ANO X - Nº 379 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 24 A 31 DE OUTUBRO/2020 SERRA/ES
Distribuição Gratuita
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
Índios xavantes vivem epidemia de diabetes
8 Aprenda a fazer uma batata recheada com molho bolonhesa. que, além de deliciosa, é perfeita para todos os dias Pág. 8
JORGE PACHECO
8 Entrevista com a candidata
a vereadora pela Serra, Rosana Borges, do PL
Pág. 5
HAROLDO CORDEIRO FILHO
8 Nesta semana, vamos
falar do descaso do poder público com a lagoa do Juara
ADRIANO GAMBARINI
Pág. 12
Documentário expõe impacto do Alzheimer na vida das famílias da periferia Pág. 11
ELO7
FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC
Uma das populações indígenas mais vulneráveis ao Sars-CoV-2 no Brasil, os xavantes vivem uma epidemia de outra doença silenciosa, considerada fator de risco para o agravamento da Covid-19: o
diabetes. Um grupo de pesquisadores da Es cola Paulist a de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPMUnifesp) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Refrigerador móvel de baixo custo está ajudando vilas na Índia
Paulo (FMRP-USP) constatou, por meio de exames da retina de 157 índios da etnia, realizados antes da pandemia do novo coronavírus, uma alta prevalência de diabetes tipo 2 e de uma disfunção
oalmológica causada pela doença. Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp, foram publicados na revista Diabetes Research and Clinical Practice, da International Diabetes Federation. Pág. 9
Onça resgatada das chamas do Pantanal volta à natureza
YANKO DESIGN DIVULGAÇÃO/TV ANHANGUERA
Bonecas negras representam 6% dos modelos disponíveis no mercado
Movimento chama atenção para a necessidade de diversidade no setor Pág. 15
Cientistas sequenciam genoma de gato dentede-sabre pela primeira vez UNIVERSIDADE DE COPENHAGEN
Um refrigerador termoelétrico móvel e de baixo custo foi projetado pelas empresas Sprout Studios e Draper. O conceito visa ser útil para os que não dispõem de muitos recursos para a compra e manutenção de uma geladeira tradicional Pág. 6
Ter mais sabedoria pode proteger da solidão, indica estudo Pág. 8
De acordo com instituto, o animal, que queimou as patas, se recuperou após a realização de um tratamento feito com ozônio e laser Pág. 2
Pesquisa liderada pela Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, indica que esses felinos tinham comportamentos sociais complexos e eram caçadores natos Pág. 7
2 MEIO AMBIENTE
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Estudo desenvolve Onça resgatada das equação que faz chamas do Pantanal contagem de volta à natureza árvores com maior precisão na Amazônia De acordo com instituto, o animal, que queimou as patas, se recuperou após a realização de um tratamento feito com ozônio e laser DIVULGAÇÃO/TV ANHANGUERA
Cálculo que estima quantidade de árvores em territórios florestais foi construído por pesquisadores do Amapá ao longo de 14 anos, levando em consideração vários fatores ALEX SILVEIRA/O GLOBO
Onça com as patas queimadas
Uma pesquisa realizada ao longo de 14 anos chegou a uma e qu a ç ã o re c on he c i d a p el a comunidade cientí ca que calcula, com maior precisão, a quantidade de árvores presentes em determinado território. A proposta é utiliza-la como subsídio para planos de manejos orestais no Amapá. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e rendeu uma publicação de artigo na revista cientí ca internacional Forest Science no início do mês. Os pesquisadores analisaram quase 1,3 mil árvores que caíram de forma natural e serviram como banco de dados para a const r uç ão d a fór mu l a. A equação visa considerar diferentes fatores para maior precisão e melhorar a produção sustentável de madeireiros. De acordo com o professor Robson Lima, do curso de engenharia orestal e que
encabeçou a pesquisa, atualmente os produtores usam um modelo já ultrapassado para realizar a estimativa, chamado "Fator Forma", que desconsidera o tipo de vegetação e as plantas aptas para o corte. Ainda segundo o pesquisador, o trabalho foi desenvolvido em três categorias: " oresta de transição", " oresta de terra rma sob montanha" e " oresta de terra na de baixo platô". A e q u a ç ã o t e nt a a g r up a r a s diferentes categorias na estimativa. "Os gestores orestais vêm trabalhado de uma maneira antiquada e a equação vem para preencher a lacuna em relação à produção volumétrica bruta. Com essa equação, qualquer pequeno produtor pode fazer para prever o volume de madeira no seu sítio", detalhou. A equação construída ao longo de mais de uma década de estudos chegou à seguinte fórmula, baseada no modelo
estatístico de Schumacher-Hall conhecido como um dos mais e cientes na medição da oresta -: Log (Volume) = –8.889 + 1.881 * Log (Diâmetro da Altura do Peito) + 0.875 * Log (Altura Comercial da Árvore). A pesquisa contou com a participação dos professores Perseu Aparício e Cinthia Oliveira, também do curso de engenharia orestal da Ueap; e ainda do professor Diego Silva do Instituto Federal do Amapá (Ifap) de Laranjal do Jari; pesquisadores Marcelino Guedes e Eleneide Sotta, da Embrapa. De fora do estado também colaboraram com o estudo os professores Rinaldo Caraciolo Ferreira e José Antônio Aleixo da Silva, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); e dois pesquisadores estrangeiros, Ervan Rutishauser e Bruno Herault.
D e a c o rd o c o m informações publicadas pelo portal de notícias G1, nesta segunda-feira (19), a equipe do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) buscou uma onça que fora afetada pelos incêndios no Pantanal, e que agora foi levada de volta para à natureza. Segundo o instituto Nex — que cuidou do animal — o felino batizado de Ousado passou 37 dias na instituição. Seu tratamento
foi pioneiro sendo realizado pela primeira vez em onças, com uma terapia à base de ozônio e laser, além de pomadas homeopáticas. "Hoj e eles [ICMBio] vieram buscar e dissemos: 'Agora é com vocês'. [...] Vão viajar na estrada, em u m a v a n mu i t o confor tável, com arcondicionado. Ela vai muito bem acomodada na caixa de transportes, grande o su ciente para se movimentar", explicou o
diretor-executivo do Instituto Nex, Silvano Gianni, em entrevista ao G1. Até o momento, não se sabe ao certo para que região exata o animal foi levado, porém, é apontado que seja um local próximo a o s e u ant i go h abit at natural, no Mato Grosso. Para o monitoramento de Ousado, a m de entender se ele irá se adaptar à natureza, um GPS foi colocado no felino.
AUTOESCOLA 3026-2304/ 99894-2624 Sua melhor opção em Jardim Camburi!
371
CENTRO DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES
Filiado ao Sindijores
CNPJ: 18.129.008/0001-18
"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"
Circulação: Grande Vitória, interior e Brasília
Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores
CULTURA 3
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Livros de Ailton Krenak Conheça a vão virar série comunidade Amish DIVULGAÇÃO/COMPANHIA DAS LETRAS/PIPOCA MODERNA
Vivendo na mais pura abnegação, os membros dessa comunidade têm fortes ideologias e costumes que fogem do comum DIVULGAÇÃO/YOUTUBE
FOTO: REPRODUÇÃO
IVAN ERLER/ESPÍRITO SANTO (BR), MEMÓRIA/FACEBOOK
E
m meados de 1690, um grupo de fiéis decidiu romper com a igreja Anabatista tradicional. Com o objetivo de defender a interpretação literal da Bíblia, a nova comunidade Amish foi formada, sendo guiada pelo líder Ja kob Ammann. D aquele período em diante, os Amish construíram uma sociedade isolada que mantém seus próprios costumes. Considerados como um grupo conservador, os membros da fé Amish vivem espalhados em c omu n i d a d e s n o s E s t a d o s Unidos e no Canadá. Anabatista, a fé Amish não compactua com o batismo de bebês. Assim, o rito costuma acontecer apenas quando as pessoas têm entre 18 e 22 anos. Antes dessa idade, os jovens não podem se casar — o matrimônio só é permitido após o batismo e exclusivamente com pessoas da mesma igreja. Uma vez casadas, as mulheres Amish assumem o papel de donas de casa. São elas que cozinham, cuidam da casa e dos filhos e ainda ajudam a
Amish. É preciso aprender um novo dialeto, além de abandonar todo e qualquer vínculo familiar pré-existente. Sempre pensando na vida tradicional, na fé e na família, os Amish não usam eletricidade desde 1919. Naquele ano, os líderes da comunidade decidiram banir as tentações das tecnologias e, até hoje, os Amish prezam pela abnegação. Em uma sociedade Amish, portanto, você não vai ver carros, televisões, computadores, smartphones ou torradeiras elétricas. Ainda mais, a fim de combater o orgulho e o sentimento de superioridade, os Amish tamb ém não to cam instrumentos musicais — dessa forma, até mesmo a música é limitada na comunidade. Enquanto não consomem qualquer eletricidade, as roupas dos Amish também são distintas. De um lado, mulher e meninas usam vestidos simples de saia longa e acessórios são estritamente proibidos — na cabeça, apenas uma cobertura de oração que identifica seu status social (preta para casadas, branca
comunidade. Mas não pense que é fácil entrar para uma sociedade
para solteiras). Do outro, homens e meninos
usam casacos retos e calças largas. Suspensórios e chapéus também compõem a vestimenta. Em casa, os Amish falam seu próprio dialeto, ensinado nas escolas junto do inglês. Muito parecido com a língua falada no norte da Alemanha, o Alemão da Pensilvânia é o mais comum na comunidade. Vivendo em uma sociedade restritiva, os Amish têm um ritual bastante específico: o Rumspringa. Segundo o NPR, durante o período, quando os jovens completam 16 anos, eles podem sair da comunidade e fazer tudo aquilo que não têm permissão entre os Amish. Dessa forma, muitos experimentam a música, o cinema, os carros, a internet e outros as drogas e o álcool pela primeira vez. Ao fim do Rumspringa, os jovens podem escolher se irão retornar para a comunidade, ou se irão abandonar os costumes Amish de vez. Fora do Rumspringa, qualquer experimentação de costumes que fogem das tradições é duramente castigada. Se um membro do grupo é pego usando um c o m p u t a d o r, c o n s u m i n d o bebidas alcoólicas, a retaliação é intensa. Além da expulsão em casos extremos, os transgressores t amb é m s ã o i s ol a d o s p e l a comunidade. Eventualmente, os indivíduos acusados — aqueles que não foram banidos — voltam para a igreja e têm seus erros apontados na frente de todos. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)
Foto Antiga do ES
ILHA DA LUZ, CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, COM SUA FAMOSA PONTE DE MADEIRA — 1937
O pensador indígena Ailton Krenak vai virar série. A coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo informou que seus dois livros, lançados pela Companhia das Letras, "Ideias para Adiar o Fim do Mundo" e "A Vida Não É Útil", tiveram seus direitos comprados pela RT Television. B r a ç o t e l e v i s i v o d a RT Features, a premiada produtora
d e R o d r i g o Te i x e i r a , responsável por filmes de sucesso como "Alemão", "Tim Maia", "A Bruxa", "Me Chame pelo Seu Nome", "Ad Astra" e "A Vida Invisível", a RT Television foi formada no ano passado para produzir atrações visando o mercado de streaming internacional. O novo empre endimento atua em parceria com a produtora
americana Anonymous Content e conta com investimento da poderosa agência de entretenimento e e s p or te s C re at ive A r t i s t s Agency (CAA). Como os livros de Krenak estão sendo agora lançados nos EUA e Canadá, o objetivo é que a série alcance também espectadores estrangeiros. Considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, Krenak integrou a Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Brasileira de 1988, foi um dos fundadores da União dos Povos Indígenas, protagonizou o documentário "Índios no Brasil" (2000), virou D o u t o r Ho n o r i s C au s a e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora em 2016 e, mais recentemente, ganhou o prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, oferecido pela União Brasileira de Escritores em 2020.
