ANO X - Nº 378 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 16 A 23 DE OUTUBRO/2020 SERRA/ES
Distribuição Gratuita
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
A educação nos municípios
8 Ninguém consegue resistir a esta receita de gratinado de
brócolis com molho branco
Pág. 8
JORGE PACHECO
8 Maioria dos ministros do STF vota pela prisão de André do Rap, um dos líderes do PCC Pág. 5
ANA MARIA IENCARELLI 8 Brincar, imaginar, pular,
correr, girar, apostar, gritar, chorar, não ter preocupações. Como é bom ser criança Pág. 10
HAROLDO CORDEIRO FILHO 8 Candidatas a vereadora,
professora e líder comunitária falam de seus planos Pág. 12
NÁGELA ISA CARNEIRO SIRQUEIRA
8 A força de vontade faz parte apenas da parte racional da nossa mente
©EXPATICA.COM
Pág. 11
LAÉRCIO FRAGA “LAU” 8 A música como aliada da atividade física. Prepare a sua playlist e “viaje” com a sua melhor trilha Pág. 14
CAROLINA KHOURI
8 A internet e os crimes digitais cometidos por menores de idade Pág. 15
Mulheres quilombolas lançam livro REPRODUÇÃO/OLHARES PODCAST Pág. 11
FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC
CREATIVE COMMONS/PXFUEL
Na distribuição de competências de nida pela Constituição, cabe aos municípios, com a cooperação técnica e nanceira da União e dos Estados, manter os programas de educação infantil e de ensino
fundamental. Assim, as eleições deste ano têm grande relevância para o futuro do ensino, uma vez que o eleitor escolherá nas urnas quem implementará no município as políticas educacionais pelos
próximos quatro anos. Se tudo isso já seria motivo mais que su ciente para um voto responsável nas eleições municipais, as circunstâncias
atuais, com os muitos desa os relativos à pandemia do novo coronavírus, potencializam os efeitos da escolha que o eleitor fará na urna. Pág. 4
Restaurar 30% de áreas degradadas pode salvar 71% de espécies da extinção Estudo global liderado por brasileiro aponta ainda que, se restaurados, esses ecossistemas podem retirar 466 bilhões de toneladas de gás carbônico do planeta Pág. 2
Selma dos Santos Dealdina é uma das autoras e faz parte do quilombo Angelim III, Território do Sapê do Norte, no Espírito Santo Pág. 11
Cientistas estão desenvolvendo sistema que extrai água do ar MIT/DIVULGAÇÃO
Aparato criado por pesquisadores de instituições na Coreia do Sul e nos Estados Unidos funciona até em regiões onde a umidade do ar é extremamente baixa Pág. 6
2 MEIO AMBIENTE
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
Dois quintos das Restaurar 30% de áreas degradadas pode salvar plantas estão em 71% de espécies da risco de extinção extinção Os cientistas dizem que estão correndo contra o tempo para nomear e descrever novas plantas, antes que as espécies se extingam
Estudo global liderado por brasileiro aponta ainda que, se restaurados, esses ecossistemas podem retirar 466 bilhões de toneladas de gás carbônico do planeta
GETTY IMAGES CREATIVE COMMONS/PXFUEL
Plantas e fungos são promissores como medicamentos, combustíveis e alimentos do futuro, de acordo com o Royal Botanic Gardens Kew. Mas as oportunidades para utilizar este “baú do tesouro de incrível diversidade” estão sendo perdidas conforme as e sp é c i e s d e s ap are c e m , devido à destruição do habitat e às mudanças climáticas. Novas estimativas sugerem que dois quintos das plantas do mundo estão em risco de extinção. A avaliação da Situação Mundial das Plantas e Fungos é baseada em pesquisas de mais de 200 cientistas em 42 países. O relatório foi divulgado no dia de uma cúpula das Nações Unidas, que pressionará por ações dos líderes mundiais para lidar com a perda de biodiversidade. Estamos vivendo em uma era de extinção, disse o diretor de
as espécies estão desaparecendo mais rápido do que podemos encontrá-las e nomeá-las. Muitas delas podem conter pistas importantes para resolver a l g u ns d o s d e s a o s m ai s urgentes da medicina e até mesmo talvez das pandemias emergentes e atuais que estamos vivendo hoje". O relatór io re velou que apenas uma pequena proporção das espécies de plantas existentes são usadas como alimentos e biocombustíveis. Mai s d e s e te m i l pl ant a s comestíveis têm potencial para safras futuras, mas apenas a l g u m a s s ã o u s a d a s p ar a alimentar uma população mundial em crescimento. E existem cerca de 2.500 plantas que poderiam fornecer energia para milhões em todo o mundo, enquanto apenas seis safras — milho, cana-de-açúcar, soja,
PRECISÃO
Contabilidade (27) 3228-4068 ciência da Kew, Prof Alexandre Antonelli. “É um quadro muito preocupante de risco e necessidade urgente de ação”, disse ele. “Estamos perdendo a corrida contra o tempo porque
óleo de palma, colza e trigo — geram a grande maioria dos biocombustíveis. O Dr. Colin Clubbe, chefe de ciência da conservação em Kew, disse à BBC News: “Atualmente
estamos utilizando uma proporção tão pequena de plantas e fungos do mundo, seja para alimentos, remédios ou como combustível, ignorando o potencial tesouro de espécies selvagens que agora temos um maior conhecimento e técnicas para investigar para o bem da humanidade”. Os cientistas estimam que o risco de extinção pode ser muito maior do que se pensava a nt e r i or m e nt e , c om u m a estimativa de 140 mil, ou 39,4% de plantas vasculares ameaçadas de extinção, em comparação com 21% em 2016. Eles dizem que o aumento das estimativas se deve, em parte, a avaliações de conservação mais so sticadas e precisas. E estão pedindo que as avaliações de risco sejam feitas rapidamente, usando tecnologias como a inteligência arti cial, e aumentem o nanciamento para a conservação das plantas. A pesquisa descobriu que 723 plantas usadas para ns medicinais estão em risco de extinção, sendo a colheita excessiva um problema em algumas partes do mundo. E 1.942 plantas e 1.886 fungos foram nomeados como novos para a ciência em 2019, incluindo espécies que podem ser valiosas como alimentos, bebidas, medicamentos ou bras. O re l at ór i o c ont é m u m capítulo sobre a ora do Reino Un i d o, q u e é m a i s b e m estudada do que na maioria das partes do mundo. No entanto, não há uma lista única de plantas com ores no Reino Unido e ainda mais incerteza sobre os fungos, com estimativas variando de 12 mil a 20 mil.
Restaurar 30% dos ecossistemas degradados do planeta de forma otimizada pode impedir o desaparecimento de 71% das espécies que seriam extintas nas próximas décadas. Além disso, se restaurados, esses ecossistemas podem retirar 466 bilhões de toneladas de gás carbônico do planeta, o que equivale a 49% de to do o acumulado desde a Revolução Industrial. É o que mostra estudo g l o b a l e n c om e n d a d o p e l a Organização das Naçõ es Unidas(ONU) feito por 27 pesquisadores de 12 países — e liderado por um pesquisador brasileiro da PUC-Rio. Os resultados serão publicados na revista Nature na quarta-feira (14). O estudo é o primeiro voltado à restauração de áreas prioritárias em uma es cala g lobal. Os pesquisadores investigaram quais regiões degradadas do planeta devem ser preferencialmente recuperadas de modo a maximizar os benefícios e minimizar os custos. Para isso, combinaram três critérios: preser vação da biodiversidade, sequestro de carbono (a retirada de gás carbônico da atmosfera) e os custos. Recuperar um ecossistema degradado vai muito além de plantar novas árvores no local. Para descobrir as principais regiões do globo em que os efeitos dessa restauração serão otimizados, os pesquisadores levaram em conta todos os biomas: orestas, savanas, campos, zonas alagadas, desertos. “De nir essas áreas prioritárias é importante porque, dependendo de onde a restauração acontece, os resultados podem ser bastante diferentes”, a rma Bernardo Strassburg, pesquisador da PUC-Rio que liderou o estudo. Recuperar 5% de terras em uma ou outra região do globo, por exemplo, pode reduzir a extinção de espécies em 7% ou 43%. Outra descoberta: diferentes biomas importam para diferentes objetivos. Restaurar
orestas tem um impacto grande para o clima e a biodiversidade, mas as zonas alagadas, como o Pa nt a n a l , s ã o a i n d a m a i s importantes para a biodiversidade e também têm papel-chave para o clima. Assim, de maneira inédita, o grupo buscou olhar para todos os biomas de forma combinada. Até então, a literatura e os acordos internacionais vêm focando mu i t o n a r e c u p e r a ç ã o d e orestas. As Metas de Aichi para a Biodiversidade para a década de 2011-2020, assinadas pelos p aí s e s - m e mbro s d a ON U, previam a restauração de 15% das áreas degradadas, o que não foi cumprido. Os pesquisadores então foram além do percentual previsto, e criaram a plataforma PLANGEA para otimizar cenários de alta a baixa prioridade de restauração, numa escala de 5% a 100%. De acordo com Strassburg, “essa ação não prejudicaria a agricultura. Podemos recuperar até 55% das áreas degradadas do p l a n e t a e a i n d a m a nt e r a produção agrícola atual, provavelmente com vários impactos positivos como conservação da água, solo e melhor polinização”, comenta. O estudo identi cou um total de 2.9 bilhões de hectares de terras restauráveis. As áreas
prioritárias estão em todos os
continentes, das ilhas no Mar Báltico até a Terra do Fogo, no extremo-sul argentino. Também incluem todos os biomas, de orestas a desertos, que também têm importância para a biodiversidade. A Mata Atlântica se mostrou uma hiperprioridade global sob qualquer um dos critérios. “Seja para salvar as espécies da extinção ou para mitigar mudanças climáticas, e em particular para ambos s i mu l t a n e a m e nt e , a M at a Atlântica é especial. Grande parte dela está na zona de alta prioridade de restauração da n o s s a e s c a l a”, d e s t a c a o pesquisador. O Brasil como um todo, aliás, tem muitas das regiões prioritárias a serem recuperadas, como o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica. O estudo levou dois anos para ser concluído. Antes disso, no entanto, o Instituto Internacional para Sustentabilidade, onde Strassburg é diretor-executivo, já havia desenvolvido um algoritmo que considerava os mesmos três critérios de forma combinada para identi car as áre as pr ior it ár ias a s erem restauradas especi camente na Mata Atlântica. Esse estudo anterior, que durou quatro anos, foi publicado em dezembro de 2018 na revista Nature Ecology & Evolution e serviu de base para a pesquisa em escala global. “A ONU declarou que 2021-2030 será a década da restauração ecológica. Esse é o momento para voltarmos a discutir novas metas para os países”, alerta.
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Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES
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CULTURA 3
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
A ORIGEM DOS Arquivo Público SÍMBOLOS DOS GÊNEROS recebe acervos Nomenclaturas binárias foram criadas pelo sueco Carlos Lineu, no século 18 PIXABAY
pessoais de Milson Henriques e Renato Pacheco HÉLIO FILHO/SECOM
O
s símbolos designados aos gêneros binários feminino e masculino remontam ao período da Roma Antiga e passam pela Idade Média. No entanto, foi em 1735, na Suécia, que estes símbolos foram introduzidos na sociedade. Segundo a mitologia romana, Vênus era a deusa do amor, beleza e harmonia. Já Marte, o deus da guerra, representava a agressão, a força e a impulsividade. Durante a Idade Média, os alquimistas — prática que combina diversos elementos, como Química, Física, Biologia, Medicina, Semiótica, Misticismo, Espiritualismo, entre outros — resgataram esta e outras mitologias para os estudos de metais, planetas e deuses. Criados p ela alquimia, o e s p e l h o d e Vê n u s e r a
representado por (♀), enquanto o escudo de Marte por (♂). Ainda neste p er ío do, p ass aram a associar estes deuses a metais, sendo Marte, o ferro, e Vênus, o cobre. Por anos, estes símb olos ficaram esquecidos, até que, em 1735, o cientista sueco Carlos Lineu os resgatou. Considerado o primeiro especialista a classificar as espécies, ele propôs uma nomenclatura binomial, a partir de sua obser vação sobre a reprodução das plantas. De acordo com a jornalista Surenda Verma, autora da obra Ideias Geniais: Descobertas por acidente, erros surpreendentes e escorregões que mudaram a nossa visão sobre a Ciência, de 2016, Lineu acreditava que as plantas não eram s omente sexuadas, mas que também
FOTO: REPRODUÇÃO
possuíam “maridos” e “esposas”. Tal pensamento é reflexo dos valores sociais do século 18. “Se havia na mesma planta flores masculinas e femininas, elas compartilhavam a mesma casa (monoecia), mas não a mesma cama; se estavam em plantas separadas, elas viviam em duas casas (dioecia). Flores hermafroditas (com ambos os órgãos reprodutores masculino e feminino) continham maridos e esposas em uma casa ( m o n o c l i n i a ) ”, e x p l i c a a historiadora americana Londa Schiebinger. A partir deste pensamento, Lineu passou a nomear as plantas femininas com o símbolo (♀) e as plantas masculinas com (♂). Tal referência inf luenciou nos moldes que perduram até os dias atuais entre os seres humanos. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)
Documentário relembra a Libelu, movimento estudantil dos anos 1970 DIVULGAÇÃO
O d o c u me nt ár i o L ib elu — Abaixo a Ditadura pode ser descrito como uma junção de memórias daqueles que lutaram contra o regime militar na década de 1970. O filme, que se mostra at u a l e m u m m o m e nt o d e fragilidade política, foi o grande vencedor do festival de cinema É Tudo Verdade, no último dia 4 de outubro. A tendência Liberdade e Luta nasceu como um gr upo de esquerda trotskista, em 1976, com o objetivo de disputar as primeiras eleições do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP). O lema, por sua vez, veio da luta por melhores condições de ensino junto da vontade por liberdades democráticas. No entanto, quem os via de fora estranhava as festas de rock, a ousadia e os cartazes irreverentes — chegando até a considerá-los inconsequentes e atrevidos. O longa foi fruto de quatro anos de pesquisa do diretor estreante Diógenes Muniz, que resgatou imagens históricas de passeatas contra a ditadura e uma entrevista com dois membros da Libelu ao jornalista Mino Carta na TV Tupi. Esse importante arquivo, que deu continuidade ao filme, foi resgatado na Cinemateca
O governador do Estado, Renato Casagrande, participou, na manhã de terça-feira (13), da solenidade de recebimento das coleções pessoais de Milson Henriques e Renato Pacheco, que passaram a compor o acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). Também foi realizada a entrega de 4.700 livros doados ao APEES durante campanha para a Biblioteca Pública Municipal de Iconha, atingida pelas chuvas de janeiro de 2020. Durante o evento, o governador agradeceu aos herdeiros pela cessão dos acer vos, que agora ficarão disp oníveis ao público. “Gostaria de agradecer à família do Juarez Vieira, Marilza e Carolina por terem cedidos, como herdeiros, todo esse acervo do Milson Henriques. Tive a oportunidade de conviver um pouco com Milson e acompanhei o seu trabalho. É muito bom receber esse acervo para disponibilizar e democratizar esse conhecimento”, declarou. Casagrande prosseguiu: “Também gostaria de agradecer à Clotilde, esposa do Renato Pacheco e ao Rodrigo, seu filho, que hoje representam a família. Estamos recebendo a guarda p ermanente do acer vo do Renato Pacheco que, como dizem, foi o intelectual mais completo que tivemos. Não somente seu talento como professor, mas ele dominava todos os assuntos com muita capacidade. Essa história vem agora para o Arquivo Público. Renato Pacheco é uma grande referência e pode se torná-lo cada vez mais conhecido”.
