última mudança de nota
ocorreu em setembro deste ano e a próxima só vai acontecer em 2022. A Organ2/ASLSP foi escrita em 1985 originalmente para o piano, mas foi adaptada para o órgão dois anos depois. Uma curiosidade é que o compositor John Cage não especificou quão lenta a peça musical deveria ser tocada, o que ficou a cargo dos musicistas que se desafiaram nessa performance. Em 2009, ela foi tocada por Diane Luchese durante 14 horas e 56 minutos, enquanto Joe Drew fez apresentações de 9 a 12 horas. Em 2015, a composição foi executada em uma
performance de 12 horas em Montreal, Canadá. Halberstadt foi escolhida por ter sido o local onde o primeiro órgão do mundo foi construído, em 1361. Em 2000, o instrumento completou 639 anos de sua criação, o que inspirou a duração do tempo da performance da composição de Cage. A programação é de que as notas mudem em intervalos de meses a anos. Sempre que ocorre uma mudança de nota, a igreja or g an i z a u m e v e nt o p ar a compartilhar o momento com os espectadores.
4 EDUCAÇÃO
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Aprendizado por projetos se consolida nas escolas Com a promessa de desenvolver os alunos de maneira integral — e não apenas o lado cognitivo — cada vez mais colégios passaram a incluir em currículos o trabalho por projetos. Embora estejam quase onipresentes nas escolas atualmente, tanto particulares como públicas, há formas muito variadas de serem aplicadas e pesos bem diferentes na proposta pedagógica. Na Escola Concept, o ensino é exclusivamente por projeto. C onteúdos, habilidades e competências a serem desenvolvidos a cada ano são reunidos dentro de alguns; em geral, são dois ou três a cada t r i me st re. Pr is c i l a Tor re s , diretora da unidade paulista, explica que todos os parâmetros e os objetivos são articulados em uma proposta de interesse dos a lu no s . Par a o 3 . º ano d o fundamental, por exemplo, é esperado que aprendam em Ciências com a diferença entre animais terrestres e aquáticos; em Matemática, estimativa de massa; em Linguagens, as mídias digitais. “Eles queriam entender por que os ambientes naturais pareciam mais saudáveis na p and e m i a . A p ar t i r d iss o, construímos um telejornal”. Na proposta que a escola adota, os alunos são avaliados
individualmente (cada um apresentou uma notícia) e coletivamente ( zeram um site
de pro ciência. “Quando se fala em aprendizagem por projetos, você sai do contexto de erro e
Comum Curricular (BNCC), com it inerár ios. Tem uma formação básica, igual para ©METAMORWORKS/STOCK.ADOBE.COM
reunindo tudo o que aprenderam na atividade). Apesar de todo o processo ser via projetos, há e x a m e s . “A g e n t e t e m autoavaliação, avaliação continuada e prova. Essa variedade é importante para entender onde estão as lacunas”. O mais comum, contudo, é que as escolas usem projetos concomitantemente a aulas por disciplinas e, nessas atividades, as “n o t a s” s e j a m n a v e rd a d e r ubr i c a s d e apre nd i z a d o s , classi cando os alunos por grau
acerto. Mas a escola tem de pensar em como conseguir evidências de que há aprendizado e dar um feedback ao longo do processo. A avaliação tem de acompanhar o percurso”, diz Bernard Caffé, fundador da plataforma de educação Jovens Gênios. Faz dois anos que a rede Poliedro passou a incluir projetos na grade do médio — antes havia só atividades extras. “Nosso modelo já contempla o novo ensino médio da Base Nacional
todos, e um modelo em que o aluno trabalha com conhecimentos especí cos, que escolhe conforme suas a nidades. É aí que entram os projetos”, diz Andrea Godinho de Carvalho Lauro, coordenadora d o m é d i o d o Po l i e d r o. A instituição não abre mão de uma forte preparação para vestibular, e Andrea defende que os projetos contribuem. “As habilidades não são apartadas do conhecimento. Nã o h á m a i s e s p a ç o p a r a desenvolver o conteúdo sem a
ligação com as competências socioemocionais”. Se em teoria projetos despertam o interesse de aprender, na prática o modelo pode não ser o melhor para todos. “Entendo a importância, mas pre ro fazer provas”, diz Vitório Armani de Lacerda Lima, no 2.º ano do médio do Poliedro. “Quero Engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), preciso me preparar. Por isso acho que a escola tem de dar mais ênfase a provas mesmo. Em um projeto, a gente pensa na e ciência e divide as tarefas com cada um no que tem qualidade. Para a prova, tenho de me forçar no que não sei tão bem”, pondera. Ap e s ar d e t e r g an h a d o relevância nos últimos anos, o ensino por projetos é tradicional em alguns colégios da capital paulista, como o Gracinha, que na década de 1990 já era uma referência no tema. “Projeto traz u m a a b o r d a g e m multidisciplinar, que permite mais interação. Mas nem tudo cabe em um projeto. Temos momentos de aula expositiva, de aula invertida”, a rma Ligia Mori, diretora pedagógica da escola. Gizele Gasparri, professora de Ciências no Colégio Albert Sabin e na rede estadual, propõe projetos para suas turmas há
mais de 20 anos. “Até hoje me emociono de lembrar de um de 2006 sobre correntes elétricas com uma turma da rede pública, quase todo com sucata”. A neuropsicóloga Adriana Fóz, autora do livro A Cura do Cérebro, garante que pode ser um método e caz, mas lembra que só fazer um projeto não basta. “A escola precisa checar a aprendizagem e o aluno ter consciência do que aprendeu. Para muitos, esses aspectos ainda têm de ser incorporados.” Ela diz que, por provas ou projetos, os alunos precisam ser exigidos. “Se trabalha só de jeito prazeroso, a educação ca falha. A cobrança cuidada é uma estimulação necessária. O cérebro tende à homeostase. Se lhe for permitido, vai só na sombra e água fresca”. No Equipe, a função dos projetos é tirar o alunos da zona de conforto. “No 2.º ano do médio, estudam a agroindústria. Antes da pandemia, eles iam a Ribeirão Preto visitar uma usina de cana, conversar com trabalhador rural, com responsável por indústria de alimentos, iam a acampamento de sem-terra. Isso envolve todas as disciplinas: inclui de Geogra a a Química, de Filoso a a Biologia”, diz Luciana Fevorini, diretora da instituição.
Maioria dos estados segue CPF do estudante passa sem aulas presenciais a ser obrigatório na inscrição da Chamada Pública Escolar REUTERS/AMANDA PEROBELLI/DIREITOS RESERVADOS
Com um indício de queda nas curvas de mortes e casos por covid-19, um dos principais temas nos processos de reabertura econômica e exibilização do isolamento nos estados tem sido a situação das aulas nas redes de ensino. Até o momento a maioria dos estados segue sem aulas presenciais. As atividades pedagógicas presenciais reiniciaram primeiramente no estado do Amazonas, em agosto. Lá, a preocupação agora é com o monitoramento dos pro ssionais de educação e alunos, que vem ensejando uma disputa judicial entre professores e o governo estadual. A contenda
tamb ém o corre no Rio de Janeiro, em relação às aulas na rede privada. No Rio Grande do Sul o calendário iniciou em setembro pela educação infantil, com pre v i s ã o d e t é r m i n o p ar a novembro. No Pará, o governo autorizou aulas presenciais nas regiões classi cadas nas bandeiras Amarela, Verde e Azul. Rondônia adiou o início das aulas até o dia 3 de novembro. O Rio Grande do Norte suspendeu as aulas até o m do ano. Em outros estados não há de nição de data de retorno. Estão neste grupo Distrito Federal, Goiás, Pernambuco, Ceará, Alagoas,
Maranhão, Bahia, Paraná, Mato Grosso, Acre e Roraima. Contudo, em alguns estados foi decretado o retorno das atividades pedagógicas remotas. O governo de Mato Grosso havia determinado a volta nessa modalidade para a educação básica no início de agosto, mesma situação do Amapá. No estado, as aulas em casa foram permitidas também para os alunos da Universidade Estadual (Ueap). No Tocantins, o ensino remoto foi de nido para os alunos do ensino fundamental da rede estadual no dia 10 de setembro. Em Alagoas, a retomada por meio de aulas remotas ocorreu no dia 17 de setembro. Em Minas Gerais, foi autorizado o retorno das aulas práticas dos cursos de saúde apenas, que passaram a ser consideradas serviço essencial. No Rio de Janeiro, a volta às aulas na rede particular está em disputa judicial, enquanto a região metropolitana teve piora nos indicadores de risco para covid-19 e pode retroceder na classi cação.
ASCOM/SEDU
A Secretaria da Educação (Sedu) passou a estabelecer, através da Portaria nº 104-R, a obrigatoriedade de registro do número do Cadastro Nacional de Pessoas Físicas (CPF) do estudante, junto com o CPF de seu responsável, no formulário d e i ns c r i ç ã o d a C h am a d a Pública Escolar. Os pro ssionais envolvidos com a Chamada e com as atividades administrativas das escolas vão orientar pais e alunos, se necessário, quanto à sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Física, bem como o registro do documento no momento de inscrição da Chamada Pública Escolar. A Sedu faz esse alerta, da necessidade do CPF do aluno para que, caso o estudante ainda não o tenha, já o providencie antes de iniciar o período da
Chamada Pública Es colar. Atualmente, 56% dos alunos da Rede Pública Estadual não possuem registro do CPF no sistema de Gestão Escolar. O cronograma com as datas de rematrícula e transferência interna, pré-matrícula e m at r í c u l a s e r á d i v u l g a d o posteriormente pela Secretaria. Onde emitir o CPF? O CPF pode ser emitido nas agências dos Correios; pela
internet no site da Receita Federal ou na Casa do Cidadão, localizada na Avenida Maruípe, 2.544, Itararé, Vitória – ES. Quais documentos são necessários para solicitar o CPF? - Título Eleitoral (para maiores d e i d a d e ) ; D o c u me nto d e Identidade (para maiores de idade); Certidão de Nascimento ( p ar a m e n ore s d e i d a d e ) ; Comprovante de residência.
