ANO XI - Nº 396 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 12 A 14 DE JANEIRO/2021 SERRA/ES
Girafas anãs são encontradas na África MICHAEL BROWN/GIRAFFE CONSERVATION FOUNDATION/REPRODUÇÃO
Distribuição Gratuita
GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA
8 A receita dessa edição é uma opção saudável e perfeita para dias mais quentes: salada de chuchu Pág. 8
JORGE PACHECO
8 Economia critica decisão da Ford e diz que destoa da realidade. “A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada” Pág. 5
HAROLDO CORDEIRO FILHO
8 Torneios de vôlei de praia agitaram o Espaço 10, no último m de semana Pág. 12
Ciclovia oferece passeio entre copas de árvores TOERISME LIMBURG
Projeto criado em reserva natural da Bélgica atrai ciclistas para passeios há 10 metros de altura Pág. 14
Aprendizagem preocupa, mas professores veem ano de forma positiva Pág. 4
FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC
Ninho de tartarugas é atropelado no Espírito Santo Pág. 2
©DIVULGAÇÃO/PIXABAY
A condição observada nas girafas, conhecida como displasia esquelética, afeta o crescimento ósseo, causando essa redução na estatura, e é comumente observada em humanos e animais domésticos como cães, vacas e
porcos. Porém, o nanismo é raro entre os animais selvagens e era inédito em girafas. Por isso, a descoberta foi transformada em estudo, publicado no nal do ano passado na revista
Nísia Floresta, a primeira autora e educadora feminista do Brasil ©WIKIMEDIA COMMONS
A mulher não apenas publicou um livro inovador, como ainda criou uma as primeiras escolas exclusivas para meninas no País Pág. 4
cientí ca BMC Research Notes, e se tornou um importante instrumento de pesquisa. O estudo concluiu que o nanismo ocorreu nos dois animais porque eles têm pernas, ou raio e ossos metacarpais,
mais curtos. Outro fato surpreendente foi que a condição não prejudicou a capacidade de sobrevivência de Gimli e Nigel, ao contrário da maioria das girafas selvagens, que geralmente morre antes de atingir a idade adulta. Pág. 15
CES 2021: TVs LG vão de transparente a alta luminosidade ©LG DISPLAY
Janeiro Branco alerta para importância de cuidados com a saúde Novo estado intermediário mental de matéria é
Entre os destaques da LG na Consumer Electronics Show 2021 (CES 2021) está um protótipo de TV transparente com painel OLED de 55 polegadas. Os 40% de transparência da tela permitem ver através dela mesmo quando ela está ligada. Até agora, as telas transparentes da marca eram apenas 10% translúcidas Pág. 6
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas Pág. 14
descoberto
Pág. 10
2 MEIO AMBIENTE
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
Ninho de tartarugas é Monumento Natural atropelado no Espírito da Mantiqueira é Santo criado no Vale do Paraíba Ainda que o tráfego de veículos na Praia do Bosque fosse proibido na época, quase 90 filhotes foram mortos pelos infratores
©DIVULGAÇÃO/THIAGO BORGES
Na última quarta-feira (6), enquanto caminhava pela Praia do Bosque, no norte do Espírito Santo, o biólogo iago Borges levou um susto. Em entrevista ao G1, ele contou que mais de 80 lhotes de tartaruga foram atropelados e mortos ainda no ninho. Naquela manhã, o especialista, que atua no Projeto Tamar de Guriri, foi até a praia para monitorar o ninho de tartarugas. Ao chegar ao local, contudo, ele se deparou com os lhotes espalhados pela areia, logo depois de serem esmagados por carros infratores. “Eles derrubaram a tela e a marcação e passaram com o carro por cima”, lamentou iago. O problema é que, durante o período de reprodução das tartarugas, que vai de outubro até março, o tráfego de veículos é proibido nas praias entre Aracruz, no norte do Espírito Santo, e o município de Itamaraju, na Bahia.
Com mais de 10 mil hectares, nova Unidade de Conservação vai preservar 400 espécies de animais
©MARCOS FELIPE/CC 4.0
Camaleão Furcifer labordi
Por sorte, alguns dos lhotinhos conseguiram sair do ninho antes que os veículos atravessassem a região. “Quando abrimos, veri camos que 88 lhotes morreram e 27 estavam bem debilitados, mas vivos”, explicou o biólogo. Segundo o Projeto Tamar, os lhotes sobreviventes receberam ajuda da equipe para chegarem ao mar, enquanto as tartarugas mortas foram enterradas no própr io ninho. Agora, a
secretaria municipal de Meio Ambiente de São Mateus espera que a Polícia Militar encontre e aplique multas nos veículos que estão infringindo a lei. “C omo não cons eguimos registrar qual carro fez isso, ninguém será responsabilizado criminalmente”, explicou iago. “Fica o ap elo para que os motoristas se conscientizem de que é proibido o tráfego de veículos naquela área e qual é o impacto dessa ação”.
©DIVULGAÇÃO/PIXABAY
Onças da Amazônia estão se adaptando à deterioração em seu habitat natural
De acordo com reportagem publicada nesta segunda-feira (11) pela Folha de S. Paulo, um novo estudo liderado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), acredita que ao longo dos últimos seis anos, as onçaspintadas estão se adaptando às degradações na Amazônia. A conclusão se deu após os especialistas analisarem os grandes felinos da região de Paragominas, local conhecido
por passar por grandes danos em seu território, como, desmatamento para pecuária, exploração de madeireiras e garimpos ilegais. Após o monitoramento, os estudiosos acreditam que as onças estão “mudando hábitos para se adaptarem ao impacto humano e estão sobrevivendo também em áreas degradadas”, c om o re ve l ou a bi ól o g a e coordenadora da pesquisa Ana
Cristina Mendes de Oliveira, em entrevista à Folha de S. Paulo. Sabe-se que anteriormente, as onças eram usadas como uma espécie de 'termômetro' pelos pesquisadores, para entender o nível de preservação da região. Onde os felinos eram encontrados, ainda havia um nível su ciente de biodiversidade para manter o animal. Contudo, isso mudou com o resultado da pesquisa. “Não podemos mais a rmar que onde tem onça ainda há áreas pres er vadas”, a rmou Ana Cristina. Agora, os especialistas trabalham para entender como esses animais estão fazendo para se manter: se permanecem na oresta, ou, se buscam recursos externos em fazendas, por exemplo.
Sob responsabilidade do Fundação Florestal, o espaço de mais de 10 mil hectares abriga também um patrimônio natural com áreas de montanha predominantemente cobertas por orestas e campos de altitude localizada entre os municípios de Cruzeiro (9.392 hectares) e Piquete (979 hectares). A nova unidade de conservação foi classi cada como MoNa, uma categoria de preser vação que tem como objetivo proibir a intervenção humana nos aspectos naturais. Com isso, a área se torna o terceiro Monumento Natural (MoNa) do Estado de São Paulo gerido pela FF, juntamente com o MoNa Pedra do Baú, em São Bento do Sapucaí, e o MoNa Pedra Grande, em Atibaia e Bom Jesus dos Perdões. A área possui também at r at i v o s t u r í s t i c o s c o m o cachoeiras e vias de escalada em rochas. Entre os destaques está o Túnel da Mantiqueira, palco de uma das principais batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932. A região faz parte do circuito paulista da Estrada Real. A previsão do governo do estado é a de que sejam investidos na área de preser vação cerca de R$ 2 milhões reais vindos da Câmara de Compensação Ambiental (CCA). Predominantemente formada por orestas e campos de altitude, a área possui trilhas, maciços e diversas vias de
escalada em rocha. O principal atrativo no local é o Maciço Marins-Itaguaré, formado por alguns dos pontos mais altos do estado de São Paulo — Pico dos Mar ins (2.427m), Pico do Itaguaré (2.308m) e Pico do Marinzinho (2.432m). A Travessia Marins-Itaguaré é uma das mais procuradas no Brasil por montanhistas brasileiros e estrangeiros, e é também um dos trechos de uma r o t a m a i o r : a Tr a v e s s i a Transmantiqueira. Outro atrativo turístico é o Túnel da Mantiqueira, palco de uma das principais batalhas da Revolução Constitucionalista de
1932. A região faz parte do circuito paulista da Estrada Real. Ainda conta com diversas cachoeiras, sendo as cinco principais: C omplexo do
Curiaco (Poço do Curiaco e Cachoeira do Amor), Cachoeira d o A l e mã o, C a cho e i r a d o Jaracat iá, C acho eira das Andorinhas. O MoNa está inserido na bacia hidrográ ca do rio Paraíba do Sul, curso de água que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O rio atravessa a região do Vale do Par aí b a e é for m a d o p e l a con uência dos rios Paraitinga e Paraibuna. Os remanescentes de vegetação na área de estudo para criação do MoNa totalizam 15.939,35 ha. Os principais tipos de vegetação natural são a F l ore st a O mbró l a D e ns a Montana, mais conhecidas como Florestas de Encostas, com 12.229,08 hectares (74,8%). Já a Floresta Ombró la Densa AltoMontana, que são as Florestas de Altitude, representam 2.403,18 hectares (14,71%). Os Refúgios E cológ icos ou C amp os de Altitude estão presentes em 1.108.11 ha (6,78%). O contato entre as orestas e os campos de a lt itu d e , c on h e c i d o c om o Candeais, ocupam 198,98 ha (1,22%).
Na área do entorno, destacamse os usos agrícolas, com total de 15.338,4 hectares, o que representa 65,3% do território.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES
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CULTURA 3
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
A origem da Escritora analisa
costumes da Grécia expressão ‘Lágrimas Antiga através de de crocodilo' romance histórico Entenda o que os antigos egípcios e Shakespeare têm a ver com a expressão
Escrava de Atenas, de Cindy Stockler mescla personagens ficcionais com fatos históricos ©S. HERMANN & F. RICHTER/PIXABAY
©TEEFARM/PIXABAY
FOTO: REPRODUÇÃO
Muitas vezes a expressão "lágrimas de crocodilo" foi utilizada para se referir a uma pessoa que demonstra um choro falso, na maioria das vezes sem arrependimentos. Todavia, muitos não sabem que a origem da expressão é mais antiga do que se imagina. A frase, empregada para se referir a alguém que demonstra um choro fingido,
tem registros desde o Egito antigo. Segundo escritos de Plínio, o Velho, do século 1, crocodilos que ficavam às margens do rio Nilo exibiam seus olhos lacrimejantes, dando a impressão de que choravam, para atrair e atacar as suas vítimas. Séculos depois, o dramaturgo inglês William Shakespeare fez alusão ao
termo em Otelo, de 1603: "Se com lágrimas de mulher fosse a terra fecundada, cada gota geraria um crocodilo". Há, no entanto, uma explicação fisiológica para o choro do animal. Como as glândulas salivares e lacrimais ficam próximas, quando ele mastiga, a pressão sobre elas aumenta, fazendo com que as lágrimas escorram. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)
Série com versão mirim de Bob Esponja ganha primeira prévia
Finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, a obra Callíope, a Escrava de Atenas, da escritora paulista Cindy Sto ck l er, t r at a - s e d e u ma profunda pesquisa sobre a Grécia Antiga. Lançado em 2019 pela editora Letras do Pensamento, este romance histórico foi classificado como top 5 do Prêmio Jabuti. Dividido em 12 capítulos — cada um levando o nome de um dos deuses do Olimpo — o livro conta a história da bela jovem Callíope. Aos 15 anos, a garota foi destinada ao casamento forçado. Seu pai, um rico proprietário de terras ao redor de Atenas, ofereceu sua mão a um homem muito mais velho. Anos mais tarde, a protagonista foi vendida c o m o e s c r av a p a r a o u t ro cidadão da cidade, durante a Guerra do Peloponeso. Por meio de viagem histórica à Grécia Antiga, Cindy Stockler mescla uma narrativa ficcional com personagens reais. Além disso, a autora conduz o leitor à uma profunda análise política, filosófica e cultural deste imp or t ante p er ío do histórico, que até hoje influencia a sociedade. Outros assuntos abordados pela escritora são os d i re ito s d e su c e ss ã o e d e propriedade, o acesso à cidadania, a escravidão e o casamento forçado. Sob o título: Calliope, the Slave from Athens, a edição em inglês
Confira um trecho de Callíope, a Escrava de
Atenas (2019) “O agente não esperava por aquilo. Via, no entanto, que aquela filha de cidadão, vendida como escrava, cobriria a dívida e ainda daria lucro ao patrão. Indo logo, conseguiria vendê-la naquela tarde mesmo. Entrega à moça o documento — a hipoteca — e ela, por sua vez, coloca o papel nas mãos do pai que, num torpor desalentado, já não tinha mais noção de nada ao seu redor”. LUCIANO DANIEL
AUTOESCOLA 3026-2304/ 99894-2624
DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+
A Par amou nt + d iv u l gou o primeiro vídeo da nova série derivada de Bob Esponja, que most ra os p ers onagens do desenho longevo da Nickelodeon em suas versões infantis, num acampamento de férias. Intitulado em inglês “Kamp Koral: SpongeBob's Under Years”, o novo desenho mostra como era a vida de Bob Esponja, Patrick, Sandy e companhia aos 10 anos de idade. A prévia revela quase um episódio completo. Na trama, o jovem Bob Esponja e seus amigos podem ser vistos participando das atividades do acampamento de verão mais popular da Fenda do Biquíni, o Kamp Koral, que tem como instrutores os adolescentes senhor Siriguejo e Lula Molusco. Todos os personagens foram criados por Stephen Hillenburg, que morreu em novembro de 2018 aos 57 anos de idade. Ele sofria de ELA (esclerose lateral am i ot róf i c a ) , u m a d o e n ç a
está prevista para ser lançada em dezembro deste ano em Nova York, pela Adelaide Books. Callíope, a Escrava de Atenas, em suma, imerge o leitor nos costumes da Grécia Antiga, apresentando os principais assuntos sociais que moldaram este período e que até hoje influenciam a sociedade moderna.
