Educação Cultura Ciência e Tecnologia Meio Ambiente Saúde Economia Ano VIII - Nº 244
01 a 07 de abril/2018 Serra/ES
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Pág.4
E agora? Com o pedido de habeas corpus negado, o que falta para o petista ser preso? Pág. 5 Brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento da criança. Mais do que entreter a criançada, o brincar alicerça as aprendizagens dos elementos mais complexos de nossa psique Pág. 10
PF responsabiliza Dilma Rousseff por prejuízo em Pasadena. Laudos periciais são considerados provas nos processos judiciais e poderão ser utilizados para subsidiar a abertura de investigação contra o conselho Pág. 12
Estudo diz que anti-inflamatório comum pode prevenir Alzheimer. De acordo com um novo estudo, tomar ibuprofeno diariamente pode ajudar a impedir o desenvolvimento da doença em pessoas com maior risco Pág. 8
2fatosMEIO AMBIENTE & notícias
01 a 07 de abril de 2018
MacroZEE do Velho Chico é tema de debates Quatro cidades sediam, desde terça (3), diálogos para elaboração do Macrozoneamento Ecológico Econômico da bacia do São Francisco
Solar, eólica e baterias formam trio imbatível contra combustíveis fósseis Análise mostra que a redução dos custos das tecnologias verdes ofusca investimentos em carvão e gás FOTO: SEAN GALLUP/GETTY IMAGES
FOTO: ARQUIVO ANA
Floresta nativa da Mata Atlântica
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) promove, neste mês de abril, mesas de diálogo relativas ao processo de e l a b o r a ç ã o d o Macrozoneamento Ecológico Econômico da Bacia Hidrográfica do São Francisco (MacroZEE). Serão quatro encontros em cidades estratégicas para a bacia hidrográfica: Belo Horizonte (MG), Barreiras (BA), Petrolina (PE) e Maceió (AL). O objetivo é a construção da proposta de gestão para a bacia, a ser realizada por participantes préselecionados no âmbito do processo. São esperadas cerca de 130 pessoas e
aproximadamente 95 instituições nas mesas de d i á l o g o , e n t r e representantes dos governos federal e estaduais, setores produtivos e instituições da sociedade civil. De acordo com coordenador-geral de Gestão Ambiental Territorial e Urbano do MMA, Salomar Mafaldo, após um longo período no qual "nos dedicamos à a t u a l i z a ç ã o e complementação do diagnóstico temático, inicialmente elaborado pelo Consórcio ZEE Brasil e a construção de cenários prospectivos para os anos de 2027 e 2040 da bacia,
essa etapa se materializa na definição de zonas e diretrizes de ação a serem adotadas, visando garantir o uso sustentável nos recursos naturais a médio e longo prazo para a Bacia Hidrográfica do São Francisco”. O secretário de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, Jair Tannús Júnior, lembrou que as contribuições públicas também podem ser feitas por meio de hotsite específico. “Essa ferramenta representa uma modernização e um avanço nos processos de participação social”, disse.
Os tempos do carvão e do gás como fontes de energia atrativas para se investir, tanto pelo baixo custo quanto pela flexibilidade de responder às altas e baixas da demanda na rede, estão cada vez mais próximos do fim. Segundo uma análise da Bloomberg New Energy Finance, o carvão e o gás enfrentam uma ameaça crescente a sua posição no mix mundial de geração de eletricidade, como r e s u l t a d o d a s “espetaculares” reduções nos custos das tecnologias de geração eólica e solar e, principalmente, com a expansão do mercado de baterias para armazenamento de energia. Para todas as tecnologias, o relatório da BNEF analisou os custos nivelados da eletricidade (ou LCOE), que cobre todas as despesas de geração de
uma planta nova, como custos de desenvolvimento de infraestrutura, licenciamento e permissões, equipamentos e obras civis, finanças, operações, manutenção e matéria-prima. A análise destaca que as energias eólica e solar fotovoltaicas vêm r e d u z i n d o sistematicamente seus custos nivelados de eletricidade e aumentando sua posição competitiva, graças à queda dos custos de capital com tecnologias mais baratas ganhos em eficiência e aumento de leilões em todo o mundo. No primeiro semestre de 2018, por exemplo, o LCOE global de referência p a r a a e n e rg i a e ó l i c a terrestre é de US$55 por megawatt-hora (MWh), 18% abaixo dos primeiros seis meses do ano passado, enquanto o equivalente para
a fotovoltaica solar é de US$ 70 MWh, também 18% abaixo. A l é m d i s s o , o desenvolvimento do mercado de baterias de armazenamento tem aumentado a capacidade de as fontes renováveis responderem às solicitações de rede para aumentar ou diminuir a geração de eletricidade a qualquer hora do dia, flexibilidade outrora garantida por usinas de carvão e gás. Segundo os analistas da BNEF, algumas usinas a carvão e gás existentes ainda exercerão um papel importante por muitos anos na matriz energética mundial, mas o “argumento econômico” para a construção de novas capacidades de carvão e gás está, claramente, perdendo espaço.
Jornalista Responsável: LUZIMARA FERNANDES redacao@jornalfatosenoticias.com.br Produtor-Executivo: HAROLDO CORDEIRO FILHO jornalfatosenoticias.es@jornalfatosenoticias.com.br Representante Comercial: MÁRCIO DE ALMEIDA comercial@jornalfatosenoticias.com.br Diagramação: LUZIMARA FERNANDES (27) 3070-2951 / 3080-0159 / 99620-6954 jornalfatosenoticias.es@gmail.com Facebook Jornal Fatos e Notícias Serra - ES CNPJ: 18.129.008/0001-18
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CULTURA 3
01 a 07 de abril de 2018
fatos & notícias
Tutancâmon tem última exposição fora do Egito inaugurada em Los Angeles
A expressão tem origem no contato comercial entre Ocidente e Oriente
Organizadores dizem que esta será última mostra de cerca de 150 objetos do faraó-menino fora do Egito
Desde a Antiguidade, as atividades comerciais tiveram grande importância no desenvolvimento de certas civilizações. Mais do que garantir riqueza e bons lucros, a circulação de mercadorias t a m b é m promovia um rico intercâmbio entre culturas distantes. A expansão da classe mercantil árabe, por e x e m p l o , permitiu que vários hábitos alimentares e outras formas de conhecimento contribuíssem para o desenvolvimento da ciência no mundo ocidental. Nos fins da Idade Média, a consolidação da burguesia europeia realizou a integração entre Ocidente e Oriente por meio de longas rotas terrestres e marítimas que buscavam as cobiçadas especiarias oriundas desta região. Até que a expansão marítimocomercial ocorresse no início do período moderno, a busca pelas sedas, temperos, ervas, óleos e
perfumes orientais era o grande “negócio da China” para os mercadores daquela época. Ainda hoje, a expressão
capitalista vivia um período de visível expansão. Nessa época, os britânicos cobiçavam a exploração do vasto mercado consumidor chinês, assim como o uso de suas matériasprimas e a numerosa força de trabalho disponível. Para tanto, era necessário que tivessem um grande poder de interferência nas instituições daquela nação. Indiferentes às demandas da Inglaterra, os chineses não tinham o mínimo interesse em abrir portas para que os britânicos participassem do cenário político do seu país. Foi então que a Coroa Britânica decidiu invadir a China na série de conflitos que marcaram as Guerras do Ópio, ocorridas entre 1839 e 1860. Após subjugarem as autoridades daquele país, os ingleses passaram a estabelecer diversos monopólios comerciais que lhe garantiram um polpudo “negócio da China”.
