Jornal Fatos & Notícias 414

Page 1

ANO XI - Nº 414 Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia 30 A 31 DE MARÇO/2021 SERRA/ES

Distribuição Gratuita

©SHUTTERSTOCK

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA

8 Se você está em busca de uma receita diferenciada, que tal este medalhão de bacalhau incrível? JORGE PACHECO Pág. 8

8 Em audiência no Congresso, Queiroga pede voto de con ança, defende máscara e diz que não é almoxarife Pág. 5 ANA LUCIA

8 Hoje vou falar de mim.

Estou completando 60 anos, ou 21.900 dias. Como o tempo passa... Pág. 11

HAROLDO CORDEIRO FILHO

8 Projeto cria auxílio de R$ 2 mil para restaurantes, bares e lanchonetes Pág. 12

No México, professor improvisa aula em caminhão Pág. 4

50% dos pais não vacinaram filhos contra a meningite

Vila utuante em Amsterdã tem 46 casas sustentáveis

FOTO: JOEL SARTORE/NATIONAL GEOGRAPHIC

A meningite é uma doença contagiosa e com alta taxa de morte, principalmente em crianças e idosos Pág. 9

Embraer levanta voo de carro voador elétrico Restos de templo “perdido” do Faraó Elefantes-africanos estão Ptolomeu I são encontrados no mais próximos da Egito extinção, revela relatório Pág. 6

©GETTY IMAGES

©DIVULGAÇÃO/MUSEU EGÍPCIO DE BARCELONA

Uma novidade impressionante foi revelada por arqueólogos que trabalharam em escavações no Egito. Conforme anunciado pela agência de notícias AFE, uma missão arqueológica do Museu Egípcio de Barcelona foi capaz de identificar parte do templo do faraó Ptolomeu I no valioso sítio arqueológico de Kom el-Ajmar Sharuna Pág. 7

A caça para venda de marfim ameaça o animal e financia o grupo terrorista Boko Haram. A destruição do habitat do animal é outra ameaça determinante Pág. 2

©SCHOONSCHIP/ISABEL NABUURS

Resultado de uma parceria entre moradores e arquitetos, o Schoonschip (navio limpo, em holandês) é um bairro com 46 casas utuantes e sustentáveis que servem de moradia para cerca de 100 pessoas Pág. 16

Terapias sem remédio podem tratar depressão em pessoas com demência, diz estudo ©ISTOCK

Terapias não medicamentosas se mostraram e cazes no tratamento da depressão em pessoas com demência, segundo um estudo publicado no periódico BMJ Pág.14

Reino Unido pretende substituir parte de soldados humanos por robôs Pág. 6


2 MEIO AMBIENTE

30 A 31 DE MARÇO/2021

O elefante-africano está à beira da extinção: essa é a conclusão do relatório publicado recentemente pela União Internacional para a C o n s e r v a ç ã o d a Nat u r e z a (IUCN, em inglês) e estabelecido a partir de uma nova contagem do animal no continente. Se em levantamentos anteriores os elefantes encontrados eram considerados de uma única espécie, a nova contagem separa o animal em dois tipos diferentes — e ambos estão severamente ameaçados de desaparecer da natureza. Enquanto os elefantes-dasavana (Loxodonta africana, em sua nomenclatura cientí ca) viram sua população reduzir em 60% nos últimos 50 anos — e ser classi cada como uma espécie “em perigo” — os elefantes-daoresta (Loxodonta cyclotis), menores e comumente encontrados na selva da África Central e Ocidental, desapareceram em cerca de 86% ao longo do mesmo período, e se encontram na lista vermelha, entre as espécies mais

©GETTY IMAGES

Elefantes-africanos estão mais próximos da extinção, revela relatório ilegalmente dos animais é quase todo revendido para a Nigéria, e ajuda a nanciar o Boko Haram, braço do Estado Islâmico que atu a nFurcifer a Á f r i c a O c i d e nt a l , Camaleão principalmente na Nigéria, em labordi Chade e nos Camarões. “Por isso, e st a é me s mo u ma g u e r r a transfronteiriça contra o crime org an i z a d o e até c ont r a o terrorismo”, a rma White. “Transformámos biólogos em guerreiros, transformámos pessoas que se juntaram para

nacionais, em soldados que foram para a guerra para garantir a sobrevivência dos elefantes”, diz o ministro, elencando algumas medidas de conser vação tomadas no país, como a criação de reservas e santuários, vem trazendo bons resultados. “Precisamos acabar urgentemente com a caça e garantir que habitat seja su ciente para que os elefantes da oresta e da savana sejam conservados”, a rmou Bruno ©GETTY IMAGES

ameaçadas. Segundo a estimativa, no início dos anos 1970 existiam cerca de 1,5 milhão de elefantes por toda África: em 2016 esse número havia caído para 415 mil. 86% da população dos elefantes-da- oresta desapareceu nos últimos 50 anos. Ta l q u e d a s e a c e n t u o u especialmente a partir de 2008, p or cont a de um aumento

sensível na caça ao animal, a m de retirar e vender seu mar m: o pico de tal prática se deu em 2011, mas a ameaça segue até hoje. A invasão e destruição de seu habitat é outra ameaça crescente: atualmente os elefantes ocupam somente 25% de seu território original no continente africano, em queda que acompanha o ritmo do

desaparecimento do maior animal terrestre do planeta.

Venda de marfim financia o terrorismo Segundo Lee White, ministro da Água e Florestas do Gabão, um dos países que mais concentra populações de elefante no mundo, o mar m retirado

observar os elefantes e trabalhar na natureza, nos parques

Oberle, diretor-geral da IUCN.

Estudo da Nasa mostra que a Terra hoje está mais verde do que há 20 anos em Chicago em 2019 ou os incêndios orestais na Austrália, por exemplo. Apesar de tudo, ainda existem boas notícias relacionadas ao meio ambiente. De acordo com um estudo da Nasa, liderado pelo

médico da Universidade de Chicago, Chi Chen, a Terra atualmente está mais verde do que há 20 anos. Com ajuda de ferramentas da agência espacial, a equipe de Chen descobriu que, entre 2000 e

©NASTCO/ISTOCK

A ação humana acelerou signi cativamente o aquecimento global. Isso é cada vez mais evidente, devido aos fenômenos ambientais impressionantes dos últimos anos, como as geadas históricas

Jacutinga

2019, a quantidade de espaços verdes cresceu 5%, ou seja, um aumento de três milhões de quilômetros quadrados. O estudo explica que o re orestamento no mundo teve o maior aumento nas últimas décadas, mas ainda é necessário um grande esforço de todos os países, já que apenas duas nações

foram as que registraram um terço do aumento: China e Índia. Depois de analisar as imagens obtidas ao longo de 20 anos, a equipe descobriu que gradualmente mais áreas com árvores apareciam, com um crescimento que ultrapassava 2,3% por década. De acordo com o estudo, os demais países que

contribuíram com ações de re orestamento e que apresentaram aumento de áreas verdes são: as nações da União Europeia (6%), Canadá (5%), Rússia (3%), Austrália (3%), Estados Unidos (2,5%) e México (2,4%).

Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3086-4830 / 99664-6644 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES

Filiado ao Sindijores

CNPJ: 18.129.008/0001-18

"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor"

Circulação: Grande Vitória, interior e Brasília

Os artigos veiculados são de responsabilidade de seus autores


CULTURA 3

30 A 31 DE MARÇO/2021

Antes da polícia, antigas civilizações contavam com soluções nebulosas

Semana de Arte Moderna de 1922 ganha ciclo de debates gratuitos Encontros serão on-line — de março a dezembro — com a proposta de levar uma revisão crítica. A iniciativa é do Instituto Moreira Salles, MAC USP e Pinacoteca

Desde que o homem passou a viver em sociedade, surgiu a necessidade de algum tipo de controle da ordem pública

©REPRODUÇÃO

A Semana de Arte Moderna é tema do ciclo de debates 1922: modernismos em debate, que acontece entre março e dezembro de modo on-line. Os encontros serão realizados uma vez ao mês e terão a participação de 41 convidados. A atividade é organizada em conjunto, de forma inédita, pelo Instituto Moreira Salles (IMS), pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e pela Pinacoteca de São Paulo, e se propõe a promover uma revisão crítica da Semana, contextualizando-a historicamente e examinando outras manifestações similares em diversas partes do País. O programa inclui debates nas quatro áreas representadas no evento modernista: arquitetura, a r t e s p l á s t i c a s , mú s i c a e literatura. Além disso, tratará de investigar os motivos históricos e culturais da ausência da fotografia e do cinema na Semana. Outros pontos de reflexão serão o interesse de m o d e r n i s t a s p e l a c u ltu r a popular e os discursos nacionalistas que emergiram no período e tiveram desdobramentos políticos e ideológicos de espectro variado. O primeiro encontro, Histórias da Semana: o que é preciso rever, aconteceu nesta segunda (29) e teve a participação das pesquisadoras Ana Paula Cavalcanti Simioni, Ivana Ferrante Rebello, Regina Teixeira de Barros, além do pesquisador Frederico Coelho e da historiadora e crítica de arte Aracy Amaral. O evento será transmitido gratuitamente pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições.

©DIVULGAÇÃO

FOTO: REPRODUÇÃO

Os guardas do Império Romano garantiam a ordem pública 17, quando, em 1667, o Rei Luís XIV criou a gura do tenente de polícia para vigiar as ruas de Paris. O primeiro nomeado foi Gabriel Nicolas de La Reyne, que reorganizou todas as patrulhas existentes na capital francesa. Antes dele, esses grupos eram dispersos e formados basicamente por comissários, arqueiros e agentes. O modelo de polícia moderna, como conhecemos hoje, é relativamente recente, e surgiu no século 19, na Inglaterra. Em 1829, Sir Robert Peel, secretário do Interior do Reino Unido, propôs a criação de Polícia Metropolitana de Londres. O objetivo de Peel era criar uma corporação para combater o crime nas ruas, proteger os cidadãos e manter a ordem na capital inglesa, que vivia um período de grande desordem urbana em virtude do crescimento da cidade na época da Revolução Industrial, com problemas que iam de brigas em t av e r n a s at é a s s a s s i n at o s , passando por pequenos crimes, como furtos e roubos em residências. Até hoje, os policiais britânicos são conhecidos entre a população por bobbies, que é uma homenagem ao primeiro nome de Robert Peel.

E no Brasil? No Brasil, a necessidade de policiamento surgiu logo no início da colonização, em 1530. Registros históricos apontam que D. Jo ão III ordenou ao colonizador Martim Afonso de Sousa que organizasse os primeiros serviços de proteção, justiça e ordem pública na colônia. Os primeiros modelos policiais brasileiros seguiram o português, com as funções judiciais e policiais exercidas juntas. A estrutura era composta de guras como o alcaide-mor (juiz com atribuições militares e policiais), o alcaide (que organizava as diligências para a prisão de criminosos), o quadrilheiro (homem que hoje seria o guarda policial) e o meirinho (antigo o cial de justiça). A modernização da polícia brasileira ocorreu com a chegada da Família Real, em 1808, quando o rei D. João VI criou o cargo de Intendente-Geral de Polícia da Corte. A partir daí, houve uma série de modi cações na estrutura policial nacional, chegando ao estágio que conhecemos hoje, com os setores judiciário e policia completamente independentes entre si e cada estado da nação legislando e cuidando das suas polícias. (AVENTURAS NA HISTÓRIA)

perceber o significado e alcance de outras manifestações do m o d e r n o n o B r a s i l”. A n a Gonçalves Magalhães, diretora do MAC-USP, destaca que um dos objetivos dos encontros “é trazer para discussão pontos cegos: há coisas que deixamos de ver, e outras que não foram tratadas, e que são problemáticas para a Semana”, diz, citando como exemplo o que acontecia nas regiões Norte e Nordeste do País na época. “Quando a Semana de 22 emerge, tínhamos acabado de sair do ciclo da borracha, que fez com que Manaus fosse quase uma cidade cosmopolita no século 20. Que cidade é aquela, quem são os atores ali? Há colegas que estão trabalhando sobre isso já há alguns anos, vamos ouvi-los”, pontua a diretora. O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da S emana de Ar te Mo derna justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride. LUCIANO DANIEL

Foto Antiga do ES

©ALTAIR MALACARNE/ESTADO DO ESPÍRITO SANTO (BR), MEMÓRIA/FACEBOOK

D

urante muito tempo, o controle da ordem pública era feito pelo Exército, pelas guardas dos a nt i g o s i mp é r i o s , c o m o o romano, o grego e o egípcio, ou até mesmo pela própria população. Na Roma Antiga, os magistrados davam às vítimas (ou a seus familiares e amigos) o procedimento investigatório do crime. Eles podiam ir ao local, colet ar provas, lo ca lizar o criminoso e ouvir testemunhas, apresentando depois os resultados para o julgamento pelas autoridades. A prática, chamada de inquisitio, é considerada a origem do inquérito policial como conhecemos hoje. Durante a Idade Média, o príncipe detinha um poder chamado jus politiae, que lhe dava plena autonomia, junto com os seus exércitos, para garantir a ordem pública na sociedade civil. Ou seja, quem não andasse na linha poderia acabar nas masmorras medievais. O termo “polícia” tem origem no grego polites, que dava nome aos cidadãos participantes das tarefas administrativas, políticas e militares da polis (cidade-estado grega). Tanto é que a palavra também deu origem ao termo “política”. O policiamento organizado das ruas remonta à França no século