POLÍTICA 5
16 A 23 DE SETEMBRO DE 2020
Jorge
Analista Político
Pacheco
Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com
“Não se pode aprender Filosofia alguma. [...] Só se pode aprender a filosofar, isto é, exercitar o talento da razão na
observância de seus princípios universais//A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade//É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade//A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que matam//A felicidade não é um ideal da razão, mas, sim da imaginação”, Immanuel Kant DIVULGAÇÃO
nutricional e ao fortalecimento i nst itu c i on a l d o b an c o d e alimentos, além de estimular ações para a redução das perdas e do desperdício de alimentos no País; fomentar pesquisas relacionadas aos bancos de alimentos; estimular políticas e ações públicas de segurança alimentar e nutricional que fortaleçam os bancos de alimentos; articular e facilitar negociações estratégicas para a divulgação e a instituição de parcerias com os bancos de alimentos. Também através do decreto, Bolsonaro criou um comitê gestor para dar apoio às ações da rede.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pretende fazer um corte bilionário em despesas da Educação, de programas sociais, que incluem atendimento a crianças de até três anos, e de ministérios como a Agricultura para turbinar o Plano Pró-Brasil de investimentos públicos e outras ações apadrinhadas pelo Congresso Nacional. A tesourada chega no momento em que o presidente percorre o País para inaugurar obras e tentar impulsionar ainda mais sua popularidade. Os alvos da tesourada foram de nidos em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). E pasmem! não foi p oup ado s e quer o Ministério da Defesa, órgão que costuma contar com o respaldo do Palácio do Planalto para suas demandas orçamentárias. Segundo a pasta, o corte informado foi de R$ 430 milhões, até o envio do projeto que formalizará o pedido de remanejamento. A demora, por outro lado, tem gerado críticas nas pastas que serão bene ciadas com o dinheiro. Técnicos que trabalham na elaboração do projeto argumentam que há uma série de detalhes operacionais necessários antes de fechar a proposta para envio ao Congresso. Os alvos e valores dos cortes foram de nidos p el a JEO, formada pelos ministros Paulo Guedes (Economia) e Walter Braga Netto (Casa Civil). O maior corte previsto é no Ministério da Educação, no valor de R$ 1,57 bilhão. A ação de “desenvolvimento da educação básica” pode perder 80% dos seus recursos ainda disponíveis. Eis os ministérios e os valores dos possíveis cortes: Ministério da Educação: R$ 1,57 bilhão; Ministério da Cidadania: R$ 472,2 milhões; Ministério da Defesa: R$ 430 milhões; Ministério da Agricultura: R$ 250 milhões; Ministério do Turismo: R$ 155,4 milhões; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações: R$ 9,64 milhões. Ministério da Defesa informou
políticas públicas se for mantido o corte de R$ 474,2 milhões que o governo deseja. Os ministérios d a C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e I n o v a ç õ e s , Tu r i s m o e Agricultura não se manifestaram em relação aos cortes.
Moro consegue inscrição na OAB e poderá advogar
de que o ex-juiz teria mentido em suas acusações ao deixar o governo. Ela utilizou a base do slogan de Bolsonaro — “Brasil REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Bolsonaro cria a Rede Brasileira de Banco de Alimentos com o objetivo de diminuir o desperdício AJUFE
O presidente Jair Bolsonaro assinou decreto para a criação da Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, subordinada ao Ministério da Cidadania. A medida foi publicada no Diário O cial da União (DOU) da última sexta-feira (18). Segundo o decreto, a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos foi criada p el o gove r no fe d e r a l p ar a associar bancos de alimentos que estejam sob gestão do poder público, das organizações da sociedade civil ou do setor privado. A Secretaria-Geral da Presidência informou que o decreto visa “contribuir para a diminuição do desperdício de alimentos no País e para a garantia do direito humano à alimentação adequada”. A Rede visa promover a troca de experiências, o fortalecimento e a quali cação dos bancos de a limentos; foment ar açõ es
O ex-ministro Sérgio Moro é o mais novo advogado do Brasil. Ele se inscreveu na OAB do Paraná e obteve a carteira para o exercício da pro ssão. Ele agora está inscrito com o número 105239, no conselho seccional paranaense. A p ossibilidade de Moro exercer a pro ss ão gerava polêmica. Advogados, liderados pelo Grupo Prerrogativas, já tinham anunciado que entrariam com recurso para impugnar a inscrição, alegando que, quando atuou como juiz, ele desrespeitou as prerrogativas dos advogados de forma sistemática. A esposa do ex-ministro, Rosângela Moro, publicou no seu Instagram uma imagem de um outdoor, em Curitiba, que fazia uma homenagem ao marido. Na legenda da foto, Rosângela
SÉRGIO LIMA/AFP
acima de tudo, Deus acima de t o d o s” — p a r a r e b a t e r o presidente. “Verdade acima de tudo, fazer a coisa certa acima de todos”, escreveu Rosângela. O outdoor levava um slogan publicado por Moro um dia depois de pedir demissão do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública: “Faça a coisa certa, sempre”. Enquanto isso a Polícia Federal e o ex-juiz têm notícia de que o recurso de Bolsonaro deve ir a plenário contra a decisão que determinou seu depoimento presencial no inquérito que investiga a suposta tentativa de interferência na autonomia da Polícia Federal deve ser analisado pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. Isso porque o relator do caso, ministro Celso de Mello, está de licença médica até o próximo dia 26.
Mourão quer usar militares da reserva para criar "Força Tática da Amazônia"
educativas destinadas à segurança alimentar e
provocou o presidente Jair Bolsonaro, rebatendo a acusação
O governo Jair Bolsonaro decidiu criar uma nova força de scalização, com poder de polícia, para atuar na região amazônica. O plano é ter uma "Força Tática da Amazônia",
dedicada de forma integral e permanente ao combate a crimes na oresta, em paralelo ao trabalho que já é realizado pelo Ibama e pelo Instituto Chico Mendes de Bio diversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. O plano, que é liderado pelo vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, já é estudado pela área jurídica do governo e pelo Ministério do Meio Ambiente. B olsonaro decidiu criar uma nova força de scalização, com poder de polícia, para atuar na região amazônica. A ideia é que esse grupo seja formado, majoritariamente, por militares inativos, com experiência na região. Diferentemente do que ocorre hoje com a presença de militares
na região, que têm apenas poder de repressão, esse novo grupo terá autorização para prender, multar e apreender ou destruir
SÉRGIO LIMA
que o corte de R$ 430 milhões “gerará prejuízos nas ações das Forças Armadas, mas o Ministério irá se esforçar para cumprir as determinações”. O Ministério da Cidadania apontou sério risco à manutenção de
SÉRGIO LIMA/AFP
Governo tira verbas da Educação, Cidadania e Agricultura para turbinar o Plano PróBrasil
equipamentos, funções hoje restritas a agentes do Ibama e do ICMBio que atuam em campo Por essa razão, será vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
6 TECNOLOGIA
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Airbus apresenta Primeiro robô de mineração espacial conceito de três será lançado em aviões movidos a novembro hidrogênio Exploração de recursos espaciais pode movimentar trilhões de dólares
PLANETARY RESOURCES/SIMULAÇÃO
Empresa espera colocar ao menos uma aeronave comercial com impacto zero sobre nosso clima em operação até 2035 ©AIRBUS
A Airbus apresentou nesta segunda-feira (21) três conceitos de aeronaves de passageiros movidas a hidrogênio. Elas são parte da iniciativa ZEROe, que v i s a c on s t r u i r a pr i m e i r a aeronave comercial com impacto zero sobre nosso clima. Segundo a empresa, os conceitos representam diferentes abordagens rumo a este objetivo, explorando vários caminhos tecnológicos e con gurações aerodinâmicas para ajudara empresa a "liderar o caminho para a descabornização da indústria da aviação". A Airbus acre dit a que o hidrogênio tem "potencial excepcional" como um combustível de aviação limpo, e que ele provavelmente será a solução para que a indústria aeroespacial, e outras, atinjam suas metas de redução do impacto sobre o clima. Ao contrário dos combustíveis
fósseis, o hidrogênio é extremamente abundante (pode ser produzido até mesmo a partir da água) e sua queima não produz gases que contribuem para o efeito estufa, como o dióxido de carbono. O único produto resultante é vapor d'água. Do três conceitos apresentados, dois são bastante conservadores. O primeiro se parece com os tradicionais aviões a jato ("turbofan"), mas com uma turbina modi cada para funcionar com hidrogênio. A aeronave teria capacidade de voo transcontinental, carregando de 120 a 200 passageiros. Mas é o terceiro design o mais interessante: uma "asa voadora", como no bombardeiro B2 Spirit da Força Aérea dos EUA, onde as asas e a fuselagem se tornam uma peça só, num design com muito espaço interno e que oferece
múltiplas possibilidades para organização da cabine e armazenamento de combustível. A capacidade seria de 200 passageiros, com autonomia similar à do turbofan. "Estes conceitos irão nos ajudar a explorar e amadurecer o design e o layout da primeira aeronave comercial com emissões zero, que pretendemos colocar em ser viço até 2035", disse Gui l laume Faur y, CEO da Airbus. "A transição para o hidrogênio como fonte primária de energia para estes aviões conceituais irá exigir uma ação determinada de todo o ecossistema de aviação. Junto com suporte do governo e nossos parceiros industriais podemos aceitar este desa o de levar a energia renovável e o hidrogênio para o próximo nível, produzindo um futuro sustentável para a indústria da aviação", a rmou.