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“negócio da China” é usualmente utilizada quando alguém obtém algum tipo de acordo bastante vantajoso. De fato, a concepção desse termo remonta o grande interesse que os comerciantes da Europa tinham em buscar as mercadorias oferecidas pelos chineses e outros povos asiáticos. No século XV, por exemplo, a Coroa Portuguesa conseguiu alcançar um lucro superior a 6.000% com a venda de produtos obtidos na Índia. Chegando ao século XIX, essa expressão também ganha força no momento em que a economia
Rainer Sousa Mestre em História
Desde que Howard Carter topou com a tumba quase intacta de Tutancâmon, em novembro de 1922, o faraó-menino, que governou o Egito entre 1327 a.C. e assumiu o trono quando tinha cerca de oito anos, entrou para a história, mesmo que seu reinado não tenha sido especialmente marcante. U m a d a s descobertas arqueológicas mais importantes de todos os tempos está ganhando uma comemoração antecipada e em grande estilo para seu centenário: a exposição King Tut: Treasures of the Golden Pharaoh ("Rei Tut: Te s o u r o s d o F a r a ó Dourado", em tradução livre), aberta no California Science Center, em Los Angeles, Estados Unidos, e promovida conjuntamente pelo museu, pelo Ministério de Antiguidades do Egito e pela empresa IMG. É a primeira parada de uma turnê por dez cidades, com cerca de 150 peças, o triplo de exibições anteriores, 40% das quais deixam o Egito pela primeira vez. Ao final da jornada prevista para durar até sete anos -, os objetos retornam definitivamente para seu país de origem, para serem dispostos no novo Grande Museu Egípcio, no Cairo, o qual deve ser inaugurado ainda em 2018. "cada artefato da exposição é importante para a história do rei Tut, nos ajudando a aprender como eles eram usados na vida cotidiana (do faraó) e na preparação para sua jornada rumo à vida após a morte", disse o presidente do California Science Center,
FOTO: ISTOCK
De onde vem a expressão 'negócio da China'
Jeff Rudolph. A exposição procura instigar o espectador com pirotecnias reminiscentes dos parques da Disney: numa sala escura uma tela circular explica alguns dos fundamentos das crenças dos antigos egípcios como, por exemplo, a ideia de que uma pessoa morria duas vezes - a primeira, quando a alma deixava seu corpo, e a segunda, quando seu nome era mencionado pela última vez. Nas salas seguintes do terceiro andar, a iluminação dramática e o desenho de som envolvente mergulham o público naquele universo, usando também a tecnologia, como vídeos que exploram alguns dos objetos em três dimensões, para explicar o significado de cada um dos artefatos colocados na tumba de mais de 3.300 anos de idade. Uma das peças mais impressionantes é o caixão em miniatura, uma réplica do famoso sarcófago dourado. O minisarcófago é protegido pela deusa Ísis e por Imseti, um dos quatro filhos do deus Hórus. O pequeno sarcófago foi esculpido para abrigar o fígado de Tutancâmon – no processo de mumificação, o órgão era retirado, assim como o estômago, o intestino e os pulmões.
Cada um era colocado num minisarcófago, que por sua vez era encaixado numa caixa de alabastro mantida num altar dourado. Em outras salas, no primeiro andar, a exposição mostra como a catalogação feita por Carter serviu de modelo para descobertas arqueológicas posteriores e como a tecnologia tem ajudado a desvendar outros mistérios relacionados a Tutancâmon – como a causa de sua morte aos 19 anos de idade – e ao Egito Antigo. Por fim, King Tut convida o espectador a uma experiência interativa, seguindo as crenças dos antigos egípcios: repetir o nome de Tutancâmon para que ele nunca morra. Nada mau para um faraó que quase foi apagado dos registros, quando seus sucessores tomaram para si as obras do rei-menino ou simplesmente as destruíram. Tutacâmon foi resgatado graças a outro menino, que tropeçou num dos degraus da escada que levava à tumba ao escavar o chão para apoiar as garrafas de água que fornecia para os arqueólogos liderados por Howard Carter. E, assim, quase cem anos atrás, Tutancâmon saiu da obscuridade para passar à história.
4 EDUCAÇÃO fatos & notícias
01 a 07 de abril de 2018
Estudo aponta que piorou a percepção do brasileiro sobre qualidade do ensino FOTO: GCOM/MT
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada em parceria com o movimento Todos Pela Educação, aponta que 26% dos entrevistados consideram o ensino no nível médio do País como ruim ou péssimo. Em 2013, quando levantamento semelhante foi feito, o percentual era de 15%. No nível fundamental, o percentual passou de 18% para 27%. O percentual dos que consideram o ensino médio como ótimo ou bom caiu de 48% para 31% e no ensino fundamental o percentual
passou de 50% para 34%. Segundo a pesquisa, 12% dos brasileiros acreditam que o aluno do ensino médio das escolas públicas está bem preparado para se inserir no mercado profissional e 23% dizem que está despreparado. A pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira – Educação Básica foi realizada pelo Ibope Inteligência e ouviu 2 mil pessoas entre 15 e 20 de setembro do ano passado em 126 municípios. De acordo com os dados,
aumentou de 61% para 74% o percentual dos que concordam totalmente que um ensino de baixa qualidade é prejudicial para o desenvolvimento do País. A pesquisa aponta também
que 81% das pessoas concordam que o problema da educação no País pode ser atribuído à má utilização das verbas destinadas ao setor. Os entrevistados deram
notas para as condições gerais das escolas públicas de ensino fundamental e médio. Entre 10 fatores avaliados, em uma escala de 0 a 10, as notas médias variam de 3,7 a 6,3. A segurança nas escolas obteve a pior média na avaliação da população sobre as condições gerais das escolas públicas (3,7). O material didático digital, o acesso a computador com internet e as atividades extracurriculares também estão entre os itens com notas mais baixas.
Entre as principais ações apontadas para melhorar o desempenho dos alunos do ensino básico público foram apontadas as seguintes iniciativas: equipar melhor as escolas, ações para estimular a participação dos pais na cobrança por uma boa escola, ações para aumentar a segurança nas escolas e para melhorar o sistema de ensino. Também foram citadas a necessidade de aumentar o salário dos professores e elevar o número de docentes, além de ações para melhorar a formação docente.
Professor da USP sugere que pais e professores adiem o máximo possível o contato das crianças com os meios eletrônicos Valdemar Setzer, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, defende que internet não é lugar para crianças Pais e professores devem “adiar o máximo possível o contato dos filhos com os meios eletrônicos”, acredita Valdemar Setzer, professor do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP). “Com crianças, isso é perfeitamente possível, é só proibir; com adolescentes, a coisa complica”. Entre os perigos da internet e das redes sociais, uma tem ganhado destaque: a possibilidade de que a próxima geração seja introvertida, temerosa, por conta do receio da exposição extrema nas redes. Você compartilha dessa preocupação? Sim. Mas há muitas outras razões para que os jovens se tornem introvertidos. Por exemplo, a exposição frequente a redes sociais diminui justamente a sociabilidade, devido ao vício de se conectar
virtualmente e não pessoalmente. Além disso, está mais do que provado que as redes sociais provocam depressão, o que diminui o relacionamento social. A alemã Hanna Krasnova, da Universidade de Potsdam, mostrou que, curiosamente, o maior fator causador de depressão no Facebook é a inveja, pois as pessoas não colocam o que são, mas o que gostariam de ser. Pais e professores precisam prestar muita atenção no comportamento de crianças e adolescentes. Se de repente um deles fica introvertido, pode ser uma reação a bullying, que se tornou epidêmico com o uso da internet. No seu estudo “Efeitos negativos dos meios eletrônicos”, você diz que a internet não é para crianças... Há muitos fatores para isso, como exponho nesse
artigo, fartamente documentado com citações de mais de 100 artigos científicos. Vou citar aqui três argumentos que considero irrefutáveis. Primeiro, o perigo de dependência. Estatísticas recentes nos EUA mostraram que 52% dos jovens entre 12 e 18 anos reconhecem que são viciados na internet, isto é, não conseguem parar de usá-la. 76% dos pais acham que os filhos a usam demais. No Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas em São Paulo, há um programa que dura 18 semanas, para desintoxicar crianças, adolescentes, adultos e idosos viciados em internet. O vício de internet é enormemente maior do que o de álcool, drogas, jogos e sexo. Segundo, o perigo de predadores e de bullying. Uma sugestão que recomendo aos pais: a confecção de um contrato
com os filhos, assinado por eles, especificando o que podem e o que não podem fazer na internet. Por exemplo, não devem enviar fotos, mesmo inocentes, pois um namorado (a) frustrado (a) ou um atacante de bullying pode usar um software de tratamento de imagens e, usando o rosto da vítima, espalhar fotos pornográficas com ele (a). Os jovens não devem trocar m e n s a g e n s c o m desconhecidos, só devem usar os aparelhos na presença de pais.