Série de terror inspirada na obra de Vinícius de Moraes estreia na TV CANAL BRASIL/DIVULGAÇÃO LUCIANO DANIEL
“Noturnos”, série original do Canal Brasil, com produção de A Fábrica, vai revelar um lado menos conhecido — mas fascinante — da obra de Vinícius d e Mo r a e s . O s e p i s ó d i o s adaptam poemas e contos do Poetinha num gênero surpreendente: o terror. A atração estreia nesta quartafeira, dia 21, às 22h e, na mesma data, todos os episódios estarão disponíveis nos serviços de streaming dos canais Globo e Globoplay. Com direção-geral da dupla Caetano Gotardo & Marco Dutra (de filmes como “Todos os Mortos”, que dirigiram juntos, e “As Boas Maneiras”, que Marco dirigiu com Juliana Rojas e que Caetano montou), a série de seis episódios tem como ponto de partida sete contos e
poemas de Vinícius: “Balada do Mor to Vivo”, “O Mág ico”, “Operário em Construção”, “C o n t o C a r i o c a”, “C o n t o Rápido”, “A Grande Voz” e “O Incriado”. O elenco reúne nomes como Andrea Marquee, Thaia Perez, Ícaro Silva, Marjorie Estiano, Rafael Losso, Vaneza Oliveira, Bernardo de Assis, Larissa Siqueira, Rogério Brito, Eduardo Gomes, Edgar Castro, Bruno B ellarmino e Gilda Nomacce. Presos num teatro por conta de uma sombria tempestade que inundou a cidade, os atores da Noturna Companhia de Teatro trocam, ao longo de uma única noite, experiências e histórias que fazem referência a vários subgêneros dentro do terror, do gore ao fantástico. Os cenários variam: uma casa às margens do
Rio Negro, no Amazonas; uma Casa Grande do século 18; o canteiro de obras de um prédio que está prestes a desabar; uma praia... O tom é de terror p s ic oló g i c o, em bus c a do equilíbrio entre a sofisticação e o apelo popular que marca a obra de Vinícius de Moraes. Neste caso, um Vinícius revelador, inesperado. Escritos por Marco Dutra, Caetano Gotardo, Gustavo Vinagre e Alice Marcone, os episódios têm diferentes diretores convidados da nova geração do cinema brasileiro, muitos deles ligados ao terror. Fazem parte da lista Gabriela Amaral Almeida, Vinícius Silva, R o d r i go A r ag ã o, Gu st avo Vinagre e Aaron Salles Torres, além dos próprios Marco e Caetano.
4 EDUCAÇÃO
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Brasil, o País da Matemática. Para todos? que reúne a elite mundial da área. Apesar do nome, são dez países
Deficiência Há um outro Brasil, no entanto,
Cruzeiro do Sul, o destaque nas olimpíadas e em outras
que participam do grupo além do Brasil: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia. Ao que parece, o caminho do sucesso matemático vai continuar a ser trilhado pelas novas gerações do País. Com uma medalha de ouro e cinco de prata, a equipe brasileira na Olimpíada Internacional de Matemática deste ano cou em 10.º lugar, a melhor colocação geral já obtida pelo Brasil.
bem menos brilhante. O maior estudo s obre e duc aç ão do mundo, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mostrou que o País vai mal em várias frentes, mas especialmente na Matemática. Mais de 68% dos estudantes brasileiros, com 15 anos de idade, não possuem nível básico de conhecimento na disciplina — em ciências, são 55%; em leitura, 50%. Para Edda Curi, coordenadora da pós-graduação em Ensino de Matemática da Universidade
premiações diz pouco sobre a realidade do País. “O Brasil tem destaque em todas as áreas, nos esportes, na música. Mas nós temos uma quantidade imensa de jogadores de futebol e só um ou dois chegam a ter sucesso. O mesmo se dá nas ciências e na M a t e m á t i c a ”, a r m a a especialista. Ela defende, portanto, que o fundamental é que todas as c r i a n ç a s e j ov e n s t e n h a m garantido seu direito a aprender uma matemática útil para sua v i d a . “ Te m d e s e r u m a
DIVULGAÇÃO
O Brasil é um país cheio de contradições, e uma das muitas está na Matemática. Há matemáticos formados no País que se tornam referência internacional na área. E há milhares de jovens que terminam a escola incapazes de fazer as operações básicas do dia a dia. Do lado do destaque positivo, em 2014 Artur Ávila ganhou a Medalha Fields, equivalente ao Prêmio Nobel da Matemática, por seu trabalho numa área conhecida como sistemas dinâmicos. Ele foi o primeiro pesquisador da América Latina a conquistar essa medalha. A c a r r e i r a d e Áv i l a é considerada como “meteórica” — e começou cedo. Aos 16 anos, o então estudante cou com uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática. Ainda no ensino médio, em apenas um ano concluiu seu mestrado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Aos 29 anos, o brasileiro se tornou a pessoa mais nova a assumir a direção de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisas Cientí cas de Paris. Mas Ávila não está sozinho. Outros matemáticos brasileiros premiados internacionalmente são Jacob Palis, Marcelo Viana, Enrique Pujals, Fernando Codá Marques e Eduardo Teixeira. Em 2018, o País foi aprovado para entrar para o Grupo 5 da União Internacional de Matemática,
Evasão no ensino superior cresce durante a pandemia até sete mil alunos.
©MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL
Estudo aponta que 608 mil
alunos desistiram ou trancaram matrícula no ensino superior durante o 1º semestre 2020, o que representa uma taxa de evasão de 10,1%. O percentual é maior do que o observado no mesmo período do ano passado, quando foi de 8,8%. Os dados são de pesquisa da Associação Pro ssional das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo ( S e m e s p ) d iv u l g a d a n e s t a segunda-feira (19) e publicada no UOL. Os números foram obtidos por meio de levantamento realizado com 53 instituições particulares de ensino superior. A maior parte das unidades de ensino que participaram do estudo (67,4%) são de pequeno porte, atendendo
A taxa de inadimplência no 1º semestre de 2020 foi de 11%, o que corresponde a aumento de 29,9% em relação aos primeiros seis meses de 2019. Neste ano, 565 mil alunos caram inadimplentes, 109 mil a mais do que na 1ª metade do ano passado. O atraso no pagamento das mensalidades é maior entre os alunos de cursos EaD (ensino a distância). Nessa modalidade de ensino, a taxa de inadimplência foi de 12,5% no 1º semestre deste ano, s e g u n d o a pesquisa. No ensino presencial, o percentual de
inadimplência cou em 10,9%, o que representa aumento de cerca de 33% em relação ao observado no 1º semestre de 2019, quando a taxa de alunos com pagamentos em atraso era de 8,2%. A pesquisa demonstra ainda que houve redução no número de alunos novos nas instituições de ensino, no 2º semestre deste ano, em comparação com a quantidade de ingressantes no 2º semestre de 2019. No Brasil, de acordo com o levantamento, o percentual de queda foi de 19,8%. A taxa, contudo, foi ainda maior se considerados apenas os cursos presenciais, que tiveram percentual de queda de 38,2% na quantidade de ingressantes no 2º semestre deste ano. Nos cursos da modalidade EAD, a queda no número de ingressos foi de 13,2%.
PRECISÃO
Contabilidade (27) 3228-4068
matemática que permita a cada um ag ir como cid ad ão na sociedade”, diz. Essa concepção de uma matemática para a cidadania pode parecer estranha para os pais das crianças que estão hoje começando na escola, uma geração que aprendeu a seguir um modelo e treinar cálculos. “Nos últimos anos, a Matemática vem sofrendo uma transformação na abordagem. As aprendizagens têm de ter signi cado, ajudar a compreender o mundo em que vivemos”, explica. Isso signi ca que, em vez de treinar como usar a fór mu l a d o Te ore m a d e Pitágoras, a ênfase tem de ser em testar, investigar e compreender o teorema. Não se trata de jogar no lixo toda a tradição da educação, abandonar o cálculo com lápis e papel em favor da calculadora. “Mas o foco não deve ser saber fazer divisão ou tabuada. A Matemática hoje serve para a gente olhar para a imensidão de dados que existem e saber analisar, selecionar, inserir em um grá co, compreender a ordem de grandeza”, diz Edda. Olimpíadas em vez de vestibular para públicas As três universidades públicas do Estado de São Paulo passaram a aceitar bons resultados em olimpíadas de conhecimento como forma alternativa de
i n g r e s s o. A Un i v e r s i d a d e Estadual de Campinas (Unicamp) foi a primeira que abriu essa possibilidade, em 2018. Para o próximo ano, serão oferecidas 116 vagas, em 29 opções de cursos. Os candidatos cam dispensados de prestar o vestibular tradicional. Podem se inscrever alunos de escolas públicas e privadas, que sejam medalhistas ou tenham ótimo desempenho em competições de conhecimento do ensino médio, como as Olimpíadas de Matemática, Biologia, Física, Química, História e Robótica. Cada candidato pode escolher até dois cursos, em primeira e segunda opção. Em 2019, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) seguiram a tendência: destinaram vagas especiais para estudantes que se destacam nas olimpíadas acadêmicas. Para o próximo ano letivo, a Unesp criou 191 vagas adicionais para os medalhistas, em mais de 30 cursos, sobretudo nas engenharias. Na USP, por causa da pandemia, o processo seletivo via olimpíadas para 2021 foi suspenso, mas a intenção é que seja retomado nos anos seguintes. No ano passado, a universidade teve 113 vagas em 60 cursos, a maioria em engenharias e faculdades de Exatas.