A Origin Space, uma startup de mineração espacial com sede em Pequim, na China, lançará ao espaço, em novembro, seu primeiro robô desenvolvido para escavação espacial a bordo de um foguete descartável da família Longa Marcha, cedido pela Academia Chinesa de Te c n o l o g i a d e Ve í c u l o s Lançadores. Batizado de NEO-1, o pequeno robô escavador representará um marco no que a Origin Space está se propondo a fazer. No entanto, nessa viagem de estreia, NEO-1 não vai minerar o solo de nenhum asteroide. Por ora, seu trabalho na órbita da Terra será "veri car e demonstrar funções múltiplas, como manobra orbital da espaçonave, captura simulada de pequenos corpos celestes, identi cação e controle da espaçonave inteligente", segundo explicou Yu Tianhong, cofundador da Origin Space. Além do NEO-1, um teles cópio ópt ico esp aci a l chamado Yuanwang-1 — e apelidado de "Pequeno Hubble"
— também da Origin Space, será lançado em 2021 para identi car alvos espaciais propensos à mineração. Posteriormente, um NEO-2 partirá em direção à Lua para executar o mesmo trabalho que NEO-1, mas sobre o nosso satélite natural. O conceito de mineração de recursos espaciais é algo polêmico e controverso. O apelo de muitos cientistas é que o Sistema Solar seja protegido dessas práticas. Ainda assim, superpotências, como China e os Estados Unidos, continuam investigando como extrair esses minérios de outros corpos
celestes. Nã o à t o a , o pre s i d e nt e estadunidense Donald Trump assinou uma ordem executiva que incentiva a mineração de recursos da Lua e de asteroides. Agora, a Nasa está desenvolvendo uma missão para explorar as possibilidades nesse segmento. Na semana passada, por exemplo, a agência espacial anunciou que pagará para que empresas privadas coletem "sujeira" da Lua. Todos os olhos estão voltados à exploração espacial. A nal, o mercado tem potencial para movimentar trilhões de dólares.
Balsa a vela é aposta sueca de transporte marinho Com mais de 200 metros, embarcação pode transportar até sete mil veículos poluindo 90% menos WALLENIUS MARINE
A ideia de barcos de carga que usam o vento como combustível pode parecer muito distante da realidade, mas é a aposta do Wind Powere d C ar r ier (wPCC), projeto encabeçado por um consórcio sueco que faz parte da Wallenius Marine. Para alcançar o objetivo de um transporte marinho mais sustentável, uma enorme balsa a vela com mais de 200 metros foi projetada para transportar até sete mil veículos. Segundo os idealizadores, a embarcação p o d e re d u z i r e m 9 0 % a s emissões de poluentes em uma viagem que atravesse o Oceano
Atlântico. Foram aproveitadas tecnologias usadas na área naval e aeronáutica, para que a balsa aproveite ao máximo a força do vento, com velas que podem chegar a 80 metros de altura e ser ajustadas para 50 metros em caso de ventos muito fortes. O projeto é inovador e o consórcio espera que a vagem inaugural seja realizada em 2024. No total o barco tem cerca de 200 metros de comprimento, 40 metros de largura e até 100 metros de altura, contando com as velas. A embarcação terá
motores para garantir a segurança e manobras em portos e áreas menores. O ponto negativo é que a velocidade da viagem não será muito alta. Espera-se que a travessia do Atlântico leve 12 dias, 5 a mais do que o prazo de embarcações similares a motor mas com a vantagem ambiental de 90% na redução de poluentes. O projeto é bastante complexo e envolveu pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Estocolmo. O governo sueco investiu 2,6 milhões até o momento e um modelo em escala reduzida já foi testado no mar. A emissão de poluentes por parte de barcos de carga não é muito debatida, mas é um problema grave que precisa de soluções sustentáveis. Estudos a rmam que 47 navios de carga podem emitir mais poluentes na atmosfera do que todos os veículos da Europa. https://youtu.be/VFGkbHqm.
CIÊNCIA 7
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Nasa publica foto de Marte e Lua feita por brasileiros
Nasa encontra novas evidências de gelo fresco em Encélado Pesquisadores encontraram indícios de atividade geológica no hemisfério norte do satélite natural, que tem potencial para abrigar vida
DAVID DUARTE/ROMUALDO CALDAS
DIVULGAÇÃO/NASA/JPL/ESA/SSI
Lua e Marte
momento nal da ocultação. Na noite da ocultação, David e Romualdo participaram também de uma transmissão ao vivo organizada pelo Observatório Nacional. No exato momento em que a Lua entrava em frente ao Planeta Vermelho, espessas nuvens encobriram a cidade de Maceió, onde eles estavam. Felizmente o tempo abriu e permitiu, não só que eles registrassem a imagem, mas também transmitissem ao vivo o momento, com toda a emoção que se tem direito. No vídeo abaixo, é possível vêlo a partir das 2h33min. Notem também que, diante daquela maravilhosa visão, um dos convidados sugere que eles deveriam enviar a foto para o APOD. (NÃO COLOCAR ESSA PARTE NO JORNAL) O Astronomy Picture Of Day (APOD), ou Foto Astronômica do Dia em tradução livre, tratase de uma das seções mais acessadas do site da Nasa, que desde 1995 publica, a cada dia, uma foto diferente do universo, com uma breve descrição feita por um astrônomo pro ssional da agência espacial. As fotos publicadas no APOD são encontradas na web e/ou enviadas por fotógrafos de todo o mundo. A escolha também ca por conta dos astrônomos e especialistas da agência. No último dia 11, a Nasa publicou como Foto Astronômica do Dia, o incrível registro feito por Duarte e Caldas, com o título "O Reaparecimento de Marte" e acomp an hado d a s eguinte descrição: "Marte reaparece logo
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
BOB BEHNKEN
além do limbo escuro da Lua nesse empilhamento de nítidos quadros de vídeo capturados em 6 de setembro. É claro que, para reaparecer, primeiramente ele teve que desaparecer. Isso aconteceu mais de uma hora antes, quando a borda iluminada sul da Lua minguante passou em frente ao Planeta Vermelho, para observadores de Maceió, Brasil. A ocultação lunar ocorreu quando a Lua estava perto do apogeu, a cerca de 400 mil quilômetros de distância. Marte estava quase 180 vezes mais distante. Foi a quarta ocultação lunar de Marte visível a partir da Terra em 2020. Foi visível de algumas latitudes ao sul, a quinta ocultação lunar de Marte em 2020 ocorrerá em 3 de outubro, quando a Lua e Marte estão ambos quase opostos ao Sol no céu do planeta Terra", dizia o texto. O "empilhamento de quadros de vídeo" citados na explanação, diz respeito à técnica utilizada p or D u ar te e C a ld as p ara captação de imagens lunares e planetárias, que consiste na gravação de um vídeo curto da cena e posterior empilhamento dos quadros para obtenção de uma imagem de maior qualidade e de nição. A técnica permite descartar os quadros com menor qualidade, reduzir signi cativamente o ruído e obter imagens nais com maior nitidez, além de, eventualmente, conquistar o reconhecimento dos astrônomos da maior agência espacial do planeta.
PRECISÃO
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Pesquisa diz que espinossauros viviam na água há 100 milhões de anos Em abril, uma pesquisa publicada na Nature apresentou evidências de que os espinossauros podiam viver em ambientes aquáticos — algo i nov a d or, p ois , até e nt ã o, acreditava-se que os dinossauros eram apenas terrestres. Agora, uma análise dos dentes desses animais apresentou novas provas de que, há 100 milhões de anos, o Spinosaurus aegyptiacus de fato vivia na água. O novo estudo, liderado pela Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, foi conduzido por parte dos cientistas que p a r t i c ip a r a m d a pr i m e i r a pesquisa e foi compartilhado na edição de agosto da Cretaceous Research. Eles analisaram fósseis encontrados no sistema do rio Kem Kem, que uía pelo deserto do Saara, onde hoje é a fronteira entre Argélia e Marrocos.
Os estudiosos contam que coletaram 1,2 mil dentes na região, dos quais 45% pertenceram a espinossauros. Segundo eles, os dentes desses DAVIDE BONADONNA
Após ser ocultado pela Lua, Marte surge por trás do limbo escuro do nosso satélite natural. O Planeta Vermelho exibe f ant á st i c a s fe i ç õ e s d e su a superfície que inspirou astrônomos e escritores de cção cientí ca no século XX. E a Lua, suas belas crateras iluminadas lateralmente pela luz do sol, destacando toda profundidade do próprio relevo. Tudo isso com incrível nitidez e de nição de cores que nos faz indagar: qual telescópio espacial teria feito essa foto? A resposta parece ser ainda mais surpreendente. A foto foi feita por dois astrônomos amadores brasileiros, de Maceió (AL). Pa r a o s a c i o n a d o s p o r astronomia de boa parte do Brasil, a noite de 5 para 6 de setembro de 2020 foi especial. Nessa noite ocorreu um fenômeno astronômico raro, a ocultação do planeta Marte pela Lua. Tal fato só ocorre quando os dois astros estão em perfeito alinhamento com a Terra, o que é raro. Quando acontece, é visível apenas em uma parte do planeta. E, apesar do fenômeno se repetir outras quatro vezes em 2020, apenas uma dessas ocultações poderia ser vista a partir de Alagoas. Foi por isso que David Duarte e Romualdo Caldas, do Centro de E s tu d o s As t ron ôm i c o s d e A l ago a s , pre p ar ar am s e u s equipamentos com bastante antecedência para tentar registrar esse momento único. E como resultado, conseguiram fazer uma foto simplesmente fantástica do momento em que Marte surgiu por trás da Lua, no
separou em diferentes comprimentos de onda, o que permitiu que os pesquisadores analisassem a composição dos materiais que a re etiam. Com essas informações e as imagens capturadas pela Cassini, foi possível fazer um novo mapa espectral da Encélado. Ele mostra que sinais infravermelhos no hemisfério norte da lua se relacionam com o lançamento de nuvens de grãos
A partir de imagens inf raver mel has que foram coletadas pela missão Cassini, a Nasa pôde encontrar evidências d e q u e h á g e l o f re s c o n o hemisfério norte de Encélado, lua de Saturno que tem potencial para abrigar vida. De acordo com um comunicado da agência espacial americana, o gelo pode ter ressurgido do interior do satélite natural; debaixo de sua crosta gelada, Encélado possui um oceano que provavelmente é aquecido e agitado por fontes hidrotermais como as que existem no fundo dos mares da Terra. A nova descoberta foi possível graças ao Espectrômetro de Map eamento Visual e Infravermelho (VIMS, na sigla em inglês) da Cassini, que coletou a luz re etida de Saturno, dos seus anéis e de suas dez principais luas geladas e a
de gelo e de vapor que já havia sido identi cado no polo sul dela, onde a superfície apresenta "listras de tigre". "O infravermelho nos mostra que a superfície do polo sul é jovem — o que não é surpresa, porque sabíamos dos jatos de material gelado que são lançados ali", disse Gabriel Tobie, cientista do VIMS da Universidade de Nantes na França e coautor da nova pesquisa, que foi publicada no Icarus. "Agora, graças a esses olhos infravermelhos, você pode voltar no tempo e dizer que uma grande região no hemisfério norte também parece jovem e provavelmente estava ativa há pouco tempo, em linhas de tempo geológicas". A Cassini foi enviada ao espaço em 1997, e entrou em órbita de Saturno em 2004. Sua missão foi encerrada em setembro de 2017, quando a Nasa lançou a espaçonave na atmosfera de Saturno.