O diretor-geral do APEES, Cilmar Cesconetto Franceschetto, também participou do evento e afirmou que é uma honra recolher acervos de personalidades de relevância como o Milson Henriques e o professor Renato Pacheco. “Os documentos gerados e guardados ao longo da vida desses dois intelectuais em muito enriquece o patrimônio documental do Espírito Santo. S ã o p e s s o a s qu e e m s u a s militâncias enalteceram, com suas obras, a vida dos capixabas, e que agora nos legam um valioso acervo documental, testemunho das suas memórias. Mas, além disso, um importantíssimo instrumento de pesquisa ao estudo da nossa história”, destacou. A “Coleção Milson Henriques” abrange 27 caixas com diferentes documentos, como recortes de jornais, cartas, panf letos, cartões-postais, charges, quadros, desenhos, fotografias, diário, currículo artístico, premiações, telegramas, letras de músicas, convites, roteiros, cartazes,
ingressos, álbuns, rótulos e homenagens, referentes ao período de 1943 a 2015. Já a “Coleção Renato Pacheco”, por sua vez, é composta por 109 caixas, nas quais constam documentos familiares e pessoais, originais de livros, estudos, correspondências, recortes de jornais, materiais didáticos, fotografias, cadernos, resenhas, revistas e manuscritos. Os 4.700 livros entregues à Biblioteca Pública Municipal de Iconha foram resultado de uma campanha, de iniciativa do APEES, da qual também p ar t icip aram a Bibliote c a Pública Estadual, o Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha (Casa da Memória), a Biblioteca Municipal de Vila Velha e a Assembleia Legislativa. “D e p ois d as chuv as qu e devastaram Iconha, a biblioteca local, que também sofreu com alagamento, irá receber mais de quatro mil livros através de uma c a mp a n h a r e a l i z a d a p e l o Arquivo Público. Um ato nobre, pois troca de conhecimento e sabedoria é fundamental para a c u l t u r a ”, c o m e n t o u o governador. LUCIANO DANIEL
Foto Antiga do ES ÂNGELO SÉRGIO GHIL/ESPÍRITO SANTO (BR), MEMÓRIA/FACEBOOK
Brasileira antes de seu desmonte pelo Governo Federal. Outra cena chocante é a da invasão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) pelos policiais militares, comandada pelo Coronel Erasmo Dias. Após cruzamento de dezenas de relatos, a equipe decidiu realizar todas as entrevistas do documentário em um único local: o icônico prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), projetado pelo arquiteto Vilanova Artigas, que também foi perseguido pelo regime. Entre os entrevistados estão o cientista político Demétrio Magnoli, o ex-ministro A ntôn i o Pa l o c c i, o c r ít i c o gastronômico Josimar Melo, o economista Eduardo Giannetti da
Fonseca, o jornalista e professor José Arbex Júnior e a jornalista Laura Capriglione. Criador dos termos "petralha" e "esquerdopata", o jornalista Reinaldo Azevedo é outra figura que dá seu depoimento. Em seu auge, o movimento estudantil foi capa da revista IstoÉ, com direito a uma página inteira descrevendo "como ser um libelu", ou seja, suas leituras obrigatórias, sua vestimenta e seu cabelo grande, mas arrumadinho. Além disso, esse foi tema de um dos poemas do escritor Paulo Leminski, que diz: "Me enterrem com os trotskistas/ na cova comum dos idealistas/ onde jazem aqueles/ que o poder não corrompeu".
1928, VILA VELA, ESTRADA CARLOS LINDEMBERG, MAIS TARDE CHAMADA DE RODOVIA CARLOS LINDEMBERG E HOJE, AVENIDA
4 EDUCAÇÃO
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
A educação nos municípios Na distribuição de competências de nida pela Constituição, cabe aos municípios, com a cooperação técnica e nanceira da União e dos Estados, manter os programas de educação infantil e de ensino fundamental. Assim, as eleições deste ano têm grande relevância para o futuro do ensino, uma vez que o eleitor escolherá nas urnas quem implementará no município as políticas educacionais pelos próximos quatro anos. Se tudo isso já seria motivo mais que su ciente para um voto responsável nas eleições municipais, as circunstâncias atuais, com os muitos desa os relativos à pandemia do novo coronavírus, potencializam os efeitos da escolha que o eleitor fará na urna. Com o objetivo de quali car esse debate, o Todos Pela Educação lançou a iniciativa “Educação Já Municípios”, que, entre outras medidas, apresenta uma série de recomendações sobre políticas educacionais focadas na gestão municipal. A iniciativa é um aprofundamento da agenda “Educação Já”, lançada em 2018, com o objetivo de
subsidiar o poder público com diagnósticos e soluções para os
decisivo para a qualidade do ensino.
mandato eleitoral — 413 municípios avançaram mais de EXPATICA.COM
temas fundamentais da educação. No documento voltado para a esfera lo cal, o To dos Pela Educação apresenta uma análise inédita dos municípios conforme sua evolução no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os resultados indicam que, ao contrário do que às vezes se pensa, o prefeito pode ser
Entre 2015 e 2019, 23% dos municípios brasileiros (1.300 de 5.570) caram estagnados ou retrocederam no Ideb dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Em relação aos Anos Finais, 22% dos municípios (1.270) caram nessa situação de estagnação ou re t ro c e ss o. É i nte re ss ante observar, no entanto, que, nesse m e s m o p e r í o d o — correspondente a um único
um ponto no Ideb nos Anos Iniciais e 518 obtiveram avanço semelhante nos Anos Finais. Num curto período, políticas educacionais adequadas podem fazer a diferença em um município. Ao tratar das recomendações de curto prazo, o Todos Pela Educação adverte que a suspensão prolongada das aulas t e m a mp l a s e du r a d ou r a s
consequências negativas sobre a educação básica, o que exige me d i d as i me d i at as p ar a a retomada das atividades presenciais e a redução dos imp ac tos d a p andemi a na comunidade escolar. Ao mesmo tempo, é necessário trabalhar em ações de médio prazo, voltadas para a melhoria do ensino. Não basta voltar à situação prévia à pandemia. Mesmo com todas as limitações e problemas atuais, um bom prefeito pode e deve realizar melhorias sustentáveis no sistema educacional. Essas melhorias educativas devem se manifestar em três pontos: o acesso das crianças e jovens à escola, a trajetória adequada entre as séries e a aprendizagem de todos os alunos na idade certa. “A nal, não basta estar na escola e passar de ano — é preciso aprender”, lembra o do cumento do To dos Pela Educação. Em todos esses três pontos, é preciso avançar nos próximos quatro anos. Por exemplo, entre os 25% mais ricos da população, mais da metade das crianças entre zero e três ano s e st á mat r i c u l a d a e m
creches. Entre os 25% mais pobres, tal porcentual não chega a 30%. “Ainda que tenha havido evolução importante nos últimos anos, há muito o que se avançar na aprendizagem dos alunos no ensino fundamental”, diz o documento. Nesse cenário, é fundamental que os gestores públicos entendam a evolução do Ideb no seu município nos últimos anos e formem um diagnóstico preciso sobre os desa os de sua rede de ensino. Só assim será possível estabelecer objetivos especí cos para a realidade local — muito diferente entre os 5.570 municípios — e implementar as medidas adequadas às circunstâncias concretas. Não há caminho alternativo para o desenvolvimento do País. É preciso educar bem as crianças. Daí a importância de eleger prefeitos competentes e honestos, comprometidos de fato com a educação. Para tanto, a agenda da campanha eleitoral deve incluir a educação básica, em um debate maduro, apoiado em evidências.
Vila no Senegal ganha Unicef e parceiros escola circular de terra, apostam em campanha contra evasão escolar bambu e palha ©ISTOCK/MAROKE
Construída com materiais disponíveis localmente, escola tem inspiração ancestral Desde tempos imemoriais, o círculo estimula conversas, partilhas e troca de saberes. É em forma circular que crianças aprenderão e se desenvolverão na vila rural de Fass, no leste do Senegal. Projetada pelo escritório de a rqu it e tu r a To s h i k o Mori, com sede em Nova York (EUA), a escola de bioconstrução foi projetada para 300 alunos de cinco a 10 anos. Quase tudo foi feito com materiais construtivos disponíveis localmente, reduzindo o impacto de transporte ao vilarejo. As paredes da escola circular foram edi cadas com blocos de terra compactados (BTC), um tijolo ecológico (também chamado de tijolo de solo-cimento) feito de solo arenoso, água e, geralmente, um pouco de cimento ou cal e adensada em molde por meio de compactação ou prensagem. Isso quer dizer que ele não passa pelo processo de queima. Segundo a premiada arquiteta j ap one s a To sh i ko Mor i, o governo local exige o uso de metal nos telhado escolares, o que gera ao menos dois problemas: muito ruído em
edifício circular em taipa com abertura central que permite a coleta de água da chuva. Tal a m b i e nt e p e r m i t e f re s c o r mesmo no verão, quando a água acumulada evapora. Ta m b é m é c h a m a d o d e implúvio o próprio tanque coletor de água pluvial que existia nas casas dos antigos gregos, etruscos e romanos. “A Escola Fass usa essa geometria vernácula, mas a aplica em uma escala muito IS mai or, tor nand o o K VS LO BO edifício um local de Z R VE FIA O re u n i ã o f am i l i ar e ©S comunitária, mas por blocos de terra contribuem i n c r i v e l m e n t e i c ô n i c o n a para maior conforto térmico e paisagem circundante”, a rmou acústico, além de garantir uma Toshiko ao Dezeen. obra mais barata. Além da inspiração nas Batizada de Fass School and habitações tradicionais, para Teachers Residence, a escola Toshiko, a orientação interna das circular possui quatro salas de salas de aula para o pátio central aula em tamanhos diferentes, e o telhado contínuo “reforçam o dois espaços abertos e exíveis, sentimento de comunidade além de um pátio central. O mix promovido por um ambiente de ambientes facilita a adaptação escolar compartilhado, mesmo para diversos ns. em diferentes grupos etários”. A ideia de construir a escola Para sair do papel, o projeto circular veio da região de teve a colaboração da Fundação Casamance no Senegal. Por lá, J o s e f e A n n i A l b e r s e a u m a h a b i t a ç ã o t í p i c a é o Organização sem ns lucrativos Impluvium (em latim) — um Le Korsa. época de chuvas e calor excessivo no verão. Ela então optou pelo uso de palha e vigas de bambu no telhado. Cultivados regionalmente, o bambu e a palha ajudam a abafar o som das chuvas e reduzir o calor interno. Também a escolha
A Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Instituto Rui Barbosa (IRB), por meio do Comitê Técnico de Educação do IRB (CTE-IRB), aderiram à campanha Fora da Escola Não Pode, desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a União Nacional dos D i r i ge nt e s Mu n i c ip ai s d e E du c a ç ã o ( Un d i m e ) e o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) contra a evasão escolar. O acordo prevê ações de colaboração voltadas à capacitação, ao monitoramento,
ao engajamento e à mobilização dos gestores públicos municipais, distritais e estaduais e outros agentes para enfrentamento da exclusão escolar e da cultura do fracasso escolar na educação básica. S egundo a At r icon, a campanha disponibiliza materiais com orientação para ajudar o trabalho de mobilização e de engajamento das escolas, das famílias, da gestão pública e da mídia. A ideia é ajudar os municípios e estados a montarem suas próprias campanhas de comunicação p a r a o e n f re nt a m e nt o d o abandono e evasão escolar. Entre os conteúdos
disponibilizados está o Guia Busca Ativa Escolar em Crises e Emergências. A publicação apresenta uma série de orientações e recomendações para enfrentamento do tema. Para acessar o material basta acessar a página da campanha. Outro material disponível é um guia para uso de uma f e r r a m e n t a d e acompanhamento da frequência escolar, utilizada para ajudar os gestores no acompanhamento da situação nas redes municipais e estaduais e assim tomar decis õ es rápidas a f im de prevenir o abandono escolar.