Instituto oferece atividades virtuais sobre inteligência arti cial ©MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O Instituto Federal de São Paulo (IFSP) oferece, a partir de segunda-feira (19) até o sábado (24), durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), uma série de eventos virtuais gratuitos sobre o tema inteligência arti cial — a nova fronteira da ciência brasileira. To d as as at iv i d a d e s s e r ã o certi cadas. Os participantes receberão o certi cado até 15 dias após o evento. As atividades serão on-line, gratuitas e abertas a todos os interessados: haverá palestras, b at e - p ap o s , u m e n c o nt r o temático para aproximar pesquisadores de diferentes áreas e eventos culturais. Entre outras atividades, está prevista a palestra Inteligência Arti cial: Manipula Mercados, In uencia a Segurança Nacional e Sabe o que Você Pensa, ministrada por Paulo de Souza, da Griffith University, da Austrália. Outros destaques serão A
Inteligência Arti cial e seus Desa os no Combate à Cultura da Desinformação, de Aline Mar ins Paes C ar va l ho, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Desenvolvimento de Jogos Uma Rápida Introdução no Mundo d o G am e , m i n i s t r a d a p or Henrique Buzeto Galati, do IFSP. A programação completa pode ser vista no site do evento. A Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia é promovida pelo Ministério da Ciência, Te c n o l o g i a , I n o v a ç õ e s e Comunicações. Em 2020, a SNCT chega à 17ª edição. Realizada em outubro, para comemorar o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações, a a ç ã o t e m o o bj e t i v o d e mobilizar a população, em especial os jovens, para atividades cientí cotecnológicas.
POLÍTICA 5
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Jorge
Analista Político
Pacheco
Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com
“Quantas vezes você já fez promessas que nem sequer pensava em cumprir? Falar é muito fácil, isso qualquer pessoa pode fazer, mas agir já é outra história... Por isso, faça com que as suas ações correspondam ao que você fala// Não tente pregar um discurso e não segui-lo na prática. Seja fiel aos seus compromissos e responsabilidade, isto é importante para manter a sua dignidade e respeito próprio”, Confúcio — filósofo chinês
Candidata critica prefeito e vereadores da Serra “As instalações de todos os postos de saúde estão necessitadas de urgentes reformas, mas não vemos os vereadores atuais e o senhor prefeito se preocuparem com essa caótica situação da saúde serrana” DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
AJUFE
A
migos, após um longo período em quarentena por causa do coronavírus, estou de volta a este meu Blog É ISSO AÍ, e como estamos envolvidos com a chamada “campanha eleitoral”, vou realizar entrevistas com alguns dos candidatos da Serra. E iniciamos com a postulante a uma cadeira na Câmara Municipal, Rosana Borges, (PL). Filha de um excombatente, mãe de quatro lhos, e avó de quatro netos, casada com o locutor Samuel Silva, (Rádio A Cor da Vida). Rosana Borges residiu por 15 anos no bairro de Fátima e, atualmente, mora em Balneário Carapebus, Serra. Rosana Borges por que você quer ser vereadora? Eu quero ser vereadora porque vejo muita injustiça... eu vejo muita coisa que precisa s er feita aqui no mu n i c ipi o d a S e r r a e qu e o s vereadores atuais não estão fazendo. Vejamos como exemplo os nossos postos de saúde. Se compararmos com o serviço de atendimento da saúde de Vitória comprovamos que, lá na capital, é quali cado, com total respeito à população, com agendamento de consultas respeitado e tendo
mesmo médicos especializados em todas as categorias. Aqui na Serra não. Aqui presenciamos falta de qualidade e respeito com a população. Faltam médicos especializados, faltam funcionários capacitados para receber os pacientes com um certo senso de pro ssionalismo. As instalações de todos os postos de saúde estão necessitadas de urgentes reformas, mas não vemos os vereadores atuais e o sr. prefeito se preocuparem com essa caótica situação da saúde serrana. Se você necessitar de atendimentos nas UPAs, vai ter que passar por uma verdadeira “via crucis”, tal é o desrespeito com os doentes. Em quase todas, em qualquer momento do dia, formam-se aglomerados de pessoas. Filas desordenadas, uma confusão só. E as farmácias, que deveriam fornecer, gratuitamente, os remédios, estão com seus estoques vazios. Faltam remédios essenciais, principalmente para os idosos. En m, é o caos total da saúde. O que você tem a dizer sobre a educação no município de Serra? Presencio, no dia a dia, em todo o município, uma completa ausência
do poder Executivo no que tange à educação. Nossas crianças em idades ecolares, completamente esquecidas. Fa lt a m c re c h e s , e s c o l a s b e m equipadas e melhor remuneração para os professores (as) para que desempenhem suas missões com mais vontade e abnegação. A maioria das escolas da Serra não está funcionando 100%, como deveriam estar. E com este momento tenebroso do covid-19, essa situação cou mais evidente. Não sei como carão esses alunos e alunas! O que presenciamos são mães e pais procurando creches para seus lhos e só escutam: “não tem vaga”. Mas eu pergunto: “Nestes últimos quatro anos de governo, o que fez o prefeito e seus secretários de educação? E os nossos edis, por que caram em silêncio? Por que não gritaram pela educação das nossas crianças? Então a candidata tem como sua bandeira ações em prol da saúde e educação? Sim! Vou dar tudo de mim nessa luta. Eu vou scalizar o mandato do prefeito, gritar e lutar contra todas essas mazelas, porque sei que não existe progresso com um povo oprimido, sem saúde e educação!
Moral da história: Deus só dá coisas valiosas: fé, força, coragem, saúde, perseverança, esperança... essas
coisas que o dinheiro não compra. As que só o dinheiro compra, aí você pede pro Diabo ou trabalha e compra!
6 TECNOLOGIA
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Refrigerador móvel de Nokia é escolhida pela baixo custo está Nasa para construir ajudando vilas na Índia rede 4G na Lua Facilmente transportável, modelo foi pensado para produtores de leite
©PIXABAY
YANKO DESIGN
Um refrigerador termoelétrico móvel e de baixo custo foi projetado pelas empresas Sprout Studios e Draper. Inspirado em populações de baixa renda da Índia, o conceito visa ser útil para os que não dispõem de muitos re c u rs o s p ar a a c ompr a e manutenção de uma geladeira tradicional. Enquanto para alguns pode ser impensável, para muitos a vida ainda é cheia de restrições: a ONU estima que um bilhão de pessoas no mundo todo vivem sem eletricidade. Só no Brasil, segundo o IB GE, cerca 11 milhões de habitantes não têm acesso à energia elétrica. Fogões a lenha, lampião e ferro a brasa não caram no século passado. E à medida que a crise
climática se mostra cada vez mais evidente e recordes de calor são vividos até na capital da Finlândia, ter um refrigerador é essencial para manter uma alimentação segura — livre de contaminantes e desperdícios. Vi l a r e j o s n a Í n d i a , q u e produzem uma grande quantidade de leite para o mu nd o, s ã o e xe mpl o s . Os produtores precisam de locais seguros para fazer o armazenamento à noite e o transporte para instalações de pasteurização. Neste sentido, foi pensando um modelo que demanda baixo consumo de energia e também pode operar a partir de fontes de energia fora da rede. Acoplar placas solares, por exemplo, seria
uma solução para os locais onde não há fonte energética disponível. “O chassi p er mite que a unidade de refrigeração superior s ej a remov id a enqu anto a unidade de refrigeração inferior está sendo transportada. O resfriador usa a transferência de água e calor para resfriar o leite, enquanto o excesso de água quente pode ser usado para limpeza e banho”, explica a Sprout. Neste último ponto, também se reduz o desperdício de recursos. “O chassi é construído em alumínio anodizado para mantêlo leve e forte. Projetamos um sistema de roda sem ar para evitar superfícies planas em ter renos acident ados, que também utiliza um cubo regenerativo que alimenta uma bateria para manter as coisas frias enquanto em movimento”, continua a Sprout. O foco foi criar um produto durável e inovador, além disso, o design multifuncional da alça permite que o usuário puxe a geladeira confortavelmente com a mão enquanto caminha ou pode ser acoplada em um veículo de transporte. O projeto foi nanciado pela Fundação Gates.
LG revela capacete para tratar calvície
A Nokia divulgou nesta segunda-feira (19) que foi a empresa selecionada pela Nasa para construir na Lua uma rede de telefonia celular 4G. Parte do programa Artemis, que pretende levar a humanidade novamente ao satélite natural em 2024, e a rede deverá ser instalada por lá dois anos antes. A rede 4G lunar será necessária para permitir a transferência de dados, o controle remoto de veículos lunares e a transmissão ao vivo de vídeos em alta de nição, com o objetivo de
permitir uma futura presença de longo prazo na Lua. Para criar a nova rede, a empresa vai desenvolver equipamentos mais robustos, capazes de suportar as condições do espaço. Em parceria com a americana Intuitive Machines, os equipamentos serão levados para a Lua por meio de uma sonda e serão capazes de se con gurar e funcionar automaticamente depois do pouso. Ela faz parte de contratos de mais de US$ 370 milhões que
Empresa japonesa quer criar primeiro porto espacial
©TECH BREAK
A LG apresentou na Coreia do Sul o Pra.L Medi Hair, um capacete criado para tratar a calvície masculina e feminina. O equipamento utiliza a tecnologia LLLT (sigla em inglês para terapia de luz de baixo nível), que usa 146 lasers e 104 luzes de LED para estimular o crescimento dos os. De acordo com a LG, um teste realizado pelo Hospital da Universidade Nacional de
Seul com o equipamento
ap o nt o u q u e o u s o d o equipamentos por 27 minutos três vezes p or semana ao longo de 16 s e m a n a s p r ov o c o u u m aumento de 21.64% na densidade de cabelo por cm² e de 19,46% na grossura dos os. O equipamento conta com três modos de operação, que permitem irradiar toda a área da cabeça, apenas a parte frontal ou o topo. Há ainda um modo inteligente, que é capaz de escanear a superfície e sugerir o tratamento ideal.
foram assinados pela Tipping Point, da Nasa, que é destinada a promover a pesquisa e desenvolvimento da exploração espacial. O plano da Nokia é criar uma rede 4G/LTE e, eventualmente, fazer a transição para 5G. O braço de pesquisa da Nokia, Bell Labs, deu mais detalhes sobre isso em uma thread no Twitter. A empresa quer que a rede suporte a operação sem o de rovers lunares e de navegação, bem como streaming de vídeo.
