Jornal Fatos & Notícias 409

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ANO XI - Nº 409 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 09 A 11 DE MARÇO/2021 SERRA/ES

Laços de amizade fazem girafas fêmeas viverem mais ©PIXABAY

Distribuição Gratuita

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Inove nas sobremesas com

esta deliciosa receita de manjar com calda de chocolate Pág. 8

JORGE PACHECO

8 Lula tem condenações

anuladas por Fachin e é liberado para disputar eleição Pág. 5

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Presidente da Associação de Moradores do Conjunto Carapina I quer mudar o nome do bairro Pág. 12

Como dividir os cuidados do idoso com a família de forma leve e sem brigas Pág. 11

Março Lilás: como se prevenir do câncer do colo do útero Pág. 9

As girafas fêmeas desenvolvem laços de amizade semelhantes aos humanos que aumentam sua capacidade de se alimentar e criar lhotes

Maior tatu do mundo em risco ©DIVULGAÇÃO/INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES (ICAS)

Pág. 15

©AFP FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC

Quase 100 milhões de brasileiros estão com excesso de peso

Considerado um engenheiro do ecossistema devido a sua importância, o tatu-canastra é o maior de todos, podendo chegar a 1,5 metro de comprimento e pesar 60 kg. A espécie, que já rara no Cerrado brasileiro, pode deixar de existir no estado do Mato Grosso do Sul Pág. 2

Benefícios do barbatimão para sua saúde

60,3% da população adulta, ou seja, 96 milhões de brasileiros têm excesso de peso. E isso prejudica, inclusive, na prevenção ao covid-19 Pág. 9

Bromélias servem de berçário para pererecas na Mata Atlântica ©ALEXANDER LOIDHOLD/PIXABAY

Adultos que moram com os pais podem car preguiçosos, medrosos e submissos ©ISTOCK

Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, descobriram uma nova estratégia reprodutiva a partir da observação de uma espécie de anuro endêmica e pouco conhecida da Mata Atlântica brasileira, a perereca Bokermannohyla astartea Pág. 10

Não aceitar as preferências e o estilo de viver do filho pode torná-lo reprimido, submisso, mentiroso, isolado socialmente, ansioso, estressado, depressivo, insubordinado e agressivo Pág. 11

©MAURICIO MERCADANTE/FLICKR

Esse e caz anti-in amatório e antifúngico pode ajudar bastante a amenizar sintomas e resolver problemas de saúde. Mas é importante consultar um médico antes de iniciar qualquer tratamento com barbatimão Pág. 8

Mulheres são capacitadas e levam energia solar para aldeias na Tanzânia Pág. 14


2 MEIO AMBIENTE

09 A 11 DE MARÇO/2021

Equidnas movem sete toneladas de solo por ano Entenda por que a enorme capacidade de escavação das equidnas proporciona muitos benefícios ambientais, contribuindo no combate às mudanças climáticas ainda é relativamente comum na maioria dos habitats em grandes áreas do continente. Equidnas são escavadeiras prolí cas. Nosso monitoramento de longo prazo no Scotia Sanctuary da Australian Wildlife Conservancy, no sudoeste de New South Wales, sugere que

out r a f u n ç ã o c r it i c am e nt e importante: a combinação de sementes e água. Para que as sementes germinem, elas devem vir junto com a água e os nut r i e nt e s d o s o l o. No s s o experimento mostrou como a escavação de equidna ajuda a fazer isso acontecer.

começaram nas covas permaneceram lá. O experimento mostrou como os caroços de equidna estimulam o encontro de sementes, água e nutrientes, dando às sementes uma chance melhor de germinar e sobreviver nos solos pobres da Aust r á l i a . Os p o ç o s e m

uma equidna move cerca de sete toneladas de solo a cada ano. As depressões de solo deixadas por equidnas podem ter até 50 centímetros de largura e 15 de profundidade. Quando as formigas são escassas, como em locais altamente degradados, as equidnas cavam mais fundo para encontrar térmitas, criando fossas ainda maiores. Essa capacidade de mover a terra involuntariamente fornece

Te s t am o s s e a s s e m e nt e s cariam presas em poços de equidna após a chuva. Marcamos cuidadosamente várias sementes com corantes de cores diferentes e as colocamos na superfície do solo em uma oresta semiárida perto de Cobar, onde cavamos poços semelhantes aos que essas equidnas criaram. Em seguida, simulamos um evento de chuva. A maioria das sementes foi levada para as covas e as que

recuperação tornam-se, então "pontos críticos", de plantas e solo, a partir dos quais as plantas podem se espalhar pela paisagem. A pesquisa também encontrou poços que também abrigam comunidades microbianas únicas e inver tebrados do s olo. Provavelmente, eles desempenham um papel importante na decomposição da matéria orgânica para produzir carbono no solo. Não é de se

©MEG JERRARD/UNSPLASH

Ap ós 200 anos de prát icas agrícolas europeias, os solos australianos estão em mau estado: esgotados de nutrientes e matéria orgânica, incluindo carbono. Esta é uma má notícia, tanto para a saúde do solo como para os esforços para lidar com o aquecimento global. A equidna australiana nativa, no entanto, pode conter parte da solução. As equidnas cavam poços, sulcos e depressões no solo enquanto procuram formigas. Nossa pesquisa revelou até que ponto essa "engenharia" do solo pode bene ciar o meio ambiente. A es c avaç ão de e quidnas captura folhas e sementes, o que ajuda a melhorar saúde do solo, promove o crescimento das plantas e mantém o carbono no solo, e não na atmosfera. A importância desse processo não p o d e s e r s u b e s t i m a d a . Ao melhorar o habitat das equidnas, podemos melhorar signi cativamente a saúde do solo e impulsionar os esforços de ação climática. Muitos animais melhoram a saúde do solo por meio de es c avaçõ es extens as. E ss es "engenheiros de ecossistema" fornecem um ser viço que bene cia não apenas os solos, mas também as plantas e outros organismos. Na Austrália, a maioria de nossos animais de escavação estão extintos, restritos ou ameaçados. No entanto, esse não é o caso da equidna, que

admirar que muitos esforços humanos para restaurar o solo imitem as estruturas naturais construídas por animais, como equidnas. Nossa pesquisa recente também mostra como a escavação feita pela equidna ajuda a aumentar o carbono em solos esgotados. Camaleão Furcifer Quando a matéria orgânica se labordi encontra na superfície do solo, ela é decomposta por uma intensa luz u lt rav iolet a que lib era carbono e nitrogênio na atmosfera. No entanto, quando as e q u i d n a s s e a l i m e nt a m , o material é enterrado no solo. Lá, ele é exposto a microrganismos, que decompõem o material e liberam carbono e nitrogênio no solo. Isso não acontece imediatamente. A pesquisa sugere que leva de 16 a 18 meses para os níveis de carbono nos poços excederem os níveis de solos nus. To d o e s s e p r o c e s s o d e escavação, captura e acúmulo de equidna cria uma colcha de re t a l h o s d e l i x o, c ar b on o, nutrientes e pontos importantes para as plantas. Essas ilhas férteis geram ecossistemas saudáveis e funcionais, que se tornarão mais importantes à medida que o mundo se tornar mais quente e seco. A restauração do solo pode ser cara e impraticável em vastas áreas de terra. Por isso, a ação das equidnas oferece uma alternativa

de restauração econômica e esse potencial deve ser aproveitado. As populações de equidna da Austrália não estão ameaçadas. Contudo, a gestão da paisagem é necessária para garantir populações saudáveis de equidna no futuro. As equidnas geralmente se abr i g am e m t ron c o s o c o s , portanto, a remoção da madeira caída reduz seu habitat e locais de alimentação. Restrições sobre práticas como remoção de lenha são necessárias para evitar a perda de habitat. Além disso, por se moverem lentamente, as equidnas costumam ser mortas em nossas estradas. Para resolver isso, arbustos e plantas terrestres de vem s er plant ados entre manchas de mata nativa, criando corredores de vegetação para que os animais possam se locomover com segurança. Embora os espinhos a ados de uma equidna forneçam alguma proteção contra predadores naturais, eles são menos e cazes contra predadores introduzidos, como raposas e gatos. Portanto, estratégias para controlar essas ameaças também são necessárias. A saúde do ambiente frágil da Austrália está em sério declínio. As equidnas já estão prestando um serviço ecossistêmico valioso; por isso, devem ser protegidas e nutridas para garantir que o trabalho continue.

Maior tatu do mundo em risco

©DIVULGAÇÃO/INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES (ICAS)

Considerado um engenheiro do ecossistema devido a sua importância, o tatu-canastra é o maior de todos, podendo chegar a 1,5 metro de comprimento e pesar 60 kg. Contudo, conforme um estudo realizado por especialistas do Instituto de Conser vação de Animais Silvestres (Icas), a espécie, já rara no Cerrado brasileiro, pode deixar de existir no estado do Mato Grosso do Sul. “Sabíamos que, no Pantanal, a viabilidade da espécie não estava ameaçada a curto prazo. Mas no Cerrado, pelo que líamos e

víamos, sabíamos que a situação era urgente. Então, a primeira pergunta que a gente queria fazer era: existe ainda tatu-canastra do Cerrado do Mato Grosso do Sul? E onde?”, disse Arnaud Desbiez, presidente do Icas e fundador do P r o j e t o Tat u - c a n a s t r a e m entrevista ao G1. Visando entender o caso, os pesquisadores escolheram 37 municípios do Mato Grosso do Sul, sendo 22 pertencentes ao Cerrado e os demais à Mata Atlântica. “Dividimos esses locais em microbacias e vimos a porcentagem de área nativa que

ainda restava em cada uma delas. Ranqueamos essas áreas, falamos com os proprietários e íamos visitar o fragmento andando e procurando por sinais do tatucanastra”, explicou Desbiez. Assim como o tamanduá, o tatu-canastra se alimenta de formigas e cupins. De hábitos noturnos, a espécie cava buracos e permanece dentro das tocas durante o dia. Justamente por ser um animal di cilmente encontrado, foi necessário prestar atenção nos mínimos detalhes que poderiam indicar a pres ença do mamífero. Os pesquisadores identi caram a existência de diferentes fragmentos de habitat no estado, sendo que o maior deles tem apenas 170 km², área na qual menos de sete tatus-canastra podem viver. “O resultado assustou muito, porque a gente viu que tinha menos de 70 fragmentos do

tamanho da área de vida do tatucanastra no Pantanal. A pesquisa mostra que essa espécie está muito ameaçada no Cerrado e que o habitat está muito fragmentado", disse o fundador do projeto. "Isso signi ca que, para trafegar de um fragmento para o outro, o tatu-canastra tem que atravessar rodovias e grandes áreas de pastagem, correndo o risco de ser perseguido, caçado, atropelado

ou até atacado por cães, uma situação extremamente preocupante”, prosseguiu. De acordo com o projeto, há outro problema que implica na pre s e r v a ç ã o d a e s p é c i e : a velocidade com que os tatus se reproduzem. Eles atingem a maturidade para reprodução apenas aos sete anos de idade, sendo que apenas um lhote é gerado a cada gestação. Além disso, trata-se de um processo

que ocorre a cada três anos. “É uma espécie que não tem a capacidade de recuperar ameaças e nos dá medo que nos próximos 15 a 30 anos o tatu-canastra possa se extinguir”, disse Desbiez. O objetivo agora é descobrir quantos são os indivíduos que ainda vivem no bioma. Além disso, há o desa o de descobrir uma maneira de conectar os vários fragmentos de habitat para que a espécie possa ser salva.

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

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CULTURA 3

09 A 11 DE MARÇO/2021

A cidade perdida Exposição Vix Estórias Capixabas dos incas ©DIVULGAÇÃO

é prorrogada até 04 de abril no MAES

Visitação está sendo nos formatos on-line e também presencial, com agendamento prévio e espontâneo de público ©ASCOM SECULT-ES

FOTO: REPRODUÇÃO

A

região de Vilcabamba, no sudeste do Peru, c ont i nu a a s e r u m fascinante campo de pesquisa para os estudiosos da cultura Inca. No alto das montanhas próximas à antiga capital, Cusco, uma série de cidades estratégicas foram erguidas no período áureo do império. Muitas delas já foram decifradas, como Machu Picchu, descoberta por Hiram Bingham, e m 1 9 1 1 , nu ma e x p e d i ç ã o p at ro c i na d a p el a Nat i ona l Geographic Society. E também cava ali, num ponto ainda secreto entre as montanhas e as orestas, a cidade homônima onde o último soberano inca, Tupac Amaru, lutou até a morte contra os conquistadores espanhóis, em 1572. Seu pai, Manco Inca, horrorizado com as atrocidades cometidas pelos invasores, havia fugido de Cusco 36 anos antes para estabelecer em Vilcabamba uma f rente de resistência. Tupac Amaru herdou sua valentia mas acabou vencido, e seu nome e sua luta ainda hoje inspiram os ideais libertários de m ov i m e nt o s p o p u l a re s d a América Latina. Seu lendário refúgio, contudo, jamais foi encontrado. O mistério pode ter chegado ao m. Num ponto a cerca de 35 quilômetros de Machu Picchu um grupo de pesquisadores l i d e r a d o p o r Pe t e r F r o s t , fotógrafo e estudioso da cultura inca há 30 anos, e pelo arqueólogo peruano Alfredo Va l e n c i a Z e g a r r a , d a universidade de Santo Antônio Abad, de Cusco, conseguiu atingir um conjunto de ruínas que, por causa da localização e da idade de uma série de artefatos, pode realmente ter sido o gueto de defesa inca. O sítio arqueológico, no alto de uma montanha conhecida como Cerro Victoria, já havia sido av i s t a d a p o r F r o s t e p e l o

explorador americano Scott Gorsuch em 1999. Foram preciosos dois anos de preparação logística para difícil expedição (também nanciada p e l a Nat i o n a l G e o g r ap h i c Society), que aconteceu em junho do ano pass ado, mas foi divulgada apenas agora. "Esse lugar nos oferece amplas perspectivas: ele guarda resquícios da presença inca desde o início até o último suspiro de sua civilização", avalia Frost. "Se chegaram aqui, os espanhóis entraram apenas na área mais ao sul da cidade". O trecho a ser estudado na montanha é na verdade bem maior do que eles hav i am imaginado dois anos antes. O sítio se esparrama por seis quilômetros quadrados a uma altitude de mais de 3,6 mil metros, numa região onde os Andes começam a declinar e dão lugar à Amazônia. Dessa área cercada por orestas úmidas os Incas podiam contemplar picos de até seis mil metros. "Eu acho que eles escolheram o lugar por duas razões. Uma delas é a prospecção de minas de prata nos arredores", especula Frost. "Mas o Cerra Victoria é ainda um ponto que oferece uma esplêndida visão de cumes nevados ao redor, aos quais os incas provavelmente organizavam cerimônias de adoração. A montanha era um observatório de onde podiam montar seu calendário de acordo com as contemplações de céu e do sol. Ne n hu m a d a s c i d a d e s j á estudadas na região de Vilcabamba mostrou até hoje evidências de ter sido o derradeiro baluarte dos incas, mas o Cerro Victoria é o maior e mais signi cativo sítio inca descoberto desde que o arqueólogo Gene Savoy atingiu as ruínas da cidade de Vilcabamba La Vieja, perto dali, em 1964. A