POLÍTICA 5
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
Jorge
Analista Político
Pacheco
Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com
“Por um voto em branco, você está dizendo que você tem uma consciência política, mas você não concorda com qualquer um dos partidos existentes”, José Saramago CÂMARA DOS DEPUTADOS
Maioria dos ministros do STF vota pela prisão de André do Rap Marco Aurélio Mello concedeu liberdade ao traficante. Decisão foi revertida por Luiz Fux, mas agora homem está foragido. Caso foi levado pelo presidente do Supremo ao plenário
A paralisação ocorreu em um momento em que o comércio eletrônico bate recordes por causa do isolamento social e milhares de micro e pequenas empresas têm apostado forte nas entregas. Porém, a privatização deve ocorrer apenas em 2022, como revelou esta semana o pre s i d e nt e d o s C or re i o s , Floriano Peixoto. Em uma entrevista recente, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a rmou que grandes empresas de varejo e de entregas estariam interessadas no processo de privatização, mas precisou se corrigir, depois, ao explicar que nenhuma se manifestou o cialmente e que ele teria apenas deduzido um possível interesse das companhias. O projeto de lei para privatização dos Correios será enviado para a assinatura do ministro das Comunicações. Segundo Diogo Mac Cord, secretário especial de D e s e s t a t i z a ç ã o , Desenvolvimento e Mercados do Ministério da Economia, em entrevista à revista Exame, o projeto já está pronto e deve ser
Roberto Barroso, Edson Fachin, Rosa Weber e Dias Toffoli. Moraes destacou que a lei não obriga que o juiz solte o preso após passado o prazo de 90 dias. "Não há automaticidade, não se xou prazo fatal. A lei não diz: a prisão preventiva tem 90 dias; se quiser prorrogar, decrete de novo. Não diz isso. Ela diz que tem dever ser feita uma análise. E a an á l i s e pre s s up õ e a s peculiaridades de cada um dos
REPRODUÇÃO INTERNET
Marco Aurélio e André do Rap
MARCELO FERREIRA/CB/D.A PRESS
casos", a rmou.
Ministério das Comunicações PHOTO PRESS/AGÊNCIA O GLOBO AJUFE
assinado para as próximas estâncias nos próximos dias. Entre os que defendem a privatização, um dos principais argumentos é o de que é retrógrado que a empresa funcione com recursos públicos
colocará em prática o fim do monopólio dos Correios Projeto de lei que determina a quebra de monopólio da estatal já está pronto e de ve s er assinado nos próximos dias pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. Companhia possui mais de 99 mil empregados e uma dívida acumulada de R$ 2,4 bilhões. A greve dos Correios durou mais de um mês e trouxe de volta ao debate público a antiga discussão sobre a privatização da estatal, uma das principais bandeiras da equipe econômica do governo Bolsonaro.
EDILSON DANTAS/AGÊNCIA O GLOBO
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, decidiu levar ao plenário da Corte a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que resultou na soltura do tra cante André do Rap, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O tra cante estava preso desde novembro de 2019 e já possui duas condenações que somam mais de 15 anos de prisão. No ent anto, ele re cor re em liberdade de ambas, e estava em prisão preventiva. Com seis votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria pela prisão do t ra c ante André Oliveira Macedo, conhecido como André do R ap. A decisão contraria liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, que foi derrubada em seguida pelo presidente do STF, Luiz Fux. Situação gerou grande desconforto na Corte. Em seu voto, Fux disse que havia elementos su cientes para manter o réu preso. "Trata-se de agente de altíssima p eric ulosidade, conforme comprovado nos autos, condenado em segundo grau por duas vezes por trá co de drogas", ressaltou. Além dele, votaram pela prisão do tra cante os ministros Alexandre de Moraes, Luís
Ministro das Comunicações, Fábio Faria um total de R$ 19,1 bilhões. O modelo é utilizado por diversas empresas que enviam documentos e boletos para pagamento. Vale lembrar que, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasi leiro de G e og ra a e Estatística (IBGE), um em cada quatro brasileiros ainda não tem acesso à internet e, p o r t a n t o, n ã o d i s p õ e d e ferramentas para realizar pagamentos on-line. As entregas de encomendas, no entanto, não p ossuem reserva de mercado e são o carro-chefe da companhia, que conta com mais de 99 mil empregados. Os C or reios possuem, também, uma dívida acumulada de R$ 2,4 bilhões. De acordo com informações enviadas à rep or tagem, a empresa está em recuperação econômica e houve redução desse passivo em cerca de R$ 100 milhões no último ano. A origem do dé cit, segundo a nota, deu-se graças à “má gestão ao longo dos anos, somada às sucessivas greves”.
Moro diz que Congresso e STF
Floriano Peixoto, presidente dos Correios
e d e te n h a a l g u m t ip o d e monopólio em pleno século 21. A reser va de mercado garantida por lei é do serviço de e nt re g a d e c ar t as . E ste é responsável por cerca de 34,6% do faturamento bruto dos C orreios (Franqueamento Autorizado de Cartas — FAC e Carta), de acordo com dados publicados no Diário O cial em junho e relativos a 2019. Isso representa um valor de R$ 6,6 bilhões no ano passado — de
podem rever pacote anticrime O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro a rmou que o Congresso e o Supremo deveriam alterar o artigo do pacote anticrime que p o s s i bi l it ou a s oltu r a d o tra cante André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap. Em entrevista à imprensa Moro evitou criticar o
presidente Jair Bolsonaro, que sancionou o artigo contrariando uma sugestão dele, e disse que é o momento de "olhar para frente", e não de
ser fundamentada a cada 90 dias. De acordo com Moro, o "caminho mais curto" para alterar a situação é uma interpretação, por parte do STF, desse trecho do pacote anticrime, que alterou o Código d e Pro c e ss o Pe na l. Já o "caminho mais longo", mas considerado por ele "ideal", é que o Congresso revise o mesmo trecho. O ex-ministro citou duas possíveis mudanças: a determinação de que o prazo de 90 dias deixa de valer quando o preso já foi condenado em primeira instância e a de nição de que, em caso de vencimento REPRODUÇÃO/IG MINAS GERAIS
buscar culpados. André do Rap foi solto por determinação do ministro Marco Aurélio Mello, do STF. A decisão foi revogada posteriormente pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, mas o tra cante não foi recapturado ainda. Marco Aurélio se baseou em um artigo do pacote anticrime, sancionado no nal do ano passado, sobre a previsão de que a prisão preventiva deve
do caso, cabe ao juiz de primeira instância de nir a manutenção ou não da prisão. Moro foi questionado diversas vezes sobre o fato de Bolsonaro não ter atendido a sua recomendação de veto ao trecho, mas evitou polemizar c o m o p re s i d e nt e . O e x ministro, que pediu demissão em abril fazendo acusações contra Bolsonaro, disse estar em uma fase "paz e amor"
6 TECNOLOGIA
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
Empresa belga cria Cientistas desenvolvem hidroturbina que sistema que extrai gera energia limpa água do ar Turbina Vortex é amigável aos peixes e produz eletricidade 24 horas por dia DIVULGAÇÃO/TURBULENT
Aparato criado por pesquisadores de instituições na Coreia do Sul e nos Estados Unidos funciona até em regiões onde a umidade do ar é extremamente baixa MIT/DIVULGAÇÃO
Fundada em 2015, a Turbulent, empresa de tecnologia verde com sede na Bélgica, desenvolveu uma inovadora turbina que gera 100% de eletricidade limpa 24 horas por dia. O projeto consiste em uma usina hidrelétrica de pequeno porte, capaz de produzir energia renovável com baixo impacto p ar a o me i o ambi e nte. A tecnologia, batizada de Turbina Vortex, cria um redemoinho de água para gerar eletricidade. A microusina hidrelétrica é ideal para áreas rurais e regiões que carecem de rede elétrica. A turbina pode ser instalada em rios, canais e riachos e gerar energia com emissão de CO2 quase nula. E, diferentemente de grandes barragens, requer uma diferença de altura de apenas 1,5 a cinco metros para funcionar. A nova tecnologia remove as complexidades associadas às usinas tradicionais e as substitui por componentes simples. Uma única turbina da Turbulent é capaz de gerar até 200 quilowatts, o que pode fornecer energia para cerca de 1.750 residências em comunidades rurais ou afastadas da rede elétrica. A tecnologia hidrelétrica é considerada uma fonte de energia limpa e renovável. A energia é gerada a partir da conversão de energia cinética e potencial da queda de água em energia de eixo giratório, que pode ser usada para acionar um gerador de eletricidade. No entanto, vários estudos registraram uma série de danos c au s a d o s a o s p e i xe s , qu e frequentemente entram na estrutura hidrelétrica e se machucam. Os riscos incluem feridas na pele, perda de escamas,
problemas nas nadadeiras, hemor rag i as, hematomas, amputação de partes do corpo e fe r i me nto s i nte r no s . Iss o porque as usinas convencionais muitas vezes são equipadas com turbinas Pelton, Kaplan ou Francis. Essas turbinas são conhecidas pela alta mortalidade de peixes que provocam, em virtude de suas altas velocidades de rotação, mudanças de pressão e força. Com a crescente necessidade de eletricidade, a energia hidrelétrica pode se tornar a fonte ideal de energia limpa em comunidades de todo o mundo. Mas as preocupações ambientais exigem uma alternativa urgente para fontes d e e ne rg i a suste nt áve is e con áveis. Daí a relevância da p r o p o s t a d a Tu r b u l e n t , desenvolvida para ser uma instalação hidrelétrica amigável aos peixes, graças às lâminas curvas e às baixas rotações por minuto da Turbina Vortex. Esta poderia ser uma solução v i ável p ara a es c ass e z de eletricidade na maioria dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), por exemplo, especialmente para grandes comunidades r urais. Atu a lmente, as instalações estão em andamento nas Filipinas, Taiwan, Suriname, Portugal, França, Chile, Estônia e Indonésia. A organização também está se envolvendo em parcerias de distribuição e desenvolvimento em regiões do Sudeste Asiático. Para atender a regiões de maior extensão, é possível conectar uma série de hidroturbinas, sem a necessidade de se construir uma barragem. A produção de energia é a mesma, mas a
vantagem é que as turbinas da Turbulent são mais rápidas, mais baratas e têm menor impacto ambiental. A empresa garante que a instalação das micro-hidrelétricas é rápida e de fácil manutenção pelas próprias empresas e comunidades locais. A Turbulent a rma que suas turbinas são a resposta ideal para a crescente demanda por fontes de energ i a verdes, renováveis e descentralizadas. O projeto se alinha à consciência de que, mais do que reduzir o consumo de combustíveis fósseis, é necessário também utilizar outros sistemas que permitam extrair eletricidade. A turbina da Turbulent é uma opção de fonte de energia renovável para escolas, hospitais e infraestruturas públicas, ainda que estejam em áreas remotas. Como funciona a Turbina Vortex Um p e d a ç o d e t e r r a é escavado na lateral da vala, e parte da água é desviada para a hidroturbina, que cria um redemoinho para acelerar a força da água. No meio do redemoinho ca o gerador que converte essa força em eletricidade. A água que sai do vórtice volta para a vala alguns metros depois. Para se ter ideia da e cácia do projeto, uma hidroturbina é capaz de gerar oito vezes mais eletricidade do que um painel solar. O menor modelo da Turbina Vortex pode gerar uma potência de 5 a 70 kW — o su ciente para fornecer energia elétrica para até 200 casas. O maior modelo chega a 200 kW e é usado para abastecer pequenas comunidades ou aldeias. Além disso, é possível instalar mais de uma micro-hidrelétrica no mesmo local. A vantagem desse sistema, além do baixo custo e baixa manutenção, é que gera energia 24 horas por dia, durante todo o ano. Os painéis solares ou moinhos de vento, por sua vez, são produtivos apenas algumas horas por dia, na presença de sol ou vento.
Desde 2017, cientistas vêm desenvolvendo um sistema capaz de extrair água potável diretamente do ar, usando o calor do Sol ou outras fontes de energia — e agora mais um passo foi dado rumo a esse feito. O grupo, composto por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Ut a h , a m b a s n o s E s t a d o s Unidos, e do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia, na Coreia do Sul, compartilharam as novidades nesta quarta-feira (14) no periódico Joule. A ideia dos estudiosos é criar um sistema que funcione até em regiões notavelmente secas, tornando-se uma fonte prática de água para áreas remotas com acesso limitado à água e à eletricidade. A primeira versão do aparato teve relativo sucesso, mas ainda precisava ser aprimorada para se tornar menos custosa. Como explicam os pesquisadores, o sistema aproveita a diferença de temperatura dentro do dispositivo para permitir que um material adsorvente (capaz de coletar líquido em sua superfície) retire a umidade do ar à noite e a libere no dia seguinte. Isso funciona porque, quando o material é aquecido pela luz solar, a diferença de temp eratura entre a par te superior aquecida e a parte inferior sombreada faz com que a água se libere do adsorvente e seja condensada em um reservatório. "É ótimo ter um protótipo pequeno, mas como podemos torná-lo em algo mais escalonável?", se perguntou Evelyn Wang, líder do projeto, à ép o ca, s egundo entre vista concedida ao MIT News. Além
de exigir o uso de materiais especializados, chamados estruturas orgânicas de metal (MOFs), que são caros e limitados, o dispositivo não liberava água o su ciente para ser funcional. Na nova versão, em vez dos MOFs, o design usa um adsorvente chamado zeólita, que nesse caso é composto por um aluminofosfato de ferro microporoso. O material está amplamente disponível, é estável e tem as propriedades adsorventes certas para gerar um sistema de produção de água e ciente baseado apenas nas utuaçõ es de temp eratura típicas do dia à noite e no aquecimento por luz solar. De acordo com os especialistas, o calor do Sol é coletado por uma placa absorvente no topo do sistema e aquece o zeólito, liberando a umidade capturada durante a noite. Esse vapor se condensa em uma placa coletora, processo que t amb ém lib era c a lor, e as gotículas de água são canalizadas para um reservatório. A produtividade geral do sistema é aproximadamente o dobro em comparação com a versão anterior. Em testes, essa versão do aparato produziu mais água que seu antecessor quando
foi testado em condições semelhantes. Embora sistemas semelhantes de dois estágios já tenham sido criados para outras aplicações, Wang a rma que "ninguém realmente buscou esse caminho" para aplicação da tecnologia em captação de água atmosférica. Segundo a pesquisadoras, as abordagens existentes incluem coleta de névoa e de orvalho, mas ambas têm limitações signi cativas. A coleta de névoa funciona apenas com 100% de umidade relativa e atualmente é usada apenas em alguns desertos costeiros. Já a coleta de orvalho requer refrigeração com uso i nte ns ivo d e e ne rg i a p ar a fornecer condensação e ainda requer umidade de pelo menos 50%, dependendo na temperatura ambiente. O novo sistema, no entanto, pode funcionar em níveis de umidade tão baixos quanto 20% e não requer nenhuma entrada de energia além da luz solar ou qualquer outra fonte disponível d e c a l or. A at u a l t a x a d e pro dução do sistema é de aproximadamente 0,8 litro de água por metro quadrado por dia, mas a ideia é aperfeiçoar ainda mais a tecnologia.