©TECH BREAK
Os primeiros voos turísticos p ar a o e sp a ç o ai nd a nã o aconteceram. Mas a empresa japonesa Space Port Japan quer s e a d i ant ar à d e mand a e anunciou que pretende construir o Spaceport City, uma instalação projetada para o lançamento de naves espaciais turísticas. D i f e r e nt e d a s b a s e s d e lançamento atuais, que contam com estruturas para foguetes, o “espaçoporto” japonês aposta que as naves turísticas vão
funcionar como os aviões. A ideia da companha é que além de um aeroporto para naves espaciais, o espaço sirva como um centro de pesquisa
para programas relacionados ao espaço, além de contar com uma estrutura hoteleira e de entretenimento, com cinema e até um museu de arte.
CIÊNCIA 7
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Mineiro ganha prêmio Cientistas sequenciam genoma de gato dente-deinternacional por pesquisa com material sabre pela primeira vez biodegradável Pesquisa liderada pela Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, indica que esses felinos tinham comportamentos sociais complexos e eram caçadores natos UNIVERSIDADE DE COPENHAGEN
O engenheiro Filipe Vargas Ferreira é um dos 25 vencedores do Green Talents 2020, programa alemão que reconhece as melhores pesquisas em sustentabilidade do mundo DIVULGAÇÃO
vencedores do Green Talents 2020 — International Forum for High Potentials in Sustainable Development (Fórum Internacional de Projetos com Alto Potencial para o Desenvolvimento Sustentável). O programa é desenvolvido pelo Mi n isté r i o d e E du c a ç ã o e Pesquisa da Alemanha (BMBF) e busca reconhecer projetos nas áreas de ciência e desenvolvimento sustentável. “Esse reconhecimento mundial é importante não apenas para mim, mas por ser resultado de uma pesquisa desenvolvida em uma universidade e com uma bolsa brasileiras. Conseguimos levar a nossa pesquisa para o mundo inteiro”, a rma Ferreira, que é o 20º brasileiro a ganhar o prêmio desde o lançamento da iniciativa, em 2009. Neste ano, 589 candidatos de 87 países se inscreveram na premiação, que é a primeira a ser realizada virtualmente, por conta da pandemia de Covid-19. Ao longo dos próximos dias, Ferreira e os outros vencedores conhecerão, em um tour online, instituições de pesquisa, universidades e organizações alemãs que tratam sobre sustentabilidade. Entre elas estão a Universidade de Hamburgo,
para Pesquisas Oceânicas Kiel, Instituto Max Planck, Instituto de Catálise Leibniz (LIKAT Rostock), Instituto Fraunhofer para Pesquisas de Computação G r á c a ( IG D ) e In s t it ut o Potsdam para Pesquisas de Impacto Climático (PIK). Segundo Ferreira, o material já foi patenteado e os próximos passos incluem testes clínicos com animais de grande porte e humanos. “Precisamos começar os ensaios, mas, para isso, precisamos de nanciamento do governo e de empresas que se interessem pelo nosso produto”, diz o pesquisador, que pretende aperfeiçoar o material em sua pesquisa de pós-doutorado. “ Te n t a r e m o s m e l h o r a r a performance do material e fazer com que ele saia do laboratório e seja usado pelas pessoas. Essa é a nossa forma de retornar para a sociedade o investimento que a gente recebeu”. A pesquisa de Ferreira foi desenvolvida na Unicamp em colaboração com o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano/CNPEM); o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); a Universid ade de Lyon, na França; e a Universidade de Aalto, na Finlândia. O estudo foi
(27) 3337-2008 BOB BEHNKEN
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
Como criar materiais que sejam duradouros e resistentes ao longo de sua vida útil, mas que se degradem de forma fácil quando cheguem ao meio ambiente? Natural de Minas Gerais, o engenheiro químico Filipe Vargas Ferreira, de 32 anos, tem dedicado seu doutorado na Un ive r s i d a d e E s t a du a l d e C a mp i n a s ( Un i c a mp ) , n o interior paulista, ao desenvolvimento de uma substância com essas características: ser biodegradável, sustentável e ter alto desempenho. Par a che g ar a e ss e novo material, o pesquisador utilizou nanotecnologia para extrair cristais da celulose que, ao serem adicionados à preparação de novos produtos, tornaram o objeto tão resistente quanto àqueles fabricados com polímeros à base de petróleo, como o plástico. Além disso, a celulose oferece duas vantagens: uma delas é ser o polímero mais abu n d ant e e n c ont r a d o n a natureza, podendo facilmente substituir os derivados de petróleo; a outra é ser menos agressiva ao meio ambiente quando descartada. Com esse novo material, o pesquisador e seu grupo de estudo já conseguiram fabricar embalagens biodegradáveis e implantes biomédicos, que foram testados com sucesso em ratos. “Até pouco tempo, usava-se a celulose apenas para a produção de papel, mas agora estamos explorando mais as possibilidades de uso desse polímero que é tão comum e pode substituir derivados do petróleo”, comemora Ferreira, em entrevista à Galileu. Com seus resultados promissores, o engenheiro brasileiro se tornou um dos 25
my Boo (empresa que desenvolve bicicletas de bambu), GEOMAR — Centro Helmholtz
nanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, mapearam pela primeira vez o genoma nuclear completo de um gato dente-de-sabre da espécie Homot he r iu m l at i d e ns . O estudo do DNA do animal, publicado na última quinta-feira (15) no Current Biology, revela quais genes foram altamente selecionados e importantes na evolução da espécie. Os felinos dente-de-sabre viveram durante o Pleistoceno (entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos atrás) e foram extintos antes do m da última era glacial (entre 110 mil e 10 mil anos atrás). O espécime estudado é um gato-de-cimitarra encontrado no Canadá — e é tão antigo que não poderia ser datado usando o método convencional por radiocarbono. "Sua composição genética
sugere que os gatos-de-cimitarra eram c aç adores a lt amente quali cados: provavelmente tinham uma visão diurna muito boa e exibiam comportamentos sociais complexos, adaptações genéticas para ossos fortes e os s i s t e m a s c ard i ov a s c u l ar e respiratório, o que signi ca que eram adequados para corridas de resistência", disse Michael Westbury, coautor do estudo, em declaração. "Com base nisso, achamos que eles caçavam em matilha até que suas presas chegassem à exaustão com um estilo de caça baseado em resistência durante o dia". Para a pesquisa, os cientistas us aram uma var ie d ade de técnicas modernas de sequenciamento genômico, realizaram análises comparativas complexas com felinos ainda vivos, como leões e
tigres, mostrando que os Homotherium latidens eram geneticamente muito diversos em comparação às espécies modernas. Além disso, a análise sugere que o ancestral comum dos dentes-de-sabre e dos gatos modernos viveu há pelo menos 22,5 milhões de anos — em comparação, o ancestral comum de humanos e gibões (um tipo de primata) viveu entre 15 milhões e 20 milhões de anos atrás. "Essa foi uma família de gatos extremamente bem-sucedida. Eles estiveram presentes em cinco continentes e vagaram pela Terra por milhões de anos antes de serem extintos. O período geológico atual é a primeira vez em 40 milhões de anos que a Terra não possui predadores dentes-de-sabre", a rmou o coautor Ross Barnett. "Sentimos falta deles".
O pequeno mamífero que se adaptou bem à mudança climática Embora as atuais mudanças no clima sejam prejudiciais para a natureza em diversos aspectos, há seres vivos mais preparados para lidar com elas. É o caso do pika, pequenino animal conhecido também como lebreassobiadora que habita o norte do nosso continente, sobretudo regiões frias e montanhosas. De acordo com um estudo publicado no último dia 13, no periódico cientí co Journal of Mammalogy, esses mamíferos s ã o u m a e s p é c i e surpreendentemente robusta. O fator surpresa decorre do fato de que, como esses animais estão acostumados a viver em l o c a i s d e c l i m a a m e n o, a comunidade cientí ca especulava que o aumento das temperaturas culminaria em sua
espécimes encontrados entre pontos mais ou menos afetados ©ANDREW SMITH/UNIVERSIDADE ESTADUAL DO ARIZONA/DIVULGAÇÃO pela mudança climática. Outro artigo publicado recentemente indicara que há lebres-assobiadoras em 73% dos habitats adequados para elas — um número bastante positivo. As b o a s n ot í c i a s n ã o signi cam, entretanto, que todas as populações do mamífero estão a salvo. Alguns grupos podem, sim, ter sido negativamente a f e t a d o s p e l o c a l o r, resultando no sumiço do animal em certos pontos. assobiadoras têm se mostrado P o r o r a , e n q u a n t o o mais resistentes ao calor do que aquecimento global persevera, se pensava. resta esperar que mais espécies O estudo analisou regiões c o n s i g a m m u d a r s e u conhecidas por abrigarem esses comportamento para melhor se mamíferos e apontou que não adaptarem ao novo mundo, a havia diferença na quantidade de exemplo dos pikas. extinção. Contudo, segundo a n ov a p e s q u i s a , a s l e b re s -
8 BEM-ESTAR
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
Ter mais sabedoria pode proteger da solidão Um estudo analisou por que algumas pessoas parecem nunca ganhar peso, independentemente de sua dieta ISTOCK
Nutricionista - CRN:14100665
Batata recheada com molho bolonhesa GUIA DA COZINHA
Um novo e stu d o, qu e foi divulgado no início do mês, na revista cientí ca Aging & Mental Health, analisou a relação entre a sabedoria e a solidão em pessoas de meiaidade e idosas. De acordo com pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da C a l i f ó r n i a ( E UA ) e d a Universidade de Roma La Sapienza (Itália), ter mais conhecimentos pode ser um fator protetor contra os s ent imentos negat ivos d a solidão e do isolamento. A pesquisa avaliou grupos de adultos com idades entre 50 e 65 anos, e também acima de 90 anos. Os participantes eram moradores da região de Cilento
e da cidade de San Diego — na It á li a e nos EUA, respectivamente. Ao todo, foram avaliadas 482 pessoas. Foram usadas escalas especí cas para avaliar o grau de solidão e de sabedoria dos participantes. E os pesquisadores concluíram que os idosos mais sábios se sentiam menos solitários, independentemente do local, das origens históricas e da língua nativa. Além disso, a pesquisa revelou que as pessoas mais compassivas e com mais empatia eram menos solitárias. Sendo assim, para os estudiosos, t a nt o a s o l i d ã o qu a nt o a sabedoria são traços de
personalidade. E a maioria dos traços de personalidade é parcialmente herdada e também determinada pelo ambiente. S e g u n d o D i l i p V. Je s t e , p e s qu i s a d or pr i nc ip a l d o estudo, essas informações e dados, que examinam as formas de diminuir a solidão dos idosos, serão essenciais para inter venções futuras mais e cazes nos cuidados da saúde na terceira idade. Em breve, os estudiosos querem investigar como realizar essas inter venções para aumentar a compaixão e a sabedoria dessas pessoas. E, consequentemente, descobrir como diminuir os efeitos da solidão em idosos.