Te r c e i r o , a i n t e r n e t apresenta um ambiente totalmente livre, mas crianças e adolescentes não devem ter liberdade total, d e v e m s e r permanentemente orientados. Usando essa liberdade, eles podem fazer acesso a coisas impróprias para a idade. Pode até ser coisa séria, mas não a d e q u a d a a o amadurecimento e à cultura. Quem deixa seus filhos – crianças ou adolescentes – usarem a internet ou não conhece a literatura
científica mostrando os efeitos negativos dela ou, por comodismo, ignora essa literatura. Em particular, professores que incentivam o uso da internet estão cometendo um crime contra a infância e a juventude. Os jovens não vão usar a internet para fazer apenas o que os professores pedem, mas vão acabar usando-a para outros fins, com imenso perigo. Da mesma maneira, jogos eletrônicos sem violência vão acabar levando aos violentos. (Revista Educação)
POLÍTICA 5
01 a 07 de abril de 2018 Entenda o que o STF decidiu sobre o expresidente Lula Neste blog especial solicito licença aos meus prezados leitores para focalizar no julgamento do HC de Lula pelo STF. A sessão teve início às 14 horas de quarta-feira, 04 de abril, com o Ministro Edson Fachin, relator do processo, terminando à 01h30 de quinta-feira (05).
jorgepachecoindio@hotmail.com
BLOG DO PACHECO Jorge Rodrigues Pacheco é Advogado, Jornalista e Radialista
O HC de Lula O detalhe marcante foi proporcionado pelo ministro Gilmar Mendes que solicitou à presidente Cármem Lúcia e aos seus pares de plenário, licença para ser o primeiro a manifestar o voto porque teria que retornar a Portugal onde participa de um seminário jurídico. Depois do relator, foi o segundo a votar. Gilmar Mendes destacou que o plenário do Supremo estava não só a deliberar sobre conceder ou não o HC, mas, também, a julgar o ex-presidente Lula. O ministro atacou a mídia, principalmente do grupo Globo e a revista Veja, que, segundo ele, fazem-lhe uma promíscua perseguição. Após 1h10 fundamentando o seu voto o ministro decidiu em favor da concessão do Habeas Corpus até que se esgotem recursos no Superior Tribunal de Justiça – STJ, instância imediatamente superior ao STF.
Decisão terminou empatada: 5 a 5 Após mais de dez horas de sessão, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram dois pedidos
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” - Ruy Barbosa
o STF, a autoridade judicial originária – isto é, o juiz Sérgio Moro – está autorizada, até segunda ordem, a determinar a execução da pena de Lula. Entretanto, o ex-presidente não vai ser automaticamente preso porque ainda pode apresentar um último recurso à segunda instância, que são os “embargos dos embargos”, que é uma contestação da decisão que rejeitou embargos de declaração. O prazo para que apresente esse recurso é a próxima terça-feira, dia 10. Existe ainda a possibilidade de que o tribunal de Porto Alegre decida que esta é uma medida apenas protelatória, ou seja, que pretende apenas postergar a condenação. Nesse caso, o TRF4 poderia autorizar Moro a expedir o mandado de prisão antes de analisar os “embargos dos embargos”. Portanto, será necessário aguardar os próximos movimentos da defesa de Lula e do TRF4 para cravar o destino do ex-presidente. Outra argumentação, apresentada de última hora pelo advogado José Roberto Batochio, que defende o petista, foi tentar postergar a validade de um salvo-conduto que protegia Lula desde o início da decisão sobre o habeas corpus, há duas semanas. Ele se baseou na existência de duas ações de efeito geral que pretendem reverter o entendimento do STF sobre a prisão em segunda instância.
Depois da decisão, Lula admite a aliados: “Estou fora das eleições”
da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que o petista não fosse preso após o esgotamento de seus recursos em segunda instância. O resultado foi 6 a 5, houve empate 5 a 5 e, então, a presidente do STF Ministra Cármem Lúcia também
acompanhou o relator do processo, Ministro Edson Fachin, que denegou o pedido de Habeas Corpus. E agora, como fica o petista? As decisões aproximam o expresidente do cumprimento da pena, mas não a tornam automática, restando ainda possibilidades de contestação
da decisão. Senão vejamos: Primeiro, esteve em pauta um habeas corpus preventivo. O pedido questionava o acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que, ao condenar o ex-presidente a 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá (SP), determinou a execução da pena tão logo não restem mais possibilidades de contestação da sentença em segundo grau. A posição majoritária foi a do relator, o ministro Edson Fachin. Ele argumentou que não era possível apontar uma “ilegalidade” na decisão do TRF4, uma vez que esta se baseia em um entendimento do próprio Supremo, que permite a prisão provisória. Assim, para
Pouco depois do voto decisivo da ministra Rosa Weber o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, resignado, com um grupo restrito de aliados que o acompanhava no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ex-presidente afirmou, um tanto desiludido, que "não iam dar o golpe para me deixarem ser candidato". A frase foi interpretada por dirigentes e lideranças petistas como uma admissão de que está fora da disputa eleitoral, embora o PT, publicamente, insista em manter o discurso sobre a manutenção da candidatura de Lula à Presidência, mesmo que o expresidente vá para a cadeia. “Isso foi para tentar tirar o Lula da eleição, mas podemos registrar a candidatura dele, mesmo preso. Acredito que Lula vai ficar pouco tempo na prisão”, afirmou o deputado estadual José Américo Dias (PT). Nas redes s o c i a i s petistas, imediatament e, começaram
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a postar a hashtag #LulaValeALuta. O objetivo é evitar que o desânimo com a derrota no STF contamine a militância e o eleitorado do petista. Na realidade o abatimento tomou conta das cerca de 500 pessoas que lotavam o salão principal do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC logo depois do voto da ministra Rosa Weber. Antes, a cada intervalo, os apoiadores de Lula dançavam, faziam batucadas ou se manifestavam em defesa do petista. Depois, ficaram em silêncio durante vários minutos, até que a organização tocou nos alto-falantes a música tema das caravanas de Lula. Muitos foram embora. O clima também ficou pesado no segundo andar do sindicato, onde o petista passou o dia ao lado de apoiadores. Entre eles, estavam a presidente cassada, Dilma Rousseff, os governadores Wellington Dias (PI), Tião Vianna (AC) e Fernando Pimentel (MG), além do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. O clima descontraído, estimulado pelo próprio Lula durante todo o dia, foi substituído pela tensão à medida em que a ministra Rosa Weber proferia seu intrincado voto. A t é e n t ã o , L u l a tentava demonstrar tranquilidade. Posou para fotos, recebeu ex-colegas da direção do sindicato na década de 1970, contou histórias sobre as greves de 1978, 1979 e 1980, elogiou o golaço de Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, e demonstrou otimismo ao dizer que o Corinthians vai vencer o Palmeiras por 2 a 0 na final do Campeonato Paulista. O petista passou a maior parte do tempo em uma sala reservada, sem TV, ao lado de Dilma e aliados mais próximos. Ele era informado sobre o andamento do julgamento por assessores. Nos poucos momentos em que esteve na frente do aparelho de TV, não prestou atenção. “Não vou acompanhar isso aí”, dizia como que preconizando o desfecho que, de fato, ocorreu. E a direção nacional do PT se reuniu na manhã desta quintafeira, 5, para traçar as estratégias daqui para a frente. À tarde, a cúpula do partido em São Paulo também deve se encontrar para definir uma manifestação na cidade. A ideia é denunciar supostas arbitrariedades no processo que condenou Lula e mostrar que o ex-presidente sofreu um julgamento político.