"disposição urbana" do alto do Victoria apresenta um conjunto de edifícios circulares, além de muros, plataformas cerimoniais, estradas, canais de água, barragem, terraços de cultivo, túmulos repletos de artefatos incaicos e uma pirâmide semidestruída. A chave do enigma está na interpretação de p eças de cerâmica de dois períodos muitos distintos: a de cerca de do ano 1200, época da ascensão do império, e a de meados do século 16 (fase nal da luta de Tupac Amaru contra a tirania espanhola). "A montanha guarda um enorme conjunto de relíquias arqueológicas", comenta o arqueólogo Zegarra. "O lugar promete fornecer novas e valiosas pistas sobre a ocupação nessa área remota", completa o pesquisador Johan Reinhard, bolsista da National Geographic Society. A expedição foi uma aventura para o grupo. As di culdades de acesso contribuíram para aumentar a mística sobre o lugar, que ca a quatro dias de caminhada da estrada mais próxima. Os exploradores foram obrigados a vencer o cânion Apurimac, de 3,3 mil metros de profundidade, e tropas de mulas foram usadas para carregar os suprimentos de água e comida montanha acima. Apesar do assombro dos pesquisadores diante da descobertas, o Cerro Victoria não era desconhecido dos nativos da região: duas famílias indígenas viviam no local, chamado por eles de Coryhuayrachina. Até o m do ano Peter Frost e sua equipe voltarão ao local, numa expedição maior, para realizar novas pesquisas. E então eles t e r ã o m ai s s u b s í d i o s p ar a elucidar um dos mais importantes e ainda obscuros capítulos da história inca.

O Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio D el Santo (MAES) prorrogou a exposição “Vix Estórias Capixabas”, até o dia 04 de abril. Em exibição, obras de 25 artistas locais, nacionais e internacionais c onte mp or âne o s e qu e s e relacionam com as obras de Elpídio Malaquias (1919-1999) e Dionísio Del Santo (19251999. A visitação está sendo nos formatos on-line e também presencial, com agendamento prévio e espontâneo de público, seguindo as medidas sanitárias obrigatórias, presentes na Portaria nº 100-R, da Secretaria da Saúde (Sesa). Numa mescla entre o contemporâneo e o tradicional, ressaltando a história da cidade e do museu, a exposição coletiva “Vix Estórias Capixabas” foi elaborada a partir de obras de dois artistas capixabas presentes no acer vo do mus eu — o serígrafo Dionísio Del Santo, que dá nome ao museu, e o pintor Elpídio Malaquias — e que estão reunidas com propostas artísticas de mais 23 artistas contemporâneos locais e de outros Estados. A mostra tem curadoria artística do pesquisador e historiador da arte Júlio Martins.

“É uma grande honra saber que vamos utilizar parte do conceito de dois artistas que não e st ã o mais v ivo s , E lpí d i o Malaquias e Dionísio Del Santo, e que estabelecem relações com um grupo enorme de artistas contemporâneos, que fazem parte do nosso acervo, ou seja, que é patrimônio do nosso Estado. É com ele que a gente está dialogando e isso é muito importante ser dito”, afirmou a diretora do MAES, Ana Luiza Bringuente. A exposição conta com uma vasta programação on-line, como ações de formação de professores, palestras e ciclo de e n c o nt r o s c o m a r t i s t a s e pesquisadores, por via das redes sociais e ferramentas de videochamadas, com a criação

de salas de conferência para os participantes. Em virtude da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e visando à segurança do público e das pessoas que trabalham no Museu, as visitas presenciais poderão ser agendadas de modo prévio pela internet pelo link https://linktr.ee/maes.museu. Mais informações pelo telefone (27) 3132-8393 ou através do em a i l maes.educativo@gmail.com. Para grupos de visitantes espontâneos, de até cinco pessoas, não será necessário o agend amento pré v io, no entanto, a entrada no museu está condicionada a sua capacidade de comportar apenas 10 visitantes no espaço expositivo. Para grupos entre cinco e dez pessoas, o agendamento prévio é obrigatório e será confirmado por e-mail pela equipe do museu. Ambas as visitas deverão ser feitas reunindo, no máximo, dez pessoas e divididas internamente em dois grupos de cinco. Para entrar no MAES, será obrigatória a utilização de máscara e álcool em gel. LUCIANO DANIEL

Foto Antiga do ES ©CHARLES JORGE RIZK/ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (BR), MEMÓRIA/FACEBOOK

(HISTÓRIA DO MUNDO)

Pedra do Siribeira — Época romântica de Guarapari


4 EDUCAÇÃO

09 A 11 DE MARÇO/2021

Escola Maria Filipa: escola afro-brasileira em Salvador repensa marcos civilizatórios por uma educação decolonial ©DIVULGAÇÃO

Se o futuro começa nas escolas, para um futuro diferente é preciso uma escola diferente — e é essa a missão da Escola AfroBrasileira Maria Felipa, em Salvador, na Bahia: oferecer educação infantil baseada não somente na cultura eurocêntrica que comumente pauta o ensino no Brasil. A ideia da professora Bárbara Carine, da UFBA, e de seu marido Ian Cavalcanti, ao se juntarem à pedagoga Naiara Santos era justamente a de criar uma escola que partisse de outros marcos civilizatórios, baseada também na in uência ameríndia e principalmente na in uência africana para a formação sociocultural dos alunos e alunas. A partir de ações pedagógicas, atividades lúdicas, desportivas e práticas culturais, a Maria Felipa tem como objetivo oferecer aos estudantes formas diversas de

civilização greco-romana, que in uenciou todo o mundo de então, na Ásia, na Europa e mesmo na América. “C o m p l e m e n t a n d o e s s a abordagem, seria importante mostrar como a história dessa civilização foi distorcida e encoberta, sobretudo no aspecto ©DIVULGAÇÃO

Carine diante da placa da escola em Salvador comunicação e linguagens — a partir, por exemplo, de outras matizes culturais como o Iorubá, o Inglês e o Espanhol. Em tal sentido, o ensino da escola se

baseia em uma perspectiva decolonial para buscar estimular o desenvolvimento humano a partir da educação e da transmissão de

Ian Cavalcanti, Naiara Santos e Bárbara Carine conhecimento. Um exemplo concreto de ensino é oferecer ênfase na civilização egípcia quando do estudo da antiguidade clássica — sendo esta uma civilização anterior à

do protagonismo negro, nas versões ainda hoje divulgadas de forma maciça na cultura popular e na academia”, a rmou E l i s a L ar k i n Na s c i m e nto, diretora do Instituto de

Pesquisas e Estudos AfroBrasileiros e apoiadora do projeto. “Igualmente importante seria a presença dos referenciais do conhecimento africano nas diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, nas ciências exatas e nas humanidades”, concluiu. O nome que batiza a escola lembra justamente uma heroína da história da Bahia e uma grande liderança negra no estado e no país — pouco citada na educação tradicional. Nascida na ilha de Itaparica como descendente de pessoas escravizadas trazidas para o Brasil do Sudão, Maria Felipa de Oliveira era marisqueira e pescadora, mas entrou para a história ao liderar um grupo de 200 pessoas, formado principalmente por mulheres negras, índios tapuias e tupinambás contra os invasores portugueses que atacaram a ilha em 1822. Segundo consta, o grupo liderado por Maria Felipa teria incendiado 40 e mb arc a ç õ e s p or tu g u e s a s durante a batalha ao redor de Itaparica.

Escolas de Tempo Integral EUA querem educar realizam ações da Semana o Brasil do Protagonismo ©ASCOM SEDU

As Escolas de Educação em Tempo Integral da Rede Estadual estão realizando a Semana do Protagonismo, que é uma prática para incentivar a atuação protagonista dos estudantes, por meio da escolha de líderes de classe, criação dos Clubes de Protagonismo e iniciativas nas ações escolares. É uma forma diferente para promover aprendizado e crescimento entre os alunos. Além de incentivar a liderança durante a eleição de líderes, o conteúdo pode ser diversificado nos Clubes de Gastronomia, Cinema e Tecnologia, por exemplo. As ações já estão sendo realizadas e seguem ao longo deste mês de março. No Centro Estadual de Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral (CEEFMTI) João XXIII, de Barra de São Francisco, a Semana do Protagonismo já aconteceu e despertou o senso crítico entre os alunos. “A Semana de Protagonismo é uma experiência muito interessante para a escola e para os alunos, porque incita a autonomia dos estudantes. É interessante como nos organizamos sozinhos nos clubes de protagonismo e nas

eleições de liderança da turma. É uma semana que leva o estudante a desenvolver um pensamento crítico, a saber realmente opinar e ser criativo. Aqui no CEEFMTI João XXIII, nós vemos que as pessoas que vêm de outras escolas, independentemente de onde, observam, presenciam e vivem uma escola diferente, que dá voz para os estudantes e incentiva um amadurecimento no projeto de vida de cada um”, disse o aluno Rafael Adolfo Botelho, da 3ª série do ensino médio. A analista de Projetos da Assessoria Especial de Educação em Tempo Integral da Secretaria da Educação (Sedu), Júlia da Matta, enfatiza que “essa é uma oportunidade para o estudante desenvolver sua autonomia, sua

criticidade e sua participação ativa dentro da escola. Os alunos, durante a Semana do Protagonismo, têm a oportunidade de participar da Eleição de Líderes e de desenvolver o Clube do Protagonismo”. Os resu lt ados, s egundo a analista, são positivos: “temos recebido respostas e fotos das escolas e ver o quanto os estudantes têm gostado desse momento, é muito satisfatório! Além disso, o apoio e integração entre escolas que já ofertam tempo integral há mais tempo para com as escolas novas é muito proveitoso. O Espírito Santo ganha muito com o desenvolvimento de tantos Jovens Protagonistas”.

©PETERSON HOFMANN

As universidades americanas querem garimpar o Brasil para recrutar interessados em obter um diploma nos EUA. Representantes de 35 instituições de ensino irão promover no fim deste mês o e v e n t o v i r t u a l EducationUSA Brasil 2021 para atrair alunos para bolsas de estudo e cursos para

Anelise Hofmann, coordenadora do EducationUSA Brasil graduação, pós-graduação, de curta duração ou de inglês intensivo. Entre as universidades estão a Dallas Baptist University, que concede estágios na Microsoft e Amazon, e a Full Sail Un ive rs it y. “S ó n o an o passado, cerca de quatro mil pessoas participaram de sessões buscando informações oficiais sobre estudar nos EUA, provando que o ato de estudar não foi abalado pela pandemia”, disse Anelise Hofmann, coordenadora do EducationUSA Brasil.


POLÍTICA 5

09 A 11 DE MARÇO/2021

Jorge

Analista Político

Pacheco

Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com

“Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos//A palavra mais necessária nos tempos em que vivemos é a palavra não. Não a muita coisa, não a uma quantidade de coisas que eu me dispenso de enumerar”, José Saramago ©REUTERS

candidato como esse O presidente Jair Bolsonaro reagiu à decisão do ministro Luiz Edson Fachin,

©REPRODUÇÃO/CARTA CAPITAL

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou nesta segunda (8) todas as condenações do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal do Paraná no âmbito da Operação Lava Jato. Com a decisão, que ainda deverá ser avaliada pelo plenário do Supremo, Lula recupera seus direitos políticos e pode se candidatar a presidente em 2022. Ao conceder o habeas corpus a Lula, Fachin declarou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, origem da Lava Jato, não tem comp etênci a p ara ju lgar os processos do tríplex de Guarujá (SP), do s ít i o d e At i b ai a ( SP ) , e o s d oi s relacionados ao Instituto Lula, uma vez que os casos não se limitam apenas aos desvios ocorridos na Petrobras, mas também a outros órgãos da administração pública. Agora, caberá à Justiça Federal do Distrito Federal analisar os três processos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que vai recorrer do habeas corpus de Fachin. A decisão do ministro do STF não tem relação com o argumento da defesa de Lula de que o ex-juiz Sérgio Moro tenha sido parcial na condução dos processos. Fachin não concorda com este entendimento, e o caso está sendo julgado pela Segunda Turma do STF. Moro foi o juiz que decidiu pela condenação do ex-presidente no caso do tríplex em Guarujá. Caso fosse julgada procedente pela 2ª Turma do STF, essa decisão abriria margem para que outros processos conduzidos pelo ex-juiz e ex-ministro também fossem anulados — a decisão de Fachin pode evitar esse entendimento. Em nota, o gabinete de Fachin explicou que, embora a questão da competência de Curitiba para analisar os processos de Lula já tenha sido levantada anteriormente, "é a primeira vez que o argumento reúne condições processuais de ser examinado, diante do aprofundamento e aperfeiçoamento da matéria pelo Supremo".