Brincar na natureza melhora a imunidade de crianças Estudo finlandês descobriu que as crianças desenvolveram microbioma mais diverso e tinham mais proteínas anti-inflamatórias nos seus organismos após quase um mês de atividades em áreas verdes VIET HOANG/UNSPLASH
A
s receitas com batatas salvam o nosso dia, pois são ingredientes primordiais que nunca saem da nossa cozinha. E, por isso, proporcionam refeições práticas e completamente gostosas. Que tal uma saborosa receita para degustar o melhor desse alimento? Aprenda a fazer uma batata recheada com molho bolonhesa que, além de deliciosa, é perfeita para os dias em que sua família quer uma refeição diferente. Ingredientes 4 batatas 2 colheres (sopa) de azeite 1 cebola picada 2 dentes de alho picados 600g de carne moída 1 folha de louro 1 cubo de caldo de carne 1 xícara (chá) de molho de tomate Sal, pimenta-do-reino, orégano e salsa picada a gosto 4 colheres (sopa) de creme de leite 4 colheres (sopa) de queijoparmesão ralado 4 colheres (sopa) de cheiroverde picado Óleo para untar que tinham chão de cascalho — não passaram por modi cações. Os alunos desses locais serviram como grupos de controle para o estudo. Durante 28 dias, as crianças foram incentivadas a brincar nesses espaços. Nas creches re f or m a d a s , f u n c i on á r i o s organizaram atividades especiais para os alunos
O hábito de brincar na natureza é bené co para a imunidade das crianças, aponta um estudo da Universidade de Helsinque, na Finlândia, publicado no Science Advances. Pesquisadores chegaram a essa
conclusão após estudarem 75 crianças com idades entre três e cinco anos em 10 creches nlandesas. Para veri carem como o ambiente com o qual os pequenos interagem poderia impactar na saúde deles, os
cientistas zeram quatro das instituições trocarem o piso coberto por cascalho de seus playgrounds por um gramado natural de oresta. Já os parques das outras seis creches — três que já eram áreas verdes e três
Modo de preparo Fure as batatas com um garfo. Forre o prato do forno microondas com papel-toalha e organize as batatas. Cozinhe em p otênci a a lt a p or 12 minutos ou até car al dente. Desligue, deixe esf riar e reserve. Para o recheio, aqueça uma panela, em fogo médio, com o azeite e refogue a cebola e o alho por três minutos. Adicione a carne, o louro, o caldo de carne e refogue por cinco minutos. Junte o molho de tomate e cozinhe por três minutos. Tempere com sal, pimenta, orégano e salsa.
Acrescente o creme de leite, misture e deixe esfriar. Com cuidado, retire a polpa da batata com uma colher, pres er vando uma b ord a. Utilize a polpa em outras receitas. Para a batata parar em pé, corte uma pequena tampa do lado oposto. Divida o molho entre as batatas e polvilhe com o queijo parmesão. Coloque em uma fôrma untada e leve ao forno alto, preaquecido, por 10 minutos para gratinar. Retire e, s e des ej ar, p olv i l he com cebolinha. Sirva. Fonte: Terra
(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020
interagirem com a natureza, como plantar. Após esse curto período, os pesquisadores coletaram amostras de pele, sangue e fezes de todas as crianças. Então, eles perceberam que o microbioma intestinal e o microbioma cutâneo dos alunos das creches re for m a d a s e s t av am m ai s d i v e r s o s . A l é m d i s s o, o s
organismos dessas crianças apresentavam uma presença m a i o r d e p r o t e í n a s a nt i in amatórias. Assim, a imunidade delas havia melhorado signi cativamente. Já os alunos de creches com playgrounds cob er tos p or cascalho não tiveram os mesmos resultados. “O Instituto de Recursos Naturais da Finlândia está desenvolvendo técnicas para trazer biodiversidade a ambientes urbanos em maior escala”, disse Aki Sinkkonen, coautor do estudo, em um comunicado. "Além disso, o governo da Finlândia está dando apoio econômico para deixar creches mais verdes com base nas descobertas feitas por nós e por outros grandes grupos na Finlândia".
SAÚDE 9
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Índios xavantes vivem epidemia de diabetes, aponta estudo Por meio de exames da retina de 157 índios da etnia, pesquisadores constataram uma alta prevalência de diabetes tipo 2 e de uma disfunção oftalmológica causada pela doença alteração oalmológica pode levar à cegueira. A m de diagnosticar casos de retinopatia diabética e de outras possíveis disfunções oalmológicas em populações indígenas, os pesquisadores zeram exames de retinogra a em índios xavantes das reservas Volta Grande e São Marcos, situadas no Mato Grosso. Para isso, usaram um retinógrafo por tátil desenvolvido pela empresa Phelcom Technologies por meio de um projeto apoiado p elo Prog rama Pes quis a Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Batizado de Eyer, o retinógrafo portátil é composto por um aparelho que, acoplado a um smartphone, faz imagens precisas da retina, permitindo detectar doenças do fundo do olho a um custo bem mais baixo do que os métodos convencionais. Além disso, tem a vantagem de possibilitar o diagnóstico por telemedicina, a quilômetros de um médico oalmologista. Quando as imagens são produzidas, o aplicativo que opera o aparelho para iluminação e imageamento da retina as envia pela internet para um sistema web — chamado Eyer Cloud — que permite armazenar e gerenciar os exames dos pacientes. Caso não haja acesso a wi- ou rede 3G ou 4G no momento do exame, as imagens cam salvas no aparelho
e são enviadas para a nuvem assim que houver conexão com a internet (leia mais em agencia.fapesp.br/30646/). No caso dos exames com os
(24,2%) apresentavam retinopatia diabética devido à opacidade de tecidos transparentes dos olhos, como o cristalino, causada por catarata.
Malerbi. Um estudo anterior já havia relatado uma prevalência de 19,3% de retinopatia diabética em índios xavantes das mesmas
índios xavantes, como Malerbi conduziu os procedimentos, o diagnóstico foi feito instantaneamente, na presença dos pacientes. “Quando as lesões na retina observadas por meio do retinógrafo portátil indicavam risco de cegueira orientávamos o paciente, por meio de intérpretes, e encaminhávamos para as equipes de atendimento à saúde indígena para acompanhamento e tratamento”, a rma Malerbi. Dos 95 pacientes diagnosticados com diabetes não foi possível avaliar se 23 deles
Nos 72 índios cujas imagens obtidas da retina permitiram o diagnóstico de retinopatia diabética, os pesquisadores constataram que 16 apresentavam a doença e sete deles tinham risco de cegueira. “C omprovamos que o retinógrafo portátil é um método viável para o rastreamento de retinopatia diabética, por ser uma tecnologia de baixo custo e que pode ser utilizada em comunidades remotas, como reser vas indígenas, onde a população geralmente está dispersa por várias aldeias”, diz
reservas visitadas agora pelos pesquisadores. O aumento da prevalência de casos dessa disfunção oalmológica nessa população indígena, agora, pode ser devido a mai or s e ns ibi l i d a d e d as imagens de fundo de olho obtidas por meio do retinógrafo portátil em comparação com a metodologia usada no estudo anterior, por oalmoscopia indireta. Outra hipótese é que o estado de s aúde dess a p opu l aç ão indígena, que é uma das maiores do país com, aproximadamente,
WILFRED PAULSE/FLICKR/ CC BY-NC-ND 2.0
Uma das populações indígenas mais vulneráveis ao Sars-CoV-2 no Brasil, os xavantes vivem uma epidemia de outra do ença silenciosa, considerada fator de risco para o agravamento da Covid-19: o diabetes. Um grupo de pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) constatou, por meio de exames da retina de 157 índios da etnia, realizados antes da pandemia do novo coronavírus, uma alta prevalência de diabetes tipo 2 e de uma disfunção oalmológica causada pela doença. Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp, foram publicados na revista Diabetes Research and Clinical Practice, d a Inte r n at i on a l D i ab e te s Federation. “Dentre os 157 índios xavantes que examinamos, 95 [60,5%] tinham diagnóstico de diabetes”, diz à Agência Fapesp Fernando Korn Malerbi, pós-doutorando no Departamento de Oalmologia da EPM-Unifesp e primeiro autor do estudo. De acordo com o pesquisador, o diabetes pode desencadear problemas oalmológicos como a retinopatia diabética — danos nos vasos sanguíneos na retina causados pelo excesso de glicose no sangue. Se não for detectada e tratada adequadamente essa
17 mil índios, distribuídos em nove reservas, piorou ao longo dos últimos anos, avaliam os autores do estudo. Um estudo anterior com 932 índios da etnia indicou que 66,1% apresentavam síndrome metabólica, de nida como uma condição na qual os fatores de risco para doenças cardiovasculares e diabetes mellitus ocorrem ao mesmo tempo. Mudanças no per l de saúde e na dieta deles nas últimas décadas, caracterizadas pelo consumo de alimentos industrializados e o sedentarismo, levaram a esse quadro, avaliaram os pesquisadores (leia mais em agencia.fapesp.br/22504/). “Esse grupo indígena que tradicionalmente era caçadorcoletor tornou-se mais sedentário e modi cou sua dieta tradicional nas últimas décadas, incorporando novos alimentos com alto teor de açúcar”, explica Malerbi. Além dos xavantes, os pesquisadores também zeram exames de retina em 33 índios bororos — outra etnia ameaçada tanto pela Covid-19 como pelos incêndios que atingem o Pantanal. Os resultados dos exames revelaram que sete índios bororos tinham diabetes, dos quais um foi diagnosticado com retinopatia diabética grave e foi encaminhado para tratamento.