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Foto Antiga do ES FÁBIO DO NASCIMENTO/FOTOS ANTIGAS SÃO MATEUS E NORTE DO ES/FACEBOOK
Travessia de balsa do Rio Doce em Linhares degenerativa do sistema nervoso, que acarreta paralisia motora progressiva e irreversível. Apesar da morte de seu criador, a Nickelodeon garantiu que a série original, que já tem duas décadas, não deixará de ser produzida. Ao contrário. O anúncio do spin-off acompanha os planos do canal pago para expandir a franquia. “Estamos animados com 'Kamp Koral', que vai provar o quanto esses personagens são amados ao redor do mundo”,
disse Ramsey Naito, chefe de animação da Nickelodeon. Dois pro dutores da s érie original, Marc Ceccarelli e Vincent Waller, comandarão o spin-off, que também se diferencia do original por utilizar animação computadorizada. O vídeo ainda marca a primeira publicidade oficial da Paramount+, novo nome da plataforma CBS All Access, que entrará em vigor já no início de 2021.
4 EDUCAÇÃO
07 A 12 DE JANEIRO DE 2021
Nísia Floresta, a primeira autora e educadora feminista do Brasil A mulher não apenas publicou um livro inovador, como ainda criou uma as primeiras escolas exclusivas para meninas no País
No começo do século 19, após milênios reservados para os cuidados da casa, as mulheres passaram a se interessar pela literatura e pela escrita. Percebendo esse movimento, jornais e revistas destinados ao novo público surgiram r a p i d a m e n t e . Me s m o q u e tivessem pautas pensadas para as mulheres, contudo, as pu b l i c a ç õ e s e r a m exclusivamente escritas por homens. Indignada com o irônico cenário, uma dama bastante in uente em sua cidade decidiu tomar providências, em meados de 1831. Foi assim que Dionísia Gonçalves Pinto tornou-se Nísia Floresta Brasileira Augusta. Sob o pseudônimo, ela lutou pela educação feminista de outras meninas. Nascida em 1810, em Papari, no Rio Grande do Norte, Dionísia era lha de um advogado português com uma rica herdeira da região. Ao lado de três irmãos, a menina cresceu acostumada com mudanças, já que o antilusitanismo crescia cada vez mais. Aos sete anos, a pequena entrou para o convento das carmelitas, onde recebeu aulas de cl ássico manu a l e c anto. Diferente das outras alunas, entretanto, ela também sentia-se atraída pelos livros da biblioteca, paixão que sempre foi incentivada pelo pai liberalista. Quando completou treze anos, a menina foi obrigada a casar-se
com um rico proprietário de terras, conforme as normas sociais da época. Poucos meses depois do matrimônio, todavia,
nome Nísia e passou a escrever para o jornal O Espelho das Brasileiras, editado em Recife. Segundo Antônio Carlos de
esferas, cívica e moral. No total, o jornal para o qual ela escreveu teve 30 edições. Todas elas contaram com Nísia como
publicado em 1750. Porém, independentemente da inspiração, a obra da brasileira foi considerada um ícone da ©WIKIMEDIA COMMONS
Dionísia rompeu com seu esposo e fugiu de volta para casa. Anos mais tarde, em 1828, a jovem passou por um período triste em sua vida, repleto de luto e saudade. Por fazer parte de um levante contra a poderosa família Cavalcanti, in uente na elite de Olinda, onde moravam na época, o pai de Dionísia foi assassinado. Três anos depois, no entanto, ela nalmente descobriu aquele que parecia ser seu papel no mundo. Motivada por seu amor pela literatura, a jovem assumiu o
Oliveira Itaquy, que escreveu um estudo sobre a autora, Nísia acabou escolhendo seu pseudônimo por diversos motivos. “Floresta” porque esse era o nome da fazenda onde nasceu, "Brasileira" pelo orgulho d o Paí s e " Au g u st a " e m homenagem ao seu grande amor, o acadêmico Manuel Augusto de Faria Rocha. Em seus textos, a escritora falava sobre as condições de vida das mulheres, além de defender a educação feminina em ambas às
redatora. Dos primeiros textos no jornal, Nísia se apaixonou pela arte de escrever e, em pouco tempo, lançou sua primeira obra. Publicado em 1832, o livro “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”. Hoje, discute-se sobre a teoria de que a obra era baseada em “A Vindication of the Rights of Wo m a n”, d e M a r y Wollstonecra. Existe ainda a ideia de que Nísia teria traduzido literalmente o livro “La femme n'est pas inferieure a l'homme”,
literatura da época. Mas Nísia se recusou a parar por aí. Assim, o foco dela passou a ser a educação de meninas, que, até então, aprendiam apenas a cuidar da casa. Em meados de 1838, o pioneirismo feminista de Nísia extrapolou as barreiras literárias e se expandiu para um contexto sociocultural. Isso porque, naquele ano, ela fundou o C o l é g i o Au g u s t o, u m d o s primeiros do País exclusivos para meninas.
Ainda que as jovens não fossem proibi d as d e e stu d ar, el as costumavam receber aulas de bordado, canto e etiqueta. Nas mãos de Nísia, porém, meninas e adolescentes brasileiras passaram a estudar matemática, português e história. Defensora da emancipação feminina, chegou a publicar um livro sobre o tema em 1853, Nísia mudou-se para a Europa, em meados da década de 1840. Por lá, ela publicou diversos artigos, mas também cou sob a mira daqueles que não concordavam com seus ideais e, assim, ela caiu no esquecimento. Foi apenas décadas mais tarde, no nal do século 20, com o trabalho de mulheres como Zahidé Muzart e Constância Duarte que a história de Nísia voltou à tona. Falecida na França aos 74 anos, a potiguar voltou a ser lembrada. Apesar de ter morrido em meados de 1885, devido a um quadro de pneumonia, o corpo da primeira autora feminista do Brasil chegou em terras tropicais apenas em 1954. Hoje, Nísia está enterrada na cidade onde nasceu. Em homenagem à mulher que tudo mudou no século 19, inclusive, o município de Papari hoje chama-se Nísia Floresta. É um dos únicos lugares no Brasil onde a memória de uma das precursoras do feminismo e defensora da educação feminina no País ainda pulsa.
Aprendizagem preocupa, mas professores veem ano de forma positiva Apesar de preocupados com o desenvolvimento dos alunos, pesquisa do Instituto Península aponta professores motivados para o ano letivo de 2021 Ap e s ar d o ano at ípi c o, o s professores conseguiram se adaptar à nova realidade do ensino remoto e passaram a valorizar ainda mais a importância da tecnologia na educação. No nal de 2020, o Instituto Península divulgou a quarta etapa da pesquisa “Sentimentos e Percepção dos Professores Brasileiros nos Diferentes Estágios do Coronavírus no Brasil”. Os dados mostram que a preocupação dos professores em relação ao cenário da educação para este ano recai sobre dois pontos principais: 60% dos respondentes dizem que os alunos não estão evoluindo no aprendizado e 91% acham que haverá um aumento da desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.
R i t a Va s c o n c e l o s , coordenadora de uma escola da rede municipal de ensino de
conseguiram se adaptar ao modelo de ensino remoto e, d e nt ro d e ss a re a l i d a d e, j á
©ELENABS/ISTOCKPHOTO
Castelo do Piauí e docente de língua por tuguesa na rede estadual de ensino, a rma que durante o ano os professores
entendiam melhor como lidar com aulas on-line, mas s e preocupa com os próximos anos e, principalmente, com a falta de
acesso à internet. “A nossa di culdade, o nosso desa o nessa questão continuará. Nesse momento em que se constata que tanto alunos quanto professores não estão inseridos no mundo digital, seja pela falta de ferramentas tecnológicas ou pela falta de orientação para o uso de ferramentas. Eu acredito que os prejuízos na aprendizagem serão imensos, pois não se fez muito para ofertar esse ensino com o auxílio de t e c n o l o g i a ”, c o m e n t a a professora. Rita também se mostra preo c upada com o desenvolvimento dos estudantes. “Muitos dos nossos alunos só estudam na escola porque não têm auxílio em casa e muitos entregam atividade em branco porque não têm quem os ajude”.
A preocupação é recorrente, dos 62% dos professores respondentes que realizaram atividades avaliativas no período, apenas 26% avaliam que os alunos aprenderam o que era esperado para o ano letivo. José Souza dos Santos, professor de língua portuguesa do ensino fundamental 2 da Escola Municipal Maria Dias Tr i n d a d e , l o c a l i z a d a e m Paripiranga, na Bahia, também demonstra certa preocupação quando o assunto é tecnologia. “É muito cansativo, os professores foram obrigados a se adaptar ao momento, mas muitos ainda não se sentem seguros com a modalidade, principalmente quando falamos sobre o Nordeste, onde sabemos que a desigualdade é mais acentuada. As possibilidades de avanço às
vezes são nocauteadas por essa realidade”. Apesar das questões l e v ant a d a s , a p e s qu i s a d o Instituto Península mostra ainda que 61% dos professores se sentem motivados para 2021. “O que esse momento tem nos ensinado é que o professor é um sujeito resiliente”, comenta José, que se sente con ante para o próximo ano letivo, “Acredito que a educação vai ter uma melhora justamente porque muitas falhas foram pontuadas em 2020. Precisamos de melhorias tanto em esferas práticas, como a questão da tecnologia, quanto em esferas emocionais. Percebemos que é preciso cuidar do professor porque é ele quem cuida do aluno”.
POLÍTICA 5
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
Jorge
Analista Político
Pacheco
Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com
“Tem gente que a vida inteira, fica travando inútil luta com os galhos, sem saber que é lá no tronco que tá o coringa do baralho// É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro// Quanto mais conheço a humanidade, mais eu amo os meus cachorros//Tente! Não diga que a vitória está perdida! Se é de batalhas que se vive a vida, tente outra vez!”, Raul Seixas GERMANO LÜDERS/EXAME
próximos dez dias.