animais têm uma superfície distinta e uma seção transversal lisa e arredondada que cintila quando segurada contra a luz. "A abundância de dentes de Spinosaurus em relação a outros dinossauros é um re exo de seu estilo de vida aquático", a rmou
David Martill, um dos cientistas, em declaração. "Um animal que vive grande parte de sua vida na água tem muito mais probabilidade de contribuir com dentes para o depósito do rio do que aqueles dinossauros que talvez apenas visitaram o rio para beber e se alimentar ao longo de suas margens". Os espinossauros eram um tanto grandes: pesavam aproximadamente seis toneladas, tinham 15 metros de comprimento e chegavam a sete metros de altura. "A partir dessa pesquisa, podemos con rmar esse local como o lugar onde esse gigantesco dinossauro não apenas viveu, mas também morreu", disse Martill. "Os re su lt a d o s s ã o tot a l me nte consistentes com a ideia de que [esses animais eram] verdadeiros 'monstros do rio'".
8 BEM-ESTAR
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GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
Estudo diz que felicidade tem a ver Quibe assado com o que fazemos, não com quem estamos Nutricionista - CRN:14100665
PANELINHA
ISTOCK
Q
uibe bom é quibe com recheio soltinho — nada de tijolão! Pode servir quente, frio e até congelar. Dica: não deixe de lado o tahine, tá? O molho faz toda a diferença. Quem nunca ouviu alguém dizer que a família é a coisa mais importante que temos na vida? Mas estar com ela não signi ca, necessariamente, que estamos tendo momentos prazerosos e felizes o tempo todo. Essa foi a conclusão de um novo estudo realizado pela Southern Methodist University ( Un i v e r s i d a d e M e t o d i s t a M e r i d i o n a l , d o s E UA ) e publicado no Journal of Personality and Social Psychology. Responsável pela pesquisa, o professor de psicologia Nathan Hu d s on d e s c o br iu qu e a s pessoas têm níveis mais altos de bem-estar quando estão na presença de amigos, e não de seus companheiros ou lhos, por exemplo. Isso porque, com os amigos podemos ter um happy hour depois de um dia de trabalho intenso, um churrasco no nal de semana, uma pelada no campo e por aí vai. Por outro lado, a presença da
família vem acompanhada de afazeres domésticos chatos do dia a dia, como cozinhar, lavar roupa, limpar a casa, entre outros. E, com isso, temos menos des cont raç ão, p ass eios e momentos agradáveis. Ou seja, segundo a pesquisa, não é melhor estarmos com os amigos, mas sim o que fazemos quando estamos com eles. Os resultados mostraram que as atividades que as pessoas realizam com mais frequência quando estão com seus companheiros incluem socializar, relaxar e comer. E as pessoas também tendem a realizar atividades semelhantes quando estão com os amigos. No entanto, o estudo concluiu que eles fazem muito mais atividades agradáveis enquanto estão com os amigos e muito menos tarefas domésticas, que são feitas apenas por obrigação. Por exemplo, 65% das experiências com amigos envolveram socialização, mas
apenas 28% do tempo compartilhado com parceiros. Passar tempo com os lhos também signi cava mais tempo fazendo coisas que tinham uma associação negativa, sobretudo trabalho doméstico e deslocamento. Mesmo assim, as atividades frequentes com os lhos foram vistas de forma positiva. No geral, as pessoas relataram sentir níveis semelhantes de bem-estar na presença de amigos, parceiros e lhos, uma vez que a atividade foi retirada da equação. "É importante criar oportunidades para experiências positivas com parceiros românticos e lhos, e realmente s a b o r e a r e s s e s m o m e nt o s positivos. Em contraste, os relacionamentos familiares que envolvem nada além de tarefas domésticas e cuidados com os lhos provavelmente não irão prever muita felicidade", alerta Hudson.
Conheça os benefícios da manga Além de deliciosa, a fruta tem muitos nutrientes e traz benefícios para a saúde ISTOCK
A manga tem origem na
Índia. O primeiro cultivo
de mangueiras de que se
muito bem e espremer o trigo. Misturar os demais ingredientes, se preferir passe por um moedor ou processador antes de assar.
Estender em uma travessa e passar por cima azeite de oliva. O prato leva 20 minutos para car pronto. Fonte: TudoGostoso
Ingredientes 1 kg de carne moída 500 g de trigo para quibe 2 cebolas picadinhas 1 tomate picado sem sementes Hortelã picadinha a gosto Sal Pimenta-do-reino 2 colheres de azeite de oliva Modo de Preparo Deixar o trigo para quibe de molho por três horas. Escorrer
tem notícia é atribuído ao i m p e r a d o r A k b a r, n o século XVI, que plantou milhares de pés de manga às margens do Himalaia. D es de ent ão, a f r ut a conquistou o mundo e as mangueiras são muito comuns em diversas regiões de temperatura elevada do planeta. São árvores grandes, que têm em média de 10 a 20 metros de altura. Os frutos são doces e, além de muito gostosos, são nutritivos e fazem bem para saúde. Os terapeutas da Ayurveda usam, inclusive, o caroço como ingrediente
(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020
de receitas para ajudar a combater problemas i nte st i nais , u r i nár i o s , in amações e outros transtornos. Na Índia, a manga é conhecida por fazer bem ao coração, combater hemorroidas, anemia e melhorar o funcionamento do fígado. Além destas propriedades, a fruta traz muitos benefícios à saúde como: fortalece os ossos, graças à presença de magnésio, potássio e cálcio, ajudando a prevenir osteoporose e câimbras; é excelente para pele, olhos e mucosas, pela presença do betacaroteno,
el e me nto qu e aju d a a combater radicais livres; as enzimas da manga ajudam o nosso corpo a absorver nutrientes, o que faz da fruta uma ótima opção para pessoas com problemas digestivos; fortalece o sistema imunológico por seu alto índice de vitaminas e minerais, sendo um bom antioxidante para prevenir e combater enfermidades; tem uma boa quantidade de bras, ajudando a prevenir problemas intestinais; reduz o colesterol negativo e protege o sistema circulatório.
SAÚDE 9
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Doenças com alta prevalência no Brasil, mas que pouca gente conhece Todas graves e com tratamento, algumas dessas doenças podem ser curadas — desde que sejam identificadas MIX AND MATCH STUDIO/PEXELS
Na epidemiologia, prevalência é a medida da quantidade de indivíduos que contraem uma doença em determinado período de tempo. É um indicador complementar à incidência, que mede a quantidade de novos casos em um período de tempo. Os dois indicadores não necessariamente se acompanham: existem doenças de alta prevalência e baixa incidência (doenças crônicas como a diabetes, que afetam poucas pessoas, mas por muito tempo) e de alta incidência e baixa prevalência (o resfriado comum). Doenças comuns, com tratamentos conhecidos, podem apresentar altas taxas de incidência e prevalência. Isso acontece principalmente em locais e comunidades pobres, onde as condições de saneamento e o acesso à saúde são precários. São doenças como a hanseníase, causada por uma bactéria que causa lesões na pele e nos ner vos. Ou as geohelmintíases — os parasitas intestinais. Ambas têm cura, mas ainda afetam populações carentes. Desde sua criação em 2003, a Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS) do Ministério da Saúde tem buscado combater as doenças transmissíveis com potencial epidêmico — que apresentam alta incidência e alta prevalência em determinadas regiões. Selecionamos cinco doenças de alta prevalência no Brasil, mas que pouca gente conhece. Glaucoma O glaucoma atinge mais de 150 mil brasileiros por ano. É uma doença ocular que afeta as células da retina, levando à perda de visão gradativa e à cegueira. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a segunda maior causa da perda de visão no mundo, atrás apenas da catarata. O glaucoma não tem cura, mas o diagnóstico precoce e o tratamento podem retardar seus efeitos. Apesar de preocupante, ainda é uma doença pouco c on h e c i d a n o Br a s i l : u m a pesquisa com 2,7 mil internautas feita por uma indústria farmacêutica apontou que 41% não sabem o que é glaucoma e 53% desconhecem que ela causa cegueira irreversível. Doença falciforme Considerada a condição
hereditária mais comum no Brasil, a doença falciforme atinge sete milhões de brasileiros, com 3,5 mil casos novos a cada ano, segundo o Ministério da Saúde. Trata-se de um distúrbio que faz com que os glóbulos vermelhos — responsáveis por transportar oxigênio no sangue — quem deformados e se rompam. Isso causa anemia, fadiga, dores, infecções, alterações nas funções de órgãos e pode levar à morte precoce. A doença não tem cura, mas existem tratamentos que ajudam a lidar com os sintomas dela. Febre maculosa A febre maculosa é uma doença bacteriana transmitida pela
picada de carrapatos. Atinge cerca de 15 mil pessoas por ano no Brasil. É muito comum em áreas de Mata Atlântica nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, mas tem incidência em todas as reg iõ es. A febre mac u los a costuma acometer pessoas que têm exposição aos carrapatos p el o c ont ato c om an i mais domésticos ou silvestres ou que frequentam ambiente de mata, rio ou cachoeira. O período de maior incidência é outubro, quando há maior densidade de larvas. Além dos sintomas da febre, pode provocar erupções na pele na área da picada. É tratada com antibiótico, mas também é uma doença crítica, que pode matar.