Bebês nascem mais saudáveis onde direitos reprodutivos são menos restritivos GARRETT JACKSON/UNSPLASH
S e g u n d o u m n ov o e s t u d o comandado por pesquisadores de diferentes universidades dos Estados Unidos, mulheres que vivem em estados com políticas de direitos reprodutivos menos restritivas têm menor
probabilidade de dar à luz bebês com baixo peso ao nascer. A pesquisa, publicada no American Journal of Preventive Medicine, também aponta que as mulheres negras são as mais afetadas nesse sentido. "Nosso
estudo fornece evidências de que as políticas de direitos reprodutivos desempenham um papel crítico no avanço da equidade na saúde maternoinfantil", disse, em nota, May Sudhinaraset, líder da
investigação e pesquisadora da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Quando os bebês nascem com baixo peso, eles cam predispostos a desenvolver diversos problemas durante o desenvolvimento. Alguns cam doentes ainda nos primeiros seis dias de vida ou desenvolvem infecções. Outros podem até s of re r at r a s o n o desenvolvimento motor e social ou ter di culdades de aprendizagem lá na frente. Para realizar a pesquisa, a equipe analisou os dados do registro de nas cimento de aproximadamente quatro milhões de bebês, em 50 estados e no Distrito de Columbia, em 2016. O objetivo era avaliar as associações entre as políticas de
direitos reprodutivos e resultados adversos do n a s c i m e nt o. O s c i e nt i s t a s investigaram ainda se as associações eram diferentes para mulheres negras e imigrantes. Assim, eles descobriram que as crianças que nascem nos estados menos restritivos tiveram um risco 7% menor de baixo peso ao nascer. Entre os lhos de mães negras, essa probabilidade foi 8% nesses estados. Os especialistas a rmam que expandir os direitos reprodutivos é essencial para o bem-estar dos recém-nascidos. Além disso, pode ser que a saúde reprodutiva
das mulheres negras nascidas nos Estados Unidos seja afetada pelo impacto cumulativo de vidas e gerações em uma sociedade sistematicamente racista. "Enfrentar as consequências adversas do racismo estrutural requer o exame das políticas históricas e atuais que afetam negativamente as mulheres negras", a rma Sudhinaraset. "Importantes políticas públicas podem e devem ser implementadas para melhorar a saúde reprodutiva das mulheres em geral, incluindo o aumento do acesso ao aborto e educação sexual obrigatória nas escolas".
10 GERAL
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Após contar árvores de Saara e Sahel, cientistas revelam resultado surpreendente ©PIXABAY/PIXELRAW
Uma equipe de pesquisadores investigou as regiões dos desertos africanos de Saara Ocidental e Sahel, e descobriu algo inesperado: uma área semelhante em tamanho ao Peru tem cerca de 1,8 bilhão de árvores, relata a agência AFP. O s c i e nt i s t a s u t i l i z a r a m imagens de satélite e as combinaram com um programa de inteligência arti cial de aprendizagem profunda para contar as árvores, mas, antes disso, Martin Brandt, professor de geogra a da Universidade de Copenhague, Dinamarca, teve de contar e classi car ele próprio quase 90 mil árvores durante cerca de um ano. "Ficamos muito surpresos por existirem tantas
árvores crescendo no deserto do Saara", disse o autor principal do estudo, publicado na revista Nature.
Apesar de os desertos serem c on s i d e r a d o s v a s t a s á re a s monótonas, com pouca vida, Brandt indica que esses locais
escondem uma grande heterogeneidade. "Certamente há vastas áreas sem elas [árvores], mas ainda há algumas com alta
densidade, e mesmo entre as dunas de areia há espécimes crescendo aqui e ali". O estudo foi baseado em dados concretos, em vez de estimativas e extrapolações. Se fosse feito pelos métodos tradicionais, o processamento poderia ter demorado milhões de dias de trabalho, ao invés do espaço de horas que levou a informação a ser computadorizada, referiu Brandt. N i a l l P. H a n a n e J u l i u s Anchang, do Departamento de Ciências Vegetais e Ambientais da Universidade Estadual do Novo México, EUA, revisaram o estudo na revista Nature e disseram que com os avanços técnicos "em breve será possível,
com algumas limitações, mapear a localização e o tamanho de cada árvore", nos 65 milhões de qui lômet ros qu adrados de regiões áridas ao redor do planeta. "Para a preservação, restauração, mudança climática, etc., dados como estes são muito importantes para estabelecer uma linha de base", aponta em um comunicado Jesse Meyer, um programador do Centro de Voos Espaciais Goddard da Nasa, que participou da pesquisa. "Em um, dois ou dez anos, o estudo poderia ser repetido [...] para ver se os esforços para revitalizar e reduzir o desmatamento são e cazes ou não", disse.
Zeptosegundos, descoberta a menor unidade de tempo da história Medição foi realizada por meio de raios X em um acelerador de partículas; objetivo foi revelar quantos zeptosegundos um fóton leva para cruzar uma molécula de hidrogênio ANDREW_L/SHUTTERSTOCK
Cientistas da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, descobriram a menor unidade de tempo já encontrada: os zeptosegundos. O último período mais curto que se tinha conhecimento eram os femtossegundos, estudados em 1999. Mas a nova descoberta, publicada na revista Science na última semana, foi além, e mostrou a velocidade que uma partícula de luz leva para cruzar uma molécula de hidrogênio. A unidade de tempo
antecessora aos zeptosegundos foi utilizada para mensurar a velocidade com que as molé c u las mudam de forma e rendeu o Prêmio Nobel, naquele ano, ao químico egípcio Ahmed Zewail. Mas a nova descoberta trata-se de um trilionésimo de bilionésimo de segundo, ou um ponto decimal seguido por 20 zeros e um 1, se tornando a menor u n i d a d e d e te mp o j á encontrada. Para que a descoberta fosse possível, a equipe
liderada pelo físico Reinhard Dörner tirou raios X do PETRA III no Deutsches ElektronenSynchrotron (Desy, na sigla em inglês), que é um acelerador de partículas. A energia das radiogra as foi ajustada de modo que um único fóton (partícula de luz) expulsasse os dois elétrons da molécula de hidrogênio, sendo que uma molécula é composta por dois prótons e dois elétrons. Estas interações criaram uma estrutura de onda denominada “padrão de
interferência”. Tal modelo foi me d i d o c om u ma ferramenta chamada
“microscópio de reação por Espectroscopia de Mom e nt o d e Íons d e Recuo Frio” (Coltrims, na sigla em inglês). O recurso é e s s e n c i a l m e nt e u m detector de partículas muito sensível e pode registrar reações atômicas e m o l e c u l a r e s extremamente rápidas. Por meio do Coltrims, foi possível registrar o padrão da interferência e a posição da molécula de hidrogênio durante a interação. "Como conhecíamos a orientação espacial da molécula de hidrogênio, usamos a interferência das ondas de dois elétrons para calcular com precisão quando o fóton atingiu o
primeiro e quando atingiu o segundo átomo de hidrogênio", explicou Sven Grundmann, um dos autores do estudo. Com o experimento, os cientistas calcularam 247 zeptosegundos que uma partícula de luz leva para cruzar uma molécula de hidrogênio. "Observamos pela primeira vez que a camada de elétrons em uma molécula não reage à luz em todos os lugares ao mesmo tempo", ainda destacou Dörner sobre a descoberta. "O atraso ocorre porque a informação dentro da molécula só se espalha na velocidade da luz", acrescentou.
COMPORTAMENTO 11
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Brasil ocupa a 32ª posição entre 153 países em ranking de felicidade da ONU
Documentário expõe impacto do Alzheimer na vida das famílias da periferia Vencedor de seis prêmios, longa-metragem brasileiro está disponível de forma gratuita no YouTube DIVULGAÇÃO
Corrupção, violência e desigualdade social acentuada nos últimos quatro anos fez brasileiro se sentir cada vez menos feliz; coronavírus pode alterar resultados em 2021 ©SHUTTERSTOCK
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o Relatório Mundial de Felicidade 2020, feito anualmente para analisar a percepção desse sentimento em 153 países. O Brasil ocupa a 32ª posição, assim como em 2019, após sucessivas quedas. Na primeira edição do ranking, l a n ç a d a e m 2 0 1 2 , o Pa í s ocupava o 25º lugar. Nos anos seguintes, foi melhorando até alcançar o 17º posto, em 2016. De lá para cá, no entanto, a felicidade do brasileiro caiu gradativamente. Segundo os autores do estudo, os motivos para isso foram os problemas sociais e políticos, sobretudo a falta de generosidade e a corrupção, que impactou "negativamente na sensação de bem-estar e de satisfação com a vida" da população. "As justi cativas são variadas e ligadas à corrupção, em um cenário cujas inst ituiçõ es p olít ic as s ão constantemente enfraquecidas por escândalos; à desigualdade social e à violência", analisam. O país na primeira posição
pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, "o mais feliz do mundo", é a Finlândia. Em último lugar, aparece pela primeira vez o Afeganistão. Já a nação da América Latina que ocupa o melhor nível no ranking é a Costa Rica, em 15º lugar — qu at ro p o s i ç õ e s at r ás d o Canadá, o mais feliz do continente americano. Como de costume, países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) guraram entre as primeiras posições. Mas o que chamou a atenção neste padrão foi que todos os países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia) estiveram entre os dez primeiros do ranking pela segunda edição consecutiva. Os pesquisadores avaliam que a
elevada con ança interpessoal e nas instituições dessas nações justi ca esse cenário. A psicóloga Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da Pensi lvâni a, ava li a que a pandemia do novo coronavírus irá in uenciar nos resultados sobre o índice de felicidade dos países no próximo ano, e cabe ao Brasil tirar de tudo isso uma lição. "Tendo em vista essa temática da ONU sobre a re exão para a felicidade, ca para nós brasileiros a re exão de que ainda precisamos desenvolver nossas condições e ambientes para elevarmos nosso nível de felicidade," a rma. A ONU criou o relatório em parceria com a empresa americana de pesquisa de opinião Gallup. Neste ano, o tema foi "Ambientes para a Felicidade", considerando a imp or t ânci a meio s o ci a l, urbano e da natureza como fatores que levam a melhores condições de vida. Quem mora numa favela com esgoto a céu aberto e pouco acesso à educação, saúde e lazer, por exemplo, tende a ter percepções diferentes de quem detém privilégios sociais.