CIÊNCIA 7
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
Cientistas encontram pistas sobre dieta de povos pré-colombianos no Brasil
Brasileiros observam células intactas em múmia egípcia de 2,5 mil anos
Pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, analisaram artefatos e ossos de pessoas que viveram nos arredores do Maranhão há entre 1.000 e 1.800 anos atrás
Iret-Neferet é uma das duas únicas múmias restantes no Brasil. Cientistas esperam que análise do DNA celular revele informações sobre parentesco e etnia do cadáver
ANDRÉ COLONESE/UNIVERSIDADE AUTÔNOMA DE BARCELONA
Uma nova pesquisa liderada pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, revelou evidências de como era a dieta das pessoas que viviam ao longo da costa amazônica brasileira entre 1.000 e 1.800 anos atrás. O estudo foi publicado na última terça-feira (6) no Scienti c Reports e contou com a participação de dois cientistas do Brasil. Para a pesquisa, os especialistas avaliaram artefatos e ossos encontrados em sítios arqueológicos no Maranhão. A análise revelou que, apesar da proximidade com os recursos marinhos e as evidências de pesca, a dieta dos précolombianos que viviam naquela região era baseada, principalmente, em plantas e animais. "Os resultados questionam a suposição generalizada de que os peixes eram o principal componente econômico e a maior fonte de proteína entre as populações pré-colombianas que viviam nas proximidades de ambientes aquáticos nas terras
baixas da Amazônia", a rmou André Colonese, um dos pesquisadores, em declaração. Os cientistas encontraram evidências do consumo de animais, como paca, caviar, cutia, veado-do-mato e bagre, e de plantas silvestres e cultivadas, como mandioca, milho e abóbora. Para os estudiosos, a descoberta sugere que essas populações dedicaram esforços consideráveis à caça, ao manejo orestal e ao cultivo de plantas. "Nosso estudo fornece informações quantitativas sem
precedentes sobre até que ponto categorias distintas de alimentos d e s i s te m a s a g ro ore s t ai s atenderam às necessidades calóricas e proteicas das populações da Amazônia précolombiana", observou Colonese. "[Ele] corrobora o crescente consenso de que essas economias de subsistência diversi cadas alimentaram t r a n s f or m a ç õ e s c u lt u r a i s , demográ cas e ambientais na b a c i a a m a z ô n i c a o r i e nt a l durante [aquele período]".
BRUNO TODESCHINI/DIVULGAÇÃO PUC-RS
Os brasileiros responsáveis por pesquisar a múmia egípcia IretNeferet conseguiram extrair células intactas na mandíbula do corpo, que tem 2,5 mil anos. O e stu d o, c omp ar t i l ha d o no periódico Clinical Oral Implants Research, foi apresentado online no último sábado (10) no C o n g r e s s o d a As s o c i a ç ã o Europeia de Osteointegração (EAO). Segundo os especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Iret-Neferet é uma das duas únicas múmias egípcias restantes no Brasil e chegou por aqui na década de 1950 — mas só começou a ser estudada em 2017. Os resultados desses esforços foram compartilhados no início de 2019, quando a equipe pôde identi car e datar os restos mortais e, pouco depois, reconstruir o rosto de IretNeferet em 3D. Para o novo estudo, os cientistas analisaram amostras de tecido presentes nos restos mortais, o que os permitiu observar células de tecidos conjuntivo e ósseo e até hemácias intactas. Para os pesquisadores, a descoberta foi surpreendente e prova a so sticação do método
utilizado no Antigo Egito para mumi car corpos. "A técnica de mumi cação dos tecidos e a manutenção da morfologia das células, intactas por quase 2,5 mil anos, nos permitirá realizar novos estudos, dessa vez com o DNA celular", a rmou Éder Hüttner, cirurgião bucamaxilofacial que liderou a p e s qu i s a , e m e nt re v i st a à Galileu. "A partir do material genético poderemos obter mais informações sobre doenças e características de Iret-Neferet, como sua etnia". Os estudiosos também querem tentar rastrear a ár vore genealógica do cadáver e, para isso, contam com uma parceria com o Instituto Max Planck, na Alemanha. "Eles têm um banco
de dados com o genoma de 90 outras múmias, material que utilizam para analisar as etnias e os parentescos dos corpos", explicou Hüttner. Os cientistas também estão animados com a possibilidade de apresentar o estudo no Congresso da EAO, uma das organização mais relevantes na área. "Essa pesquisa representa muito para a egiptologia no Brasil, para sua tradição", disse Edison Hüttner, coordenador do Grupo de Estudo Identidade Afro-Egípcias da PUC-RS e irmão de Éder, em entrevista à Galileu. "Esse estudo ultrapassa outras pesquisas. [Ele nos permitirá] saber mais sobre o passado e, quem sabe, descobrir mais sobre quem somos".
Culturais de Yunnan, foram descobertos a mandíbula e o fêmur pertencentes a um mesmo indivíduo, que seria do sexo feminino.
para se mover com agilidade t anto n o s ol o, qu anto n a s árvores", disse Jablonski. "Esta versatilidade, sem dúvidas, contribuiu para que a espécie se dispersasse entre a Europa e a Ásia". "Esses macacos são iguais aos encontrados na Grécia durante o mesmo período", a rma Jablonski. "Sugerindo que eles se espalharam de algum lugar da Europa Central e zeram isso com bastante rapidez. Isso é impressionante quando você pensa em quanto tempo leva para um animal andar por dezenas de milhares de quilômetros por orestas e bosques". Embora haja evidências de que a espécie começou na Europa Oriental, os pesquisadores dizem que os padrões exatos de movimentação ainda são desconhecidos, mas se sabe que a dispersão foi rápida, em termos evolutivos, durante o nal do período do Mioceno.
Peixe de águas Fósseis de macacos de subterrâneas encontrado 6,4 milhões de anos são na Índia é 'fóssil vivo' encontrados na China O que parecia ser um peixe cabeça-de-cobra resultou ser um "fóssil vivo" que sobreviveu à ruptura de Gondwana, supercontinente que se dividiu há 200 milhões de anos
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
Em Western Ghats, uma cadeia montanhosa da Índia, no estado de Kerala, foi encontrado em 2019 um enigmático peixe muito parecido com a espécie conhecida como cabeça-de-cobra, da f am í l i a d o s Channidae. Batizado como Aenigmachannidae Gollum, o peixe foi submetido a um detalhado exame por parte de uma equipe i nt e r n a c i o n a l d e cientistas da Índia, Alemanha, Reino Unido e Suíça, que concluíram que se tratava de uma espécie até agora desconhecida, informa um comunic ado do Mus eu de
História Natural de B erna (Suíça). Único por suas delicadas escamas e barbatanas, o exemplar foi considerado um
subcontinente indiano para o n o r t e , ap ó s a r u p t u r a d o continente Gondwana, há 200 milhões de anos, conforme detalha um estudo publicado pela revista Scienti c Reports. "Parece verosímil que os Aenigmachannidae sejam uma linhagem evolutiva que sobreviveu à desintegração do supercontinente Gondwana, e logo migrou para o norte com o subcontinente indiano. Portanto, estes animais podem ser chamados de 'fósseis vivos', já que ainda apresentam muitas características primitivas", salientou Lukar Tiver, curador da seção de peixes do museu.
©PIXABAY/PHOTOSFORYOU
BOB BEHNKEN
"fóssil vivo" das águas subterrâneas de Kerala. Em particular, se ressalta que seu comportamento e características não evoluíram muito durante os 100 milhões de anos que durou a deriva do
Três fósseis encontrados em uma mina de lignito no sudeste da província de Yunnan, na China, trazem novas informações sobre a origem dos macacos. Com 6,4 milhões de anos, a equipe de pesquisadores acredita que o an i m a l d e s c o b e r to foi u m ancestral da espécie que hoje vive na região. Esses são os fósseis de primatas mais antigos descobertos fora da África. "É próximo ou realmente o ancestral de muitos dos macacos do Leste Asiático. Uma das coisas mais interessantes do ponto de vista da paleontologia é que esse macaco estava no mesmo lugar e na mesma época que espécies antigas na Ásia”, disse Nina G. Jablonski, professora de Antropologia da Universidade Evan Pugh, dos EUA, em nota. Segundo os estudos publicados no Journal of Human Evolution, que tiveram colaboração de Xueping Ji, do departamento de paleoantropologia do Instituto de Relíquias e Arqueologia
©XUEPING JI
Também foi descoberto um osso do calcanhar esquerdo, segundo Dionisios Youlatos, da Universidade Aristóteles de essaloniki, Grécia, em outro ar t i go na re v ist a . O fó ss i l pertenceria à mesma espécie de macaco, Mesopithecus pentelicus. "O calcâneo revela que o macaco estava bem adaptado
8 BEM-ESTAR
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
Pesquisas concluem, olhar filhotes faz Gratinado de brócolis bem para a saúde! Nutricionista - CRN:14100665
TUDORECEITAS
Estudos de universidades no Japão e Inglaterra apontam que imagens de animais fofos reduzem o stress e aumentam a concentração ©AUSTIN KIRK/UNSPLASH
Se você faz parte do imenso grupo de pessoas que adora ver vídeos e fotos de animaizinhos, temos uma boa notícia: este hábito faz bem para a sua saúde! Um estudo da Universidade de Leeds, na Inglaterra, concluiu que olhar animais fofos ajuda a reduzir signi cativamente o nível de stress em humanos. E, segundo os pesquisadores, não precisamos estar ao vivo com os bichos, observar fotos e vídeos também traz um efeito positivo. A pesquisa explorou as reações siológicas e psicológicas de p ess o as s ob o imp ac to de imagens “fofas” de animais, usando estudantes e funcionários da universidade como cobaias. Seguindo um roteiro, 19 p ar t icip antes assistiam a uma apresentação de 30 minutos com imagens e v í d e o s c u r to s d e d ive rs o s animais. Entre os participantes, 15 eram estudantes que teriam uma prova 90 minutos depois de assistirem à apresentação e quatro eram funcionários da universidade que se declararam estressados no trabalho. Os batimentos cardíacos de todos os participantes caíram depois de ver as imagens dos
animais. A pressão sanguínea tamb ém caiu em to dos os participantes, de uma média de 13/9 para 11/7, o que colocou o grupo dentro da média ideal de pressão sanguínea. Os participantes também responderam a um questionário de 20 perguntas para que os pesquisadores pudessem avaliar a sua taxa de ansiedade dentro de critérios pré-estabelecidos por uma metodologia cientí ca. Em alguns casos individuais, a taxa de ansiedade caiu pela m e t a d e , p r ov a n d o q u e a s imagens serviram como um poderoso alívio para o stress e estimulante para o bom humor. Entre todas as avaliações, a taxa de ansiedade caiu em algum nível. “Os vídeos têm um impacto m a i or d o qu e a s i m a g e n s estáticas, e acredito que ver esses animais ao vivo tenha um efeito ainda maior”, conta Andrea Utley, cientista que liderou o estudo. Mais oito sessões com apresentações de animaizinhos estavam programadas para concluir o estudo, mas elas tiveram que ser adiadas pela pandemia. Andrea está agora buscando realizar a pesquisa de
forma online para levantar mais dados sobre o impacto das imagens em pessoas. Outro estudo, desta vez da Universidade de Hiroshima, no Japão, descobriu que olhar para animais bonitinhos tem um efeito poderoso na nossa capacidade de foco e concentração. Liderado pelo pesquisador Hiroshi Nittono e sua equipe, o estudo envolveu experiências com 132 estudantes da universidade e concluiu que houve um aumento na performance estudantil e em at ividades det a l hist as que precisam de maior concentração. Estudantes que olharam para fotos de lhotes de animais tiveram um desempenho melhor nas avaliações propostas do que aqueles que ol haram p ara imagens neutras ou de animais já adu ltos. “Os resu lt ados comprovam que as imagens de lhotes de animais tiveram um impacto positive no desempenho de atividades que demandam concentração e cuidado, possivelmente por estreitar o foco de atenção”, diz o estudo. Os cientistas sugerem que os nossos instintos acolhedores estão por trás deste impacto. Filhotes que precisam da nossa atenção e cuidados para estarem seguros e bem cuidados, despertam a nossa capacidade de conexão com o mundo externo. “O estudo traz evidências de que a 'fofura' dos lhotes desperta efeitos cognitivos e comportamentais imediatos, que vão além do encantamento ou interação social”, conclui Hiroshi Nittono.