6 TECNOLOGIA 01 a 07 de abril de 2018 fatos & notícias
Biocomputador feito com células humanas está mais perto de virar realidade No futuro, você poderá instalar uma máquina dessas na pele para realizar tarefas importantes, como prever doenças
FOTO: DIVULGAÇÃO APPLE
FOTO: PIXTUM/ISTOCK
Apple está desenvolvendo iPhone de tela curva e controle por gestos
M e s m o q u e superficialmente, você faz ideia de como funciona um computador – ele reage a impulsos elétricos e processa informações usando um sistema binário de dados. Há algum tempo cientistas estão tentando aplicar uma lógica parecida em células humanas para criar um biocomputador e substituir a fiação e impulsos elétricos por reações químicas. E agora, pesquisadores da ETH Zurich e da Universidade de Basel, desenvolveram um protótipo promissor. Para isso, foram usadas nove culturas de células humanas (grupos de células desenvolvidos em ambientes controlados), organizadas em redes para
reagir a diferentes estímulos químicos, funcionando como um pequeno circuito. O biocomputador realizou cálculos matemáticos simples e outras operações rudimentares. Se o desenvolvimento dessa tecnologia seguir conforme o planejado, é provável que num futuro não muito distante possamos implantar estes computadores em nossa pele e programá-los para nos ajudar, por exemplo, a dizer se estamos doentes. E m 2 0 1 6 , a Universidade de Lund também criou um biocomputador que se alimenta de proteínas para gerar energia e, no ano passado a startup CellFree Technology usou o
DNA de águas-vivas para gerar telas com biopixels luminosos. Todas essas tecnologias podem trabalhar em conjunto para que, no futuro, tenhamos computadores tão vivos quanto nós em nossas casas. Pode parecer esquisito, mas é só lembrar que o nosso corpo, de certa forma, já funciona como um computador. Respondemos a estímulos c o n s t a n t e s automaticamente, e nossos cérebros armazenam e gerenciam dados. Nada mais natural, então, que forneçamos matéria-prima para hardwares à nossa imagem e semelhança.
O que não falta são rumores sobre os próximos lançamentos e projetos das fabricantes de smartphone. Aparentemente, a Apple está trabalhando no desenvolvimento de controle por gestos para os seus dispositivos e um iPhone de tela curva. Conforme relata a Bloomberg, pessoas familiarizadas com os projetos afirmam que o recurso de controle por gestos permitiria que os usuários realizem tarefas apenas movendo o dedo perto da tela, sem precisar tocá-la. No entanto, a tecnologia não está prevista para ser lançada nos
próximos dois anos. O recurso de touchless também consideraria as funções do 3D Touch, uma funcionalidade do iPhone que abre alguns atalhos de acordo com a pressão do dedo sobre a tela. No caso da nova tecnologia, o recurso de controle por gestos também levaria em conta a proximidade do dedo na tela para abrir estes atalhos. Além disso, a empresa t a m b é m e s t á desenvolvendo um display para iPhone que se curva gradualmente de cima para baixo. Vale ressaltar que a tela OLED do iPhone X curva-se ligeiramente na
parte inferior, mas a forma é quase imperceptível. Os displays OLED podem ser moldados em curvas ou mesmo dobrados, ao contrário das telas LCD, que são menos flexíveis e são usadas nos demais modelos de smartphones da Apple. Por outro lado, a chegada de um iPhone curvo no mercado pode levar até três anos. Segundo o site, as mudanças podem ajudar a empresa a diferenciar os seus produtos no mercado, que está cada vez mais concorrido e com aparelhos cada vez mais parecidos.
Microsoft planeja investir US$ 5 bilhões em Internet das Coisas A Microsoft anunciou nesta quarta-feira (4) que planeja investir US$ 5 bilhões em Internet das Coisas nos próximos quatro anos. A empresa pretende destinar ainda mais recursos para pesquisa e inovação na área. “Com nossa plataforma de IoT abrangendo nuvem, sistemas operacionais e dispositivos, estamos prontos para simplificar a jornada de IoT para que qualquer cliente, independentemente do tamanho, experiência técnica, orçamento, setor ou outros fatores, possa criar
produtividade de US$ 1,9 trilhão e a US$ 177 bilhões em redução de custos até 2020, sendo que esse efeito será generalizado, de casas e carros conectados a fabricantes, cidades e serviços de utilidade pública inteligentes e muito mais. A Microsoft pretende continuar suas pesquisas e desenvolvimento em áreaschave, incluindo a proteção d a I o T, a c r i a ç ã o d e f e r r a m e n t a s d e desenvolvimento e serviços inteligentes para IoT e a fronteira. REPRODUÇÃO
soluções confiáveis e conectadas que melhorem as experiências dos clientes e de negócios, além do cotidiano das pessoas em todo o mundo”, explica o comunicado oficial da companhia. A empresa de consultoria n o r t e - a m e r i c a n a A . T. Kearney prevê que a IoT levará a um aumento de
CIÊNCIA 7
Borboletas estão sendo envenenadas por causa do aquecimento global
fatos & notícias
©NASA/ESA/STScI/UCLA
01 a 07 de abril de 2018
As vítimas da vez são aquelas queridas borboletas laranjas e pretas – cujo principal alimento está se tornando tóxico FOTO: LEEKRIS/ISTOCK
Hubble detecta estrela mais distante já vista Borboleta-monarca Que o aquecimento global está ameaçando a natureza não é surpresa para ninguém. Mas a nova vítima pode comover muita gente: a borboletamonarca, aquela das asas laranjas e listras pretas, pode estar sendo envenenada. Sua principal fonte de alimento (e reprodução) está sendo transformada em veneno. De acordo com um estudo do Departamento de Ciências Biológicas da Louisiana State University, as serralhas asclepias, plantas que são o principal destino das monarcas para alimentação e deposição de ovos, estão produzindo mais seiva do que o normal. E essa alteração é letal para as borboletas-monarca. Na verdade, o nicho ecológico que envolve monarcas e
asclepias é curioso: a seiva produzida pelas serralhas, tóxica para a maioria dos animais, não possui efeito nas monarcas — até certo ponto. Assim, os ovos se desenvolvem e as lagartas originárias ficam envoltas por essa substância, possuindo uma proteção natural contra a maioria dos predadores. As borboletas, quando depositam seus ovos, também carregam essa proteção em suas chamativas asas. Mas, com o aquecimento global, esse ciclo está ameaçado. Por causa das altas temperaturas do ambiente, as asclepias estão produzindo uma quantidade maior de seiva, o que acaba gerando o efeito inverso: “Uma alta concentração dessas toxinas prejudica as
monarcas, retardando o desenvolvimento das lagartas e diminuindo sua sobrevivência”, explicou em comunicado Bret Elderd, um dos professores responsáveis pelo estudo. Todo esse estudo também chama a atenção para um importante fato: o aquecimento global não age apenas diretamente nos seres vivos, mas nas interações de todas as espécies que vivem em seu nicho, e isso é tão prejudicial quanto. “É cada vez mais reconhecido que as interações entre espécies, especialmente as diretamente relacionadas, precisam ser consideradas quando se tenta entender o total impacto das mudanças climáticas nas dinâmicas ecológicas”, escreveram os autores do estudo.