(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES
De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Alzheimer é o tipo mais comum de demência, representando cerca de 70% de todas elas. Mesmo assim, a doença ainda é considerada um tabu. “É algo que ninguém quer ver, ninguém quer falar. E quando o assunto é abordado, é sempre do ponto de vista médico ou a partir de relatos que não condizem com a realidade da maioria da população. A falta de informação é tão grande que ainda hoje não temos dados concretos de quantas pessoas têm a doença”, a rma Jorge Félix, gerontólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP). Para ampliar a discussão do tema e, principalmente, mostrar as di culdades reais de pacientes com a doença e seus cuidadores, desde setembro está disponível n o Yo u Tu b e o p r e m i a d o documentário “Alzheimer na Per ifer i a”. Pro duzido p el a Malabar Filmes a partir do argumento original de Jorge Félix, o longa-metragem conta a história de cinco famílias da periferia de São Paulo que convivem diariamente com a doença. “O que mais faz falta na minha vida hoje é o trabalho. Quando eu tive que vender as lojas e parar de trabalhar para cuidar das minhas tias, eu quei muito deprimido, porque é horrível você não ter trabalho. Principalmente de segundafeira, quando eu ouço as pessoas se levantarem, ligarem os carros e irem trabalhar”. Desde que descobriu que sua tia Leonor tinha Alzheimer, o administrador de empresas Paulo Saudek teve de tomar a difícil decisão de vender as lojas da família e abandonar o trabalho para se tornar cuidador em tempo integral. A escolha lhe rendeu a solidão e o consumo excessivo de álcool e cigarro. Ele terminou os poucos namoros que teve para não abandonar a tia com Alzheimer e a mãe já idosa. Nunca se casou e pouco saía de casa. Assim como ele, outros quatro personagens centrais escolhidos para o documentário
contam como suas vidas mudaram quando um familiar recebeu o diagnóstico da doença. “A p r o p o s t a e r a q u e o documentário tivesse utilidade pública. O que me apaixonou na ideia do Jorge era a possibilidade de contar essa história de uma forma mais poética e humana e menos jornalística para que chegasse ao maior número de pessoas possível. Nosso critério foi a diversidade de dores”, explica Albert Klinke, diretor do longa-metragem. Logo nas primeiras conversas sobre o projeto dois importantes aspectos que conduziriam o trabalho foram de nidos: a cidade de São Paulo como protagonista no tratamento da doença e o destaque para as impressões e sentimentos dos cuidadores. As cinco famílias escolhidas entre mais de cem entrevistadas moram nas periferias da capital paulista: Cidade Dutra e Jardim Imbé, na zona sul e ainda Vila Nova Brasilândia, bairro do Limão e Brasilândia, na zona norte. “Queríamos mostrar as di culdades de locomoção e acesso aos equipamentos de saúde e assistência social vividos por uma maioria da população, as ad apt açõ es d as c as as e autoconstruções feitas com pouco dinheiro para tentar facilitar o dia a dia. Apesar de a doença estar espalhada, estes serviços estão concentrados no centro e nos melhores bairros”, a rma Jorge Félix. Soma-se a isso o papel
f u nd ame nt a l e d i f í c i l d o s cuidadores que, na maioria das vezes, é deixado de lado nas
re p or t a g e n s , n o s l m e s e novelas. “O do cumentário mostra o desgaste do cuidador em muitos aspectos. O que p e r m e i a t u d o é s e mp r e a frustração. São pessoas que têm de abrir mão das suas vidas, do que gostam de fazer, do trabalho, d o n a m o r o”, c o n t i n u a o gerontólogo. “É difícil, mas é aquele ditado: comeu a carne, agora rói o osso. Eu co com dó de ver ele assim. Às vezes eu perco a paciência com ele. E minhas lhas dizem que eu preciso sair, mas eu co com dó de deixá-lo (sozinho). E todos os lugares que vou, levo ele”. Em desabafo, Maria José Pereira, cuidadora do marido Daniel Alves Pereira desde a descoberta do Alzheimer, conta com lágrima nos olhos que, após oito anos de relacionamento, a doença se manifestou. “Tudo se acaba”. A vida passou a ser em função do companheiro: banho, comida na boca, consultas médicas, sioterapia, atenção nos remédios. Vencedor de seis prêmios — entre eles o My True Story Film Festival, dos Estados Unidos — “Alzheimer na Periferia” estreou em 2018 em poucas salas de cinema. “ Tivemos muita di culdade para divulgar o lme e recebemos muitas negativas. Então optamos pelo caminho alternativo e contamos com a ajuda das universidades e dos profess ores”, cont a A lb er t Klinke. Agora, disponível na i nte r n e t , o s i d e a l i z a d ore s esperam atingir mais pessoas. “É preciso difundir o assunto porque a população está envelhecendo. Não podemos esconder embaixo do tapete. Em muitos bairros da periferia, a palavra Alzheimer não existe e a pessoa com a doença é chama d a d e g ag á , d e demente. Isso faz com que as pessoas não procurem médico, com que o diagnóstico seja tardio e que a procura pelos medicamentos oferecidos de graça pelo SUS (Sistema Único de Saúde) seja baixa”, pondera o gerontólogo.
12 OLHAR DE UMA LENTE
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
Lagoa do Juara pede socorro – Parte I L suprir as necessidades da população, que vem crescendo d e s e n f re a d a m e nt e e s e m nenhum planejamento.
Juara, com uma extensão de quase 10 km, faz parte de uma hidrogra a composta por rios e praias. Na década de 80, foi palco de etapas de regatas com participação de equipes tradicionais do remo capixaba como Saldanha da Gama e Álvares Cabral. Aconteciam passeios ecológicos organizados por pescadores e moradores de Jacaraípe, de outros municípios e até mesmo de outros estados. Todo tipo de esporte aquático era praticado nos nais semana como jet ski, canoagem e pedalinhos. Famílias inteiras se deliciavam, contemplando e desfrutando de sua beleza presenteada por
Segundo seu Elias Floriano Efgem, um dos fundadores da Associação dos Pescadores da L ago a do Ju ara (APLJ) e morador há 37 anos, por décadas a lagoa vem servindo de depósito de esgoto residencial e industrial dos bairros de Laranjeiras II, Serra Dourada, Grande Jacaraípe e até da Serra Sede. “Eles falam que o esgoto dessas comunidades é tratado, mas é mentira, isso é conversa para inglês ver. O esgoto jogado na lagoa e o desmatamento precisam ser combatidos pela scalização dos órgãos competentes. Cadê a Secretaria de Meio Ambiente do
limpeza feita no rio Jacaraípe foi necessária, mas a obra fez com
o morador. “Por esses e tantos outros
Wanderson de Sena, hoje residindo em Minas Gerais, e
motivos é que aproveito essa oportunidade para dizer que a Serra não é lugar de
que estava visitando a lagoa com familiares da esposa, que são mineiros, disse que “o lugar
HAROLDO CORDEIRO FILHO
HAROLDO CORDEIRO FILHO
HAROLDO CORDEIRO FILHO
ocalizada no município de Serra, região da Grande Vitória, Estado do Espírito Santo, a lagoa do
Deus. Mas como nem tudo são ores, nos últimos anos, a lagoa vem pedindo socorro pelas constantes ações do homem. As mais frequentes são feitas pela especulação imobiliária e desastradas intervenções do município na tentativa de
município para scalizar? O Estado precisa interceder, temos uma maravilha nas mãos e nada está sendo feito para conter a degradação”, critica. Para seu Elias, a abertura do rio Jacaraípe foi péssima para os peixes nativos da lagoa. “Hoje as coisas não estão nada bem. A
que a água salgada tomasse conta da lagoa e isso prejudicou muito os peixes nativos daqui. Há alguns anos, morreram muitos peixes nativos, perdemos mais de 40 toneladas de peixes da associação dos pescadores e peixes nativos, foi muito triste”, reclama. Zé Pikira, lho de pescador e morador também da região há mais de 30 anos, se diz triste pela forma com que se encontra hoje a Lagoa. “Está muito poluída, os órgãos ambientais não se preocupam. Abriram o rio Jacaraípe para não dar enchente em Jacaraípe e isso prejudicou a Lagoa do Juara. Temos duas situações hoje, uma que é a poluição e a outra que é a salinização provocada pela abertura do rio Jacaraípe. Nas marés cheias, que acontecem em março, a água do mar adentra a lagoa matando os peixes nativos. A lagoa tinha jacarés e peixes como tucunarés, robalos e tainhas, mas hoje não encontramos mais nenhuma dessas espécies. O maior poluidor da lagoa é o esgoto residencial. Tem um córrego que sai da rua Guarani na parte de cima de Jacaraípe, passa por vários bairros e deságua na lagoa. A prefeitura sabe disso e nada faz”, denuncia
HAROLDO CORDEIRO FILHO
TATI BELING
aventureiros, em 15 de novembro, precisamos eleger um maquinista com maturidade e experiência para conduzir essa locomotiva e não manobrista”, acrescenta Zé
é um presente de Deus, mas os homens, infelizmente, estão degradando a lagoa, não a estão valorizando, o que é uma pena. O poder público está se omitindo da sua obrigação que
Pikira. O protético e turista capixaba,
é scalizar e manter preservada”, lamentou.