Participam pesquisadores de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, artistas contemporâneos também marcarão presença para discutir o teor ideológico presente na representação de corpos negros e indígenas nas obras do período. Para Heloísa Espada, curadora do IMS, a Semana de 22 não representa tudo o que ocorreu em termos de modernismo no Brasil. “Queremos mostrar ao público que ela na verdade é um dos eventos, que é preciso p erceb er que muit a cois a importante aconteceu fora do Sudeste”, destaca a curadora. Segundo Fernanda Pitta, curadora da Pinacoteca, trata-se de pensar a Semana de maneira “menos paulistocêntrica e mais plural. Queremos 'provincializar' a semana e

Ruínas da antiga senzala do Convento da Penha (Vila Velha/ES), construídas com óleo de baleia, conchas trituradas e pedras — Foto de 1926


4 EDUCAÇÃO

30 A 31 DE MARÇO/2021

O desmonte do sistema educacional ©CPERS SINDICATO

Há dois anos e três meses, o processo de desmontagem da área técnica de setores essenciais da administração pública federal continua em marcha acelerada. As três últimas iniciativas nesse sentido ocorreram no setor educacional. No começo do mês, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, nomeou, como coordenadora de materiais didáticos da pasta, uma professora que prometeu valorizar mais uma “perspectiva conservadora cristã” do que as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que determinam o que as escolas devem ensinar. Em seguida, o MEC lançou o edital para a compra dos livros didáticos que serão usados nas escolas públicas a partir de 2023, excluindo itens que exigiam respeito à diversidade. E agora, no m do mês, Ribeiro tomou a decisão de realizar a próxima prova de alfabetização sem a participação dos técnicos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Para implementar essa medida, a pasta lançou 11 editais para a contratação de 20 consultores externos para trabalhar na reformulação do exame para alunos do 2º ano do ensino fundamental. Essa é uma tarefa do Inep. C om questões de português e matemática, a prova faz parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Segundo os editais, os

consultores externos prepararão as perguntas com o objetivo de avaliar a aptidão dos estudantes para “relacionar fonema como uma representação escrita” ou a “habilidade de leitura de frases simples na ordem direta e na voz at i v a”. O s e d it a i s t a m b é m a rmam que a metodologia a ser utilizada será “voltada para a literacia e a numeracia”, ou seja, está relacionada ao método

fônico de alfabetização. Apesar de ser considerado ultrapassado pelos pedagogos e de ignorar as diretrizes da BNCC, esse método tem sido defendido pelos grupos conservadores incrustados no MEC desde o início do governo. Segundo eles, ele é o mais adequado para combater o método de Paulo Freire de alfabetização, que está dividido em três fases. Na primeira fase, professor e aluno procuram, no universo vocabular da sociedade onde vivem, as palavras e os temas centrais de suas vidas. Na segunda, codi cam e descodi cam esses temas, com o objetivo de identi car seu signi cado social. Na terceira,

desenvolvem uma visão crítica. Na indigente mentalidade dos bolsonaristas, essa “visão crítica” é doutrinação comunista. O motivo que levou Ribeiro a afastar o Inep da elaboração da próxima prova de alfabetização é o fato de que os técnicos do órgão sempre classi caram como “asneira” as críticas de Bolsonaro a Paulo Freire. Entre outras atribuições, o Inep de ne os critérios de avaliação da educação e prepara as provas. Além de alegar que já vinham formulando questões para essa prova, os técnicos do órgão a rmam que os editais do MEC são vagos, o que levanta a suspeita de que a pasta já sabe quem vai contratar, com base em

critérios ideológicos. Em seu embate com o Inep, Ribeiro indicou um coronel da Aeronáutica para che ar a diretoria do órgão responsável pelo Enem e tirou a responsabilidade do Inep pela reformulação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em resposta, os técnicos do órgão disseram que a mudança do per l da prova de alfabetização esvaziará a credibilidade do Saeb. E como essa avaliação ajuda a compor o Ideb, que dá uma espécie de nota para cada escola e rede de ensino, o sistema de avaliação será desmontado. Também acusaram o governo de esvaziar o Inep. E lembraram que os novos dirigentes indicados por Ribeiro para o órgão e para o MEC não têm preparo para lidar com “uma miríade de controvérsias técnicas, desa os orçamentários, di culdades logísticas e escassez de pessoal”. C om a i d e o l o g i z a ç ã o d o ensino, o esvaziamento do Inep e o desmonte do sistema de avaliação, o governo não só está condenando as novas gerações ao obscurantismo, como também nega ao País a formação de capital humano de que precisa para crescer e reduzir as desigualdades socioeconômicas.

Professor improvisa aula Sedu promove em caminhão e leva Seminário Estadual educação a comunidades remotas do Pacto Pela Aprendizagem no Espírito Santo ©TWITTER @VICKOLVERA

©ASCOM SEDU

Em meio aos desa os provocados pela pandemia do novo coronavírus, levar aprendizado a estudantes em condições remotas, e em situação de vulnerabilidade social, tornou-se uma verdadeira odisseia educativa não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Um exemplo é o professor mexicano, Salvador Olvera Marín, que transformou seu caminhão em uma sala de aula móvel. O professor, que vive em La Sierra de Querétaro, zona rural próxima à Cidade do México, passou a percorrer a região desde o segundo semestre do ano passado. As aulas presenciais estão suspensas no país desde que

os números de casos aumentou vertiginosamente. Recentemente, o México se tornou o terceiro país com o maior número de vítimas da covid-19, ultrapassando 300 mil óbitos. A história ganhou repercussão nas redes sociais quando o professor foi fotografado em sua sala de aula improvisada. Na car ro cer ia do caminhão, Salvador instalou uma lousa e, respeitando as orientações de distanciamento, passou a ensinar estudantes de diferentes vilarejos que não têm acesso à internet. Tão rápido quanto ganhou destaque nas redes sociais, o trabalho de Salvador também

obteve reconhecimento das aut or i d a d e s m e x i c a n a s . O professor foi homenageado pela Comissão de Educação e Cultura do Congresso do México, que destacou o seu trabalho como um exemplo de dedicação em tempos de pandemia. Em entrevista à imprensa local, o professor ressaltou a importância de ações que estão ajudando a democratizar o acesso à educação. “Não é o mesmo desempenho de quando você está presencial na escola, mas, para mim, é muito satisfatório que as crianças estejam progredindo. Seria pior se não zéssemos nada”, a rma.

A S ecretaria da Educação (Sedu) promove, nesta quartafeira (31), das 9h30 às 11h30, o Seminário Estadual do Pacto Pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes), que será transmitido pela plataforma Zoom. Participam do debate o secretário de Estado da

Educação, Vítor de Ângelo; o coordenador do Paes no Espírito Santo, Saulo Andreon; a vicegovernadora do Ceará, Izolda Cela; e o deputado federal pelo Ceará, Idilvan Alencar. O Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes) é uma iniciativa do governo do Estado,

com o objetivo de fortalecer a aprendizagem das crianças desde a Educação Infantil até as séries finais do Ensino Fundamental, desenvolvida a partir do estabelecimento de um regime de colaboração entre o Estado e as redes municipais de ensino.


POLÍTICA 5

30 A 31 DE MARÇO/2021

Jorge

Analista Político

Pacheco

Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista jorgepachecoindio@hotmail.com

“A educação é uma força libertadora, e na nossa idade é também uma força democratizante, atravessando as barreiras das classes sociais, suavizando as desigualdades impostas pelo nascimento e outras circunstâncias”, Indira Gandhi ©REUTERS

©ISAC NÓBREGA/PR

Bolsonaro troca seis ministros do governo; veja lista

A audiência foi realizada de forma remota. Queiroga usou máscara durante sua participação, feita ao lado de assessores em uma sala do ministério.

O Palácio do Planalto anunciou, nesta segunda-feira (29), que o presidente Jair Bolsonaro fez uma reforma ministerial e trocou seis ministros no primeiro escalão do governo. As informações são do G1. Houve uma troca entre ministros que já fazem parte do governo, como Luiz Eduardo Ramos saindo da Secretaria de Governo e assumindo a Casa Civil, Walter Braga Netto, que passa assumir o Ministério da Defesa e André Mendonça, que reassume a AdvocaciaGeral da União. As mudanças aconteceram após o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pedir demissão depois de uma discussão com a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Veja quem são os novos ministros: Casa Civil da Presidência da República: Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo; Ministério da Justiça e Segurança Pública: delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; Ministério da Defesa: general Walter Souza Braga Netto, atual chefe da Casa Civil; Ministério das Relações Exteriores: embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira atualmente lotado no cerimonial do Itamaraty; Secretaria de Governo da Presidência da República: deputada federal Flávia Arruda (PLDF); Advocacia-Geral da União: André Mendonça, que já che ou a AGU no início do governo e está atualmente no Ministério da Justiça.

Queiroga pede voto de confiança, defende máscara e diz que não é almoxarife Na primeira audiência no Congresso após assumir o cargo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pediu um “voto de con ança” aos parlamentares, d e fe nd e u o u s o d e m á s c ar a e o distanciamento social para conter o avanço do novo coronavírus. Em audiência pública na comissão da covid19 do Senado, Queiroga a rmou ter “carta branca” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para escolher uma equipe técnica na pasta.

Desde o início da pandemia de covid-19, ele é o quarto ministro do governo Bolsonaro a assumir o comando da pasta. O médico cardiologista se de niu como um jogador de futebol escalado aos 45 minutos do segundo tempo para cobrar um pênalti e forçar o jogo à prorrogação. Queiroga reforçou o cronograma do governo de ter 535 milhões de doses da vacina até o m do ano. Ele a rmou que a meta é disponibilizar a maior parte dos imunizantes nos próximos três meses. “Se todos os brasileiros usassem máscaras, teríamos efeito quase igual ao ©AFP AJUFE

da vacinação. Usar máscara é uma obrigação de todos os brasileiros”, disse. Cobrado para disponibilizar insumos e leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o ministro prometeu esforços para viabilizar a importação de insumos para intubação em 15 dias, mas cobrou u m a org an i z a ç ã o d o s E st a d o s e municípios. “O ministro da saúde não pode ser o AGR, o almoxarife-geral da República só pra estar cuidando dessa agenda”, declarou. “Não é só jogar a b omb a a qu i pr a ge nte, te m qu e participar. Vamos compartilhar as responsabilidades. O Ministério da Saúde não pode car só enxugando gelo”.

Depois de receber ameaças, Doria vai morar no Bandeirantes Governador de São Paulo vai deixar temporariamente a sua casa no Jardim Europa O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passará a morar, pelo menos

temporariamente, no Palácio dos Bandeirantes por causa dos constantes protestos em frente à casa dele, no Jardim Europa (zona oeste da capital), e das ameaças que vem recebendo. A situação se agravou após o endurecimento das regras de restrição à circulação de pessoas no Estado, que enfrenta o pior momento da pandemia da covid-19. Doria, atualmente um dos principais adversários do presidente Jair Bolsonaro, tem acionado a polícia por causa das ameaças e inquéritos já foram instaurados. "Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica", diz trecho do comunicado assinado por Doria e antecipado pelo blog da Coluna do Estadão. Desde sua posse, em janeiro de 2019, Doria vinha utilizando a ala residencial do Bandeirantes apenas para despachos e reuniões de trabalho. Mas, segundo apurou o blog da Coluna do Estadão, os manifestantes, que se revezam em turnos, tiraram o sossego do governador e, principalmente, de seus familiares, limitando visitas inclusive nos ns de semana. "O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária", a rma o comunicado do governador de São Paulo. A nota diz ainda que "o fanatismo ideológico ignora a racionalidade e a legalidade" e "tem ultrapassado os limites do emb ate p olít ico e do questionamento técnico com ameaças e agressivas manifestações, perturbando o bairro e vizinhos". "Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça. Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia", a rma o comunicado. No início de março, após a volta da fase vermelha no Estado, Doria registrou queixa por ameaça de morte. No dia 19, um grupo de cerca de 50 manifestantes tentou fazer um protesto em frente à casa do governador, mas não conseguiu chegar ao local porque a Polícia Militar, informada do ato, bloqueou várias ruas na região. O grupo levava caixas de som tocando músicas a favor de Bolsonaro e bandeiras do Brasil.