Tracoma O tracoma é a principal causa evitável de cegueira no mundo. Tr a t a - s e d e u m t i p o d e conjuntivite — uma in amação ocular — causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. É uma doença associada a condições precárias de saneamento e higiene. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a doença é responsável por danos na visão de 1,9 milhão de pessoas, das qu ai s 4 5 0 m i l apre s e nt am cegueira irreversível. É contagiosa por contato físico e é suscetível à reinfecção. É curável, e o tratamento é gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS) mediante prescrição médica.
Esquistossomose Segundo o Boletim Epidemiológico Especial de setembro de 2019 da SVS, “a esquistossomose ainda é um importante problema de saúde pública no Brasil”. Ainda de acordo com o documento, em 2015, aproximadamente 1,5 milhão de pessoas poderiam est ar cont aminadas com a doença no Brasil. Trata-se de uma infecção parasitária provocada por vermes de água doce. O mais comum é que ela seja transmitida por caramujos a qu át i c o s . In i c i a l m e nte, é assintomática, mas o quadro pode evoluir para febre, dor de cabeça, diarreia na fase aguda, tonturas, palpitações, impotência, emagrecimento e in amação no fígado e no baço. Se não tratada, pode levar à morte. Por causa da perda de peso e do inchaço nos órgãos internos, a esquistossomose é popularmente conhecida como “barriga d'água”. Os casos simples têm tratamento com medicação, já os graves podem necessitar internação e inter venção cirúrgica.
SUS completa 30 anos com conquistas e desafios Entre os desafios estão a oferta de serviços e a parte financeira Reconhecido como um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, o Sistema Único de Saúde (SUS) completou, no último sábado (19), 30 anos. Na avaliação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o SUS se tornou essencial. "Não existe outra saída para o nosso País com relação à saúde, que não seja o Sistema Único de Saúde forte e e ciente", disse. Os próximos 20 anos, acrescentou, já estão em elaboração pela pasta. "Estamos montando ações estruturantes com projetos estratégicos em todas as áreas, como Saúde Digital, Projeto Genoma, entre outras, que estão sendo nalizadas", disse o ministro. Na avaliação do ministério, c om a p an d e m i a d o n ov o c oron av í r u s ( c ov i d - 1 9 ) , é possível constatar a força e importância do SUS, que atende
cerca de 70% da população. Sob a gestão e união dos três entes — governo federal, estados e municípios — a pasta diz que foi possível garantir assistência aos pacientes infectados pela covid19 e o atendimento daqueles que necessitam de tratamentos especializados. O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, faz ressalvas sobre o enfrentamento da atual pandemia. Para ele, a resposta do SUS foi “de razoável para boa”. O médico exaltou o fato de muitos hospitais terem sido reequipados e as equipes de saúde recompostas nos últimos meses, mas levantou dúvidas se esses ganhos serão mantidos ou se voltarão ao estágio prépandemia. Fernandes acrescentou que a resposta poderia ter sido mais e ciente se a atenção básica não
tivesse perdido investimentos ao longo dos últimos anos. “Nesse período de pandemia, os pro ssionais estariam mais preparados para dar o primeiro atendimento e uma ltragem correta desses casos, não haveria necessidade dessa ida em massa para os serviços hospitalares”, avaliou. Entre os grandes desa os do SUS, na avaliação do próprio Ministério da Saúde, estão a oferta de serviços e a parte nanceira. Em meio à demanda sempre crescente, especialistas da pasta admitem que o serviço precisa ser e ciente para atender em quantidade adequada e em tempo oportuno todas essas demandas e necessidades. Eles acreditam ainda que os recursos também precisam ser distribuídos de forma a alcançar o melhor resultado possível. Alvo frequente de desvios por
fraudadores, a responsabilidade c om o s re c u r s o s pú b l i c o s também são desa adores. "Precisamos ter efetividade, transparência e responsabilidade pelo recurso público, pois não estamos falando de dinheiro, estamos falando da saúde das pessoas", defende o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Sobre a e ciência do SUS, o presidente da Associação Médica avaliou que, em 30 anos de existência, o sistema público de s aú d e c o n s e g u i u o f e r e c e r s er viços de excelência em algumas áreas, mas ainda sofre com a precarização. Na avaliação
do médico, é preciso investir mais na carreira dos pro ssionais de saúde e na atenção básica. “Nós não podemos car apenas com essas ilhas de excelência em grandes centros, grandes capitais e regiões mais desenvolvidas. Nós temos que interiorizar o SUS”, defende Fernandes, ao falar dos desa os que a saúde pública ainda tem que enfrentar no País. As unidades básicas de saúde e os médicos da família têm que ser também um dos focos dessa expansão, disse César Fernandes. “O que tem que ser fortalecido Brasil afora são as unidades básicas de saúde. É ali que o
paciente chega, que se faz o pr imeiro atendimento, o diagnóstico e que se começa o tratamento”, destacou. O médico ressalta a importância de também haver i nve s t i m e nt o s n a c ar re i r a pública da classe. “A nossa questão não é falta de médicos, é construir possibilidades para que o jovem médico, bem formado, tenha atratividade para ir para os pequenos centros e as cidades mais longínquas. Temos que criar a gura do médico de Estado, assim como tem a c a r r e i r a n o J u d i c i á r i o”, exempli cou.
10 GERAL
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Depressão e ansiedade maternas influenciam nos batimentos cardíacos de bebês Cientistas de universidades alemãs investigaram como transtornos de saúde mental das mães podem impactar o sistema de estresse das crianças Uma nova pesquisa mostra que, quando submetidos a um teste de estresse, os bebês de mães ansiosas ou com depressão demonstram sinais de estresse mais fortes do que bebês de mães sem esses transtornos de saúde mental. Esses bebês apresentam um aumento da frequência cardíaca, o que os cientistas temem que possa levar a tensões emocionais mais persistentes conforme a criança cresce. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Heidelberg, da Universidade Munique e da Universidade de Mannheim, da Alemanha. Já se sabe que a interação dos bebês com suas mães desempenha um papel importantíssimo no desenvolvimento dos pequenos,
principalmente nos primeiros meses de vida deles. No entanto,
regular o afeto negativo das suas crianças. Estima-se que de 10% a KEVIN LIANG/UNSPLASH
algumas mães — especialmente às que apresentam distúrbios de h u m o r, c o m o d e p r e s s ã o , ansiedade e depressão pós-parto — podem ter di culdade para
20% das mães apresentem algum desses distúrbios durante a gravidez ou após darem à luz. No estudo, cientistas re zeram o chamado "Teste de Face
Parada", que foi aplicado pela primeira vez na década de 1970. Nele, mães tinham que interagir de forma alegre com seus bebês e, depois, passar um período paradas, como se estivessem ignorando os pequenos, antes de retomarem o contato normal. Durante esta segunda fase, os bebês mostraram maior irritabilidade, bem como uma redução do engajamento social. Os pesquisadores alemães analisaram 50 mães e os bebês delas na nova pesquisa. Desse total, 20 mães tiveram depressão ou transtornos de ansiedade na época do nascimento do bebê e as outras 30 não apresentavam transtornos de saúde mental. Os resultados mostraram que os bebês “ignorados” por mães ansiosas ou deprimidas tiveram
um aumento na frequência cardíaca de, em média, oito batimentos por minuto a mais do que as crianças do outro grupo de mães. Esses bebês também foram classi cados por suas mães como tendo um temperamento mais difícil do que o dos outros bebês. "Até onde sabemos, essa é uma das primeiras vezes que esse efeito físico foi observado em bebês de três meses. Isso pode ser integrado a outros sistemas de estresse siológico, levando a problemas psicológicos", apontou o pesquisador Fabio Blanco-Dormond, da Universidade de Heidelberg, em c o mu n i c a d o. " E s s a é u m a descoberta preliminar, então precisamos repeti-la com uma amostragem maior para nos certi carmos de que os
resultados são consistentes. Esse é nosso próximo passo", acrescentou. Para Veerle Bergink, diretora do Programa de Saúde Mental da Mulher na Escola de Medicina Icahn em Monte Sinai, nos Estados Unidos, a pesquisa mostra a importância de diagnosticar e tratar transtornos depressivos e de ansiedade em novas mães. "Eles têm um impacto imediato no sistema de estresse do bebê", considerou a pesquisadora, que não participou do estudo. "Pesquisas anteriores mostraram [que crianças apresentavam] efeitos adversos dos distúrbios de humor no pós-parto tanto de curto prazo quanto de longo prazo".