Bolsonaro, sobre Lula: acredito que o povo sequer queira um

do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou os processos contra o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a possibilidade de o petista ser candidato à presidência em 2022. Além disso, Bolsonaro a rmou que Fachin não deveria ter decidido sobre a anulação monocraticamente. “Eu acredito que o povo brasileiro não queira sequer ter um candidato como esse em 22, muito menos pensar numa possível eleição dele”, a rmou Bolsonaro em entrevista no Palácio da Alvorada. “Você pode ver, a Bolsa já foi lá pra baixo, o dólar foi lá pra cima. Todos nós sofremos com uma decisão como essa daí, agora a gente espera que a turma do supremo restabeleça aí os julgados”. AJUFE

que não pretende ligar para conversar com Lula. Segundo o ex-ministro, a participação do PT no pleito de 2022 contribui para a polarização da disputa. "Já disse e quero repetir que o Brasil não cabe na esquerda. A esquerda tem seu valor, mas o Brasil é um Estado muito mais complexo, difícil e heterogêneo", a rmou. "Entretanto, para ser muito franco, o comportamento do lulopetismo é parte central do problema, o que volto a dizer, não elimina a possibilidade de diálogo", completou Ciro. O ex-ministro também reforçou a necessidade de se aguardar as próximas etapas do julgamento do ex-presidente, que deverão determinar se foram corretas ou não as decisões da vara de Curitiba. "A petezada está toda soltando foguetes e abrindo champagne, mas isso é uma coisa apressada. Precisamos deixar o tempo amadurecer", reforçou Ciro.

'Não vejo futuro com a volta ao lulopetista', diz Ciro Ex-governador do Ceará afirmou que o projeto de governo de Lula está 'envelhecido e inconfiável'

O ex-governador do Ceará e exministro Ciro Gomes (PDT) defendeu na manhã desta terça-feira (9) a criação de uma chapa para disputar as eleições presidenciais de 2022 que inclua representantes políticos para além da esquerda. Entretanto, em entrevista à rádio CBN, Ciro disse ter reservas em

©AFP

Em resposta a governadores, Planalto adianta cronograma de vacinas da Pfizer

A anulação dos processos torna Lula elegível para as eleições presidenciais. Bolsonaro criticou a decisão monocrática de Fachin e a rmou que o processo deveria passar pelo plenário do STF. “Não pode, em hipótese alguma, um homem só ser o senhor do destino de um julgamento como esse. Então, não sou jurista, mas eu acho que nem é questão de turma, é questão de plenário decidir isso aí”. O presidente da República a rmou ter recebido a decisão com surpresa. Para ele, as condenações envolvendo o sítio em Atibaia e o tríplex do Guarujá — alvos dos processos contra Lula — podem até ser objeto de suposição, mas houve desvios de recursos com obras fora do Brasil. “ Todo mundo foi surpreendido com isso daí, a nal de contas, as bandalheiras que esse governo fez estão claras perante toda a sociedade”. Bolsonaro relacionou a decisão de Fachin à ligação do magistrado com os

relação a compor com o PT e com o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve na segunda-feira (8) os direitos políticos restaurados. "O que eu quero dizer é que o Brasil precisa, diante do problema grave que temos, construir um caminho de futuro e, francamente, não vejo o caminho de futuro ser construído com a volta ao passado lulop etista envelhecido, desgastado e incon ável, e, pior, que tem a característica de fazer o outro lado se reunir também com base no ódio", disse Ciro. "Acabei de comemorar a devolução dos direitos políticos do Lula, porque ele tinha direito a isso. A vida inteira lutei, mas, se sob o ponto de vista jurídico ele tem esses direitos, politicamente, ele faz parte do grave do problema brasileiro", completou o ex-ministro. Ciro disse que aceita se reunir com todo brasileiro para discutir uma aliança para as próximas eleições, mas ressaltou

No dia em que a média móvel diária de mortes bateu o décimo recorde seguido, o ministro da Economia, Paulo Guedes, d i s s e q u e a P z e r a nt e c i p a r á o cronograma e entregará 14 milhões de doses de vacina contra a covid-19 até junho. Inicialmente se previam nove milhões. O anúncio ocorreu após reuni ão ent re repres ent antes d a farmacêutica, via videoconferência, e o presidente Jair Bolsonaro.

governadores de organizarem um pacto nacional. A mobilização estadual causou desconforto no Planalto e foi interpretada como uma tentativa de enfraquecimento político da autoridade do presidente. “A solução para o Brasil é vacinar para manter imunidade da população e preservar sinais vitais da economia”, a rmou Guedes. Segundo o ministro, a P zer informou ao governo que vai aumentar a produção diária de 1,5 milhão para 5 milhões de doses. “O presidente da P zer disse que o Brasil é muito importante, são 200 milhões de brasileiros. Ele se comprometeu a olhar para essa expansão potencial e vai olhar com carinho futuros aumentos na produção para o Brasil”, completou. A vacina da P zer foi a primeira a receber registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra a covid-19, em 23 de fevereiro. O imunizante tem e cácia global de 95%. Para a população acima de 65 anos, alcança 94%, conforme avaliou a agência sanitária. A questão é que, com os números cada vez maiores de mortes e de casos da d o e nç a , i nte g r ante s d o gove r no reconhecem que houve grande desgaste político. O plano, agora, é estancar essa crise o mais rapidamente possível e retomar o pé nessa discussão com a ampliação da aquisição de mais vacinas. Em vídeo da reunião divulgado em suas redes sociais, Bolsonaro a rmou a necessidade de comprar as vacinas em função da “agressividade” do novo coronavírus no País. “Reconhecemos a P zer como uma grande empresa mundial, com grande espaço no Brasil também, e, em havendo possibilidades,

©MARCOS CORRÊA/PR

Lula tem condenações anuladas por Fachin e é liberado para disputar eleição

governos do PT. O chefe do Planalto criticou a possibilidade de Lula ser candidato à presidência em 2022 e a rmou que Fachin não deveria ter decidido sobre a anulação monocraticamente. O ministro foi indicado ao Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2015. “Qualquer decisão dos 11 ministros é possível você prever o que eles pensam, né? E o que botam no papel. O ministro Fachin, ele sempre teve uma forte ligação com o PT, então não nos estranha uma decisão nesse sentido, mas obviamente é uma decisão monocrática, e vai ter que passar pra Turma, não sei, ou pelo plenário, para que tenha a devida e cácia”, disse Bolsonaro em entrevista no Palácio da Alvorada.

A participação de Bolsonaro já foi uma reação à movimentação dos

gostaríamos de fechar contratos”.

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6 TECNOLOGIA

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Empresa dá detalhes de avião que voaria de Nova York a Londres em 90 minutos

Tesla fabrica secretamente bateria gigante para abastecer cidade

A Spike Aerospace, empresa norte-americana, quer criar uma aeronave de negócios pouco ruidosa que possa percorrer o caminho entre Nova York, EUA, e Londres, Reino Unido, em menos de duas horas ©SPIKE AEROSPACE

©BLOOMBERG

essas viagens possam ser feitas em apenas 90 minutos. "Desde o início dos tempos as pessoas querem viajar mais rápido", comentou Vik Kachoria, presidente da Spike Aerospace, ao Telegraph. "Chegar [a] lugares mais rapidamente signi ca mais oportunidades, quer seja andar de camelo em vez de andar a pé, ou sobrevoar o Atlântico em seis horas em vez de passar quatro semanas em um navio a vapor. Mas imagine um voo de seis horas se tornando um voo de três horas. Isso é o que o supersônico oferece." É planejado que o avião sirva como avião de negócios comercial a partir de 2028, podendo transportar 18 pessoas em um único voo de distâncias máximas de cerca de 4.800 quilômetros, indica a revista Tatler. Os preços iniciais deverão ser altos, mas cairão

g r a d u a l m e nt e at é aproximadamente o custo de um assento de classe executiva em um voo normal. Além disso, a aeronave terá vantagens, como um estrondo sônico baixo, e um compromisso para realizar voos com emissão zero de carbono até 2040. "Concorde era ridiculamente ruidoso", disse Kachoria sobre o avião que deixou de voar em 2003. "A maioria das conversas entre duas pessoas estão entre 65 e 75 decibéis, e o nível de ruído encontrado na maioria das cabines de aeronaves é de cerca de 85 decibéis." "Nossas aeronaves sem janelas serão cerca de 60 decibéis, então infer iores ao s om de uma conversa. Não é necessário o uso de fones de ouvido que cancelem o ruído", explicou. Os primeiros testes tripulados do S-512 devem começar em 2022.

Japão inaugura café com robôs operados por pessoas com deficiências ©ORYLAB/FACEBOOK/DIVULGAÇÃO

Quando Kentaro Yoshifuji criou

seu robô OriHime no nal de

2011, para conectar pacientes

A Tesla fabricou e conectou à rede elétrica da cidade de Angleton, no Texas, uma bateria gigante de mais de 100 megawatts. O projeto, que não foi anunciado o cialmente, fará o abastecimento de casas na região localizada a 65 km de Houston. De acordo com a Bloomberg, o equipamento foi desenvolvido s e c re t ame nte p el a G ambit Energy Storage, uma subsidiária da companhia de Elon Musk. A iniciativa tornou-se pública poucas semanas após o quase colapso da rede de energia elétrica no Texas. O sistema sofreu com a alta demanda por causa da onda congelante de frio que atingiu parte dos Estados

Unidos recentemente. Durante a crise, muita gente cou sem luz p or dias, enquanto out ras receberam contas que ultrapassaram R$ 90 mil. Os trabalhos na megabateria estavam sendo escondidos do grande público e os funcionários chegavam a cobrir os equipamentos. Apesar disso, a empreitada empresarial foi descoberta por causa de documentos públicos e porque o logo da Tesla chegou a ser avistado nos capacetes dos trabalhadores. A fonte possui capacidade para abastecer 20 mil residências, aproximadamente. A construção já está registrada junto à Electric

Reliability Council of Texas (Ercot), entidade que administra o fornecimento de energia no estado norte-americano. De acordo com um executivo da instituição, a operação comercial da superbateria deve começar já em junho de 2021. Essa não será a primeira vez que Musk se aventura no setor de energia. Além de já ter dito anteriormente que a Tesla irá ajudar na popularização de fontes sustentáveis de energia, o empresário é dono da SolarCity. A empresa, também subsidiária da Tesla, é especializada em s e r v i ç o s d e e n e rg i a s ol ar, vendendo painéis e fabricando módulos solares.

durante a pandemia) consigam "sair" virtualmente para trabalhar como empregados do café e se comunicar com os clientes, através do OriHime como seu avatar, disponível em dois modelos. O primeiro tipo de robô é o

estacionário, que ca parado ao lado das mesas, recebe os pedidos dos clientes, transmite e ca ao lado se comunicando. Esse modelo posa de garçom e o seu controlador visualiza os clientes e interage por voz com eles. O segundo modelo é o que tem sido utilizado até agora, em eventos e feiras, o Orihime-D. Este é um robô móvel capaz de ser vir as mesas e entregar alimentos aos clientes. No vídeo abaixo, é possível ver o “café remotamente operado" funcionando como um e x p e r i m e nt o s o c i a l , on d e pessoas com de ciência podem trabalhar, interagir com outras e se envolver em papéis signi cativos.

©ORYLAB/FACEBOOK/DIVULGAÇÃO

Spike Aerospace, fabricante dos EUA, que está projetando um avião supersônico que poderia voar no futuro de Londres, Reino Unido, a Nova York, EUA, em 1,5 hora, mostrou ao jornal Telegraph o interior da aeronave chamada S-512, relatou a mídia na quarta-feira (3). Sua velocidade de voo poderá igualar 1,6 Mach, ou seja, mais de 1.900 km/h, o dobro de qualquer outra aeronave em serviço hoje em dia, e semelhante aos antigos Tu-144 e ao Concorde, aviões de p a s s a g e i ro s s up e r s ôn i c o s , construídos nos nais dos anos 60. Isso permitiria um voo de duração de três horas e meia entre Londres e Nova York, ou entre Dubai, Emirados Árabes Unidos, e Hong Kong, China. No entanto, melhoramentos na engenharia devem aumentar sua velocidade para 3,2 Mach, ou seja, cerca de 3.950 km/h, nos próximos dez anos, para que

hospitalares com problemas de mobilidade, não imaginou que sua invenção fosse fazer tanto sucesso, resultando em uma promissora startup, a OryLab, da qual o inventor é o CEO. Depois que os graciosos robôs foram utilizados, desde 2018, em restaurantes pop-up “versão beta”, operados remotamente por funcionários com de ciência, a OryLab decidiu abrir um café permanente em Tó qu i o, c om i n au g u r a ç ã o prevista para junho de 2021, durante as Olimpíadas, para servir como uma loja-modelo que usará o OriHime em uma nova participação social de pessoas com di culdades em sair de casa. O A v a t a r C a f é D AW N pretende reduzir a solidão humana, permitindo que pessoas que estão con nadas em casa (o que se intensi cou

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068


CIÊNCIA 7

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Rã possui 'fones antirruído' Nova superterra para ouvir cantadas de encontrada pode dar acasalamento pistas sobre vida fora Espécie de rã só precisa inar seus pulmões para garantir que ouvirá apenas os chamados de parceiros em potencial para acasalamento. Funcionamento é comparado a fones de ouvido antirruído, revela estudo

do Sistema Solar

©PIXABAY/COULEUR

evoluída naturalmente depende de uma v i a inteligente de transmissão de som de pulmão para ouvido, exclusiva dos anfíbios. Os cientistas comparam que o sistema natural é semelhante à tecnologia usada no funcionamento dos fones de ouvido antirruído. "Essencialmente, o que as rãs fêmeas estão fazendo é colocar fones de ouvido com cancelamento de ruído", disse o autor sênior Mark Bee, professor d a Fa c u l d a d e d e C i ê n c i a s Biológicas da Universidade de Minnesota. "Seus pulmões parecem amortecer as vibrações do tímpano para ajudar a reduzir a captação dos chamados de acasalamento de outras espécies de sapos que ocorrem em outras frequências", explicou. Com os pulmões in ados, os tímpanos d as rãs v ibram menos em