Orçamento deve retirar 'pedaladas' para evitar crime Se o governo executar Orçamento recheado de manobras contábeis, já identificadas por técnicos do próprio governo e do Congresso, Bolsonaro

corre o risco de cometer crime de responsabilidade fiscal, passível de impeachment

emergencial sem retirar o programa Bolsa Família da regra do teto de gastos, que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à in ação. O volume de emendas parlamentares subiu depois que o relator Bittar ampliou em mais R$ 6 bilhões a fatia de emendas que ele próprio escolhe o destino, tendo o apoio do ex-presidente da Casa Davi Alcolumbre (DEM-AP). Outros R$ 8 bilhões acomodaram emendas adicionais p ara o Ministér io do Desenvolvimento Regional, de Rogério Marinho. O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu o recado que o Orçamento é "inexequível" e que é preciso fazer o ajuste correto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é um dos mais irritados com a decisão de Bittar de ampliar o espaço de emendas de relator, além do que havia sido acordado. C omo relator do Orçamento, Bittar pode cancelar as emendas e é esse movimento que está sendo esperado desde a sexta-feira (26). Lideranças cobram o ajuste do Orç amento antes que o TCU s e pronuncie sobre o problema que aumentou a incerteza sobre as contas p ú b l i c a s e m 2 0 2 1 . Um a d e s s a s lideranças, que participa das negociações, disse ao Estadão que não tem como o Orçamento car do jeito que está e comparou a quebra do acordo pelo relator à entrega de um "cheque de con ança em branco, preenchido com o dobro do valor acertado". A relatoria do recurso no TCU foi parar nas mãos do ministro Bruno Dantas, que determinou a apresentação de um sumário dos problemas e requisição de informações. "O que a gente espera é que o TCU analise com muita agilidade e retome ainda esta

Pe l a g r a v i d a d e d o a l c a n c e d a "pedalada" nas despesas obrigatórias na vot ação do Orçamento de 2021, auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) devem tratar do tema na análise das contas do presidente Jair Bolsonaro de 2021. Se executar um Orçamento recheado de manobras contábeis, já identi cadas por técnicos da própria área orçamentária do governo e do Congresso, o presidente corre o risco de cometer crime de responsabilidade scal, passível de impeachment. O tema causa apreensão num momento em que o presidente está sob pressão do Congresso por causa da condução na pandemia e anúncio de trocas nos ministérios. A maquiagem orçamentária já está sob exame dos técnicos do tribunal depois que um gr upo de parlamentares apresentou ao TCU requerimento pedindo uma manifestação formal sobre o corte de R$ 26,5 bilhões em despesas obrigatórias, sem respaldo nas ©REUTERS/UESLEI MARCELINO projeções o ciais do Ministério da Economia, para viabilizar aumento recorde das emendas parlamentares. Com o Orçamento na mira do TCU, governo e lideranças do Congresso buscam uma solução para o impasse em meio a acusações de traições, ganância por emendas, irresponsabilidade e quebra de acordo na votação do Orçamento, na semana semana com parecer técnico, inclusive passada. O clima azedou também entre do risco da pedalada scal", disse o Senado e Câmara. deputado Vinicius Poit (Novo-SP). A pressão maior é sobre o relator do Lideranças reclamam que Guedes não Orçamento, senador Márcio Bittar tem sustentado as negociações que fez (MDB-AC), que está sendo cobrado pelo para a aprovação da PEC do auxílio comando da Câmara a corrigir o emergencial. Também há críticas no "excesso" de emendas parlamentares, C ong ress o s obre a for ma p ouco que pela primeira vez superaram a contundente do ministro para barrar a barreira de R$ 50 bilhões. maquiagem orçamentária que teve aval Segundo apurou o Estadão, três opções de setores do governo. estão na mesa: a votação de um novo Na segunda-feira retrasada (22), projeto, o ajuste pelo relator ou veto do depois que o primeiro parecer do relator presidente Jair Bolsonaro. A equipe foi apresentado, ainda sem o corte de econômica tem um projeto para d e s p e s a s o br i g at ór i a s , c om o n a acomodar no Orçamento R$ 16 bilhões Previdência e seguro-desemprego, o extras em emendas, que foi o acordo Ministério da Economia enviou relatório inicial. Em vez disso, Bittar acrescentou de avaliação de despesas e receitas quase o dobro, R$ 31,3 bilhões. mostrando um rombo de R$ 17,5 bilhões Como revelou o Estadão, Guedes e a para o cumprimento do teto de gasto. A ar t i c u l a ç ã o p ol ít i c a d o gove r no esse buraco se soma os R$ 26,5 bilhões de B o l s on aro a c e it ar am i n c lu i r n o corte de despesas obrigatórias feitos pelo Orçamento mais R$ 16 bilhões em troca relator, ampliando para R$ 44 bilhões a da aprovação da PEC do auxílio necessidade de ajuste do Orçamento.

'SERESTA DE TODOS OS TEMPOS' — COM JORGE PACHECO E SEUS CONVIDADOS ESPECIAIS SEXTAS-FEIRAS, ÀS 20 HORAS — WEBRADIOCENTENARIOFC – SERRA–ES


6 TECNOLOGIA

30 A 31 DE MARÇO/2021

Reino Unido pretende substituir parte de soldados humanos por robôs O plano inicial é que 10 mil homens sejam trocados por soldados robóticos; em 2030, o número deverá chegar a 30 mil ©DIVULGAÇÃO/20th CENTURY FOX

Embraer levanta voo de carro voador elétrico Em tamanho reduzido, protótipo decolou em Gavião Peixoto (SP) ©EMBRAER/DIVULGAÇÃO

A Embraer apresentou pela primeira vez em voo o seu novo c ar ro vo ador elét r ico. O protótipo em tamanho reduzido decolou da sede da Embraer em Gavião Peixoto (SP), na última quarta-feira (24). O projeto faz parte da Eve Urban Air Mobility Solutions, empresa dedicada a desenvolver o ecossistema de mobilidade aérea urbana. A companhia vem criando um portfólio de soluções para preparar o mercado, incluindo a certi cação do veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) e a criação de soluções de gestão de tráfego aéreo

Cena do filme Eu, Robô (2004) O Reino Unido pretende, mais uma vez, diminuir o número de soldados presentes nas Forças Armadas. Desta vez, as autoridades querem substituir 10 m i l h om e n s p or d ron e s e equipamentos tecnológicos e robôs. A informação foi repercutida pelo Canal Tech e Yahooh! A diminuição da quantidade de combatentes acontece há quase dez anos, quando o governo optou por cortar gastos com os soldados.

O foco é a guerra cibernética, algo que o Reino Unido vem se preparando há um tempo. Com a nova redução, o número de integrantes do exército britânico diminuirá para 70 mil. Em janeiro, essa quantidade era de 80 mil. Uma das justi cativas é que os homens não seriam tão produtivos quanto máquinas, além de custar bem mais caro. Contudo, a reforma militar leva em consideração que, no mundo contemporâneo, as guerras não

são mais feitas com armas no campo de batalha e, sim, através de ataques de hackers e invasão do ciberespaço de cada nação, com dados valiosos correndo risco de serem roubados ou copiados. De acordo com o chefe do estado-maior do Reino Unido, General Nick Carter, o plano é que até 2030, 30 mil soldados robôs integrem o exército; eles poderão ser controlados de maneira remota ou ainda terem funções autônomas.

Arábia Saudita pretende construir cidade futurista ecológica O projeto tem o objetivo de ser carbono zero ©REPRODUÇÃO

O governo da Arábia Saudita anunciou recentemente que irá iniciar um projeto ambicioso: o país árabe pretende construir uma cidade que seja carbono zero, isto é, que liberará para a atmosfera uma quantidade de gases causadores do efeito estufa abaixo ou igual ao limite que pode ser absorvido pelo planeta, assim não causando danos ambientais. Chamada “A Linha” e localizada na zona de negócios de Neom, essa cidade futurista usará fontes de energia renováveis e terá apenas 170 quilômetros de extensão, para permitir que seus cidadãos possam chegar onde precisam a pé.

De acordo com as intenções atuais da iniciativa, todos os lugares importantes para a vida dos moradores estarão a uma caminhada de cinco minutos de distância, no máximo.

Já quando eles quiserem ir mais longe — para fazer um passeio, por exemplo, ou visitar um amigo — podem pegar o transporte público da cidade, que levará em t or n o d e 2 0 m i nut o s p a r a atravessar Neom de ponta a ponta. O país árabe estima ainda que seu projeto inovador poderá abrigar cerca de um milhão de habitantes. A cidade ambiciosa sairá do papel em breve, com sua construção sendo prevista já para esse primeiro trimestre de 2021.

urbano. O proj e to d e e V TOL d a Embraer conta com dez hélices, sendo oito na horizontal e duas na vertical e se parece com um drone grande, porém, com o objetivo de transportar

passageiros. No início, o veículo deverá ter no comando um piloto, mas a intenção do projeto é que, no futuro, o voo seja totalmente autônomo.

Poluição luminosa de satélites já prejudica trabalho de astrônomos ©REPRODUÇÃO

Um estudo revelou que não há l u g a r n a Te r r a o n d e o s astrônomos possam observar as estrelas sem a interferência luminosa de satélites e de lixo espacial. Atualmente, dezenas de milhares de objetos estão na órbita do planeta. “É um pouco surpreendente. À medida que o espaço fica mais lotado, a magnitude desse efeito será apenas mais, não menos”, diz John Barentine, diretor de políticas públicas da International Dark-Sky Association e um dos colaboradores do estudo. Os astrônomos estão preocupados com as “megaconstelações” de satélites na órbita da Terra. Desde 2019, a SpaceX lançou mais de mil satélites do serviço global de internet Starlink e há planos para lançar outros milhares que expandirão a rede nos próximos anos. Assim, as trilhas brilhantes de satélites podem atrapalhar as observações astronômicas mais sensíveis e a olho nu. Em resposta, a companhia aeroespacial já anunciou que diminuirá um quarto do brilho dos obj etos dos próximos protótipos. Os astrônomos também

temem que a nuvem de satélites em cima da Terra possa espalhar a luz de volta para a atmosfera. Isso poderia adicionar um brilho de fundo ao céu noturno, dificultando a observação de locais mais imperceptíveis do Cosmos. Mesmo nos locais mais escuros do planeta, o próprio céu tem um brilho natural na atmosfera devido às partículas ionizadas. Além disso, é estimado que os o b j e t o s e m ór bit a p o d e m adicionar cerca de 10% a mais de luz difusa. O cálculo realizado em meados dos anos 1990 se baseia em várias suposições do número, distribuição e tamanho dos objetos espaciais. Por sorte, e l e e x t r ap o l a a c r e s c e nt e

aglomeração e, desde então, adivinhou o quão reflexivos eles seriam em média. Ainda assim, a aglomeração pode atrapalhar a construção de novos observatórios. Em 1979, a União Astronômica Internacional sugeriu que os locais deveriam ser situados em áreas onde a poluição luminosa fosse menor que 10% da luz do brilho do céu natural. Além disso, as pesquisas em busca por pistas da formação das galáxias podem se tornar mais caras. Apesar do olho humano detectar diferenças de contraste tão pequenas, os instrumentos de astronomia não possuem essa evolução. Então, para que as galáxias fracas se destaquem do brilho do céu, os astrônomos já precisavam de longas exposições nos maiores telescópios nos locais mais escuros. Com a poluição luminosa, esse tempo dedicado deve aumentar e encarecer as imagens.

PRECISÃO

Contabilidade (27) 3228-4068


CIÊNCIA 7

30 A 31 DE MARÇO/2021

Restos de templo “perdido” Estudo brasileiro com do Faraó Ptolomeu I são polvos aumenta encontrados no Egito compreensão sobre o 'Eles estão em um estado de perfeição absoluta. Parece que foram feitos ontem', descreveu Jordi Clos, do Museu Egípcio de Barcelona

sono

©DIVULGAÇÃO/VÍDEO/CANAL 20 MINUTOS

Uma novidade impressionante foi revelada por arqueólogos que trabalharam em escavações no Egito. Conforme anunciado pela agência de notícias AFE, uma missão arqueológica do Museu Egípcio de Barcelona foi capaz de identi car parte do templo do faraó Ptolomeu I no valioso sítio arqueológico de Kom el-Ajmar Sharuna. E m u m a p arc e r i a c om a Universidade Tübingen (da Alemanha) e o Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, a missão foi concluída após 15 anos. O esforço conjunto foi capaz de revelar sessenta blocos da obra, até então, “perdida”. Jordi Clos, responsável pelo Museu Egípcio de Barcelona,

des cre veu os blo cos como "perfeitamente esculpidos com as suas divindades e hieróglifos explicativos sobre a história do templo e os deuses a quem fora consagrado". Ele também revela o impressionante estado de conservação: “Eles estão em um estado de perfeição absoluta. Parece que foram feitos ontem”. Conforme divulgado pela agência, ele explicou que durante todos esses anos, foram encontradas tumbas, equipamentos funerários, itens de cerâmica e até mesmo uma caverna que apresentava múmias, contudo, a descoberta atual é única: “Esta descoberta supera o anterior e abre novas expectativas para o futuro”. “(É) uma aventura que se

iniciou em 1838 quando o e g iptól o go Ne stor L ´ Hôte mencionou pela primeira vez a existência de um templo em Sharuna, do qual todos os vestígios se perderam apesar da busca realizada posteriormente por exploradores e egiptólogos no nal do século XIX ", disse Luis Manuel Gonzálves, que liderou a missão arqueológica. Foi a partir desses textos que se tornou possível entender que o templo fora dedicado ao Faraó, especi camente o primeiro da instigante dinastia ptolomaica. A documentação conta com dados incríveis sobre a construção do templo e os deuses que foram citados. Para lidar com os restos identi cados, os pro ssionais realizaram a drenagem do terreno, que é úmido. Assim, técnicas atuais foram colocadas em prática para reproduzir o modelo tridimensional. Além disso, vale ressaltar que um dos próximos passos do projeto é montar uma exposição temporária no Museu Egípcio de Barcelona com o objetivo de exibir réplicas que teriam o verdadeiro tamanho dos blocos encontrados.