Brincar na natureza é essencial para o desenvolvimento das crianças ©ISTOCK
Incentivar o contato com a natureza desde cedo é essencial para o melhor desenvolvimento das crianças. Pesquisas mostram que a falta de oportunidades de brincar e aprender junto aos ambientes naturais está relacionada a problemas como obesidade, baixo rendimento e s c o l a r, m i o p i a , b a i x a autoestima e falta de equilíbrio e habilidade física. Em um estudo da University College London, com alunos da rede primária, 79% das crianças que participaram de experimento ao ar livre relataram sentirem-se mais con antes nelas mesmas. Além disso, cerca de 80% concordaram que o contato com a natureza os ajudava a ter uma relação melhor com professores e colegas. “A pandemia do coronavírus
impôs um nível de isolamento s o c i a l n u n c a a n t e s v i s t o, afastando as pessoas da natureza. É essencial que essa conexão seja retomada, fortalecida e, no caso das crianças, estimulada desde cedo, por meio de atividades e b r i n c a d e i r a s ”, e x p l i c a a coordenadora de Comunicação e Engajamento da Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Melissa Barbosa, reforçando a importância dessa conexão para que meninos e meninas também valorizem a natureza e compreendam a importância de protegê-la. Em 2019, o Instituto Alana e a Sociedade Brasileira de Pediatria lançaram um manual com dicas
N
inguém consegue resistir a esta receita de gratinado de brócolis com molho branco, uma sugestão de acompanhamento bem gostoso e fácil de preparar! Mesmo que você não goste muito de brócolis, apostamos que você vai gostar desta receita de brócolis gratinado com queijo porque tem um sabor muito suave e a consistência cremosa é irresistível. Experimente! Ingredientes 300 g de brócolis 1l de água 2 colher de sopa de manteiga 2 dentes de alho amassados 2 colheres de sopa de trigo 1 xícara de leite Sal e pimenta a gosto 1 caixa de 200 g creme de leite Frango des ado a gosto Bacon a gosto Preparo Coloque água para ferver em
de atividades para crianças, adolescentes, famílias, educadores e pediatras. “Apesar de o bom senso e a experiência na clínica pediátrica reconhecerem os benefícios que a criança e o adolescente obtêm através do brincar e das atividades de lazer e aprendizado ao ar livre, em contato com a natureza, o fato é que em contextos urbanos eles têm cada dia menos oportunidades de usufruir desse direito universal”, alerta a publicação, coordenada pela membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e coordenadora do programa Criança e Natureza do Instituto
uma panela, assim que ferver coloque o brócolis com o talo para baixo e deixe cozinhar por sete minutos, depois coloque o
manteiga e deixe derreter, junte o alho e deixe dourar. Adicione a farinha de trigo e deixe até fritar um pouco.
(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020
talo para cima e deixe cozinhar por mais dois minutos (não pode car muito mole). Depois passe-os na água fria e corte separando os buquês, arrume em um refratário e reserve. Em uma panela coloque a
Depois junte o leite mexendo até engrossar, acrescente o creme de leite mexa e está pronto o molho. Jogue o molho em cima dos buquês, polvilhe o queijo a gosto e leve ao forno em 200° até dourar bem o queijo.
Alana, Laís Fleury. Entre as ações recomendadas pelo manual estão: estimular as crianças a explorar e conhecer seus bairros, fazer fora de casa as atividades que se costuma fazer dentro, organizar encontros e festas ao ar livre, cultivar plantas e hortas, dar preferências a destinos naturais durante as férias escolares e oferecer livros e re vistas s obre natureza às crianças e adolescentes. “Os livros podem inspirar o amor e a curiosidade pela vida lá fora, ao ar livre. Exemplo: guias de campo sobre as aves e plantas, l i v ro s s o bre av e ntu r a s n a natureza e sobre sua beleza
inspiradora”, diz a publicação. “A l i t e r a t u r a e d e m a i s manifestações artísticas também fazem parte do processo de construção de uma cultura voltada para o cuidado com a natureza e a biodiversidade”, diz Melissa. Ela destaca como exemplo a coleção “Meu Ambiente”, lançada digitalmente neste ano pela Fundação Grupo Boticário. Contendo nove livros paradidáticos — do primeiro ao último ano do ensino fundamental — e com referencial teórico, a coleção ajuda professores e alunos a trabalharem assuntos de maneira transversal com outras disciplinas.
(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES
SAÚDE 9
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
30% dos nascidos no Extrato de planta pode reduzir diabetes, obesidade e gordura nal do século 20 têm no fígado uma nova artéria no braço Em testes em animais, o extrato da Picramnia excelsa, popularmente conhecida como cedrico, apresentou propriedades terapêuticas contra problemas que atingem milhões de brasileiros DIVULGAÇÃO
©CLAY BANKS/UNSPLASH
Ao que tudo indica, nossa espécie ainda está evoluindo de maneiras únicas e as mudanças na seleção natural podem ser o principal motivo. Prova disso é um estudo conduzido p or cientistas da Universidade Flinders e da Universidade de Adelaide, ambas na Austrália, compartilhado em setembro no Journal of Anatomy. No artigo, os especialistas revelam que há um aumento signi cativo na prevalência de uma artéria em humanos desde o nal do século 19. A artéria mediana, como é conhecida, é o principal vaso que fornece sangue para o antebraço e a mão humana. Ela é formada pela primeira vez no útero da mãe, mas desaparece assim que dois outros vasos, as artérias radial e ulnar, se d e s e nvolve m a o l ongo d o desenvolvimento fetal. Sendo assim, a maioria dos adultos obviamente não tem uma artéria m e d i a n a . O n ov o e s t u d o, entretanto, descobriu que um número cada vez maior de pessoas não "perdem" a artéria mediana, cando com os três vasos. "Desde o século 18, os anatomistas têm estudado a prevalência dessa artéria em adultos e nosso estudo mostra que ela está claramente aumentando", disse Teghan
Lucas, coautor do estudo, em declaração. "A prevalência era de c e rc a d e 1 0 % e m p e s s o a s nascidas em meados da década de 1880 em comparação com 30% nas nascidas no nal do século 20, de modo que é um aumento signi cativo em um período bastante curto de tempo, quando se trata de evolução". Para os pesquisadores, essa tendência evolutiva continuará entre os nascidos nos próximos 80 anos, com a artéria mediana se tornando comum no antebraço humano. Além disso, a prevalência da artéria ao longo de gerações mostra que os hu m a n o s m o d e r n o s e s t ã o evoluindo a um ritmo mais rápido do que em qualquer momento nos últimos 250 anos. " E s s e au m e nt o p o d e t e r resultado de mutações de genes envolvidos no desenvolvimento
d a ar té r i a me d i ana ou d e problemas de saúde das mães durante a gravidez, ou ambos, na verdade", explicou Lucas. "Se essa tendência continuar, a maioria das pessoas terá a artéria mediana do antebraço em 2100". Os cientistas explicam que a artéria "extra" oferece benefícios porque aumenta o suprimento geral de sangue e pode ser usada como substituto em procedimentos cirúrgicos em outras partes do corpo humano. "Esta é a microevolução em humanos modernos e a artéria mediana é um exemplo perfeito de como ainda estamos evoluindo porque as pessoas nascidas mais recentemente têm uma prevalência maior dessa artéria quando comparadas aos humanos das gerações anteriores", observou o coautor Maciej Henneberg.
Uma planta nativa da Floresta de Araucárias, localizada na região sul do Brasil, pode ajudar a perder de peso, a reduzir o açúcar no organismo e também o acúmulo de gordura no fígado. É o que mostram estudos com a Picramnia excelsa, mais conhecida como cedrico. A planta foi analisada por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial da Universid ade Posit ivo, no Paraná. Para chegar a esses resultados, os cientistas realizaram testes em ratos albinos. Os animais foram induzidos à obesidade e ao diabetes mellitus ao consumirem uma diet a hip erca lór ica e hiperglicêmica ao longo de 24 semanas, enquanto eram pesados semanalmente. Os roedores continuaram a receber a mesma dieta, mas parte deles passou a ingerir também um extrato seco da casca da Picramnia excelsa por 30 dias. Outros serviram como grupo de controle e não consumiram a planta brasileira. Durante esse tratamento, o peso dos animais foi veri cado a cada três dias e os cientistas p erceb eram que pararam de engordar. “A o n a l d e s s a d i e t a , observamos que os ratos que foram tratados com cedrico não continuaram a ganhar peso como os que pertenciam ao grupo de controle, que continuaram a consumir a dieta
hipercalórica e hiperglicêmica sem tratamento algum”, relata Eliane Carvalho de Vasconcelos, professora da Universidade Positivo. Houve uma melhora também nos índices glicêmicos dos animais que consumiram o extrato de Picramnia excelsa. “Os ratos continuaram diabéticos, porém, conseguiram regular o nível de açúcar no sangue de forma melhor do que o grupo de controle”, explica. Além desses benefícios, o
maior achado do estudo foram os efeitos hepatoprotetores da planta brasileira, acredita Eliane. “Os parâmetros bioquímicos do fígado foram todos normalizados a partir desse t r a t a m e n t o ”, c o n t a a p es quis adora. “S e a gente consegue reduzir as lesões e a gordura nesse órgão, já resolvemos grande parte das complicações da obesidade e do diabetes, porque fazemos com que o fígado funcione normalmente”.
Bebidas doces na amamentação podem afetar desenvolvimento cognitivo do bebê Pesquisadores acreditam que o leite materno pode ser muito mais influenciado pelo o que as mães bebem e comem do que se imagina KOUS9/UNSPLASH
O consumo de bebidas açucaradas pode ser prejudicial não apenas na idade adulta, mas também para bebês que ainda mamam no peito. É o que aponta um estudo publicado no e American Journal of Clinical Nutrition na última terça-feira (6). Segundo a pesquisa, quando expostos ao leite de mães que consomem bebidas com açúcar, os pequenos cam mais v u l n e r áve i s a d e s e nvo l ve r problemas cognitivos durante um período de até dois anos. A pesquisa analisou 88 mães que relataram a quantidade de bebidas doces e sucos ingeridos
durante o primeiro mês de amamentação. Seus lhos foram avaliados quando completaram dois anos de idade. Aí veio a surpresa: os pequenos cujas mães relataram comer açúcar mostraram ter um pior desenvolvimento cognitivo. S e g u n d o o s pesquisadores, o açúcar adicionado na dieta da mãe foi passado para o bebê por meio do leite materno e essa exposição acabou interferindo no desenvolvimento cerebral. “A
comem e bebem muito mais do que imaginávamos”, diz, em nota, Michael I. Goran, diretor do Programa de Diabetes e Obesidade do Hospital Infantil de Los Angeles, nos Estados Unidos. Segundo ele, uma dieta com qu ant i d a d e s re s t r it a s d o ingrediente doce pode fazer b e m n ã o ap e n a s p ar a a s mamães, mas também para
amamentação pode ter muitos benefícios, mas estamos vendo
que o leite materno é in uenciado pelo o que as mães
seus bebês, inclusive no futuro. "Em última análise, queremos que os bebês recebam nutrição da melhor qualidade", pontua Paige K. Berger, primeira autora do estudo. "Nossas descobertas podem ser usadas para orientar recomendações nutricionais a mães durante a amamentação e garantir que os bebês recebam os nutrientes adequados para o desenvolvimento cognitivo.
10 Criança hoje, Criança amanhã
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
ANA MARIA IENCARELLI Psicanalista Psicanalista Clínica, especializada no atendimento a Crianças e Adolescentes Presidente da ONG Vozes de Anjos http://www.anamariaiencarelli.blogspot.com
Como é bom ser criança! rincar, imaginar, pular, correr, girar, a p o s t a r, g r i t a r, chorar quando cai,
B
Mas, ao lado dessas mágicas que poderíamos até chamar de boa vida, são tantas as regras que ela tem que
uma pequena explicação sobre o perigo que um dodói novo trazia. Há aqui um comportamento que faz
com um convívio continuado, ininterrupto, quando crianças e adultos perderam a alternância
gargalhar, brigar, fazer as pazes, buscar respostas. A curiosidade é o motor da cognição. Aprendemos a pensar pela experiência de satisfazer a curiosidade pelo novo. A inteligência passa a infância toda repetindo a busca de respostas a perguntas que intrigam a criança. Mas, as respostas, que vão esclarecendo estes mistérios, precisam percorrer os caminhos perceptivos, ou seja, precisam chegar pelas vias dos nossos cinco sentidos. Em especial a visão, aquele princípio, velho conhecido de to dos, “s ó acre dito vendo”. É b o m n ã o t e r preocupação com a organização da casa, como a comida chega no prato ou a roupa que tirou para o banho reaparece na gaveta, limpinha e bem dobrada.
seguir que, quando esquecidas, são devidamente cobradas, que a boa vida é relativa. Não podemos pensar que, se a criança não tem responsabilidade com seu sustento e a proteção das boas condições do seu desenvolvimento, a criança não tem preocupação, não tem compromisso com as pessoas que lhe são queridas, e até mesmo, com as pessoas que nem conhece, mas que acessa dados da existência. As crianças são capazes de se sensibilizar por outras crianças, outros adultos, em breve tempo, que seja. Temos agora um exemplo emblemático que veio com o conhecimento, pequeno ou médio, do coronavírus. Crianças muito pequenas se a p o s s a r a m d e conhecimento que lhes dava
parte desta capacidade, qual seja a Função Semiótica, conceito brilhante de Piaget, em seu comportamento de imit aç ão diferenci ad a, colaborou na identi cação com os adultos que a rodeavam. Muitas vezes parecendo alheia à realidade, em seus períodos de devaneio, não devemos nos equivocar pensando que a criança não está prestando atenção. Quantas vezes ouvimos aquele comentário de que a du lt o s for am surpreendidos por uma criança que estava brincando absorta durante uma situação e que registrou tudo que foi dito pelos grandes. É frequente que a criança não dê sinais de que está acompanhando o que está sendo dito. Este tempo de isolamento em que as famílias caram
resposta. Não precisava ser uma verdade cientí ca. Preenchia certinho. Do outro lado, aquele era o momento do prazer da onipotência do adulto. Quanto conhecimento. Quanta sabedoria. Quanta satisfação diante da admiração emocionada daquela criança. Momento de imenso prazer para os dois lados que foi transformado em incerteza, incerteza e incerteza. Nunca teríamos imaginado a situação que vivemos com uma pandemia como esta. Todos os indicadores de previsão foram rasgados. Todos os parâmetros, destituídos de s eus fatores comprobatórios. Todos, precisamos improvisar. E o improviso se tornou crônico, passou a ser o modus vivendi. Mas, a criança continuou a b r i n c a r, a p u l a r u m pouquinho, a correr um pouquinho, a gargalhar, a chorar, a jogar muito na
capacidade de suportar. Esta condição deste tipo de trauma cumulativo tem também uma grande
a c a l m av a m o m e d o, a angúst ia, a ame aça do desconhecido. Ao perguntar chegava a
internet, a sonhar, a disputar espaço de crescimento. Ela, a criança, sempre tem muito a nos ensinar.