SÉRGIO LIMA/AFP
Maia: “Atraso na vacina é o maior erro de Bolsonaro e poderá ensejar o impeachment” Maia, que comanda a Câmara até o início de fevereiro, disse, porém, que essa decisão caberá ao futuro presidente da Casa R o d r i go Mai a ( DE M - R J ) , qu e comanda a Câmara até o início de fevereiro, disse, porém, que essa decisão caberá ao futuro presidente da Casa. “O atraso do início da vacinação da população contra o novo coronavírus é o maior erro do governo Jair Bolsonaro e pode ensejar a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. "Acho que a vacina pode levar a um processo de impeachment no futuro", disse. "Não seria correto eu deferir o impeachment. Já estamos em recesso. Não vai julgar agora. Eu vou apenas c r i a r u m a m b i e nt e p o l í t i c o d e desorganização em um momento em q u e e s t á s e e l e g e n d o u m n ov o AJUFE
AFP
presidente (da Câmara). Acho que esse papel cabe ao novo presidente (da Câmara)”. Apesar de a Câmara acumular mais de 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, Maia disse que não houve ambiente para dar andamento a eles nos últimos dois anos. "Garanto que até
hoje, até a questão da vacina, eu nunca tive uma pressão política e um ambiente mais forte da sociedade para fazer esse encaminhamento e colocar para pautar o tema", a rmou. "Temas mais sensíveis, como processo de impeachment, não podem ser instrumento apenas de uma decisão política solta". Maia destacou que as pesquisas mostram que o atraso e a resistência de Bolsonaro à vacina contra a covid-19 já afeta sua popularidade. "Acho que o principal erro de todo o governo Bolsonaro é a questão da vacina, e acho que pela questão da vacina, se ele não organizar rápido, talvez sofra um processo de impeachment muito duro", a rmou. "Acho que a questão da vacina está começando a transbordar para dentro do Parlamento. É uma pressão que a sociedade poucas vezes fez nos últimos anos, apenas os bolsonaristas contra o próprio Parlamento e o STF".
Governo reconduz Nísia Trindade à presidência da Fiocruz
sociedade civil”. Ela se comprometeu a conduzir a instituição “com o mesmo comprometimento, serenidade e rmeza dos últimos quatro anos”. “Aproveito para manifestar os meus sentimentos aos familiares das vítimas da covid-19 e reitero o compromisso da
©MARCOS CORRÊA/PR
Nesta segunda-feira (11) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello defendeu a aplicação de uma única dose da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford como estratégia para aumentar o número de imunizados contra a covid-19 no País. O Brasil já tem contratos para receber 354 milhões de doses de imunizantes contra a covid-19. Segundo o ministro, a e cácia da aplicação de uma dose já garante a taxa necessária para reduzir sensivelmente as infecções pelo novo coronavírus no Brasil. "Com duas doses, você vai a mais de 90% [de e cácia], com uma você vai a 71%", disse. "Talvez, o foco agora seja não na imunidade completa e, sim, na redução da contaminação, e aí a pandemia diminui muito", esclareceu. Ele complementou citando que a segunda dose pode ser aplicada futuramente, caso necessário. Então tá senhor ministro! Isso é o que dá nomear um GENERAL como ministro da saúde! (Comentário nosso)…; e, nesse caso as mortes por causa do covid-19 continuariam em mais de 29% da população! GENIAL GENERAL! Pazuello evitou cravar uma data de início para a vacinação contra a covid19 no País. Segundo o ministro, que tem sido cobrado por governadores e prefeitos de todo o Brasil para a d e n i ç ã o d e u m c a l e n d á r i o, a imunização no País irá começar "no dia D e hora H". Pazuello contou que as 210 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca começam a ser produzidas no Brasil pela Fiocruz no nal de janeiro. "Sempre foi esse o plano, mas estamos fechando a importação de dois milhões de doses, igual ao Butantan fez. Estão vindo da fábrica da AstraZeneca na Índia, onde já tem autorização de uso
REPRODUÇÃO/TWITTER/CP
Pazuello sugere a vacinação com apenas uma dose de imunizante
emergencial. Pode facilitar, mas não resolve. E a Índia tem que deixar sair as doses", detalhou. Ele espera uma solução para o impasse com a Índia nos
Uma edição extra do Diário O cial da União, publicada nesta segunda-feira ( 1 1 ) , re c ondu z iu a d outor a e m Sociologia e servidora da Fundação Os w a l d o C r u z ( F i o c r u z ) , Ní s i a Trindade Lima, para o cargo de presidente. Reeleita por servidores, a socióloga deverá permanecer à frente da fundação até 2024. A cientista foi a primeira mulher eleita presidente do órgão. A primeira em número de votos da lista tríplice da eleição, Nísia esteve com o ministro-chefe da Casa Civil, o general Braga Netto, para falar dos trâmites nais da nomeação. Participou do encontro com o Braga Netto, ainda, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco. Ele foi à reunião como representante do ministro da pasta, Eduardo Pazuello. O pleito que reelegeu Nísia Trindade aconteceu em 2020 e contou com a participação de 4,4 mil dos 4,8 mil funcionários. A socióloga, que recebeu 3,7 mil votos, estava à frente da casa desde 2017, e deverá permanecer no cargo até 2024. Em carta enviada à comunidade da Fiocruz, a cientista a rmou que será presidente de todos, “ampliando o diálogo interno e com as esferas de governo, dos poderes da República e da
Fiocruz, instituição de Estado e patrimônio da sociedade, em ter a ciência, a tecnologia e a inovação a serviço da vida e do Sistema Único de Saúde como a sua diretriz principal”, a rmou a presidente em um texto divulgado pela fundação.
Economia avalia que decisão da Ford destoa de forte recuperação do setor Em nota, a pasta destacou que trabalha de forma intensa na redução do chamado "Custo Brasil", em uma tentativa de explicar a decisão da montadora de sair do País
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras instaladas no País, atribuiu à ausência de medidas capazes de aliviar o custo de produção no Brasil a decisão anunciada pela Ford nesta segunda (11) de fechar todas as suas fábricas no Brasil. Em nota, a Anfavea, que por muitas vezes foi presidida por dirigentes da Ford, diz, primeiro, que não se manifesta sobre decisões estratégicas de a ss o c i a d a s . Poré m , su ste nt a n a sequência que a notícia corrobora os alertas a respeito da falta de medidas contra o custo Brasil. "A Anfavea não vai se manifestar sobre o tema. Trata-se de uma decisão estratégica global de uma das nossas associadas. Respeitamos e lamentamos. Mas isso corrobora o que a entidade vem alertando, há mais de um ano, sobre a ociosidade da indústria (local e global) e a falta de medidas que reduzam o Custo Brasil", diz a entidade na íntegra da nota. Já Rodrigo Maia, presidente da Câmara, disse que a decisão re ete a 'falta de credibilidade' do governo em segurança jurídica. Em nota divulgada na noite desta segunda-feira (11) o Ministério da Economia lamenta a decisão da Ford de fechar suas três fábricas de automóveis no Brasil encerrando a produção de veículos no País. Mas o ministério também avalia que a decisão da Ford destoa de uma “forte recuperação” observada no setor industrial brasileiro. “A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada”.
'SERESTA DE TODOS OS TEMPOS'
COM JORGE PACHECO E SEUS CONVIDADOS ESPECIAIS SEXTAS-FEIRAS, ÀS 20 HORAS WEBRADIOCENTENARIOFC – SERRA–ES
6 TECNOLOGIA
07 A 12 DE JANEIRO DE 2021
Novo robô da Samsung Arábia Saudita anuncia arruma a casa do criação de cidade usuário ecológica sem carros Na conferência da CES 2021, a Samsung apresentou novos robôs domésticos
Informação foi dada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman
©SAMSUNG/DIVULGAÇÃO
A Samsung realizou, nesta segunda-feira (11), sua apresentação na CES 2021, com grande foco em robótica. A empresa apresentou três produtos equipados com i nte l i gê n c i a ar t i c i a l, e o destaque vai para um novo robô da Samsung que pode ajudar nas tarefas domésticas. O Bot Handy é um robô da gigante tecnológica que utiliza a inteligência ar t i cia l p ara navegar pela casa do usuário e se vale de um braço mecânico para p o d e r re c on he c e r e p e g ar objetos, permitindo organizálos. Durante a apresentação, um
exemplo de aplicação desta capacidade foi a de coletar a louça suja e colocá-la na lavadora. Outro robô da Samsung é o Bot Care, apresentado pela companhia como um assistente pessoal. Fazendo uso de inteligência arti cial, a máquina reconhece padrões de comportamento para oferecer sugestões e apoiar o cotidiano do usuário. Dois dos exemplos de funcionalidade apresentados foram o de dar lembretes para que a pessoa levante de sua cadeira regularmente para esticar o corpo e avisar sobre
uma videoconferência que está prestes a começar, trazendo para junto do usuário um tablet para realizar a chamada. Os dois produtos ainda estão longe da realidade, no entanto. A Samsung acrescenta que nenhum deles está disponível para venda e que as capacidades demonstradas em vídeo ainda estão restritas a um ambiente de testes, o que signi ca que pode demorar um pouco para que o produto possa estar na casa das pessoas. O último robô da Samsung é mais próximo da realidade: o Je t B ot A I + , qu e c h e g a a o mercado ainda no primeiro semestre. É um robô-aspirador que conta com inteligência arti cial para navegar pela residência e reconhecer objetos delicados, como vasos, para manter uma distância segura. Equipado com câmera, ele também permite monitorar a casa a distância e interagir com outros aparelhos conectados.
©THE TIMES
A Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo bruto, anunciou a criação de uma cidade ecológica com "zero carros, zero estradas, zero emissões de CO2" no Neom, área no noroeste do país que se encontra em desenvolvimento. Uma região futurista e turística, Neom está na lista dos muitos megaprojetos em curso para diversi car a economia da Arábia Saudita, que depende fortemente da exportação do petróleo. "Como presidente da direção da Neom, apresento "e Line", uma cidade que pode acomodar um milhão de habitantes, tem 170 quilômetros de comprimento e preservará 95% das áreas naturais", anunciou o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman em comunicado transmitido na televisão. "Não haverá carros, estradas e terá emissões zero de carbono", acrescentou o líder do país, que é a maior economia do mundo árabe, mas regularmente classi cada entre os estados mais poluidores do mundo. "Devemos transformar as
cidades em cidades do futuro", d iss e, re fe r i nd o - s e a u ma "revolução civilizacional". Quanto a detalhes do projeto, só serão divulgados mais tarde, assegurou o príncipe Mohammed bin Salman, antes de mostrar imagens computorizadas da "linha" e paisagens de desertos primitivos e mares azuis. A cidade pensada para pedestres terá serviços como escolas e centros de saúde, bem como espaços verdes e transportes públicos de alta velocidade, que não fazem mais de 20 minutos de viagem, de acordo com um comunicado de imprensa. O novo centro urbano será
também baseado em tecnologias de inteligência arti cial (IA) e "equipamento de baixo impacto de carbono, alimentado a 100% por energia renovável". A construção da "e Line" terá início no primeiro trimestre de 2021 e será nanciada pelo Fundo Saudita de Investimento Público (PIF), o principal instrumento da política de diversi cação econômica do país. O projeto vai criar 380 mil empregos e a sua contribuição para o Produto Interno Bruto está estimada em 180 bilhões de riyals (moeda da Arábia Saudita, mais de 39 bilhões de euros) até 2030, de acordo com a nota da Neom.
CES 2021: TVs LG vão de transparente a alta Alunas da USP são luminosidade premiadas por criar ©LG DISPLAY
Entre os destaques da LG na Consumer Electronics Show 2021 (CES 2021) está um protótipo de TV transparente c om p a i n e l O L E D d e 5 5 polegadas. Os 40% de transparência da tela permitem ver através dela mesmo quando ela está ligada. Até agora, as telas transparentes da marca eram apenas 10% translúcidas. Os alto-falantes são embutidos na moldura da tela. Por enquanto, trata-se apenas de um conceito — não, ainda não dá para comprar uma! — mas a LG imagina o produto até além dos limites de casa, em restaurantes, no varejo ou no t ransp or te público, p or exemplo. O modelo da LG não é uma total novidade na CES 2021: Samsung, Panasonic e a própria LG mostraram protótipos de
aplicativo para alfabetização TV com telas transparentes em anos anteriores. Por outro lado, é a primeira vez que a marca apresenta uma opção para casas — não apenas em espaços comerciais. Ainda não se sabe se e quando esse modelo vai realmente se tornar um produto comercial. Para não car totalmente fora d o mu n d o re a l , a m a rc a mostrou o painel “OLED Evo”.