Galáxia distante em forma de “água-viva” envia estranhas ondas de rádio ©USS JELLYFISH/TORRANCE HODGSON/ICRAR/CURTIN UNIVERSITY

FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

Um grupo de pesquisadores da Curtin University, da Austrália, detectou a emissão de estranhas ondas de rádio vindas de um aglomerado de galáxias. Um fato curioso é que a radiofrequência tem o formato parecido com uma água-viva gigante, com cabeça e tentáculos. O objeto está a 340 milhões de anos-luz da Terra, em uma zona do universo conhecida como Abell 2877. As ondas de rádio enviadas são de frequência muito baixa e precisam de aparelhos muito especí cos para serem captadas, como é o caso do radiotelescópio Murchison Wide eld Array (MWA) no oeste da Austrália. “Olhamos os dados e, conforme diminuímos a frequência, vimos uma estrutura semelhante a uma água-viva fant asmagór ic a come ç ar a emergir”, declarou o pesquisador Torrance Hodgson, do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia. Por conta do formato peculiar,

o objeto foi batizado como “Ultra Steep Spectre (USS) Jelly sh” (Espectro Ultra Íngreme Águaviva, em tradução livre). Observar um objeto localizado a 340 milhões de anos-luz de nós não é algo trivial e apresenta uma série de desa os. Um deles é o tempo, uma vez que as ondas que nós captamos agora foram emitidas há bilhões de anos. “Tivemos que realizar alguma arqu e ol o g i a c ó s m i c a p ar a entender a antiga história de fundo da água-viva”, declarou Hodgson. E o trabalho deu resultado, os pesquisadores desenvolveram a BOB BEHNKEN

teoria de que as ondas de rádio s aí r am d e bu r a c o s ne g ro s supermassivos que criaram poderosos jatos de plasma, tudo isso há pelo menos dois bilhões de anos. “Este plasma desbotou, cou quieto e cou dormente”, disse o p e s qu i s a d or. “E nt ã o, re centemente, du as cois as a c o nt e c e r a m — o p l a s m a começou a se misturar ao mesmo tempo que ondas de choque muito suaves passavam pelo sistema”, completou. “Iss o reacendeu brevemente o plasma, iluminando a água-viva e seus tentáculos para nós vermos”.

Pesquisa mostra que estágios de sono são semelhantes aos de humanos ©REUTERS/SYLVIA MEDEIROS/DIREITOS RESERVADOS

O polvo é uma criatura extraordinária — e não apenas por seus oito membros, três corações, sangue azul, spray de tinta, capacidade de camu agem e o trágico fato de que morre após se reproduzir. Um estudo conduzido por p es quis adores do Brasi l e publicado na última quinta-feira (25) mostra que o animal, já considerado o mais inteligente dos invertebrados, passa por dois estados de sono diferentes, estranhamente semelhantes aos dos humanos, podendo até sonhar. As descobertas, que segundo os pesquisadores oferecem novas evidências de que os polvos têm uma neurobiologia complexa e so sticada, que fundamenta um repertório comportamental igualmente so sticado, dão também uma v i s ã o m ai s ampl a s obre a e voluç ão do s ono, f unç ão biológica crucial. Anteriormente, sabia-se que os polvos experimentavam o sono e trocavam de cor enquanto adormeciam. No novo estudo, os p es quisadores obs er varam espécies chamadas de Octopus insularis em laboratório e descobriram que as mudanças de cor estão associadas a dois estágios do sono: "o sono quieto" e o "sono ativo". Durante o "sono quieto", o polvo se mantém estático, com a pele pálida e as pupilas contraídas em frestas. Durante o

"sono ativo", o animal muda dinamicamente sua cor de pele e textura e move ambos os olhos enquanto contrai suas ventosas e corpo, com espasmos musculares. Um ciclo de repetição foi observado durante o sono. O "sono quieto" dura tipicamente c e rc a d e s e t e m i nut o s . O subsequente "sono ativo" dura tipicamente menos de um minuto. O ciclo parece análogo, segundo os cientistas, aos chamados sono REM (sigla em inglês que signi ca "movimento rápido dos olhos"), estágios do sono vividos por seres humanos, além de outros mamíferos, aves e répteis. Sonhos vívidos ocorrem durante o sono REM, enquanto os olhos de uma pessoa se movem com rapidez, a respiração se torna irregular, a taxa de batimentos cardíacos aumenta, e os músculos cam p ar a l is a d o s p ar a nã o ag i r durante os sonhos. O estágio não REM apresenta um sono mais profundo e menos sonhos. A principal autora do estudo, Sylvia Medeiros, disse que as descobertas sugerem que os polvos podem estar sonhando, ou experimentando algo s emelhante. "S e os p olvos sonham de fato, é improvável que eles experimentem enredos simbólicos complexos como nós fazemos", diss e Sy lvia, do Instituto do Cérebro da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. "O 'sono ativo' do polvo tem duração muito curta, tipicamente de alguns segundos a um minuto. Se durante esse estágio há sonhos acontecendo, eles devem ser como pequenos videoclipes, ou até mesmo GIFs", acrescentou a pesquisadora. Os cientistas buscam melhor entendimento das origens da evolução do sono. Como o último ancestral comum de vertebrados, inclusive humanos, e c e f a l óp o d e s , g r up o qu e abrange os polvos, viveu há mais de meio bilhão de anos, parece improvável que os padrões similares de sono tenham sido estabelecidos antes de sua divergência evolutiva, a rmaram os pesquisadores. Isso signi caria, segundo os cientistas, que os padrõ es semelhantes de sono surgiram de forma independente nos dois grupos, um fenômeno chamado de "evolução convergente". "A investigação do sono e dos sonhos nos polvos nos dá um ponto de vantagem para a c omp ar a ç ã o p s i c ol ó g i c a e neurobiológica com os vertebrados, já que o polvo tem várias características cognitivas so sticadas que são vistas apenas em espécies vertebradas, mas com uma arquitetura cerebral muito diferente", a rmou o coautor do estudo Sidarta Ribeiro, fundador do Instituto do Cérebro.


8 BEM-ESTAR

30 A 31 DE MARÇO/2021

Chegada do outono aumenta o risco de doenças respiratórias Com sintomas parecidos com os da covid-19, doenças respiratórias tendem a aumentar com a chegada do outono. Veja como se cuidar!

GABRIELA MESSNER ARESI OLIVEIRA Nutricionista - CRN:14100665

Medalhão de bacalhau

©GUIA DA COZINHA

©SHUTTERSTOCK/SPORT LIFE

dentro de casa, como aponta o médico. "E st amos p ass ando mais tempo em nossas casas, isso faz com que ocorra a diminuição da disseminação de vírus e bactérias entre as pessoas. Os adultos fazem home office, as crianças não vão à escola, o uso de máscaras e álcool em gel no dia a dia tornam-se responsáveis pela diminuição dos casos de doenças respiratórias comuns na chegada do outono. Contudo, vivemos em um momento atípico, onde os casos de covid19 não param de subir, elevando, assim, os índices gerais de doenças do aparelho respiratório. Mesmo passando mais tempo em casa, doenças alérgicas como rinites e bronquites podem acometer os indivíduos, pois dependem apenas de agente alérgeno para desencadear os sintomas. Mas, a l g u m a s m e d i d a s s i mpl e s podem ajudar a diminuir a incidência, como: manter a casa

sempre arejada, evitar tapetes e cortinas, trocar roupas de cama com frequência e, quando laválas deixar, ao sol para secar", a rma. Por m, Jeffers on Pitelli reforça a importância de manter os cuidados pela chegada do outono. Segundo ele, o menor número de poluentes no ar não pode ser desculpa para se descuidar. "Com a diminuição dos veículos nas ruas, diminuição no funcionamento de empresas e fábricas, há uma tendência de queda nos poluentes no ar. No entanto, somente esses fatores não são responsáveis pela diminuição das doenças respiratórias, tendo em vista que vírus e bactérias também são transmitidos nos contatos entre os indivíduos. Dessa forma, a melhor maneira de se proteger é usando máscaras, álcool em gel e evitando aglomerações", complementa.

Desjejum garante energia e disposição para as tarefas do dia Apesar de boa parte dos brasileiros ainda pular essa refeição, o desjejum é o responsável por te devolver energia e disposição

Apesar de uma série de estudos cientí cos relacionarem o hábito de pular o desjejum com a predisposição ao ganho de peso, há quem dedique pouco ou nenhum tempo para a refeição. À exemplo, um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com pesquisadores de

mais seis países constatou que o aumento do Índice de Massa Corporal (IMC) em adolescentes tem relação com o fato de não fazerem o desjejum de maneira correta. De acordo com outro estudo, desta vez promovido p or pesquisadores da Universidade de Lübeck, na Alemanha, pessoas que se alimentam mais

no café da manhã podem queimar até duas vezes mais calorias do que quem prefere optar por uma refeição farta em outros horários do dia. Na contramão, se a primeira refeição do dia for baixa em calorias, o apetite tende a aumentar, em especial para doces. O nutrólogo Dr. Sandro

S

e você está em busca de u m a r e c e i t a diferenciada, mas que mantenha a praticidade que o dia a dia necessita, aqui vai a alternativa ideal para você! Aprenda a preparar este medalhão de bacalhau incrível! Enrolado no bacon, o peixe ganha um sabor defumado irresistível e pode ser o prato perfeito para servir no almoço de Páscoa para a família.

Ingredientes 500g de bacalhau em cubos Sal e orégano a gosto 200g de bacon fatiado Óleo para fritar Folhas de alface para decorar

Coloque o bacalhau em uma tigela, cubra com água e

deixe de molho por 10 horas, trocando a água por três vezes. Escorra e tempere com sal e orégano. Enrole os cubos

Modo de preparo

Ferraz aponta que essa dinâmica se estabelece devido à ligação da refeição com a manutenção da saciedade. "Quando o desjejum é feito da maneira cor ret a e com a quantidade de nutrientes necessários, o organismo consegue equilibrar de maneira mais assertiva os níveis de a ç ú c a r, f a z e n d o q u e o indivíduo consiga se manter saciado e sem desejo por alimentos de consumo rápido até a próxima refeição", analisa. Outro fator é que durante o sono, o indivíduo mesmo descansado não para de consumir energia, fazendo com

de bacalhau nas fatias de bacon e prenda com palitos.

(27) 3241-5997/3241-6081/99238-2020

Frite, aos poucos, em óleo quente, até dourar. Escorra em papel-toalha e decore com alface. Sirva. Fonte: Terra

©ENVATO ELEMENTS

No último dia 20, vivemos a chegada do outono no hemisfério sul. Nessa época, em que ocorre a transição do período chuvoso para o seco, a umidade do ar e a temperatura começam a diminuir. Com isso, aumenta a concentração de poluentes na atmosfera. Isso favorece o aparecimento de doenças respiratórias, como explica Jefferson Pitelli, ot or r i n ol ar i ngol o g i s t a d o Hospital Anchieta de Brasília. "A grande concentração de poluentes na atmosfera, bem como a concentração de pessoas em locais pouco ventilados, predispõe ao aparecimento de doenças respiratórias. As mais comuns são gripes, resfriados, bronquite, asma, rinites e sinusites", pontua. Muitos dos sintomas dessas doenças, comuns com a chegada do outono, se parecem com as da covid-19. Esse é outro motivo para redobrar os cuidados, mesmo estando mais tempo

que a ingestão de nutrientes seja fundamental não apenas para a manutenção do peso como também para que haja força e disposição para realizar as atividades de rotina. "Apesar dos benefícios, pular a refeição tem se tornado comum entre os br a s i l e i ro s qu e pre fe re m dormir até mais tarde ou um petisco rápido", comenta. O nutrólogo aponta que laticínios, cereais e frutas estão

entre as categorias alimentares que melhor se adequam à refeição. "Bebidas como leites e iogurtes além de importantes fontes de cálcio, são ricos em proteínas, assim como cereais e pães fornecem carboidratos, vitaminas e bras fundamentais para fornecer energia ao corpo", recomenda. No caso das frutas, o Dr. Sandro Ferraz aponta que as frutas, além de fornecerem as bras, minerais e vitaminas, são i mp or t ant e s p ar a o b om funcionamento do intestino. "Para uma refeição completa, é recomendado combinar pelo menos três grupos alimentares, visto que um bom desjejum representa de 20 a 25% das calorias diárias necessárias para que o corpo e a mente funcionem de maneira adequada", comenta.