(27) 33337-2008
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natural da vida, com variação de pessoas, de t arefas, de horár ios, a sobrecarga que a criança recebeu foi acima de sua
nocividade para o desenvolvimento saudável e pleno da criança. É uma situação inusitada, sobre a qual nada sabemos, e que estamos aprendendo ao longo da epidemia. Isto, o caráter inédito de uma situação globalizada, também nunca vivida, foi captada pela criança que fez perguntas que apertavam os pais. Às insistentes perguntas das crianças, que produziam respostas p a s s a r a m a “n ã o s e i”, “ninguém sabe”, foi uma experiência também que crianças e adultos aprenderam, sem aviso prévio. Tanto p ar a a c r i anç a quanto para o adulto, esta exposição ao “não saber” trouxe um incômodo que desarrumou estereótipos, até então, eram facilitadores de uma acomodação que trazia uma ilusão de calmaria. De um lado a criança acreditava que o pai, e a mãe sabiam tudo, tinham respostas que lhe
COMPORTAMENTO 11
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
NÁGELA ISA CARNEIRO SIRQUEIRA Hipnoterapeuta Mentora Gestacional Cel.: (27) 99947-8786 Instagram: @nagelaisa.oficial
Força de vontade é suficiente? CRISTIAN NEWMAN/UNSPLASH
P
or que motivo muitas vezes, uma pessoa não consegue perder peso, mesmo querendo muito? Começa uma dieta e não consegue manter, entra na academia e não consegue dar continuidade? Muda a alimentação, mas não tem resultado? Pelo mesmo motivo que uma pessoa com depressão não consegue transformar o que está sentindo, apesar do desejo de ser mais feliz e se sentir melhor. A força de vontade faz parte apenas da parte racional da nossa mente. E o que realmente comanda nossas ações, é a parte emocional dela. É onde estão armazenadas nossas memórias, onde nossa personalidade reside, onde o caminho para pensar como pensamos e agir como agimos, está criado. Uma alma muito sábia me disse certa vez, que não existe caminho que não possa ser mudado. Isso vale para nossas escolhas e vale também para nossa mente! Não é porque nosso cérebro criou um mapa, conforme nosso aprendizado, que quer dizer que precisamos seguir por ele até o m da vida. Da mesma forma que nossa mente aprendeu a assimilar situações e emoções, representar o mundo ou construir nossa autoimagem, ela pode aprender a fazer isso de forma diferente.
Tu d o qu e v i ve n c i am o s e registramos desde a vida intrauterina, forma e constitui nossa maneira de reagir aos estímulos do mundo. Sejam est ímu los exter nos — que envolvem outras pessoas, sejam estímulos internos — referente aos pensamentos que manifestamos. A principal função da nossa
mente, é nos proteger. O ser humano sempre busca o prazer e foge da dor. Por isso temos o instinto de luta e fuga, instinto sexual que perpetua a espécie, f o m e , f r i o, s e d e . . . t u d o é magni camente orquestrado por nosso cérebro! Em algum momento, a mente aprende que precisa se comportar de determinada
maneira, para que a pessoa que protegida, ou para se sentir afetivamente correspondida. Por isso, a força de vontade não b ast a p ar a qu e as p e ss o as consigam realmente fazer a transformação que precisam em suas vidas. Mesmo que o desejo seja genuíno — e precisa mesmo ser! Algo muito mais profundo precisa ser recodi cado. Imagine nossa mente como um s o s t i c a d o H D. Tu d o q u e vivemos ca registrado ali. Alguns arquivos mais acessados vão cando maiores e mais visíveis. Outros menos importantes vão cando mais escondidos e pouco acessados. Talvez alguns irão para a lixeira. Mas eles nunca deixam de existir de verdade. Agora imagine que existem formas de recodi car um arquivo que não esteja funcionando direito, ou que precisa de um novo design ou con guração. É mais ou menos assim que nossa mente funciona. Não é possível apagar uma lembrança ou mudá-la. Mas é possível mudar o seu contexto e o prisma pelo qual foi assimilada por nós. Em meus atendimentos como terapeuta, co sempre admirada com a forma em que as crenças e padrões se desenvolveram nas vidas das pessoas, causando os transtornos que se manifestam em suas vidas. Nossa mente aprende por repetição ou por
imp ac to emo ciona l. D ess a forma, todas as nossas experiências serão peça chave para construção de quem somos. Porém muitas vezes, não é uma experiência traumática em si, que gera uma demanda. Mas sim, o re exo e reprodução do
motivo de termos essas emoções que geram tanto transtorno. O Autoconhecimento por si só, não traz mudanças. Ele precisa estar aliado a ressigni cação e reeducação mental. Não basta tratar apenas um sintoma, mas sim a necessidade que a mente
JAROSLAV DEVIA/UNSPLASH
comportamento e das crenças familiares. A melhor maneira de se obter resultados realmente e cazes e conseguir transformar nossas sensações, é tratando a causa, o
criou, para que ele exista. A partir daí, podemos nos dizer l iv re s . Por s e r mo s nó s a comandar nossa mente, e não o contrário!
Mulheres quilombolas lançam livro “Mulheres Quilombolas: territórios de existências negras femininas” fala sobre o ambiente, a educação e a mobilização nas comunidades s e movimenta. O s elo que homenageia Sueli Carneiro tem a coordenação de Djamila, que, por sua vez, convidou Selma, que convo cou outras mulheres q u i l o m b o l a s . “S u e l i é u m referencial na luta das mulheres negras, um baluarte para nós”, diz Selma.
vozes delas estão reunidas no livro “Mulheres Quilombolas: Territórios de existências negras femininas” (editora Jandaíra), organizado por Selma dos Santos D e a l d i n a , p e l o S e l o Su e l i Carneiro, coordenado pela lósofa Djamila Ribeiro. A publicação rati ca a ideia de que, quando uma mulher negra se movimenta, toda a sociedade
A apresentação é feita pela professora e pesquisadora Nilma Lino Gomes e a orelha é assinada pela jornalista Flávia Oliveira, duas mulheres que nasceram em territórios quilombolas. Nilma é professora universitária, foi a primeira reitora negra brasileira e ministra da Secretaria de Pol ít i c a d e Promo ç ã o d a Igualdade Racial (Seppir). Flávia
REPRODUÇÃO/OLHARES PODCAST
Elas são maioria nos territórios quilombolas, lideram as organizações comunitárias e são guardiãs dos saberes tradicionais. No entanto, as mulheres quilombolas sofrem o racismo estrutural de forma ainda mais dura em comparação aos homens. Pela primeira vez, as
Oliveira assina coluna no jornal O Globo. “Desejo que as pessoas conheçam as narrativas de mulheres quilombolas”, diz ela. “Elas estão na academia, na roça. São vereadoras, vice-prefeitas, estudantes, trabalhadoras no campo”. O convite para a produção do livro foi feito em 2017 por Djamila e, de imediato, Selma externou o desejo de que fosse uma obra coletiva. “Aceito com a condição de convidar outras mulheres negras”, disse. A publicação re ete a produção intelectual de mulheres qui lomb olas. Muit as delas conquistaram lugares nas universidades: “Não tem possibilidade de falar da luta das mulheres sem citar a vitória na academia, mas também dos desa os, como o enfrentamento da violência doméstica”. Selma dos Santos Dealdina é do quilombo Angelim III, Território do Sapê do Norte, no Espírito Santo. Sua obra aborda diferentes eixos temáticos, dos processos de regulamentação fundiária à e ducação, p ass ando p ela mobilização nas comunidades e pelo ambiente. As mulheres
quilombolas têm papel f u n d am e nt a l n a pro du ç ã o agrícola em seus territórios e, por meio delas, as práticas agroecológicas são repassadas por gerações. No capítulo assinado por S e l m a , e l a d e st a c a qu e o s quilombos representam projeto de partilha e construção de um território, de compartilhamento de acesso aos bens, em especial à terra. Relata a consolidação de direitos da Constituição de 1988 e o processo de criação da C o ord e n a ç ã o Na c i on a l d e Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq). Os números demonstram a lentidão no processo de regularização dos territórios quilombolas. Ao todo são seis mil quilombos em todas as Unidades da Federação. Desses quilombos, 3.386 foram certi cados pela Fundação Cultural Palmares, mas apenas 181 territórios foram titulados: 139 por governos estaduais, 39 pelo governo federal e três pelos governos federal e estaduais, em conjunto. No entanto, há 1.691 processos abertos para regu l ar izaç ão no Inst ituto Nacional de Colonização para
Reforma Agrária (Incra). “A violência marca a disputa de interesses sobre os territórios, com mortes, ameaças, afastamento das lideranças do quilombo, restrições de direitos, entre outras consequências”, escreve Selma. Ao descrever o processo de resistência ela fala do papel delas na preservação da história: "Nós, mulheres quilombolas, temos
um papel de extrema importância nas lutas de resistência, pela manutenção e regularização dos nossos territórios. No quilombo ou na cidade, temos sido as guardiãs das tradições da cultura afrobr as i l e i r a , d o s ag r a d o, d o cuidado, das lhas e lhos, das e dos griôs, da roça, das sementes, da preservação de recursos naturais fundamentais para a garantia dos direitos.
12 OLHAR DE UMA LENTE
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
A angústia de uma professora e uma líder comunitária C
da Serra, Rita de Cácia da Silva, graduada em pedagogia e pós-graduada em alfabetização e letramento em educação especial, se diz preocupada
sozinho ou com a hiperatividade e, em sala de aula, quando isso acontece, é um caos, porque a criança, além de não prestar atenção, ainda atrapalha o
poder ajudar, caso consigam uma cadeira na Câmara. A professora de português da rede pública do município
com a educação no município, em especial com as crianças que têm dé cit de atenção. “O dé cit de atenção pode vir
desenvolvimento dos demais alunos. Esse é o grande problema que os professores da rede enfrentam dentro
HAROLDO CORDEIRO FILHO
andidatas a vereadora pelo município da Serra, professora e líder comunitária falam de suas angústias e vontade que têm em
das salas de aula das instituições públicas. Existe uma carência muito grande de pro ssionais dessa área. Te m o s m u i t o s p r o f e s s o r e s s e m experiência enfrentando esse problema em sala de aula”. Para ela, o município precisa trabalhar a questão do ambiente familiar, pois ele in uencia muito no processo de aprendizagem das crianças. É preciso criar mecanismos que trabalhem diretamente com a família da criança. Fazer um trabalho casado com a escola e a família. A família precisa estar engajada com a instituição de ensino, só assim teremos resultados positivos no futuro próximo. “Outro tema que é também muito importante é o nivelamento por conhecimento dos alunos. Temos alunos que estão muito acima da média em sua sala e não podem passar para outras turmas mais avançadas por causa da idade. O grau de maturidade e conhecimento dessa criança precisa ser considerado. O critério de idade é ultrapassado e precisa ser mudado”, chama atenção Rita. A líder comunitária Eronice Lopes Garcia de Oliveira, mais conhecida como Nice, formada em Gestão Pública, casada e mãe de dois lhos, disse que o que tem chamado mais a sua atenção é a quantidade de jovens usuários de drogas
nas praças. “Vejo que o jovem precisa ter o seu tempo ocupado e isso cabe ao poder público desenvolver ações que tornem isso possível. Infelizmente, nossas praças, que foram construídas anos atrás, onde antes víamos famílias inteiras desfrutando do espaço, hoje, estão tomadas pelo trá co de entorpecentes. Esses jovens estão perdidos, sem rumo, sem estudo, sem motivação e sem perspectiva nenhuma de vida. Nesses oito último anos, vimos que não houve n e n hu m i nt e re s s e p or p a r t e d o município em desenvolver algo para essa p o p u l a ç ã o . P r e c i s a m o s a p o i a r, incentivar e cuidar melhor deles”, desabafa. “Outra geração que precisa ser melhor assistida é a do idoso. Eles estão abandonados. Recebi um relato sobre as condições de atendimento aos idosos no Terminal de Laranjeiras. Segundo ele, o atendimento é demorado e, acredite, as cadeiras são de madeira. As leis só existem no papel. Acredito que isso seja fruto de um con ito que a sociedade está vivendo. Não estamos preparando as crianças e os jovens para dar o valor necessário aos nossos idosos. Temos que pensar que a população brasileira está envelhecendo e com essa realidade, se não zermos nada agora, o que será no futuro?”, questiona.