Conhecida como Icarus, essa estrela é a mais distante da Terra: localiza-se a 9 bilhões de anos-luz de distância do nosso planeta Um grupo de astrônomos apresentou na revista Nature Astronomy os resultados da sua recente pesquisa sobre a estrela mais distante já observada. Foi detectada em abril de 2016, atrás da aglomeração de galáxias MACS J1149.6+2223, graças às imagens do telescópio Hubble. O efeito de lente gravitacional que permite usar as grandes aglomerações de galáxias como "lentes" naturais para ampliar a imagem dos corpos celestes que podem estar por trás, tornou possível que a luz procedente da estrela, chamada MACS J1149 LS1 também conhecida como Icarus, fosse ampliada em
2.000 vezes. Segundo as estimativas científicas, Icarus se formou aproximadamente há 4.400 milhões de anos depois do nascimento do Universo como resultado do Big Bang — momento em que nosso Universo teve cerca de um terço de sua idade atual — e que está afastada a 9 bilhões de anosluz da Terra. A aglomeração de galáxias MACS J1149+2223, que serviu de "lupa", situa-se à distância de 5 bilhões de anos-luz do nosso planeta. Com as imagens obtidas através do Hubble, onde aparece a distante estrela, os astrônomos primeiramente tentavam detectar a última aparição da explosão da
supernova Refsdal. Mas além dela, conseguiram também descobrir Icarus. O descobrimento de Icarus representa uma nova forma de estudar as estrelas nas galáxias distantes e sua evolução. "Mesmo como a explosão da supernova Refsdal, a luz desta estrela distante foi intensificada e tornou-se visível para Hubble", comentou um dos autores principais do estudo, P a t r i c k K e l l y, d a Universidade de Minnesota (EUA). "Esta estrela está pelo menos 100 vezes mais distante do que a próxima estrela individual que fomos capazes de estudar, exceto pelas explosões de supernovas", agregou.
8 SAÚDE
fatos & notícias
01 a 07 de abril de 2018
Estudo diz que anti-inflamatório comum pode prevenir Alzheimer De acordo com um novo estudo, tomar ibuprofeno diariamente pode ajudar a impedir o desenvolvimento da doença em pessoas com maior risco Tomar ibuprofeno diariamente pode prevenir o Alzheimer. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Journal of Alzheimer's Disease, o medicamento seria capaz de reduzir a inflamação cerebral causada pelo acúmulo de proteínas beta-amiloide, um sinal precoce da doença. A medicina ainda desconhece exatamente o que causa o Alzheimer, mas já se sabe que o acúmulo de placas das proteínas tau e beta-amiloide no cérebro desempenham um papel importante na formação da doença. Segundo o novo estudo, o ibuprofeno, um anti-inflamatório comumente utilizado e popularmente conhecido, seria capaz de prevenir o desenvolvimento do Alzheimer em pessoas com altos níveis de beta-amiloide peptídica 42 (Abeta 42). Pesquisas anteriores sugerem que depósitos de Abeta 42 no cérebro causam uma inflamação,
FOTO: THINKSTOCK/VEJA
destruindo os neurônios e podendo levar à demência. No entanto, a medida só seria eficaz em pessoas com maior acúmulo dessa substância e, portanto, com um risco aumentado de desenvolvimento da doença. É aí que entra um teste diagnóstico desenvolvido pela mesma equipe de pesquisadores que descobriu o benefício do ibuprofeno. Em um estudo realizado em 2016, cientistas da Universidade da Columbia
Britânica, no Canadá, descobriram que um simples teste de saliva pode identificar altos níveis de Abeta 42 e indicar pessoas com maior risco de desenvolver Alzheimer. “O que aprendemos com nossa pesquisa é que as pessoas que estão em risco de desenvolver Alzheimer exibem os mesmos níveis elevados de Abeta 42 que as pessoas que já a possuem. Além disso, elas exibem esses níveis elevados durante toda a vida
e, teoricamente, poderiam ser testadas a qualquer momento”, e x p l i c a P a t r i c k M c G e e r, neurocientista e CEO da Aurin Biotech, e principal pesquisador do estudo. Nessas pessoas, uma dose diária de ibuprofeno, de um ou dois comprimidos, seria capaz de reduzir a inflamação causada pela Abeta 42 e, consequentemente, prevenir o desenvolvimento do Alzheimer. “Sabendo que a prevalência do Alzheimer começa aos 65 anos, recomendamos que as pessoas sejam testadas dez anos antes, aos 55 anos, quando normalmente a doença começaria. Se eles apresentam níveis elevados de Abeta 42, então é a hora de começar a tomar ibuprofeno”, afirma McGeer.
Cautela A comunidade científica recebeu essa recomendação com receio e pede cautela às pessoas antes de
começarem a tomar ibuprofeno de maneira prolongada. De acordo com Doug Brown, diretor de política e pesquisa da ONG britânica Alzheimer's Society, é muito cedo para recomendar o medicamente para a prevenção da doença. “Estudos populacionais, que coletaram grandes quantidades de informações de registros médicos de milhares de pessoas, criaram uma ideia de que o uso de ibuprofeno e outros antiinflamatórios sem receita pode estar associado a um menor risco de demência. Mas os resultados dos ensaios clínicos com essas drogas foram decepcionantes até agora”, diz Brown. Ele também alerta para os riscos associados ao uso em longo prazo desse tipo de medicamento, que incluem sangramento intestinal e úlceras estomacais. A interação com outros medicamentos, como varfarina, também pode produzir efeitos prejudiciais.
Nova técnica testada em ratos cura 96% dos casos de câncer Um novo experimento de tratamento de câncer da Universidade de Stanford, que utiliza estimuladores imunológicos em tumores de camundongos, apresenta resultados notavelmente encorajadores. Um tumor é feito de células mutantes, com código genético modificado, que produzem proteínas diferentes, que chamam a atenção do sistema imunológico. Os glóbulos brancos, os protetores do sistema imunológico são guiados por essas proteínas para destruir o câncer, mas quando chegam ao tumor, são paralisados e não
conseguem reagir. A técnica desta nova “vacina” contra o câncer consiste justamente em “acordar” os glóbulos brancos para que eles desempenhem o seu papel neste momento. Os pesquisadores descobriram dois agentes que, quando injetados diretamente em um tumor, fazem as células de defesa retomarem o combate. A técnica, que eliminou completamente o câncer em 87 casos dos 90 ratos testados, tem a vantagem de combater também as metástases que se formam em outras partes do corpo – ou seja, a vacinação
eliminou todos os vestígios do câncer específico do corpo inteiro do animal. No experimento, as células que combatem o câncer do sistema imune foram rejuvenescidas quando uma quantidade de micrograma dos dois impulsionadores imunológicos foi injetada no tumor do linfoma de um rato. “Quando usamos esses dois agentes juntos, vimos a eliminação de tumores em todo o corpo”, disse o autor principal do estudo, o Dr. Ronald Levy, ao Stanford Medicine News Center. “Nossa abordagem não exige a ativação completa do sistema imunológico nem a customização das células imunes do paciente. Nós aplicamos quantidades muito pequenas de dois agentes uma única vez, e eles estimulam só as células de defesa que já estão dentro do tumor [atraídas por suas proteínas]”. “Esta é uma
abordagem muito direcionada”, disse Levy. O primeiro teste foi feito em 90 ratos com linfoma (câncer no sistema linfático). 87 deles foram curados na primeira tentativa, os três restantes, na segunda. Animais com melanoma, câncer de mama e câncer colorretal reagiram igualmente bem. Como o tratamento só depende de o câncer já ter sido identificado pelo sistema imunológico, ele provavelmente funciona em todas as situações. “Eu não acho que há limites para o tipo de tumor que nós poderíamos tratar. Basta ele ter sido infiltrado pelas células de defesa”, resume Levy. Dos dois “agentes” imunes utilizados no estudo, publicado na revista Science Translational Medicine, um já foi aprovado para uso em seres humanos e o segundo
FOTO: UNOL/ISTOCK
está atualmente envolvido em um estudo de tratamento de linfoma. Ao contrário de outros tratamentos contra o câncer já existentes no mercado, esse método não tem a necessidade de infiltrar todo o sistema imunológico do animal ou usar amostras de seu corpo. Em algumas terapias contra o câncer que já existem, como o tratamento com glóbulos brancos usados para
combater leucemia e linfoma, eles precisam ser removidos do corpo do p a c i e n t e e s ã o geneticamente alterados para combater as células cancerosas antes de serem reintroduzidas no sistema da pessoa. Este método é caro, envolve um longo processo de tratamento e vem com uma bateria de efeitos colaterais. Mas o novo método é mais simples e vai direto ao ponto.