Segundo a LG, a tecnologia permite que as telas mantenham o alto brilho da imagem mesmo em ambientes intensamente iluminados. O OLED Evo equipa a família G1 de TVs, que tem opções com 55, 65 e 77 polegadas. Para quem tem um espaço ainda mais, a linha C1 oferece uma opção de 83 polegadas. Já quem está em busca de um modelo menor, tem a opção da TV com o menor painel OLED até agor a : u m mo d el o d e 4 2 polegadas. Ambas as linhas usam o processador de imagem alpha9 de quarta geração, que analisa o tipo de cena mostrada na TV e ajusta a imagem de acordo. Para a LG, essa evolução é c o m p a r á v e l a o desenvolvimento do 4K HDR e à introdução do 8K.
O projeto de um aplicativo de celular para alfabetização, desenvolvido por quatro alunas da Universidade de São Paulo (USP), conquistou o primeiro lugar em uma competição internacional promovida pela Arizona State University, nos Estados Unidos. O programa, criado pelas estudantes do curso de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, foi premiado na categoria Comunicação de Impacto. O projeto do aplicativo é direcionado para pessoas que podem ler sentenças curtas, escrever o próprio nome, mas são incapazes de ler livros — conhecidos como analfabetos
funcionais. A solução também poderá ser útil para os que são completamente analfabetos, ou seja, não conseguem ler ou escrever nem uma palavra. Nesse caso, eles precisarão de apoio — de familiares ou de professores. “Q uem aprendeu a ler e escrever desde pequeno não consegue enxergar que esse processo de aprendizagem se torna um grande desa o quando você é adulto”, destaca Luiza Machado, uma das alunas que desenvolveu o aplicativo. Segundo as estudantes, o primeiro desa o encontrado foi saber se os analfabetos funcionais poderiam utilizar o celular. Mas as elas encontraram diversas pesquisas sobre o
assunto que mostraram, por exemplo, que mais de 80% deles usam o WhatsApp, especialmente porque têm a opção de enviar mensagens de voz. Com isso em mente, o projeto, chamado de ABC, foi moldado de forma a ajudar na alfabetização por meio de vídeos e dicas. Será possível também avaliar o progresso do aprendizado respondendo a questões e realizando exercícios. “A proposta é que os usuários possam aprender escolhendo as lições segundo seus temas de interesse”, conta Luiza. O novo desa o das quatro alunas — Luísa Moura, Ana Laura Chioca Vieira, Marina Machado e Luiza Machado — é, em 2021, colocar o projeto em prática. Para isso, as estudantes estão buscando trocar experiências com quem já desenvolveu aplicativos e com especialistas na área de e du c a ç ã o. Par a e nt r ar e m contato, o interessado pode e n v i a r e - m a i l aplicativoabc@gmail.com.
CIÊNCIA 7
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
Espécie extinta de tubarão Marte: câmera em órbita comia irmãos no útero da capta imagens do maior mãe e nascia gigante cânion do sistema solar Cientistas lançaram teoria sobre como os bebês de espécie extinta de tubarões alcançaram impressionante crescimento embrionário ao devorarem seus irmãos ainda no ventre da mãe, segundo o portal Live Science
©NASA/JPL-CALTECH/MSSS
©DOMÍNIO PÚBLICO/MARY PARRISH
O megalodonte é uma espécie extinta de tubarão que viveu há 20 milhões de anos e que foi considerado o maior tubarão predador do mundo. Agora, um estudo desenvolvido nos EUA lançou uma nova teoria sobre como acontecia o crescimento embrionário da espécie. Primeiro, os pesquisadores calcularam o tamanho dos bebês de megalodonte analisando fósseis do esqueleto de um Otodus megalodon adulto que media cerca de nove metros de comprimento quando morreu. Depois, eles observaram "os anéis de crescimento" em restos do esqueleto preservado do t u b a r ã o. E s s e s a n é i s , s ã o semelhantes a anéis em troncos de árvores usados para determinar a idade de uma árvore. O novo estudo, publicado na revista Historical Biology, revela que os cientistas examinaram uma coleção rara de 150 vértebras do megalodonte cuja cartilagem tinha mineralizado, "a única coluna vertebral bem preservada da espécie no mundo inteiro", escreveram. Usando tomogra a computadorizada de raio X, os cientistas contaram 46 anéis de crescimento regularmente espaçados em três vértebras do megalodonte. Cada anel representou um ano de crescimento, sendo assim, o
tubarão teria cerca de 46 anos de idade quando morreu. Depois dessa constatação, foi identi cado o anel de c r e s c i m e n t o m a i s a n t i g o, chamado "faixa de nascimento", com o qual os cientistas puderam calcular o comprimento do tubarão enquanto era recémnascido, estimando que o mesmo tinha cerca de dois metros de comprimento, o que é maior do que qualquer tubarão recémnascido conhecido. Alimentar bebês tão grandes teria gerado um alto custo de energia para a mãe, por isso, seus bebês poderiam preencher a escassez de nutrientes através do canibalismo e comendo seu irmão não nascido ainda no útero, sugere um dos principais autores do estudo, professor de paleobiologia da Universidade DePaul de Chicago (EUA) Kenshu Shimada. "A oofagia, ou seja, o consumo de ovos, é uma maneira da mãe
nutrir seus embriões por um período de tempo estendido", explica o especialista. "A consequência é que, embora apenas alguns embriões por mãe sobrevivam e se desenvolvam, cada embrião pode se tornar mu i t o g r a n d e a o n a s c e r " , continuou. A análise dos anéis vertebrais também revelou que os tubarões provavelmente cresceram lentamente, com uma taxa de crescimento pouco mais elevada durante os primeiros sete anos de vida. Baseando-se no espaço entre os ané is , o me g a l o d onte nã o experimentou um surto de crescimento rápido em sua juventude como alguns animais fazem. Isso pode ter acontecido porque o tubarão era grande o su ciente no nascimento para competir por comida e desencorajar ataques de predadores, concluíram os autores.
Este inseto parece uma pipoca com pernas
FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL
Você sabia que os insetos são o g r up o d e org an i s mo s m ai s diversos do nosso planeta? Pois é! Existem mais de 900 mil espécies diferentes desses bichinhos — de moscas a abelhas, de borboletas a besouros e muito mais. Mesmo com tanta variedade, nós apostamos que você nunca pensou em encontrar um inseto que parece mais uma pipoca com perninhas (ou uma pequena nuvem, como preferir). Então continue a leitura, porque é isso que vamos apresentar para você.
As imagens, na verdade, são de uma ninfa — isto é, uma das fases pelas quais os insetos passam BOB BEHNKEN ante s d e s e d e s e nvolve re m completamente. Essa ninfa em forma de pipoquinha é de um bicho da infraordem Fulgoromorpha, formada por insetos que se parecem com vegetais, na fase adulta. Em inglês, eles são chamados de planthoppers, ou saltadores de plantas, em tradução livre, já que vivem no meio delas e se alimentam de suas folhas. Há mais
de 12,5 mil esp écies deles, incluindo a que foi registrada nessas imagens, do biólogo e fotógrafo Andreas Kay. Muitos desses bichinhos vivem aqui na América do Sul e a ninfapipoca foi encontrada em uma parte da Floresta Amazônica no Equador. Ela tem essa aparência singular porque produz uma cera, que vai se acumulando ao redor do pequeno corpo da ninfa. Com esse mecanismo, ela ca parecendo mais uma teia de aranha embolada ou até um dejeto de pássaro, despistando seus predadores. Quando adultos, os fulgoromorfos mantém a produção de cera, mas sem serem completamente cobertos por ela — e sem a aparência de uma pipoca com pernas. Mesmo que se trate de um mecanismo de contra outros animais, isso gera um efeito muito interessante para nossos olhos humanos, não é mesmo?
Um dos cânions mais famosos na Terra é o Grand Canyon, no estado norte-americano do Arizona. Formado pela erosão das águas do Rio Colorado ao longo de milhões de anos, ele tem 449 km de extensão e uma profundidade que pode chegar a 1,8 km. Embora imponente, ele é um “nanico” perto do maior cânion do Sistema Solar, o Valles Marineris, em Marte. Novas imagens em alta resolução obtidas pela câmera HiRISE, a bordo do satélite Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa, mostram partes do Valles Marineris com detalhes nunca vistos. Com 4.000 km de
Em vez disso, acredita-se que ele tenha sido criado por um outro processo, o vulcanismo nos primórdios da formação do planeta. A crosta marciana teria sido esticada e rasgada pela formação de um grupo de super vulcões próximos na região de arsis, que inclui o Monte Olimpo, maior vulcão do sistema solar. Mas não foram apenas os vulcões os responsáveis. Cientistas da Agência Espacial Europeia (ESA) acreditam que fortes correntes de água remodelaram o cânion após sua formação, tornando-o mais profundo. Análises
PRECISÃO
Contabilidade (27) 3228-4068 extensão e até 10 km de profundidade, sua formação é um mistério, já que cientistas acreditam que Marte nunca teve um rio grande o bastante para cortar sua superfície desta forma.
mineralógicas feitas por satélites em órbita, como o Mars Express, mostram que o terreno foi modi cado pela presença de água há milhões de anos. O Valles Marineris também pode esconder informações
importantes sobre a formação de Marte. Camadas de sedimentos dispostas em um padrão diagonal no fundo do cânion, na região conhecida como Tithonium Chasma (acima), sugerem que a inclinação do planeta em relação ao Sol mudou ao longo de milhares de anos, e já foi muito maior do que os 25 graus atuais. Isso alteraria os padrões climáticos, produzindo verões mais quentes e invernos mais frios, e até causando o derretimento parcial do gelo nas calotas polares. Recentemente a Nasa aprovou a “Fase A” da missão Mars Sample Return (Retorno de Amostras de Marte). O objetivo é, na segunda metade desta década, enviar ao planeta uma missão robótica que irá coletar amostras do solo em vários locais do planeta e trazê-las de volta à Terra. Durante a “Fase A” as equipes da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA) irão “maturar te cnolog ias ess enciais” ao sucesso da missão, bem como “t o m a r d e c i s õ e s c r í t i c a s” relacionadas ao design e avaliar p arcer ias com a indúst r ia aeroespacial. A primeira parte da missão já está a caminho de Marte: o Rover Perseverance, que deve pousar no planeta em fevereiro de 2021, tem uma broca na ponta de um braço robótico, que é capaz de coletar amostras de rocha e selálas em tubos herméticos. Estes tubos podem então ser colocados em locais especí cos do planeta, ou armazenados internamente no Rover. As próximas etapas da missão são o desenvolvimento do Sample Retrieval Lander, veículo que irá pousar no planeta e coletar as amostras de Marte, e da espaçonave Earth Return Orbiter, que irá trazê-las até nós no início da década de 2030.
8 BEM-ESTAR
07 A 12 DE JANEIRO DE 2021
GABRIELA MESSNER ARESI Chá serve como ótima OLIVEIRA alternativa para quem Salada de chuchu quer evitar o café Nutricionista - CRN:14100665
Opção para quem não é fã do café, chá também pode conter cafeína, substância que ajuda no rendimento para quem pratica esporte
©GUIA DA COZINHA
©ISTOCK/SPORT LIFE
Em um país dominado pelo café, os benefícios dos chás estão sendo cada vez mais conhecidos no mercado brasileiro. Historicamente, o chá acabou conquistando seu espaço prioritariamente no Oriente, deixando o café para o Ocidente. Ainda é possível que o chá contenha cafeína, que ajuda no desempenho esportivo. Determinar a quantidade de cafeína nos diferentes tipos de chás e cafés é uma tarefa difícil. "Varia muito e não há uma padronização", diz a nutricionista e toterapeuta
Maria Angélica Fiut. Inúmeros fatores in uenciam nos teores, que podem variar de xícara para xícara, dependendo do cultivo da planta, da industrialização e do preparo da bebida. As ervas para infusão não contêm cafeína. A exceção é a erva-mate. As folhas frescas, antes de fazer o chá, podem concentrar até 2,2% da substância. A Clínica Mayo considera que o limite diário de cafeína para um adulto seja de 500 mg por dia. A substância não é mais demonizada como foi um dia e
até já não faz mais parte da lista de substâncias consideradas doping esportivo. É utilizada, dentro de padrões permitidos, para melhorar o desempenho dos atletas. De acordo com o nutrólogo Carlos Werutsky, a cafeína só representa perigo à saúde se for consumida em concentrados com altos teores da substância. Ou ainda para pessoas que têm sensibilidade - cam insones, agitadas ou ansiosas quando tomam muito café, chá ou mate. Para quem está na batalha para entrar em forma, a cafeína pode ser uma arma a mais. A ação termogênica ajuda o corpo a queimar calorias. "Mas é uma termogênese leve, muito inferior à que o exercício físico possa gerar", diz Werutsky. Para haver gasto de calor que proporcione uma mudança no metabolismo é ne cess ár io s e exercit ar 40 minutos, no mínimo. "Mesmo tomando um litro de chá por dia não se chega a esse efeito", diz o médico.