SAÚDE 9

30 A 31 DE MARÇO/2021

Visão dupla pode ser causada por trauma, AVC e até uso de droga A diplopia, conhecida popularmente como visão dupla, não é uma doença, mas, sim, um sintoma. Ela ocorre quando uma p essoa enxerga uma única imagem como se fossem duas sobrepostas, ou seja, imagens não alinhadas — tanto na horizontal como na vertical. O problema desse sintoma, além de ser incômodo e di cultar a visão com profundidade, é que ele pode ser muito perigoso e trazer riscos não só para quem sente, mas também para quem está perto. Imagine que você está dirigindo no trânsito e começa a ver dois carros na sua frente, sendo que na verdade só tem um, ou está cozinhando com uma única panela no fogo e, ao invés de uma, começar a ver duas. O estrago pode ser grande. "Os olhos são duas câmeras muito e cientes. Olhos saudáveis captam a imagem, convertem ela em sinal elétrico e levam para o cérebro. Então, imagens e luz são acomodadas pelas lentes, viajam dent ro do ol ho nos meios transparentes, e a retina faz essa conversão de sinal, transforma o que era luz, imagem, cor, forma, profundidade em sinal elétrico, q u e é c o mp r e e n d i d o p e l o cérebro. E ele registra isso no nível da nossa consciência e conecta com as informações prévias que a gente tem, a nossa memória visual", explica Eduardo Melani Rocha, professor do Departamento de O  a l m o l o g i a , Otorrinolaringologia e Cirurgia de C ab eça e Pes co ço da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). No ent anto, quando ess e sistema de mecanismo é abalado, há qualquer problema ocular ou outra doença relacionada, alguns sintomas podem surgir. Esse é o caso da diplopia, que é, principalmente, um sinal de alerta. aís Helena Moreira Passos, oalmologista do Hospital de C l í n i c a s d a Un i c a mp d a Un i v e r s i d a d e E s t a d u a l d e Campinas e do Hospital Estadual Sumaré, ressalta que "se uma pessoa tem visão pior em um dos olhos, o cérebro tem a capacidade de escolher qual imagem é melhor, e ' ltrar' a imagem do outro olho, de for ma que, di cilmente a pessoa vai ter visão dupla e, sim, monovisão, com supressão do olho com menor acuidade visual". A diplopia ocorre quando os olhos enxergam normalmente, mas não conseguem trabalhar juntos por alguma razão. Dessa forma, as imagens captadas começam a car diferentes uma da outra, e o cérebro perde a capacidade de interpretação. Esse sintoma pode ter alterações perceptíveis, como estrabismo espontâneo, da mudança de conformação orbitária (com o olho mais fundo ou para fora) ou não apresentar nenhum aspecto visual. Isso vai depender das causas. Segundo os especialistas, ela at inge, pr incip a lmente, os adultos e, muitas vezes, melhora de forma espontânea. Há dois tipos de diplopia: a monocular,

quando o sintoma se dá através de um olho só, e a binocular, quando atinge os dois olhos. "Se essa visão dupla vem associada a sintomas como fraqueza muscular, náuseas, vômito, di culdade para andar, falar, mastigar ou engolir, são sinais de mais atenção, porque muitas vezes (a diplopia) pode estar associada a causas n e u r o l ó g i c a s o u neuromusculares, e daí merece

glândula tireoide, que leva a alterações dos músculos oculares. E, às vezes, a agressão é tanta que pode restringir a movimentação muscular. Além diss o é imp or tante entender que os mús c u los extrínsecos do olho, os que fazem os olhos virarem de um lado para o outro, precisam trabalhar sempre em conjunto e superalinhados. "Se tivermos qu a l qu e r pro bl e m a n e s s e s ©ISTOCK

um atendimento mais rápido mesmo. Nesses casos precisa ser avaliado por um oalmologista ou neurologista", explica Emerson Castro, oalmologista do Hospital Sírio-Libanês (SP). O s pro b l e m a s e d o e n ç a s oculares que podem ser causadores da diplopia são: lente intraocular deslocada; miopia; astigmatismo — dependendo do grau; ceratocone; catarata; estrabismo; olho torto; alterações na retina. Outra doença que pode causar diplopia é a orbitopatia de graves, que é uma alteração da órbita, provocada por uma doença da

mú s c u l o s ou n a at i v i d a d e conjunta, pode aparecer a visão dupla. Isso pode acontecer por u m t r au m a , p o r e x e mp l o, quando um músculo é roto durante um acidente, ou quando ca preso entre os ossos numa fratura de órbita ou até mesmo pelo uso de algumas substâncias como a toxina botulínica", destaca aís Helena, ressaltando a importância do cuidado na hora de escolher o pro ssional para aplicar o tão sonhado botox. Contudo, na maioria dos casos, quando o sintoma não está relacionado a graves doenças,

apenas relaxar a musculatura do olho, ou seja, descansar a visão, e olhar para longe já melhora o quadro. Alguns tumores na órbita podem causar diplopia por deslocar um olho da posição habitual ou di cultar a movimentação dos músculos o c u l a r e s . Ne s s e s c a s o s , o tratamento é mais difícil, porque o sintoma está diretamente associado ao tumor ou ao AVC, logo, a cura depende também da regressão da doença. "Você pode dar óculos com prisma, que são lentes especiais para tentar desentortar esse olho, pode fazer cirurgia, você pode aplicar toxina botulínica (botox) no músculo do olho. Então o tratamento vai desde nada até cirurgia e toxina botulínica. Mas essas causas são mais c omp l i c a d a s , n e m s e mpre conseguimos melhora do quadro", a rma Castro. Os pacientes diabéticos também podem desenvolver uma alteração que entope os vasinhos que mexem com os nervos e, consequentemente, os músculos do olho. Hipertensão arterial e colesterol alto também podem fazer surgir esse sintoma. O professor Eduardo Rocha ressalta que, assim como todo o processamento da imagem é feito no cérebro, o mecanismo do controle de movimento (para montar a imagem) também, numa estrutura chamada tronco cerebral. "É do tronco cerebral que saem os nervos que vão enervar os músculos do olho. Doenças vasculares,

arteriosclerose, colesterol muito alto, infarto, derrame podem levar a má irrigação dessa região especí ca, e num determinado momento, o indivíduo car estrábico, com diplopia e com o músculo e o nervo funcionando mal, porque ele está mal irrigado de sangue e recebendo pouco nutriente", esclarece Rocha. Além disso, algumas doenças neurológicas também entram nesta lista. Isso porque elas podem desestruturar a função neurológica dos nervos que enviam as informações para a movimentação ocular, como acontece na esclerose múltipla. Outra situação que também pode causar esse sintoma é a miastenia gravis, uma doença autoimune causada por uma disfunção do sistema imunológico, em que a comunicação entre os nervos e os músculos é afetada causando fraqueza muscular. Entre outras coisas, essa doença tem como consequência deixar as pálpebras caídas e fracas e a diplopia. Nesses casos, a doença preexistente precisa ser tratada para melhorar o sintoma. O uso de drogas também pode resultar em diplopia. A recomendação dos especialistas é parar completamente de usar para que os efeitos colaterais desapareçam. Os oalmologistas a rmam que a diplopia é um sinalizador de que algo pode est ar er rado com a s aúde. Portanto, se você está com visão dupla, procure um médico o mais rápido possível para começar uma investigação.

50% dos pais não vacinaram filhos contra a meningite; doença é perigosa A meningite é uma doença contagiosa e com alta taxa de morte, principalmente em crianças e idosos ©ISTOCK

A pandemia do coronavírus fez muitos pais se esquecerem ou adiarem a vacinação de seus lhos contra outras doenças preocupantes, como a meningite, problema que tem um risco de morte alto, de até de 20%, e deixa sequelas duradouras em 25% dos casos, segundo a Sociedade Br a s i l e i r a d e Imu n i z a ç õ e s (Sbim). De acordo com uma pesquisa feita pela Ipsos com 4.962 pais e responsáveis em oito países, incluindo o Brasil, 50% adiaram ou não comparecerem na data prevista para aplicar a imunização contra a doença meningocócica. No levantamento, 72% dos pais brasileiros (e 63% dos participantes gerais)

responderam que as medidas restritivas da pandemia são a principal justi cativa para a não vacinação das crianças conforme a idade prevista no calendário de imunização — a vacina contra a meningite C, por exemplo, oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

deve ser dada aos três, aos cinco e aos 12 meses de vida. Além disso, há um reforço aos cinco ou seis anos. Já a vacina contra os tipos A, C, W e Y de meningite está disponível no SUS para adolescentes de 11 e 12 anos — a imunização também pode ser aplicada em crianças na rede

particular, assim como a vacina da meningite B. O re s u lt a d o d a p e s qu i s a encomendada pela farmacêutica GSK ainda mostra que a grande maioria dos pais (95%) planeja que os lhos retomem ao menos uma atividade com contato próximo a outras pessoas (como ir à escola) quando as restrições forem suspensas. Isso torna ainda mais importante a imunização contra doenças transmitidas de pessoa para pessoa por meio de gotículas e secreções liberadas pelo nariz e pela garganta, como a meningite. O dado mais positivo da pesquisa é que 76% dos entrevistados brasileiros a r m a r a m qu e pre t e n d e m atualizar a vacinação dos lhos

assim que as restrições forem suspensas — contra 66% na média dos oito países pesquisados. O que é a meningite

Trata-se de uma in amação provocada principalmente por bactérias e vírus nas meninges, membranas de tecido conjuntivo que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença é bastante contagiosa e pode deixar sequelas como surdez, di culdade de aprendizagem, crises de epilepsia e comprometimento cerebral. Além disso, tem uma taxa de morte bastante alta, de até 20%, segundo a Sbim. A meningite pode atingir pessoas de qualquer idade, mas é mais preocupante em crianças

com menos de cinco anos e idosos. A principal forma de prevenção é a vacinação. Os s i nt om a s m ai s c omu ns d e meningite são febre de início súbito, dor de cabeça, rigidez do pescoço, mal-estar, náusea, vômito, sensibilidade à luz, confusão mental e, em alguns casos, manchas vermelhas na pele. E m b eb ê s , a l g u ns d e ss e s sintomas podem estar ausentes ou são difíceis de ser percebidos. A criança pode car irritada, vomitar, alimentar-se mal, parecer letárgica e não responder a estímulos. Também pode apresentar a moleira afundada. Na suspeita da doença, deve-se procurar atendimento médico o mais rapidamente possível.


10 GERAL

30 A 31 DE MARÇO/2021

O que fez os crocodilos mudarem tã o pouco? A ciê ncia responde Um estudo realizado por cientistas da Universidade de Bristol e publicado na revista Nature em janeiro deste ano buscou responder a essa questão ©GETTY IMAGES

Recentemente uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bristol, localizada na Inglaterra, encontrou uma possível explicação para um fato curioso sobre os crocodilos: o porquê deles, ao contrário de outras famílias de animais, não terem mudado muito com o passar dos anos. O estudo publicado na revista Nature C ommunications Biology em janeiro deste ano, c o mp a r o u a e v o l u ç ã o d a s e s p é c i e s d o ré pt i l c om a s mudanças climáticas. A verdade é que, no passado, existiam muitas outras espécies além das apenas 25 hoje existentes, apesar de muito semelhantes aos crocodilos que existiam no período Jurássico, há 200 milhões de anos. Segundo o estudo liderado por Max St o c kd a l e , qu e atu a c om o professor na Escola de Ciências Geográ cas da Universidade de Bristol, explicação para as poucas alterações nas características dos crocodilos seria a existência de um padrão evolutivo que c h a m a m o s d e “e q u i l í b r i o

“É fascinante ver como existe uma relação intrincada entre a Terra e os s eres vivos. Os crocodilos desenvolveram um estilo de vida versátil o su ciente para se adaptar às enormes mu d a n ç a s a m bi e nt a i s q u e ocorreram desde a época dos d i n o s s a u r o s”, d e c l a r o u o principal autor do estudo. Pode ter sido justamente essa característica que fez com que os crocodilos não fossem extintos junto aos dinossauros durante o

pontual”. De acordo com os p es quis adores, as esp é cies costumam evoluir lentamente, e n t r e t a n t o, a l t e r a ç õ e s n o ambiente levam os animais a adaptações mais rápidas, especialmente quando há aumento da temperatura no planeta. Neste caso, a resposta evolutiva são corpos maiores. “Nossa análise utilizou um algoritmo de aprendizado de máquina para estimar a taxa de

evolução. Essa taxa é a quantidade de mudanças ocorridas em determinado p er ío do, o que p o demos observar comparando medidas de fósseis levando em consideração suas idades”, explicou o professor Stockdale em nota. D e início, os cient ist as mediram o tamanho dos crocodilos no intuito de entender a velocidade de crescimento dos mesmos, bem como a quantidade

Cretáceo. Além disso, a tese explicaria a razão de ter existido muito mais espécies durante o Jurássico. Os répteis, como animais de sangue frio, necessitam de energia solar para seu aquecimento. Como na época dos dinossauros o clima na Terra era muito mais quente do que atualmente, não era preciso competir tanto por comida. Os crocodilos, é claro, saíram vencendo.

de alimento que precisavam. Além disso, analisaram também o tamanho de suas populações e quais suas chances de serem extintos. Conforme as evidências, é a taxa evolucionária lenta que gera a pouca diversidade de espécies de crocodilos hoje em dia. Muito provavelmente, esses répteis a lc anç aram uma est r utura corporal muito e ciente, de modo que não precisam de novas adaptações para sobreviver.