COMUNICADO SANTA TERESA O prefeito do município de Santa Te r e s a , G i l s o n Amaro, de acordo com suas atribuições, m a n t e v e a ap l i c a bi l i d a d e d a Portaria/SMES/nº00 9/2020, de 03 de abril de 2020 quanto à oferta de Atividades Pe d a g ó g i c a s Nã o Presenciais (APNPs) — regime de trabalho r e m o t o d o s servidores lotados nas instituições de Ensino vinculadas à
Secretaria Municipal de Educação de Santa Teresa/ES, realizou pesquisa com pais e responsáveis pelos alunos matriculados na rede municipal de ensino, para saber se eles estão de acordo com o retorno das aulas presenciais. O resultado vocês conferem abaixo: 1) Você gostaria que as aulas presenciais fosse retomadas? 78,5% NÃO 21,5 SIM
2) Pai, Mãe ou resp ons ável, vo cê mandaria seu lho(a) para a escola caso as au l a s p r e s e n c i a i s retomassem seguindo o protocolo da saúde? 80,1% NÃO 19,9% SIM * * F o r a m entrevistados 2960 pais e responsáveis da c re c h e a o e n s i n o fundamental.
TATI BELING
BRASIL 13
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
A semana em Brasília S e no E
Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes
jornalfatosenoticias.es@gmail.com
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Dia do Professor
KIN ALOHA
Sérgio Majeski (PSB-ES)
VALDIR ROCHA/AGÊNCIA SENADO
Majeski apresenta projeto para garantir proteção ambiental no litoral capixaba
Sônia Steins (Patriotas-FundãoES) Dia do Professor completa 57 anos com desafios para a categoria O Brasil celebra nesta quinta-feira (15) o Dia do Professor. A data foi instituída por um decreto do presidente João G ou l ar t em outubro de 1963 p ara “comemorar condignamente” e “enaltecer a função do mestre na sociedade moderna”. Passados 57 anos, a categoria enfrenta condições de trabalho adversas e está no centro do debate sobre a retomada das atividades interrompidas pela pandemia de coronavírus. Um estudo publicado em setembro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) serve como parâmetro objetivo para avaliar o nível de valorização do professor no Brasil. A instituição comparou a remuneração inicial de educadores do ensino médio em 40 países. O resultado é constrangedor: o Brasil ocupa a última posição no ranking, com US$ 13.630 anuais — cerca de US$ 1.135 dólares por mês. Ficamos atrás de Costa Rica (US$ 1.212), Colômbia (US$ 1.770), Chile (US$ 1.938) e México (US$ 2.283), por exemplo. A média entre os 40 países pesquisados pela OCDE é 2,5 vezes superior à brasileira: US$ 2.923 mensais. AGÊNCIA SENADO
Micro e pequenas empresas
Lançamento de campanha Na última segunda-feira (12), a vereadora Sônia Steins reuniu correligionários e eleitores para apresentar suas propostas políticas em seu Sítio Querubino, localizado no município de Fundão. Na ocasião, a candidata à reeleição agradeceu aos presentes e fez um resumo do seu mandato até aqui. “Agradeço a todos que se zeram presentes, demonstrando simpatia e reconhecimento pelos últimos quatro anos de trabalho. Sou simples e quero continuar assim, com olhos voltados para essas pessoas que são iguais a mim”, agradeceu Sônia.
e pequenas empresas Apesar das medidas do governo para auxiliar os empresários brasileiros de todos os tamanhos com empréstimos facilitados, grande parte dos recursos não chegou às pequenas e microempresas, que agora, quando se aproxima o m dos auxílios e linhas de crédito emergenciais concedidos na pandemia de covid-19, ainda precisam lidar com outro problema: pagar tributos atrasados. Por isso, serão necessários mais recursos para nanciar esses empresários e os empreendedores individuais a manter suas atividades e que o Congresso Nacional aprove propostas para renegociar ou até mesmo perdoar as dívidas tributárias. Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, pelo menos 50% dos micros e pequenos empresários nem tentaram recorrer ao crédito pelas di culdade burocráticas que encontram. Dessa metade que procurou, apenas 22% obtiveram sucesso, ou seja, 15% do total. Isso precisa ser ampliado e, principalmente no contexto de crise causada pela pandemia, os devedores também vão precisar de auxílio para se reerguer, defendeu.
Pouco tempo após o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) — órgão consultivo do Ministério do Meio Ambiente — aprovar a extinção da resolução que delimitava as Áreas de Proteção Permanente (APPs) de manguezais e de restingas no litoral brasileiro, o deputado estadual Sergio Majeski apresentou proposta para garantir a preservação dos remanescentes naturais da faixa litorânea no Espírito Santo. Já tramitando na Assembleia Legislativa, o Projeto de Lei 525/2020, de autoria do parlamentar, dispõe sobre as de nições e limites das APPs nos 14 municípios que compõem o litoral capixaba. “Entendemos que a revogação pode causar prejuízos ambientais irreparáveis, uma vez que haverá possibilidade de interpretações mais exíveis da legislação ambiental em vigor. Diante da importância do tema, buscamos xar em nível estadual a metragem protetiva determinada anteriormente na resolução Conama”, destaca Majeski. Ecossistema costeiro, que faz parte do Bioma da Mata Atlântica, a restinga abriga inúmeras espécies da fauna e da ora ameaçadas de extinção, muitas das quais endêmicas e utilizadas na alimentação, medicina e ornamentação. Além disso, a vegetação exerce um importantíssimo papel de xação da areia e das dunas, impedindo a erosão nas praias. Já os manguezais, de acordo com levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves, atualmente ocupam 8.687 hectares nos 14 municípios do litoral e também em Cariacica. Área rica em biodiversidade, o mangue também sofre com ameaças constantes devido aos aterros, resíduos sólidos, esgoto residencial e industrial, caça predatória e lixo e poluição em geral.
JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
Fabiano Contarato (Rede-ES)
Ajuda do governo só chegou a 15% das micros Presidente da Comissão de Meio Ambiente critica Salles por promover 'desmonte' O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Fabiano Contarato, demonstraram ter visões totalmente divergentes sobre a condução da atual política ambiental no país, durante a reunião da comissão que investiga as causas dos incêndios no Pantanal, na terça-feira (13). Para Contarato, Salles "já conseguiu entrar para a História do Brasil", por, no seu entender "promover um desmonte de proporções inimagináveis" das políticas ambientais. “Ele está desmontando o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Acabou com o Plano de Combate ao Desmatamento, com a Secretaria de Mudanças Climáticas e com o Departamento de Educação Ambiental, que só foi restituído um ano depois. Criminaliza ONGs e prolifera agrotóxicos. O governo nada faz pra cobrar empresas do agronegócio que devem R$ 200 bilhões em tributos. A população indígena é dizimada. E o que ocorre no Pantanal é uma tragédia anunciada. O Brasil não cumpre o Acordo de Paris, e o aumento do desmatamento na Amazônia subiu 145%. O Código Penal é claro, quando diz que a omissão é penalmente relevante quando o agente tem por lei a obrigação da proteção, vigilância e cuidado — criticou Contarato, para quem o país passou de "referência internacional, para vergonha mundial" em relação às políticas ambientais. O senador também lamentou profundamente que o governo culpe os índios pelas queimadas.
14 SER ESPORTE
16 A 23 DE OUTUBRO DE 2020
LAÉRCIO FRAGA “LAU” fracaodesegundo@gmail.com (27) 99961-5323 Professor de Educação Física CREF — 007087-G/ES
Música & Esporte – Dobradinha infalível Experimente e “viaje” com a sua melhor trilha
É
controle da ansiedade em
“ h o r m ô n i o d o p r a z e r ”.
pedaladas carem mais radicais e a adrenalina vai lá em cima”. Verônica Paschoa, 47 anos, microempresária, a rma que necessita de algo que a motive a m a l h a r. Pe d a l a n d o o u realizando treino funcional na praia, a música sempre está presente. “Me dá uma sensação
capacidade até de agir na DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
de bem-estar. A playlist que crio e ouço durante os treinos, é a motivação para que eu possa car pilhada e atingir o resultado que eu desejo”. Recado dado. E você que não tem o hábito de colocar os fones nos ouvidos, experimente e viaje na sua melhor trilha.
DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
automático. É só começar a rolar no re p ro d u t o r d e s o m portátil “Homerun” da Banda australiana Goons, ou “Hymn F o r e We e k e n d ” d o Coldplay que já me dá aquela vontade de me movimentar, correr, jogar...e deve ser assim com aquela música da banda, cantor ou cantora que você curte e adora ouvir. Ouvir um bom som é o que há. Aumenta os níveis de testosterona e seu metabolismo dispara! Quer mais? Desestressa, distrai e provoca aquele bem-estar prazeroso. E quanto à prática de atividade física? É comprovado por A mais B que isso acontece. Imagine a seguinte situação: faltando alguns poucos quilômetros para aquela meta traçada para nalizar a corrida, começa a rolar a melhor música da playlist preparada exclusivamente para o projeto. O que acontece? Vai embora cansaço, aquelas dores comuns que estamos sujeitos após o esforço realizado até aquele momento e a motivação vai lá em cima. Iss o s e de ve a melhora da concentração e o
atingir o seu objetivo que é o m do treino. Isso acontece porque você tira o foco daquele instante, o que faz com que o seu humor m e l h ore , au m e nt e a s u a disposição e você nitidamente tem a percepção da diminuiç ão do esforço, fazendo com que o momento que era penoso se torne, a c r e d i t e m , p r a z e r o s o. É incrível como a música consegue através de suas ondas trabalhar as várias partes do cérebro. Os efeitos positivos são inúmeros, dentre eles a mágica liberação de dopamina que é conhecida como o
Segundo estudo realizado a l g u n s a n o s at r á s p e l o s pesquisadores da Un i ve r s i d a d e Mc Gi l l n o Canadá, e publicado na revista cientí ca Nature Neuroscience, o intenso prazer que se sente ao escutar música provoca no cérebro a liberação de dopamina, e ela estaria ligada ao prazer abstrato contribuindo para o fortalecimento das emoções, ao estimular noções de espera (da próxima nota, de um ritmo preferido), de surpresa e de expectativa. Antes, durante e após, a sua “poderosa” playlist tem a
recuperação da energia gasta, renovando e te preparando para os desa os diários. Ênio Rocio Júnior, 51 anos, administrador, é um desses que não abre mão de ter em sua playlist grandes nomes do rock mundial como U2, Supertramp e Dire Straits. “Quando começo o pedal, tenho em mente um determinado trajeto a percorrer e, à medida em que vou ouvindo a sonzeira, vou gan hando mais gás e na maioria das vezes vou além do trajeto programado. Ouvir música durante o exercício é tudo de bom! Faz as minhas
Estigma do peso pode predizer a compulsão alimentar durante a pandemia REPRODUÇÃO
O estigma de peso é comum para pessoas com obesidade e é prejudicial à saúde. Ligações entre obesidade e complicações
de covid-19 foram identi cadas, mas não se sabe se o estigma de peso apresenta implicações adversas para a saúde durante
esta pandemia. Pesquisadores da Universidade de Connecticut avaliaram experiências pré-
pandêmicas de estigma de peso e sua relação com comportamentos alimentares, s o f r i m e nt o p s i c o l ó g i c o e atividade f ísica durante a pandemia de covid-19 entre 584 adultos emergentes (64% do sexo feminino; idade média, 24,6 anos) participando do estudo longitudinal Covid-19 Eating and Activity over Time. Os pesquisadores descobriram que experiências pré-pandêmicas de estigma de peso previam níveis mais altos d e s i nt o m a s d e p r e s s i v o s , estresse, comer como uma estratégia de enfrentamento e um aumento da probabilidade de compulsão alimentar. Não foram observadas associações entre experiências pré-
pandêmicas de estigma de peso e atividade física. A magnitude das associações longitudinais foi diminuída ao considerar os níveis anteriores das variáveis de resultado na análise ajustada que também levou em consideração as características demográ cas e o índice de
massa corporal. Esses riscos aumentados para a saúde, especialmente para a compulsão alimentar, indicam a necessidade de recursos educacionais e de apoio para ajudar a diminuir o impacto negativo do estigma nos comportamentos alimentares.