A
salada de chuchu é uma opção saudável e perfeita para dias mais quentes! Esse alimento está entre os mais nutritivos, pois é fonte de potássio, vitaminas A, B e C, e sais minerais como cálcio e ferro. A l é m d i s s o, é u m a ót i m a alternativa para quem busca car em forma e é rico em bras. Con ra como fazer essa salada de chuchu diferente para se deliciar.
branco Sal a gosto
Modo de preparo Cozinhe o chuchu no vapor por cinco minutos ou até car al dente. Escorra e deixe esfriar. Em
uma tigela, coloque o chuchu já frio, a cebola, a acelga, o cheiroverde, a pimenta biquinho, o suco de limão, o vinagre, sal e misture. Trans ra para uma saladeira e sirva em seguida. Fonte: Terra
Ingredientes
Treine a flexibilidade e reduza as chances de se machucar Como o calor excessivo mexe com a nossa saúde 3 chuchus em cubos 1 cebola roxa fatiada 2 xícaras (chá) de acelga em tiras ½ xícara (chá) de cheiro-verde picado 100 g de pimenta biquinho Suco de 1 limão siciliano 2 colheres (sopa) de vinagre
(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020
Sendo influenciada pelo sexo, idade, período do dia e temperatura, flexibilidade precisa ser trabalhada para gerar uma série de benefícios
©O. SILVA/SAÚDE É VITAL
©GETTY IMAGES/SPORT LIFE
Não seja in exível e passe a t reinar su a exibi lid ade! Apesar de muitos não darem o devido valor, ela é muito importante em nosso dia a dia, já que está relacionada com a realização de simples atividades. A exibilidade se caracteriza pela capacidade de movimentar as articulações em grandes amplitudes, o que exige necessariamente um melhor desempenho muscular, quer na sua capacidade de contração, quer na sua capacidade de alongamento. A exibilidade proporciona o aumento da qualidade dos movimentos, melhora a postura corporal, previne cardiopatias e outras doenças, confere uma sensação de rejuvenescimento, reduz o risco de lesões, melhora as funções respiratórias e retarda o s u r g i m e nt o d a f a d i g a , ajudando numa recuperação mais rápida. Vários fatores in uenciam na exibilidade. E, obviamente, o treinamento é um deles. Quem
pratica os alongamentos com constância tende a perder menos exibilidade ao longo do tempo, já que a idade é um dos principais fatores. Quanto mais velhos, menor a amplitude dos nossos movimentos. O gênero é outro fator. G e r a l m e nt e a s mu l h e r e s apresentam maior exibilidade, uma vez que os seus tecidos são menos densos do que os dos homens. A hora do dia também in uência essa capacidade. Pela manhã, ao acordar, o corpo apresenta maior resistência aos movimentos de maior amplitude. Contudo, conforme
você vai se 'aquecendo' ela aumenta. E isso nos leva ao último fator: a temperatura externa. O tempo quente facilita o treino da exibilidade, ao passo que o tempo frio a di culta. Ao f a z e r e x e r c í c i o s d e alongamentos, não tenha pressa e respeite sempre os seus limites. Você deve começar por fazer um aquecimento prévio, que irá relaxar os músculos antes de os alongar. Se sentir dor, pare imediatamente! A dor é um mecanismo de alerta gerado pelo corpo. Respire normalmente e não bloqueie o ar durante as posições.
Num país tropical como o nosso, é durante o verão que vislumbramos mais gente nas ruas, nos calçadões e nas academias, caminhando, correndo, malhando e praticando tantas outras modalidades esportivas, algo que envolve muita transpiração, dor, estafa e a sensação revigorante do p ó s - t r e i n o. M a s u m b o m observador, com conhecimento médico, pode levantar alguns questionamentos e ponderações sobre esse movimento todo. Sabemos que os exercícios fazem muito bem à saúde, mas será que todas essas pessoas suando a camisa sob altas temperaturas passaram por uma avaliação pro ssional e realizaram exames prévios? Será
que indivíduos com pressão alta, arritmia, diabetes ou obesidade e st ã o c om o e st a d o f ís i c o realmente em dia? Até que ponto a busca pelo corpo perfeito e a vaidade não estimulam práticas de alta intensidade ou treinos insanos e induzem os cidadãos a negligenciar sinais de alerta como falta de ar e dor no peito? É com essas questões em mente que quero convidar o leitor a re etir sobre alguns comportamentos típicos dos meses de verão. Esse recado vale especialmente àquelas pessoas que, sem condicionamento ou exames preventivos, buscam superar seus limites físicos quando o termômetro vai às alturas. O calor excessivo pode
promover muitas alterações no nosso balanço hídrico e no sistema circulatório, impactando, por exemplo, a pressão arterial. Especialmente nas pessoas hipertensas, sem o controle adequado do problema, essa situação pode predispor ao aparecimento de tonturas, falta de ar e escurecimento visual. As temperaturas elevadas também resultam em quedas acentuadas de pressão (a hipotensão). Em alguns indivíduos, isso pode aumentar até o risco de um AVC. As atividades físicas, mesmo em condições climáticas amenas, já exigem uma alimentação equilibrada e uma vigorosa hidratação. Com o calor, porém, a demanda de energia e água será signi cativamente maior. Além disso, precisamos nos lembrar do sol forte: sem proteção, os raios solares podem contribuir com o câncer de pele. Um dos problemas nesses meses mais quentes é que por vezes o bom senso é deixado de lado. Mesmo quando o corpo dá sinais de algo errado, como dor de cabeça, sensação de fadiga e palpitações, tem gente que os ignora e segue se exercitando ou fazendo outra atividade extenuante. É um perigo!
SAÚDE 9
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
Janeiro é mês de conscientização sobre a hanseníase Doença ainda é estigmatizada e cercada de preconceito Por acaso você viu, nos últimos dias, um prédio público ou algum monumento iluminado de roxo? Caso tenha visto, saiba que é uma forma de chamar a atenção da sociedade para a hanseníase. O Janeiro Roxo foi criado em 2016 e tem o último domingo do mês como data símbolo. Nesse dia é celebrado o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase. São 30 mil novos casos da doença por ano no Brasil, que é o país com o segundo maior número de casos, perdendo apenas para a Índia. Ne s t e m ê s , a S o c i e d a d e Brasileira de Dermatologia (SBD) vai divulgar, com apoio de médicos da área, material sobre a doença. Entre as informações, a descrição de sinais e sintomas da hanseníase e orientações sobre onde buscar diagnóstico e iniciar o tratamento. A hanseníase, segundo especialistas, é uma doença estigmatizada e cercada de preconceito. “Combater o estigma é salvar vidas. Por isso, queremos auxiliar a sociedade a compreender essa doença. Desfazer mitos e fazer prevalecer a verdade sobre a hanseníase são as principais formas de ajudar pro ssionais da
área de saúde, familiares, amigos e principalmente àqueles que buscam por tratamento”, a rmou o vice-presidente da SBD, Heitor Gonçalves. De acordo com a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), a partir de dados do Ministério da Saúde, a doença é mais frequente nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, que respondem por quase 85% dos casos do País. O Brasil concentra mais de 90% dos casos da América Latina. A campanha de 2021 tem como slogan: 'A hanseníase é negligenciada, mas a saúde não!'. Além da SBD, participam da campanha de esclarecimento à população as secretarias de Saúde dos estados, o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB), a Confederação Nacional de Municípios (CNM), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Os portadores da doença eram, até a década de 70, excluídos do convívio social e condenados ao con namento e m c o l ô n i a s ”, e x p l i c a o
Movimento de Reintegração das Pess o as At ing id as p el a
Único de Saúde (SUS). E tão logo ele seja iniciado, a doença deixa
no rosto, nas orelhas, nas nádegas, nas costas e pernas. São SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE/MESQUITA (RJ)
Hanseníase, em seu site. A h ans e n í a s e é u m a d o e n ç a causada pela bactéria Mycobacterium Leprae que atinge os nervos e se manifesta na pele. Apesar do passado triste envolvendo a hanseníase, a doença tem cura, seu tratamento é simples e custeado pelo Sistema
de ser transmissível. O tratamento pode ser buscado, no caso da rede pública, em postos de saúde ou com uma equipe de saúde da família.
Sintomas Os sintomas da doença aparecem, principalmente, nas extremidades das mãos e dos pés,
manchas esbranquiçadas, amarronzadas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade ao calor, ao toque e à dor. É possível uma pessoa queimar a pele na chama do fogão ou em uma superfície quente e sequer p e r c e b e r. A s e n s a ç ã o d e formigamento também é um sinal da doença.
Outros sintomas são sensação de sgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros; perda de p el o s e m a l g u mas áre as e redução da transpiração; redução de força na musculatura das mãos e dos pés; e caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos. Condições precárias de moradia e saneamento favorecem a ação da Mycobacterium Leprae. Quem tem diagnóstico para hanseníase deve começar a tomar os medicamentos pre s c r ito s d e i me d i ato. O tratamento deve ser seguido à risca. As pessoas que convivem com pacientes diagnosticados com a doença devem ser examinadas pelo médico. “A prevenção consiste no d i a g n ó s t i c o e t r at a m e nt o precoces, o que ajuda a evitar a transmissão e o consequente surgimento de novos casos. Precisamos frisar: hanseníase tem cura e quanto antes o tratamento for iniciado, menor o risco de sequelas”, a rmou Sandra Durães, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD.
Vergonha de ir ao médico? "Há a percepção errada de que a incontinência urinária é inevitável com o envelhecimento e de que não há tratamentos efetivos para tratá-la", diz
urinária ou fecal quando são 'forçados' pelo cônjuge ou outro familiar. Os homens são os que mais fogem do assunto", revela. Fassio comenta que é comum
©ISTOCK/GETTY IMAGES
Existem problemas de saúde que ainda são considerados tabus no m om e nto d e pro c u r ar u m médico. Especialistas a rmam que é grande o número de pessoas que deixam de ir a consu lt as p orque elas têm vergonha de revelar alguns tipos de problemas. Segundo a chefe do serviço de uroginecologia do Hospital São Vicente de Paulo (RJ), Rubina Lucia Fassio, há muito constrangimento de pacientes quando se trata de d o e nç as u ro g i ne c ol ó g i c as , principalmente o que compromete a parte sexual ou o convívio social. "Em situações de incontinência urinária, que, ao le vantar do s ofá, ca uma mancha úmida, ou quando tem que trocar de roupa ou comprar calcinha diante de uma perda de grande volume de urina. O constrangimento é tão grande que muitos cam com vergonha de expor para o médico a queixa principal", diz. A c u ltu r a p opu l ar s o bre algumas doenças também atrapalha a busca por tratamento:
C r i s t i an o Me n d e s G om e s , profess or livre do cente de u ro l o g i a d a Fa c u l d a d e d e Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do Departamento de Disfunções Miccionais da Sociedade Brasileira de Urologia. Segundo ele, em relação à incontinência fecal, o preconceito é ainda mais grave. "Alguns pacientes somente procuram um pro ssional de saúde para tratar a incontinência
durante a anamnese (entrevista realizada pelo pro ssional de saúde) os pacientes tentarem esconder o problema. "Muitas vezes o acompanhante é quem nos relata que a pessoa está perdendo urina, se troca o tempo todo, usa absorvente e ca com cheirinho de xixi. Tudo em tom baixo, no momento em que a paciente vai ao banheiro se trocar para se encaminhar ao exame físico". Quanto maior a demora do
paciente na procura de um médico, menor a chance de obter a cura com o tratamento conser vador, tendo que se s u bm e t e r a m é t o d o s m a i s invasivos, como a cirurgia. Além das incontinências, outros problemas como hemorroida, ssura anal e infecções sexualmente transmissíveis fazem com que a vergonha ou o receio do julgamento afaste o paciente dos consultórios. Fassio conta que quando a questão envolve sexualidade, tudo ca ainda mais complicado. "Uma queixa importante, e muito frequente, é a do prurido vulvar, que são as famosas coceiras na região íntima feminina. Nem tudo que coça é candidíase, existem outras patologias como o líquen escleroso. Neste caso, as pacientes relatam coceira crônica e já chegam dizendo que têm uma alergia de muitos anos e que nunca melhora e, por constrangimento, levam muito tempo para procurar ajuda", diz. A vergonha de procurar e relatar o problema a um
especialista pode levar o paciente a consultar fontes nem sempre seguras e ainda ao autome d i c ame nto. " O ' D r. Google' pode ter diferentes efeitos nos usuários", diz Gomes. "Dependendo da fonte consultada, pode trazer informações relevantes e mostrar que a pessoa não está sozinha e que há boas alternativas para tratar o problema. Outras, no entanto, podem minimizar o problema ou dar a ideia de que o problema é incurável". Com experiência no atendimento a pacientes com problemas na próstata, a psicóloga ais Della Tônia, do Hospital Moriah, em São Paulo (SP), diz que uma maneira de enfrentar esse constrangimento é questionar os próprios julgamentos. Ela sugere se perguntar o que pensaria de uma pessoa em uma consulta que estivesse relatando uma infecção sexualmente transmissível. "Se você fosse o médico, o que pensaria do paciente? Você o julgaria?", indaga.