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SAÚDE 9 fatos & notícias
Ouvir música ajuda em tratamento contra hipertensão Além de se programar para tomar corretamente os medicamentos antihipertensivos prescritos pelos cardiologistas nos horários indicados e adotar hábitos saudáveis, os pacientes com hipertensão arterial podem incluir uma atividade prazerosa – e benéfica – na rotina do tratamento da doença: ouvir música logo após a medicação. Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Marília, em colaboração com colegas da Faculdade de Juazeiro do Norte, da Faculdade de Medicina do ABC e da Oxford Brookes U n i v e r s i t y, d a I n g l a t e r r a , constatou que a música intensifica os efeitos benéficos de antihipertensivos em um curto prazo de tempo após a medicação. Os resultados do estudo, realizado no âmbito de um projeto apoiado pela Fapesp, foram publicados na revista Scientific Reports. "Observamos que a música melhorou a frequência cardíaca e os efeitos de anti-hipertensivos no período de até uma hora após a medicação", disse Vítor Engrácia Va l e n t i , p r o f e s s o r d o Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e
FOTO: SHIRONOSOV/THINKSTOCK
Ciências da Unesp de Marília e coordenador do estudo, à Agência Fapesp. Os pesquisadores da Unesp de Marília começaram a estudar nos últimos anos o efeito da música sobre o coração em situações de estresse. Uma das constatações que fizeram é que principalmente a música clássica tem o efeito de diminuir a frequência cardíaca. "Constatamos que a música clássica ativa o sistema nervoso parassimpático (responsável por estimular ações que permitem ao organismo responder a situações de calma, como desaceleração dos batimentos cardíacos e diminuição da pressão arterial e da adrenalina e do açúcar no sangue) e reduz a
atividade do sistema simpático (que pode acelerar os batimentos cardíacos)", explicou Valenti. Com base nessa constatação, eles decidiram avaliar o efeito da estimulação musical por meio de um método chamado "variabilidade da frequência cardíaca" durante situações cotidianas, como no tratamento da hipertensão, em que a terapia musical tem sido estudada como uma intervenção complementar. "Já existiam estudos relacionados aos efeitos da musicoterapia sobre a pressão arterial em pacientes hipertensivos, que apontaram que ela teve efeitos significativos. Mas ainda não estava claro se a música
Faltam mais de 3 mil leitos de UTI neonatal no País, diz sociedade de pediatria Levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostra que o País tem um déficit de 3.305 leitos de unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) específicos para o acolhimento de crianças que nasceram antes de 37 semanas e que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação. Segundo a entidade, no Brasil nascem quase 40 prematuros por hora, ou mais de 900 por dia. O Departamento Científico de Neonatologia da SBP estima que a proporção ideal
de leitos de UTI neonatal é de, no mínimo, quatro para cada grupo de mil nascidos vivos. De acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), existem atualmente 8.766 leitos do tipo no País, públicos e privados, que correspondem a 2,9 leitos por mil nascidos vivos. Se considerados apenas os leitos oferecidos pelo Sistema Único da Saúde (SUS), a taxa cai para 1,5 leitos a cada mil nascidos vivos, levando em conta as 4.677 unidades disponíveis
para essa rede. Segundo o Ministério da Saúde, o número de leitos de UTI neonatal que atendem pelo SUS aumentou em aproximadamente 10% entre 2015 e 2018, totalizando 4.697 leitos disponíveis na rede pública em todo o Brasil. “Desde 2011, o Ministério da Saúde incentiva a abertura de novos serviços por meio da Rede Cegonha, que garante recursos adicionais para os gestores. Foram investidos mais de R$ 230 milhões na estratégia”, informa a pasta.
pode influenciar o efeito da medicação sobre a variabilidade da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica", disse Valenti. Os pesquisadores realizaram um experimento em que avaliaram, durante dois dias aleatórios e com um intervalo de 48 horas, os efeitos do estímulo auditivo musical associado à medicação anti-hipertensiva nessas variáveis cardiovasculares em 37 pacientes com pressão arterial controlada, que realizaram tratamento de hipertensão por um período de seis meses e um ano. No primeiro dia do experimento, após tomarem medicamentos anti-hipertensivos de rotina, os pacientes, sem serem previamente avisados, ouviram músicas instrumentais por meio de um fone de ouvido durante 60 minutos após a medicação e com a mesma intensidade. No segundo dia do estudo, passaram pelo mesmo protocolo de pesquisa, mas permaneceram com o fone de ouvido desligado. Os pesquisadores examinaram os pacientes em repouso, em intervalos de 10, 20, 40 e 60 minutos após a medicação, e analisaram parâmetros cardiovasculares durante os dois dias de teste por meio do método
de variabilidade da frequência cardíaca. Pelo método, pode-se detectar com maior precisão e sensibilidade alterações no coração ao analisar matematicamente diferenças entre intervalos de batimentos cardíacos. As análises dos dados indicaram que a frequência cardíaca dos pacientes diminuiu 60 minutos após serem medicados e ouvirem música. Já quando tomaram o antihipertensivo de rotina e não ouviram música na sequência, a frequência cardíaca deles não sofreu alteração tão intensa. As respostas dos medicamentos também foram intensas sobre a pressão arterial dos voluntários quando ouviram música após serem medicados, em termos de desaceleração dos batimentos cardíacos e diminuição da pressão arterial, apontou o estudo. "Detectamos que a medicação anti-hipertensiva apresentou efeitos mais intensos sobre a frequência cardíaca dos pacientes quando ouviram música", disse Valenti. Uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores é que, ao ativar o sistema parassimpático, a música causa um aumento na atividade gastrointestinal dos pacientes hipertensos, acelerando a absorção de medicamentos antihipertensivos e intensificando os efeitos na frequência cardíaca.