Inmetro libera vendas de telhas que geram energia solar Tecnologia desenvolvida no Brasil gera 1,15 kWh por mês DIVULGAÇÃO/ETERNIT
O Inmetro concedeu à Eternit, fabricante de materiais de construção, certi cado para venda de telhas de concreto capazes de produzir energia. Com o certi cado, a empresa agora pode começar a comercializar o produto. Células fot ov o lt ai c a s i mp l ant a d a s diretamente sobre as telhas c ap t a m e n e r g i a s o l a r, substituindo os tradicionais painéis solares. As telhas solares são produzidas em Atibaia, no interior de São Paulo, na fábrica d a Té g u a S o l a r , m a r c a pertencente ao grupo da Eternit. Apesar de a produção já estar acontecendo, apenas alguns clientes escolhidos pela empresa re c e b e m o m at e r i a l n e s t e momento, visto que a Eternit ainda não podia vender as telhas. A expectativa da companhia é começar a distribuição ao grande público em meados de
2021. A empresa estima que o uso de sua tecnologia reduza o custo de um sistema de energia solar em até 20%. Cada telha tem dimensão de 36,5 cm por 47,5 cm e potência de 9,16 Watts. O sistema tem uma capacidade média mensal de produzir 1,15 kWh. Com isso, o investimento deve levar entre três e cinco anos para se pagar totalmente. S e g u n d o a Et e r n i t , u m a residência pequena precisa de cerca de 150 telhas, enquanto casas maiores devem utilizar cerca de 600 telhas solares. O restante do telhado pode ser feito com telhas comuns. Feito no Brasil A fabricação de equipamentos de energia solar tem gerado diversos debates na indústria nacional. Alguns entendem que a pro du ç ã o n a c i on a l ge r a
(27) 3337-2008
b e ne f í c i o s p ar a a industrialização do país, enquanto outro grupo prefere abrir o mercado e deixar a e ciência e qualidade dos produtos de nir qual fabricante se sairá melhor. O tema voltou a ser discutido
após o Governo Federal decidir pela isenção da tarifa de importação para mais de 100 tipos de equipamentos fotovoltaicos, incluindo diversos módulos (painéis solares). Assim que a decisão foi anunciada, a indústria nacional
se posicionou de forma contrária ao incentivo. Brasil zera impostos de importação para equipamentos de energia solar
Em edição do Diário O cial da União, o governo brasileiro incluiu equipamentos de energia solar em lista de bens de capital que tiveram impostos de importação zerados até o m de 2021. A decisão foi tomada para impulsionar os negócios no momento em que o real está desvalorizado e, dessa forma, aumenta o custo dos componentes que dependem de importação. A Câmara de Comércio Exterior (Camex), do Ministério da Economia, colocou os itens em uma lista de “ex-tarifários”, incluindo módulos fotovoltaicos para energia solar, inversores, os “trackers” (usados para os painéis acompanharem o movimento do Sol) e outros acessórios. Entre os módulos solares, estão os monocristalinos e os bifaciais. Bombas para o líquido de irrigação também tiveram os impostos zerados.
COMPORTAMENTO 11
16 A 23 DE SETEMBRO DE 2020
Adoção de pets é uma tendência no Brasil, aponta pesquisa De acordo com estudo, 33% dos cães e 59% dos gatos que moram nos lares brasileiros foram adotados, o que se deve à mudança de comportamento da população
Masculinidade tóxica afeta a saúde e o bemestar dos homens Ideais nocivos em torno da masculinidade levam homens a ficarem mais isolados conforme envelhecem; o que tem um efeito negativo na saúde mental deles
MANUEL MEZA/UNSPLASH
O Instituto H2R, a pedido da Comissão de Animais de Companhia (Comac), realizou uma pesquisa em todo o Brasil com o objetivo de identi car a presença de cães e gatos nas casas e analisar o comportamento de seus tutores. Os resultados revelam o per l daqueles que têm um animal de estimação. A primeira etapa focou em dados quantitativos e envolveu 2.002 pessoas de todas as regiões do Brasil. Nessa parte, o estudo mostrou que mais da metade dos domicílios (53%) possui cães e/ou gatos. Desses lares, 44% dos entrevistados escolheram os cachorros como companheiros e 21% optaram pelos gatos. Em relação às raças de cachorro, 42% dos respondentes têm um SRD — ou seja, um viralata— e 53% escolheram uma raça especí ca, como Pinscher
(20%), Poodle (14%) e Shih-Tzu (9%). Já entre os donos de gatos, 62% têm um companheiro SRD e 22% têm um animal de raça. Destes últimos, 67% preferem o Siamês. A segunda fase da pesquisa, que entrevistou 1.509 pessoas, teve como eixo a análise comportamental dos participantes. Nela, o dado mais expressivo foi o da adoção de pets, mostrando que ela é uma tendência entre os brasileiros. Dos 33% que adotaram um cão, 17% encontraram o bichinho abandonado, 9% participaram de feiras de adoção, 5% adotaram de conhecidos e 2% tiveram contato com ONGs. E dos 59% que adotaram um gato, 44% resgataram um felino abandonado, 9% participaram de feiras de adoção, 3% adotaram de conhecidos e outros 3%
escolheram seus amigos em ONGs. Par a L e on ard o Br an d ã o, coordenador da Comac, isso o c o r r e p o r c au s a d e u m a mudança de comportamento da população. "O relacionamento das pessoas com os animais vem se intensi cando ao longo do tempo. As pessoas estão tratando pets como membros da família", a rma à Galileu. "Isso ajuda a abrir os olhos dos indivíduos para esses canais de adoção". Por meio de agrupamento, o estudo também de niu três per s distintos daqueles que têm um animal de estimação com base em aspectos emocionais. O primeiro deles é o "pet lover", que representa 55% dos donos de animais. Neste grupo, há a predominância de mulheres (69%) e famílias com lhos (67%). São os indivíduos que se identi cam como pais e mães de pet. Já o segundo grupo é o de "amigo dos pets" (21%), em que há maior número de mulheres (57%), pessoas casadas (67%) e indivíduos com lhos pequenos (26%). Por m, há o grupo chamado "desapegado" (24%) — segmento com maior proporção de homens (56%) em que os tutores são pragmáticos e levam seus animais ao veterinário apenas em emergências.
Em média, síndrome de burnout afeta trabalhadores aos 32 anos Uma nova pesquisa conduzida pela empresa britânica e Office Group com dois mil adultos indica que, atualmente, o trabalhador médio vivencia a Síndrome de Burnout aos 32 anos. O distúrbio é caracterizado pelo desgaste intenso da pessoa por conta do trabalho que a leva a ter um colapso tanto mental quanto físico. Ao to do, um terço dos entrevistados admite que sentiu que simplesmente não poderia continuar trabalhando devido ao estresse ou à exaustão em algum momento de suas carreiras. Mais da metade das pessoas (52%) a rmaram que o esgotamento ocorre porque tentam fazer muitas tarefas e 58% do grupo acredita que suas horas de trabalho normais são muito longas. Além disso, 39% dos participantes acreditam não tirar dias de folga su cientes e 47% sentem que devem estar sempre "ligados" durante o trabalho. Quase dois em cada cinco trabalhadores (37%) sentem que há pressão para constantemente fazer trabalho extra.
Pouco menos da metade dos entrevistados que lutam contra a Síndrome de Burnout abandonaram o emprego devido à exaustão. Outros 29% considerariam pelo menos tirar uma licença não remunerada na próxima vez que se sentirem particularmente estressados. Desde o início da pandemia de Covid-19, com a implementação do home office em várias empresas, 59% dos entrevistados disseram que começaram a trabalhar mais horas. Em média, o trabalhador remoto realizou 59 horas extras de trabalho, o que equivale a cerca de sete dias completos adicionais de trabalho nos últimos cinco meses. "Com quase um terço das pessoas dizendo que o distanciamento social as aproximou do esgotamento, não há dúvida de que a pandemia teve um grande impacto na saúde mental coletiva da nação", disse a psiquiatra Sarah Vohra, segundo o Study Finds. "As empresas devem se proteger contra elementos que possam causar estresse e ansiedade e, olhando para o futuro, devem
fazer mudanças robustas para garantir que os funcionários estejam protegidos, especialmente em tempos de incerteza". Um em cada três entrevistados para a pesquisa culpa diretamente o distanciamento s o c i a l p or c ont a d o n ovo coronavírus por seus sentimentos atuais de exaustão e esgotamento. Quando solicitados a explicar exatamente por que esse período foi tão difícil, 31% dizem que se sentem obrigados a trabalhar mais porque o escritório agora é sua casa e 27% dizem estar perdendo as conexões sociais dos escritórios tradicionais. Em geral, 60% dos entrevistados dizem que a necessidade de estar "sempre ligado" é a principal responsável por seu esgotamento. Quanto às formas de combater a Síndrome de Burnout, 20% dos trabalhadores a rmam praticar meditação e/ou ioga para relaxar quando não estão trabalhando, e 22% desejam que seu empregador ofereça aulas de mindfulness e bem-estar.