BRASIL 13
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
A semana em Brasília S e no E
Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes
jornalfatosenoticias.es@gmail.com
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ES
PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
Fabiano Contarato (RedeES) Senador repudia manobra da AGU que tenta legitimar preconceito e discriminação O senador Fabiano Contarato repudiou manobra da Advocacia-Geral da União (AGU), que pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob argumento de liberdade religiosa, que reconheça uma série de “excludentes de ilicitude” em casos de homofobia e transfobia. “A AGU tenta esvaziar uma decisão já dada pelo STF: liberdade de expressão não se confunde com 'liberdade pra discriminar'. Con o que o Tribunal rejeitará essa manobra e lamento que uma instituição pública se engaje na defesa aberta do preconceito. O Brasil é conhecido pelos recordes que só vêm aumentando de violência e discriminação contra a comunidade LGBTQIA+. Por isso, a criminalização da homotransfobia pelo Supremo foi uma grande vitória contra o ódio e a violência”, a rma o senador. Contarato reitera que a AGU tenta restringir o alcance dessa decisão histórica da Suprema Corte brasileira e (re)autorizar a discriminação com base em um entendimento deturpado do que seria a liberdade de expressão e de religião. “Não há nada no exercício legítimo destas liberdades que permita ou incentive o preconceito. A orientação sexual e a identidade de gênero não podem nunca ser motivo de qualquer forma de discriminação!”, frisa o parlamentar.
Janete de Sá (PMN-ES)
Sérgio Majeski (PSB-ES)
ES agora tem lei que reconhece e protege cães comunitários
Deputado solicita suspensão de licitação milionária da Assembleia
O governo do Estado sancionou a Lei 11.184/2020, de autoria da deputada Janete de Sá, em parceria com a Associação dos Amigos dos Animais (ADADA), que institui, no ES, a proteção e apoio ao cão comunitário, que é aquele animal sem tutor que possuí laços de dependência e manutenção com a comunidade onde vive. A Lei foi publicada no Diário O cial do Estado no último dia 06. “Essa Lei nos chegou através da Maria da Glória Alves Cunha que é presidente Associação dos Amigos dos Animais (ADADA). Procuramos fazer um mandato parceiro com as entidades de defesa dos animais e os protetores. Essa norma jurídica é uma garantia para a comunidade que trata dos animais que são abandonados e vivem em situação de rua. O animal comunitário é uma alternativa bené ca a todos os envolvidos, uma vez que realiza a vontade de colaboração daqueles cidadãos que amam animais, mas não podem se responsabilizar sozinhos por eles; e supere as necessidades dos animais de rua, que mesmo sem um dono exclusivo recebem os cuidados e carinho da comunidade em que estão inseridos”, ressaltou a deputada Janete de Sá. A Lei foi sancionada com veto parcial. Os artigos vetados serão analisados pelo Plenário da Assembleia Legislativa, a partir de parecer da Comissão de Justiça.
TATI BELING/ALES
O deputado estadual Sérgio Majeski apresentou solicitação formal para que o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo (Ales) suspenda o processo de contratação de empresa de publicidade, orçado em R$ 3 milhões, para divulgação institucional das atividades da Casa por um período de 12 meses. Na justi cativa, o parlamentar menciona a crise nanceira imposta pela pandemia do novo coronavírus e que a instituição já possui a TV Assembleia e outros canais próprios de divulgação, que consomem alto investimento de manutenção com o pagamento de servidores e outras despesas. “A TV Assembleia e a equipe de comunicação da Ales já fazem um trabalho fantástico que é preciso reconhecer e valorizar. Passamos atualmente por uma das piores crises da história, que traz impactos nanceiros inestimáveis à economia do nosso Espírito Santo. A perda é expressiva na arrecadação estadual, o que demanda a adoção de medidas para a contenção das despesas de todos os poderes. No início da pandemia a Ales apresentou um pacote para redução de gastos e é importante que essa economia permaneça. Reconhecemos a importância da divulgação de atividades e serviços importantes à sociedade, mas nesse momento ainda há áreas prioritárias que necessitam desse recurso público”, destaca Majeski. SITE DA PARLAMENTAR
Rose de Freitas (Podemos-ES) Caso Chico Rodrigues, dinheiro na cueca
"Não temos de questionar a decisão do STF, mas, sim, a inde nição do Senado, que deveria instalar a comissão de ética e não apenas fazer silêncio sobre o assunto, como se o povo fosse esquecer rapidamente. Se o Senado age no tempo real e diante da gravidade da situação não "toma pela cara" a decisão do Supremo. Não é caso de abordar a decisão monocrática do ministro Barroso. E, sim, a falta de decisão do Senado, que tem a responsabilidade de atuar e não o fez. É preciso, reforço, convocar o conselho de ética e tratar do assunto com a gravidade e urgência que requer. "Não tem de avaliar este fato. As imagens falaram por si". Votar pela manutenção do afastamento e, depois de instalado e apurado todo processo legal, votarei pela legalidade da punição. Pode haver até renúncia por parte do acusado, como aconteceu várias vezes.
14 GERAL
24 A 31 DE OUTUBRO DE 2020
Bonecas negras representam 6% dos modelos disponıv́eis no mercado Movimento chama atenção pra necessidade de diversidade no setor que, em uma sociedade majoritariamente negra, isso seja retratado como algo positivo. Ter apenas referenciais brancos, magros e loiros faz com que se
ceifadas precocemente, seja pela inoperância do sistema público na saúde e educação, seja nas mortes através das polícias e milícias, que têm dizimado as
este natal”. As fábricas decidem os modelos com base em pesquisas de mercado, explica, Costa. “Não é a fábrica que de ne qual boneca [vai produzir]. Os
Na ausência das grandes, as fabricantes menores conquistam o mercado. É o caso da Amora que, desde 2016, produz bonecas negras e outros brinquedos que
entenda que esse é o referencial de beleza. “O impacto da boneca é esse. Da boneca preta também é esse. Imagina ter rastas, blacks, uma diversidade de cortes e penteados afrodescendentes e africanos, diversos tipos de tranças, ter tudo isso em uma vitrine, uma vitrine toda diversi cada. A criança vai querer ter aquele cabelo, vai achar aquele cabelo bonito”, diz. O impacto de crianças, sejam elas brancas ou negras, terem acess o a b onecas de cores diversas pode chegar na fase adulta, ajudando a combater o racismo, de acordo com a psicóloga. “Se a gente não tiver esse imaginário simbólico, como é que a gente vai quebrar o racismo? O racismo se materializa nas mortes que a gente tem, nas inúmeras vidas
periferias. A construção do imaginário tem tudo a ver com o número de mortes e violência que a gente vive nesse País e no mundo afora”, diz. De acordo com o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, há uma demanda crescente e as empresas têm aumentado a produção de bonecas negras. Segundo ele, cinco anos atrás a porcentagem de modelos dessas bonecas era 0,1%. Em 2020, ele diz que essa participação chega a 12%. Segundo Costa, nem todos os modelos estão disponíveis nos sites, por isso não foram contabilizados no levantamento. Alguns ainda serão lançados. “Isso é maior sucesso de vendas, como nunca teve. Você não tem noção da quantidade de empresas que estão apostando e lançando bonecas negras para
nossos vendedores vão a 15 mil pontos de venda do País e quem de ne é o lojista, com base no mercado que ele tem”.
levam em consideração questões raciais, como quebra-cabeças e giz de cera com diversos tons de pele. “A demanda existe e a oferta
©REPRODUÇÃO FACEBOOK/CAMPANHA CADÊ NOSSA BONECA
Bonecas negras representam apenas 6% dos modelos fabricados pelas principais marcas que comercializam esses brinquedos no Brasil, de acordo com o levantamento Cadê Nossa Boneca, feito pela organização Av a nt e — E d u c a ç ã o e Mobilização Social. O percentual é inferior aos 7% registrados no levantamento feito em 2018. O levantamento foi feito em agosto deste ano, em sites de comércio virtual de 14 dos 22 f abr i c ante s d e br i nqu e d o s associados à Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Segundo a pesquisa, oito sites estavam em manutenção. Dentre as empresas analisadas, apenas oito possuíam bonecas negras nos respectivos inventários. Em todos eles, segundo o estudo, a proporção de modelos de bonecas negras em relação às bonecas brancas é inferior a 20%. “S e s a i r à r u a e o l h a r o comércio, você vai saber”, diz, a psicóloga, consultora associada d a Av ante e u m a d a s idealizadoras da campanha, Ana Marcílio. “Você conta as bonecas na vitrine, conta as lojas com vitrine com bonecas pretas e depois conta o número de bonecas em cada loja, você vai ver que é irrisório”, acrescenta. O movimento Cadê Nossa Boneca nasceu do sonho de Ana Marcílio, Mylene Alves e Raquel Rocha, de verem vitrines mais diversas e brinquedos que de fato representassem a sociedade brasileira, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE) tem 56,1% da população formada por pessoas negras. O levantamento foi feito em 2016, 2018 e agora, em 2020 e a porcentagem de modelos disponíveis no mercado pouco mudou. Em 2016 eram 6,3, passando para 7% e, agora, para 6%. Ana explica que é na infância que as crianças constroem o imaginário, daí a importância
é baixa”, diz Geórgia Nunes, idealizadora da Amora. A ideia de criar a Amora veio quando, em 2015, Geórgia procurou e não encontrou bonecas negras para levar para uma ação social. Ela decidiu então que ela mesma faria. “A gente fala da criança negra ser representada no brinquedo e a partir desse espelho positivo construir um mundo onde se vê protagonista. Sem referenciais, que as representam positivamente, sem re pre s e nt at iv i d a d e e m u m mundo onde a maioria das bonecas é branca, com personagens brancos, isso gera ausência. Constrói uma infância de ausência, em que a criança não se vê nos lugares. Cria no imaginário que não pode acessibilizar aqueles lugares”, diz. A cada boneca Amora vendida, outro brinquedo a rmativo é distribuído gratuitamente para instituições de ensino público. O retorno vem dos sorrisos, como o do Lucas, 11 anos, lho de Ana. “Quando ele vê o Pantera Negra, quando ele recebeu os bonecos pretos na vida dele, você v ê o s o r r i s o b r o t a r nu m a facilidade enorme, ele dizer 'parece comigo, mãe' e começar a colecionar os bonecos”, conta a mãe.
A transmissão será no canal da Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas
Reservas: (27) 99961-8422
Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br