10 COMPORTAMENTO fatos & notícias
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Brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento da criança Mais do que entreter a criançada, o brincar alicerça as aprendizagens dos elementos mais complexos de nossa psique FOTO: SHUTTERSTOCK
“Isso é brincadeira de criança!”. Geralmente dizemos esta frase para nos referir a algo simples de ser feito, coisa fácil e desimportante. De modo geral, brincar significa o que a criança faz quando tem tempo sobrando, “quando não tem nada para fazer”. É bastante comum perceber que nas escolas o lúdico passou a ser sinônimo de divertido, de legal, como se o seu único propósito fosse entreter. Contudo, traremos outro olhar sobre o brincar. A ideia é desconstruir a forma como a ludicidade habita o cotidiano dos professores. No mundo dos textos acadêmicos, termos como “lúdico”, “brincar” e “brincadeiras” já foram longamente discutidos, mas esse universo não é o mesmo das salas de aula e das crianças de verdade. Lá, a academia raramente vai e, quando vai, carrega uma visão simplória da brincadeira, consagrando seu lugar de acessório divertido no imaginário do sistema escolar. Neste texto, mostraremos o quanto o brincar é fundamental, imprescindível e determinante para o desenvolvimento infantil. To d o s n ó s j á experimentamos o prazer do brincar na infância, quando a imaginação é limitada somente pelo desejo de até onde sonhar. A boneca de
pano que transita do choro ao sorriso e emite sons como um recém-nascido; o carrinho de plástico que faz o barulho característico de um automóvel em movimento e emite o som agudo trepidante ao fazer uma curva com grande velocidade estão presentes na imaginação das crianças, que as materializam verbalmente em suas brincadeiras de faz de conta. Da mesma forma, as crianças jogam futebol em um campo de várzea “ouvindo os aplausos e gritos de incentivo” de uma torcida imaginária, sussurrando exclamações diante da execução de uma grande jogada. Nesse contexto, elas verbalizam as f a l a s d e u m n a r r a d o r,
também imaginário, que descreve com grande exatidão o evento esportivo. Assim, a criança transita entre o jogador, a torcida e o n a r r a d o r, a l t e r a n d o a intensidade e o timbre da sua voz. Muitas vezes, a criança incorpora também o adversário imaginário por ela driblado com maestria. O desejo da criança de fazer coisas que os adultos realizam no cotidiano a faz inventar situações para brincar daquilo que gostaria de fazer na vida real. No campo da psicologia, muitas teorias dedicaram-se à consideração do papel da brincadeira para o processo de desenvolvimento das crianças. Desde a psicanálise até as abordagens interacionistas,
o chamado lúdico caracterizou o faz de conta como a possibilidade de que esses pequenos seres pudessem expressar a inconsciência e o egocentrismo que os distinguiam dos adultos. Nos caminhos e descaminhos entre a psicologia e a história, o historiador da família e da infância Philippe Ariès demonstrou que a consideração das crianças como pequenos adultos relegava a compreensão dos p r o c e s s o s d e desenvolvimento humano aos seus atributos externos. E assim, enquanto não alcançava o comportamento que a caracterizava como adulto, a criança ocupava-se de jogos e brincadeiras que,
aos poucos, definiram o sentimento de infância. Com isso, as teorias psicológicas produzidas principalmente na Áustria e na Suíça constituíram a gênese das concepções que associaram a brincadeira a uma espécie de “passagem de tempo” que conduziria o egocentrismo infantil aos moldes do funcionamento psíquico adulto. Contudo, em uma abordagem diametralmente oposta, Anton Tchekhov, um eminente escritor russo e um dos maiores contistas do mundo, escreveu um belíssimo texto intitulado A brincadeira. Há muito tempo, em algum lugar da Rússia, Nadja Petrovna e seu amigo brincavam de deslizar sobre morros gelados, por cima da neve espelhada e escorregadia. O convite feito por ele para descer de trenó do topo à planície é grandioso, mas desperta medo. “Só uma vez Nadja, eu te suplico, garanto que vamos ficar sãos e salvos. Nadja acaba cedendo, como se cedesse à própria vida, e o 'trenó' voa como uma bala, o ar chicoteia o rosto, silva nos ouvidos, belisca com raiva, até doer, os objetos que nos cercam fundem-se num só longo risco que corre vertiginoso e eu digo a meia voz: eu te amo Nadja!”. No conto russo, dia após dia a brincadeira acontece no trenó, brincar de voar,
brincar de ouvir e de dizer. “Aquelas palavras foram pronunciadas ou foi o vento?”. Os encontros cotidianos de Nadja e seu amigo misturam a fantasia e a realidade e avançam vida afora até que qualquer reviravolta das circunstâncias os interrompe e separa. Pois é nesse contexto que Lev Vigotski – psicólogo, dramaturgo, conterrâneo e leitor de Tchekhov – cria as bases daquela que seria uma teoria do desenvolvimento humano oposta às tradicionalmente estabelecidas. Essa teoria considera o brincar como atividade constitutiva do psiquismo e a brincadeira como objeto-unidade que delimita a gênese dessa constituição. Com tudo isso, é triste perceber que a função da brincadeira ainda é incompreendida no sistema escolar. Tanto o discurso que institui o brincar como a função única da educação infantil quanto a ideia que rechaça o papel da brincadeira com o argumento “a educação deve ser levada mais a sério” desconhecem seu real significado. Enquanto o divertido estiver associado ao desimportante e à ocupação do tempo, o desenvolvimento infantil estará preso aos extremos da brincadeira sem propósito e do ensino formal.
ECONOMIA 11
01 a 07 de abril de 2018
ANP publica edital e
fatos & notícias
FOTO: TIAGO QUEIROZ/AGÊNCIA ESTADO/VEJA
contratos da 4ª Rodada de Partilha do pré-sal FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Guerra comercial entre EUA e China abre mais espaço para a soja brasileira Brasil pode se beneficiar com a decisão no curto prazo, mas em um período mais longo pode sair prejudicado A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) publicou nesta quinta-feira (5) o edital e os modelos de contrato da 4ª Rodada de Partilha de Produção [de petróleo e gás] no pré-sal, a ser realizada dia 7 de junho. Inicialmente prevista para entrar na licitação, a área do campo de Saturno, na Bacia de Santos, foi retirada da rodada em atendimento ao Ministério de Minas e Energia, mas deverá ser incluída no próximo certame na modalidade de partilha. “O edital traz os blocos em oferta, as regras e procedimentos para participação e o cronograma preliminar da rodada”, informa a ANP, esclarecendo que fez “uma adequação dos valores relativos à garantia financeira do Programa Exploratório Mínimo para as áreas em oferta”. No documento, a ANP mantém as regras da reabertura, ao fim da rodada, das ofertas dos blocos não arrematados, que já constaram dos editais da 2ª e 3ª Rodadas de Partilha, mas com alguns aprimoramentos. “As empresas que não tiverem garantias de ofertas suficientes na reabertura, por exemplo, poderão apresentar ofertas nesse momento e as garantias posteriormente”, diz a agência.
Quanto aos modelos de contratos, a ANP ressalta que eles trazem, entre as novidades, a revisão da cláus ula que trata de arbitragem, como resultado da Consulta e Audiência Públicas nº 24/2017. A ANP informa, ainda, que, em face da manifestação de interesse da Petrobras em participar como operadora nas áreas de Dois Irmãos, Três Marias e Uirapuru, nas Bacias de Campos e Santos, foram elaborados dois modelos de contrato de partilha de produção, sendo um com a participação obrigatória de 30% da empresa, como operadora, e a outra sem essa participação. A 4ª Rodada de Partilha foi aprovada pela Resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE, de nº 21, de 9 de novembro de 2017. Nela, estarão sendo ofertadas as áreas de Itaimbezinho, Três Marias, Dois Irmãos e Uirapuru, nas bacias de Campos e Santos. O prazo final para entrega dos documentos de manifestação de interesse, qualificação e pagamento da taxa de participação se encerra no próximo dia 20 de abril. Os documentos podem ser acessados na página da ANP. A diretoria da ANP anunciou na noite de quarta-feira (4) ter aprovado o Segundo Ciclo
da Oferta Permanente de Áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural. O processo, previsto em resolução do CNPE, prevê a oferta contínua de campos devolvidos (ou em processo de devolução), de blocos exploratórios ofertados em rodadas anteriores e não arrematados e também dos blocos devolvidos à Agência. Para o Segundo Ciclo da Oferta de Áreas, foram selecionados 1.054 blocos de 20 bacias sedimentares terrestres e marítimas, de nova fronteira e maduras. São 85 blocos em sete bacias terrestres: Recôncavo (1), Solimões (18), Amazonas (10), Tucano (31), São Francisco (1), Parecis (22) e Paraná (2). Também serão ofertadas 969 áreas em 13 bacias marítimas: Foz do Amazonas (237), ParáMaranhão (52), Barreirinhas (31), Ceará (3), Potiguar (17), Pernambuco-Paraíba (5), Sergipe-Alagoas (11), Jacuípe (2), CamamuAlmada (9), Jequitinhonha (3), Espírito Santo (25), Santos (402) e Pelotas (172). Os blocos selecionados para o Segundo Ciclo da Oferta Permanente serão divulgados no site das rodadas de licitações até 30 de abril próximo.