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As necessidades sociais dos h om e ns s ã o afe t a d a s p e l a masculinidade tóxica — um conjunto de estereótipos nocivos em torno da masculinidade, como o de que homens devem ser fortes, independentes e durões. A conclusão é de um novo estudo divulgado na publicação cientí ca Sex Roles. De acordo com a pesquisa, homens que apoiam uma concepção negativa da masculinidade podem acabar se isolando conforme envelhecem, o que impacta na saúde, no bemestar e na felicidade deles. Quando se deparam com problemas de saúde ou nanceiros, por exemplo, eles podem sentir que não têm ninguém com quem se abrir. " Te r p e s s o a s c o m q u e m podemos falar sobre questões pessoais é uma forma de apoio social. Se as pessoas só têm um indivíduo com quem podem compartilhar informações — ou, às vezes, não têm ninguém — elas não têm uma oportunidade de re etir e compartilhar", explica em um comunicado Stef S h u s t e r, q u e l e c i o n a n a Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, e conduziu o estudo. A pesquisa envolveu a análise de dados de 5.487 homens e mu l heres mais vel hos nos Estados Unidos. Cientistas perceberam que, em comparação com mulheres,
homens têm menor probabilidade de terem alguém como con dente e de terem esse tipo de relacionamento próximo tanto com familiares quanto com amigos. Além disso, quanto mais os homens apoiam a masculinidade hegemônica, menores eram as chances de eles terem con dentes. C eleste Campos-Castillo, coautora do estudo e professora associada do Departamento de Sociologia da Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos E s t a d o s Un i d o s , o b s e r v a : "Isolamento social é comum entre adultos que estão envelhecendo. Mudanças como aposentadoria, viuvez e mudança de casa podem atrapalhar as amizades existentes". De acordo com Stef Shuster, está na hora de estudar como a masculinidade tóxica é danosa p ar a o s própr i o s home ns . “Frequentemente, masculinidade tóxica é um termo que usamos para descrever como a masculinidade afeta outras pessoas, especialmente as mulheres”, disse. “Mas nosso estudo mostra como a masculinidade tóxica também tem consequências prejudiciais para os homens que seguem esses ideais. A própria premissa da masculinidade hegemônica, de certa forma, é baseada na ideia de isolamento, porque se trata de ser autônomo
e não demonstrar muita emoção. É difícil desenvolver amizades vivendo assim”. A questão é que quanto mais um homem segue os ideais de masculinidade tóxica, menores são as chances dele mudar sua visão de mundo e procurar ajuda. "Você pode mudar os pr i n c ípi o s i d e o l ó g i c o s d e alguém? Acho que isso é mais difícil de vender do que tentar fazer as pessoas acreditarem que o isolamento social é extremamente prejudicial à saúde", considera Shuster. “Trata-se de aprender a oferecer ferramentas para que as pessoas não quem socialmente isoladas e ajudá-las a desenvolver a capacidade de reconhecer que todas as formas do ser 'homem de verdade' que elas sustentam não vão funcionar para elas à medida que envelhecem”, aponta Shuster. O estudo é um dos primeiros a tratar a masculinidade como um espectro em vez de uma categor ia binár ia. "Muit as pesquisas de gênero são baseadas em binár ios simplist as de mulheres ou homens, feminino ou mas c ulino, s eja vo cê hegemonicamente masculino ou não. Por causa do conjunto de dados que estamos usando, nosso estudo realmente examina a masculinidade em um espectro", explica Shuster.
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12 OLHAR DE UMA LENTE
16 A 23 DE SETEMBRO DE 2020
HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
As mulheres e as políticas públicas N
há uma necessidade muito grande de empatia na política e que, apesar da desigualdade existente em números, elas podem, sim, fazer a diferença, podem
muitas vezes, essas famílias levam anos para conseguir uma consulta com esse pro ssional. Por esse motivo, estou na p ol ít i c a p ar a te nt ar mu d ar e ss a realidade. Defendo a sociedade como um todo”, pontua. Para a pedagoga Creuza Costa, formada pela Universidade Federal do ES (Ufes), o seu grande desa o é defender políticas na agricultura, na educação, no esporte e na saúde. “O produtor rural, quando dá entrada num p r o c e s s o, é d e s e s t i mu l a d o p e l a burocracia. Precisamos de mais técnicos na administração pública. Defender a agricultura signi ca defender o alimento da sua mesa. Sou do interior e sempre est ive à f rente de proj etos p ara produtores rurais. Em alguns municípios, menores até que a Serra, já existem associação conjunta que exporta e, aqui, a gente não vê isso. A saúde precisa de mais tecnologia, estamos
tempo integral. Nós, mulheres, temos um coração mais humano do que os homens, temos mais sensibilidade de olhar o próximo e sentir suas dores.
HAROLDO CORDEIRO FILHO
o Brasil, segundo dados da Pe s qu is a Na c i ona l p or Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) 2019, o número de
da comunidade de Valparaíso; Nanci I b a n ê z , d a c o mu n i d a d e Pa r q u e Residencial Laranjeiras; Carol Feitosa, gestora em tecnologia Ambiental, da comunidade de Serra Dourada e Mara Reis, da comunidade de Carapina Grande. Apesar de não ter publicado os propósitos e as opiniões de todas as entrevistadas, cou claro e muito nítido que a mulher, na sua essência, deveria servir de exemplo para homens que se colocam acima da lei por arrogância, soberba e vasta mediocridade. A grande tela que retrata as injustiças sociais vividas por essas aguerridas mulheres só as fazem mais fortes, mais robustas e mais conscientes de seus propósitos a ponto de romper os obstáculos e preconceitos mais sombrios dessa caminhada, que terá como triunfo o reconhecimento de seus ideais. Por mais mulheres em todas as áreas da ATIVIDADEPARAEDUCACAO.COM
causas sociais, na política elas ainda não têm a representatividade devida o que, felizmente, vem mudando a cada eleição, com números cada vez maiores de candidatas. Na última sexta-feira (18), a coluna Olhar de uma Lente ouviu mulheres que mergulharam de cabeça na política para tentar mudar coisas e causas que, para elas, são injustas. Segundo Keila de Arruda Lírio Silva,
gestão pública e ex-líder comunitária da comunidade Jardim Bela Vista, muitas pessoas vivem à margem da sociedade devido à falta de políticas públicas que abracem a sociedade como um todo. “Nossos jovens estão ociosos, sem ocupação e com di culdade de se inserir no mercado de trabalho. O município tem a obrigação de oferecer espaços para a criação de cursos de capacitação e, na educação, dar ênfase nas escolas de
Precisamos conquistar o respeito e o espaço devido na política”, a rma. Rafaela Galileu Serri Costa, delegada da Federação das Associações de Moradores da Serra (Fams) e diretora da c omu n i d a d e d e B i c a n g a , s e d i z preocupada com um tema recorrente em todas as classes sociais: a violência doméstica. “A importância da mulher na política merece destaque pela sua sensibilidade. Temos um olhar social mais igualitário, estamos sempre acolhendo o próximo. Precisamos de mudanças nas leis de combate à violência contra a mulher e na violência doméstica. Nesse sentido, o município tem o dever de construir equipamentos preparados para acolher essas pessoas que sofrem essa violência e investir em projetos que previna esses fatos. Não podemos simplesmente remediar, temos que investir na educação (cursos, o cinas de artes). Precisamos gerar sonhos, ele impulsiona à coragem, só assim evitaremos essas atrocidades. Estou na política porque sonhei, impulsionei e idealizei algo, aproveito o momento para dizer que estou apenas começando essa jornada”, diz. Rita de Cássia da Silva, formada em pedagogia, disse ter entrado na política para defender um futuro das nossa crianças. “Trabalhei em alguns centros de educação infantil do município e pude observar a angústia das famílias nessa área e também na saúde. Algumas famílias tinham e continuam tendo di culdades em conseguir um neuropediatra para atendimento de suas crianças. São muitas crianças com dé cit de atenção, com necessidades especiais e,
TATI BELING
muito atrasados nesse quesito. A Serra precisa de um novo plano, um novo projeto que leve qualidade de vida à população”, cobra. A reportagem entrevistou também Vânia Parreira, da comunidade de Divinópolis; Adenilde Aguilar (A Mulher-Maravilha), comerciante de Central Carapina e moradora de São
sociedade. Exemplos de que elas sabem o que fazem não faltam como são a primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern; a chanceler alemã, Angela Merkel; Sophie Wilmès, primeiraministra da Bélgica; Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia; a primeira-ministra islandesa Katrín Jakobsdóttir e Mette Frederiksen,
Diogo; Elaine dos Santos (Elaine da Saúde), formada em administração e pós-graduada em Saúde Pública, da comunidade de Maringá; Rita Pimentel,
primeira-ministra da Dinamarca. Todas líderes de nações desenvolvidas e que mostraram competência no controle da pandemia de Covid-19.
PORTAL DBO
inovar e fazer melhorias para o desenvolvimento e crescimento do município, do Estado e do País. “O nosso município está carente, está na UTI, em todos os aspectos. Podemos pegar como exemplo o esporte, através dele a gente pode ter um turismo com qualidade, fazer de nossos jovens pessoas mais determinadas, focadas e disciplinadas. Existem três tipos de ciclistas, os esportistas, o que pedala por prazer e o trabalhador, que utiliza a bicicleta como veículo de transporte. Precisamos investir nas nossas ciclovias”, analisa. Para Nice Lopes Garcia, formada em
ELASE.COM.BR
mulheres é superior ao de homens. Sendo a população brasileira composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres. No entanto, essa superioridade numérica, não signi ca igualdade de gêneros. C u l t u r a l m e nt e , o p e n s a m e nt o machista no nosso País é inerente aos diversos aspectos da nossa sociedade, seja na economia, na política, na religião, na família, na mídia, nas artes e em tantos outros segmentos. Apesar de ser maioria nos bancos das faculdades, terem maior grau de escolaridade e serem mais sensíveis às
BRASIL 13
16 A 23 DE SETEMBRO DE 2020
A semana em Brasília S e no Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes
jornalfatosenoticias.es@gmail.com
WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO
LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO
MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO
E
Fabiano Contarato (Rede-ES) Queimadas no Pantanal
Eduardo Girão (Podemos-CE)
Chico Rodrigues (DEM-RR)
“O que está acontecendo no Pantanal é uma tragédia anunciada. O Brasil, com o acordo de Paris, se comprometeu a reduzir em até 80% o desmatamento na Amazônia, mas não é isso que está acontecendo. Ao contrário: aumentou o desmatamento em 145% no período de janeiro a agosto de 2019. Consequentemente, altera-se o clima e aumenta o número de queimadas. Por isso, acionamos o Supremo Tribunal Federal para que o governo cumpra imediatamente medidas de mitigação, de redução de danos. Também representamos junto ao Procurador-Geral da República para que apure a responsabilidade pela omissão do governo federal nesse crime ambiental de proporção inimaginável. Não tenho dúvida de que defender o meio ambiente é defender as vidas humanas que ainda estão por vir”.