Um novo exoplaneta detectado orbitando uma estrela relativamente perto do nosso Sistema Solar, pode potencialmente ajudar a resolver enigmas sobre vida alienígena ©REUTERS/RENDERAREA

Um exoplaneta com uma massa 2,8 maior do que a da Terra designado Gliese 486 b, pode se tornar material ideal para estudo de pesquisadores na caça à vida extraterrestre, anunciaram cientistas em novo estudo publicado na revista Science. Classi cado como superterra e localizado a cerca de 26,3 anosluz de distância da Terra, o corpo celeste rochoso está entre os exoplanetas mais próximos de nosso planeta. Ele orbita uma estrela anã vermelha que é menor, mais f r ia e menos luminosa do que o Sol. Os autores da nova pesquisa acreditam que a superfície deste exoplaneta, quente e seco, seja ins opitável, e com grande probabilidade, deve ser crivada de rios de lavas correntes. No entanto, apesar de não estar na categoria de candidatos promissores como refúgio para vida, sua proximidade da Terra e suas características físicas fazem do novo exoplaneta um objeto de estudo adequado para solução desta questão, com a ajuda da próxima geração de telescópios terrestres e espaciais. Os estudos seguintes do Gliese 486 b poderiam fornecer aos cientistas dados inestimáveis para decifrar atmosferas de

outros exoplanetas fora do nosso Sistema Solar, incluindo os que podem abrigar vida extraterrestre. "O exoplaneta deve ter precisa con guração física e orbital para ser apropriado à pesquisa atmosférica", disse o cientista planetário e um dos autores do estudo, Trifon Trifonov, do Instituto Max Planck de Astronomia da Alemanha. Gliese 486 b é um planeta rochoso, que se acredita ter um núcleo metálico e uma orbita muito perto de sua estrela hospedeira. Adicionalmente, sugere-se que a superfície fortemente irradiada tenha uma temperatura de cerca de 430 graus Celsius. A gravidade da superfície do exoplaneta pode ser 70% mais forte do que a da Terra. "Gliese 486 b não pode ser

habitável, pelo menos, não da maneira como habitamos aqui n a Te r r a . O p l a n e t a possivelmente tem uma atmosfera tênue, se houver qualquer. Nossos modelos são consistentes com dois cenários, uma vez que a irradiação estelar tende evaporar atmosferas, enquanto, ao mesmo tempo, a gravidade planetária é rme demais para suportá-la", disse Trifonov. S egredos sobre a habitabilidade de um planeta podem ser revelados pela análise da composição química de sua at mo s fe r a . Uma p ote nc i a l indicação de vida pode ser a combinação de gases como oxigênio, dióxido de carbono e metano, como acontece em nosso planeta ou na atmosfera de exoplanetas semelhantes à Terra, como Gliese 486 b.

Cometas podem ter trazido carbono a planetas rochosos Furacão espacial é observado como a Terra de forma inédita sob o Polo Carbono é o elemento no qual toda a vida como conhecemos é baseada, e entender como ele chegou ao nosso planeta é crucial para entender o surgimento dela. Mas de acordo com os cientistas, a Te r r a e out ro s p l an e t a s ro chos os do sistema s olar interior, como Mercúrio, Vênus e Marte, eram tão quentes durante sua formação que elementos como o carbono teriam sido perdidos ou esgotados. A lém diss o, o t aman ho descomunal de Júpiter teria criado uma “barreira gravitacional”, impedindo que carbono do sistema solar exterior migrasse para o interior, repondo o material perdido. Mas se isso ocorreu, como os planetas rochosos se tornaram os mundos ricos em carbono que são hoje? Segundo cientistas que trabalham no projeto So a, um telescópio infravermelho FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

©DIVULGAÇÃO

Pesquisadores norte-americanos usaram medições precisas a laser dos tímpanos de fêmeas da espécie de rã-arborícola-verdeamericana em resposta ao som. Os cientistas descobriram que quando os pulmões de fêmeas estavam in ados, a audição do anfíbio reduzia a sensibilidade do tímpano às frequências sonoras comumente usadas por outras espécies, facilitando a conexão com potenciais parceiros da mesma espécie, cienti camente conhecida como Hyla cinerea. Desta maneira, os cientistas constataram a importância dos pulmões do animal na capacidade de reprodução da espécie, por facilitar o acasalamento, segundo o estudo publicado na última quinta-feira (4) na Current Biology. O que chamou atenção dos estudiosos foi que esta técnica

resposta aos sons indesejados de outras espécies. Os pesquisadores optaram por examinar dados da rãarborícola-verde-americana fêmea, pois, no geral, cerca de 42 espécies diferentes de rãs emitem sons para a rã desta espécie, o que signi ca que participam de um coro misto de chamadas de acasalamento. Os cientistas usaram 25 fêmeas de Hyla cinerea no estudo, e através de um sistema de lasers analisou-as enquanto in avam e e s v a z i av am s e us pu l mõ e s . Essencialmente, uma rãarborícola-verde-americana fêmea pode ouvir machos de sua p r ó p r i a e s p é c i e , independentemente do estado de in ação de seus pulmões, mas o in ar dos pulmões ajuda a reduzir sua sensibilidade a outras chamadas indesejadas. Agora, a equipe quer saber mais sobre a interação física entre as três fontes de som, externa, interna pelo ouvido oposto e interna pelos pulmões que determinam a resposta de vibração do tímpano. Estudos futuros examinarão se o efeito de "fones de ouvido antirruído" dos pulmões da rã-arborícola-verdeamericana também está presente em outras espécies.

m o n t a d o e m u m a v i ã o, a resposta está nos cometas. Mais especi camente, nos cometas de longo período vindos da “nuvem de Oort”, que se formaram nos con ns do sistema solar. Os pesquisadores chegaram a esta conclusão analisando o cometa Catalina, que passou brevemente pela Terra em 2016. Usando os instrumentos do So a, eles detectaram a “assinatura” química de carbono na cauda do cometa. “O carbono é a chave para BOB BEHNKEN aprender sobre as origens da vida”, disse o principal autor do ar t i go, C h ar l e s “C h i ck” Wo o d w a r d , a s t r o f í s i c o e p r o f e s s o r d o In s t i t u t o d e Astrofísica de Minnesota da Universidade de Minnesota, em Minneapolis. “Ainda não temos certeza se a Terra poderia ter capturado carbono su ciente por conta

própria durante sua formação, então os cometas ricos em carbono poderiam ter sido uma fonte importante deste elemento essencial que levou à vida como a conhecemos”, disse. Observações adicionais são necessárias para saber se existem muitos outros cometas ricos em carbono na Nuvem de Oort, o que ajudaria a reforçar a teoria de que eles entregaram carbono e outros elementos essenciais à vida, como a água, aos planetas terrestres. “Todos os mundos terrestres estão sujeitos a impactos de cometas e outros pequenos corpos, que carregam carbono e o u t r o s e l e m e n t o s ”, d i s s e Woodward. “Estamos chegando mais perto de entender exatamente como esses impactos nos primeiros planetas podem ter catalisado a vida”.

Norte ©QING-HE ZHANG/UNIVERSIDADE DE SHANDONG/REPRODUÇÃO

Cientistas da Universidade de Shandong, na China, conseguiram registrar de forma inédita a presença de um furacão espacial localizado na atmosfera superior do Polo Norte. O fenômeno de plasma possuía dimensão de mil quilômetros de largura e girou em sentido antihorário por cerca de 8 horas

ininterruptas, de acordo com um estudo publicado no Nature Communications em 22 de fevereiro. O furacão espacial foi identi cado após uma série de observações de imagens de quatro satélites meteorológicos fornecidas em agosto de 2014, que colaboraram para a criação

de um modelo 3D com vários braços espirais plasmáticos e um núcleo solitário, onde é possível identi car a chuva de elétrons e outros detalhes impressionantes do evento. "Até agora, era incerto que furacões de plasma espacial existissem, então provar isso com uma obser vação tão impressionante é incrível," disse Mike Lockwood, cientista da Universidade de Reading e coautor do estudo. "Tempestades tropicais estão associadas a grandes quantidades de energia, e esses furacões espaciais devem ser criados por uma transferência extraordinariamente grande e rápida de energia eólica solar e partículas carregadas para a atmosfera superior da Terra”.


8 BEM-ESTAR

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Benefícios do barbatimão para sua saúde Esse ecaz anti-inamatório e antifúngico pode ajudar bastante a amenizar sintomas e resolver problemas de saúde ©ALEX7021/ISTOCK

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Manjar com calda de chocolate ©GUIA DA COZINHA

1. Ajuda na cicatrização O barbatimão possui uma grande quantidade de taninos, que, resumidamente, têm o papel de proteger a planta. Esses t a n i n o s p o d e m aj u d a r n a cicatrização de feridas, no tratamento de problemas de pele e até de queimaduras leves. 2. Protege suas gengivas e dentes Com as propriedades antibacterianas encontradas no b a r b at i m ã o, u m a d e s u a s utilidades é proteger a saúde bucal. Com o extrato da sua casca

vo c ê p o d e a l iv i ar d ore s e incômodos causados pela cárie e pela gengivite. 3. Auxilia no tratamento de inflamações O barbatimão conta também com propriedades antiin amatórias, aliviando dores de garganta e de estômago. Além disso, ele é capaz de diminuir a acidez do estômago. Portanto, se você sofre de gastrite consulte seu médico sobre o uso dessa planta medicinal. 4. Ajuda a desintoxicar o organismo Se você abusou nas comidas e bebidas durante uma comemoração, o chá de barbatimão pode te ajudar a desintoxicar seu organismo. Além disso, se aliado a outros ingredientes que têm função termogênica (de queimar gorduras), pode acelerar o metabolismo. Dessa forma, ele contribui também para a diminuição do peso. 5. Tratamento de candidíase Outra utilidade do chá de barbatimão é auxiliar no tratamento da candidíase. A planta consegue combater a proliferação dos fungos que causam essa infecção bastante comum e incômoda nas mu l h e re s . S e vo c ê e s t ive r passando por esse problema, experimente usar sabonetes íntimos à base de barbatimão para tratar os sintomas. Um banho de assento também pode aju d a r. Ma s n ã o d e i x e d e

procurar antes um ginecologista. Como fazer e utilizar o chá de barbatimão? Para fazer o chá de barbatimão é recomendado o uso da casca da planta, pois é onde tem a maior concentração de taninos. Você pode fazer também com as folhas, que são ricas em antioxidantes. Após escolher entre as cascas ou as folhas, coloque 20 gramas em um litro de água e deixe no fogo por 10 minutos. Em seguida, apague o fogo e aguarde a bebida esfriar por cinco minutos. Depois é só coar e beber. Contraindicações do barbatimão É necessário tomar alguns cuidados ao consumir o chá de barbatimão. Essa bebida não deve ser ingerida em excesso, pois possui alguns riscos à saúde. Caso você tome uma quantidade exagerada, pode ter problemas na absorção do ferro presente nos alimentos. Gestantes e lactantes não podem consumir esse chá. Apesar de não haver estudos conclusivo, existem for tes indícios de que ele pode induzir o aborto. Pessoas com problemas graves no estômago, como úlcera, também não devem fazer uso desse chá; uma vez que pode potencializar esses problemas. O barbatimão pode ser muito bené co para a nossa saúde, mas o certo a se fazer é consultar um pro ssional de saúde primeiro. Dessa forma, você saberá se pode ou não fazer uso desse chá.

Tomar sol no quarto, com janela aberta, é suficiente para repor vitamina D 10 minutinhos por dia de exposição ao sol já são o suficiente, explica especialista Com recordes diários de mortes por Covid, diversas cidades brasileiras voltaram a aplicar medidas restritivas. A dica de especialistas para este momento é manter a exposição solar: tomar sol no quarto, com a janela aberta ou em uma área aberta do

condomínio ou quintal, já irá repor esta vitamina tão importante para o corpo. Apesar de estar presente em alguns alimentos, de 80% a 90% da produção de vitamina D é obtida a partir da exposição solar, pois os raios ultravioleta

ativam sua produção. O médico Arnaldo Lichtenstein, diretor técnico do Serviço de Clínica Geral do Hospital das Clínicas, explica que “10 minutos diários de exposição ao sol são o su ciente para uma pessoa de pele clara, e não do corpo inteiro,

Q

ue tal preparar uma s obremes a incr ível para o próximo almoço ou jantar em família? Inove nas sobremesas com esta deliciosa receita de manjar com calda de chocolate: fácil de fazer, deliciosa e que vai deixar todos surpresos com tanto sabor!

condensado, o leite de coco, o coco ralado, o açúcar e leve ao f o g o b a i x o, m e x e n d o a t é engrossar. Retire do fogo e

chocolate e a manteiga em banho-maria e misture com o creme de leite até car homogêneo. Desenforme o

Ingredientes 7 colheres (sopa) de maisena 3 e 1/2 xícaras (chá) de leite 1 lata de leite condensado 1 vidro de leite de coco (200ml) 2 colheres (sopa) de açúcar 1 xícara (chá) de coco ralado Raspas de chocolate ao leite para decorar

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020 Calda 170g de chocolate ao leite picado 1 colher (sopa) de manteiga 1/2 caixa de creme de leite (100g) Modo de preparo Em uma panela, dissolva a maisena no leite, adicione o leite

despeje em uma fôrma de buraco no meio de 24cm de diâmetro umedecida. Leve à geladeira por quatro horas. Para a calda, derreta o

manjar em um prato grande, cubra com a calda e decore com raspas de chocolate. Sirva em seguida. Fonte: Terra

de vitamina D varia conforme a época do ano e onde você está. Q uem mora em p aís es d a América do Norte ou da Europa do Norte, durante o inverno, não t e m e x p o s i ç ã o s o l a r”. E l e também explica que “repor a vitamina D, simplesmente por r e p o r, n ã o t e m g r a n d e s implicações médicas. Não vale a pena e o excesso ingerido por complexos vitamínicos é eliminado do corpo”.