Estudo analisa por que trabalhar à noite eleva risco de diabete e obesidade ©ISTOCK

A necessidade do funcionamento de serviços por 24 horas exige que muitos trabalhadores desempenhem sua função no período noturno, como é o caso dos pro ssionais de saúde, como enfermeiros, biomédicos, motoristas e socorristas. Estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP mostra que virar a noite trabalhando provoca o desalinhamento do ciclo circadiano, o ritmo biológico dos seres humanos, e impacta negativamente o metabolismo, aumentando o risco de desenvolver

obesidade e diabete, por exemplo. O estudo contou com 20 trabalhadores diurnos e 20 t rab a l hadores notur nos, submetidos a uma jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso há pelo menos cinco anos em um hospital de Ribeirão Preto. "Veri camos uma alteração dos genes relacionados ao estresse do retículo endoplasmático, uma organela muito importante nas células, induzido pela alteração no padrão de sono dos trabalhadores", conta R afael Ferraz Bannitz, cientista biomédico da FMRP

e primeiro autor do artigo Circadian Misalignment Induced by Chronic Night S h i  Wo r k P r o m o t e s E nd opl a s m i c R e t i c u lu m Stress Activation Impacting Directly on Human Metabolism, publicado no periódico Biology. Segundo Bannitz, estudos apontam que a ativação do estresse do retículo endoplasmático possui um grande impacto em doenças relacionadas com a síndrome metabólica, como obesidade e diabete. Ou seja, quando há um excesso de proteínas no retículo endoplasmático das células, ocorre uma sobrecarga da sua capacidade de funcionamento, ocasionando alterações na homeostase (equilíbrio siológico) dessa organela e gerando assim o estresse no retículo. Os resultados do estudo de Bannitz sugerem ainda que o trabalho noturno pode alterar a resposta siológica ao est ress e oxidat ivo. "Nós também observamos a

diminuição da expressão gênica de NRF2, um importante regulador do estresse oxidativo nas células presentes do sangue dos trabalhadores noturnos". Isso signi ca, diz o pesquisador, que virar a noite no trabalho pode modi car as reações siológicas responsáveis pela proteção contra agentes oxidantes, provocando assim efeitos danosos ao corpo humano, como por exemplo o envelhecimento precoce. Além disso, os resultados

apontaram um aumento dos níveis de glicose, triglicerídeos, circunferência da cintura e pressão arterial nos trabalhadores hospitalares noturnos quando comparados aos diurnos. "Nossos achados agregam informações importantes para a compreensão dos efeitos negativos do trabalho noturno e abrem uma nova perspectiva para políticas estratégicas a m de reduzir o est ress e e minimizar os problemas metabólicos decorrentes do trabalho

noturno". O estudo foi coordenado pela professora Maria Cristina Foss-Freitas e conta com c o au t o r i a d o s d o c e nt e s Ayrton C. Moreira e Margaret Castro e das pesquisadoras Rebeca A. Beraldo e Priscila Oliveira Coelho, todos da F M R P. O t r a b a l h o f o i nanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa) do Hospital das Clínicas da FMRP.


COMPORTAMENTO 11

30 A 31 DE MARÇO/2021

ANA LUCIA Ana Lucia Bernardo Cordeiro

Professora

Ode aos meus 21.900 dias ©PINTEREST

O

com a família que construí e com os amigos e os amores que me permiti ter. Quando me olho no espelho, vejo, uma mulher-mãe madura, criança e feliz! Ser feliz é chegar até onde cheguei ciente de que a vida é única e de que tive a oportunidade de vivê-la intensamente. Não me vejo como uma anciã, mas, sim, como uma

lá pessoal,

Hoje vou falar de mim. Estou completando 60 anos (sessenta!), o que equivale a 21.900 dias. Parece pouco, mas não é. Durante esses anos, passei por várias situações. Agora, por exemplo, estou recordando minha infância, que foi maravilhosa! Muitos irmãos, seis para ser mais exata (Roseana, C l áu d i a , Ha r o l d o, S é r g i o, Marlúcia e Cláudio). Meus pais, Nailda e Haroldo (in memor iam), já p ar t iram e deixaram muitas saudades. Lembro-me das viagens que fazíamos do interior para Vitória. Vínhamos visitar minha avó e madrinha Djanira e meu avô Izaac. Nesse tempo vivíamos entre as cidades de Guaçuí, Apiacá, São José do Calçado, Bom Jesus do Itabapoana... Era incrível entrar no carro com a família e se aventurar! Aos domingos, nos reuníamos com os tios(as), primos(as) e era

uma festa só! Mesa farta no quintal, cada família levava um prato e, pra nós, crianças, era só diversão. Brincadeiras de todos os tipos e gostos. Mas o tempo passa. Tudo isso cou pra trás, nas lembranças.

Mas a vida é um eterno recomeço, há sempre algo novo. Namoros, noivados, casamentos, lhos, sobrinhos, n e t o s . . . o mu n d o c ont i nu a girando. Um dia boas notícias, no outro,

linda mulher que foi agraciada em ter as pessoas que tenho ao meu lado. Quando eu partir, gostaria que fosse escrito em minha lápide a seguinte frase: "Aqui não há ninguém, somente ossos. Mas a que fez a viagem levou consigo todo o amor que sentia e sempre sentirá por todos que zeram, de alguma forma, parte de sua vida".

t r i s t e z a . Ma s a e s p e r a n ç a continua. Às vezes, pergunto-me se gostaria que algo tivesse sido diferente na minha vida. A resposta que surge imediatamente é: NÃO. Fui e sou muito feliz com os pais que tive,

Balela ou é verdade que ficamos mais sábios à medida que envelhecemos? ©COLUMBIA PICTURES/GETTY IMAGES

Gandalf, Mestre dos Magos, Dumbledore, Senhor Miyagi... É longa a lista de sábios anciãos da cultura pop. Sem a sabedoria deles, o que seria de seus jovens dis cípulos, completamente inexperientes em achar soluções para seus desa os? Fora da cção, um neuropsicólogo r uss oamericano chamado Elkhonon Goldberg garante que realmente os velhos são mais sábios e que isso não tem a ver com superpoderes, mas com um pico de desenvolvimento mental que ocorre paradoxalmente quando a capacidade do cérebro começa a diminuir. Complicado? "Alguns tipos de conhecimento não reduzem com a idade, mas vão acumulando, devido a passagem por muitas experiências, como a capacidade de resolver problemas. Por outro l a d o, a ate nç ã o c ompl e x a , dividida [de fazer duas coisas ao mesmo tempo], a velocidade de processamento e a capacidade de apre n d i z a ge m d i m i nu e m " , explica Fábio Porto, neurologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). O acúmulo de conhecimentos especí cos e adquiridos com o passar dos anos (vocabulário, orientação espacial, habilidades motoras), é chamado pelos médicos de "inteligência cristalizada". Porto explica que o cérebro faz um processo de

ltragem e, dependendo da relevância da informação, a retém, solidi cando em memória, ou a apaga. "Assim, por mais que a pessoa tenha 90 anos de idade e não consiga aprender tão bem informações novas, o conhecimento cristalizado dela é uma 'biblioteca' gigante e daí que vem a ideia de sabedoria". Essa "biblioteca" também conta com um "sistema de busca" poderoso que Goldberg chama de redes de neurônios "atratoras". Ou seja, ao se deparar diante de uma situação que precisa ser solucionada, o cérebro aciona essa rede, que se formou a partir de tudo o que a pessoa armazenou ao longo dos anos a respeito de padrões, situações similares, e que agora interliga e apresenta como ferramentas, ou referências. "Os jovens podem adquirir informação com muito mais facilidade, mas não ne c e ss ar i ame nte v ã o te r a capacidade de manipular essa informação e tomar decisões, pois é preciso ter essa experiência, e aí entra a sabedoria, a maneira como você amadureceu tudo o que aprendeu. Nesse sentido, ter a idade avançada pode contar e muito ao próprio favor", explica Paulo Camiz, geriatra e membro do corpo clínico nos Hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês (SP). Mas a sabedoria do

envelhecimento não se limita apenas a uma soma de experiências. Gar y Small, psiquiatra do Centro de Longevidade da Universidade da Califórnia (EUA), a rma que o pico de desempenho cerebral nos mais velhos também se deve à mielina, uma substância que, segundo ele, em vez de reduzir com a idade, isola e impulsiona as terminações dos neurônios, possibilitando ao cérebro solucionar problemas quase que de ime diato e s em g rande trabalho. Apesar de o tempo contribuir para uma maior sabedoria, não quer dizer necessariamente que todo idoso seja sábio e não erre nunca. Em 2016, cientistas das universidades de Warteloo (Canadá), Göttingen (Alemanha) e Tilburg (Holanda)

teorizaram, após um estudo conjunto, que a sabedoria seria como uma onda que vai e volta e estaria muito mais relacionada ao nosso estado emocional. Uma possível hipótese para os conselhos duvidosos do Mestre dos Magos, você lembra? Tendo em mãos anotações de voluntários sobre como se sentiam diante de situações adversas, os pesquisadores avaliaram aspectos relacionados à sabedoria, como "humildade intelectual, autotranscendência e preocupação com perspectivas e resultados diferentes" e concluíram que o agir sabiamente hoje não re ete um comportamento igual no dia seguinte, ou vice-versa. E que a sab edoria variava entre as pessoas, mesmo entre os mais velhos.

"É verdade que quem viveu mais teve mais experiências, mas é preciso considerar se o idoso teve a oportunidade de transformar o que aprendeu em sabedoria. Além disso, da mesma forma que existem idosos que leem bastante, se instruem, procuram sempre melhorar, não se deixam envelhecer e não perdem a ambição, há aqueles que não se preocupam com isso", informa Luiz Scocca, psiquiatra e membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA). Deixando de lado eventuais acidentes vasculares cerebrais ( AV C ) , d o e n ç a s neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson), traumas físicos na cabeça e seus desfechos negativos, para retardar as mudanças que natural, heterogeneamente e em ritmos

diferentes ocorrem na maneira como o cérebro lida com a memória, concentração e aquisição de novos conhecimentos, é preciso não car parado sicamente, nem no t e m p o e e x p o r - s e constantemente a novos desa os mentais. Entre os que foram além das expectativas e se destacaram estão o alemão Heinz Wenderoth, que aos 97 anos obteve o título de professor doutor com uma tese sobre biologia marinha primitiva e a desbravadora e historiadora americana Dorothy Davenhill Hirsch, que com 89 anos atravessou de navio geleiras até o Polo Norte. Mas para manter o corpo e a mente ativos não é preciso tanto, basta seguir simples cuidados de saúde, assegura o geriatra Paulo Camiz. "Ser sábio e ter uma boa memória, em geral, está relacionado com manter bons hábitos de v id a, cont rol ar comorbidades, praticar atividades físicas regulares, se interessar pelas coisas, estudar, cuidar da alimentação, da saúde emocional e da vida social. O cérebro deve ser trabalhado como um músculo, pois seu maior inimigo e de qualquer s i s t e m a é a p r e g u i ç a . Te r conhecimento nem sempre se traduz em sabedoria, a resposta está em como se faz uso dele".


12 OLHAR DE UMA LENTE

30 A 31 DE MARÇO/2021

HAROLDO CORDEIRO FILHO Haroldo Cordeiro Filho - Jornalista DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

Projeto cria auxílio de R$ 2 mil para restaurantes, bares e lanchonetes ©SENADO FEDERAL

O

Senado analisa projeto de lei que cria programa de auxílio aos restaurantes, bares e lanchonetes como medida para resguardar o setor que foi um dos mais atingidos com a pandemia de covid-19. O PL 973/2021, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), estabelece auxílio no valor de R$ 2 mil por três meses e a suspensão da cobrança de tributos federais com a posterior renegociação das dívidas para essas empresas. A proposta determina que, para receber o auxílio, os restaurantes, bares e lanchonetes devem ser cadastrados na junta comercial, constar como ativos na Receita Federal e empregarem ao menos um funcionário. A cobrança de tributos federais ca suspensa até 31 de dezembro de 2021. A partir de 2022, o Poder Executivo Federal oferecerá modalidades de renegociação das dívidas, o que inclui também a previsão de desconto de até 70% e prazo para pagamento em até 145 meses. Além disso, essas empresas poderão participar do programa de doação incentivada de estoques de alimentos para serem distribuídos às famílias vulneráveis e, em contrapartida, garantir um

reembolso do estoque doado de até R$ 3 mil a ser custeado pela União. Fica previsto, também, que o pequeno e microempresário do setor de restaurantes, bares e lanchonetes vai obter desconto de até 15% nas cobranças das empresas de delivery. O texto estabelece que a quantidade de concessão de auxílio será limitada ao valor máximo de R$ 10 bilhões. De acordo com Randolfe, existem em torno de um milhão de negócios considerando bares, restaurantes, lanchonetes no Brasi l. D ess es, aproximadamente 650 mil são informais e cerca de 93,4% são micros e pequenos negócios. O parlamentar reforça que os bares e

restaurantes geram 6 milhões d e e mp r e g o s n o p a í s e representam, atualmente, 2,7% do PIB nacional. Além de movimentar mais de 30%

Brasil. Para o senador, o auxílio é uma medida capaz de resguardar o setor que foi um dos mais atingidos com as medidas restritivas causadas

do per l dos comércios no

pela pandemia.