Senadores pedem em manifesto que SUS distribua remédios à base de canabidiol
Projeto prevê parcelamento de dívidas trabalhistas em até 60 meses
O senador Eduardo Girão apresentou ao Ministério da Saúde na sexta-feira (18), um manifesto sugerindo que o Sistema Único de Saúde (SUS) inclua os remédios à base de canabidiol (CBD), uma das substâncias da maconha (Cannabis sativa), na lista de medicamentos fornecidos gratuitamente aos pacientes que fazem uso desses produtos em seus tratamentos. O uso do medicamento foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o custo ainda é muito elevado. Ele não é adquirido em farmácias convencionais. Quase sempre os pacientes precisam importar os remédios feitos com CBD ou adquiri-los de organizações voluntárias que manipulam a planta para extrair o óleo sem o devido respeito aos protocolos sanitários. “Reconhecemos as necessidades das famílias, o alto custo dos produtos importados e, em alternativa ao enorme risco da permissão do plantio e o cultivo da Cannabis no território brasileiro, por isso pedimos a distribuição do medicamento a base de canabidiol pelo SUS”, disse o senador via Twitter.
O senador Chico Rodrigues apresentou ao Senado um projeto (PL 4.552/2020) para dar aos empresários a possibilidade de dividir em até 60 meses o pagamento de dívidas trabalhistas, caso a execução for iniciada durante a vigência do estado de calamidade pública causado pela pandemia de coronavírus (ou seja, de 20 de março até 31 de dezembro de 2020), ou até dez meses após seu término. O texto especi ca que cada uma das parcelas deve ter o valor mínimo de um salário mínimo (hoje em R$ 1.045). Sobre o valor parcelado, incidirá correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). E caso haja o at r a s o n o p a g a m e nt o d e d u a s p a rc e l a s consecutivas, ocorrerá o vencimento antecipado do restante da dívida, acrescida de multa de 20% sobre as parcelas em atraso. "Meu objetivo é permitir a sobrevivência das empresas cujas nanças foram severamente atingidas pela pandemia e, também, garantir o pagamento das causas trabalhistas. A proposta possibilita a sobrevivência das empresas, em especial das microempresas, que são intensivas em mão de obra", explica o senador.
PANTANAL CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MS
Os aviões agrícolas poderão ser usados no combate a incêndios orestais. É o que prevê o PL 4.629/2020, apresentado pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT). O projeto altera a lei que trata da proteção à vegetação nativa (Lei 12.651, de 2012) para estabelecer que os planos de contingência para o combate aos incêndios orestais dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) deverão conter diretrizes para o uso da aviação agrícola no combate a incêndios em campos ou orestas. Fávaro é um dos membros suplentes da comissão especial externa que vai acompanhar as ações de enfrentamento aos incêndios na região do Pantanal. Ele se mostra muito preocupado com a situação das queimadas na região e lembra que, conforme um relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no último dia 14, os incêndios na área do Pantanal aumentaram 208% neste ano na comparação com o mesmo período de 2019. O senador ainda destaca que os incêndios orestais que assolam o Brasil — na Amazônia, no Pantanal e na Mata Atlântica — constituem grave ameaça para a biodiversidade, para a estabilidade climática, para a saúde da população e para a economia do país. Segundo Fávaro, “a alma brasileira está queimando” junto com o bioma do Centro-Oeste.
14 GERAL
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No futuro, pode haver pandemia da saú de mental Pesquisa realizada por consultoria aponta que 73% dos 400 brasileiros entrevistados foram emocionalmente impactados pelo isolamento social REPRODUÇÃO/PIXABAY
Uma pesquisa divulgada este mês pela consultoria Conversion mostrou que 73% dos 400 brasileiros entrevistados foram emocionalmente impactados pelo isolamento social. O estresse foi o mais indicado por eles (42,5%), seguido por tédio (41,5%) e crise de ansiedade (33%). Uma brasiliense que optou por manter anonimato relata que o medo de sair de casa despertou a síndrome do pânico, quadro que ela não apresentava havia muitos anos. E a avalanche de notícias sobre o novo coronavírus tornaram-se gatilhos para crises de ansiedade. "A pandemia gera uma diversidade grande de estressores, de natureza diferente. É muito diferente passar pela doença e estar com medo de morrer ou ter sequela, ou ter medo de algo acontecer com o pai, de perder o emprego, de car con nado sozinho e começar a sentir solidão. No geral, estressores do tipo perigo levam mais para quadros de ansiedade. Situações de perda
levam mais a quadro depressivo", explica o psiquiatra Diogo Lara, membro do Comitê Técnico da Aliança para a Saúde Populacional (ASAP). O médico diz que um mesmo elemento estressor pode se manifestar de diferentes formas em cada pessoa. A depressão pode levar tanto a um desejo de
car só na cama ou a um quadro de alcoolismo. E um mesmo indivíduo, que já possui algum transtorno mental, pode desenvolver outros tipos. Tudo está relacionado ao que é ativado no cérebro. "O sofrimento psíquico tem elementos em comum, que são mais semelhantes do que
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estresse hoje, em diferentes intensidades, pode fazer as crianças entenderem que o mundo é perigoso e as pessoas são frágeis. "Isso é introjetado como se zesse parte da personalidade dela e pode enxergar o mundo com um ltro mais negativo e assustado", diz. Ele indica que, talvez, as taxas de saúde mental não voltem ao basal e que que uma marca, com chance aumentada de transtornos para várias pessoas. Estudos acerca do surto de SARS — outro coronavírus que matou mais de 800 pessoas — no início dos anos 2000 mostram que sobreviventes da infecção se recuperaram sicamente da doença, mas experimentaram declínio na saúde mental. Há registros de um quarto dos pacientes desenvolverem estresse pós-traumático e 15,6% tendo transtorno depressivo 30 meses após a contaminação. Segundo os pesquisadores, o surto "pode ser considerado uma catástrofe de saúde mental".
Botsuana diz ter desvendado misteriosa morte de elefantes
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diferentes. Exemplo disso é que um mesmo remédio pode servir para quatro transtornos", a rma Lara. Na avaliação do psiquiatra, a pandemia atual proporcionou um deslocamento geral da saúde mental para pior. Quem não sofria com isso passou a sofrer. Quem já tinha algum quadro viu o problema se intensi car. A
preocupação agora é com o futuro. A instrumentadora cirúrgica e laserterapeuta Priscilla Martin percebe que a pandemia tem sido pior para as crianças, a exemplo do lho dela. "Vejo ele chorando porque tem saudade dos amigos, da escola. As aulas on-line estão massacrando eles. A rotina para ele está péssima". A preocupação dos especialistas é que esses níveis de estresse levem a uma pandemia de saúde mental no futuro, que também terá re exos dos adultos que sofrem hoje. "Crianças que buscavam apoio e segurança nos pais sentem que eles estão ansiosos, angustiados, num movimento de vida que é totalmente diferente do conhecido. Elas consomem essa insegurança e estão em um momento de estresse que ainda não sabem identi car e falar sobre o que estão sentindo", alerta a psicóloga Cristina Laubenheimer. O psiqui at ra Diogo L ara completa que o acúmulo de
O mistério sobre a morte de c e nt e n a s d e e l e f a nt e s e m Botsuana pode ter sido desvendado. Autoridades do país africano informaram nesta segunda-feira (21/09) que os animais provavelmente morreram após consumirem água contaminada por toxinas produzidas por cianobactérias. Os elefantes começaram a morrer misteriosamente no vasto Delta do Okavango, no interior do país, em março deste ano, alarmando os conservacionistas. Ao todo, cerca de 330 animais foram encontrados mortos na região, segundo o governo de Botsuana. As autoridades logo descartaram a hipótese de que os elefantes tenham sido mortos por caçadores ilegais em busca de mar m, já que suas presas estavam intactas. Após meses de investigação e testes realizados em laboratórios especializados na África do Sul, Canadá, Zimbábue e Estados Unidos, o Departamento de Vi d a S e l v a g e m e Pa rq u e s
Nacionais do país informou que os animais morreram de um distúrbio neurológico que parece ter sido causado pelo consumo de água contaminada por "uma e orescência tóxica de cianobactérias" em reservatórios de água sazonais na região. As m or t e s i n e x p l i c áv e i s cessaram depois que os reservatórios secaram, observou Cyril Taolo, diretor interino do departamento botsuano, em coletiva de imprensa na capital, Gaborone. Segundo ele, nenhuma outra espécie animal foi afetada pela água contaminada na região de Seronga, perto do famoso Delta do Okavango. Nem mesmo hienas e abutres que foram vistos se alimentando das carcaças dos elefantes mortos apresentaram sinais da doença. "Ainda temos muitas questões a serem respondidas, como por que apenas os elefantes, e por que apenas naquela área? Há uma série de hipóteses que estamos investigando", disse o veterinário principal do
D e p ar t am e nto d e Vi d a Selvagem e Parques Nacionais, Mmadi Reuben. C i anob a c té r i a s , t amb é m conhecidas como algas azuis, são organismos microscópicos comuns na água e às vezes encontrados no solo. Algumas produzem neurotoxinas. Nem todas as cianobactérias são tóxicas, mas cientistas a rmam que variedades perigosas para humanos e animais estão sendo observadas com mais frequência, à medida que as mudanças climáticas aumentam as temperaturas globais. O fenômeno, chamado pelos cientistas de e orescência tóxica, é favorecido por águas mais quentes. As temperaturas da África Austral estão subindo duas vezes mais qu e a mé d i a g l ob a l, s e g u n d o o Pa i n e l Inte rgove r name nt a l s obre Mudanças Climáticas (IPCC). C om e s t i m a d o s 1 3 0 m i l elefantes, Botsuana tem a maior população de paquidermes do mundo e é lar de quase um terço de todos os elefantes do continente africano. O governo botsuano informou que os estudos sobre a ocorrência da bactéria mortal continuam no país, e prometeu instituir um plano de monitoramento de reservatórios de água sazonais para rastrear possíveis incidentes semelhantes no futuro e evitar mais mortes.