Ela diz ainda que, além do c o n s t r a n g i m e nt o, o m e d o também pode estar por trás desse afastamento: "Consideramos em alguns casos que exista outro s e nt i me nto p or t r ás d e ss a 'vergonha'. Pode ser medo e, nesse caso, é necessário fazer a seguinte pergunta: O que pode acontecer se eu não zer esse exame, se não procurar ajuda logo?", observa. Fassio esclarece que ao atender um paciente, o médico, na maioria das vezes, já faz o diagnóstico, deixando a pessoa mais relaxada e mais con ante de que o problema, que vinha sendo postergado há muitos anos, n a l m e nte s e r á re s olv i d o. Segundo ele, um bom pro ssional tem que ter o seu jeito especial de receber esses pacientes, para que eles consigam uir bem no diálogo e retornem com con ança e sem a vergonha que estavam. "Esse é nosso objetivo: ajudar sem críticas e tentar entender o porquê da demora em procurar um especialista".
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Novo estado intermediá rio de maté ria é descoberto Uma equipe interdisciplinar de físicos alemães assegura ter encontrado um novo estado de matéria cujas partículas se comportam de forma nunca vista antes ©CENTRO DE INVESTIGAÇÃO ALEMÃ DE FÍSICA DE PARTÍCULAS
Normalmente, quando uma matéria passa do estado líquido para o sólido, suas moléculas se alinham para formar um padrão de cristal. Mas ao contrário disso, as partículas de vidro congelamse antes que ocorra a cristalização. A origem deste estado estranho e desordenado segue sendo um mistério, e os cientistas ainda estão tratando de compreender as propriedades químicas e físicas que o caracterizam. Entretanto, uma equipe de cientistas multidisciplinares da Universidade de Constança (UKON) na Alemanha, a rma que descobriu um estado transitório da matéria, denominado como vidro líquido, segundo estudo publicado no site da Universidade. O estado, parece ser a forma presente entre a fase sólida e a coloidal. Esta última não é mais que uma dispersão da matéria composta por duas ou mais fases, normalmente uma uida (líquido ou gás) e outra dispersa em forma de partículas sólidas
muito nas. Um exemplo de sistema coloidal poderia ser a espuma ou o gel. Até agora, a maioria dos experimentos que envolvem suspensões coloidais baseiam-se em coloides esféricos ou partículas. Porém, a equipe d i r i g i d a p el o s profe ss ore s Andreas Zumbusch e Matthias Fuchs percebeu que na natureza prevalecem coloides deformados. Com este fato em mente, eles fabricaram pequenas
partículas de plástico, esticandoas e resf r iando-as até que adquiriram suas formas elips oides, e, logo dep ois, colocaram estas em um solvente adequado. "Devido a sua forma distintiva, nossas partículas têm uma orientação — ao contrário das partículas esféricas — o que leva a tipos de comportamentos c ompl e xo s c ompl e t ame nte novos e não estudados anteriormente", ressaltou um dos
autores do estudo, o professor Andreas Zumbusch. O que os pesquisadores denominaram vidro líquido é o resultado de aglomerados desses
coloides elípticos se obstruindo mutuamente, de modo que podem se mover, mas não girar. Assim, as partículas obtêm mais exibilidade que as moléculas de vidro, mas não o su ciente para compará-las a materiais regulares que já foram amplamente estudados. Matthias Fuchs, professor de Te o r i a d e M a t é r i a M o l e Condensada na UKON explica o motivo pelo qual o projeto é tão relevante. "Isso é incrivelmente interessante do ponto de vista teórico. Nossos experimentos fornecem um tipo de evidência p a r a a i nt e r a ç ã o e nt r e a s utuações críticas e estrutura cristalina que a comunidade cientí ca tem procurado há bastante tempo".
Durante os últimos 20 anos, a existência de vidro líquido tem sido objeto de hipóteses. Agora, os resultados da descoberta vão ser publicados na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS, na sigla em inglês). Os cientistas sugerem que o novo estado de matéria pode ajudar a lançar luz sobre o comportamento de sistemas e moléculas complexos, que vão de sistemas muito pequenos (biológico) até outros bem maiores (cosmológico). Além disso, também poderia ter um impacto no desenvolvimento de dispositivos de cristal líquido, como monitores de computador, por exemplo.
Estudos usam a matemática para desvendar a semântica dos sonhos na pandemia A pandemia da covid-19 tem causado impacto no comportamento do brasileiro. S e nt i m e nt o s c o m o m e d o, apreensão, tristeza e ansiedade são parte do cotidiano de muitas famílias desde que os primeiros casos da doença começaram a ser registrados o cialmente no país, em fe vereiro do ano passado. To d a e s s a p r e o c u p a ç ã o re etem-se nos sonhos, que exprimem uma carga maior de sofrimento mental, temor de contaminação e até mesmo repercussões do isolamento social e da falta de contato físico com outras pessoas. Além disso, os sonhos neste período apresentaram maior proporção de termos ligados a "limpeza" e "contaminação" e de palavras relacionadas a "raiva" e "tristeza". A neuro cientista Natália Bezerra Mota, pós-doutoranda no Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), lidera pesquisa que busca medir o impacto da pandemia por meio de estudo dos sonhos. O trabalho foi publicado na revista PLOS ONE, em 30 de novembro. O estudo faz parte do projeto de pós-doutorado de Mota, supervisionado pelos pesquisadores Sidarta Ribeiro (UFRN) e Mauro Copelli, da Un i v e r s i d a d e F e d e r a l d e Pe r n ambu c o ( U F P E ) , qu e integram o Centro de Pesquisa,
Inovação e Difusão em Neuromatemática, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão, apoiado pela Fapesp, com sede na Universidade de São Paulo (USP). Os resultados são consistentes com a hipótese de que os sonhos re etem os desa os de vigília apresentados pela pandemia da covid-19 e que emoções negativas como raiva e tristeza são mais proeminentes durante o período pandêmico, re etindo uma maior carga emocional a ser processada, a rma o estudo. Em entrevista à Agência Fapesp, Mota explica que estas conclusões foram corroboradas por outros artigos publicados posteriormente nos Estados Unidos, Alemanha e Finlândia. A pesquisa brasileira já havia sido divulgada no m de maio na plataforma medRxiv, em versão preprint, sem a revisão por pares. "Foi o primeiro estudo sobre o tema a ver empiricamente esses sinais de sofrimento mental e a associação deles com as peculiaridades dos sonhos na pandemia", completa a neurocientista. Já Rib eiro destaca que a pesquisa conseguiu documentar a continuidade entre o que o acontece no mundo onírico e na vida mental das pessoas (o sofrimento psíquico). "Isso é interessante do ponto de vista da teoria sobre sonhos. Outro destaque importante do estudo é
ter feito isso de maneira quantitativa, usando mecanismos matemáticos para tentar extrair semântica", a rma o pesquisador. No trabalho, o grupo usou ferramentas de processamento
dados coletados por um período maior da pandemia (até julho). O objetivo é avaliar se há impacto nos sonhos dos voluntários provocado por mortes de familiares e pessoas próximas. "A intenção é divulgar
voluntários foram colhidos em áudio por meio de um aplicativo para smartphone. Depois, os pesquisadores utilizaram três ferramentas de computador. A primeira é focada na estrutura do discurso, para comparar a ©ISTOCK/GETTY IMAGES
de linguagem natural para estudar 239 relatos de sonhos de 67 indivíduos, feitos antes dos casos de contaminação pelo SARS-CoV-2 e durante os meses de março e abril, logo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado a pandemia de covid. Segundo Mota, um estudo multicêntrico, envolvendo USP, UFRN e as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Rio de Janeiro (UFRJ), está analisando agora
rapidamente os resultados, assim que estiverem prontos, para que, a partir desse conhecimento, sejam traçadas estratégias de saúde mental". O grupo de pesquisadores brasileiros vinha desenvolvendo e adotando aplicativos e sowares que permitem, por meio da análise do discurso, diagnosticar doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia. Essas ferramentas foram adaptadas para fazer avaliações cognitivas. Os relatos dos sonhos dos
complexidade e conexão da trajetória de palavras usadas na narrativa. As outras duas se concentram no conteúdo. Uma mede a proporção de palavras inseridas em determinadas classes, como conteúdo sentimental, e as compara a uma lista prede nida para analisar a associação com emoções positivas e negativas. A outra mede a semelhança dos relatos a temas especí cos por meio da construção de mapas de similaridade semântica, permitindo avaliar o quanto as
palavras estão próximas de termos como "contaminação", "limpeza", "doença", "saúde", "morte" e "vida". "A semelhança signi cativa com 'limpeza' em relatos de sonhos aponta para novas estratégias sociais (por exemplo, uso de máscaras, evitar o contato físico) e novas práticas de higiene (como o uso de desinfetante para as mãos e outros produtos de limpeza) que se tornaram centrais para novas regras sociais e comportamento. Tomados em conjunto, esses achados parecem mostrar que os conteúdos dos sonhos re etem as diferentes fontes de medo e f r ust raç ão de cor rentes do cenário atual", escrevem os pesquisadores no artigo publicado na PLOS ONE. Mota destaca que, apesar de ter sido detectado de forma colateral, chama a atenção o maior sofrimento expresso nos sonhos da população feminina. "Há na literatura estudos sobre a diferença de gênero. O público feminino relata maior conteúdo negativo e mais pesadelos. Acho que está ligado à situação histórica do cotidiano das mulheres, em que elas exercem duas, três jornadas, com uma c arga ment a l maior, preocupação com trabalho, casa, l hos. Iss o s e ag ravou na pandemia", avalia a neurocientista.