“Enfrentaremos mais um ano de incessantes tentativas de controle à disseminação da doença que já vitimou mais d e 2 8 0 m i l br a s i l e i ro s , infectou milhões, deixou inúmeros desempregados e causa gravíssimas consequências na sociedade brasileira. Se uma retomada era esperada para os primeiros meses deste ano, o que se vê atualmente é que diversos estados estão d e c re t and o me d i d a s d e fechamento do comércio em virtude do ritmo lento de vacinação, combinado com o surgimento de novas variantes do vírus com mais poder de transmissão e com o au m e nt o e x p r e s s i v o d e óbitos”, justi ca Randolfe. TATI BELING


BRASIL 13

30 A 31 DE MARÇO/2021

A semana em Brasília S e no E

Haroldo Cordeiro Filho Luzimara Fernandes

ELLEN CAMPANHARO/ALES

Comissão aprova proibição de Sérgio registro de abatedouros de Majeski cães e gatos no País (PSB)

REPRODUÇÃO

jornalfatosenoticias.es@gmail.com

DIVULGAÇÃO

Concurso Público na Educação

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados aprovou, na última quarta-feira (24), a proibição da concessão de registro de funcionamento a estabelecimentos que pretendam abater cães ou gatos para consumo humano. A proposta inclui a medida na Lei 1.283/50, que trata da inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal. O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo deputado Glaustin da Fokus (PSC-GO) ao Projeto de Lei 3017/19, do deputado Célio Studart (PV-CE). Originalmente, a proposta proibia a comercialização de carne de cães e gatos em qualquer hipótese e em todo o País. No caso da comercialização dos animais abatidos, a atividade também constituiria infração, pois a Lei 8.137/90 caracteriza como crime contra as relações de consumo a venda de mercadorias impróprias ao consumo. “Caso um abatedouro solicitasse autorização para a matança e lograsse obtê-la, não haveria nenhum impedimento para que comercializasse a carne. Em outras palavras, atualmente a penalização de eventuais infratores se dá justamente porque a matança não foi feita em abatedouro licenciado, mas legalmente não há impedimento para a concessão dessa licença”, justi cou o relator, ao explicar a mudança na orientação do projeto.

©GUSTAVO SALES/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Especialistas sugerem mudanças na reforma tributária para enfrentar desigualdade de gênero

Em debate da Secretaria da Mulher da Câmara, pesquisadoras apresentaram estudo que mostra sistema tributário injusto. Dois grupos de pesquisa apresentaram propostas para que a reforma tributária reduza desigualdades entre homens e mulheres. O assunto foi debatido nesta segunda-feira (29), em reunião da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados. Para Tathiane Piscitelli, representante do Grupo de Estudos Tributação e Gênero do Núcleo de Direito Tributário da FGV, a desigualdade de gênero e de raça não tem sido levada em consideração na discussão na reforma tributária. “Ao contrário, a proposta intensi ca a desigualdade no País”, lamentou. Com um sistema tributário concentrado no consumo de bens e serviços, as especialistas foram unânimes em apontar ônus para mulheres, especialmente as chefes de família. “No consumo, todos pagam a mesma alíquota independente da renda. Assim, a situação é mais gravosa para a população de baixa renda e intensi ca desigualdades. O indivíduo mais prejudicado na sociedade é a mulher negra porque é a pessoa que menos ganha neste País”, explicou Piscitelli. Dados do IBGE apresentados pela pesquisadora mostram que as mulheres ganham 78,7% do rendimento de um homem. A mulher preta ou parda ganha 44,4% do que ganha um homem branco. “É uma disparidade gritante”, destacou.

Requerimento de Informações, de autoria do deputado estadual Sérgio Majeski, aprovado na Assembleia Legislativa, cobra esclarecimentos do Governo do Estado sobre a previsão de realização de concurso público para prov imento de c argo efetivo de professor. De acordo com o Decreto 4818-R, que estabelece medidas de contingenciamento e racionalização de gastos do Poder Executivo Estadual no ano de 2021, estão suspensas a abertura e a realização de concurso público para o provimento de cargos efetivos no Governo do Estado. Entretanto, no Espírito Santo aproximadamente 60% dos professores da Sedu são contratados em regime de designação temporária, o que demanda a realização emergencial de novos concursos para provimento de cargos efetivos, conforme estabelece a legislação. Além disso, em decorrência do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5691, que impossibilitou a inclusão da despesa com servidores inativos da Educação dentro do limite constitucional mínimo de 25% das ações de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino, a Sedu teve um incremento signi cativo no orçamento 2021, em comparação ao do ano passado.

Inscrições abertas para eleição do Conselho Municipal de Direitos Humanos da Serra Estão abertas as inscrições para a composição do Conselho Municipal de Direitos Humanos da Serra (CMDH) para o triênio 2021-2023. Participam do pleito representantes da sociedade civil. Podem concorrer instituições da sociedade civil, movimentos sociais e coletivos que, comprovadamente, atuam na promoção ou na defesa de direitos humanos há no mínimo um ano. As inscrições devem ser realizadas até o dia 14 de abril. Documento exigidos para participação na eleição: - Ofício subscrito pelo(a) representante legal da instituição, movimento ou coletivo, no qual deverá constar a indicação de dois representantes para participar do processo eleitoral. - Cópia simples de documentação pessoal dos representantes aptos a participarem do processo eleitoral, sendo carteira de identi cação e CPF; - Cópia simples de comprovante de endereço atualizado dos representantes aptos a participar do processo eleitoral (do município); - Comprovante de atuação da instituição/coletivo ou movimento social ou militância na área, sendo: declaração de instituição social, comprovante de atuação com estudos ou pesquisas cientí cas na área e declaração emitida por conselhos municipais da sua respectiva área de atuação. Toda a documentação exigida pode ser entregue pessoalmente na Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedir), em Serra Sede, em envelope lacrado com agendamento de horário, ou enviadas as cópias para o e-mail: eleicaocmdh21@gmail.com. ©CSM CONTABILIDADE

Comissão aprova projeto que veda envio de boleto referente a produto não solicitado A Comissão de Defesa do Consumidor aprovou na quinta-feira (25) o Projeto de Lei 2243/19, que proíbe o envio de boleto de cobrança relacionado à oferta de produto ou serviço que não tenha sido solicitado pelo consumidor. O descumprimento da norma sujeita o infrator às sanções previstas no

Fabiano Contarato (Rede-ES) Contarato é o novo coordenador da Frente Ambientalista do Senado O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) é o novo coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Senado Federal. Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa no biênio 20192020, o parlamentar passa a coordenar os trabalhos da Frente mantendo a postura independente e de denúncia de retrocessos ambientais promovidos pelo governo Jair Bolsonaro. "Estamos iniciando um trabalho coletivo na liderança da Frente. A coordenação no Senado é um braço, na Casa, da Frente criada na Câmara dos Deputados, e vamos trabalhar em constante parceria e soma de esforços. As coordenações, em conjunto, atuarão na recolocação do Brasil em lugar de destaque na agenda ambiental e de emergência climática", frisa o senador. ©GETTY IMAGES

Comissão do Idoso aprova pena maior para estelionato contra idoso ou pessoa com deficiência A Comissão do Idoso aprovou proposta que altera o Código Penal para estabelecer penas maiores para o crime de estelionato, principalmente quando praticado contra idoso ou pessoa com de ciência mental. O texto também passa a prever pena especí ca para o estelionato sentimental — prometer relação afetiva induzindo a vítima a entregar bens e valores. O novo texto xa, como regra geral, a pena para o crime de estelionato é de dois a seis anos de reclusão. Atualmente, a pena de reclusão prevista é de um a cinco anos. A ideia original de um dos projetos (PL 1127/19) era aumentar para quatro a oito anos de reclusão, o que foi considerado desproporcional pela relatora. "Não vemos razoabilidade e proporcionalidade em se promover os aumentos de pena no patamar por ele apresentado”, argumentou Tereza Nelma. “É fato que a expansão do acesso à internet possibilitou o surgimento de novas formas de interação social, facilitando a aplicação de golpes. O criminoso utiliza-se da facilidade do meio virtual para enganar suas vítimas, o que enseja um agravamento da reprimenda a ser imposta nesses casos”, pontua a relatora. Nos casos em que a vítima é induzida a entregar bens ou valores em razão de promessa de constituição de relação afetiva, o que o texto de ne como “estelionato sentimental”, a pena aplicada poderá ser aumentada um terço a dois terços. Código de Defesa do Consumidor. “A ideia de envio de boleto de cobrança, como se a decisão de compra já tivesse sido realizada, sob o pretexto de 'facilitar' a transação, nada mais é que uma tentativa de indução da decisão do consumidor, que pode se sentir compelido a pagar, se confundir ou se sentir cobrado por outra razão”, a rmou Sampaio no parecer favorável à aprovação do projeto.


14 VARIEDADES

30 A 31 DE MARÇO/2021

Estudo aponta relação entre sono ruim e maior risco de demência para idosos Pesquisa foi feita com mais de dois mil idosos nos Estados Unidos ©ISTOCK/GETTY IMAGES

Pessoas que dormiram menos de cinco horas por noite tiveram maior risco de demência e até de morte prematura, conforme mostra uma nova pesquisa publicada na revista cientí ca Aging. Embora a relação possa parecer alarmante, o geriatra Natan Chehter, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e do Hospital Bene cência Portuguesa de São Paulo reforça que a pesquisa não mostra causalidade. "Esse estudo não é de causa e efeito, mas de relação. Ele pega dados e vê se tem uma porcentagem de pessoas que desenvolveram a doença que estuda, mas não pode a rmar que a falta de sono causa a demência", diz. "Em uma explicação leiga, é parecido com dizer que pessoas que andam com isqueiro no bolso são mais propensas a ter câncer de pulmão — no caso, tem um fator oculto aí, que é o cigarro". De acordo com o médico, após descobrir a relação, os pesquisadores podem focar para desenhar estudos que busquem comprovar — ou não — a

ligação entre falta de sono e demência. Para chegar aos resultados, os pesquisadores acessaram questionários respondidos por 2610 pessoas com mais de 65 anos que zeram parte do levantamento do National Health and Aging Trends Study entre 2013 e 2014 nos Estados Unidos. Os médicos do Brigham and Women's Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, analisaram as respostas dos entrevistados às p e r g u nt a s r e l a c i o n a d a s à perturbação e de ciência do sono. Eles examinaram como os participantes avaliaram seu nível de energia, frequência de cochilos, quanto tempo demoraram para adormecer, se roncaram e a duração e a qualidade do sono. A equipe seguiu coletando dados dos participantes por até cinco anos, com o intuito de observar desfechos de demência e morte. Os pesquisadores indicam, a partir do acompanhamento dos participantes entrevistados, que há uma ligação entre os problemas de sono e quanto

tempo alguém leva para adormecer e o maior risco de demência. Cochilar com frequência, lutar para car alerta e dormir mal de qualidade também estiveram relacionados a um risco maior de morte. De acordo com os pesquisadores, cada vez mais estudos mostram que os problemas de sono estão relacionados à saúde do cérebro — antes acreditava-se que não conseguir dormir era apenas um sintoma de pessoas com diagnóstico de Alzheimer (a forma mais comum de demência). "Esses dados aumentam a evidência de que o sono é importante para a saúde do cérebro e destacam a necessidade de mais pesquisas sobre a e cácia de melhorar o sono e tratar distúrbios do sono sobre o risco de demência e mortalidade", a rmou Charles Czeisler, um dos autores do estudo. Idosos têm sono mais leve naturalmente Conforme aponta Chehter, pela própria dinâmica do sono do idoso, esse grupo de pessoas já tem uma pior qualidade de sono. "Isso é inclusive constatado em idosos saudáveis, é algo que vem com o envelhecimento. Ao passar os anos, o sono se torna mais super cial, o que pode ter como impacto acordar mais vezes e ter di culdade para voltar a dormir. Além disso, há doenças que são mais comum em idosos, como apneia do sono e síndrome de pernas inquietas", explica.