A guerra comercial entre China e Estados Unidos ganhou mais um capítulo, nessa quarta-feira, 4, com o governo chinês impondo novas tarifas contra produtos norte-americanos. Em resposta ao protecionismo de Donald Trump, a China elevou as tarifas sobre a soja produzida nos Estados Unidos, abrindo mais espaço para outros países produtores, principalmente o Brasil. A China é o maior importador mundial de soja. No ano passado, comprou 95,5 milhões de toneladas – aproximadamente 40 bilhões de dólares. Cerca de 30% da soja cultivada nos EUA é exportada para a China, onde o grão é transformado em óleo e a sobra de farelo de soja é usada como ração para suínos, frangos, gado e peixes. Com a nova tarifa de 25%, a previsão do Ministério do Comércio da China é de que esse mercado seja ainda mais ocupado pelo produto
POSTO MIRANTE AV. NORTE SUL
brasileiro – que já tem uma participação relevante no país asiático. Em 2012, o País superou os norteamericanos e passou a ser o maior exportador do produto para o mercado chinês. Em 2017, as vendas brasileiras atingiram um recorde para a China, com o embarque de 53,7 milhões de toneladas. Isso representou quase 55% das importações de Pequim. Os norte-americanos exportaram 33 milhões de toneladas, 34% do mercado chinês e o menor volume desde 2006. A decisão da China coincide com o momento em que o Brasil está em plena colheita de uma safra recorde, diz o analista Aedson Pereira, da consultoria IEG FNP. “Já se acreditava que a exportação do Brasil seria recorde, porque a produção foi muito boa, mas a China vai potencializar isso”. Ele pondera, no entanto, que o País não tem como substituir as cerca de 30 milhões de toneladas que
seriam adquiridas dos EUA. O Brasil não tem esse volume adicional e a Argentina tem problemas com sua safra neste ano. “A China não tem a quem recorrer. Pode ser um tiro no pé”. A retaliação já teve reflexos no preço internacional da soja. Nessa quarta-feira, na Bolsa de Chicago, o valor dos contratos de maio caiu 2,19%. Ao mesmo tempo, os investidores elevaram o prêmio pago pela soja brasileira em relação ao preço internacional. Essa diferença ficou em torno de 1,20 dólar por bushel. Há duas semanas, era de 0,56 centavos por bushel. “Há semanas, os chineses vêm pagando um prêmio pela soja brasileira”, disse o sócio da consultoria MD Commodities, Pedro Dejneka. Segundo ele, a China já estava reforçando suas compras de soja do Brasil – sinal de que o país asiático vinha retaliando a soja norte-americana de forma “indireta”.
12 ECONOMIA fatos & notícias
01 a 07 de abril de 2018
PF responsabiliza Dilma Rousseff Brasil tem um dos sistemas por prejuízo em Pasadena de erradicação de aftosa Laudos periciais são considerados provas nos processos judiciais e poderão ser utilizados para subsidiar a abertura de investigação contra o conselho
mais exitosos do mundo FOTO: MAPA
Duas perícias produzidas pela Polícia Federal (PF) sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, colocam o Conselho de Administração da Petrobras, à época chefiado pela presidente cassada Dilma Rousseff (PT), como um dos responsáveis pelo prejuízo milionário no negócio. Os laudos periciais são considerados provas nos processos judiciais e poderão ser utilizados para subsidiar a abertura de investigação contra os integrantes do conselho. No entendimento dos peritos, o sobrepreço pago pela Petrobras à belga Astra Oil foi de 741 milhões de dólares. Os laudos foram anexados ao inquérito de Pasadena que tramita sob tutela do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba. A investigação deu origem à denúncia – aceita no dia 18 de março por Moro – em que a Lava Jato acusa o senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT/MS) e outros nove por corrupção e lavagem de US$ 17 milhões provenientes da compra de 50% da refinaria. Por causa das supostas falhas, os peritos afirmam que os conselheiros que participaram da reunião em que a compra foi definida não agiram com “o zelo necessário à análise da operação colocada” e sugerem como caminho para prosseguir a investigação a
reportagem do Estado que mostrou a discrepância entre o valor pago pela empresa belga, em 2005, e o desembolso total efetuado pela Petrobras pelo empreendimento. Em outubro de 2017, o TCU responsabilizou os conselheiros pelo negócio e solicitou o bloqueio de seus bens. Sobre a explicação dada por Dilma, os peritos avaliam que o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, pode ter repassado informações imprecisas ao conselho, ao afirmar que gerentes da empresa “promoveram um completo desvirtuamento do conteúdo” das análises econômico-financeiras apresentadas ao colegiado. Entretanto, para os peritos, houve uma “mitigação dos controles internos e ausência de supervisão” por parte dos conselheiros. “Nesse caso, admite-se como papel dos conselheiros o dever de evitar desvios (por erro ou fraude) dos diretores, em especial naqueles atos que exigem a sua expressa autorização”, afirma o laudo pericial que aponta o sobrepreço de 741 milhões de dólares no negócio. O senador cassado Delcídio Amaral e o exdiretor da Petrobras Nestor Cerveró disseram, em delação premiada, que Dilma aprovou a operação sabendo que resultaria em prejuízo.
FOTO: PILAR OLIVARES/REUTERS
quebra dos sigilos bancários de todos eles. Estavam presentes na reunião, além de Dilma, Antônio Palocci, Cláudio Haddad, Fábio Colletti Barbosa, Gleuber Vi e i r a e J o s é S é r g i o Gabrielli. A Petrobras comprou Pasadena em duas etapas, em 2006 e 2012. Na primeira, pagou 359 milhões de dólares por 50% da refinaria à Astra Oil – que, no ano anterior, havia desembolsado 42 milhões de dólares por 100% dos ativos da planta. Em março de 2014, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que Dilma votou a favor do negócio em reunião do conselho. Segundo ela, o aval para a compra se baseou em um “resumo tecnicamente falho”, que omitia cláusulas das quais, se tivesse conhecimento, não aprovaria a aquisição. Após disputa com a Petrobras, a Astra acionou uma dessas cláusulas e, em 2012, a estatal pagou US$ 820 milhões pelos outros 50% da empresa belga. O negócio começou a ser investigado, em 2013, pelo Ministério Público no Tribunal de Contas da União (TCU) com base em
Durante sessão solene em homenagem a Semana “Brasil Livre de Febre Aftosa”, o secretário das secretarias de Defesa Agropecuária (SDA), Luís Rangel, afirmou que o trabalho feito para erradicar a febre aftosa no Brasil é um dos mais exitosos do mundo na área quando levado em conta as dimensões continentais do País. “A Semana do Brasil Livre de Aftosa é um marco histórico, que envolveu o esforço de muitas pessoas dos serviços veterinários, a colaboração permanente de criadores e a montagem de um plano complexo de combate à doença”, explicou o secretário. A sessão, que aconteceu na Câmara Legislativa do Distrito Federal, homenageou, com moções de honra, diretores das secretarias de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério e da Agricultura
do DF (Seagri) e da Emater, ex-diretores de defes a agropecuária do Mapa, representantes de entidades de produtores e criadores. “A defesa agropecuária é um desafio em qualquer situação, mas no Brasil é ainda maior pelo grande número de países com os quais temos fronteiras, o vasto território, o número de portos, além de uma infraestrutura de defesa sanitária aquém do que necessitamos”, observou Rangel. Ainda de acordo com o secretário, a tarefa não é trabalho para amadores. “O programa de combate à doença teve sucesso porque foi resultante de uma política pública que teve a iniciativa privada como parceira”. Na luta contra a aftosa, Rangel destacou também o trabalho do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários (DFIP) do
Ministério, voltado ao controle das vacinas, controle que possibilitou ao País ser livre da doença com vacinação, reconhecimento que deverá ser oficializado pela OIE, no próximo mês. “O Brasil foi um dos poucos países que, além de usar o rifle sanitário (sacrifício) para conter a aftosa, apostou na vacinação maciça de seu rebanho”. Na avaliação de Rangel, a defesa agropecuária é o melhor investimento para a preservação da agropecuária nacional. “Para se ter ideia, a cada R$ 1 investido na erradicação da aftosa tivemos retorno de R$ 27. Se formos estender o cálculo à peste suína clássica, tuberculose e brucelose bovina, e aos programas de defesa sanitária da SDA, o número atinge R$ 67. Mesmo com os recursos muito aquém do necessário conseguimos feitos incríveis”.