COMPORTAMENTO 11
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O que é o 'friluftsliv' Crianças com ‘Friluftsliv' significa 'vida ao ar livre' e inclui todas as atividades que permitem entrar em contato com a natureza. Os escandinavos amam tanto a natureza que sua paixão tem até nome: "friluftsliv" ISTOCK
autocontrole se tornam adultos mais saudáveis ©PIXABAY
A expressão signi ca "vida ao ar livre" e foi popularizada na década de 1850 pelo dramaturgo e poeta norueguês Henrik Ibsen. O autor de Casa de Bonecas usou o t e r m o p a r a d e s c re v e r a importância de passar um tempo em lugares remotos para o bemestar físico e espiritual. Agora que a pandemia de covid-19 levou à imposição de con namentos generalizados, essa prática pode ser bené ca para a saúde física e mental, desde que sejam cumpridas as regras de distanciamento social e tomados todos os cuidados necessários para evitar o contágio. Hoje em dia, suecos, noruegueses e dinamarqueses usam a expressão frilusliv amplamente para se referir a várias atividades, como correr
vida selvagem e os moradores locais. De acordo com dados de 2017 do serviço de estatísticas do governo sueco, cerca de um terço da população pratica atividades ao ar livre pelo menos uma vez por semana. E mais da metade tem acesso a uma casa de veraneio no campo ou no litoral. Muitas empresas escandinavas até incentivam seus funcionários a passar mais tempo ao ar livre durante o exp ediente. Há, inclusive, isenções scais em a l g u ns d e s s e s p aí s e s p ar a companhias que encorajem o frilusliv. Dessa maneira, elas podem subsidiar as atividades esportivas dos funcionários. " Tu d o i s s o d e m o n s t r a claramente que a obsessão escandinava pelo frilusliv é mais arraigada do que as raízes
em um parque ou bosque na hora do almoço, ir de bicicleta para o trabalho, encontrar amigos em uma sauna à beira de um lago (com direito a mergulho) ou simplesmente relaxar em uma cabana na montanha. Todos os países escandinavos t ê m l e i s s e m e l h a nt e s q u e permitem às pessoas fazer caminhadas ou acampar em praticamente qualquer lugar, desde que respeitem a natureza, a
das onipresentes bétulas", diz Maddy Savage, jornalista da BBC Worklife, em um artigo sobre o assunto publicado em 2017. Tanto é que na Noruega, por exemplo, eles conseguiram manter a prática durante a pandemia e até reforçá-la. Embora outros países não tenham o mesmo histórico ou infraestrutura para promover o frilusliv, é um conceito que pode ser facilmente exportado,
conforme a rmou Angeliqa Mejstedt, autora do Vandringsbloggen, um blog sueco sobre a prática, à jornalista Maddy Savage, da BBC Worklife. "Você não precisa comprar muitos equipamentos ou coisas caras para fazer isso. Use a natureza perto de onde você mora", disse Lasse Heimdal, exs e c re t ár i o - ge r a l d a Nor s k Frilusliv ao programa e Wo r l d d a P u b l i c R a d i o International (PRI) em setembro. Ele lembra que passar um tempo ao ar livre traz uma série de benefícios. "É social, é saudável", a rmou à PRI. "É bom para o seu corpo e para a sua mente." Mas, segundo ele, frilusliv "não signi ca apenas praticar esportes ao ar livre". "É muito mais (do que esquiar ou patinar). São todos os tipos de at i v i d a d e s n a n atu re z a . É também estar na natureza, descansar na natureza. Não está relacionado apenas à atividade física, mas a uma grande variedade de experiências na natureza", explicou. "Fazer uma caminhada em uma área verde é a coisa mais fácil para todos", diz Meland. "A ciência mostra que você se sente menos estressado depois de apenas dez minutos c amin hando em uma áre a verde." Sentar em um parque e tomar chá, por exemplo, também f u n c i on a c om o f r i lu s l i v. " R el a x ar, ob s e r v ar a tranquilidade, descansar, estar na natureza, desfrutar o aroma do café em uma fogueira é frilusliv", acrescenta. Se você vai compartilhar a experiência da natureza com amigos ou familiares, certi quese de usar máscara, manter o distanciamento social e tomar todas as precauções para evitar a propagação da covid-19. "Não há problema, desde que você siga as recomendações das autoridades de saúde", a rma Meland.
O segredo para uma vida adulta saudável é o autocontrole, é o que diz um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. Segundo o documento, pessoas que foram crianças com maior habilidade de controlar emoções, pensamentos e comportamentos tendem a envelhecer de maneira mais devagar que o restante da sociedade. Para chegar a tal conclusão, o estudo liderado pela professora assistente da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, Leah Richmond-Rakerd analisou mais de mil adultos com 45 anos de idade nascidos na Nova Zelândia. Conforme a conclusão chegada pelos pesquisadores, crianças autocentradas desenvolveram-se em adultos com cérebros mais jovens e saudáveis que os demais. De acordo com os pesquisadores, o autocontrole é uma característica essencial para deixar uma criança pronta para o colégio, assim como também prepara os adultos para a vida. Durante a fase de entrevista da pesquisa, o grupo com maior autodisciplina também mostrou-se mais capaz de lidar com desa os de saúde, nanceiros e sociais de suas jornadas. Além dos bons desempenhos na fase de entrevistas estruturadas e análise nanceira
de crédito, o grupo de alto autocontrole na infância também expressou opiniões mais positivas sobre o envelhecimento e mostraram-se mais satisfeitos com a meiaidade. Na v i s ã o d e R i c h m o n d Rakerd, a cada ano a população mundial envelhece e passam m a i s t e mp o v i v e n d o c o m doenças relacionadas a idade. “É importante identi car maneiras d e aju d ar as p e ss o as a s e prepararem com sucesso para os desa os da velhice e viver mais anos livres de de ciências. Descobrimos que o autocontrole no início da vida pode ajudar a prepará-los para um envel he cimento s aud ável”,
p ess o ais costumam vir de famílias nanceiramente estáveis. Entretanto, os pesquisadores acreditam que a disparidade social não necessariamente precisa ser um grande fator para o futuro. Mesmo que as condições de infância não sejam as mesmas para todos, alguns dos adultos participantes do experimento mudaram seus níveis de autocontrole ao envelhecerem e apresentaram melhores condições de saúde do que suas experiências como crianças indicavam. Dessa forma, o autocontrole é uma habilidade que pode ser ensinada para mais pessoas. Segundo os cientistas,
destacou. Apesar do autocontrole ser uma característica importante para o envelhecimento, o estudo mostrou que a maior parte das crianças com essas habilidades
investimentos nesse tipo de treinamento poderiam ajudar no au me nto d a e x p e c t at iv a e qualidade de vida não só em crianças, mas como em adultos já desenvolvidos.
(27) 3337-2008
(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES
12 OLHAR DE UMA LENTE
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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer
Torneios de vôlei de praia agitaram o Espaço 10 no final de semana A ©HAROLDO CORDEIRO FILHO
Artesanatos, Estúdio Patrícia Rodrigues — Estética, Conexão Jacaraípe, Atelier do Cro chê, Di as pro duçõ es,
©HAROLDO CORDEIRO FILHO
Simoni Steiner e Penha Albuquerque ALPER E ABTS/ES, Boutique de ores frescas e Serra Grande Hotel e Churrascaria, sem eles ©EDUARDO PELEGRINE DRONE
Feminino de Vôlei de Praia e o 1º Torneio Masculino Rei da Praia. O evento recebeu atletas de vários lugares do Estado. Para a organizadora do torneio, Penha Caetano de Albuquerque, este ano foi um pouco mais difícil em função do momento de pandemia que vivemos. “Deu mais trabalho p a r a t r a z e r m o s patrocinadores, mesmo porque, sem eles, o evento c ar i a c omprome t i d o. O torneio contou com atletas de toda a Grande Vitória e de outros estados também e como é categoria master, tivemos atletas de nível pro ssional, já que todas elas fazem o circuito brasileiro”, disse. Penha também agradeceu todo o apoio recebido. “Do fundo do meu coração, quero r e g i s t r a r m e u s agradecimentos, pelo apoio que recebi, aos amigos, à Prefeitura da Serra (PMS) e aos patrocinadores Havaianas a melhor sandália, Bremenkamp Material de Construção e Madeiras, Restaurante Berro D'água, Cravos da ÍndiaRoupas, Loop Bag — mochilas e bolsas, Empório 520 — Roupas e Acessórios, Rei da Borracha, Estúdio Josiane Saramelo, Carcará
que passa, vai se estruturando mais. Tínhamos apenas uma quadra e, hoje, temos cinco, as coisas estão acontecendo. O Espaço 10 recebe pessoas de outros estados durante todo o ano, vem gente de Brasília, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais e de outros municípios capixabas. Estou s empre à disp osiç ão dos frequentadores, gosto do que faço e, com certeza, com essa nova gestão, o Espaço 10 será mais assistido pelo poder p ú b l i c o m u n i c i p a l . Nã o precisamos de concreto na área, apenas limpeza, iluminação, uma vez ou outra uma máquina para nivelar o
Equipes que participaram do torneio terreno e eucalipto, para fazer uma coisa rústica, que é o que as pessoas gostam”, explicou João Luiz. Simoni Stainer, que já atuou como pro ssional na modalidade, parabenizou a organização e disse que a cada
ano tem crescido o número de atletas de nível técnico e que é preciso um olhar mais apurado do poder público no incentivo ao esporte. “Antes eram atletas do município da Serra e agora temos atletas de Minas Gerais, de Brasília e de outros estados que estão sempre participando de etapas do Brasileiro, como Santos, Fortaleza e Saquarema, que possuem os principais eventos da modalidade. A Serra, com o Espaço 10, vem crescendo muito e, se a gente tiver mais apoio, com certeza vai crescer mais. Podemos observar que o nível técnico vem melhorando e, por isso, precisamos dar apoio de todas as formas. São atletas com mais de 30 anos, que já estão estabilizadas e que treinam a semana toda para participarem dos eventos por amor ao esporte e à saúde”, frisou. TATI BELING
Imagem aérea do Espaço 10 não seria possível fazer nada disso”, enalteceu. Outra gura que não poderia deixar de ser citada é o cara que deu todo apoio ao evento, João Luiz: idealizador do Espaço 10 onde, segundo ele, há 15 anos era um ponto viciado de lixo. “Pessoas vinham de outros bairros jogar lixo aqui... todo esse espaço era um grande depósito de lixo, mas, aos p o u c o s , f o m o s conscientizando as pessoas de que a área podia se tornar uma praça esportiva, e aconteceu! A gente vem nessa pegada há um bom tempo e, agora, cada dia
©PENHA ALBUQUERQUE
conteceu, no último nal de semana, no Espaço 10, em J a c a r a í p e , o 9 º To r n e i o
João Luiz, idealizador do Espaço 10
BRASIL 13
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A semana em Brasília S e no Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes
jornalfatosenoticias.es@gmail.com
Senador Álvaro Dias
E
Rose de Freitas (Podemos-ES)
AGÊNCIA SENADO
“Agiotagem institucionalizada”
SENADO FEDERAL
Em 2020, além da preocupação com a saúde da população, o Senado se concentrou em buscar atenuar os efeitos socioeconômicos da crise provocada pela pandemia de covid-19. Além do auxílio emergencial, que foi capaz de garantir dignidade aos cidadãos com uma renda mínima durante a pandemia, os senadores aprovaram projetos sobre suspensão de pagamento de parcelas, proibição de negativação por inadimplência, limitação de juros e até combate ao desperdício de alimentos. Uma das principais preocupações foi com a impossibilidade de pagamento de mensalidades e de parcelas de nanciamentos no momento de crise. Vários projetos foram apresentados desde o início do estado de calamidade pública e alguns dos relatórios buscaram aproveitar ideias de diferentes proposições. Grande parte das medidas previstas está atrelada ao estado de calamidade pública, que se encerrou em 31 de dezembro, mas pode ser prorrogado com a aprovação de projetos que tratam do tema. Álvaro Dias argumenta que as taxas de juros no Brasil cam, em média, acima dos 300% e podem chegar a até 1 . 2 0 0 % , o qu e , n a s u a v i s ã o, é “a g i ot a ge m institucionalizada”. Ele lembrou que em vários países há uma limitação para a cobrança e ultrapassar as taxas é considerado crime de usura. Desde a aprovação pelo Senado, ele tem cobrado agilidade da Câmara na votação. “Os bancos são aqueles que, neste período de calamidade pública, menos ofereceram à sociedade, por isso é fundamental pressionar os parlamentares a votarem em 2021 o projeto que impede a cobrança de juros acima de 30% ao ano”, disse o senador.
Leila Barros (PSB-DF)
Sem auxílio emergencial, Norte e Nordeste serão as regiões com maior perda de renda em 2021 O auxílio emergencial, que socorreu grande parte da população durante a pandemia, chegou ao m no dia 31 de dezembro de 2020 e terá o saque da última parcela do benefício no dia 27 de janeiro deste ano. O m do auxílio terá grande impacto em diversos lares brasileiros, em especial nas regiões Norte e Nordeste, que, segundo previsões, terão queda na renda e crescimento abaixo da média nacional em 2021.