©EMILIANO VITTORIOSI/UNSPLASH

Comumente encontrado no Cerrado brasileiro, o barbatimão tem propriedades medicinais que são conhecidas há muito tempo pelos índios. Cascas e folhas são usadas há anos para curar diversos problemas de saúde, mas vale lembrar que é preciso estar atento às contraindicações antes de iniciar seu uso. Se você sofre com in amações recorrentes ou com os incômodos da candidíase, o barbatimão é uma solução e caz. Seu uso pode ser por meio de chás, pomadas ou cremes, dependerá do tipo de t rat amento. Os pro dutos derivados dessa planta medicinal podem ser facilmente encontrados em casas de p r o d u t o s n at u r a i s . Ma s é importante consultar um médico antes de iniciar qualquer tratamento com barbatimão. Veja em quais situações ele pode ajudar.

só uma parte, como braços ou colo. Não se deve usar o protetor solar ou ter o bloqueio de uma janela de vidro.” Importante ressaltar que quanto mais escura a pele, mais difícil é a produção de vitamina D — por isso o tempo de exposição deve ser maior. A localização geográ ca da população também contribui para que as pessoas tenham mais ou menos oportunidades de ativar a produção da vitamina. Os brasileiros são privilegiados, uma vez que moram em um país tropical, onde há sol durante todo o ano, em maior ou menor intensidade.

Lichtenstein explica que “o nível


SAÚDE 9

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Março Lilás: como se prevenir do câncer do colo do útero Realizar exames preventivos e a vacina contra o HPV são os principais métodos para se prevenir o câncer do colo do útero ©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE

O mês de Março, além do Dia I n t e r n a c i o n a l d a Mu l h e r, também serve para a conscientização sobre o câncer do colo do útero. É o terceiro tipo de câncer que mais atinge as brasileiras: foram quase 17 mil no último ano! Por isso, o movimento Março Lilás busca conscientizar sobre a importância dos exames preventivos no diagnóstico precoce das lesões e na importância da vacina do HPV (Papilomavírus humano). "A grande maioria dos casos de câncer do colo do útero está associada à infecção pelo HPV. A evolução para câncer é lenta, por

isso que o rastreamento e a prevenção são tão importantes, já que os exames permitem a detecção precoce de lesões que podem evoluir para câncer se não t r at a d a s a d e q u a d a m e nt e " , explica a Doutora Daniela Franco Leanza, ginecologista e obstetra do Grupo Notre Dame Intermédica. Como a doença é assintomática em seu estado inicial, é fundamental passar com o ginecologista anualmente para avaliação e para fazer os exames de rastreamento, que devem ser iniciados a partir dos 25 anos de idade e repetidos conforme orientação médica. "O Papanicolau é um exame simples, de fácil acesso, e de extrema importância na vida da mulher. Mediante alterações no Papanicolau, o médico vai solicitar um exame mais especí co para visualização e análise do colo do útero, que se chama colp oscopia, com a realização de biópsia da região alterada", explica. Quando a paciente apresenta sintomas como sangramento

entre as menstruações, dor ou desconforto pélvico, sangramento ou dor após a relação sexual ou corrimento persistente, o câncer já pode estar em estado avançado. "O vírus do HPV causa lesões no colo do útero, sendo que muitas se resolvem espontaneamente, sem necessidade de inter venção médica. As lesões préneoplásicas são preocupantes e

precisam de tratamento, pois a evolução destas lesões leva ao c âncer de colo uter ino. O Papanicolau permite o diagnóstico precoce dessas a lt e r a ç õ e s q u e p o d e m s e r tratadas com procedimentos de menor complexidade, com a retirada de uma porção do colo do útero através da conização ou cirurgia de alta frequência (CAF). O exame preventivo evita a doença grave e o tratamento

agressivo, preservando inclusive a capacidade reprodutiva da mulher", acrescenta a doutora Daniela. Em condições mais graves, quando é diagnosticado o câncer, a ginecologista explica que é preciso uma cirurgia mais radical e pode ser necessário realizar radioterapia e/ou quimioterapia. O tratamento depende muito do grau de invasão, podendo ser necessário realizar a retirada total colo uterino, ou ainda a retirada total do útero e do colo do útero. S obre a p ossibi lid ade de prevenção da doença com a vacina do HPV, a Dra. Daniela explica que a imunização contra o vírus já faz parte do calendário vacinal do Ministério da Saúde desde 2014, sendo aplicada em meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14. A vacina do HPV previne as lesões genitais causadas pelo HPV do tipo 6, 11, 16 e 18. O HPV 16 e 18 está relacionado ao câncer de colo de ú t e r o, v a g i n a e v u l v a n a s mulheres e ao câncer de pênis no homem. O HPV do tipo 6 e 11 está relacionado às verrugas genitais em ambos os sexos.

Quase 100 milhões de brasileiros estão com excesso de peso 60,3% da população adulta, ou seja, 96 milhões de brasileiros têm excesso de peso. E isso prejudica, inclusive, na prevenção ao covid-19 ©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE

intervenção cirúrgica. Uma das mudanças de hábitos mais indicadas é iniciar a prática de atividades físicas. "A obesidade é uma das principais doenças que pioram a qualidade e reduz a expectativa de vida, então se seu plano é emagrecer e ter saúde, somente dieta não é su ciente, a prática de exercícios especialmente sob supervisão pro ssional, é essencial para que a perda de peso seja perene e o efeito rebote não venha com tudo", conta. O excess o de p es o p o de prejudicar inclusive na prevenção ao covid-19. Um Dia 4 de março é considerado o Dia Mundial da Obesidade, uma doença grave que algumas vezes não é levada a sério e colocada somente como uma questão de estilo de vida. No entanto, o excesso de peso, que já está presente em 96 milhões dos

brasileiros adultos (60,3% do total), deve ser sempre olhado com muita atenção, ainda mais durante a pandemia, que tende a agravar o problema. Cirurgião do aparelho digestivo, o doutor Rodrigo Barbosa explica que o excesso de

peso é resultado de um desequilíbrio entre a quantidade de calorias consumidas e a quantidade que se gasta e muitos pacientes não conseguem por um m ao sobrepeso utilizando de mudanças de hábitos e dieta, eles realmente precisam de

estudo recentemente um estudo do Instituto de Fisioterapeutas Ocupacionais, na Itália, mostrou que os obesos vacinados com a primeira dose da vacina P zer, produziram por volta de metade dos anticorpos previstos na segunda dose em comparação com pessoas consideradas magras, de acordo com o índice de massa corporal (IMC). Outra alternativa para quem está com excesso de peso é realizar a cirurgia bariátrica. Para Rodrigo, esse grupo precisa buscar ajuda médica, já que a qualidade de vida e a saúde são itens que nenhuma balança ou

ta métrica são capazes de medir. "Esse tipo de cirurgia está indicada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos)", revela.


10 GERAL

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Bromé lias servem de berçá rio para pererecas na Mata Atlâ ntica Pesquisadores da Unesp descobrem uma nova estratégia reprodutiva ao observar a espécie Bokermannohyla astartea ©ALEXANDER LOIDHOLD/PIXABAY

Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual Paulista ( Un e sp ) , e m R i o C l aro, descobriram uma nova estratégia reprodutiva a partir da observação de uma espécie de anuro endêmica e pouco conhecida da Mata Atlântica brasileira, a perereca Bokermannohyla astartea. Nessa espécie, os girinos

iniciam seu desenvolvimento dentro de bromélias e depois seguem para riachos, onde completam o ciclo até a fase adulta. A pesquisa, publicada na revista PLOS ONE, foi conduzida durante o doutorado de Leo Malagoli, atualmente chefe do Núcleo São Sebastião do Parque Estadual da Serra do Mar. A investigação teve apoio da Fapesp por meio dos seguintes

projetos: “Diversidade, distribuição e conservação da herpetofauna do Estado de São Paulo”, “Especiação de anfíbios anuros em ambientes de altitude”, “Diversidade e conservação dos anfíbios brasileiros”, “Novas abordagens de ecologia e conser vação: diversidade logenética e funcional de anfíbios e serpentes da Mata Atlântica brasileira”, “Anfíbios do

mosaico de áreas protegidas do Lagamar: diversidade, conservação e perspectivas” e “ U m a a b o r d a g e m multidisciplinar para o estudo da diversi cação dos anfíbios: fase 2”. Em entrevista à Assessoria de Imprensa da Unesp, Malagoli explica que os anuros se reproduzem por meio da fertilização externa, ou seja, as fêmeas liberam os óvulos na água e, em seguida, os machos liberam os espermatozoides. Após um tempo, os ovos eclodem dando origem aos girinos, que se desenvolvem no meio aquático até a fase adulta. No caso da B. astartea, a fêmea deposita os óvulos no interior de bromélias terrestres localizadas nas margens de riachos. Após a eclosão dos ovos, os girinos permanecem dentro da planta, que ac umu l a águ a em s eu interior, durante os estágios iniciais de desenvolvimento. Já um pouco crescidos, os animais saltam ou são carregados para riachos por fortes chuvas que inundam as bromélias e lá c o mp l e t a m o p r o c e s s o d e m e t a m o r f o s e . “A g r a n d e

novidade do modo reprodutivo que descrevemos é a mudança de um microambiente com espaço e alimento limitados para corpos d'água de maior porte, localizados logo abaixo ou ao lado das bromélias”, explica Malagoli. Para o pesquisador, é possível que os girinos permaneçam nas bromélias durante um período por ser um ambiente mais seguro,

com menos predadores. O artigo, intitulado A new reproductive mode in anurans: Natural history of B o k e r m a n n o hy l a a s t a r t e a (Anura: Hy lidae) with the description of its tadpole and vocal repertoire, ainda descreve outros aspectos da biologia reprodutiva da B. astartea, como comportamento de corte, desova e girinos.

Júlia Lopes de Almeida: a injusta e esquecida saga da escritora brasileira A autora abolicionista foi impedida de assumir o seu lugar na Academia Brasileira de Letras, contudo, a história teve novos desdobramentos recentemente ©WIKIMEDIA COMMONS

Fundada em 1897, sob os moldes franceses, a Academia Brasileira de Letras (ABL) contou com a ilustre colaboração da escritora e abolicionista Júlia Lopes de Almeida. Contudo, embora a memorável autora tenha p ar t icip ado de reuniõ es e contribuído ativamente para a criação da instituição, ela foi esquecida. Renegando o protagonismo e a emancipação feminina, a ABL concedeu um lugar no grupo ao marido da escritora, chamado Filinto de Almeida. Portanto, a cadeira de número 3 passou a ser ocupada pelo seu companheiro, uma vez que a academia não aceitava a participação de mulheres. Nascida em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro, Júlia

Lopes de Almeida mudou-se para Campinas ainda criança. Provinda de uma família de portugueses ricos e cultos, aos 19 anos já escrevia para A Gazeta de Campinas, segundo relatou o site Brasil Escola. Criada por uma família liberal, a jovem mudou-se para Lisboa, em 1886, onde publicou a obra Contos infantis, junto de sua i r m ã , a t amb é m e s c r it or a Adelina Lopes Vieira. Ainda segundo o site, em Portugal, a escritora conheceu o poeta Filinto de Almeida, com quem acabou se casando pouco tempo depois. Aos 24 anos, ela publicou a primeira obra para adultos, intitulada Traços e iluminuras. Ao retornar para o Brasil, em 1 8 8 8 , e l a e s c re ve u a l g u ns

romances, contos, crônicas, ensaios e peças teatrais. C o n s i d e r a d a u m a mu l h e r revolucionária e além do seu tempo, Júlia defendia, ainda, a abolição da escravatura, a proclamação da República e a emancipação dos corpos femininos. Segundo o site da Editora Darkside, a abolicionista realizou inúmeras palestras ao longo de sua vida, a m de conscientizar as mulheres sobre seus papéis de emancipação perante a sociedade misógina da época. A brasileira tornou-se uma das escritoras mais publicadas durante o período da Primeira República (1889-1930). Tal sucesso lhe rendeu visibilidade e a publicação de diversos artigos e

matérias que abordavam direitos iguais entre os gêneros. Em 1889, logo após a Proclamação da República, um grupo de intelectuais começou a planejar a Academia Brasileira de Letras, que foi fundada somente em 1897. De acordo com o Brasil Escola, Júlia Lopes de Almeida foi a única mulher que contribuiu para a criação da ABL. No entanto, seguindo as regras da Académie Française de Lettres, os colegas da escritora votaram contra a sua participação no seleto grupo. Portanto, a cadeira de número 3

foi entregue ao seu marido, Filinto de Almeida. Júlia, por sua vez, veio a óbito no dia 30 de maio de 1934, no Rio de Janeiro, vítima de malária. A revolucionária nunca viu a justiça ser feita, mas deixou um grande legado para a História. De acordo com uma matéria do Jornal da USP, a regra de não permitir mulheres na instituição foi mantida até 1977, até que Rachel de Queiroz foi aceita como a primeira escritora feminina a integrar a academia. Conforme repercutido pela Editora Darkside, em 2017 a ABL reconheceu a injustiça cometida

contra ela. Na época, a autora foi homenageada e incluída como cofundadora. Assim como a carioca, diversas outras personagens femininas da história nacional e internacional tiveram suas histórias silenciadas e esquecidas ao longo da História. Ví t i m a s d o m a c h i s m o e patriarcado, muitas tiveram que lutar e dar suas vidas em prol de uma causa. Contudo, cada vez mais, a luta das mulheres tem ganhado força e histórias como a d e Jú l i a s ã o r e s g a t a d a s e contempladas pelas gerações futuras.