DIREITOS HUMANOS 15
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CAROLINA KHOURI Carolina Pereira da Silva Khouri – Advogada ONG Vozes de Anjos www.ongvozesdeanjos.org contato@ongvozesdeanjos.org @ongvozesdeanjosoficial Rua Teodoro Sampaio, 744 — sala 16 — Pinheiros São Paulo — SP
CRIMES DIGITAIS COMETIDOS POR MENORES DE IDADE A
falar tudo o que pensam e publicar tudo que querem! A internet tem o poder de encorajar até o mais covarde dos humanos,
brigas; (iii) Divulgação de fotos e/ou vídeos íntimos de terceiros ( s e x t i n g ) ; ( i v ) Inv a s ã o d e computadores e divulgação de
avanços digitais, e manipulam, com certa facilidade, todos os recursos tecnológicos a que têm acesso, se conectando com todo tipo de gente, dos mais diversos lugares. A internet é uma grande janela aberta para o Mundo, e possibilita que crianças e adolescente desbravem um universo onde tudo é permitido. Mas será que eles têm maturidade su ciente para isso? Um ambiente onde “teoricamente”, não existem regras nem sanções; onde podem
que se sente forte, protegido, encoberto, quase invisível, imune às críticas ou punições. Mas na verdade, não é bem assim! Os crimes cometidos na esfera virtual também são suscetíveis a responsabilização e punição, e traz consequências para quem comete, sejam eles adultos ou menores de idade. Os crimes virtuais mais comuns, praticados por jovens e adolescentes são: (i) Publicação de boatos e ofensas à imagem de uma pessoa; (ii) Ameaças e “agendamento” de
documentos con denciais. Na maioria das vezes, esses jovens e adolescente não sabem que, ao praticarem quaisquer desses atos, estão cometendo crime e, consequentemente, não fazem ideia de que tais ocorrências são suscetíveis a sanções, não só a eles, mas, t amb é m , a o s s e u s p ai s ou responsáveis. No âmbito Penal, as condutas de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometidas por
PEXELS/SOUMIL KUMAR
s c r i an ç a s e adolescentes de hoje fazem parte de uma geração acostumada aos rápidos
crianças ou adolescentes são consideradas “atos infracionais”, e estão sujeitas às medidas socioeducativas previstas no art. 112 do ECA, que vão desde advertência e prestação de serviços à comunidade, até a internação em estabelecimento educacional. Já na esfera Cível, art. 932, inciso I, do Código Civil, os pais são responsáveis pela reparação civil dos atos praticados pelos lhos menores que estiverem sob sua autoridade. Ou seja, os prejuízos causados no ambiente virtual, são passíveis de indenizações judiciais no mundo real, arcando os genitores com o p a g am e nt o d e s s e s ressarcimentos. Nos dias de hoje, tem sido muito comum os jovens compartilharem na internet, imagens de relação íntima mantidas com meninos e meninas, em busca de autoa rmação, sem o consentimento da outra parte (SEXTING — divulgação de imagens de nudez e sexo sem consentimento). A exposição do corpo na adolescência é um fator comum e, segundo especialistas, está relacionada ao desenvolvimento sexual inerente a essa fase da vida. Entretanto, os pais e responsáveis devem estabelecer um equilíbrio entre liberdade e proteção, obser vando e orientando sempre seus lhos
quanto aos riscos de enviar suas próprias imagens íntimas à terceiros, e ainda sobre as cons e quênci as de divu lgar imagens íntimas de outra pessoa. Um dos maiores problemas da atualidade relacionados ao “sexting” é o chamado “revenge porn”, termo que de ne situações em que o vazamento de fotos íntimas tem a intenção de se v i n g a r, p e l a r u p t u r a d e relacionamentos, ou por brigas entre as partes envolvidas. Importante ressaltar que, apesar de meninas e meninos produzirem e compartilharem imagens íntimas, as meninas são as maiores vítimas, as que mais sofrem e pedem ajuda, o que demonstra o caráter sexista desse tipo de crime. Entendemos que a solução é a conscientização dos jovens e adolescentes, tanto por seus pais ou responsáveis quanto pelas escolas, que devem promover reuniões e debates sobre o assunto, a m de esclarecer dúvidas e ajudar a mediar eventuais con itos. No Brasil, a SaferNet, Associação Civil de Direito Privado, em parceria com o Ministério Público, vem trabalhando rmemente na defesa dos Direitos Humanos na Internet, através de canais de denúncias disponibilizados no site. Essas denúncias são veri cadas
pela equipe de analistas, composta por Advogados e Cientistas da Computação, que averiguam a ocorrência de indício de crime contra os Direitos Humanos, cuja ação penal seja pública e incondicionada à representação (quando a vítima é a sociedade). Comprovada a existência de indícios de crime, as informações são rastreadas, com o objetivo de comprovar a sua materialidade e documentar os indicadores de autoria. A e quip e de ana list as de conteúdo elabora um relatório de rastre amento (chamada de notícia-crime), que é enviado às autoridades competentes para que se inicie a investigação policial. No caso das denúncias de sites estrangeiros, a SaferNet encaminha para os Canais de Denúncias Internacionais. Vale destacar que a SaferNet d isp on ibi l i z a u m c ana l d e comunicação (Helpline), onde orienta pais, resp onsáveis, crianças e adolescentes em casos relacionados ao sexting. O atendimento pode ser feito por chat ou por e-mail: https://new.safernet.org.br/helpli ne. Carinho, orientação e atenção são a chave para mantermos um diálogo aberto com nossos jovens e com isso, alertá-los sobre os perigos que rondam esse mundo paralelo chamado “INTERNET”.
Consumo de alimentos processados cresce entre mais pobres durante pandemia Durante o isolamento social exigido na pandemia, um dos aspectos da vida cotidiana atingido foi a alimentação. Porém, de acordo com acompanhamento que está sendo r e a l i z a d o p e l o Nú c l e o d e Pesquisas epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), as mudanças ocorridas ao longo dos últimos meses apenas reforçaram os hábitos alimentares característicos de acordo com as classes sociais. Entre as classes A e B, houve aumento do consumo de frutas e verduras, enquanto a ingestão de alimentos processados e pouco nutritivos subiu entre os mais carentes. A pesquisa deverá ser concluída dentro de dois anos, quando apresentará um retrato completo das transformações na mesa do brasileiro impostas pelo novo coronavírus. Ela é feita por meio do envio de questionários
on-line aos participantes de todo o Brasil — o recrutamento de novos voluntários está sendo realizado pelo site nutrinetbrasil.fsp.usp.br. Após a primeira análise — feita com base na coleta de dados de 10 mil participantes — constatou-se que o índice de ingestão de produtos saudáveis como hortaliças e frutas aumentou de 40,2% para 44,6% durante a pandemia entre as classes sociais A e B. "Com a impossibilidade de praticar esportes, muitas pessoas começaram a caprichar na alimentação para continuarem saudáveis”, a rma o nutrólogo C els o Cu kier, do Hospit a l Israelita Albert Einstein. Ponto positivo encontrado pelo estudo, que analisou as respostas dos participantes antes do primeiro caso de coronavírus no Brasil e quando as políticas de isolamento estavam mais rigorosas, foi a preparação da
comida pelos próprios consumidores. “As pessoas passaram mais tempo com a f a m í l i a e c o m o f o g ã o”, complementa Cukier. Na outra ponta, no entanto, a população de baixa renda teve agravada a qualidade da dieta. No Nordeste, uma das duas regiões mais pobres do País, o consumo de alimentos industrializados aumentou de 8,8% para 10,9%. Entre indivíduos com baixa escolaridade também foi registrada elevação. Um re c or t e d o p ú b l i c o adolescente, feito pela Sociedade Brasileira de Urologia a partir de entrevistas on-line com 267 jovens, revelou que, depois da chegada do novo coronavírus ao Brasil, o consumo de junk foods — alimentos calóricos e de baixa qualidade nutritiva — aumentou 54%. Nada menos do que 67% dos entrevistados disseram ingerir refrigerantes de um a dois dias ao longo da semana.
Ansiedade foi o principal motivo que empurrou os adolescentes para o fast food. Os alimentos contidos nesse gênero de refeição costumam ser ricos em gordura e açúcar, nutrientes que atuam sobre o sistema
cerebral de recompensa atenuando temporariamente sensações desconfortáveis. Com o tempo, no entanto, a busca contínua pelo alívio por meio da comida pode levar à dependência, da mesma forma
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que outros gatilhos como os hábitos de fazer compras ou sexo em excesso. Por isso, é preciso car alerta. A qualquer sinal de instalação de dependência, devese procurar ajuda médica para evitar que o ciclo se perpetue.
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Associaçã o de pastores faz sabatina com candidatos na Serra Texto: Pedro Paulo de Souza Nunes
A
conteceu, nessa segunda-feira (12), sabatina política com candidatos à prefeitura da Serra. Promovido pela Associação de Pastores Evangélicos da Serra (Apes), o evento ocorreu na igreja Assembleia de Deus do bairro Maringá, na região do Civit, e contou com Alexandre Xambinho (PL), Bruno Lamas (PSB), Fábio Duarte (REDE), Gracimeri Gaviorno (PSC), Luciana Malini (PP), Marcio Greik, com candidatura sub júdice (MDB), Sérgio Vidigal (PDT) e Vandinho Leite (PSDB). Sob a coordenação do presidente da entidade, pastor Marcelo Henrique, cada postulante teve cinco minutos para expor suas propostas de governo. Em seguida, responderam por dois minutos p ergunt as for mu l ad as p or
LUCAS SANDONATO
pastores em três etapas. Como não foi caracterizado por debate, não houve perguntas entre os concorrentes. O público presente foi composto basicamente por assessores e convidados dos concorrentes, além dos próprios organizadores. Com todos os assentos ocupados, o evento também foi transmitido pelas redes sociais. O fato de o evento ser realizado num templo religioso motivou alguns candidatos a se lançarem mais abertamente em busca por apoio dos líderes religiosos presentes, usando como expediente a vivência cristã “desde sempre” e a citação de passagens bíblicas. Alguns, a exemplo de Alexandre Xambinho e Vandinho, viram ali a oportunidade de trazer temas nacionais para a eleição da Serra,
mas a ideia não conseguiu p r e v a l e c e r. O u t r o s s e pre o c up aram t anto com a apresentação do currículo que a exposição das propostas cou em segundo plano dado ao
tempo exíguo, casos de Bruno Lamas e Luciana Malini. No entanto, ninguém foi mais infeliz neste quesito do que o candidato da REDE, vereador Fábio Duarte. Além de chegar
com o evento em andamento — não obstante ser realizado a cerca de 100 metros de sua residência — o candidato praticamente usou o tempo a ele destinado para defender o empréstimo de
370 milhões, feito pelo atual prefeito e que vai começar a ser pago no próximo mês. Retirado da cota do Fundo de Participação do Município (FPM), o gasto vai i mp a c t ar ne g at iv ame nte a receita. O assunto foi levantado por Sérgio Vidigal, que ao colocar suas propostas para áreas prioritárias como saúde, educação e segurança levou os presentes a re etirem sobre a Serra pós-pandemia e a consequente queda de arrecadação, sendo necessária reforma administrativa para enfrentar a crise. Preocupado em defender a administração, Duarte se esqueceu de dizer o que pretende fazer pela cidade. *O autor é escritor e cronista, membro-fundador da Academia de Letras e Artes da Serra.
Colonialismo nos livros didáticos: a história dos vencedores Passados 60 anos desde o fim oficial do domínio colonial na África, a visão europeia ainda prevalece em muitos livros de história adotados por escolas do continente. Mas ativistas estão tentando mudar esse quadro ©PICTURE-ALIANCE/AKG IMAGES
responsável seria o governo, que ainda não introduziu novos currículos escolares. "Nosso governo não quer que lutemos pelo progresso. Assim, do seu ponto de vista, o melhor para a nação é os cidadãos não conhecerem o passado, não saberem que havia revoltas e protestos durante a ép o c a colonial, para não poderem fazer exigências ao governo". Contudo há iniciativas para colocar a visão africana no foco da história. Em 2019, o governo do Quênia anunciou a intenção de acatar a recomendação da O terceiro rio mais longo da África é o Níger. Mas quem foi mesmo que o descobriu? A consulta a um livro de história nigeriano dá logo a resposta: o explorador escocês Mungo Park, em 1796. Foi também assim que Faith Odele aprendeu, em sua época de escola. "Mas aí comecei a me perguntar", conta a historiadora, que coleta narrativas do passado da Nigéria para crianças. "O rio não já existia, antes de Mungo Park chegar aqui? Não havia gente que pescava no rio? Por que os nigerianos ensinam aos seus lhos que o escocês descobriu o Níger?". Há outros exemplos. Num livro didático de ciências sociais de Gana, pergunta-se aos escolares: "Quais são os efeitos positivos do colonialismo?" As respostas possíveis: "A) Criação de escolas; B) Introdução do idioma inglês; C ) Int e re s s e e m pro dut o s estrangeiros; D) Crescimento das cidades". Passados 60 anos desde o m o cial do domínio colonial na
África, parece que o passado ainda dita as aulas de história de muitos países africanos. "Aprendi bem pouco sobre a perspectiva da minha gente", recorda a autora Siyanda Mohutsiwa, de Botswana. "O fo c o h i s t ór i c o s e l i m it a à independência, em 1966". Para aprender mais sobre a história de seu país, ela tomou au l a s c omp l e m e nt a re s e m setswana, a língua o cial. "Em setswana, colonialismo quer dizer 'mudança'. É uma visão bem higiênica do que ocorreu, é quase como se os professores quisessem evitar essa época. Como se, 20 anos atrás, alguém tivesse lhes dito: 'Vocês não podem ensinar isso'". Na aula, Mohutsiwa aprendeu sobre a competição pela África no m do século 19 — por exemplo, do ponto de vista do imperador alemão e do Reino Un i d o. " Poi s e l e s é qu e escreveram esses livros. Então eu cava lá sentada e pensava: 'Tomara que a Alemanha consiga o que quer'".
A escritora crê que a raiz do problema está localizada bem mais at rás na histór i a. "A educação, como a conhecemos, foi introduzida na Grã-Bretanha em meados do século 18, coincidindo com a expansão colonial. A população britânica tinha que ser convencida de que era uma boa ideia escravizar seres humanos". E as potências europeias também exportaram essa mentalidade para suas colônias. Isso é profundamente problemático, frisa Odele, pois a história do próprio país é de impor tância crítica para a formação da identidade: "Não somos compostos só pelo nosso presente, mas também por nosso passado. Se nos apresentam um quadro falso, as injustiças do passado vão perdurar". Em seus anos de escola, nos anos 1990, a história sequer constava dos currículos. Hoje existe toda uma geração de nigerianos que não conhece a h i s t ó r i a d o c o l o n i a l i s m o, comenta a historiadora. E o
Unesco, a organização para educação das Nações Unidas, de colocar a história do continente nos currículos escolares. A meta do programa da Unesco é "reconstruir a história da África, livrá-la dos preconceitos raciais resultantes do comércio de escravos e da colonização, e foment ar uma p ersp e c t iva africana". Desde 1964, mais de 230 historiadores e especialistas trabalharam nesse sentido. Na África do Sul, em 2019, a ministra da Educação, Angie Motshekga, exigiu a introdução obrigatória da história sul-
africana e África nos currículos até o 12º ano escolar — três anos a mais do que até então — além de anunciar um novo plano de aulas obrigatório. Mudanças ocorrem também em Botswana: "Por muito tempo só tínhamos professores brancos, e o que me ensinou história também era branco", conta a autora Siyanda Mohutsiwa. "O professor que hoje ensina o meu irmão é um botswanês. As coisas estão mudando, lentamente, já com esses professores formados localmente, e que vêm do país".