Projeto libera comércio ambulante em transportes públicos Da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), o PL 5.381/2020 autoriza o exercício do comércio ambulante de doces pré-embalados em veículos de transporte público. Rose de Freitas disse que a proposta garantirá dignidade e segurança para que esses pro ssionais exerçam seu trabalho.
Bolsonaro veta suspensão de dívidas para clubes de futebol Pagamento das parcelas do Profut ficariam suspensas durante o período de calamidade pública da pandemia de covid-19 MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO O presidente Jair Bolsonaro vetou (VET 1/2021) cinco artigos de um projeto (PL 1.013/2020) que pretendia suspender o pagamento de dívidas de clubes inscritos no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut). A Lei 14.117, de 2021, publicada nesta segunda-feira (11) no Diário O cial da União, exibiliza regras para a gestão dos clubes durante a pandemia de coronavírus. O texto aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro de 2020 previa a suspensão do pagamento das parcelas do Profut durante todo o período de calamidade pública decorrente da pandemia de covid-19. Bolsonaro vetou os cinco artigos que regulamentavam essa moratória das dívidas. O chefe do Poder Executivo considera “meritória a intenção do legislador ao conceder o benefício scal”. Mas, segundo os ministérios da Economia e da Cidadania, os dispositivos “encontram óbice jurídico por não apresentarem a estimativa do respectivo impacto orçamentário e nanceiro”. “A implementação da medida causa impacto no período posterior ao da calamidade pública, sendo necessária a apresentação de medida compensatória exigida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias”, argumenta o presidente. Por recomendação da Advocacia-Geral da União, Jair Bolsonaro barrou um artigo que livrava de punição os clubes de futebol que deixassem de recolher o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as contribuições previdenciárias dos atletas. “Além de ensejar conduta que estimula o não pagamento do FGTS e de contribuições previdenciárias, a proposta gera insegurança jurídica ao possibilitar a revisão de atos e relações jurídicas já consolidadas em potencial ofensa à garantia constitucional do direito adquirido e do ato jurídico perfeito”, a rma o presidente.
ESTADO DE MINAS
MARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO
Nelsinho Trad (PSD-MS) Senadores defendem distribuição uniforme de vacinas contra covid-19
Projeto aprovado no Senado pune com mais rigor assédio a mulheres nos campos de futebol O Brasil será representado pela primeira vez em um mundial de clubes da Fifa por uma árbitra. A missão caberá à Edna Alves da Silva. Ela terá a companhia da auxiliar Neuza Back na competição. O Senado já aprovou um projeto (PL 549/2019) da senadora Leila Barros que estabelece punição para torcedores que assediarem ou ofenderem torcedoras e trabalhadoras nos locais de prática esportiva.
Senadores estão preocupados em garantir que a distribuição de vacinas contra a covid-19 seja homogênea em todo o território brasileiro. Um projeto de lei nesse sentido (PL 4.023/2020) foi aprovado pelo Senado em dezembro e agora espera votação na Câmara dos Deputados. De autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), o texto estabelece critérios técnicos de distribuição, como dados demográ cos, epidemiológicos e sanitários, e a transparência na disponibilização do produto, por meio de dados na internet. Em entrevista à Agência Senado, o relator da matéria, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), observou que a preocupação dos parlamentares é garantir que nenhuma cidade ou estado que prejudicado ou tenha a imunização atrasada. O parlamentar defende que a vacinação siga a sistemática já adotada para outras campanhas do Programa Nacional de Imunizações (PNI), determinadas pelo Ministério da Saúde em âmbito nacional, respeitadas as especi cidades regionais e locais.
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Janeiro Branco alerta Ciclovia oferece para importância de passeio entre copas de árvores cuidados com a saúde mental Projeto criado em reserva natural da Bélgica atrai ciclistas para passeios há 10 metros de altura TOERISME LIMBURG
Campanha tem com o lema Todo Cuidado Conta MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Neste mês da campanha Janeiro Branco, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chama a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental, que vem sendo afetada em todo o mundo pela pandemia do novo coronavírus. Em março do ano passado, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) já advertia, em artigo internacional publicado no 'Brazilian Journal of Psychiatry', que a pandemia traria uma quarta onda relativa às doenças mentais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%). Esta é a 8ª edição da campanha Janeiro Branco, com o lema “Todo Cuidado Conta”. A ação deste ano busca promover um pacto pela saúde mental em meio à pandemia da covid-19. A ideia da campanha foi criada em 2014, por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG), e faz alusão ao início do ano, considerando janeiro como uma “página em branco” para
ser preenchida com novas metas, objetivando o bem-estar da saúde mental. Na avaliação da psiquiatra Emanuella Halabi, a campanha é essencial para todas as pessoas, principalmente para os pacientes psiquiátricos que sofrem muito preconceito ainda com relação a isso. “É preciso incentivar cada vez mais as pessoas a procurarem ajuda, a bus c arem auxí lio, p orque muitas vezes, tamb ém, as pessoas que possuem algum transtorno psiquiátrico sentem muita vergonha de procurar sua saúde mental, procurar se cuidar pelo estigma que isso causa”. A psiquiatra insistiu que o Janeiro Branco é importante para todos. “Foi criado em janeiro porque é um ano novo, de renovação. A gente considera como um período de renovação de projeções e uma delas é poder se cuidar, é a gente investir na nossa saúde mental, em tratamento”. Em caso de sofrimento intenso, a procura por ajuda especializada é primordial. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre um terço e metade da população exposta a uma epidemia pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica, se não for feita nenhuma intervenção especí ca para as reações e sintomas manifestados. A própria
mudança da rotina habitual c o n t r i b u i p a r a o desencadeamento de reações e sintomas de estresse, ansiedade e depressão. Há ainda maior probabilidade de ocorrência de distúrbios do sono, abuso de s u b s t ân c i a s p s i c o at i v a s e ideação suicida, além do agravamento de transtornos mentais preexistentes e exposição a situações de violência para pessoas que cam expostas à presença de agressor no domicílio, especialmente mulheres. Uma série de cartilhas lançada pela Fiocruz faz recomendações para o enfrentamento dos desa os da saúde mental. Algumas delas sugerem que a pessoa reconheça e dê acolhimento a seus receios e medos, procurando outras pessoas de con ança para convers ar ; a retomada de estratégias e ferramentas de cuidado que tenham sido usadas em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional; investir em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo, entre os quais meditação, leitura, exercícios de respiração, artesanato; estimular ações compartilhadas de c uidado, e vo cando a sensação de pertencimento social, como as ações solidárias e de cuidado familiar e comunitário. A Fiocruz recomenda também que a pessoa mantenha ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, c om f am i l i are s , am i go s e colegas; evite o uso do cigarro, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções; busque u m pro s s i on a l d e s aú d e quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo su cientes para sua estabilização emocional. Se a pessoa estiver trabalhando durante a pandemia, deve car atenta a suas necessidades básicas, garantindo pausas durante o trabalho e entre os turnos.
natureza, além do verde das “A s á r v o r e s e r a m u m a Pedalar há 10 metros de altura, árvores, e não contrasta com a prioridade. Não faria sentido entre as copas das árvores. Nada paisagem”, conta Pieter. criar uma ciclovia chamada mal, né? Esta é a ideia por trás da “Os postes de sustentação se Pedalando pelas Ár vores e ciclovia que, não à toa, recebeu o assemelham aos troncos das prejudicar as árvores deste lugar. nome d e Pe d a l and o p el as ár vores. Para perceber a Foi um desa o preservar as Ár vores, um projeto dos estrutura você tem que estar bem árvores em meio a uma estúdios de arquitetura próximo. De longe é difícil construção de 100 metros de BuroLandschap e De Gregorio & distinguir a construção da diâmetro e 10 metros de altura”, Partners, na Bélgica. p a i s a g e m n at u r a l”, P i e t e r Pieter Daenen. A ciclovia faz parte da rede de Daenen. O objetivo dos idealizadores vias para bicicletas da província TOERISME LIMBURG de Limburg. Outra característica da ciclovia é o seu formato circular — construída dentro da reserva natural de Pijnven a estrutura é formada por um círculo duplo com 100 metros de diâmetro. transmissão será canal da Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas AA via, de cerca de 700no metros de comprimento, tem três metros de largura, e um aclive suave que leva os ciclistas para a altura de 10 metros do chão e depois volta ao chão da oresta. O desenho da estrutura quis oferecer o contato das pessoas Para o arquiteto é importante d o proj e t o e r a c r i a r u m a com a natureza com o menor que as pessoas visitem esta experiência mágica. E parece impacto p ossível no meio região e por meio da ciclovia, se que conseguiram. Pieter conta ambiente e na paisagem. Para apaixonem pelas orestas desta que muitos ciclistas voltam isso, a construção inteira usou reserva natural. Isso vai ajudar diversas vezes à ciclovia e que a um único guindaste, que cava na preser vação do local, presença de crianças é constante. no centro do círculo. A estrutura aument ando o número de “A volta de 700 metros nesta não usou concreto e as poucas pessoas que visitam a Floresta de ciclovia pode ser realizada com árvores que precisaram ser Bosland, ainda pouco conhecida tranquilidade mesmo por quem derrubadas foram pela população. não tem muita experiência ou reaproveitadas em uma área de “Estas pessoas vão ajudar a bom preparo físico”, garante ele. descanso próxima da ciclovia. movimentar a economia local. As cores da ciclovia também “O ponto mais importante Com o poder público foram pensadas para não causar para a gente era a construção de enxergando o valor que as um impacto muito grande na uma estrutura com o menor orestas conservadas podem ter paisagem. A estrutura de aço impacto possível na natureza do para a economia, a tendência é tem uma cor que ca entre o local, este foi o nosso ponto de que políticas de conservação marrom e o laranja, lembrando partida, explica o fundador do tenham cada vez mais apoio”, bastante a cor da terra ou dos estúdio BuroLandschap, Pieter torce Pieter. troncos de árvores nativas. “Esta Daenen. é uma cor muito presente na
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COTIDIANO 15
12 A 14 DE JANEIRO DE 2021
Girafas anãs são encontradas na África EMMA WELLS/REPRODUÇÃO
Embora a ocorrência de uma girafa anã não seja muito comum entre esses mamíferos pescoçudos, sua existência já é de conhecimento dos cientistas desde 2015, quando Michael Brown, um bolsista de ciências da conservação, e seus colegas avistaram uma girafa de 2,7 metros no Parque Nacional de Murchison Falls, em Uganda. A reação inicial dos estudantes da Giraffe Conservation Foundation e do Smithsonian Conservation Biology Institute foi de total descrença, a nal as girafas têm um tamanho médio de cinco metros. Parecia que alguém tinha colocado o pescoço da girafa no corpo de um cavalo, disse Brown ao e New York
Times. Logo batizaram o bicho de G i m l i , aquele elfo do lme Senhor dos Anéis. Somente três anos depois, a histór i a s e repetiu, e os pesquisador es foram informados da existência
de uma girafa angolana ainda mais baixa, com 2,4 m de altura, chamada Nigel, vivendo em uma fazenda na Namíbia. Ao examinar esse animal, com as mesmas características do primeiro, a única explicação possível foi: nanismo. A condição observada nas girafas, conhecida como displasia esquelética, afeta o crescimento ósseo, causando essa redução na estatura, e é comumente obser vada em humanos e animais domésticos como cães, vacas e porcos. Porém, o nanismo é raro entre
os animais selvagens e era inédito em girafas.
Por isso, a descoberta foi t ransfor mad a em estudo,
publicado no nal do ano passado na revista cientí ca BMC Research Notes, e se tornou um importante instrumento de pesquisa. O estudo concluiu que o nanismo ocorreu nos dois an i m ai s p orqu e e l e s tê m pernas, ou raio e ossos metacarpais, mais curtos. Outro fato surpreendente foi que a condição não prejudicou a capacidade de sobrevivência de Gimli e Nigel, ao contrário da maioria das girafas selvagens, que geralmente morre antes de atingir a idade adulta. O que preocupa os pesquisadores é que a baixa estatura pode transformar os “elfos” em presas fáceis para os predadores. Finalmente, o acasalamento seria uma missão impossível, pois ambos os machos não teriam como montar fêmeas de 4,3 m de altura, “a não ser que recebam um banquinho”, brinca David O'Connor, presidente da Save Giraffes Now, no Times.