COMPORTAMENTO 11

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Adultos que moram com os pais podem ficar preguiçosos, medrosos e submissos ©ISTOCK

Em alguns países da Europa, como Itália e Portugal, é comum os lhos morarem com ou perto dos pais, mesmo após a maioridade. Nos Estados Unidos já é o contrário, os americanos incentivam sua prole a sair de casa assim que os estudos terminam, para que adquira seu próprio dinheiro e enfrente o mundo. O Brasil mistura os dois cenários, mas a instabilidade econômica tem obrigado cada vez mais famílias a dividirem o mesmo teto. "Para além da questão nanceira, muitos adultos que moram com os pais também são dependentes psicologicamente, e é claro que isso não é bom para eles", diz Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas Ho s pit a l d a Fa c u l d a d e d e Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Segundo o especialista, resolver problemas diários por conta própria traz responsabilidades, resiliência e uma força de personalidade e de caráter necessários — o que seria perdido no caso de quem divide a casa com os pais. Claro que não dá para generalizar e a rmar que todo lho com mais de 20, 30, 40 anos s e encaixa ness a situação. Embora as pontuações de Scocca se baseiem em estudos e observações clínicas, os motivos variam e nem sempre tem a ver com falta de recursos próprios ou de maturidade e autonomia. Há lhos que moram com os pais porque querem companhia ou

ajudá-los, quando doentes, sozinhos e idosos, por exemplo. Morar na casa dos pais não sendo mais criança ou adolescente, porém, implica reconhecer que aquele espaço é uma conquista deles e que, se existem regras, é preciso respeitá-las. Então, se a rotina doméstica inclui arrumar o próprio quarto e dividir todas as tarefas, como lavar a louça, tirar o pó dos móveis e levar o lixo para fora, o lho precisa obedecer ou se pronti car a ajudar. "Se esse adulto não colabora com os afazeres ou despesas, os problemas não são nem futuros, mas presentes, e podem repercutir em di culdades para gerir as próprias nanças, relacionar-se, estabelecer a própria família e até criar lhos", adverte Blenda de Oliveira,

psicóloga e psicanalista pela Sociedade Brasileira de Ps i c a n á l i s e d e S ã o P a u l o (SBPSP). De acordo com ela, nessa situação o adulto não se desenvolve e pode apresentar atitudes ou decisões muito infantis. Ócio demais também produz dé cits de autocontrole e senso de compromisso e colaboração. Assim, apenas ao sair do ninho a pessoa irá sentir as consequências, e o aprendizado pode ser muito difícil caso ela tenha se tornado espaçosa, egoísta, medrosa e sem iniciativa ou ambições. Pais mandões, invasivos ou que fazem escolhas pelos lhos também não colaboram para que eles adquiram autonomia e coragem para sair de casa e, consequentemente, prejudicam

demais sua privacidade relativa ao espaço e emocional. Não aceitar as preferências e o estilo de viver do lho pode torná-lo reprimido, submisso, mentiroso, isolado socialmente, ansioso, estressado, depressivo, insubordinado e agressivo. "O lho terá que conversar e delimitar seu espaço, mas precisa conquistar essa privacidade e autonomia que tanto deseja. É um processo de construção gradual e que envolve tomar uma decisão. Mas não precisa ser abrupto nem violento, com discussões ou brigas", informa Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental — Equilíbrio (Casme), em São Paulo. Claro que a casa sendo dos pais

existem limites e eles não precisam tolerar tudo, mas não é saudável que alguém querendo o bem do próprio lho exija dele que se comporte como uma marionete e que não tenha uma vida social, prazeres, um emprego ou opiniões e vontades próprias. Filhos são criados para um dia tomarem seu rumo e isso signi ca orientá-los e deixar que se descubram, tomem decisões próprias, errem e arquem com as próprias consequências. Se existem pais que controlam lhos que não conseguem se virar sozinhos, há ainda aqueles que procuram dominar os que desejam debandar de vez ou que acabaram de deixar o ninho. Em geral, no bastidor desse cerceamento todo, se esconde uma preocupação excessiva, um sentimento de não ter sido um bom cuidador, medo de se ver sem companhia e ter que se reinventar ou uma distorção de

que o lho não cresceu. "Esse comportamento controlador [somado a chantagens, recursos emocionais] acaba sendo um complemento para desencorajar o lho, e isso aprofunda ainda mais a situação, cando mais difícil sair dessa teia", diz Eduardo Perin, psiquiatra pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Quebrar esse ciclo depende unicamente do lho, que se tiver di culdade para se impor, se esforçar e tomar uma iniciativa, pode buscar a ajuda de um psicólogo. Preparado, se após conversar várias vezes com os pais e explicar a importância desse rito de passagem não funcionar, pode se pedir então o apoio de pessoas próximas da família para tentar convencê-los e já fora de casa demonstrar, na prática, com conquistas, a capacidade de se viver sozinho.

Como dividir os cuidados do idoso com a família de forma leve e sem brigas ©ISTOCK

Cuidar do idoso não deve ser uma tarefa desagradável, de um só da família e de exclusividade feminina. Esse cuidado ainda não cabe apenas aos idosos que são dependentes. Devido às limitações naturais da idade, até os superindependentes devem ser acompanhados de perto. "O idoso, mesmo que consiga fazer tudo sozinho, precisa manter um contato social. Nesse sentido, a família, por gentileza, vínculo, responsabilidade, eventualmente deve oferecer para ele alguma ajuda, seja para algum deslocamento, alguma tarefa, alguma situação penosa", explica Nat an C hehter, ger i at ra d a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). A seguir, mostramos algumas coisas que você e sua família podem fazer no dia a dia para que essa doação de tempo e carinho seja leve e renda bons e agradáveis momentos para todos. Se o idoso não tem autonomia, os familiares precisam conversar e distribuir os cuidados entre si.

Não quer dizer, porém, que todos precisam desempenhar exatamente as mesmas tarefas. Ricardo Nishimori, médico da família na Clínica Personal, da Central Nacional Unimed, e mestre em ciências nutricionais p ela Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica. "É o mesmo princípio usado com crianças. Enquanto um adulto se dedica em cuidar, outro se responsabiliza pelos afazeres domésticos. Com o idoso oriento a manter essa divisão e, quando possível, a inclusão de um familiar responsável ainda pelos cuidados médicos e nanceiros". Envolva os jovens nessa dinâmica. Um neto pode car encarregado de fazer as compras do mês, outro, levar os avós nas consultas, fazer reparos na casa deles. Ou então ensiná-los a usar aparelhos. Se o idoso durante a semana é cuidado por um pro ssional e de sábado e domingo depende dos lhos, eles podem estabelecer um rodízio para desempenhar essa

assistência. Quem mora longe, ou não tem tempo para se dedicar ao idoso, ajuda de outras formas. Não tem desculpa. Mas não adianta a família obrigar e forçar, pois só p i o r a a s i t u a ç ã o. A l é m d a p ossibilidade de contribuir nanceiramente com as despesas, pode fazer compras on-line e oferecer ajuda para esclarecer dúvidas e pesquisar informações e produtos na internet. "Ele também pode buscar um cuidador formal para auxiliar nas atividades do idoso, da casa, e instrumentais, relacionadas ao meio externo", complementa a geriatra Alessandra Fiuza, da Bene cência Portuguesa, de São Paulo. A médica diz que estabelecer um momento do dia para ligar para os avós também é fundamental, mesmo que por alguns minutos e principalmente por vídeo. A questão visual, mesmo por tela, é muito forte para eles, garante. À distância, também dá para ajudar na administração do

dinheiro, veri car se as contas estão sendo pagas antes do vencimento e se o idoso não tem dívidas. Essas dicas mais práticas também servem bem para aqueles f ami l i are s qu e nã o s ã o t ã o ap e g a d o s e m o c i on a l m e nt e . Lembre-se que a família também precisa levar isso em c ons i d e r a ç ã o, a e mp at i a , a a nidade entre o idoso e o possível

cuidador, porque cuidar e dar atenção envolve doação de afeto. "Pensar na divisão de cuidados somente por disponibilidade não é uma fórmula de sucesso a longo prazo. C om o avançar do envelhecimento, as demandas do idoso mudam, podendo até au m e nt a r " , a r m a Va n e s s a Karam, psicóloga da Bene cência Portuguesa, de São Paulo.

"Para a situação não sair do controle, essa conversa sobre cuidados do idoso precisa ser feita logo no início e por mais que dependa da aceitação da família e exija um t rab a l ho lento de convencimento, todo mundo precisa se envolver e ajudar, mesmo não presencialmente", recomenda o geriatra Natan Chehter.


12 OLHAR DE UMA LENTE

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HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Carapina I ou Jardim de Fátima, o que você prefere? P

e a ciclovia, que ter ia e x te ns ã o d o Shoppi ng Mestre Álvaro até o Salesiano, também cou no papel. Era para ter sido

©HAROLDO CORDEIRO FILHO

residente da comunidade Conjunto Carapina I, um dos conjuntos habitacionais mais antigos

©HAROLDO CORDEIRO FILHO

necessidade dos jovens. Ainda na educação, muito em breve, contaremos com um novo Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), que atenderá a nossa comunidade e as

do município da Serra, Alberto Alvarenga, falou um pouco de sua experiência à frente do Centro Comunitário Castro Alves — CCCA, desde 2017. Segundo ele, na gestão anterior ao do atual prefeito, Sérgio Vidigal, conseguiu bastante benfeitorias para a comunidade, entretanto, as principais obras caram a desejar. “As faixas elevadas é

feita, mas o recurso acabou desviado para pavimentar uma comunidade de Jacaraípe como estratégia de campanha política do exprefeito e do vereador Guto L orenzoni, que representava a comunidade na época”, queixa-se. Outra necessidade do bairro é a instalação de outra escola de nível médio, pois, de acordo com

Carapina I, mas que já está empenhando esforços junto a o atu a l pre fe ito p ar a conseguir uma área e solucionar essa lacuna. “Temos o projeto de futsal na nossa quadra do CCCA,

©HAROLDO CORDEIRO FILHO

Alberto Alvarenga

TATI BELING

©HAROLDO CORDEIRO FILHO

comunidades vizinhas, Hélio Ferraz e Bairro de Fátima. Para o nível médio, estamos vendo, junto com o Estado, uma área que ca atrás do colégio Clotilde Rato para construção de uma escola”, explica. No esporte, o presidente um exemplo do que não foi Alberto, “os colégios Dr. relatou que o único bairro feito, apenas a sinalização Hélio Ferraz e Clotilde Rato do município que não conta delas é que foram instaladas já não atendem mais à com um campo society é o

precisando também de manute nç ã o”, l e mbrou Alberto. O presidente, que vem protocolando as demandas comuns da comunidade, disse estar sendo atendido. “Estamos sempre sendo a c o l h i d o s p e l a a d m i n i s t r a ç ã o, a g o r a , quanto às solicitações mais robustas, estou certo também que seremos atendidos. Já conversamos com o coordenador de governo, Neto Barros, e outros secretários e todos eles se colocaram à disposição da população da nossa comunidade”, a rma. “Para nalizar, estamos pensando em fazer uma mu d an ç a n o n om e d o b ai r ro p ar a Jard i m d e Fátima, se a população aprovar é claro. Se concordarem, faremos, se optarem por permanecer com o mesmo nome, continuamos do jeito que está”.

cursos de karatê, artesanato, cozinha, drenagem linfática e o Quali que Espírito S a nt o, d o g ov e r n o d o Estado. Ainda no esporte, no Mirante, contamos com um minicampo que foi feito abaixo do padrão e por isso serve somente para recreação das crianças. A academia popular, a ciclovia e a praça do Mirante estão


BRASIL 13

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A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

BEM PARANÁ

ELLEN CAMPANHARO/ALES

©INTERNET

Escolas Cívico-Militares serão Sérgio Majeski (PSB) realidade na Grande Vitória

Fabiano Contarato (Rede-ES) Educação de qualidade e disciplina são alguns dos objetivos que o Ministério da Educação pretende atingir com a implantação de Escolas Cívico-Militares pelo Brasil. E agora é o cial, os municípios de Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra foram pré-selecionados para o modelo de ensino. A informação foi dada pelo deputado federal e vice-líder do governo na Câmara Evair de Melo que ressaltou a decisão tomada nesta terça-feira (09), pelo Ministério da Educação, que ainda nesta semana divulgará um edital com o próximo passo a ser seguido: o preenchimento dos requisitos necessários para que sejam instaladas as escolas. O deputado federal e vice-líder do governo na Câmara Evair de Melo possui um histórico de articulação junto à Diretoria de Políticas para Escolas Cívico-Militares do Ministério da Educação. O parlamentar se encontrou diversas vezes com o diretor do setor Gilson Passos de Oliveira para articular a execução das escolas nos municípios que haviam solicitado. Em 2020, o parlamentar se reuniu diversas vezes com o Diretor de Políticas para Escolas Cívico-Militares do Ministério da Educação Gilson Passos de Oliveira e realizou uma live para esclarecer dúvidas e explicar como funciona a modalidade. “Acredito no ensino cívico-militar aliado ao ensino pedagógico, que promete formar cidadãos cada vez melhores. O modelo de ensino da educação integral estimula atividades extracurriculares tais como a prática esportiva, atividades culturais, concurs os e olimpíadas de conhecimentos, programas e ações sociais, que ajudam a implementar a tão sempre elogiada, por nossos antepassados e por nós, disciplina. A realização dessas atividades contribui para o desenvolvimento e perspectivas de futuro dos estudantes”, declarou Evair de Melo.

Na Serra, lei específica regulamenta o descarte de entulhos por pessoas físicas ou jurídicas A Secretaria de Serviços da Serra (Sese) vem realizando diversas ações dentro do programa Serra Cidade Limpa e Saudável, que tem como principal meta sensibilizar a população sobre os cuidados ao descartar resíduos, sejam eles reaproveitáveis ou não. Nos primeiros 45 dias do programa, foram recolhidas 23 mil toneladas de entulho, resultado de restos de obras particulares, escavação e limpeza de terrenos, móveis inservíveis e muitos outros resíduos sólidos. Esse volume equivale a 82 caminhões cheios por dia. O que pouca gente observa é que há lei especí ca que regulamenta esse descarte, pontuando os tipos de resíduo, quantidade e modo de descarte e os locais exatos para o depósito desse entulho. A lei 4.764, de 28 de dezembro de 2017 trata da utilização de caçambas estacionárias para coleta e remoção de resíduos da construção civil e volumosos, como geladeiras, sofás, grandes embalagens, peças de madeira e resíduos de poda, além de outras citações.