Terapias sem remédio podem tratar depressão em pessoas com demência, diz estudo ©ISTOCK

e cazes do que algumas drogas. exercício, terapia de Terapias não medicamentosas se A transmissão será no canal dacognitiva, Sedu Digital no YouTube, nesta quarta-feira (07), às 14 horas O estudo teve limitações, reminiscência (que ajuda as mostraram e cazes no segundo os pesquisadores, como pessoas com demência a lembrar tratamento da depressão em não ter avaliado a gravidade dos eventos, pessoas e lugares de pessoas com demência, segundo sintomas de depressão, os efeitos suas vidas), estimulação mental um estudo publicado no em diferentes tipos de demência com um inibidor da periódico BMJ na última quartaou os custos ou danos potenciais colinesterase (um medicamento feira (24). Entre elas, estão d a s i n t e r v e n ç õ e s usado para tratar a demência), exercícios, estimulação mental e medicamentosas e não massagem e terapia de toque. massagem, que mostraram mais medicamentosas. No entanto, Outras terapias úteis são e cácia do que algumas drogas. eles disseram que os pontos cuidados multidisciplinares; Apesar das limitações do estudo, fortes do estudo incluem o psicoterapia combinada com os pesquisadores disseram que grande número de artigos terapia de reminiscência e as descobertas sugerem que os revisados. modi cação ambiental; terapia médicos deveriam usar mais De acordo com os autores, ocupacional; exercício métodos sem uso de prestadores de cuidados de combinado com interação social medicamentos para tratar a saúde, cuidadores e pacientes e estimulação mental e terapia doença nessas pessoas com podem utilizar da descoberta animal. demência. para colocar as medidas em Três abordagens — massagem Os cientistas revisaram 256 prática. Além disso, os médicos e terapia de toque, estimulação estudos que incluíram um total também devem pensar em mental com um inibidor da de mais de 28 mil pessoas com estratégias sem uso de colinesterase e estimulação demência, com ou sem medicamentos para tratar os mental combinada com depressão grave. As terapias pacientes com demência que exercícios e interação social — bené cas que os pesquisadores sofrem de depressão. foram consideradas mais incluíram foram: estimulação

Reservas: (27) 99961-8422

Jacaraípe/Serra/ES/Brasil www.pousadasolemarjacaraipe.com.br


COTIDIANO 15

30 A 31 DE MARÇO/2021

Com mudanças climáticas, verão será cada vez mais longo

Festival É Tudo Verdade vai exibir 69 documentários de graça na internet ©DIVULGAÇÃO/GULLANE/PIPOCA MODERNA

Estudo mostra alterações na regularidade e intensidade das estações do ano, levando a desequilíbrio e desastres naturais ©PIXABAY

As alterações climáticas não são algo que a humanidade irá enfrentar apenas no futuro. As consequências das mudanças de temperatura no planeta já estão sendo medidas e as estações do ano, como as conhecemos, já estão mudando um pouco por todo o mundo. O verão e o inverno já não têm a mesmo duração nem a mesma regularidade, podendo inclusive tornar-se mais extremos no futuro. Um novo estudo do South China Sea Institute of Oceanology indica que entre 1952 e 2011, houve uma mudança nas estações do ano no Hemisfério Norte. Em média, o verão aumentou de 78 para 95

dias de duração, e o inverno diminuiu de 76 para 73 dias. Já a primavera, reduziu de 124 para 115 dias e o outono de 87 para 82 dias. Se a primavera e o verão começaram mais cedo do que o previsto, o outono e o inverno sofreram um atraso, tendo começado mais tarde. Os investigadores alertam ainda que cas o não s ejam tomadas medidas e cazes para combater este problema, o inverno poderá durar menos de dois meses no ano 2100. “Numerosos estudos já mostraram que a mudança das estações causa riscos signi cativos ambientais e de

saúde”, a rma Yuping Guan, autor do artigo. O cientista cita alguns exemplos de como as mudanças nas estações e temperaturas já vêm afetando o comportamento de espécies de fauna e ora. “Espécies de pássaro mudaram seus padrões de migração e as plantas estão a brotar e a orescer em épocas diferentes”. Segundo Congwen Zhu, da Academia Chinesa de Ciências Meteorológicas, as conclusões do estudo são alarmantes, uma vez que verões mais longos e mais quentes levam a ondas de calor, secas e intensi cação de incêndios orestais.

A Última Floresta O festival É Tudo Verdade, principal mostra de documentários da América Latina, divulgou a seleção de lmes para sua edição de 2021. Como tem acontecido com outros eventos, por conta da covid-19, a realização será inteiramente on-line e gratuita. Ao todo, 69 títulos de 23 países foram selecionados, com dest aques p ara "A Últ ima Floresta", trabalho de Luiz Bolognesi exibido no Festival de Berlim sobre uma tribo que tenta manter seus costumes, " A lvor a d a " , e m qu e A n n a Muylaert e Lô Politi fazem mais um registro do Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e o americano "MLK/FBI", lme de Sam Pollard sobre a embaraçosa investigação do FBI sobre Martin Luther King Jr. Além disso, a abertura terá a première de "Fuga" (Flee), do d i n a m a rqu ê s Jon a s Po h e r

R a s mu s s e n , pre m i a d o e m janeiro passado como Melhor Documentário Internacional do Festival de Sundance. Entre os eventos paralelos à competição, haverá ainda uma mostra em celebração ao centenário do diretor francês Chris Marker e

homenagens ao cineasta Ruy Guerra e ao cantor Caetano Velos o com programaçõ es especiais. O festival É Tudo Verdade 2021 acontece entre os dias 8 e 18 de abril, e exibirá sua cerimônia de premiação às 17h do último dia, no canal da organização no YouTube que, aliás, será um dos endereços para acompanhar a programação do evento e os lmes também serão distribuídos nas plataformas digitais Looke, Itaú Cultural, Sesc em Casa e Spcine Play, além de ganhar transmissão na TV pelo Canal Brasil. Para mais informações e o restante da programação, veja o site o cial do festival (http://etudoverdade.com.br/).

Plataforma para

professores tem 130 lmes com temas socioambientais ©DIVULGAÇÃO/ECOFALANTE PLAY

Profe ss ore s , e du c a d ore s e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir q u e s t õ e s s o c i o a m b i e nt a i s contam agora com uma plataforma de streaming totalmente gratuita e exclusiva, chamada Ecofalante Play. O acervo tem mais de 130 lmes brasileiros e estrangeiros que abordam assuntos como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde. As obras foram selecionadas pela curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento com lmes de temática socioambiental que acontece anualmente desde 2012. E n t r e o s l m e s disponibilizados no acervo está Obrigado, Chuva, de Julia Dahr, cineasta eleita pela revista Forbes como uma das 30 personalidades jovens. A cineasta acompanha

Cena de Martírio um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas. Há também Dolores, de Peter Bratt, que retrata Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos. Outro destaque é Martírio, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida. O lme, premiado no

Festival de Brasília e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá. Para utilizar a plataforma, os professores e as instituições de ensino precisam fazer um cadastro disponível na E c o f a l a n t e P l a y. A p ó s a aprovação do cadastro, será permitido o acesso ao catálogo de lmes e ao agendamento de uma sessão.


16 GERAL

30 A 31 DE MARÇO/2021

Vila flutuante em Amsterdã tem 46 casas sustentáveis Comunidade e arquitetos projetaram juntos bairro autossuciente para cerca de 100 pessoas ©SCHOONSCHIP/ISABEL NABUURS

A concentração da população mundial em centros urbanos torna os terrenos cada vez mais caros nas grandes cidades. Além disso, com as mudanças climáticas, o aumento do nível do mar coloca em risco a moradia de milhões de pessoas em todo o mundo — calcula-se que 800 milhões de pessoas estarão em risco até 2050. Por isso, a vida sobre a água pode ser uma solução para estes dois grandes problemas. Esta ideia deu origem a um bairro em Amsterdã, capital da Holanda, país que sempre se adaptou muito bem às adversidades e tem um quarto do seu território abaixo do nível do mar.

Resultado de uma parceria entre moradores e arquitetos, o

holandês) é um bairro com 46 casas utuantes e sustentáveis

©SCHOONSCHIP/ISABEL NABUURS

Schoonschip (navio limpo, em

que servem de moradia para

cerca de 100 pessoas. Os idealizadores contrataram o escritório de arquitetura Space & Matter para desenvolver um plano urbano inteligente. Uma equipe multidisciplinar criou o projeto com um cais inteligente l i g and o d i fe re nte s c as as e desenvolveu a infraestrutura técnica necessária. Depois, cada morador escolheu um arquiteto para ajudar a projetar a própria casa, o que explica a grande diversidade de materiais, estilos e tipos de construção da vila. Em pequena escala, o bairro oferece soluções para os desa os impostos pelas mudanças climáticas e também possibilidades de uma vida mais sustentável. A vila foi projetada para ser autossu ciente e ter o m e n or i mp a c t o a mbi e nt a l possível e esta decisão está presente no dia a dia de quem vive lá. Além da inovação espacial, a vila utuante quer ajudar a solucionar as causas dos problemas que nos levaram à crise climática. Do ponto de vista estrutural, existem soluções descentralizadas e renováveis para sistemas de água, energia e resíduos. Com painéis solares e bombas de aquecimento ligadas à uma rede elétrica inteligente, os moradores podem trocar energia. As águas residuais dos b an heiros e chuveiros s ão

convertidas de volta em energia e muitos moradores também têm um telhado verde, onde podem cultivar seus próprios alimentos. Do ponto de vista social e e c o n ô m i c o, o s m o r a d o r e s trabalham juntos para otimizar o uso de recursos e repensam seus hábitos, criando soluções para o dia a dia. Todos aceitaram abrir mão de ter um carro próprio e compartilham carros elétricos entre a vizinhança, por exemplo. De acordo com os i d e a l i z a d ore s , a s s olu ç õ e s apresentadas pela comunidade do Schoonschip são simples, mas e cazes, trazendo benefícios ambientais, sociais e econômicos. Os aprendizados e propostas podem ser replicados em diferentes contextos o que t o r n a a v i l a u t u a nt e u m protótipo de desenvolvimento u r b an o p ar a c i d a d e s m ai s resilientes. C as as utu antes não s ão exatamente uma novidade.

Existem exemplos de comunidades que vivem sobre as águas em diversas partes do mundo, como o povo Uros e as ilhas utuantes no Lago Titicaca, no Peru. Os arquitetos que construíram a vila utuante em Amsterdã a rmam que com os desa os atuais, a antiga ideia de viver em casas utuantes deve ganhar espaço. Segundo eles, o Schoonschip protege as pessoas contra ações da natureza e também ajuda a proteger a própria natureza. Casas utuantes podem ter pouco impacto no meio ambiente, principalmente com sistemas inteligentes de energia e água e saneamento. Construir sobre a água também tem outras vantagens: as casas podem ser fabricadas em outro lugar e rebocadas em direção ao seu destino, permitindo pernoitar na vizinhança sem nenhum incômodo com a construção de seus arredores.

(27) 3259-3638 / (27) 99880-7048 SANTA TERESA — ES

Desao “Turismo Responsável” termina no dia 15 de abril ©ASCOM/SETUR-ES

Em decorrência das medidas restritivas do risco extremo para o enfrentamento da covid -19 no Espírito Santo, a Secretaria de Turismo (Setur) estenderá o prazo para nalização do desa o “Turismo Responsável” para o dia 15 de abril. No Espírito

Santo, hoje, são 561 selos emitidos, a maioria da Região Metropolitana, sendo meios de hospedagem e agências de viagens os de maior adesão. O selo “Turismo Responsável” sinaliza para os turistas que o empreendimento adotou as

normas de prevenção à covid19. A proposta do desa o é que o mu n i c í p i o q u e c o n s e g u i r mobilizar o maior número de empreendimentos para aderir ao selo, receberá como prêmio a edição de um e-book sobre o destino turístico e um kit pesquisa, coordenado pelo Observatório de Turismo da Setur. Para adesão ao selo, como para todas as ações disponibilizadas para o setor de turismo é pré requisito estar regular no Sistema de Cadastro de Pessoas Físicas e Jurídicas (Cadastur), inclusive para acesso às linhas de crédito disponibilizadas pelo governo do Estado em decorrência das medidas restritivas para enfrentamento da covid -19. “Temos, hoje, no Espírito Santo 2.300 cadastros em um universo de sete mil empreendimentos. Precisamos ampliar este número. Além das linhas de crédito, quem está no Cadastur tem acesso a todas as

p o l ít i c a s p ú b l i c a s p a r a o s eg mento, cap acit açõ es, quali cações entre outras ações”, explica a secretária de Estado de Turismo, Lenise Loureiro. O cadastro no Cadastur como ao selo é feito exclusivamente pela internet por meio dos sites www.cadastur.turismo.gov.br e www.turismo.gov.br/selorespon savel. Selo — O selo “ Turismo

Responsável” sinaliza que o empreendimento está c u mpr i n d o o s prot o c ol o s sanitários elaborados pelas instituições representativas das 15 atividades que compõem a cadeia produtiva do turismo e aprovados pela Anvisa. Estas regras estão listadas no s i t e www.turismo.gov.br/selorespon savel e explicadas uma a uma

por meio de vídeo, facilitando a compreensão de todos. Para qualquer informação, os interessados podem procurar a Gerência de Gestão de Turismo (Gestur) pelo telefone (27) 3636-8010 ou (27) 98868.0469 e p e l o e - m a i l : cadastro@turismo.es.gov.br.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.