Contarato apresenta seis projetos em defesa da pauta das mulheres

Mesmo com R$ 5,5 milhões já investidos, obras em Iúna completam seis anos de abandono e sem previsão para conclusão O deputado estadual Sérgio Majeski (PSB) protocolou representação no Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) com pedido de Medida Cautelar em face da Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Pro ssional (Secti) por conta do abandono das obras da Escola Técnica de Iúna. No documento, Majeski solicita a de nição de prazo para que a Secti realize manutenção e obras emergenciais que garantam a preservação das estruturas já construídas; limpeza e cercamento da área total do terreno e inspeção para apurar possível prejuízo econômico, com a devida quanti cação e apontamento dos responsáveis; e apresente cronograma para a retomada das obras. Em nova visita de scalização realizada no local, o parlamentar constatou que o que era para ser o maior polo de geração de conhecimento e formação de pro ssionais do Caparaó Capixaba atualmente só produz mato, lixo e sofre com a depredação. “Em 2016 já havíamos realizado visita de scalização no local e, em 2019, apresentamos indicação ao governo do Estado para a retomada e conclusão das obras. Porém, a constatação é de que nada foi feito ao longo destes anos e a situação só piorou. Esse é mais um caso evidente de desperdício de dinheiro e é fundamental que os órgãos de controle garantam o cumprimento da legislação para que os cofres públicos não sejam lesados”, destaca Majeski. As obras da Escola Técnica de Iúna começaram em 2013 e foram paralisadas em 2016, conforme o Geo-Obras. Desde então estão abandonadas, mesmo com R$ 5,5 milhões já investidos. Com prazo inicial de 420 dias para a conclusão, a estrutura com salas de aula, laboratórios, ginásio e outros espaços já deveria estar recebendo 1.200 alunos de todos os 11 municípios da região, mas o que se vê é apenas destruição e abandono.

No Dia Internacional da Mulher, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) apresentou seis projetos de lei voltados para a pauta feminina. As propostas pretendem, por exemplo, combater a discriminação que a mulher trabalhadora enfrenta por causa da maternidade; prever aumento da licença maternidade; e garantir estabilidade provisória para trabalhadoras temporárias. “Trata-se de data histórica para ser lembrada diariamente por homens e mulheres, na luta por direito à igualdade, ao respeito e a um trabalho digno. Todos nós temos responsabilidade no combate ao feminicídio e à violência doméstica. A construção de uma sociedade igualitária depende de todos, e as mulheres têm em nosso mandato um aliado de primeira hora. O Congresso precisa agir”, frisa Contarato. No pacote legislativo, há, ainda, projetos para inserir na grade escolar a educação sobre a parentalidade responsável; propor maior proteção da mulher no mercado de trabalho; e dar maior responsabilidade do pai no cuidado dos lhos. “Não é novidade o fato de as mulheres terem dupla jornada de trabalho, fora e dentro de casa, de serem sub-remuneradas no mercado de trabalho e de exercerem uma função não remunerada em casa. Segundo o IBGE, no ano de 2019 as mulheres dedicaram quase o dobro de horas semanais aos afazeres domésticos e às tarefas de cuidado de pessoas em relação aos homens”, observa o senador.

ELLEN CAMPANHARO/ALES

Janete de Sá (PMN) Plenário aprovou urgência para matér ia que deb ate com as crianças a violência contra a mulher Na sessão ordinária híbrida desta segunda-feira (8) da Assembleia Legislativa (Ales), o Plenário aprovou requerimento para tramitação em regime de urgência do Projeto de lei (PL) 485/2020, que cria o Programa de Enfrentamento à Violência contra a Mulher na Primeira Infância. O pedido para tramitação prioritária da matéria foi apresentado pela autora da proposta, deputada Janete de Sá, líder (PMN). Com isso, o PL está apto a entrar na pauta de votações desta terça-feira (9) e será analisado em Plenários pelas comissões de Justiça, Segurança e Finanças. A matéria pretende estimular o uso de vocabulário apropriado pelas crianças com objetivo de fortalecer o combate à violência contra a mulher, além de envolver professores e pais de alunos no debate, tratando o assunto de forma adequada para crianças na primeira infância. O texto de ne que uma comissão gestora terá a responsabilidade de tratar o tema com a comunidade escolar e as famílias. Ao falar sobre o Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março, a deputada Janete de Sá destacou que a luta das mulheres passa por um amplo debate. “Por isso, eu defendo que esse momento de re exão deva ser multiplicado pelos demais 364 dias do ano. Sempre que for possível a gente deve estar discutindo sobre o gênero, sobre o convívio, sobre a sexualidade, sobre a violência que a mulher sofre em nossa sociedade”, enfatizou.

Fundão/ES Emenda Supressiva

Nesta segunda-feira (08), os vereadores Sônia Steins (Patriotas), Romenique Borges Simões (Cidadania) e Aelcio Rodrigues Peixoto (Podemos), protocolaram Emenda Supressiva ao Art. 339 do Projeto de Lei nº 008/2021, proposta pelo executivo que dispõe sobre a reorganização da estrutura administrativa do município. A proposta elenca mudança no cálculo de insalubridade e retirada do ticket alimentação do servidor efetivo que estiver afastado por motivos de saúde. Para o presidente do Sindicato dos Servidores Efetivos do município, Leonardo Oliveira, isso é injusto, já que os servidores acumulam mais de 30% de perdas in acionárias nos últimos anos.


14 VARIEDADES

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Regiões tropicais podem Mulheres são ficar inabitáveis com capacitadas e aquecimento, diz estudo levam energia solar para aldeias na Tanzânia Cumprir metas climáticas pode evitar calor insuportável

©NASA.CXC/UNIVERSIDADE DE POTSDAM/L. OSKINOVA

Programa oferece empregos para mulheres em Zanzibar e eletricidade para famílias pobres ©DIVULGAÇÃO

A vida é difícil para as mulheres que vivem em Zanzibar, uma região semiautônoma da Tanzânia formada por um aglomerado de ilhas. Metade da população local vive abaixo da linha da pobreza, e as mulheres têm menos acesso à educação e a chance de ter propriedades e até mesmo conta bancárias. O acesso à eletricidade também é um problema para famílias pobres ou que vivem em zonas rurais, o que aumenta ainda mais os desa os. É o exemplo de Salama Husein, mãe solteira que lutava para ganhar a vida como agricultora. A boa notícia é que um programa está empregando mulheres como Salama, que são treinadas como engenheiras solares e levam luz para comunidades onde não há ligação com a rede elétrica de Zanzibar. Hoje Salama pode ter uma renda estável como engenheira solar comunitária. Entre as mulheres selecionadas pelo programa, muitas não sabem ler ou escrever, são mães solteiras e avós que podem

transformar a realidade das aldeias de pescadores e agricultores onde vivem. Sem eletricidade, muitas famílias usam lamparinas, cuja fumaça pode ser prejudicial à saúde. Além disso, o preço pago pela para na usada no equipamento nem sempre é acessível para as famílias. O treinamento é oferecido por uma empresa social chamada Barefoot College. O treinamento de mulheres se deve ao fato de que elas têm menos possibilidades ou ambições de deixar suas aldeias, seja por condições econômicas ou por laços familiares, e ao concluírem o curso levam os benefícios para as comunidades. Capacitar mulheres é também uma possibilidade de dar a elas um trabalho decentemente remunerado em uma sociedade dominada pelos homens da Tanzânia. As comunidades nas aldeias participantes são convidadas a nomear duas mulheres com idade entre 35 e 55 anos para deixar suas famílias e viajar para

a faculdade. Lá elas são capacitadas como engenheiras solares, independente de ter ou não uma educação formal prévia. Estas mulheres são respeitadas e estão profundamente conectadas com suas aldeias de origem. “Quando você educa uma mulher, você educa uma comunidade inteira”, disse Fatima Juma Haji, engenheira solar da faculdade Barefoot, em Zanzibar. “Q u a n d o v o c ê e d u c a u m homem, ele não ca na aldeia, ele vai embora, mas quando você educa uma mulher, ela volta para sua aldeia e ajuda a melhorar”. Milhões de pessoas no continente africano não têm acesso à energia elétrica e fontes renováveis, não ligadas à rede pública, têm sido a solução para garantir este recurso. De acordo com a Agência Internacional de Energia, o setor de energia renovável deve crescer muito na região, com uma forte demanda até 2022.

Os trópicos podem tornar-se inabitáveis para o ser humano se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado, aler tam os cientistas. Cumprir as metas climáticas mundiais pode evitar que as populações das regiões tropicais enfrentem episódios de "calor insuportável". "O calor extremo, em consequência do aquecimento e cácia. Esse limite é excedido de aquecimento global, os global, é uma questão q u a n d o o d e n o m i n a d o autores alertam que essas preocupante para a crescente termômetro de bulbo úmido regiões podem experimentar população tropical", diz novo (WBGT, a temperatura mais "eventos de calor extremo" nos estudo publicado nessa baixa que pode ser alcançada próximos anos, que podem segunda-feira (8), na revista apenas pela evaporação da exceder o "limite de segurança". cientí ca Nature Geoscience. As condições perigosas e água) indica que a temperatura As re g i õ e s t ropi c ais d o e a umidade do ar ultrapassam "intoleráveis" nos trópicos planeta podem atingir ou podem ocorrer ainda antes do os 35 graus centígrados. mesmo exceder os limites I s t o é , t e m o s u m a limiar de 1,5 grau. De fato, o suportados pela vida humana, temperatura corporal que mundo já aqueceu, em média, devido às alterações climáticas. p er mane ce rel at ivamente cerca de 1,1 grau centígrado nos O aumento do calor e da estável em 37 graus, enquanto a últimos anos, e embora os umidade ameaçam, assim, nossa pele é mais fria para governos tenham prometido, submeter grande parte da permitir que o calor ua. Mas se no acordo climático de Paris, população mundial a condições a temperatura do bulbo úmido manter as temperaturas a 1,5 potencialmente letais. exceder os 35 graus, o corpo grau, os cientistas têm alertado Se não conseguirmos limitar torna-se incapaz de se resfriar. qu e e ss e l i m ite p o d e s e r o aquecimento global a 1,5 grau "Se estiver demasiadamente ultrapassado dentro de uma centígrado, as faixas tropicais úmido, o nosso corpo não década. que se estendem em ambos os Isso tem implicações consegue arrefecer evaporando lados do Equador correm o o suor — é por isso que a potencialmente negativas para risco de se transformar num umidade é importante quando milhões de pessoas — cerca de novo ambiente que atingirá "os consideramos a habitabilidade 40% da população mundial limite da habitabilidade vivem, atualmente, países em umDigital local no quente", disse ao quarta-feira A transmissão no canal da Sedu YouTube, nesta (07), às 14emhoras humana", adverteserá a pesquisa. G u a r d i a n Y i Z h a n g , tropicais, sendo que essa Desenvolvido pela investigador da Universidade proporção deverá aumentar Universidade de Princeton, nos de Princeton que conduziu o para metade da população Estados Unidos, o estudo n o v o e s t u d o . " A s a l t a s mundial até 2050. lembra que a capacidade de o "Po de-s e p ens ar neste temperaturas são perigosas ou ser humano "arrefecer" o seu termômetro do bulbo úmido mesmo letais", acrescentou. c or p o d e p e nd e d e c e r t as Nesse sentido, os especialistas c o m o u m a i m i t a ç ã o d o processo de arrefecimento da pele humana por meio da evaporação do suor - é por isso que é relevante para o stress térmico dos nossos corpos", explicou Zhang. "Quanto mais seco for o ambiente, mais e caz é a evaporação e menor a temperatura do bulbo úmido", acrescentou. A investigação de Princeton centrou-se em regiões tropicais, condições de temperatura e concluíram que o aumento da em latitudes entre 20 graus a t e m p e r a t u r a t e m d e s e r norte do Equador, uma linha umidade do ar. Como explicam os cientistas, limitado a 1,5 grau para evitar que corta o México, a Líbia e há um limite de sobrevivência que as regiões dos trópicos Índia, até 20 graus ao sul, que além do qual uma pessoa já não ultrapassem os 35 graus na passa pelo Brasil, Madagascar e c o n s e g u e r e g u l a r a s u a temperatura do bulbo úmido. o norte da Austrália. temperatura corporal com Considerando o atual contexto

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COTIDIANO 15

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Sororidade é poder: a importância da união entre mulheres Descubra por que a sororidade, apoio mútuo entre mulheres, pode ser uma ferramenta poderosa de transformação social ©ANELISE BENEVIDES/UNSPLASH

Sororidade: a nal, o que isso realmente quer dizer? Se você é mu l her e tem o hábito de acompanhar páginas, grupos e referências feministas nas redes sociais, provavelmente já ouviu falar muito de sororidade por aí. Do latim soror, que signi ca i r m ã , o t e r m o, e m l í n g u a portuguesa, evoca a solidariedade e o apoio mútuo entre as mulheres, como alternativa feminina à fraternidade (frater, em latim, signi ca irmão). O conceito de sororidade começou a tomar forma com os movimentos feministas, sobretudo os norte-americanos, que passaram a se organizar politicamente nas décadas de 1960 e 1970. Para as teóricas e ativistas da chamada segunda onda do feminismo, todas as mulheres, sob o jugo da sociedade patriarcal,

compartilham uma característica comum: elas compõem o "segundo sexo", como estabeleceu Simone de Beauvoir. Contra a opressão imposta ao gênero feminino, a sororidade é eleita pelas feministas da segunda onda como uma ferramenta de defesa e proteção às violências cotidianas, por meio da união entre as mulheres. A primeira obra a ser reconhecida como referência desse feminismo é, j u s t a m e nt e , S i s t e r h o o d i s p owerful ("A s ororidade é poderosa"), antologia publicada em 1970 pela norte-americana Robin Morgan. A p ar t ir de 2010, com o fomento do debate sobre o assunto e a popularização de conceitos-chave das diversas t e or i a s d e t e or f e m i n i s t a , estimulados pela democratização das mídias sociais, a sororidade desponta como fundamento

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ético que sustenta o ideal das relações entre as mulheres do século XXI. Para além da teoria, o conceito alçou novos voos, alcançando meninas e mulheres de idades, class es, cores e trajetórias diferentes. Em 2015, a jornalista Babi S ou z a c r i ou o m ov i m e nto "Vamos juntas?", que não só viralizou nas redes sociais como acabou se tornando um símbolo de sororidade no Brasil. Inspirada pelo medo constante de andar sozinha nas ruas, vulnerável a assédios, abordagens agressivas e perseguições de homens malintencionados, Babi lançou nas redes uma proposta a todas as mulheres: "Quando estiver sozinha, olhe para os lados e procure outra mulher. Por que não vão juntas?". A ideia rompeu as barreiras da internet e rapidamente tomou os espaços públicos da cidade. No Twitter e no Facebook, por exemplo, pipocavam relatos de mulheres que encontraram em outras mulheres a segurança necessária para exercerem, em paz, o seu direito de ir e vir. O movimento deu origem ao livro 'Vamos juntas?', publicado em 2016 pela editora Galera, e inspirou garotas em todo o País a

praticarem a sororidade em suas relações cotidianas. Segundo o Dicionário On-line de Português, o substantivo feminino sororidade é de nido como "relação de irmandade, união, afeto ou amizade entre mulheres, assemelhando-se àquela estabelecida entre irmãs". Buscas pela palavra sororidade também retornam resultados c om o re s p e it o, i g u a l d a d e , empatia e aliança. Em uma cultura que encoraja a rivalidade feminina e a busca por aprovação masculina a todo custo, a sororidade oferece um caminho mais saudável de

conexão entre mulheres, promovendo identi cação e reconhecimento entre pessoas que compartilham problemas semelhantes. É importante destacar que sororidade não é "amar todas as mulheres", e muito menos concordar com elas o tempo todo. Cada uma de nós é única e carrega narrativas, histórias e lutas diferentes. O ideal da sororidade deve ser buscado em consonância com as nuances biopsicossociais que distinguem nossas trajetórias individuais, como classe, raça, identi cação de gênero, etnia, culturas e

múltiplas formas de amar, sentir e perceber o outro e o mundo. Na contemporaneidade, a união entre as mulheres pressupõe mais do que o reconhecimento da condição comum que nos aproxima — o " s e r- mu l he r " — é pre c is o, sobretudo, enxergar também as características que nos distanciam umas das outras. Por isso, praticar a sororidade envolve assumir privilégios, dar voz a mulheres historicamente silenciadas, promover a escuta ativa e, acima de tudo, exercitar diariamente a empatia.

Laços de amizade fazem girafas fêmeas viverem mais As girafas fêmeas desenvolvem laços de amizade semelhantes aos humanos que aumentam sua capacidade de se alimentar e criar filhotes As girafas impressionam por sua beleza e características físicas, podendo chegar a quase seis metros de altura. Elas têm olhos grandes e uma língua de cerca de 40 centímetros de comprimento.

décadas, as populações de girafas diminuíram 30%, s egundo estudo publicado na revista cientí ca e Atlantic. Hoje, restam apenas 111 mil girafas no mundo.

sobrevivência de uma fêmea. Depois de estudar girafas na Tanzânia por cinco anos, uma equipe coordenada por Monica B ond, d a Universid ade de Zurique, na Suíça, combinou

Mas, um estudo recente estudo traz uma conclusão surpreendente e animadora: as fêmeas da espécie podem viver mais e melhor, graças aos laços de amizade que cultivam entre si. Os pesquisadores descobriram que criar relacionamentos próximos com outras girafas, pode aumentar as chances de

informações sobre a vida social de uma girafa, componentes não sociais e dados demográ cos para entender melhor suas ch an c e s d e s o bre v ivê n c i a . “Agrupar-se com mais fêmeas está correlacionado a uma melhor sobrevivência das girafas fêmeas, mesmo com a mudança frequente de membros do grupo”,

©PIXABAY

Su as manchas mar rons na pelagem amarelada são como impressões digitais, servem para de camu agem e diferenciam uma girafa da outra. Mas, a vida destes animais não é fácil. A espécie é ameaçada pela perda do seu habitat, pela caça ilegal e di culdade em encontrar alimentos. Nas últimas três

explica Monica. As girafas fêmeas formam laços sociais semelhantes aos dos humanos, provando ser bené cos por sua capacidade de alimentar e criar seus lhotes. Já as girafas que vivem vidas mais isoladas, no entanto, perdem a oportunidade de aprender sobre fontes de alimento abundantes e predadores próximos. “Parece ser bené co para as girafas fêmeas se conectarem com um número maior de outras e des envolver um s ens o de comunidade maior, mas sem um forte senso de a liação de subgrupo exclusivo” completa a pesquisadora. Os pesquisadores descobriram que quando as girafas fêmeas formaram laços estreitos com outras fêmeas, elas foram capazes de controlar seus níveis de estresse, muitas vezes provocados pelo assédio de girafas machos. Fatores estressantes combinados, como estações chuvosas mais curtas e secas mais longas causadas pela mudança climática, bem como a competição de pastores próximos pelos mesmos recursos

naturais, afetam a sobrevivência das girafas, especialmente seu sucesso reprodutivo. Mas as girafas também sofrem de um risco menos conhecido, chamado de “extinção silenciosa”. E m e n t r e v i s t a à Na t i o n a l Geographic, o especialista em girafas Julian Fennessy diz que a espécie é muitas vezes ignorada por conservacionistas, que focam sua atenção em outros animais ameaçados de extinção na África, como elefantes, rinocerontes e chimpanzés. “As girafas têm

sofrido com uma negligência cientí ca surpreendente”, a rma o pesquisador. Segundo ele, apesar da adoração que desperta, a espécie é pouco estudada e “até os aspectos básicos de suas vidas permanecem misteriosos”. “Este aspecto da sociabilidade das girafas é ainda mais importante do que os atributos de seu ambiente não social, como vegetação e proximidade de a s s e n t a m e n t o s h u m a n o s”, Monica Bond.


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História em quadrinhos retrata língua indígena de sinais HQ está na língua indígena de sinais da etnia terena e em Libras ©DIVULGAÇÃO/UFPR

Uma história em quadrinhos (HQ) retrata, de forma pioneira, a língua indígena de sinais utilizada pelos surdos da etnia terena, anunciou nesta semana a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo a universidade, a obra, produzida por Ivan de Souza, em trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Letras Libras, tem o propósito de fortalecer o reconhecimento e a preservação das línguas de sinais indígenas e é apresentada em formato plurilíngue, sinalizada também na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A UFPR lembra que comunicação por meio da língua materna é importante pois ajuda a manter viva a cultura, a identidade e a história dos povos indígenas. Nas aldeias da etnia terena, localizadas principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, a língua oral terena é amplamente utilizada. Os surdos dessa etnia também se comunicam com sinais diferentes dos pertencentes ao sistema linguístico utilizado pelos surdos no Brasil (Libras). Após diversas pesquisas, especialistas concluíram que esses sinais constituem um sistema autônomo, chamado língua terena de sinais. O trabalho de conclusão do curso de licenciatura em Letras Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) teve início em 2017, quando o estudante pesquisava a história dos surdos no Paraná, na iniciação cientí ca. De acordo com a universidade, todo o p r o c e s s o t e v e acompanhamento de pesquisadoras que já desenvolviam atividades com os terena surdos, usuários da língua terena de sinais. A comunidade indígena também teve participação ativa no desenvolvimento e depois, na validação da obra junto ao seu povo. Para a indígena Maíza Antônio, professora de educação infantil continuar pesquisando o tema é importante para que os próprios integrantes das aldeias entendam melhor os sinais utilizados por parte de seu povo. Indígena da etnia terena, ela trabalha com a língua materna na escola da comunidade. “Nossos alunos têm optado por estudar na cidade, por não est ar mos preparados para recebê-los em nossa escola. Essa história em quadrinhos servirá como material didático para trabalharmos com os alunos surdos e como incentivo para que nós, professores, busquemos novas ferramentas de ensino nessa área”, disse, em entrevista ao site da UFPR.

Souza e os especialistas que o auxiliaram no projeto também desenvolveram um "sinalário", isto é, um registro em Libras dos principais conceitos apresentados na narrativa visual e um glossário plurilíngue abrangendo palavras utilizadas no dia a dia da comunidade. “Levantamos os vocabulários que mais se repetiam e organizamos em uma planilha. Depois buscamos localizar os sinais já existentes em sites e aplicativos. Filmamos os sinais e disponibilizaremos esse material no YouTube, com o objetivo de expandir o conhecimento sobre as línguas sinalizadas e de minimizar a

barreira linguística”, explica. De acordo com o autor, o trabalho tem relevância para os indígenas da comunidade terena e de outras etnias e para a sociedade em geral. “Esse é mais

um material disponível para os terena ensinarem sua história de forma acessível a ouvintes e surdos. É importante também para mostrar à sociedade como existem povos, culturas, identidades e línguas diferentes no país. E que essa diversidade precisa ser respeitada, preservada e valorizada”. O jovem escritor tem esperança de que o trabalho possa despertar a sensibilidade para com os povos indígenas e para as demais línguas de sinais presentes no Brasil. Outro objetivo do autor é que, com o reconhecimento dessas línguas autônomas de sinais, torne-se possível que surdos indígenas

Segundo a UFPR, além de possibilitar a disseminação e a preservação da língua terena de sinais, a história tem o propósito de evidenciar a cultura e a h i s t ór i a d e s s e p ovo. O estudante cita uma das pesquisadoras que trabalhou com ele nesse projeto para de nir o que pensa sobre o tema. “Cada língua re ete um modo de ver o mundo, u m m o d o d i f e re nt e d e pensar. Se perdemos uma língua, perdemos possibilidades, perdemos a c a p a c i d a d e d e c r i a r, imaginar, pensar de um modo novo e talvez até mais adequado para uma dada situação”, indica Priscilla Alyne Sumaio Soares em sua tese de doutorado intitulada Língua Terena de Sinais. “Só podemos preservar aquilo que é registrado e esse é um dos nossos objetivos, preservar uma pequena parte da história do povo terena por meio da HQ”, a rma Souza. A obra Sol: a pajé surda ou Séno Mókere Káxe Koixómuneti, em língua ©DIVULGAÇÃO/UFPR terena, conta a história de uma mulher indígena surda tenham, de fato, o direito de anciã chamada Káxe que exerce serem ensinados em sua língua a função religiosa de pajé materna garantido, assim como (Koixómuneti) em sua apregoado na Constituição comunidade. Ao ser procurada Federal. Ele pretende distribuir a para auxiliar em um parto e após HQ em escolas indígenas. ©DIVULGAÇÃO/UFPR

pedir a benção dos ancestrais para o recém-nascido, o futuro do povo terena é revelado e transmitido a ela em sinais. “A história mostra um pouco da rica cultura desse povo, as situações, consequências e resistência após o contato com o povo branco”, revela Souza. Inspirada na história real do povo terena, a narrativa apresenta a comunidade em uma época em que ela ainda vivia nas Antilhas e era designada pelo nome Aruák. A pajé Káxe, procurada por uma mulher em trabalho de parto, ajuda no nascimento do pequeno Ilhakuokovo. A partir daí, a obra ilustra um pouco da trajetória desses indígenas e da sua instalação em território brasileiro. Buscando caminhos que levasse aos Andes, em meados do século XVI, os espanhóis estabeleceram relações com os terena, à época chamados de Guaná, na região do Chaco paraguaio. A chegada dos brancos acarretou muitas mudanças nas vidas dos indígenas, que procuraram, durante certo período, locais onde pudessem exercer seu modo de vida sem a in uência da colonização. Assim esse povo chegou ao Brasil, no século XVIII, e se instalou na região do Mato Grosso do Sul. Mesmo em outras terras, os con itos trazidos pela colonização ainda eram um problema. A Guerra do Paraguai envolveu os terena, que foram forçados a participar para garantir seus territórios e, no con ito, perderam muitos membros de sua comunidade. Ap ó s a g u e r r a , q u e s t õ e s territoriais continuaram c au s a n d o e m b at e s . Ne s s e período, os terena se viram obrigados a trabalhar nas fazendas da região, situação que o c asionou a s er v id ão dos indígenas. Segundo a UFPR, com informações da Comissão Próíndio de São Paulo, algumas famílias dessa população indígena se mantiveram às margens das fazendas, ocupando pequenos núcleos familiares irredutíveis à

c o l on i z a ç ã o. For a m e s s a s ocupações que, regularizadas no início de século XX, formaram a s R e s e r v a s In d í g e n a s d e Cachoeirinha e Taunay/Ipegue. A orientadora do trabalho e coordenadora do projeto de pesquisa institucional HQs Sinalizadas, Kelly Priscilla L ó ddo C ezar, destaca que trabalhar com diferentes línguas envolve conhecimentos históricos com e sem registros escritos." É necessária uma grande entrega à pesquisa e o Ivan fez isso com louvor. Além de encantar o povo terena com a HQ, os pesquisadores participantes e colaboradores se encantaram com seu empenho e s u a au t o n o m i a i nv e j áv e l , permeados de humildade”. As ilustrações da HQ foram feitas por Julia Alessandra Ponnick, que é acadêmica do curso de Design Grá co da UFPR, autora, ilustradora e roteir ist a de histór ias em quadrinhos. A defesa do TCC de Souza está agendada para o nal de março, com o lançamento o cial da história. O projeto da UFPR HQs Sinalizadas trabalha com temas transversais dos artefatos da cultura surda — história, língua, cultura, saúde. O objetivo é criar, aplicar e analisar histórias em quadrinhos sinalizadas como uso de sequências didáticas bilíngues para o ensino de surdos. Além da elaboração de materiais bilíngues capazes de auxiliar na aprendizagem, a proposta permite aprofundar os estudos linguísticos como prática social. Todas as HQs produzidas pelo g r up o apre s e nt a m v í d e o s sinalizados, desenhos, ilustrações e escrita do português. “Essas linguagens podem ser utilizadas, especialmente, quando a proposta destina-se a contemplar os temas transversais como ética, orientação sexual, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, trabalho e consumo, congregando professores e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento”, sugere Kelly.


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